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Ap2 proc penal

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1. Ricardo e Humberto moravam em Blumenau/SC, sendo moradores vizinhos no Condomínio Boulevard Tordesilhas. Devido a problemas estruturais, referido condomínio foi atingido por um incêndio. Assim, todos os moradores tiveram que sair do prédio, haja vista as obras nos apartamentos e áreas comuns. Ricardo e Humberto, então, decidiram se hospedar, durante o período da obra, em um hotel na região, sendo alocados novamente um ao lado do outro, em quartos vizinhos. Em patrulhamento rotineiro, policiais avistaram Humberto em comportamento suspeito, nas proximidades do hotel, o qual estava com uma sacola preta. Assim, resolveram segui-lo e, após alguns instantes, ingressaram no quarto e apreenderam 1kg de cocaína dentro da referida sacola preta, momento em que Humberto confessou que se tratava de entorpecente para venda. Ao saírem do quarto, viram a porta entreaberta do quarto ao lado, no qual estava hospedado Ricardo, e resolveram adentrar e também realizar buscas. Assim, acabaram encontrando diversos documentos que, após detida investigação, estavam relacionados a crime de estelionato. O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Humberto pela prática do crime de tráfico, tendo em vista que guardava cocaína. Ricardo, no entanto, devido aos documentos apreendidos, foi denunciado pelo delito de estelionato. 
Diante do exposto, como advogado (a) de Ricardo, o que pode ser alegado pela defesa técnica a fim de se obter a absolvição? Justifique. (2,0 pontos)
R_ Pode ser alegado pelo advogado que a denúncia feito pelo MP, é uma denúncia fundada em prova ilícita, pois o meio obtido para obter a prova contra Ricardo foi ilícito, as provas foram recolhidas no quarto de hotel que ele ocupava, que também é domicilio (Art. 150, § 4°) sem a autorização de Ricardo e sem mandado judicial, esse meio usado pra obter a prova desrespeitam o principio da inviolabilidade domiciliar artigo 5°, inciso XI da CF. Sendo assim no artigo 5°, inciso LVI, CF diz que, são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos. No mesmo sentido o CPC é claro no seu artigo 157, que fala: São inadmissíveis, devendo ser desentranhadas do processo, as provas ilícitas, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. O Advogado deve pedir que a denúncia seja rejeita, conforme artigo 395, inciso III, pois não tem justa causa para o exercício da ação penal.
2. Germano, ao sair do trabalho, dirigia seu novo carro um pouco acima da velocidade permitida. Quando tentou buscar o seu celular que havia caído no chão, acabou por atropelar uma pessoa, ocasionando lesões corporais. A Polícia Militar chegou ao local do fato e mediatamente determinou que realizasse o teste do bafômetro. Porém, Germano recusou, mesmo não tendo ingerido bebida alcoólica. O policial informou que, caso permanecesse com a recusa, a ele também seria imposto o crime do art. 306 da Lei nº 9.503/1997 (CTB). Germano foi denunciado apenas pelo crime do art. 303 do CTB, porém as investigações continuaram quanto ao crime do art. 306 da referida lei. No entanto, na peça acusatória no tocante ao crime do art. 303 do referido diploma legal, o ilustre representante do Parquet requereu a prisão preventiva de Germano, sob o argumento do risco pela reiteração delitiva, pois era reincidente específico no mesmo crime (lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor). No recebimento da denúncia, o juiz competente decretou a prisão preventiva.
Nesse contexto, responda os itens a seguir:
a) Poderia Germano ser obrigado a realizar o teste de bafômetro forçado pela Polícia? Fundamente. (2,0 pontos).
R_ Mesmo o Germano cometendo o crime tipificado no artigo 306 e art 277 do CTB, ele não pode ser obrigado a realizar teste do bafômetro pelos policiais, conforme o princípio nemo tenetur se detegere, que significa ninguém é obrigado a produzir prova contra sí, esse é o posicionamento dos tribunais
b) Qual(is) argumento(s) poderia(m) ser alegado(s) contra a decretação da prisão preventiva pelo magistrado? (2,0 pontos)
R_ Não pode ser decretada a prisão preventiva conforme art 312 do CPP, que estabelece os requisitos para a prisão preventiva, que só poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei pena. O crime que Germano cometeu não está descrito como um dos crimes que se admite a prisão preventiva, que está no artigo 313 do CPP, que diz, “Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei n° 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência.” 
