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zOOm 02

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Prévia do material em texto

N.º 2
MAR./ABR./MAI. 2010
€3.00
Portugal [Cont.]
CLICK
O QUE VAI ENCONTRAR NA zOOm
Foto da capa: Raul Nunes
FICHA TÉCNICA zOOM n.º 2 [Março/Abril/Maio 2010]
DIRECTORMaurício Reis REDACÇÃO Paulo Jorge Dias, Cláudio Silva MARKETING Sandra Mendes ARTE/GRAFISMO +ideias design IMPRESSÃO Peres-Soctip- Industrias Gráficas, S.A
DISTRIBUIÇÃO Vasp, Lda PROPRIEDADEMR Edições e Publicações, de Maurício José da Silva Reis | Contribuinte 175282609 | REDACÇÃO|PUBLICIDADE Rua da Escola, 35 - Coselhas,
Apartado 97, 3001-902 Coimbra | Tel.: 239081925 | E-mail: zoom.fotografiapratica@gmail.com
Depósito legal: 305470/10 | Registado na E.R.C. n.º 125761 Periodicidade: Trimestral | Tiragem: 12.500 exemplares
[ Está interdita a reprodução de textos e imagens por quaisquer meios, a não ser com a autorização por escrito da empresa editora ]
3 LIVROS
“Fräulein” e “Lisboa, cidade triste e alegre”
4 EXPOSIÇÃO
As fotos dos nossos leitores
15 INICIADOS
Melhore os JPG que saem da máquina
16 À LA MINUTE
Mundo de brincar
18 CONHECER
Conheça os fotógrafos Mehmet Ozgur, Philip Makanna
e Benedict Campbell
19 PRÁTICA
Inspire-se com os nossos guias passo a passo:
- Desenhos de fumo
- Ilusão de escala
- Experiências com refracção
- Pintar com uma… lanterna
30 TÉCNICA
Panorâmicas perfeitas
36 PELA OBJECTIVA DE...
Raul Nunes
e Luis Ferreira
48 FOTO AVENTURA
Oito meses a viajar e a fotografar. Leia a incrível história
de Alexandre Barbosa
30 TÉCNICA
36 PELA OBJECTIVA DE...
2 | zOOm
http://revistazoom.pt.vu www.flickr.com/photos/revistazoom http://twitter.com/revista_zoom www.facebook.com/profile.php?id=100000324082370
EDITORIAL
Antes de mais, bem-vindo ao segundo número da zOOm – Fotografia Prática.
Queremos aproveitar este espaço para agradecer a todos os que de alguma forma nos contactaram, ou ajudaram
a divulgar esta nova publicação de e sobre fotografia. As opiniões que nos fizeram chegar foram lidas com toda a
atenção e uma boa parte delas poderá até vir a ser implementada.
As participações dos leitores, com fotografias, suplantaram (e muito) as nossas melhores previsões. Tanto, que
muitas das imagens que nos chegaram tiveram de passar para a próxima edição da zOOm. Mais uma vez, o nosso
obrigado.
Nesta edição voltamos a apresentar mais dois fotógrafos que são já casos de sucesso: Raul Nunes e Luis Ferreira.
Como tivemos oportunidade de referir no editorial da edição um, daremos atenção a fotógrafos, amadores e pro-
fissionais, menos conhecidos no panorama nacional. Existe muito bom trabalho escondido por aí…
Como fazer panorâmicas envolve algumas regras a ter em conta, decidimos que seria um bom tema para apre-
sentar neste número da zOOm. Depois de ler o nosso artigo, acreditamos que será mais fácil (e rápido) conseguir
resultados espectaculares.
Juntámos ainda mais algumas ideias práticas que poderá experimentar, como, por exemplo, fazer figuras de
fumo, ou explorar a refracção, ou até criar ilusões de óptica.
Por fim, fique com a extraordinária ‘Foto Aventura’ de Alexandre Barbosa, por terras do Oriente.
Inspire-se e... boas fotografias.
A direcção
A GIZ-we can train you (www.giz.pt) e
a NUTKASE (www.nutkase.org) lan-
çam o programa AGRESTE –
Maratona Fotográfica da Costa
Vicentina (www.agreste.org) que se
irá realizar entre 26 e 28 de Março
nos Concelhos de Aljezur e Vila do
Bispo.
A Costa Vicentina Portuguesa é das
zonas mais visitadas e procuradas no
nosso país.
O Parque Natural do Sudoeste
Alentejano e da Costa Vicentina com
70.000 hectares é uma das maiores
reservas naturais em Portugal. É uma
zona protegida, que se estende por
mais de 60 km do Cabo de São
Vicente, o ponto mais a sudoeste do
continente Europeu, até Odeceixe na
fronteira com o Alentejo. A costa
rochosa e íngreme é intervalada por
pequenas baías.
Por ser uma zona protegida, a paisa-
gem continua sem sofrer as altera-
ções que normalmente o turismo traz.
O sistema ecológico é único, o clima é
menos ameno do que no resto do
Algarve e a ondulação do Atlântico é
espectacular, atraindo surfistas, prati-
cantes de parapente e muitos outros
turistas com interesses gerais ou
específicos, incluindo ornitólogos de
todo o mundo.
Esta Maratona fotográfica tem três
objectivos:
1º – Envolver as Câmaras de Vila do
Bispo e Aljezur na escolha de locais a
fotografar.
2º – Criar um banco de imagens da
região para que possam servir como
suportes de comunicação das duas
Câmaras Municipais envolvidas.
3º – Realização de duas exposições
no Verão de 2010 nos Concelhos
mencionados.
A AGRESTE- Maratona Fotográfica
da Costa Vicentina tem início na
Escola da Aldeia da Pedralva, local de
recepção aos inscritos e de sede da
organização, e termina no mesmo
local com a aceitação e formalização
de candidatura ao concurso. Terá iní-
cio às 11 da manhã de Sábado 27 e
fim às 11 da manhã de Domingo 28
de Março.
Os participantes inscritos na Maratona
Fotográfica ficam desde logo habilita-
dos aos prémios a concurso bem
como verem os seus trabalhos selec-
cionados para as exposições.
As inscrições e o pagamento podem
ser feitas até ao dia 15 de Março de
2010.
AGRESTE – Maratona Fotográfica
da Costa Vicentina
Fräulein
FOTOS DE ELLEN VON UNWERTH . TEXTO DE INGRID SISCHY
€500 | Páginas: 482 | Editor: Taschen
Lisboa, cidade triste e alegre
FOTOS DE VICTOR PALLA E COSTA MARTINS . TEXTO DE GERRY BADGER
€90 | Páginas: 179
zOOm | 3
LIVROS
QUE DEVE TER NA SUA ESTANTE
Moda. Cláudia Schiffer. Fetiche. Carla
Bruni. Burlesco. Dita von Teese. Fantasia.
Mónica Belluci. Romance. Kate Moss. Tudo
isto existe, tudo isto não é triste, e tudo
isto é fado. Destino, queremos precisar.
Tudo isto desperta ideias certas de encon-
trar em Fräulein. Ellen von Unweth joga
em casa. Foi supermodelo e actualmente é
autora de muitas das fotografias que atra-
vessam revistas como a Vogue e a Vanity
Fair, bem como assina campanhas para a
Victoria’s Secret, Guess, ou Chanel.
Algumas das melhores fotos de 15 anos de
carreira são compiladas neste livro, limita-
do a 1500 cópias numeradas e autografa-
das. O preço não é para todas as carteiras,
é certo, mas na impossibilidade de ter
Schiffer, Bruni, ou Belluci à mesa, porque
não tê-las na estante?
Aos 50 anos, Lisboa Cidade Triste e Alegre ganha mais vigor do que nunca. Sim, lem-
bramo-nos que em 2004 foi considerado um dos 200 melhores livros de fotografia do
mundo e de sempre no The Photobook: A History, de Martin Parr e Gerry Badger. Sim,
também sabemos que em 2007 foi vendido um exemplar num leilão na Christie’s, em
Londres, por mais de 10000 euros, e que em 2008 foi vendido outro na P4Photography,
em Lisboa, por 7400 euros. Mas, agora, a vitalidade é renovada com a resposta às preces
dos que desesperavam por encontrar uma das raras cópias do álbum: acaba de ser lança-
da a reedição, fac-símile, de Lisboa Cidade Triste e Alegre. Sim, mantêm-se as fotos do
quotidiano de uma capital e seus habitantes em meados dos anos 50. Sim, também lá
estão as páginas desdobráveis e o design vanguardista do que começou por ser um con-
junto de fascículos num Portugal acabrulhado pelo Estado Novo. Os inéditos de
Fernando Pessoa, Alexandre O’Neill, e David Mourão-Ferreira, entre outros, mantêm-se
vizinhos das fotos. O rei dos livros de fotografia portugueses está de volta. Perdoem-nos
clichés, mas é precisamente disso que falamos.
4 | zOOm
NOME: Jorge Casais
PAÍS: Portugal
IDADE: 31
OCUPAÇÃO: Prof. de Educação Física
CÂMARA: Canon 40D/10D
WEBSITE: www.jorgecasais.com
Envie as suas imagens num CD (ou por e-mail, para
zoom.fotografiapratica@gmail.com), acompanhadas de
uma pequena descrição e, caso pretenda, pode contar a
sua história de vida ligada à fotografia: como ganhou
gosto pela mesma, como foi a aprendizagem, qual o
equipamento que teve/tem; enfim, fale um pouco das
suas fotos e da sua paixão pela fotografia.
zOOm - Fotografia Prática
Apartado 97 . 3001-902 Coimbra
Gostaria de ver
as suas fotos
nesta secção?
EXPOSIÇÃO
DOS LE ITORES
D
ES
TA
Q
U
E 
DA
 E
D
IÇ
ÃO
“Chamo-me Jorge Casais edesde muito pequeno quesou viciadoem fotografia.
Não tinha máquina, por isso usava e abu-
sava da máquina dos meus pais. A vonta-
de de querer registar cada momento
levou-me a gastar muito rolo (e dinheiro
nas revelações). 
Muitas fotos tirava e muito errava, mas
fui aprendendo com os erros e evoluí. E
por isto só tenho que agradecer aos meus
pais, que sempre me apoiaram neste
(caro) hobbie.
Apesar de ter um portfólio variado, é
pela macrofotografia que sinto mais
atracção. A natureza é todos os dias alvo
de destruição maciça, fruto das nossas ati-
tudes irreflectidas. Todos os dias se vai
deteriorando e morrendo à nossa custa.
Mesmo sabendo isso, continuamos a des-
truí-la. Gerações e gerações, ano após
ano... Tenta-se mudar muito mas nada se
faz... É nas pequenas coisas, é pelos peque-
nos gestos que devemos começar.
Por este motivo, e por influência de
outros amigos fotógrafos, nomeadamente
Fernando Quintino Estévão, Hugo Amador
e Albano Soares, enveredei e empenhei-
me ainda mais nesta área da fotografia. A
Natureza pela qual nós passamos todos os
dias e não reparamos, ou simplesmente
não nos importamos.
Estou feliz pelo que a fotografia me aju-
dou a mudar, pelos amigos que conheci e
pela satisfação que me dá tirar cada foto.
É garantido que este vício (saudável) é
para continuar.
