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U N O PA R C IÊN C IA E RESISTÊN C IA D O S M ATERIA IS Ciência e resistência dos materiais Éder Cícero Adão Simêncio Vagner Luis Copeinski Wilian de Araújo Rosa Ciência e resistência dos materiais CDD 620.112 S589c Simêncio, Éder Cícero Adão Ciência e resistência dos materiais / Éder Cícero Adão Simêncio ., Vagner Luis Copeinski, Wilian de Araújo Rosa. – Londrina : Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2016. 152 p. ISBN 978-85-8482-457-1 1. Resistência dos materiais. I. Copeinski, Vagner Luis. II. Rosa, Wilian de Araújo. III. Título. © 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente Acadêmico de Graduação Mário Ghio Júnior Conselho Acadêmico Dieter S. S. Paiva Camila Cardoso Rotella Emanuel Santana Alberto S. Santana Regina Cláudia da Silva Fiorin Cristiane Lisandra Danna Danielly Nunes Andrade Noé Parecerista João Carlos dos Santos Editoração Emanuel Santana Cristiane Lisandra Danna André Augusto de Andrade Ramos Adilson Braga Fontes Diogo Ribeiro Garcia eGTB Editora Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 2016 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Sumário Unidade 3 | Tensão e deformação Seção 1 - Estruturas e carregamentos 1.1 | Classificação das estruturas e tipos de carregamentos 1.2 | Tipos de carregamento 1.3 | Esforços externos 1.4 | Esforços internos Unidade 2 | Estrutura e imperfeições nos sólidos Seção 1 - Estruturas dos sólidos 1.1 | Conceitos essenciais 1.2 | Célula unitária 1.3 | Estruturas cristalinas dos metais 1.4 | Polimorfismo 1.5 | Sistemas cristalinos Seção 2 - Imperfeições nos sólidos 2.1 | Defeitos pontuais 2.2 | Defeitos lineares 2.3 | Defeitos interfaciais 2.4 | Defeitos volumétricos 2.5 | Tamanho de grão Unidade 1 | Estrutura atômica e ligações interatômicas Seção 1 - Introdução à ciência dos materiais 1.1 | Aspectos históricos 1.2 | Classificação dos materiais 1.3 | Materiais avançados Seção 2 - Estrutura atômica 2.1 | Conceitos fundamentais 2.2 | Ligações interatômicas primárias 2.3 | Ligações secundárias ou ligações de Van der Waals 2.4 | Moléculas 2.5 | Forças e energia de ligação 11 11 17 22 27 27 40 44 46 46 53 57 60 60 69 69 75 76 79 81 83 83 93 93 95 95 96 79 1.5 | Carregamento distribuído 1.6 | Carregamento uniformemente variável 1.7 | Apoio fixo 1.8 | Apoio móvel 1.9 | Engastamento fixo 1.10 | Engastamento móvel Seção 2 - Tensão e deformação 2.1 | Tensão normal e tensão de cisalhamento 2.2 | Tensão normal média 2.3 | Tensão normal máxima 2.4 | Tensão admissível 2.5 | Tensão de cisalhamento 2.6 | Deformação 2.7 | Deformação normal 2.8 | Deformação normal máxima 2.9 | Deformação lateral: coeficiente de Poisson 2.10 | Deformação por cisalhamento 97 98 100 100 101 101 103 103 105 106 107 107 108 109 110 110 112 123 123 129 132 133 136 137 137 137 138 139 140 141 Unidade 4 | Propriedades mecânicas dos materiais Seção 1 - Propriedades em tração 1.1 | Propriedades mecânicas e o ensaio de tração 1.2 | O diagrama tensão-deformação 1.3 | Ductilidade e fragilidade 1.4 | Resiliência e tenacidade 1.5 | O diagrama tensão-deformação de cisalhamento Seção 2 - Ensaios de dureza 2.1 | Dureza 2.2 | Ensaios de dureza Mohs 2.3 | Ensaio de dureza Brinell 2.4 | Ensaios de dureza Rockwell 2.5 | Ensaio de dureza superficial Rockwell 2.6 | Ensaios de microdureza Vickers e Knoop Apresentação Seja bem-vindo aos estudos da disciplina Ciência e Resistência dos Materiais. Neste livro, você aprenderá que esta ciência nasceu da necessidade do homem em ter materiais disponíveis para aplicar em determinados projetos, o que consequentemente permitiu o desenvolvimento tecnológico e social. O objetivo principal deste estudo é ajudá-lo a compreender as importantes relações entre as estruturas químicas, os processamentos, as propriedades e o desempenho de um material. A partir da compreensão dessas relações, você será capaz de selecionar materiais adequados para uma determinada aplicação, de modo a atender às características de desempenho esperadas, tanto no que se refere às características de serviço quanto às de processamento. O livro está estruturado em quatro unidades: UNIDADE 1 – Nesta unidade estudaremos os aspectos históricos e o desenvolvimento da humanidade e, também, os aspectos relacionados à composição dos materiais, ou seja, a importância do estudo da química para a compreensão dos princípios fundamentais da ciência dos materiais que lhe permitirão classificá-los em quatro grandes grupos. Na UNIDADE 2 vamos aprender sobre as propriedades dos materiais da estrutura e do arranjo atômico e saberemos responder por que alguns materiais são transparentes e outros são opacos. Por que alguns metais são mais maleáveis do que outros? Vamos entender que existem sólidos cristalinos e amorfos e qual a principal diferença entre eles. Posteriormente, estudaremos as células unitárias presentes nos materiais metálicos, tornando mais fácil a compreensão do conceito de polimorfismo. Nesta unidade também vamos conhecer as principais estruturas cristalinas dos diferentes tipos de materiais e seus sistemas cristalinos, assim como os tipos de imperfeições ou defeitos estruturais que são importantes na difusão no estado sólido. Na UNIDADE 3, você vai ficar por dentro de um dos principais fundamentos da Resistência dos Materiais. Você sabe que as nossas edificações sofrem com carregamentos externos? Os carregamentos externos podem modificar a geometria inicial das estruturas a ponto de levar à sua ruína. Isso pode afetar a segurança ou a possibilidade de socorro às pessoas. Evitar o colapso dos materiais das estruturas passa pelo conhecimento que você deve adquirir no estudo desta unidade, como os conceitos de deformação normal longitudinal causada por tensão normal, deformação angular transversal causada por tensão de cisalhamento e deformação lateral mostrada por Poisson. Conceitos que são importantes para a aplicação segura de materiais como aço, concreto e madeira. Já na UNIDADE 4 vamos conhecer as principais propriedades dos materiais obtidas pelo diagrama tensão-deformação e serão estudados os principais ensaios de dureza. Aluno, desejo-lhe que faça um bom uso deste material, pois ele apresenta algumas características que irão acelerar a sua aprendizagem como: linguagem dialogada, links interativos, material atualizado e interdisciplinar. Bons estudos e um ótimo semestre. Éder Cícero Adão Simêncio Unidade 1 ESTRUTURA ATÔMICA E LIGAÇÕES INTERATÔMICAS Apresenta os aspectos históricos e os pilares fundamentais da ciência dos materiais e nos ajuda a entender que o progresso da ciência dos materiais acompanha o desenvolvimento da sociedade. Aponta a importância da estrutura do átomo e das ligações interatômicas para as diversas propriedades exibidas por elementos e materiais. Seção 1 | Introdução à ciência dos materiais Seção 2 | Estrutura atômica Objetivos de aprendizagem: • Conhecer a importância histórica da ciência e resistência dos materiais. •.Compreender a inter-relação entre composição, propriedade, processamento e desempenho. • Compreender a importância da estrutura atômica e dos diferentes tipos de ligações interatômicas para as propriedades dos materiais. Éder Cícero Adão Simêncio Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 8 Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 9 Introdução à unidade Aluno, seja bem-vindo aos estudos daciência e resistência dos materiais. Nesta unidade de ensino abordaremos alguns aspectos históricos relacionados ao desenvolvimento de novos materiais e vamos compreender a importância dos estudos da química e física para entender os princípios fundamentais da ciência dos materiais. Neste exato momento, olhe a sua volta e observe que todos os objetos que você está vendo, a cadeira em que você está sentado, por exemplo, são fabricados a partir de diferentes materiais. E quais materiais você consegue identificar? São materiais que possuem as mesmas aplicações e as mesmas