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UNIP Curso Enfermagem Disciplina Enfermagem da Família VIOLÊNCIA INTRAFAMILIAR ESTUDOS DE CASO 1- J.B.N.,65 anos, sexo feminino, é diabética insulino- dependente, hipertensa, nefropata, deficiente visual. Seus filhos deixam acabar seus medicamentos, a vizinha referiu ao agente comunitário de saúde que eles a agridem verbalmente. Perguntas: 1- Quais os tipos de violências que estão ocorrendo nesse caso? 2- Quais as ações podem ser realizadas no serviço que teve o primeiro contato com o caso? 1- Identificação dos tipos de violência: Negligência e violência psicológica 2- Notificação do caso, orientação à família e encaminhamento, se for necessário: deve ser realizado quando as orientações à família não surtirem efeito = serviço social/ delegacia do idoso = medidas legais. -identificar uma pessoa da família ou da rede social para ser cuidador do idoso; Acompanhamento psicológico ESTUDOS DE CASO 2- L.G.V., 4 anos, feminino. Pai refere que, durante discussão familiar, mãe colocou mão e antebraço da criança dentro de uma vasilha com água fervente. Disse que a mãe xinga freqüentemente a criança, faz ameaças e deixa a criança com as roupas sujas; não dá os remédios receitados para a criança e deixa atrasar suas vacinas. 1- Quais os tipos de violência que estão ocorrendo neste caso? 2- Quais as ações que podem ser realizadas no serviço que teve o primeiro contato com o caso? ESTUDOS DE CASO 3-Paciente Y, começou a comparecer ao serviço de saúde com frequencia apresentando várias queixas relacionadas a saúde física. Em uma destas visitas, ela relata que o seu companheiro não respeita o seu período de convalescença (fez cirurgia ortopédica pois fraturou o braço),não considera seus sentimentos e dores, obrigando-a a manter relações sexuais nos períodos em que deveria estar de repouso. Queixa-se também que o marido faz ameaças constantes de deixá-la. - Esta mulher está sofrendo que tipos de violência?? - Quais seriam as orientações e encaminhamentos? DEFINIÇÃO: A violência doméstica ou intrafamiliar caracteriza-se por toda a ação ou omissão que prejudique o bem-estar, a integridade física, psicológica ou a liberdade e o direito ao pleno desenvolvimento de um membro da família Constitui-se em um fenômeno democrático mundial que atinge diferentes classes sociais, religião, idade e grau de escolaridade, especialmente: mulheres, crianças, adolescentes, idosos e portadores de deficiência. Relevância “A violência é um fenômeno sócio-histórico que acompanha toda a história da humanidade. É um fenômeno da ordem do vivido e cujas manifestações provocam ou são provocadas por uma forte carga emocional de quem a comete, de quem a sofre e de quem a presencia”. Minayo MCS. Violência: um problema de saúde pública. In: Impacto da violência na saúde dos brasileiros. 2005, Ministério da Saúde. CONTEXTO A violência intrafamiliar expressa dinâmicas de poder/afeto, nas quais estão presentes relações de subordinação- dominação. Nessas relações – homem/mulher, pais/filhos, diferentes gerações, entre outras – as pessoas estão em posições opostas, desempenhando papéis rígidos e criando uma dinâmica própria, diferente em cada grupo familiar. Quem é o responsável??? Quando se fala de violência intrafamiliar, deve-se considerar qualquer tipo de relação de abuso praticado no contexto privado da família contra qualquer um dos seus membros. As estatísticas são eloqüentes ao assinalar o homem adulto como autor mais freqüente dos abusos físicos e/ou sexuais sobre meninas e mulheres. No entanto, o abuso físico e a própria negligência às crianças são, muitas vezes cometidos pelas mães, e no caso dos idosos, por seus cuidadores. Fatores de risco da família distribuição desigual de autoridade e poder atribuídos a seus membros= rigidez ou com falta de limites famílias com nível de tensão permanente = dificuldade de diálogo e descontrole da agressividade presença de um modelo familiar violento na história de origem das pessoas envolvidas maior incidência de abuso de drogas Fatores de risco da família história de antecedentes criminais ou uso de armas comprometimento psicológico/psiquiátrico dos indivíduos dependência econômica/emocional e baixa auto-estima da parte de algum(ns) de seus membros famílias que se encontram em situação de crise/perdas: separação do casal, desemprego, morte, migração, etc CLASSIFICAÇÃO: FÍSICA= Atos violentos, intencionais, com uso da força física, objetivando lesar a vítima, deixando ou não marcas evidentes e não raro conduzindo à morte. Segundo concepções mais recentes, o castigo repetido, não severo, também se considera violência física. PSICOLÓGICA= Toda forma de rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobranças exageradas e punições humilhantes, com conseqüentes danos ao desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo. CLASSIFICAÇÃO NEGLIGÊNCIA/ABANDONO– omissão dos pais ou de outros responsáveis (inclusive institucionais) pela criança e pelo adolescente, quando deixam de prover as necessidades básicas para seu desenvolvimento físico, emocional e social. O abandono é considerado uma forma extrema de