Este conjunto de fotografias é apenas
uma amostra da minha vasta galeria pes-
soal. Espero que gostem e passem a prote-
ger mais a natureza que nos rodeia e faz
tanta falta para sobreviver.
O meu sonho é editar um livro de foto-
grafia. Quem sabe um dia não se tornará
realidade... nZ
LIBÉBULA
“Fotografia captada em Couce, Valongo.”
Canon 400D . f/9.0 . 1/200” . ISO 200
zOOm | 5
CIMA: OLHOS NOS OLHOS
“Fotografia captada em Couce, Valongo”
Canon 400D . f/8.0 . 1/200” . ISO 100
CIMA ESQUERDA: AMOR
“Fotografia captada em Viseu”
Canon 400D . f/9 . 1/400” . ISO 400
CIMA DIREITA: ABELHA
“Fotografia captada no jardim de casa”
Canon 10D . f/2.8 . 1/500” . ISO 100
DIREITA: SOL
“Mais uma foto tirada no jardim de casa”
Canon 10D . f/11 . 1/125” . ISO 100
BAIXO ESQUERDA: ALIEN
“Fotografia captada em Couce, Valongo”
Canon 400D . f/8.0 . 1/200” . ISO 800
6 | zOOm
ESQUERDA: INVERNESS | ANA LOURO
“Fiz recentemente uma viagem à Escócia, onde tive a
oportunidade de fazer fotografias muito bonitas. Aqui o
anoitecer numa das mais bonitas cidades da Escócia”
Olympus C765UZ . 6.3mm . f/4 . 1/200” . ISO 64
CIMA: ILHA DE SKYE - THE OLD MAN OF STORR | ANA LOURO
“O típico nevoeiro matinal que se vê na Escócia quase sempre, espe-
cialmente nas Highlands”
Olympus C765UZ . 12mm . f/4 . 1/500” . ISO 64
EXPOSIÇÃO
CIMA: BIARRITZ | FERNANDO QUINTINO ESTEVÃO | www.fqe.com.pt
Durante uma recente visita a França com o propósito de fazer exclusivamente longas exposições, capturei esta imagem em Biarritz. Foi utilizado um tripé Manfrotto, um cabo
programador com possibilidade de aplicar intervalos e determinar o tempo de exposição adequado e filtros de densidade neutra de vários stops, além de alguns ND graduados.
A máquina utilizada foi uma Canon 1Ds MK II e a lente uma Tilt and Shift de 24mm. Foi aplicado um Shift de 5º e um Tilt de 2º Canon 1Ds MK II . 24mm . f/11 . 113” . ISO 100
COLABORAÇÃO
zOOm | 7
CIMA: OLHAR ATENTO | ANTÓNIO CAEIRO |
http://antoniocaeiro-fotografias.blogspot.com/
“Foto captada no Jardim Zoológico de Lisboa”
Canon 450D . 214mm . f/5.6 . 1/250” . ISO 800
DIREITA: CADEADOS DO AMOR | ANTÓNIO CAEIRO
“Foto captada em Roma, Itália. Uma das formas de os jovens apaixona-
dos declararem o seu amor, é colocar próximo da Fonte de Trevi, em
Roma, cadeados com declarações de amor. Esses cadeados são deixa-
dos no portão da Igreja dos Santos Vincenzo e Anastasio, a poucos
metros da Fonte, onde depois os casais jogam as chaves do seu símbo-
lo de amor”
Canon 450D . 60mm . f/4 . 1/20” . ISO 100
CIMA: BUARCOS | JOÃO RODRIGUES | www.flickr.com/photos/joaopsr
“A foto foi tirada na zona do Cabo Mondego. Foi tirada com Sony a350 e com a Tamron 70-300. A intenção não era apanhar imagens deste tipo, uma vez que quan-
do saí de casa o céu estava bem mais dramático e com umas cores bastante apelativas. Ao chegar ao local, acabei por deixar os filtros na mochila, uma vez que a
luz estava bem mais equilibrada do que estava à espera. Assim, o que saiu, acabou por ser mais “ao natural” Sony a350 . 70mm . f11 . 6” . ISO 100
8 | zOOm
EXPOSIÇÃO
CIMA: COLOR AND COLORS OF THE SEA... | FRANCISCO SILVA | 
www.flickr.com/photos/francislm/
“Para mim este foi um dos melhores pores-do-sol que pude registar na minha vida. Usei a minha
350D juntamente com a Sigma 12-24 para captar esta fotografia”
Canon 350D . 12mm . f/13 . 5” . ISO 100
ESQUERDA: LORD OF THE HATS... | FRANCISCO SILVA
“Fotografia obtida quando realizei um “raid” fotográfico pela Póvoa de Varzim de modo a captar fotografia
arquitectónica para um trabalho que realizei. Logo deu para ver que a arquitectura e os seus detalhes foram
facilmente esquecidos quando me deparei com este cenário. Foi uma foto de ocasião que em muito descreve
em si o meu género de fotografia favorito”
Canon 5d MKII . 12mm . f/8 . 1/50” . ISO 200
BAIXO: CASA DA MÚSICA, PORTO | FRANCISCO SILVA
“Esta foi a minha primeira visita a este local emblemático idealizado e desenhado pelo holandês Rem Koolhaas.
A luz está por todo o lado e parece chamar por nós. Usei a Canon 350D com a Sigma 12-24 para “roubar" este
momento”
Canon 350D . 15mm . f/8 . 1/80” . ISO 200
zOOm | 9
CIMA ESQUERDA: O CARPINTEIRO QUE SE TORNOU PASTOR | JOÃO RIBEIRO | www.flickr.com/photos/jpspider/
“Durante um passeio tranquilo na minha zona conheci este pastor, que com angústia me contou que devido a um acidente de trabalho teve de deixar a sua antiga profissão, carpinteiro. Pedi-lhe
para fazer este retrato e mais tarde procurei-o novamente e ofereci-lhe uma impressão desta foto”
Canon 350D . 34mm . f/8 . 1/640” . ISO 200
CIMA DIREITA: TRAIN SINGING | JOÃO RIBEIRO
“Na estação do Oriente, um jovem espantava os seus males. Aproveitei a sua total entrega à musica e à canção para montar a teleobjectiva e fotografá-lo num dos momentos mais inspiradores da sua musica”
Canon 350D . 250mm . f/6.3 . 1/160” . ISO 100
BAIXO: FIRESTARTER | JOÃO RIBEIRO
“Foto feita para o folhetos promocionais do festival Scalabis Urbe 2009. O título foi obviamente inspirado no da banda Prodigy”
Canon 350D . 18mm . f/4 . 1/160” . ISO 400
10 | zOOm
EXPOSIÇÃO
ESQUERDA: MIRAGEM | FRANCISCO CORDEIRO
“Foto captada na paisagem calma, deserta e serena, em
Avis. A miragem e a textura na paisagem Alentejana”
Fuji SP2000
BAIXO: TIXA | FRANCISCO CORDEIRO
“Glamorosa, Princesa do sonho, pura de um olhar dos teus olhos ver-
des!”
Nikon D50 . 56mm . f/6.3 . 1/640” . ISO 200
CIMA: AV. BRASIL | JOSÉ DIAS
“Diz respeito a um autentico ex-libris da cidade do Porto e da Av. Brasil, é a famosa Pérgola do Molhe, faz parte de uma das mais bonitas
Avenidas do Porto, a Avenida Brasil e fica perto da Foz do Douro”
Sony a100 . 75mm . f/7.1 . 1/320” . ISO 100
zOOm | 11
CIMA: MENINOS, OLHEM PARA AQUI |
JORGE TEIXEIRA | www.flickr.com/jorgetm
“No Jardim Zoológico, aproveitando a tarde, alguns já res-
sonavam...”
Nikon D70 . 190mm . f/6.3 . 1/640”
ESQUERDA: LORD OF THE HATS... | FRANCISCO SILVA
“Em França, esta ponte tinha por baixo uma rede de canalizaçoes de
produtos tóxicos que desaguavam na praia onde surfei, só mais tarde
me apercebi”
Nikon D200
LADO: A NEW COCKTAIL | FRANCISCO SILVA
“Fui a Andorra e tinha acabado de comprar duas objectivas e um flash,
cheguei ao hotel e na mesa de cabeceira improvisei tudo”
Nikon D200 . 150mm . f/14 . ISO 200
12 | zOOm
EXPOSIÇÃO
ESQUERDA: AV. BRASIL | DANIELA URBANO |
www.flickr.com/photos/danielaurbano/
“Fotografia tirada numa tarde como tantas outras, cativa a
nossa atenção não só pela beleza do elemento que a com-
põe, mas sobretudo pela simplicidade do mesmo”
Canon 400D . 55mm . f/13 . 1/160" . ISO 100
BAIXO: PONTE VASCO DA GAMA | DANIELA URBANO
“Fotografia da conhecida Ponte Vasco da Gama, uma composição um
pouco diferente do habitual onde procureicaptar uma visão alternativa
mostrando assim esta ponte com arquitectura moderna num meio
envolvente completamente oposto”
Fujifilm Finepix S5700 . 6mm . f/5.6 . 1/300” . ISO 64
CIMA: TREES | JOÃO PAULO MACHADO | www.flickr.com/photos/danielaurbano/
“Fim de tarde de Janeiro numa Herdade perto de Montemor-o-Novo em que a cor do céu
parece indiciar tratar-se de um dia de Verão”
Canon 300D . 300mm . f/5.6 . 1/4000" . ISO 200
ESQUERDA: ENVELHECENDO | JOÃO PAULO MACHADO
“Fotografia tirada perto de Lamego que ainda hoje me impressiona pela sensação de solidão tranquila que
transmite”
Canon 300D . 55mm . f/8 . 1/125" . ISO 100
zOOm | 13
ESQUERDA: PAZ | MÁRIO GOMES
“Esta fotografia foi tirada num evento de observação de
aves realizado numa quinta que dá pelo nome de “Quinta
da Mourisca”. Enquanto esperávamos que a maré enches-
se para fazermos um passeio de barco, aproveitei para tirar esta foto-
grafia que, em minha opinião, ficou lindíssima”
Canon 400D . 24mm . f/9.5 . 1/350” . ISO 100
CIMA ESQUERDA: LAGOAS EM ESPELHO | PAULO COELHO
“Numa visita às Lagoas de Ponte de Lima o cenário pedia uma foto e o espelho de água podia
dar alguma vida a isso mesmo”
Nikon D60 . 34mm . f/5 . 1/250” . ISo 100
CIMA DIREITA: SACERDOTE | PAULO COELHO
“No Santuário de S.Bento no Gerês achei piada este sacerdote que orava pelo santuário”
Nikon D60 . 50mm . f/5.6 . 1/50” . ISO 100
14 | zOOm
EXPOSIÇÃO
CIMA: LEANDRO LIBERAL | PAULO COSTA |
http://olhares.aeiou.pt/maximos
“Spot: S. Salvador, Armil, Fafe. Modalidade: Downhill”
Canon 450D . 73mm . f/4 . 1/400” . ISO 800
ESQUERDA: SANDRO SILVA | PAULO COSTA
“Spot: Amares, Braga. Modalidade: Dirt Jumping. Manobra: Backflip”
Canon 450D . 18mm . f/7.1 . 1/640” . ISO 200
CIMA: SURF | RICARDO ALVES
“Eu faço bodyboard e logo devido a isso o meu tema preferido para as fotos é o body-
board, o surf, as paisagens na praia”
Fugifilm FinePix S100FS . 102mm . f/6.4 . 1/500” . ISO 100
CIMA: LOVERS | MÁRCIO SOUSA | http://olhares.aeiou.pt/marcio19781018
“Uma demonstração de amor... num lugar fantástico... o Cabo Espichel”
Canon 350D . 18mm . f/8 . 1/200” . ISO 100
{ NOTA PARA OS PARTICIPANTES }
Devido ao elevado número de participações - que ultrapassou em muito as nos-
sas melhores expectativas -, por limite de espaço reservado para esta secção (que
viu o número de páginas aumentar), não nos foi possível incluir mais participa-
ções nesta edição da zOOm. Assim, serão incluídas no próximo número.