propriedades? São igualmente resistentes? É fácil observarmos que vivemos rodeados de diferentes materiais que nos proporcionam uma vida cheia de confortos. Se escolhêssemos um cômodo da nossa casa, por exemplo, a sala, temos os plásticos e metais (semicondutores) que são utilizados nas televisões, temos a madeira (compósito natural) usada na fabricação de vários móveis, também encontramos os metais nas portas e janelas, e ainda temos os vidros que são materiais cerâmicos. Só de observarmos já conseguimos ver que existem diferentes tipos de materiais: os metais, os polímeros (plásticos), os cerâmicos e os compósitos. E esses materiais muitas vezes apresentam características e aplicações bem diferentes. Mas como podemos identificar ou avaliar as características dos diferentes materiais e saber se são adequados para um determinado projeto? A resposta para todos esses questionamentos está no estudo da ciência e resistência dos materiais. Na primeira unidade vamos estudar a estrutura atômica, as ligações interatômicas, as moléculas e as forças e energias de ligações. Assim, vamos compreender as diferentes propriedades exibidas por cada material. Já na Unidade 2 serão definidos o conceito de célula unitária, os sistemas cristalinos e os tipos de defeitos. Na Unidade 3 vamos aprofundar os conceitos de tensão e deformação e, finalmente, na Unidade 4 vamos compreender as diversas propriedades a partir do ensaio de tração, flexão e dureza. No final dos estudos da ciência e resistência dos materiais, você estará apto para selecionar um material, estudar sua composição e o melhor processamento para obter as propriedades desejadas. Preparado para embarcar na viagem desse ônibus espacial rumo à galáxia dos materiais? Desejo a você bons estudos e um excelente semestre. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 10 Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 11 Seção 1 Introdução à ciência dos materiais Bem, vamos iniciar nossos estudos conhecendo um pouco sobre a história das civilizações e entender que o progresso da ciência dos materiais acompanha o desenvolvimento da sociedade e, por fim, veremos que os materiais são classificados em quatro grandes grupos. Objetivos de Aprendizagem • Compreender os aspectos históricos da ciência dos materiais. • Identificar os diferentes tipos de materiais. • Compreender a inter-relação entre os pilares da ciência dos materiais. • Reconhecer as diferentes classes de materiais e suas propriedades. 1.1 Aspectos históricos A utilização dos materiais é conhecida desde o início da existência humana, é possível imaginarmos como era difícil sobreviver na pré-história sem todos os recursos que hoje temos disponíveis. As primeiras civilizações conheciam um número limitado de materiais e que estavam disponíveis na natureza como madeira, couro, pedras e rochas. Assim, a história da ciência dos materiais está relacionada com o próprio avanço da humanidade, tanto que nos estudos antropológicos veremos que os períodos em que viveram as mais antigas civilizações foram nomeados segundo os tipos de materiais que eram utilizados nas fabricações de utensílios domésticos, armas e ferramentas. Entre alguns destes períodos destacam-se a Idade da Pedra, Idade do Cobre ou Período Calcolítico, Idade do Bronze e Idade do Ferro. No entanto, estes termos não foram criados apenas para retratar essas civilizações pelo tipo de material utilizado e, sim, como diagnóstico cronológico para os estudos sobre a organização social, fontes de alimentos explorados, adaptação ao clima, adoção da agricultura, religião, entre outros aspectos dessas sociedades. A Idade da Pedra, por exemplo, foi um período que durou cerca de 3,4 milhões de anos e terminou entre 6000 a.C. e 2000 a.C. com o surgimento dos metais. Uma curiosidade é que a própria Idade da Pedra é subdividida em diferentes períodos e dentre eles destacam- Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 12 Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/6b/N%C3%A9olithique_0001.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2016. se o Período Paleolítico ou Idade da Pedra Lascada e o Período Neolítico ou Idade da Pedra Polida. A Idade da Pedra Lascada é o período pré-histórico que se distingue pelo desenvolvimento das ferramentas de pedra. A Figura 1.1 apresenta algumas armas datadas deste período. Figura 1.1 | Armas da Idade da Pedra Lascada fabricadas com madeira, ossos e pedras. Fonte: <https://en.wikipedia.org/wiki/Middle_Paleolithic#/media/File:BBC-artefacts.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2016. Já na Idade da Pedra ou Período Neolítico a característica mais marcante é o uso de ferramentas de pedra polida ou triturada, em contraste com as ferramentas utilizadas na Idade da Pedra Lascada. É neste período que ocorre o desmatamento em larga escala com a utilização do machado de pedra polida, o que permitiu ao homem explorar suas terras recém-conquistadas. A Figura 1.2 mostra alguns artefatos neolíticos como pulseiras, cabeças de machado e ferramentas de polimento. Figura 1.2 | Artefatos neolíticos Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 13 A descoberta e o desenvolvimento de novas técnicas de fabricação e de novos materiais acompanharam a evolução da sociedade. Dessa forma, vamos direto para o século XIX, um período marcado por importantes pesquisas e várias descobertas nas áreas de química, física, matemática e engenharias. Foram estas pesquisas que nos deram base para os diversos avanços tecnológicos que vimos no século XX e Fonte: <https://en.wikipedia.org/wiki/Old_Copper_Complex>. Acesso em: 25 fev. 2016. A Idade do Cobre ou Período Calcolítico (pedra + cobre) data de 9000 a.C e é neste período que se encontra os primeiros traços da utilização deste metal em utensílios domésticos e armas. A Figura 1.3 apresenta algumas armas que eram utilizadas neste período da civilização. Já nas Idades do Bronze e do Ferro nossos ancestrais descobriram em como produzir suas armas e ferramentas com qualidade superior àquelas que eram produzidas com madeiras, ossos e pedras. Embora não tenhamos a Idade da Cerâmica, a presença de vasos e jarros de barro queimado utilizados como utensílios domésticos são conhecidos desde 3000 a.C. Figura 1.3 | Armas do Período Calcolítico Quer conhecer mais um pouco da história das civilizações e do desenvolvimento dos materiais? Leia o artigo de NAVARRO, R. F. A evolução dos materiais. Parte 1: da pré-história ao início da era moderna. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v. 1, n. 1, p. 1-11, 2006. Disponível em: <https://aplicweb.feevale.br/site/files/documentos/ pdf/32246.pdf>. Acesso em: 25 fev. 2016. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 14 que hoje usufruímos em pleno século XXI. Quer um exemplo? Se não tivéssemos os pneus, como faríamos para ir ao trabalho, à faculdade ou simplesmente voltar para casa? Certamente não seria tão cômodo e rápido como é hoje, e devemos essa facilidade aos exaustivos estudos do americano Charles Goodyear, que após anos de pesquisa um dia deixou cair acidentalmente uma mistura de borracha e enxofre em cima de uma chapa quente e observou que a borracha, mesmo em contato com a chapa com elevada temperatura, não derreteu. Dessa forma, ele concluiu que a adição de enxofre e calor tornavam a borracha mais resistente e assim estudou a relação entre quantidade de enxofre, temperatura e tempo de aquecimentopara obter uma borracha com melhor qualidade, ou seja, a borracha impermeável. Após essa descoberta outros estudos foram realizados e todo o processo que hoje conhecemos como vulcanização foi aprimorado e patenteado. A consequência direta desta pesquisa foi a fabricação dos pneus utilizados em nossos carros, motocicletas, entre outros meios de transporte. Enfim, os materiais tornam a vida moderna possível a partir de polímeros e de metais utilizados na fabricação do computador que você está usando, do concreto utilizado