negligência. CLASSIFICAÇÃO SEXUAL = Ato praticado por indivíduo em estágio psicossexual mais avançado do que a vítima( se menor),com a intenção de estimulá-lo sexualmente ou utilizá-lo para obter satisfação sexual. A violência sexual ocorre em uma variedade de situações como: estupro, sexo forçado no casamento, abuso sexual infantil, abuso incestuoso e assédio sexual. Engloba ainda as situações de prostituição e pornografia. CLASSIFICAÇÃO - FINANCEIRA= todos os atos destrutivos ou omissões do(a) agressor(a) que afetam a saúde emocional e a sobrevivência dos membros da família. Inclui:♦ roubo ♦ destruição de bens pessoais (roupas, objetos, documentos, animais de estimação e outros) ou de bens da sociedade conjugal (residência, móveis e utensílios domésticos, terras e outros) ♦ recusa de pagar a pensão alimentícia ou de participar nos gastos básicos para a sobrevivência do núcleo familiar ♦ uso dos recursos econômicos de pessoa idosa, tutelada ou incapaz, destituindo-a de gerir seus próprios recursos VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER Estudos realizados em vários países demonstram a ocorrência de violência de maridos e companheiros contra suas esposas, em um dentre cada quatro casais (Heise, 1993), geralmente vinculadas às relações de poder estabelecidas e que a relação de dominação/subordinação necessita ser confirmada. Mulheres em situação de violência são usuárias assíduas dos serviços de saúde. Em geral, são tidas como "poliqueixosas", por suas queixas vagas e crônicas, com resultados normais em investigações e exames realizados. Manifestações clínicas Podem ser agudas ou crônicas, físicas, mentais ou sociais: Lesões físicas agudas (inflamações, contusões, hematomas em varias partes do corpo, fraturas), são conseqüência de agressões causadas por uso de armas, socos, pontapés, tentativas de estrangulamento, queimaduras, sacudidelas. Nas agressões sexuais, podem ser observadas lesões das mucosas oral, anal e vaginal. DST/AIDS,infecções urinárias, vaginais e gravidez são possíveis conseqüências Manifestações clínicas Posterior a agressão:= aparecimento de sintomas diversos como: transtornos digestivos, perda de peso, dores de cabeça e dores musculares generalizadas. Sintomas psicossomáticos: insônia, pesadelos, falta de concentração e irritabilidade, caracterizando-se, nestes casos, a ocorrência de estresse pós-traumático. Os efeitos sobre a saúde podem ser prolongados e crônicos, podendo ser evitados mediante tratamento e apoio apropriado, tanto pelaequipe de saúde como pela família e amigos. Manifestações clínicas Manifestações sociais: isolamento por medo que outros descubram o acontecido, medo de que se repita, mudanças freqüentes de emprego ou moradia. O tratamento meramente sintomático manterá oculto o problema. O questionamento pelo profissional de saúde, de maneira cuidadosa, facilita o início de um diálogo e a possibilidade de um canal de ajuda, mesmo que num primeiro momento elas neguem ser vítimas de violência. Medidas Gerais Contactuar a Delegacia da Mulher, a fim de denunciar o ocorrido (quando esta não existir, pode-se buscar outra delegacia); b) Departamento Médico-Legal, para realizar exame de corpo de delito (isto é fundamental, principalmente quando existir marcas da agressão); Verificar ainda a existência de familiares ou amigos que pudessem acolher a família oferecendo-lhe segurança, ou a necessidade de que a mesma vá para um abrigo Lei Maria da Penha–nº 11.340 de 07/08/2006, importância na mudança de paradigma no enfrentamento da violência contra a mulher. VIOLÊNCIA CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES Pesquisa realizada entre maio de 1997 e maio de 1998, na região metropolitana, de Porto Alegre identificou 1.754 casos. Destes, 80% ocorreram dentro de casa. As situações mais freqüentes atingiram crianças de zero a três anos e de nove a 12 anos, sendo que apenas 263 vítimas receberam alguma forma de tratamento. Manifestações Clínicas = diversas Transtornos na pele, mucosas e tegumento: contusões e abrasões, principalmente na face, lábios, nádegas, bravos e dorso lesões que reproduzam a forma do objeto agressor (fivelas, cintos, dedos, mordedura) equimoses e hematomas no tronco, dorso e nádegas, indicando datas diferentes da agressão Manifestações Clínicas Transtornos músculo-esqueléticos fraturas múltiplas – ossos longos em diferentes estágios de consolidação, secundarias à torção com sacudidelas violentas, com rápida aceleração-desaceleração fraturas de costelas em menores de dois anos; fraturas de crânio ou traumatismo craniano por choque direto ou sacudidas vigorosas (síndrome do bebê sacudido), concomitantes com edema cerebral convulsões, vômitos, cianose, apnéia e alterações de déficit motor. Manifestações Clínicas Transtornos genito-urinários lesões na área genital e períneo: observar presença de dor, sangramento, infecções, corrimento, hematomas, cicatrizes, irritações, erosões, assaduras, fissuras anais, hemorróidas, pregas anais rotas ou afrouxamento do esfincter anal, diminuição do tecido ou ausência himenal, enurese, encoprese, infecções urinárias de repetição sem etiologia definida Anamnese