A todos os participantes o nosso muito obrigado!
zOOm | 15
INICIADOS
A FOTOGRAFIA DE UMA FORMA S IMPLES
Melhore os JPG
que saem da câmara
Grande parte dos utilizadores quepassam de uma máquina foto-gráfica compacta para uma mais
avançada, queixam-se que as imagens
desta última não são tão vivas quanto as
que conseguia obter com a câmara mais
barata. Muitos chegam mesmo a pensar
trocar de máquina, o que nos parece
manifestamente... radical. Se está numa
situação parecida, não desespere já e veja
o que pode fazer para inverter a situação.
Se quer mesmo aprender fotografia, a sua
nova máquina é o instrumento de traba-
lho ideal para conseguir tal objectivo.
Por norma, quem ainda sabe pouco,
coloca a máquina em modo de exposição
automática e opta por captar as fotos em
formato JPEG em vez da opção RAW. Evita,
numa primeira fase, ter que efectuar con-
versões e usar programas que ainda acha
complicado. É compreensível…
O problema vem no momento em que
abre as fotos no computador. Estas pare-
cem-lhe nitidamente inferiores às que
consegue com uma máquina de gama
mais baixa. De uma forma simples, isto
acontece porque os fabricantes optaram
por, em máquinas mais evoluídas, darem
margem de manobra aos fotógrafos para
que estes editem as imagens a gosto. Por
outro lado, se nunca teve outra máquina
que servisse como termo de comparação,
poderá gostar das imagens que tem ca-
ptado, mas alterando alguns valores con-
seguirá resultados ainda mais positivos.
Felizmente, todas as DSLR permitem ajus-
tar os JPEGs, alterando a saturação, nitidez
e contraste, directamente no software da
câmara. A seguir mostramos-lhe porque
deve tomar controlo sobre os JPEG que
saem da sua máquina, a fim de obter bons
resultados sem grandes complicações. nZ
Saturação
O caminho mais fácil para conseguir resultados atracti-
vos de forma imediata. Suba os valores da saturação e
veja as cores ganharem outra vida. As paisagens pode-
rão sair beneficiadas com esta alteração positiva, ao
passo que fotos com pessoas (retratos, por exemplo)
poderão ficar melhores com valores negativos na satu-
ração.
Contraste
Outra opção que, quando bem escolhida, oferece outra
vida às fotografias. Diminuindo o contraste, por exem-
plo, aumenta o valor de altas luzes e detalhes nas som-
bras, o que é particularmente agradável em imagens de
pessoas. Aumentando o contraste melhorará todos os
outros géneros de fotografia, particularmente a preto e
branco.
Nitidez
Atenção: aumentar o valor desta opção não melhora as
imagens desfocadas. Contudo, oferece mais nitidez a
uma foto de uma forma geral. Não suba mais do que
um ou dois valores na nitidez, já que mais do que isto
tornará as imagens algo desagradáveis. Em fotos com
ISO elevado, excesso de nitidez leva a que o ruído seja
ainda mais visível.
TRÊS PASSOS PARA MELHORES JPEGS
Convém primeiro ler o manual da sua máquina para saber como deve alterar as definições como saturação, contraste e nitidez. Os resultados até lhe poderão parecer subtis,
mas vale tudo para se conseguir incrementar a qualidade das fotos, não é? Aqui ficam as nossas recomendações básicas para tirar ainda mais partido dos seus JPEGs.
JPEG saído da máquina
16 | zOOm
Mundo
de brincar
Oestilo que produz fotografias deobjectos e cenários reais deforma a parecerem miniaturas
apelidou-se de “tilt and shift”. Existem len-
tes que fazem isto directamente, mas que
são algo dispendiosas. Uma maneira de
imitar o feito é recorrer ao um editor de
imagens, como o Photoshop, por exemplo.
Este género de fotografia funciona melhor
em imagens tiradas de um ponto elevado,
como uma ponte, prédio, ou escada.
Recorrendo a uma combinação de suavi-
zação e saturação, conseguirá dar outra
vida a algumas das suas fotografias, tor-
nando-as (quase) em maquetas. Se está a
dar os primeiros passos no Photoshop,
pode levar algum tempo até conseguir o
efeito desejado, mas uma vez assimilado
não vai querer outra coisa. nZ
1Abra a imagem no Photoshop e seleccione o modo ‘Quick Mask’ na barrade ferramentas lateral. Se não encontra, carregue na tecla [Q] para entrarneste modo. Agora clique na ferramenta ‘Brush’ e selecciona uma opaci-
dade de 85%. “Pinte” a área da imagem que pretende que fique nítida.
2Saia do modo ‘Quick Mask’ (clique novamente na tecla [Q]). Deve ver aárea seleccionada cercada por uma moldura a tracejado. Se não estiversatisfeito, volte ao modo ‘Quick Mask’ e repita o processo, caso contrário
siga para o próximo passo.
3Chegou o momento de aplicar o ‘blur’ à imagem. Vá ao menu ‘Filter’ >‘Blur’ > ‘Lens Blur’ e verá agora o efeito aplicado à foto no painel de pre-visualização. Altere o valor ‘Radius’ para salientar mais, ou menos, o efei-
to e clique em ‘OK’.
4Carregue nas teclas [Ctrl +D] para remover a selecção a tracejado e esta-mos prontos para ajustar a saturação. Vá ao menu ‘Image’ >‘Adjustments’ > ‘Hue/Saturation’ para abrir a respectiva janela.
À LA MINUTE
ORIGINAL
zOOm | 17
5Aumente a saturação na foto deslocando a seta do meio (‘Saturation’)para a direita. O valor a colocar tem muito a ver com o gosto pessoal,mas podemos sempre recomendar um valor próximo de +40. 6Finalmente, abra o painel ‘Curves’ [Ctrl + M] e desenhe um S na linha dia-gonal, como mostrado na figura. Cuidado para não exagerar neste pontopara não dar cabo da imagem. Grave e imagem e já está!
IMAGEM FINAL
Imagens banais podem ficar muito mais engraçadas
com esta edição
18 | zOOm
CONHECER
FOTÓGRAFOS DE CÁ E DE LÁ
FOTÓGRAFOS
Na zOOm vai ficar a conhecer alguns dos melhores fotógrafos do mundo, sejam
eles nacionaisou internacionais. As suas fotografias são, na grande maioria,
autênticas fontes de inspiração. É que, felizmente, também se aprende (e
muito) sobre fotografia... a ver. 
Philip Makanna
Um dos melhores e mais valentes fotógrafos de aeroplanos. Phil, é bastante conhe-
cido no meio da aviação, graças às suas excelentes fotografias aéreas. E é mais fácil
encontrá-lo num avião com a porta aberta, máquina Nikon D3 na mão, a arriscar a
vida, do que em terra. Tudo para conseguir as melhores imagens da sua maior pai-
xão: aviões, de preferência bem antigos. A qualidade das suas fotos é conhecida em
todo o mundo, bem como o calendário anual GHOSTS. Mesmo assim, a modéstia
continua a ser a forma de estar de Makanna, que afirma que as suas fotos são “pura
sorte” – quando toda a gente sabe que é, sim, graças ao seu enorme talento. Para
ver algumas das mais fantásticas fotografias de Phil Makanna, visite o site, local
onde pode adquirir os famosos calendários do fotógrafo.
Site: www.ghosts.com
Mehmet Ozgur
Este engenheiro electrotécnico, especialista em várias áreas incluindo
Nanotecnologia, descobriu, não há muito tempo, a sua paixão pela foto-
grafia e agora é famoso por criar esculturas feitas de fumo. Mehmet
recorre a incenso e nitrogénio líquido para fazer o fumo. Depois de ca-
ptadas as várias formas de fumo, Ozgur sobrepõe as imagens – com
outros desenhos de fumo ou objectos -, criando imagens com bastante
impacto. No site pode ainda encontrar outros géneros fotográficos,
essencialmente paisagens.
Site: http://mehmet-ozgur.com
Benedict Campbell
Um génio. Para além de ser um fotógrafo profissional bem sucedido, com mais de
vinte anos de experiência, Campbell (também) já impõe a sua marca na criação
digital, com produções para as maiores marcas do mundo. Ainda num recente
trabalho fotográfico para o catálogo da Harley Davidson, colegas americanos fica-
ram espantados com os resultados conseguidos por Campbell, com tão poucos
meios e orçamento reduzido. A marca gostou tanto, que o convidou para novo
desafio. 
Site: www.benedict1.com
zOOm | 19
PRÁTICA
INSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS
Certamente o leitor já viu este género defotografia. Uma forma simples de conse-guir espectaculares imagens abstractas é
fotografar fumo. Para este exemplo recorremos
aos práticos paus de incenso, já que são acessí-
veis a todos, relativamente seguros e oferecem
a “viscosidade” certa de fumo para esta técni-
ca. Um flash também será necessário e com
uma lente macro conseguirá ainda melho-
res resultados, embora neste caso não seja
“obrigatória”.
São deslumbrantes os resultados que se
conseguem fácil e rapidamente. Uma vez
que o fumo do incenso toma várias direc-
ções, podemos afirmar que existe uma infinidade de
desenhos que se conseguem captar. Mais, depois do
processo fotográfico propriamente dito, em pós-
processamento pode ainda criar outras formas,
colorir, queimar e escurecer, inverter… enfim,
como diz o ditado, a imaginação é o limite.
Neste artigo prático explicamos-lhe o que
deve fazer e ter para conseguir (bons) resul-
tados em muito pouco tempo.
Por fim uma recomendação de seguran-
ça: terminada a sessão, certifique-se que
apaga mesmo os paus de incenso, já que
estes podem causar incêndios. nZ
Desenhos de fumo
Dificuldade
média
Equipamento usado
Canon 50D
Tamron 17-50mm
Flash Canon 430EX II
Flash Trigger
Mais
Cartolina preta
Incenso
Suporte para incenso
Mesa/suporte
20 | zOOm
PRÁTICA
1Não precisa de um mini-estúdio para levar a cabo esta experiência. Umafolha de cartolina a servir de fundo, um suporte para o pau de incenso,tripé para a máquina e um suporte para o flash (se for outro tripé, ópti-
mo) é tudo o que precisa. Como pode ver na imagem, o flash ficou colocado
atrás do incenso, com um pequeno pedaço de cartolina “agarrado” de forma a
evitar que a luz fosse reflectida para o fundo. Monte então a máquina, com o
flash trigger (disparador remoto de flash – encontra baratos no eBay, por
exemplo), no tripé. Mantenha alguma ventilação no espaço onde estiver.