na construção da sua casa e do carro que você dirige. Todos estes componentes são consequências dos estudos da ciência dos materiais, que resumidamente é definida como o estudo da relação entre as estruturas e propriedades dos materiais. Os cientistas desta área são responsáveis por desenvolver ou sintetizar novos materiais, enquanto o papel do engenheiro é criar novos produtos e procedimentos de fabricação utilizando materiais inovadores ou já conhecidos com propriedades predeterminadas que é um desafio e tanto! (CALLISTER; RETHWISCH, 2013). Atualmente são conhecidos mais de 50.000 tipos de materiais que estão à nossa disposição para serem aplicados nos mais diversos projetos que vão desde o uso na medicina à engenharia civil (ASHBY; JONES, 2007). Porém, para melhor compreensão da definição de ciência dos materiais, primeiramente vamos entender melhor o que é estrutura. De maneira concisa, estrutura de um material está relacionada ao arranjo dos seus componentes internos, desde o nível atômico e organização dos átomos até a escala micro e macroscópica (CALLISTER; RETHWISCH, 2013). Já a propriedade de um material, de forma geral, é uma característica do material em termos da magnitude da resposta a um determinado estímulo que lhe é imposto como, por exemplo, a luz refletida por uma superfície metálica polida (CALLISTER; RETHWISCH, 2013). As propriedades dos materiais são divididas em diferentes grupos: propriedades mecânicas, elétricas, ópticas, térmicas e magnéticas. Futuramente algumas dessas propriedades serão abordadas e você estará apto para analisar as inter-relações entre as diferentes respostas dos materiais e suas respectivas propriedades. O desenvolvimento e a pesquisa de novos materiais nos asseguram uma vida mais confortável em termos de qualidade de vida. Você seria capaz de viver em um mundo ausente de internet, tecnologias e sem o conforto da sua casa? Certamente Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 15 teríamos muita dificuldade, mas o fato é que diversos avanços tecnológicos nos proporcionaram uma expectativa de vida maior e melhor. Graças a materiais inovadores conseguimos captar a energia solar e converter em energia elétrica, produzimos meios de transportes cada vez mais velozes e seguros, e é claro que eu não poderia me esquecer dos meios de comunicação e nosso indispensável smartphone. Mas essa tecnologia não é restrita apenas a essas linhas de estudos, na área da saúde, por exemplo, é evidente a importância dos materiais para os projetos de próteses ortopédicas que antes eram produzidas com metais, madeira e plásticos e agora substituídos por fibra de carbono. Muitas vezes quando lemos algumas notícias temos a impressão de que estamos em um filme de ficção científica, mas a realidade é que já temos impressoras 3D de células-tronco, de vasos sanguíneos, pele, cartilagens, ossos e, no futuro próximo, a impressão de órgãos. A Figura 1.4 mostra uma impressora 3D fazendo a impressão de uma prototipagem biológica, enquanto a Figura 1.5 apresenta uma amostra de tecido de válvula cardíaca também impresso utilizando essa mesma tecnologia. Neste momento espero que você esteja se questionando: como é possível descobrir novos materiais ou então inovar os que já conhecemos? E como é possível fabricar componentes, peças e produtos que atendam às necessidades de uma aplicação específica? Se interpretarmos as informações que já temos é lícito concluirmos que a procura de um determinado material surge da necessidade do homem, posteriormente, é necessário compreender a estrutura e as propriedades para que possamos estudar outros dois componentes muito importantes: o processamento e o desempenho destes materiais. A Figura 1.6 apresenta os princípios fundamentais da ciência dos materiais, também conhecidos como o tetraedro da ciência dos materiais. Fonte: <https://healthinformatics.wikispaces. com/3D +Printing>. Acesso em: 25 fev. 2016. Fonte:. <https://en.wikipedia.org/wiki/Tissue_ engineering>. Acesso em: 25 fev. 2016. Figura 1.4 | Impressora 3D de prototipagem biológica Figura 1.5 | Tecido de válvula cardíaca produzido por uma impressora 3D Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 16 Figura 1.6 | Tetraedro da ciência dos materiais o diamante e a grafita com suas respectivas estruturas atômicas. Se observarmos a figura atentamente veremos que a maneira que os átomos de carbono estão dispostos no espaço é diferente para os dois materiais, tornando- as formas alotrópicas de carbono, ou seja, a propriedade de alguns elementos químicos de existir em duas ou mais formas diferentes e no mesmo estado físico. Fonte:..<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f9/ Diamond_and_graphite.jpg>. Acesso em: 25 fev. 2016. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ea/Tetraeder-materiaalkundige- kennis.svg>. Acesso em: 25 fev. 2016. É possível observarmos as inter-relações que devemos considerar em um projeto entre desempenho/custo, síntese/processamento, estrutura/composição e propriedades. Vamos ver um exemplo na prática de como essas relações são importantes? O diamante e a grafita são materiais compostos exclusivamente por átomos de hidrogênio e carbono, sendo diferentes apenas em relação ao tipo de ligação intermolecular e ao arranjo espacial, ou seja, à estrutura. Isso faz toda a diferença! Os diamantes são formados nas profundezas da Terra sob altas temperaturas e pressões extremas e algumas de suas propriedades são: elevada resistência e rigidez, excelente condutividade térmica e baixa condutividade elétrica. Já a grafita é relativamente macia, Figura 1.7 | Diamante, grafita e seus respectivos apresenta baixa condutividade arranjos atômicos térmica e elevada condutividade elétrica. A Figura 1.7 apresenta Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 17 No diamante, os átomos de carbono estão dispostos tetraedricamente e possuem uma estrutura tridimensional forte e rígida que resulta em uma rede infinita de átomos, o que explica a dureza do diamante e a densidade mais elevada do que a grafita. 1.2 Classificação dos materiais Existem milhares de materiais disponíveis para uso nas mais variadas aplicações, seja na área das engenharias, da saúde e do nosso cotidiano. A maioria dos materiais que conhecemos são classificados em três grandes classes que têm por base a composição química e as forças interatômicas de um determinado material. Estas três classificações são materiais metálicos, cerâmicos e poliméricos. No entanto, temos alguns materiais que são a combinação entre dois ou mais materiais diferentes e resultam no que chamamos de compósitos. A Figura 1.8 apresenta, respectivamente, um exemplo de cada tipo de material: a) metálico; b) cerâmico; c) polimérico e d) compósito. Figura 1.8 | Exemplos de materiais Fonte:.