A criança geralmente apresenta-se agressiva, podendo demonstrar medo a um adulto ou mostrar-se retraída, com baixo rendimento escolar, distúrbios do apetite e evitando contato social. A criança cronicamente agredida pode fugir do lar, tornar-se delinqüente até tentar suicídio. História incompatível com as lesões ou com o estágio de desenvolvimento da criança, supostos e repetitivos acidentes, atraso na procura de assistência médica são situações sugestivas de maus-tratos. Como proceder????? Geralmente, o agressor é alguém muito próximo da criança ou do adolescente (mãe, pai,padrasto, etc) A orientação educativa é fundamental nessas situações, evitando julgamentos e atribuições de culpa visto que o agressor possivelmente também precisará ser alvo de atenção e ajuda Como proceder????? Os profissionais de saúde devem tomar as medidas clínicas emergenciais cabíveis. É importante avaliar o risco imediato de reincidência, algumas vezes cabe indicar internação, especialmente se há risco de vida pela revelação. Caso não haja Conselho Tutelar no local onde reside a criança ou o adolescente, as notificações devem ser encaminhadas ao Juizado da Infância e da Juventude, à Vara da Família VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO A Promotoria de Atendimento ao Idoso de São Paulo, serviço pioneiro no país, recebe queixas de maus-tratos contra idosos cometidos por instituições ou por familiares, e 40% das 60 denúncias semanais de abuso dizem respeito à violência doméstica. VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO Os idosos tornam-se mais vulneráveis à violência intradomiciliar na medida em que necessitam de maiores cuidados físicos ou apresentam dependência física ou mental. O convívio familiar estressante e cuidadores despreparados agravam esta situação. O isolamento a que são submetidos os idosos, dificulta o diagnóstico de maus-tratos por vizinhos ou outras pessoas de sua relação. VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO Vários estudos têm demonstrado que a violência contra os idosos é responsável por elevados índices de morbimortalidade e manifesta-se de diversas maneiras: abuso físico, psicológico, sexual, financeiro, abandono, negligência e auto- negligência. Diagnóstico Os próprios idosos contribuem para que a violência não venha à tona, pois em geral sentem-se culpados em denunciar o agressor, que pode ser um parente próximo. Identificam sua dependência e as dificuldades do cuidado e acham natural que o cuidador não seja paciente. •Lei 10.741 de 2003:Estatuto do Idoso. PORTADORES DE DEFICIÊNCIAS Os casos de agressão registrados são identificados por vizinhos e por instituições que atendem pessoas com algum tipo de deficiência. As vítimas geralmente são crianças e adolescentes com deficiência mental e/ou com distúrbios de comportamento. Lidando com situações de violência É responsabilidade do profissional de saúde estar atento quanto à possibilidade de um membro da família estar praticando ou sendo vítima de violência, mesmo que não haja, à primeira vista, indicações para suspeitas. Com freqüência, os profissionais de saúde são os primeiros a serem informados sobre episódios de violência. O motivo da busca de atendimento é mascarado por outros problemas ou sintomas. Através de observações, visitas domiciliares, perguntas indiretas ou diretas dirigidas a alguns membros da família, situações insuspeitas podem ser reveladas se houver um cuidado e uma escuta voltadas para estas questões. Lidando com situações de violência Marcos legais Portaria 2.406 de 05/11/2004 do Ministério da Saúde (MS), instituiu a Ficha de Notificação/ Investigação Compulsória de Violência Doméstica, Sexual e Outras Violências Interpessoais. Lei 12.256 de 09/02/2006= cria o Programa de Prevenção à Violência Doméstica a Mulher, Crianças e Adolescentes no Estado de SP Em agosto de 2006, o Ministério da Saúde propõe a implantação, em vários estados e municípios brasileiros, a Rede de Serviços Sentinela de Vigilância de Violências e Acidentes – Rede VIVA. Comunicação Terapêutica Procure estabelecer uma relação de confiança com a vitima. Procure não julgar a pessoa que você está atendendo. Não infantilize a vitima! Ela já foi infantilizada demais pelo agressor. Respeite as limitações da vítima. Tente, de várias formas, passar para a vítima que você pode compreender o que ela está vivendo. Finalizando... É preciso chamar atenção também para a violência resultante da falta de acesso aos serviços necessários, da falta de qualidade ou inadequação do atendimento, que representa mais uma agressão a pessoas que buscam assistência por terem sofrido violência intrafamiliar. Identificar este tipo de violência – a INSTITUCIONAL – é muito importante, pois as pessoas que sofrem violência intrafamiliar estão especialmente vulneráveis aos seus efeitos. VIOLÊNCIA INSTITUCIONAL São exemplos: a exposição a longas filas, a falta de comunicação ou a comunicação confusa e a ausência de uma relação pessoal compreensiva. PREVENÇÃODE VIOLÊNCIAS E PROMOÇÃO DA CULTURA DE PAZ VOCÊ É A PEÇA PRINCIPAL PARA ENFRENTAR ESTE PROBLEMA B
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