3Por uma questão de conforto (só), usámos um disparadorremoto para disparar a máquina. Depois de algumas deze-nas de fotografias, revimos as imagens através do LCD da
câmara. Certifique-se que não existe luz do flash a atingir o
fundo. Terminado este processo e uma vez satisfeitos com o
resultado, apagámos completamente o incenso.
4Chegou o momento de transferir as imagens para o computador. Recorremos, mais umavez, ao poderoso Photoshop para editarmos as fotos obtidas. No Camera Raw usámos aopção ‘Black’ para escurecermos o fundo ainda mais antes de abrirmos a imagem pro-
priamente dita. Com a ferramenta ‘Eraser’ eliminámos algumas áreas do fumo que não pre-
tendíamos ter no resultado final. Feito isto, invertemos a imagem, indo ao menu ‘Image’ >
‘Adjustments’ > ‘Invert’. Isto fez com que o fundo ficasse branco e o fumo com vários tons de
preto/cinzento.
2Colocamos a máquina em modo Manual e alterámos a lente para foca-gem manual. Depois focámos a área exactamente acima do incenso(pode colocar um dedo para facilitar a tarefa de focagem). Como veloci-
dade de disparo pode escolher a máxima que a máquina permite para sincro-
nizar com o Flash (consoante os modelos 1/200”, 1/250”, etc…) e uma abertu-
ra que nos permitisse profundidade de campo suficiente, como f/14. O formato
de gravação seleccionado foi RAW.
zOOm | 21
5Obviamente que, caso queira, é possível dar mais vida à imagem, adicio-nando-lhe alguma cor, por exemplo. Na ferramenta ‘Hue/Saturation’ doPhotoshop activámos a opção ‘Colorize’ e movemos as barras (Hue e
Saturation) até ficarmos satisfeitos com o resultado. Gravámos o resultado
com um novo nome.
6Abrimos uma segunda imagem e repetimos os passos quatro e cinco,mas desta vez optámos por dar uma outra cor a este segundo desenhode fumo. Com as duas imagens abertas, copiámos a segunda imagem
(‘Select’ > ‘Select All’ > ‘Edit’ > ‘Copy’) e colámos na janela da primeira ima-
gem (‘Edit’ > ‘Past’). Reduzimos então a opacidade da segunda imagem e
movemo-la até ficarmos satisfeitos. Voltámos a alterar a opacidade para 100%
e mudámos o ‘Layer Blending Mode’ de ‘Normal’ para ‘Multiply’. Finalmente
juntámos as imagens (‘Layer’ > ‘Flatten Image’) e gravámos o resultado final.
IMAGEM FINAL
É espectacular fotografar fumo. Os resultados são sempre exclusivos
e cada imagem obtida poderá ser interpretada de maneira diferente
de pessoa para pessoa.
22 | zOOm
Ilusão de escala
Transformar um objecto pequenoem algo “enorme” pode ser relati-vamente simples de se conseguir
através da fotografia. É uma “técnica”
rápida, fácil e divertida, como poderá com-
provar.
A ideia é fotografar um modelo à escala
para que, à primeira vista, pareça real.
Pode experimentar com variadíssimos
assuntos, embora no nosso caso optámos
por um automóvel. Primeiro porque
temos muitos e são quase banais em qual-
quer casa. Depois não obrigam a montar
ou a demonstrar o que quer que seja:
basta pegar nele, literalmente, e levá-lo
para a rua. Escolha um modelo que seja
equilibrado em termos de dimensões e,
preferencialmente, bem detalhado. Afinal,
vai querer que pareça real…
Embora seja fácil concluir com êxito o
que aqui propomos, convém ter em aten-
ção alguns pormenores. Evite pavimentos
empedrados (como vai fotografar junto ao
chão, as pedras também “aumentam” de
tamanho, tornando óbvio que o carro se
trata de uma miniatura); estradas com
muito trânsito, ou com veículos estaciona-
dos; bem como ter o cuidado de não ficar
reflectido (ou criar sombra) na superfície
do objecto.
Tivemos oportunidade de usar primeiro
uma lente macro de 90mm, mas o resul-
tado não foi nada satisfatório, pelo que
aconselhamos vivamente o uso de uma
grande angular (15, 17, 18mm chegam per-
feitamente). Como vai fotografar à distân-
cia mínima que conseguir do carro, será
difícil colocá-lo fora de foco – ou pelo
menos a parte frontal que é a que interes-
sará. 
Se a sua máquina não possui LiveView,
aconselhamos a usar uma roupa mais
velha, já que quase de certezaterá que se
deitar no chão para tirar as fotografias. Se
tem esta função, aqui está uma razão para
a usar.
No caso de escolher uma rua onde nor-
malmente passem carros, tenha bastante
atenção ao facto, ou então peça a um
amigo para ir consigo. nZ
Dificuldade
baixa
Equipamento usado
Canon 50D
Tamron 17-50mm 2.8
Mais
Modelo automóvel à escala
1/18 - Ferrari 348
PRÁTICA
INSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS
Profundidade
de campo
A área do objecto que fica foca-
da é a chave para o sucesso
desta experiência. Como referi-
mos no texto principal, uma vez
que vai fotografar a uma distân-
cia relativamente curta do carro,
a profundidade de campo será
mínima. Se o objecto ficar muito
“desfocado” parecerá quase
uma foto macro. Por outro lado,
se recorrer a uma abertura
pequena, focando praticamente
tudo o que rodeia o objecto, este
perder-se-á no meio de tanto
ruído visual, tornando efeito
pouco credível. Praticar e experi-
mentar será a melhor forma de
obter resultados interessantes.
Dica
zOOm | 23
1Depois de escolhermos o objecto a fotografar – um lindíssimo Ferrari 348– fomos para rua. Afastámo-lo o mais que conseguimos das casas, paraque estas ficassem (quase) fora de foco, graças à abertura relativamente
grande que pretendíamos usar.
2Como a nossa máquina possui (felizmente) LiveView, não foi necessáriodeitar no chão. Com o modo de exposição definido para dar prioridade àabertura, seleccionámos uma abertura relativamente pequena (f/4.5),
suficiente para colocar fora de foco tudo o que envolvesse o carro. Mas pode
(e deve) experimentar outros valores. Embora tivéssemos testado com uma
lente macro de 90mm, o resultado não foi nada interessante. Por isso, decidi-
mos que uma grande angular seria a lente ideal para obter um efeito mais
real. Com a máquina praticamente pousada no pavimento, fotografámos o
mais perto do carro que fosse possível e de forma a que ocupasse grande
parte do cenário.IMAGEM FINAL
Olhando com atenção notar-se-á que se trata de um modelo à escala,
mas olhando de relance poderá ter a percepção que se trata de um carro real.
PRÁTICA
INSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS
Dificuldade
baixa
Equipamento usado
Canon 50D
Tamron 17-50mm 2.8
[Ideal com lente Macro
ou com filtro close up]
Tripé Slik Pro 330DX
Mais
Caixa transparente CD;
Folha branca; Cartolina preta
(ou tecido); Seringa;
Pintarolas; Flores
Um feixe de luz desvia-se ao pas-sar do ar para a água e vice-versa. Este desvio deve-se a uma
mudança na velocidade da luz ao passar
de um meio transparente para outro e
chama-se refracção da luz. Por isso é que
quando mergulha um lápis num copo,
parece que este se “parte”. Ou, se visto de
cima, parece que fica mais pequeno.
Desde o século 19 que se sabia que a luz é
uma forma de onda que se propaga a alta
velocidade. Mas esta velocidade depende
muito do meio por onde a luz se está a
propagar. No ar, a velocidade da luz é
quase 300.000 Km/s. No interior de um
vidro transparente reduz-se a uns “meros”
200.000 Km/s. E esta mudança de veloci-
dade que faz o feixe de luz desviar-se ao
passar do ar para o vidro.
Graças a isto, temos todo um potencial
fotográfico à mão de semear. Recorrendo
a uma lente macro, ou a um filtro ‘close
up’ pode captar efeitos espectaculares.
Um flor fica extremamente bonita vista
através de uma gota de água, por exemplo
– obtendo-se uma imagem dentro de
outra imagem.
Sabendo disto, tem todo um mundo
para explorar. Para o nosso exemplo recor-
remos a umas pintarolas, caixa transpa-
rente de CD, fundo preto e “copo” feito a
partir de uma folha branca. E para criar as
gotas de água, pode usar uma seringa.
Mas em vez de pintarolas, pode usar texto,
um relógio, comida, ou flores.
Se, como referimos, resulta melhor com
uma lente macro, ou com filtro close-up
(muito acessíveis), pode testar com uma
lente que foque relativamente perto. A
nossa “brincadeira” foi feita com uma 17-
50mm da Tamron e funcionou na perfei-
ção. nZ
zOOm | 25
Experiências
com refracção
26 | zOOm
PRÁTICA
1Um tripé é (praticamente) essencial para conseguir bons resultados. Umavez que vamos querer uma abertura pequena – de forma a obtermosgrande profundidade de campo e uma imagem nítida -, a velocidade de
obturação também será diminuta. Se usar uma macro, então qualquer treme-
deira será exponenciada e o resultado será sofrível. Um comando remoto tam-
bém será bem-vindo, embora se possa recorrer ao temporizador da máquina.
3No fundo colocámos uma cartolina preta e para envolver as pintarolasfizemos um “copo” de papel branco A4, que também serve de apoio aoplástico da caixa de CD. Com cuidado, fomos colocando algumas gotas de
água na tampa de plástico – cada gota cria uma refracção das pintarolas.
4Posicionámos então o tripé paralelo à área de trabalho para que fossepossível maximizar a profundidade de campo. Compusemos a imagem epassámos a focagem para manual, incidindo o foco para a imagem refrac-
tada com as pintarolas e não para as gotas propriamente ditas.
Experimentámos com uma abertura de f/4, mas a profundidade de campo ficou
“curta”, com a imagem a ficar pouco atractiva.
2As pintarolas são um bom motivo para este nosso artigo prático. E nãoestamos a falar no facto de as poder comer a seguir, mas sim pela varie-dade de cor disponível. Depois tanto pode usar um vidro, como recorrer à
tampa de uma caixa transparente para CD, em plástico. Para colocar as gotas
de água, tanto pode usar uma seringa (como foi o nosso caso), como um vapo-
rizador de água.
zOOm | 27
IMAGEM FINAL
Ao fim de pouco tempo conseguirá resultados muito interessantes.
Motivos coloridos dão outra força a este género de fotografia.
5Mudámos a abertura para uns mais “exigentes” f/13 para conseguirmosmaior profundidade de campo. Como seria de esperar, a velocidade deobturação desceu drasticamente, pelo que tripé e comando remoto (ou
temporizador) passam a ser essenciais. O resultado? Para nós, muitíssimo
melhor. Temos as gotas nítidas, bem como um fundo muito mais colorido e
contrastante. Só que, analisando cuidadosamente a imagem, notamos os riscos
e sujidade da tampa plástica.