3. Miro, triste com a situação vivida e sem condições financeiras, resolve tomar uma iniciativa na vida: trabalhar! Assim, no amanhecer do dia 01 de abril de 2020, na cidade de Tauá/CE, cometeu três delitos de furto simples em continuidade delitiva. O primeiro furto ocorreu na Mercearia Boa Hora, subtraindo certa quantidade em dinheiro e uma faca. Depois, seguiu em direção ao Atacadão das Coisas Boas, furtando uma máscara preta do Zorro e um smartphone. Em seguida, dirigiu-se à Iracema Veículos, subtraindo uma moto. Após o intenso trabalho realizado naquela manhã, Miro foi em direção à Crateús/CE, com os bens furtados, e lá chegando, avistou uma bela moça, Monalisa, resolvendo iniciar novamente o seu labor. Assim, abordou-a e, utilizando-se da faca, determinou que ela entregasse o aparelho celular que estava nas mãos, fugindo em seguida. Monalisa, nervosa, haja vista aquele dia ser o seu aniversário, foi até a Delegacia local, narrando o ocorrido. Assim, os policiais militares, imediatamente informados acerca da ocorrência pelo rádio, após algumas buscas, conseguiram prender Miro em flagrante, no mesmo dia, na cidade de Independência/CE, ainda na posse de todos os bens subtraídos. Levado à Delegacia de Independência/CE, foi lavrado o auto de prisão em flagrante, momento em que Miro, apavorado, confessou a prática de todos os delitos, sendo encaminhado, junto com os policiais, para a Delegacia de Crateús/CE. Miro foi indiciado pelos crimes do art. 155 (três furtos), c/c art. 71, e pelo delito do art. 157, § 2º, inciso VII, todos do CP. 
Diante do contexto apresentado, qual o juízo criminal competente para o julgamento de Miro? Justifique. (2,0 pontos)
R_ Mesmo Miro tendo sido preso em flagrante no município de independência-Ce, o seu inquérito foi indiciado na delegacia de Crateús-Ce, por esta razão seu inquérito deve ser enviado para a comarca de Crateus-Ce, pois é firmado pela prevenção conforme artigo 71 do CPP, diz que, “Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção”.
4. O Ilustre Representante do Parquet, após algumas “denúncias anônimas” sobre o tráfico de drogas por parte de alguns moradores no Condomínio Recanto do Paraíso, que possuía oito blocos de prédios, requereu ao magistrado da comarca a realização de busca e apreensão em todas as residências do condomínio, sem indicação do endereço destas, mesmo separadas e identificadas. Assim, um dos mandados de busca e apreensão ocorreu na residência de João Paulo, 38 anos, tendo sido apreendida 10g de maconha, as quais seriam destinadas ao consumo próprio, conforme João Paulo. Houve denúncia pelo crime do art. 28 da Lei nº 11.343/2006, aplicando, ao final, a sanção de cumprimento de dez meses de prestação de serviços à comunidade, haja vista que João Paulo já havia condenação anterior pela prática do mesmo delito, o que impossibilitou a aplicação de medidas despenalizadoras. JoãoPaulo foi intimado da condenação, tendo ficado perplexo com a sanção imposta. Logo, ele o procurou, como advogado(a), informando que não iria realizar a prestação de serviços à comunidade aplicada. Em matéria processual, o que você, como defesa técnica de João Paulo, poderia apresentar em sede de recurso a fim de debater a apreensão do entorpecente apreendido? Fundamente. (2,0 pontos).
R_ Foi solicitado pelo Ministério Público que fosse realizado a busca e apreensão em todas as residências do condomínio sem indicação do endereço destas, mesmo separadas e identificadas, porém o Mandado de busca e apreensão deve ter os requisitos obrigatórios que a lei exige no artigo 243, incisos I, II, III, que diz, “O mandado de busca deverá: I - indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e o nome do respectivo proprietário ou morador; ou, no caso de busca pessoal, o nome da pessoa que terá de sofrê-la ou os sinais que a identifiquem; II - mencionar o motivo e os fins da diligência; III - ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.”. O meio de obtenção de provas como não atendeu o artigo 243 do CPP, faz com que o seja uma prova ilícita, e deve ser inadmissível conforme artigo 157 do CPP. Conforme apresentado a Ilicitude do meio de obtenção de prova, deve ser feita a solicitação de trancamento da ação penal com base na teoria dos frutos da árvore envenenada, todos os elementos que amparam o processo têm origem direta e imediata na busca e apreensão ilícita, e o pedido de anulação da sentença por erro in procedendo.

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