<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/7/76/Wood_plastic_composite_2. jpg/1024px- Wood_plastic_composite_2.jpg>. Acesso em: 28 fev. 016. Metais Os materiais metálicos representam cerca de dois terços de todos os elementos da tabela periódica e aproximadamente 24% da massa do planeta. Os materiais metálicos são substâncias que podem ser compostas por um único elemento (ferro, zinco, cobre, prata e ouro), por mais elementos metálicos como no caso do bronze que é uma liga metálica de cobre e estanho, e ainda, conter elementos não metálicos como carbono, nitrogênio e oxigênio. Os metais e suas ligas apresentammuitas propriedades que nos sãos úteis como a resistência mecânica, ductilidade, condutividade térmica e elétrica, entre várias outras, e essas propriedades estão relacionadas com a composição, estrutura química e processamento (SHACKELFORD, 2008). Você já se perguntou por que os metais são tão bons condutores elétricos? É nesse momento que você compreenderá a importância de estudarmos sobre a estrutura atômica e as ligações entre os átomos. Os metais são bons condutores elétricos, pois possuem muitos elétrons livres, ou seja, os elétrons podem se movimentar livremente de um átomo para o outro. A facilidade no movimento desses elétrons livres também faz os metais serem bons condutores Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 18 de calor. O cobre é um metal macio, maleável e dúctil com elevada condutividade térmica e elétrica. Apesar da concorrência de outros materiais, o cobre continua sendo o condutor elétrico preferido em quase todas as categorias de fiação elétrica. Os fios de cobre são utilizados na geração, transmissão e distribuição de energia, em telecomunicações, circuitos eletrônicos e outros inúmeros tipos de equipamentos elétricos. A fiação elétrica é o mercado mais importante para a indústria de cobre. A Pode-se ver na Figura 1.9 o cobre da forma que é encontrado na natureza e já processado como fios. Figura 1.9 | Tetraedro da ciência dos materiais Fonte: <https://en.wikipedia.org/wiki/Copper_wire_and_cable>. Acesso em: 28 fev. 2016. Cerâmicas As cerâmicas, tradicionalmente, são definidas como um material sólido inorgânico formado entre elementos metálicos e não metálicos. Em sua maioria são: óxidos, como o óxido de alumínio, mais conhecido como alumina (Al 2 O 3 ); nitretos, como o nitreto de silício (Si 3 N 4 ) e carbetos, como o carbeto de silício (SiC). O cimento e o vidro são exemplos de materiais cerâmicos tradicionais e são formados a partir de minerais argilosos e processos de fabricação relativamente simples. Em relação às propriedades, os materiais cerâmicos comumente exibem baixa condutividade elétrica, elevada dureza, resistência e fragilidade. No entanto, já existem estudos com estes materiais que melhoram significativamente a resistência à fratura. Adicionalmente, dependendo do processamento, a cerâmica pode ser densa ou leve, transparente, translúcida ou opaca (ASKELAND; WRIGHT, 2014). Quando comparados aos metais e polímeros, os materiais cerâmicos são mais resistentes a altas temperaturas e a ambientes severos de trabalho. Então, vamos ver um exemplo de aplicação destes materiais nestas condições extremas: a utilização na construção de ônibus espaciais e aeronaves. Estas aplicações incluem sistemas térmicos de proteção em cones de exaustão do foguete, telhas de isolamento do ônibus espacial, componentes de motor e revestimentos cerâmicos embutidos no vidro do para-brisa de muitos aviões. Estes revestimentos são transparentes e conduzem Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 19 Figura 1.10 | Ônibus espacial Discovery Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/STS120LaunchHiRes-edit1.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2016. O sistema de proteção térmica da Discovery protegia os passageiros de um frio de -121°C no espaço e de uma temperatura de reentrada na órbita terrestre de 1649°C. Este é mais um dos exemplos que temos da importância do desenvolvimento de novos materiais. Polímeros Os materiais poliméricos, também conhecidos popularmente como plásticos, são mais recentes quando comparados aos metais e cerâmicas. Neste grupo também fazem parte os elastômeros (borrachas). Os polímeros podem ser definidos como um material que possui várias partes quimicamente ligadas, já que a própria palavra polímero significa “muitas partes”. Mas, uma definição mais científica diz que a eletricidade para manter o vidro transparente em condições de nevoeiro e gelo. Fibras cerâmicas são utilizadas como isolantes térmicos e escudos de calor contra incêndios em aeronaves e ônibus espaciais. A Figura 1.10 apresenta o ônibus espacial Discovery que foi lançado pela primeira vez em 1984 e sua última missão foi em 2011, assim como o sistema de proteção térmica que utilizava sílica e outros materiais. O artigo "Materiais cerâmicos para células a combustível" apresenta de maneira sucinta alguns tipos de materiais cerâmicos que são utilizados na fabricação de dispositivos que geram energia elétrica. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ce/v50n316/a0250316.pdf>. Acesso em: 28 fev. 2016. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 20 Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/69/Sinai_Red_sea_ecological_disaster.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2016. polímeros são compostos orgânicos de elevada massa molecular formados por unidades que se repetem denominadas monômeros, formando cadeias de longa extensão (CANEVAROLO, 2006). Normalmente, os polímeros são divididos em classes a partir das suas propriedades mecânicas, estrutura e ligações interatômicas em termoplásticos (polietileno), termorrígidos ou termofixos (resina epóxi) e elastômeros (neopreno). Esses materiais podem ser de ocorrência natural, como é o caso da borracha, ou sintéticos, como o cloreto de polivinila (PVC). Uma das características importantes dos materiais poliméricos é a baixa densidade, assim a relação entre a sua massa específica e sua rigidez são comparadas aos materiais metálicos e cerâmicos. Os polímeros apresentam propriedades que variam consideravelmente, ou seja, podemos ter um polímero duro e frágil e outro dúctil e flexível. A baquelite, por exemplo, é um polímero duro, frágil, isolante térmico e devido a essas propriedades é utilizada na produção de cabos de panelas, interruptores, entre outras. Já o polietileno de baixa densidade (PEBD) é um polímero flexível e dúctil e muito utilizado na fabricação de frascos e mangueiras. Assim como os demais materiais, os polímeros são muito importantes para diversas aplicações tecnológicas e são muito atrativos para determinadas aplicações. No entanto, o consumo desenfreado desses materiais resultou em um grave problema ambiental. Muitos plásticos não são recicláveis e diversos outros são descartados de forma incorreta o que gera um acúmulo de lixo em ruas, rios, florestas e oceanos. Uma simples sacola plástica, em média, leva 400 anos para se decompor na natureza. Podemos ver a quantidade de plásticos e outros lixos que chegam às praias (Figura 1.11). Figura 1.11 | Poluição oceânica Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 21 é denominado compósito reforçado com partículas. Já o carbono/epóxi é conhecido como um compósito estrutural, neste tipo de compósito, além das propriedades dos materiais, o projeto geométrico dos elementos estruturais são extremamente importantes. A Figura 1.12 apresenta um laminado carbono/epóxi utilizado na indústria aeronáutica produzido a partir de camadas sobrepostas de Além do problema sobre o impacto ambiental, outra desvantagem dos materiais poliméricos é a decomposição em temperaturas relativamente baixas. Fonte: O autor. A poluição ambiental é problema mundial. Mas quem são os culpados? Assista a "HOMEM" – Este vídeo não vai te deixar indiferente. Disponível em: <https://www.youtube.com/ watch?v=E1rZFQqzTRc>. Acesso em: 28 fev. 2016. Compósitos Um material compósito geralmente é definido como a combinação de dois ou mais materiais distintos, cada um com suas propriedades específicas que juntos criam um novo material com combinações de propriedades que não são observadas em um material isolado. O objetivo de desenvolvermos um material compósito é obter um novo material que combine as melhores características dos materiais que os compõem. Estes materiais são possíveis através da combinação entre metais, cerâmicas e polímeros. Em sua maioria consiste de um material de reforço que apresenta boa resistência mecânica e baixa densidade, envolto por uma matriz de resina colante, geralmente dúctil oudura, como a resina epóxi. A fibra de vidro é um dos exemplos clássicos de materiais compósitos, mas o concreto e os pneus também fazem parte deste tipo de materiais. A fibra de vidro é feita com pequenas fibras de vidros que são envolvidas por uma resina polimérica, este tipo de material é conhecido como compósito reforçado com fibras. O concreto é um compósito formado pela mistura de cimento (matriz), areia e brita Figura 1.12 | Compósito estrutural laminado (particulados). Esse tipo de material carbono-epóxi. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 22 mantas de fibra de carbono envolvidas em resina epóxi. Nesta indústria, os laminados compósitos são importantes na substituição de ligas metálicas e exibem excelentes características como rigidez e resistência mecânica, além de suportar em condições de serviço elevadas temperaturas (CALLISTER; RETHWISH, 2013). 1.3 Materiais avançados Semicondutores A busca por novos materiais é incessante dentro da ciência dos materiais, tanto que materiais que são utilizados em aplicações de alta tecnologia são denominados materiais avançados. Normalmente, esses materiais nascem da melhoria de algumas propriedades de materiais já existentes e de novos materiais que apresentam alto desempenho. Os materiais avançados podem ser divididos em semicondutores, biomateriais, materiais inteligentes e nanomateriais. Os materiais semicondutores não são tão eficazes como os metais, como ouro, prata e cobre. No entanto, eles têm mobilidades superiores à temperatura ambiente e a temperaturas mais elevadas, isto significa que uma corrente elétrica pode viajar através deles muito mais rápido do que nos meios “tradicionais”. A alta mobilidade desses materiais melhora as propriedades dos materiais básicos que são utilizados em eletrônica avançada e comunicações. Os semicondutores são utilizados na fabricação de chips para todos os dispositivos eletrônicos, incluindo computadores, telefones celulares e smartphones. Cada chip pode conter um milhão de dispositivos que executam diferentes funções. Os semicondutores também apresentam outras propriedades muito interessantes como as propriedades ópticas, e são empregados na fabricação de lasers e dos diodos emissores de luz (LEDs), isto porque quando possuem algum tipo de impureza, também chamadas de dopantes, os semicondutores emitem uma luz de cor específica quando uma voltagem é aplicada a eles. Outros semicondutores absorvem a luz solar e geram corrente elétrica e são utilizados na fabricação de células fotovoltaicas. Atualmente, o silício (Si) é um dos principias semicondutores empregados nos mais diversos dispositivos. Os materiais semicondutores exibem propriedades intermediárias entre os materiais condutores elétricos e isolantes, como a condutividade elétrica. Esses materiais foram essências para a revolução da indústria de produtos eletrônicos e que impactaram diretamente nossas vidas. Na Figura 1.13 vemos exemplos de circuitos integrados fabricados a partir de materiais semicondutores. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 23 Figura 1.13 | Componentes eletrônicos à base de materiais semicondutores Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/33/Mechanical_heart_valves.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2016.fev. 2016. Fonte:.<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8d/Semiconductor-1.jpg>. Acesso em: 19 jan. 2016. Biomateriais Os chamados biomateriais são materiais geralmente feitos a partir de muitos componentes e que podem ser de ocorrência natural ou sintética (tal como um metal ou polímero). Os biomateriais frequentemente são utilizados em aplicações médicas para aumentar, melhorar ou substituir uma função natural. Duas importantes características destes materiais são: atoxicidade e compatibilidade com os tecidos do corpo. Os biomateriais são utilizados em substituição de articulações, placas ósseas, cimento ósseo, ligamentos e tendões artificiais, implantes dentários para fixação do dente, válvulas do coração, dispositivos de reparação da pele, lentes de contato etc. A Figura 1.14 mostra diferentes tipos de válvulas cardíacas artificiais. Figura 1.14 | Diferentes tipos de válvulas cardíacas artificiais Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 24 Materiais inteligentes Os materiais inteligentes são materiais revolucionários e projetados para alterar suas propriedades de forma significativa, a partir de controles externos tais como temperatura, umidade, pH ou campos magnéticos. Basicamente um material inteligente requer um sensor que será responsável pela detecção do sinal de entrada e um atuador que executará uma determinada função de resposta e adequação. As ligas com memória da forma, as cerâmicas piezelétricas e os materiais magneto- constritivos são alguns exemplos de materiais utilizados com atuadores. área da saúde, de eletrônicos, cosméticos, têxteis e tecnologia da informação. As nanopartículas são de grande interesse científico. Na escala macro e microscópica um material deve ter propriedades físicas constantes, independentemente do seu tamanho, mas à escala nano propriedades dependentes de tamanho são frequentemente observadas. Assim, as propriedades de materiais podem mudar à medida que se aproxima O desenvolvimento de novos materiais nos possibilita cada vez mais conforto e praticidade. Pensando nisso e nos problemas recorrentes da nossa população brasileira, dispositivos inteligentes foram desenvolvidos para controlarmos e reduzirmos o consumo de energia elétrica. Leia a reportagem indicada. Disponível em: <http://www1.folha.uol.com. br/seminariosfolha/2015/09/1687798-redes-inteligentes-permitem- controlar-e-reduzir-de-energia-eletrica.shtml>. Acesso em: 27 fev. 2016. Fonte:.Disponível em: <https://en.wikipedia.org/wiki/Nanoparticle#/ media/File:Nanostars-it1302.jpg>. Acesso em: 26 fev. 2016. Nanomateriais Os nanomateriais são materiais que podem ser metálicos, cerâmicos, poliméricos ou compósitos que possuem estruturas na ordem do nanômetro (10-9 m) e atualmente são Figura 1.15 | Nanoestrelas de óxido de vanádio IV estudados em aplicações na Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 25 da nanoescala. Dessa forma, as propriedades interessantes e inesperadas, por vezes, de nanopartículas existem, por conseguinte, na maior parte devido à grande área de superfície do material. A Figura 1.15 apresenta uma microscopia eletrônica de varredura de nanoestrelas de óxido de vanádio IV. 1. Os chamados biomateriais são materiais geralmente feitos a partir de muitos componentes e que podem ser de ocorrência natural ou sintética (tal como um metal ou polímero). Quais são as principais características que estes materiais devem possuir para sua utilização? a) Atoxicidade e compatibilidade com os tecidos do corpo. b) Rigidez e baixa densidade. c) Atoxicidade e fibras sintéticas. d) Toxicidade e baixa densidade. e) Anticorpos e compatibilidade com os tecidos do corpo. 2. Os nanomateriais são materiais que podem ser materiais metálicos, cerâmicos, poliméricos ou compósitos que possuem estruturas na ordem do nanômetro. Na escala macro e microscópica um material deve ter propriedades físicas constantes, independentemente do seu tamanho, mas as escalas nanopropriedades dependentes de tamanho são frequentemente observadas. É correto afirmar que as propriedades dos nanomateriais é resultado: a) das propriedades químicas do material. b) da independência do tamanho das partículas. c) da grande eletronegatividade do material. d) da grande área de superfície do material. e) do pequeno volume do material. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 26 Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 27 Seção 2 Estrutura atômica Vamos iniciar nossos estudos sobre as estruturas atômicas e compreender como os átomos e as ligações interatômicas influenciam diretamente na propriedades dos materiais. Objetivos de Aprendizagem • Compreender a estrutura atômica; • Identificaras principais ligações interatômicas; • Entender as propriedades dos elementos; • Reconhecer a importância da magnitude das forças e energias de ligação. 