6Talvez não tivesse sido má ideia termos limpo a caixa de plástico antes deavançarmos, mas como o mal está feito, só nos resta eliminar algumasdestas marcas num programa de edição de imagens (como Photoshop,
por exemplo). Dá algum trabalho, mas também não é nada de muito complica-
do. Recorrendo à ferramenta de clonagem em pouco tempo terá a foto
“limpa”. Depois aproveite para editar o resultado final, com toques nos níveis
(‘Levels’), curvas, contraste e talvez um pouco de saturação.
28 | zOOm
Pintar com uma… lanterna
Como se depreenderá, pintar comluz envolve longas exposições eiluminar um determinado objecto
com uma lanterna, por exemplo. Para este
nosso artigo prático não recorremos a um
carro que verá as suas linhas contornadas
por uma luz, nem tentaremos escrever
uma palavra com luz.
Decidimos testar esta técnica recorren-
do a uma taça com algumas maçãs a com-
por. E precisa de pouca coisa para conse-
guir imagens curiosas e interessantes. Um
tripé é imprescindível, máquina e lente,
taça e respectivas maçãs (ou outra fruta),
um local escuro e, obviamente, uma lan-
terna. Depois, durante a exposição, move-
rá a lanterna em diferentes ângulos e
velocidade. Obviamente que se parar mais
tempo para iluminar determinada área,
esta surgirá mais clara no resultado final.
Nada como experimentar e também errar,
pois só desta forma terá a noção do que é
possível fazer com esta técnica relativa-
mente simples.
Quanto a máquina fotográfica e lentes,
não precisa de nada especial. Mesmo com
a lente que veio com a sua câmara será
capaz de obter bons resultados.
Por fim uma última dica: quando deci-
dir experimentar esta técnica, na divisão
escura onde o fizer, não se esqueça de
ficar junto ao interruptor da luz… nZ
Dificuldade
média
Equipamento usado
Canon 50D
Tamron 17-50mm 2.8
Tripe Slick 330DX Pro
Mais
Taça cerâmica
Maçãs
Lanterna
PRÁTICA
INSP IRE-SE COM OS NOSSOS EXEMPLOS PRÁTICOS
1Coloquea máquina no tripé e direccione-a para baixo, como mostrado naimagem. Mude para o modo de exposição Manual e defina uma aberturaentre os valores f/8 e f/11 para óptima definição do objecto. Como tempo
de exposição pode começar com tempos entre os quatro e oito segundos.
2Componha a imagem recorrendo ao óculo, ou via LiveView. Faça a foca-gem e passe a lente para focagem manual (MF), para que o foco fiquebloqueado – e também, porque a máquina será incapaz de focar o que
quer que seja quando desligar a luz da divisão. Assim, se não mover a câma-
ra, ou fizer zoom, a imagem continuará bem focada.
zOOm | 29
3Apague a luz e coloque-seem posição. Carregue nobotão de disparo (ou, prefe-
rencialmente, no disparador
remoto) e mova a lanterna alea-
toriamente pelo objecto.
Terminada a exposição verifique o
resultado e ajuste, se necessário,
novamente os valores para a
exposição, alterando a velocidade
em ‘stops’ inteiros (dividindo ou
multiplicando o valor actual por
dois), consoante a imagem saia
mais clara ou escura do que aqui-
lo que seria ideal.
IMAGEM FINAL
De cada vez que experimentar esta técnica, obterá resultados diferentes.
Em mais de dez imagens que obtivemos, esta agradou-nos particularmente.
30 | zOOm
Panorâmicas
perfeitas
TÉCNICA
TIRE PARTIDO DA SUA CÂMARA FOTOGRÁFICA
zOOm | 31
EM TEMPOS, UM “CRAQUE DA BOLA” FICOU CÉLEBRE POR DIZER QUE A CAR-
REIRA DELE TINHA DADO UMA VOLTA DE 360 GRAUS. OK, NÃO QUEREMOS
QUE A SUA CARREIRA FAÇA UMA DESSAS MANOBRAS. APENAS QUE A SUA
CÂMARA FOTOGRÁFICA DÊ VOLTAS COM O ÂNGULO QUE O LEITOR MUITO
BEM ENTENDER: 90, 180 OU MESMO 360 GRAUS. BASTA, PARA ISSO, QUE LEIA
ESTE ARTIGO E APRENDA A CRIAR FOTOGRAFIAS PANORÂMICAS.
32 | zOOm
TÉCNICA
Oconceito é simples: captar foto-grafias com um campo visualalongado. Tão alongado que se
estica muito para lá dos limites da própria
câmara. E dos limites do olho humano,
também.
Como? Fotografando uma sequência de
imagens, que serão depois “coladas” umas
a seguir às outras, usando um software
próprio para o efeito. Ou seja, fotografar o
nosso campo visual, aos bocadinhos, e
depois juntar as fotos como se fossem
peças de um puzzle.
O resultado é uma imagem de grandes
dimensões, tão grandes que podem che-
gar aos famosos 360 graus. No fundo,
aquilo que se chama de fotografia panorâ-
mica.
Claro que na prática tudo é mais com-
plicado. Mas só um bocadinho. Nada que
não se consiga ultrapassar com algum tra-
balho, boas ferramentas informáticas e,
claro, uns quantos truques que lhe vamos
ensinar nas páginas seguintes.
Comece então por anotar o material que
vai precisar: uma câmara, pois claro; um
tripé, porque vai rodar a câmara ao captar
a sequência de imagens. Ah e não se
esqueça que o tripé deve ter um nível.
Caso contrário deverá comprar um.
Sim, porque na fotografia panorâmica
basta haver uma pequeníssima variação
numa só imagem para borrar a pintura.
Neste caso, a foto. Se a ideia é fotografar
várias vezes a mesma cena, rodando pro-
gressivamente a câmara para a sua direita
– os especialistas recomendam uma rota-
ção no sentido dos ponteiros do relógio –
um desvio da câmara para cima, ou para
baixo, pode obrigá-lo a horas e horas em
frente ao computador, a tentar corrigir o
problema. Isto quando a foto não está
irremediavelmente perdida.
E quem diz variações de nível, diz outra
coisa qualquer. Na cidade, por exemplo,
com tanta coisa sempre em movimento, é
o cabo dos trabalhos para captar uma boa
imagem panorâmica. Um carro que anda
mais do que devia, uma pessoa que teima
em atrapalhar.
Ah e claro, o vento. Que pode arrastar
objectos, folhas, lixo e sabe-se lá mais o
quê para o nosso campo visual. Idem
aspas para a luminosidade e para as
nuvens. Se não estivermos atentos ao que
se passa lá em cima, arriscamo-nos a per-
der uma tarde ou uma noite às voltas com
o Photoshop, tentando encaixar aquele
cumulonimbus algures num céu nublado.
O ideal, dizem os especialistas, é ir expe-
rimentando. Fotografar a ver no que dá.
Claro que a paciência também ajuda. Sem
esquecer, naturalmente, o instinto preda-
dor do fotógrafo. Que é como quem diz:
esperar serenamente até o clima, o trânsi-
to ou qualquer um desses elementos
externos acalmem. Focagem e exposição
automática, não obrigado!
A grande vantagem da tecnologia é
poupar-nos trabalho. No mundo da foto-
grafia digital essa é uma das verdades
universais. Ao ponto de tornar a fotogra-
fia, aparentemente, acessível até mesmo
aos principiantes.
Mas se quer mesmo captar uma ima-
gem panorâmica como manda a lei,
esqueça os automatismos. São óptimos
para as fotos de férias ou para o jantar de
despedida daquele colega de trabalho.
Mas não para as panorâmicas.
O que quer dizer que vai ter de desacti-
var a focagem e o modo de exposição
automáticos. Mas vamos por partes: a
focagem manual é necessária porque
obviamente vamos precisar que o foco
(bem como a distância focal) se mantenha
inalterado enquanto tiramos as várias
fotografias.
Quanto ao modo de exposição, é funda-
mental que não fotografe em modo auto-
mático, uma vez que a densidade da ima-
gem irá variar entre um e outro disparo
da câmara.
Para evitar este tipo de variações, reco-
mendamos que aponte a câmara para
uma parte da cena a fotografar que não
seja nem muito iluminada, nem muito
escura, e tire umas quantas fotografias de
teste. Quando a exposição lhe parecer a
mais adequada (saber ler o histograma
ajuda bastante), mude para o modo
manual e regule a câmara para a exposi-
ção indicada para essa zona. Deverá
depois manter essa exposição durante
toda a sequência de imagens a captar.
Se houver contraste de luzes isso poderá
eventualmente implicar que algumas par-
tes da sua foto panorâmica fiquem subex-
postas, ou então sobreexpostas. Mas vale
a pena, pois a consistência da exposição
vai garantir uma fotografia panorâmica
de qualidade. nZ
zOOm | 33
É sempre a mesma coisa. Precisamente quando mais
nos estamos a divertir, é que aparece alguma coisa
assim chatinha para nos atrapalhar.
Na fotografia panorâmica, essa coisa irritante chama-se
Erro de Paralaxe. É o problema técnico mais comum
nesta área e acontece quando, ao rodarmos a câmara,
entre um e outro disparo, o alinhamento de um ou mais
elementos da cena sofre alteração.
O pior de tudo é que, normalmente, só damos conta do
erro quando estamos em frente ao computador e per-
cebemos que as fotografias não se alinham na perfei-
ção, quando tentamos juntá-
las.
Uma das soluções é deixar
uma certa margem, em cada
fotografia, de modo a deixar
que o software tenha espaço
para corrigir as falhas. Para
que isso aconteça, idealmen-
te, cada foto deverá sobre-
por-se uma à outra em, pelo
menos, 30 por cento.
Mas não resolve totalmente o
problema. Para isso há que
recorrer a uma solução pre-
ventiva, que evita os erros de
paralaxe: o chamado centro
óptico, muitas vezes também
referido – erradamente, ou
não – como ponto nodal. 
É definido como ponto de
retorno óptimo da câmara,
ou seja, o ponto de intersec-
ção entre os eixos ópticos e a
superfície principal do objec-
to. Sempre que um raio de
luz atinge o ponto nodal late-
ral da imagem de determina-
do ângulo, o raio de luz vai sair do ponto nodal sob o
mesmo ângulo. 
Para contornar o erro de paralaxe, a câmara terá de
rodar sempre em torno do seu centro óptico. É, por
isso, recomendável – mas não obrigatória – a utilização
de um equipamento próprio, chamado suporte nodal,
que lhe permite ajustar a posição da câmara, em rela-
ção à cabeça do tripé. 
Ao fotografar a panorâmica, em vez de rodar a câmara
a partir da sua base – normalmente, assente no tripé –
irá definir o centro óptico e rodá-la em torno desse
ponto.
Deverá também definir o centro óptico para a lente a
utilizar. O procedimento é simples: coloque dois objec-
tos sensivelmente a um metro um do outro (por exem-
plo, dois lápis de cor, colados a uma mesa, de modo a
ficarem na vertical). 
Em seguida, deve nivelar a
câmara como se fosse para
fazer uma sequência de foto-
grafias e posicioná-lade
modo a que os objectos este-
jam perfeitamente alinhados.
Fotografe os objectos no cen-
tro da imagem, vire a câmara
para a esquerda e tire outra
fotografia, depois vire à direi-
ta e tire nova foto.
Caso o objecto de trás apa-
rentar ter-se movido ligeira-
mente para a esquerda quan-
do rodou a câmara para a
esquerda – e para a direita
quando rodou a câmara para
o lado direito –, isso quer
dizer que o suporte nodal está
demasiado recuado.
No entanto, se o objecto
parecer ter-se movido para a
direita quando rodou a câma-
ra para a esquerda – e para a
esquerda quando rodou a
câmara para a direita –, isso
indicará que o suporte está
muito para a frente.
Em função do resultado obtido, deverá posicionar a
câmara no suporte nodal e repetir o procedimento até
que os objectos permaneçam perfeitamente alinhados.
Uma vez encontrado o centro óptico para a lente espe-
cífica, marque a posição no suporte.
O irritante erro de paralaxe
Polarizador, WB
e sobreposição
Evite o uso de polarizador quan-
do fotografar sequências de
imagens para juntar. A polariza-
ção vai variar de foto para foto e
acabará com um efeito estranho
no céu.
O Balanço de Brancos automáti-
co também não é aconselhável,
já que cada imagem poderá ser
guardada de forma diferente da
anterior sempre que mova a
câmara. Assim, se ainda estiver
de dia, altere para ‘Daylight’ (Luz
de dia), por exemplo. Se for de
noite, pode continuar a manter
em ‘Daylight’ ou mudar para
‘Tungsten’ (Tungsténio).
Cada fotografia deverá sobre-
por-se em pelo menos 30 por
cento uma à outra. Isto dar-lhe-
á alguma margem para corrigir
eventuais falhas, quando estiver
a compor a imagem no compu-
tador (ver páginas do passo a
passo, 34 e 35).
Dicas
Exemplo de um suporte nodal, especialmente
desenvolvido para fotógrafos de panorâmicas,
que necessitam de resultados perfeitos, sem os
consequentes erros de paralaxe. Pode saber
mais sobre este acessório em
www.nodalninja.com. Contudo, para uso ama-
dor, programas como o Photoshop já lidam
muito bem com este “erro”.
34 | zOOm
TÉCNICA
Panorâmicas
passo a passo
Explicamos-lhe tudo o que precisa de
saber para começar a tirar panorâmi-
cas de forma simples. Em poucos pas-
sos conseguirá obter resultados bas-
tante satisfatórios.
1Monte a sua câmara, na posição vertical,num tripé. Certifique-se que a base deste estánivelada - grande parte dos tripés já vem com
nível de bolha -, para que quando rodar a câmara
entre disparos, esta se mantenha ao mesmo nível.
Olhe à sua volta para decidir onde quer começar e
acabar.
3Rode a câmara para o ponto mais à esquerdada cena que quer capturar. Faça a focagemmanualmente (aproveite e passe o foco para
manual) e tire uma fotografia à sua mão esquerda
com os dedos a apontar para a direita. Porquê?
Com isto saberá onde começa a sequência, evitan-
do qualquer confusão na hora de iniciar a “cola-
gem” das imagens.
4Agora tire a primeira foto da sequência.Depois mova a câmara ligeiramente para adireita e nova fotografia. Repita este proces-
so até chegar à última parte da cena a registar.
Mais uma vez, certifique-se que sobrepõe cada
imagem em 30-40%, facilitando o trabalho do pro-
grama que escolher para criar a panorâmica.
5Por fim, tire uma foto da sua mão direita comos dedos a apontarem para a esquerda, comoque a sinalizar o término da sequência.
Quando descarregar os ficheiros para o computa-
dor, saberá que as imagens entre as duas mãos
fazem parte do mesmo conjunto.
2Tire uma fotografia de teste a partir de umaárea de luminosidade média de uma cena –não a mais luminosa ou a mais escura. Se
possível analise o histograma para ver se está
equilibrado. Mude a câmara para exposição
manual e coloque os valores de abertura e veloci-
dade que obteve na foto de teste. Desta forma
garante a mesmo exposição para cada uma das
fotos que irão compor a panorâmica.
zOOm | 35
Programas
Se o software é o melhor amigo da fotografia
digital, então no caso da fotografia panorâmica
eles são mesmo os melhores amigos.
Actualmente existem programas que nos facili-
tam de tal maneira a tarefa, que basta descarre-
gar as fotos e deixar que o software se encarre-
gue de as ordenar, colar e dar os últimos reto-
ques. De entre os inúmeros programas de foto-
grafia panorâmica disponíveis no mercado, o
nosso destaque vai para o PTGui, o Panorama
Maker e o Photoshop CS3/4. Este último será
seguramente o mais usado.
6Se, por norma, fotografa em RAW, processeos ficheiros que compõem a cena de forma aterem os mesmos ajustes e correcções, caso
contrário obterá um resultado inconsistente.
Coloque os ficheiros (JPG ou TIFF), que servirão
para a panorâmica, junto numa mesma pasta.
9E, se não se enganou em nenhum passo, tem finalmente a sua panorâmica. Terá apenas que a cortarde forma a evitar os cantos irregulares. Isto será comum se não usar um suporte nodal de forma aevitar o erro de paralaxe (ver caixa da página anterior). Mas nada com que tenha com que se preo-
cupar muito, já que os programas gerem muito bem este “problema”.
7Abra o Photoshop e vá ao menu ‘File’ >‘Automate’ > ‘Photomerge’. Seleccione o tipode panorâmica que pretende. ‘Auto’, por
norma funciona bastante bem. Depois resta-lhe
seleccionar a abrir os ficheiros, através dos botões
‘Folders’ e ‘Browse’.
8Seleccionadas as imagens, clique em ‘OK’.Como que por magia o programa começa otrabalho por si. Obviamente que o processo
de “construção” poderá levar alguns minutos. Tudo
depende do tamanho das imagens, da velocidade
do computador, entre outros factores. Se vir que
está para durar, aproveite para beber um café.
10Depois de juntar as camadas (‘Layer’ >‘Flatten Image’), grave a sua panorâmi-ca. A seguir edite-a a gosto: contraste,
níveis, curvas, enfim, o que achar melhor. E pron-
to, o trabalho está pronto e a sua panorâmica vai
ser um sucesso!
PELA OBJECTIVA DE...
TEXTO: PAULO JORGE DIAS . FOTOS : RAUL NUNES
Raul Nunes
O puro prazer
de fotografar
Gosta de fotografar quando lhe apetece, o que lhe apetece e da maneira como lhe
apetece. E ainda bem que o faz. Porque o resultado final é admirável. Paisagens
fascinantes e a capacidade de captar o lado desconhecido das pessoas são imagens
de marca do trabalho de Raul Nunes, o nosso fotógrafo amador em destaque.
Agenética tem destas coisas. Boaparte daquilo que temos recebe-mo-lo de herança dos nossospais. E não estamos aqui a falarda casinha na aldeia, do carrovelho ou da colecção de moedas
antigas.
Em regra, herdamos traços físicos, feições, gostos,
ideias, prazeres, vícios. E às vezes até, as próprias
paixões. No caso de Raul Nunes, a herança foi preci-
samente essa: a paixão pela fotografia. 
“O meu pai tirava fotografias a preto e branco e
revelava-as em casa, num escritório transformado
em câmara escura. Nessa altura ele notou que eu
mostrava interesse pelas suas actividades e come-
çou a convidar-me para ir com ele para o ‘estúdio’
ajudar a revelar as suas fotos”, recorda o fotógrafo.
Nessa época, teria cerca de 10 anos e começou a
fazer as suas próprias fotografias e revelá-las. O pai
era, não só fonte de inspiração, como também pro-
fessor.
“A minha aprendizagem baseou-se principal-
mente em estudar as fotos do meu pai e dos fotó-
grafos que apareciam nas revistas de fotografia
que ele comprava na altura”, explica.
“Gosto imenso de ver e estudar fotografias de
outros fotógrafos, e tentar compreender como
essas mesmas fotos são elaboradas. Também tenho
por hábito comprar, de vez enquanto, um livro e/ou
vídeo que me chamem a atenção e que me tragam
algo de novo que eu queira aprender a fazer”, refe-
re.
Fotógrafo amador, que profissionalmente traba-
lha como professor de Educação Visual, Raul Nunes
assume-se como autodidacta, para quem boa parte
da aprendizagem é feita com base no princípio do
“trial and learn”.
Ou seja, a sala de aulas, por excelência, é o terre-
no “onde faço todo o tipo de experiências e onde
aprendo, cada vez mais, com os meus erros e acer-
tos”.
Claro que para isso é necessário um bom equipa-
FÁBRICA DE NUVENSNIKON D300 . 12MM . F/16 . 2.5" .
ISO 200
38 | zOOm
CIMA: TÂNIA ALEXANDRA
Nikon D300 . 170mm . f/6.3 . 1/40" . ISO 1250
ESQUERDA: MONICA FOIX
Nikon D300 . 50mm . f/5 . 1/160" . ISO 200
mento. A primeira máquina digital comprou-a em
2005. Era uma Nikon D70 que logo de seguida foi
trocada por uma D70s, que por sua vez deu lugar a
uma Nikon D200, adquirida dois anos depois. 
No ano passado, comprou uma Nikon D300,
actualmente a sua companheira inseparável em
muitas expedições fotográficas, para as quais Raul
não tem uma agenda definida: “Depende muito da
minha vontade de, nessa semana, me apetecer ou
não fotografar. Posso passar uma semana, ou
mesmo um mês, sem tirar fotos e, na semana
seguinte, posso dedicar os 7 dias à fotografia.
Ora, tanto equipamento implica um investimen-
to pesado? A essa questão o fotógrafo responde
com um sorridente “acho que prefiro não pensar
nisso”.
Há coisas que não têm preço. E, pelos vistos, uma
delas é o prazer de tirar uma boa fotografia. E boas
fotografias é o que não falta no portfólio de Raul
Nunes.
Como é o caso da foto tirada numa muito chuvo-
sa tarde de Inverno. Usando as palavras do fotógra-
fo: “um daqueles dias em que não nos apetece fazer
nada”. 
Mas havia um barco encalhado no rio Douro
quase a implorar para ser fotografado. E lá ficou o
sofá a arrefecer em casa, enquanto Raul tentava
perceber como havia de cruzar aquele canal de
água com um metro de profundidade e cinco de
largura.
É daquelas alturas em que dava jeito ser Jesus
Cristo e caminhar sobre as águas. Mas na fotogra-
fia os milagres fazem-se com a câmara. Por isso,
não houve outro remédio senão pôr a mochila às
costas, o equipamento e tripé à cabeça e os pés ao
caminho.