2.1 Conceitos fundamentais Um átomo é composto por um núcleo muito pequeno no qual elétrons em movimento orbitam a sua volta. O núcleo é formado por partículas subatômicas denominadas nêutrons e prótons. Os nêutrons, como o próprio nome sugere, são partículas eletricamente neutras, enquanto os prótons e elétrons transportam, respectivamente, cargas elétricas positivas e negativas. A carga elétrica transportada por cada elétron e próton é igual a 1,60 × 10-19 coulomb (C). Neste momento é fácil compreendermos que os elétrons se mantêm ao redor do núcleo devido à atração eletrostática, ou seja, prótons e elétrons apresentam cargas elétricas opostas que se atraem. Os prótons e nêutrons apresentam massas extremamente pequenas na ordem de 1,67 × 10-27 kg, enquanto os elétrons apresentam uma massa menor ainda de 9,11 × 10-31 kg. A quantidade de números de prótons no núcleo é chamada de número atômico (Z). Por exemplo, um átomo de zinco possui 30 prótons no seu núcleo, assim seu número atômico é igual a 30. Vale ressaltar que quando temos um átomo eletricamente neutro a quantidade de prótons é igual à quantidade de elétrons, ou seja, a quantidade de cargas positivas é igual à quantidade de cargas negativas e o átomo permanece neutro. A Figura 1.16 traz uma representação esquemática da composição de um átomo. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 28 Fonte: <https://it.wikipedia.org/wiki/Isotopi_dell%27idrogeno>. Acesso em: 4 fev. 2016. Figura 1.16 | Representação esquemática de um átomo Fonte: <http://www.chemistryo.com/wp-content/uploads/2014/08/atomic-structure.jpg>. Acesso em: 4 fev. 2016. Outro conceito importante que certamente você já ouviu nos seus estudos em química geral é o de massa atômica (A). A massa atômica é a massa total de prótons e nêutrons que estão no núcleo do átomo. No entanto, na natureza é possível encontrarmos elementos que, embora possuam o mesmo número de prótons, apresentam número de nêutrons diferentes (ATKINS; JONES, 2006). Na Figura 1.17 é possível observarmos que os três átomos possuem em comum o mesmo número de prótons (p), ou seja, o mesmo número atômico (Z). Assim, trata- se de três átomos do elemento químico hidrogênio. Os átomos de hidrogênio podem ser encontrados com números diferentes de nêutrons e que resultarão em massas atômicas distintas. Esses átomos são chamados de isótopos. A Figura 1.17a apresenta o átomo de hidrogênio chamado de prótio com apenas um próton no núcleo e a ausência total de nêutron. Na Figura 1.17b, temos o hidrogênio deutério que possui um próton e um nêutron no núcleo. E, por fim, a Figura 1.17c mostra o átomo de hidrogênio trítio com um próton e dois nêutrons no núcleo. Figura 1.17 | Representação esquemática dos átomos de hidrogênio: a) prótio, b) deutério e c) trítio Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 29 Após compreendermos os conceitos de número atômico e massa atômica fica mais claro assimilarmos o conceito de peso atômico. Segundo Callister e Rethwisch (2013), o peso atômico é definido como a média ponderada das massas dos isótopos de um átomo que ocorrem naturalmente. A unidade de massa atômica (uma) é definida a partir do isótopo mais comum do átomo de carbono, o carbono 12 (C12) equivale a 1/12 de sua massa atômica. A Equação 1.1 apresenta a relação entre massa atômica (A), número atômico (Z) e nêutrons (N). Equação 1.1 A ≅ Z + N Já o peso atômico pode ser expresso pela razão entre uma e átomo ou molécula, no entanto, é frequentemente especificado em termos de massa (em gramas) por mol de matéria. Assim temos a equivalência: 1 uma/átomo = 1 g/mol O número de átomos ou moléculas em um mol é igual a 6,023 × 1023 e é chamado de número de Avogadro. Este número é importante para calcularmos a quantidade de átomos em uma determinada amostra de um elemento químico. Por exemplo, em um mol de prata (Ag) de número atômico igual a 47, temos 6,023 × 1023 átomos e 107,87 g ou 107,87 uma. Os cálculos de massa atômica e número de Avogadro são importantes para compreendermos um pouco mais sobre as estruturas e as propriedades dos materiais. Vamos resolver um exercício em que aplicamos o número de Avogadro. 1. Será que é possível calcularmos a quantidade de átomos em uma amostra de 100 g de cobre? Para chegar à resolução deste problema basta montarmos uma regra de três simples. Utilizando a tabela periódica encontramos o valor de massa atômica do cobre igual a 63,55 g em 6,023 × 1023 átomos, calcule a quantidade de átomos em uma amostra de 100 g de cobre. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 30 Fonte: <https://pixabay.com/pt/diagrama-n%C3%BAcleo-at%C3%B4mica-modelo-38647/>. Acesso em: 5 fev. 2016. Neste modelo é possível quantizar valores específicos de energia para os elétrons. No modelo de Bohr, o elétron pode absorver energia e realizar um salto quântico para um nível (órbita) permitido de maior energia, assim como através da emissão de energia saltar para um nível permitido de menor energia. Este modelo atômico foi a primeira tentativa em descrever o comportamento dos elétrons nos átomos em relação a sua posição e energia. Naturalmente, o modelo de Bohr foi substituído por não explicar vários outros comportamentos relacionados aos elétrons. Mais tarde, Louis de Broglie sugeriu o Princípio da Dualidade que diz que todo elétron possui tanto características de partículas quanto de ondas. Neste modelo, o elétron não se movimenta mais em um orbital distinto como uma partícula, o movimento do elétron está associado a um determinado comprimento de onda. Posteriormente Heisenberg enunciou o Princípio da Incerteza que sucintamente diz que não é possível determinar a posição e a velocidade do elétron simultaneamente. Finalmente em 1926, Erwin Schrödinger propôs a famosa Equação de Schrödinger na qual é possível calcular a máxima distribuição de probabilidades de se encontrar a posição de um elétron (ATKINS; JONES, 2006). Agora que já entendemos a composição atômica, veremos a importância de alguns modelos atômicos para a compreensão da ciência dos materiais. O modelo atômico mudou ao longo do tempo, por séculos diversos cientistas se engajaram no estudo do átomo e propuseram diferentes modelos que, de alguma maneira, contribuíram para chegarmos ao modelo atual. Para compreendermos as propriedades dos materiais partiremos direto para o modelo atômico proposto pelo físico dinamarquês Niels Henrik David Bohr, responsável por contribuições fundamentais para o entendimento da estrutura atômica e um dos precursores da teoria quântica. No modelo atômico de Bohr os elétrons se movimentam ao redor do núcleo em orbitais distintos e bem definidos como apresentado na Figura 1.18. Figura 1.18 | Representação esquemática do modelo atômico de Bohr para o átomo de alumínio (AL) Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 31 Além da equação que nos permite calcular a probabilidade de determinar a posição de um elétron, Schrödinger propôs que cada elétron é especificado por um conjunto de quatro parâmetros denominados números quânticos. Estes números descrevem o estado de um elétron, sua distância a partir do núcleo, orientação espacial e o tipo de orbital em que é provável encontrá-lo. São quatro os números quânticos: número quântico principal (n) indica a distância mais provável do elétron em relação ao núcleo, ou seja, o nível de energia e pode assumir valores iguais a n = 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7. Quanto maior o valor de n, mais distante o elétron estará do núcleo, maior será o tamanho do átomo e do orbital. Este é o único número quântico que está vinculado ao modelo atômico de Bohr. O segundo número quântico ou número quântico do momento angular do orbital (l) determina a forma do orbital, no qual cada valor de l indica um subnível de energia específico s, p, d e fque está limitado ao valor do número quântico principal (n-1). O terceiro número quântico ou número quântico magnético (ml) indica o número de orbitais e a da orientação dentro dos subníveis. Dado um valor de l, ml será um intervalo entre –l a +l. Os estados energéticos (orbitais) são representados graficamente por ⎕. Nos subníveis de energia s, p, d e f existem, respectivamente, um, três, cinco e sete estados energéticos. Ao contrário do terceiro número quântico, o número quântico magnético de spin (ms) ou quarto número quântico não depende dos outros números quânticos. Ele designa a orientação de spin de cada elétron que pode ter uma rotação de +1/2, representado por ↑, ou -1/2, representado por ↓. Ao preenchermos os orbitais é importante adotarmos a Regra de Hund que enuncia: Todos os elétrons com rotação +1/2 devem ser, primeiramente, distribuídos. Posteriormente, os elétrons com rotação -1/2 são emparelhados dentro do orbital. Para compreendermos a maneira de preencher os diferentes estados eletrônicos com os elétrons, é necessário utilizarmos outro conceito quântico conhecido como o Princípio da Exclusão de Pauli, segundo este princípio cada estado eletrônico comporta no máximo dois elétrons com spins opostos. Dessa maneira os subníveis de energia s, p, d e f comportam, respectivamente, dois, seis, dez e quatorze elétrons. A Tabela 1.1 apresenta os subníveis de energia, l, ml, número de orbitais, elétrons por subnível e representação gráfica dos orbitais. Quer saber mais sobre a Equação de Schrödinger, leia o artigo “Quatro alternativas para resolver a Equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio”. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422002000100025>. Acesso em: 5 fev. 2016. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 32 Subnível de energia l ml Número de orbitais Elétrons por subnível Repre- sentação gráfica dos orbitais s 0 0 1 2 ⎕ p 1 -1, 0, +1 3 6 ⎕⎕⎕ d 2 -2, -1, 0, +1, +2 5 10 ⎕⎕⎕⎕⎕ f 3 -3,-2,- 1,0,+1,+2,+3 7 14 ⎕⎕⎕⎕⎕⎕⎕ Tabela 1.1 | Subníveis de energia e números quânticos do momento angular do orbital (l) e número quântico magnético (ml) Fonte: O autor. A representação do modo que os elétrons estão distribuídos em níveis e subníveis de energia é conhecida como configuração eletrônica. Geralmente, a configuração eletrônica é utilizada para descrever os orbitais de um átomo no seu estado fundamental, ou seja, quando os elétrons ocupam os níveis de menores energias possíveis. Muitas propriedades físicas e químicas dos elementos estão correlacionadas com suas respectivas configurações eletrônicas. Os elétrons de valência, por exemplo, são os elétrons na camada (nível de energia) mais externa e são o fator determinante de cada elemento químico ser único. A ordem crescente dos níveis de energia preenchidos pelos elétrons é igual a: 1s, 2s, 2p, 3s, 3p, 4s, 3d, 4p, 5s, 4d, 5p, 6s, 4f, 5d, 6p, 7s, 5f, 6d e 7p. A configuração eletrônica de um átomo mostra o número de elétrons em cada subnível, de cada camada de energia do átomo no estado fundamental. Para determinar a configuração eletrônica de um átomo, iniciamos a adição de elétrons a partir dos subníveis de energia das camadas mais próximas do núcleo até a quantidade de elétrons ser igual ao número de prótons. Cada elétron adicionado é atribuído ao subnível de menor energia disponível. O subnível s da camada 1 ou camada K de energia (1s) é o primeiro a ser preenchido, posteriormente, é preenchido o subnível s da camada 2 (L) seguido dos subníveis 2p, a 3s, 3p, 4s, 3d, e assim por diante. Esta ordem é difícil de lembrar e muitas vezes também difícil de determinar a partir de diagramas de nível de energia. Uma maneira mais conveniente de lembrar essa ordem é utilizar o diagrama apresentado na Figura 1.19. Os principais níveis de energia (1 a 7) estão listados em colunas, a começar à esquerda com o nível de 1s. Para utilizar esta figura, deve-se ler ao longo das linhas diagonais na direção da seta. A ordem é resumida no diagrama de Pauling como na Figura 1.19. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 33 Um átomo de hidrogênio (número atômico 1) tem um próton e um elétron. O único elétron é atribuído ao subnível 1s, o subnível de menor energia no nível mais baixo consumo de energia. Portanto, a configuração de elétrons do hidrogênio é igual a: 1s1. Já o elemento hélio (número atômico 2) possui dois elétrons e tem configuração igual a 1s2. Para o hélio dois elétrons preenchem completamente o primeiro nível de energia. Uma vez que o núcleo do hélio é diferente do núcleo do hidrogênio, nenhum dos elétrons do hélio terá exatamente a mesma energia que o único elétron do átomo de hidrogênio, ainda que todos estejam no subnível 1s. Outro exemplo é o átomo de boro (número atômico 5) que possui cinco elétrons. Quatro elétrons preenchem os subníveis 1s e 2s. O quinto elétron é adicionado no próximo subnível de maior energia, neste caso o subnível 2p, e tem a configuração eletrônica igual a 1s2s2s22p1. A Figura 1.20 apresenta as configurações eletrônicas para os elementos hidrogênio, hélio e boro. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/1/11/Electron_orbitals. svg/2000pxElectron_orbitals.svg.png>. Acesso em: 28 fev. 2016. Fonte: O autor. Figura 1.19 | Diagrama de Pauling Figura 1.20 | Configurações eletrônicas para os elementos hidrogênio, hélio e boro Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 34 Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tabela_peri%C3%B3dica>. Acesso em: 28 fev. 2016. Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/e/e5/Periodic_Table_structure. svg/801px- Periodic_Table_structure.svg.png>. Acesso em: 28 fev. 2016. A tabela periódica (Figura 1.22) é uma ferramenta incrivelmente útil em que os elementos químicos estão ordenados pelo número atômico, configuração eletrônica e propriedades químicas. Esta ordenação mostra a tendência periódica. Os elementos de uma mesma coluna, por exemplo, exibem comportamentos e propriedades semelhantes. A tabela periódica é a referência química mais importante que existe. Figura 1.22 | Tabela periódica atual A configuração eletrônica de cada elemento químico é única para cada posição da tabela periódica. Nela, o nível de energia é designado pelo período, enquanto o número de elétrons é dado pelo número atômico. Na Figura 1.21 podemos observar uma representação da tabela periódica em função do último subnível de energia preenchido de cada elemento químico. Figura 1.21 | Tabela periódica em função das configurações eletrônicas dos elementos químicos Lantanídeos Actinideos Grupo Período Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 35 A tabela periódica pode ser utilizada para se obter relações entre as propriedades dos elementos e prever as propriedades de novos elementos que ainda não foram descobertos ou sintetizados, ou seja, as tendências periódicas que são padrões específicos que mostram diferentes aspectos de um determinado elemento, incluindo sua dimensão e suas propriedades eletrônicas. As propriedades periódicas são ferramentas valiosas que nos ajudam a prever rapidamente as propriedades de um elemento químico. Estas tendências existem devido à estrutura atômica semelhante dos elementos nas suas respectivas famílias, grupos ou períodos. As principais tendências periódicas incluem: eletronegatividade, energia de ionização, afinidade eletrônica, raio atômico, ponto de fusão e caráter metálico. A eletronegatividade é uma propriedade química qualitativa que descreve a capacidade de um átomo em atrair e ligar-se aos elétrons. A escala mais comum para quantificar a eletronegatividade é a escala de Pauling, em homenagem ao químico Linus Pauling. Os números atribuídos pela escala de Pauling são adimensionais devido à natureza qualitativa da eletronegatividade. Os valores de eletronegatividade para cada elemento podem ser encontrados em algumas tabelas periódicas como a tabela apresentada naFigura 1.23. Fonte:.<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/26/Periodic_table_Pauling_ electronegatvity.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2016. Figura 1.23 | Tabela periódica dos valores de eletronegatividade Seria possível uma nova organização dos elementos químicos diferente da atual tabela periódica? Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 36 Fonte:.