Mas valeu a pena o esforço: “Depois de estar
completamente encharcado, lá peguei no material
e tirei a foto. Curiosamente esta viria a ser a foto
mais publicada nas revistas portuguesas. Uma foto
RAUL NUNES
Idade: 40
Equipamento:
Nikon D300
Nikon D40
Nikkor AF 80-400mm 4.5-5.6D VR
Nikkor AF-S 12-24mm 4.0 IF ED
DX
Nikkor AF-S 18-105mm F/3.5-5.6G
ED VR DX
Nikkor AF-S 18-200mm 3.5-5.6G
ED VR DX
Nikon SB-25 (vários)
Nikon SB-600
Tripé de fibra de carbono
Manfrotto 190CXPRO3
Cabeça de tripe Manfrotto 322RC2
www.raulnunes.com
TALENTO
Não Profissional n Profissional
CIMA ESQUERDA: TIME GOES BY
Nikon D300 . 12mm . f/11 . 45" . ISO
200
CIMA DIREITA: SMOG
Nikon D300 . 12mm . f/11 . 20" . ISO
200
BAIXO ESQUERDA: TEMPO
DE DESCANSO
Nikon D300 . 12mm . f/11 . 1/5" . ISO
200
BAIXO DIREITA: O TRONCO
Nikon D300 . 14mm . f/11 . 15" . ISO
200
40 | zOOm
tirada num dia em que não me apetecia fotografar
e, ainda por cima num local de acesso proibido”.
A ambição de viver exclusivamente da fotografia
é comum a todos os artistas amadores, certo? Nem
por isso: “Sinceramente, não me atrai muito. Eu
gosto de fotografar quando me apetece, o que me
apetece e da maneira como me apetece. Tornando-
me profissional, provavelmente iria perder esse
lado lúdico da fotografia, que se tornaria numa
obrigação”.
Mas perante a nossa insistência, lá deixa cair
uma ou duas pistas: a fotografia de paisagem e a
de moda, são as áreas onde gostaria de trabalhar.
Isto, se decidisse tornar-se profissional.
Viajar pelo país em busca daqueles cenários que
parecem mesmo estar ali, à espera de ser fotografa-
dos. E fotografar modelos, desvendando através da
câmara o lado mais desconhecido das pessoas. As
duas razões para a sua escolha. 
“Acho que tenho uma certa aptidão para captar,
nas pessoas, algo que elas mesmo desconheciam
ter, e transportar isso para as fotografias. Por vezes,
até as próprias modelos ficam admiradas com o
que eu consigo ‘descobrir’ delas”, explica.
OK, ser profissional não é uma prioridade. Mas
então e exposições? “Já fui convidado a expor os
meus trabalhos, mas (sem falsas modéstias) acho
que ainda não atingi o nível que pretendo para
achar que tenho material suficiente para expor”.
A humildade fica sempre bem. Mas as suas fotos,
em exposição, ficavam ainda melhor. Dizemos nós,
que até percebemos alguma coisa disto. nZ
CIMA ESQUERDA: MARTA COSTA
Nikon D40 . 35mm . f/11 . 1/640" .
ISO 200
CIMA DIREITA: ALEGRIA SINCERA
Nikon D70 . 62mm . f/4.5 . 1/50" .
ISO 200
zOOm | 41
As fotos foram criadas a 2 de Março de 2009, num dia calmo como as águas de um
rio que encontra a sua margem, em perfeita harmonia. Num dia sereno como a man-
sidão de um barco, que aparenta viajar à deriva, mas que jaz, adormecido. 
Essa serenidade apoderara-se do autor e incendiara o ardente desejo de captar o
momento. Bastou um olhar para o céu e perceber o chorrilho de emoções que voava. 
O entediante cinzento dominava, o azul persistia, resistente, e o sol preparava-se para
partir, não sem antes pintar o tédio de vermelho. O ardente desejo ficou definitivamen-
te em chamas… As águas de um rio seriam insuficientes para suster a força do fogo.
O cenário tinha de ser partilhado, a câmara iria entrar em acção, as águas pousadas,
trépidas, e as voadoras, enraivecidas, funcionaram como fonte de inspiração.
Com ondulação ligeira, o rio clamou. O fotógrafo obedeceu, na esperança de conse-
guir um bom primeiro plano daquele céu único. Aquele lugar pareceu favorável para
comunicar sem palavras. A dissonância cromática entre o primeiro plano e o céu (foto
1) falaria por si.
Montar o tripé e a máquina e olhar pelo visor foram tarefas excessivamente rápidas,
para que aquela natureza não se adulterasse. O Sol, apressado, queria ofuscar os ata-
ques furtivos dos céus. Havia que procurar o melhor enquadramento possível, mas
faltava algo. O céu e o rio necessitavam do movimento das nuvens, suavizados pela
superfície de um rio terno. 
Com um filtro de Densidade Neutra 3.0 (9 stops) e outro filtro de Densidade Neutra
Graduado 1.2 colocados na máquina, liga-se o disparador remoto à D300 e nasce uma
exposição de 45s com f/11 a ISO 200. Estava criada a foto número 1.
Apesar de resultar uma imagem bela, pretendia-se algo mais intenso no primeiro
plano, um outro pedaço de natureza que fosse mais do que figurante, mas que encar-
nasse as contradições do cenário. A 59 metros de distância, num estaleiro, um barco
morto no rio vestiu a pele de um protagonista vivo.
Desenhado o enquadramento, restava caminhar para o espaço certo – um local de
acesso proibido. 
Uma vez no reino do inóspito, repetiram-se os procedimentos da imagem anterior.
Faz-se o enquadramento correcto e surge o fulgurante disparo. O resultado atinge um
patamar superior (foto 2). Restava, no entanto, um terceiro protagonista, para dotar a
imagem de total equilíbrio, no canto inferior direito.
Uma pedra, deitada no chão, parecia pedir licença para entrar no projecto de uma
fotografia completa. Foi meticulosamente colocada no cenário, entre o Céu e a Terra,
banhada pelas águas. O clique origina a foto 3, o quadro pintado no imaginário do
autor, desde o primeiro olhar para o estaleiro.
Deste trabalho, nascem três fotos e fica provado que, mesmo em locais proibidos,
podemos moldar a natureza, sem a agredirmos. Podemos arrastar pedras para rios
fraternos, debaixo de céus zangados, iluminados por um Sol envergonhado. 
Depois de colocar esta foto em sites da especialidade, o comentário mais vezes repeti-
do foi “a pedra no canto inferior esquerdo é a cereja no topo do bolo”.
CIMA: O BARCO
Nikon D300 . 20mm . f/11 . 50" . ISO 200
[ RAUL NUNES EXPLICA COMO CHEGOU AO RESULTADO FINAL ]
O BARCO
PELA OBJECTIVA DE...
TEXTO: PAULO JORGE DIAS . FOTOS : LU IS FERREIRA
Luis Ferreira
A Câmara de Noé
Insectos, répteis, aves, quantos
pequenos seres escapam ao
nosso olhar, por entre a corre-
ria dos dias? Felizmente, não
escapam à objectiva de Luis
Ferreira, fotógrafo português
que nos surpreendeu com as
suas espantosas fotografias do
reino animal. Eterno aprendiz
e impiedoso caçador de ima-
gens de animais em movimen-
to, ele é um dos nossos convi-
dados desta edição.
NEUROPTERO
Canon 5D MKII . 150mm . f/11 . 1/125 . ISO 200
44 | zOOm
PELA OBJECTIVA DE...
CIMA:HYLES EUPHORBIAE
Canon 5D MKII . 150mm . f/14 . 1/60” .
ISO 200
DIREITA: LUTRA LUTRA
Canon 5D MKII . 390mm . f/5.6 . 1/60” .
ISO 1600
Um pouco à semelhança dafamosa publicidade televisiva,Luis Ferreira podia fotografarsem cor. Mas não era a mesmacoisa.É a cor que lhe permite captar
em toda a sua intensidade os animais e todas as
espécies da vida selvagem, que são no fundo as
personagens principais do seu trabalho. 
“A cor é uma ferramenta poderosíssima na trans-
missão de sentimentos e emoções”, explica o fotó-
grafo. E tantas são as emoções que as fotos de Luis
Ferreira transmitem.
O deslumbramento, por exemplo. É fácil deslum-
brarmo-nos ao contemplar a riqueza visual do voo
de um pássaro, do salto de um cervo, do deslizar de
uma cobra.
E muitos mais habitantes do mundo animal que
a pouco e pouco Luis Ferreira vai coleccionando na
sua câmara, qual arca de Noé onde parecem caber
todas as espécies.
“O que me preocupa mais nas minhas imagens é
conseguir uma estética dinâmica, que demonstre
os animais em acção”, refere o fotógrafo a propósito
do movimento, sempre presente no seu trabalho.
Um bom exemplo disso é a fotografia favorita de
Luis Ferreira, onde um Neuróptero da espécie
Bubopsis agrionoides – um insecto voador raro –
assume uma postura dinâmica e natural sobre a
fragrância do rosmaninho selvagem.
Um trabalho que exige tempo e paciência até
porque “uma imagem que demora centésimos de
segundo a tirar, leva semanas ou até mesmo meses
a preparar e estas constituem as fotografias mais
difíceis, pelo trabalho prévio que exigem”. 
É o caso do Guarda-rios apanhado de saída do
ninho, após alimentar as crias: “Demorei mais de
um mês a conseguir aquela proximidade do ninho
e fui progressivamente montando um abrigo de
forma a não interferir com a criação da prole. Para
a imagem foram necessários dois flashes, um flash
bracket, um sistema de infra-vermelhos (que detec-
ta a saída da ave e faz disparar a câmara), um tripé,
o cabo disparador, mas sobretudo sorte e muita
perseverança”.
Sorte, perseverança e, claro, talento, trabalhado
LUIS FERREIRA
zOOm | 45
ESQUERDA: SALAMANDRA SALAMANDRA
Canon 5D MK II . 150mm . f/13 . 1/100” . ISO 100
ao longo de anos de aprendizagem. Inicialmente
como autodidacta, Luis estudou diversos manuais
de fotografia, um pouco à semelhança do que faze-
mos todos nós, fotógrafos.
“Mas foi sobretudo com a experimentação que a
minha prática foi evoluindo. Na minha óptica, a
fotografia analógica com medições totalmente
manuais foi uma grande escola. Apontava os valo-
res da abertura, velocidade e sensibilidade do nega-
tivo em cada imagem do rolo que, após a revelação,
eram conferidos e corrigidos”, explica o fotógrafo.
Claro que numa área em permanente evolução,
como é o caso da fotografia, a aprendizagem é um
movimento contínuo, sempre com coisas novas
para aprender. Por esse motivo, Luis define-se como
um eterno aprendiz: “neste meio nunca se sabe
tudo e temos de estar em constante actualização”.
Sem esquecer, obviamente, as horas passadas a
observar e estudar o trabalho de outros fotógrafos.
Entre os seus autores de referência, Luis Ferreira
destaca artistas como Thomas Marent, Vicent
Munier, Staffan Windstrand, Art Wolfe, Ingo Arndt,
Miguel Lasa, Eduardo Ruiz Baltanás e outros tantos
fotógrafos amigos portugueses. 
O “namoro” com a fotografia começou em 1998,
quando preparava uma viagem de autocarro até à
Eslováquia.
“Adquiri a minha primeira máquina analógica,
com o intuito de poder registar os locais que ia visi-
tar. Passámos por locais fantásticos, Bilbau,
Veneza, Budapeste e Kosice. A paixão já existia,
mas esta viagem funcionou como um trampolim
para elevar a importância da fotografia na minha
vida”, recorda.
Com 16 anos Luis dava os primeiros passos na
fotografia, ainda na era do rolo fotográfico. A sua
primeira câmara, uma Nikon F60, seria a sua fiel
companheira, nesses primeiros anos.
Até que em 2006 decide dedicar-se ao maravilho-
so mundo da fotografia de vida selvagem. Um tra-
balho que tem ajudado a sensibilizar muitas pes-
soas para a importância da conservação e valoriza-
ção das espécies. u
46 | zOOm
PELA OBJECTIVA DE...
CIMA: RELA -HYLA ARBOREA
Canon 5D MK II . 150mm . f/16 . 1/160” . ISO 100
ESQUERDA: CAMALEÃO
Canon 5D MKII . 150mm . f/9 . 1/250” . ISO 100
LU IS FERREIRA
LUIS FERREIRA
Idade: 27
Equipamento:
Canon 5D Mark II
Sigma 150mm F2.8 HSM
Canon 17-40mm F5L
Canon 50mm F1.8
Canon 100-400 F4-5.6L
Flashes
http://luisferreirafotografia.
blogspot.com
TALENTO
Não Profissional n Profissional
É uma mensagem que as suas fotografias se têm
encarregado de difundir através da sua exposição
“Micro-Cosmos”, bem como em diversas exposições
e festivais onde participa com regularidade. 
Formador na área da fotografia, Luis Ferreira
reconhece a importância do trabalho de edição de
imagem: “é mais uma ferramenta que pode fazer
toda a diferença, quando bem utilizada”.
Ainda assim, considera que uma boa imagem
não necessita de edição. Ou não fosse ele um defen-
sor da beleza das coisas simples, uma espécie de
minimalismo.
“Sou apologista dos fundos limpos e formas sim-
ples, mas não descuro os movimentos e as compo-
sições dinâmicas, que utilizo para expressar a
minha linguagem artística”, esclarece o fotógrafo.
zOOm | 47
A OSGA 
“A foto escolhida retrata uma Osga perspectivada de forma diferen-
te. Após capturar o animal, necessitei de um vidro bem limpo, onde
o coloquei para conseguir a imagem do seu abdómen. 
Posicionei-me sob o vidro para que, com a ajuda de dois flashes
sincronizados através de infra-vermelhos e posicionados de forma
rasante, conseguisse o resultado pretendido.”
ESQUERDA: ANDORINHAS
Canon 5D MKII . 400mm . f/5.6 . 1/1000” . ISO 400
BAIXO: OSGA
Canon 30D . 150mm . f/14 . 1/250” . ISO 100
BAIXO: TRITAO DE VENTRE LARANJA
Canon 5D MK II . 150mm . f/9 . 1/80” . ISO 400
Uma linguagem que descreve cenários inespera-
dos, como aquele que Luis Ferreira descobriu um
dia, durante uma das suas caminhadas em busca
de seres “fotografáveis”.
Deparou-se com uma manilha de saneamento
semi-aberta e, ao espreitar para o seu interior,
encontrou sete animais de três espécies distintas –
tritão-marmorado, sapo-comum e a cobra-de-água-
viperina – a conviverem pacificamente num espaço
de apenas 70 centímetros de diâmetro. 
Clic, clic, clic… e já está! Sete novos passageiros da
Câmara de Noé. Ou antes, a Câmara de Luis
Ferreira. Moral da história: “a Natureza surpreende-
nos onde menos esperamos e são estes momentos
que transformam a fotografia numa arte apaixo-
nante”. nZ
48 | zOOm
FOTO AVENTURA
T E X TO E F O TO S : A L E X A N D R E BA R B O S A
ADMIRÁVEL MUNDO… 
NÃO HÁ NADA TÃO FASCINANTE COMO A FOTOGRAFIA DE
VIAGENS. DEFINITIVAMENTE, O MUNDO TEM MAIS ENCANTO,
VISTO PELA OBJECTIVA DE UM FOTÓGRAFO. NESTA EDIÇÃO DA
ZOOM CONVIDAMOS ALEXANDRE BARBOSA, UM VIAJANTE
POR EXCELÊNCIA, A RELATAR-NOS ALGUMAS DAS SUAS VIA-
GENS. PELAS SUAS PALAVRAS. E, OBVIAMENTE, PELAS IMAGENS
QUE FOI CAPTANDO PELO CAMINHO.
zOOm | 49
“Há cerca de dez anos que viajo por países onde não há estradasalcatroadas nem se pode beber água da torneira. Em 1999 deiuma volta ao mundo e, ao todo, já viajei por cerca de 40 paí-
ses. Em 2008 parti com um budget limitado e sem nada marcado para pouco
mais de oito meses, a não ser um bilhete para Bangkok.
Perguntam-me muitas vezes se não tenho medo, onde durmo, como me des-
loco, onde arranjo dinheiro para estas extravagâncias… Esta questão, parecendo
que não, é das mais simples: guardo 30€ por mês, equivalente a dois cafés por
dia, ou um maço de tabaco de 3 em 3 dias. Ao fim de dois anos tenho pouco
mais de 700€, que dá para comprar um bilhete para um sítio qualquer. Quanto
gasto lá? Num mês gasto o que gastaria por cá. Nem mais, nem menos! Claro
que nesta viagem gastei mais e tive que poupar para a fazer.
O meu lema é ir, estar com as pessoas, trocar ideias com outros viajantes, e ir
fazendo o roteiro… Nesta viagem pensei em ficar pelo Sudeste Asiático, mas
depois de ouvir algumas histórias, acabeipor ir também à China, Tibete, Nepal
e Bangladesh.
É óbvio que já tive pequenos contratempos: fiquei uma semana de cama e
tinha frio com 40 graus lá fora; dormi no aeroporto de Singapura porque só
havia voo no dia seguinte às 5 da manhã; voei do Nepal para o Bangladesh,
quando o plano era atravessar “a pé” a Índia, porque já não tinha espaço no
passaporte para mais um visto; tive que comprar botijas de oxigénio para con-
seguir respirar a mais de 5000m de altitude no Tibete; tive toda a gente à
minha volta no Bangladesh, porque nunca tinham visto turistas ao vivo; toca-
ram-me e agarraram-me no sul da China, por ter pêlos nos braços (aparente-
mente é uma raridade); crianças no Yunnan e no Tibete desataram a chorar só
porque olhei para elas; fiquei a meio de uma viagem no Nepal por não haver
combustível à venda…
Já não é a primeira vez que viajo por estas paragens e sei exactamente o que
levar. Desta vez a fotografia ia desempenhar um papel importante na minha
viagem, então decidi levar uma SLR e um portátil para ir vendo e organizando
as fotos. Como não gosto de andar carregado, decidi que a minha mochila iria
pesar o mínimo possível. É uma forma fantástica de nunca ter que a pôr no
porão do avião, em cima do autocarro, do tuc-tuc do riquexó, ou do barco, no
meio das cabras, galinhas e sacos de arroz. Anda sempre comigo. Acabei por
andar com cerca de 6kg/7kg ao todo.
O meu material principal é constituído por uma 40D, uma 17-55 IS 2.8, uma
70-200 F4 IS, uma 50mm, uma 20D, dois flashes 580EX II, tripé, filtros, blá, blá,
blá! u
 … ANTIGO
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Canon 350D . 106mm . f/32 . 1/200" . ISO 400
DESAFIO
50 | zOOm
TOPO ESQUERDA: MULHER JUNTO A RODA DE ORAÇÃO. SASKIA
Canon 350D . 106mm . f/7.1 . 1/200" . ISO 200
TOPO: AS RUAS DE KHODARI
Canon 350D . 106mm . f/9 . 1/320" . ISO 400
TOPO DIREITA (PÁGINA AO LADO): NOITE EM SAIGÃO
Canon 350D . 50mm . f/1.8 . 1/30" . ISO 1600
Como é óbvio, isto não ia caber na mochila. Aliás, só o material pesa mais de
7kg. Decidi reduzir isto ao mínimo, e levei apenas uma 350D (que no fundo,
embora seja mais complicada de utilizar, dá uma imagem tão boa como as
outras), uma Sigma 18-200 sem IS, que é quase tão pequena como a lente de
kit, e o carregador com o fio encurtado para cerca de 5cm, para poupar peso. 
Uma das razões para esta opção foi o facto de querer andar livre, sem estar
preocupado com deixar a máquina ou as lentes aqui ou ali e assim não levei
nada que não pudesse perder. Por vezes durmo em cabanas com porta sem
fechadura, em ilhas. Teria que ficar a vigiar as coisas e preocupado com isso,
em vez de ir fazer surf ou dar uns mergulhos. Uma das razões pelas quais deci-
di fazer esta viagem foi para me libertar das preocupações, não foi para as
levar comigo. Decidi prescindir de alguma qualidade de imagem, em troca de
paz de alma. 
Com o tempo apercebi-me que precisava de uma lente mais luminosa, para
usar à noite, e comprei uma 50mm 1.8 em Singapura. Adoro usá-la à noite, a
preto e branco, com ISO1600. Mais tarde comecei a achar que precisava de um
pouco mais de qualidade para grande angular. Como os reviews falavam bem
da 18-55IS, e era barata, decidi gastar mais umas patacas numa quando andava
por Chengdu, na China, à espera que voltassem a abrir a fronteira do Tibete
(era Março e “celebravam-se” os 50 anos do exílio do Dalai Lama).
Comprei um PC exclusivamente para a viagem. Para além de servir para
escrever, guardar e ver as fotos, iria servir também para ouvir música, ver fil-
mes, ligar à net, etc. Tinham acabado de sair aqueles sub-notebooks baratos e
MAIS À ESQUERDA: AVÓ E NETA EM
MENGHAI
Canon 350D . 106mm . f/9 . 1/400" . ISO
400
ESQUERDA: AS ESCADAS DE
DURBAR
Canon 350D . 50mm . f/5 . 1/400" . ISO
200
zOOm | 51
gastei 200€ num. Comprei também um disco rígido externo para
guardar as fotos (este sim, andou sempre comigo, mas comprei o
mais pequeno que encontrei em Banguecoque).
Parti com poucos planos para além de fazer uns workshops de
fotografia, tirar um curso de mergulho e passar uns tempos em
ilhas a fazer surf e a ver peixes coloridos. A ideia passava mais
por viver uns tempos no meio de culturas que já conheço, em vez
de andar a visitar templos e museus.
Uma das coisas que gosto é de fotografar pessoas, e por lá tam-
bém fotografei alguns casamentos. Na Ásia não fazem as coisas à
pressa como por cá. Alguns dos estúdios onde apresentei o meu
portfólio têm centenas de vestidos, fatos, cenários, têm cabeleirei-
ro, manicure, maquilhadores e até uns dálmatas ou caniches a
cheirar a pó-de-arroz, só para tornar a coisa um pouco mais chi-
que. É outro mundo e posso dizer que aprendi muito.
Por vezes sinto necessidade de me soltar das regras do mundo
ocidental, onde as pessoas agem simplesmente porque “têm o
direito” e sentem-se protegidas pelo sistema. Os Europeus atra-
vessam a rua na passadeira porque se sentem no seu pleno direi-
to. 
O “3º mundo”, como gostamos de lhe chamar, não funciona
assim. As pessoas atravessam a estrada quando não há carros. Os
veículos pequenos dão prioridade a veículos maiores. Nós chama-
mos-lhe “lei da selva”. A verdade é que é apenas a realidade. Com
tantas regras que temos por cá, acabamos por viver num ambien-
te artificial e perdemos a noção da escala humana. nZ

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