<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/26/Periodic_table_Pauling_ electronegatvity.jpg>. Acesso em: 28 fev. 2016. A energia de ionização é a energia necessária para remover um elétron de um átomo neutro em fase gasosa. Conceitualmente, energia de ionização é o oposto de eletronegatividade. Quanto menor é essa energia, mais prontamente o átomo torna- se um cátion, ou seja, perde elétron. Portanto, quanto maior for essa energia mais prontamente o átomo se tornará um ânion, ou seja, ganha elétrons. De um modo geral, os elementos do lado direito da tabela periódica tem uma energia de ionização mais elevada, porque a sua camada de valência está quase completa. Elementos no A eletronegatividade é uma propriedade que está diretamente relacionada à configuração eletrônica. A maioria dos átomos “obedece” à regra do octeto, ou seja, completando o nível de energia mais externo com 8 elétrons. Assim, a eletronegatividade é uma propriedade química que descreve a tendência de um átomo ou um grupo funcional atrair elétrons (ou densidade eletrônica) para si. Essa propriedade é afetada tanto pelo número atômico quanto pela distância em que seu elétron de valência está do núcleo carregado, ou seja, ao raio atômico. Quanto maior o número associado à eletronegatividade, mais um elemento atrai elétrons em relação a ele. Utilizando os períodos da tabela periódica como referência, a eletronegatividade aumenta da esquerda para a direita e diminui de cima para baixo nos grupos. Isso ocorre porque o número atômico em um grupo aumenta para baixo e, portanto, há um aumento da distância entre os elétrons de valência do núcleo, ou seja, um maior raio atómico. O flúor (F) é o elemento mais eletronegativo da tabela periódica. A Figura 1.24 mostra a tendência de aumento da eletronegatividade. Figura 1.24 | Aumento da eletronegatividade Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 37 Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/14LaAc_periodic_table_IIb.jpg>. Acesso em: 29 fev. 2016. Outro fator que afeta a energia de ionização é a blindagem eletrônica. A blindagem descreve a capacidade dos elétrons internos de um átomo em proteger o núcleo positivamente carregado de seus elétrons de valência. Ao mover-se à direita de um período, o número de elétrons aumenta e a força da blindagem aumenta. Como resultado, é mais fácil os elétrons de valência se ionizarem, dessa forma a energia de ionização diminui abaixo de um grupo. A energia de ionização dos elementos dentro de um período aumenta a partir da esquerda para a direita devido à estabilidade da camada de valência. Os gases nobres possuem energias de ionização muito elevadas por causa das suas camadas de valência completas. O hélio possui a maior energia de ionização de todos os elementos químicos. Outra propriedade que podemos estudar na tabela periódica é a afinidade eletrônica. Tal como o nome sugere, a afinidade eletrônica é a capacidade de um átomo “aceitar” um elétron. Ao contrário da eletronegatividade, a afinidade eletrônica é uma medida quantitativa da mudança de energia que ocorre quando um elétron é adicionado a um átomo de gás neutro. Quanto mais negativo o valor de afinidade eletrônica, maior a afinidade atômica pelos elétrons. A Figura 1.26 apresenta a tendência da afinidade eletrônica na tabela periódica. A afinidade eletrônica aumenta da esquerda para a direita dentro de um período e aumenta de cima para baixo dentro de um grupo e essas características são causadas pela redução no raio atômico. Em relação aos grupos a afinidade eletrônica diminui em comparação ao átomo que está no grupo acima, uma vez que os átomos lado esquerdo da tabela periódica têm energias de ionização baixas por causa de sua tendência para perder elétrons. Assim, a energia de ionização aumenta da esquerda para a direita na tabela periódica e de baixo para cima como mostra a Figura 1.25. Figura 1.25 | Energia de ionização Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 38 Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/14LaAc_periodic_table_IIb.jpg>. Acesso em: 29 fev. 2016. Outra propriedade dos elementos químicos é o raio atômico dado pela metade da distância entre os núcleos de dois átomos (tal como um raio é a metade do diâmetro de um círculo). No entanto, esta propriedade deve ser estudada com cautela já que nem todos os átomos são ligados entre si da mesma maneira. Alguns estão ligados por ligações covalentes em moléculas, alguns são atraídos um pelo outro em cristais iônicos, e outros são mantidos em cristais metálicos. No entanto, é possível para a maioria de elementos formar moléculas covalentes em que dois átomos são mantidos juntos por uma ligação covalente simples. Os raios covalentes destas moléculas são muitas vezes referidos como raios atômicos e essa distância é medida em picômetros. O tamanho do raio atômico em um período diminui gradualmente a partir da esquerda para a direita. Isto porque dentro de um período ou família de elementos abaixo são maiores. Isto significa que um elétron é adicionado mais distante do núcleo atômico em comparação com a sua posição em um átomo menor. Com uma distância maior entre o elétron de carga negativa e o núcleo carregado positivamente, a força de atração é relativamente mais fraca. Por conseguinte, a afinidade eletrônica diminui. Movendo-se da direita para a esquerda em um período, os átomos tornam-se menores e consequentemente as forças de atração se tornar mais fortes. Isso faz com que o elétron se aproxime do núcleo, aumentando assim a afinidade eletrônica da esquerda para a direita em um período. Figura 1.26 | Afinidade eletrônica Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 39 Fonte: <https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/79/14LaAc_periodic_table_IIb.jpg>. Acesso em: 29 fev. 2016. Os pontos de fusão é a quantidade de energia necessária para quebrar uma ligação, ou seja, mudar uma substância que está na fase sólida para o estado líquido. Geralmente, quanto mais forte a ligação entre os átomos de um elemento, mais energia será necessária para quebrar uma ligação. Uma vez que a temperatura é diretamente proporcional à energia, uma elevada energia de dissociação correlaciona-se a uma temperatura elevada. Os pontos de fusão são variados e geralmente não formam uma tendência que podemos observar através da tabela periódica. No entanto, algumas conclusões podem ser tiradas a partir do gráfico da Figura 1.28. todos os elétrons são adicionados ao mesmo nível de energia. No entanto, ao mesmo tempo, prótons são adicionados ao núcleo, o que o torna mais carregado positivamente. O efeito de aumento do número de prótons é maior do que o aumento do número de elétrons, assim, ocorre uma maior atração nuclear o que significa que o núcleo atrai os elétrons mais fortemente, atraindo a camada atômica mais próxima do núcleo. Os elétrons de valência são mantidos mais próximos em direção ao núcleo do átomo e, como resultado, o raio atómico diminui. A Figura 1.27 apresenta a ordem de crescimento de raio atômico, em um grupo o raio atômico aumenta de cima para baixo e dentro de um período o crescimento é observado da direita para a esquerda. Figura 1.27 | Raio atômico Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 40 Figura 1.28 | Ponto de fusão para vários elementos Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Melting_points.png>. Acesso em: 29 fev. 2016. Os metais geralmente possuem pontos de fusão elevados, enquanto a maioria dos não metais possuem valores de pontos de fusão baixos. O carbono possui o ponto de fusão mais elevadoentre todos os elementos da tabela periódica seguido do boro. 2.2. Ligações interatômicas primárias Todos os materiais existentes são compostos de átomos. Esses átomos são mantidos e unidos por forças denominadas ligações interatômicas ou ligações químicas que funcionam como molas ligando cada átomo ao seu vizinho. O tipo dessas ligações interatômicas é o que dá origem às diferentes propriedades dos materiais, um exemplo clássico: a grafita e o carbono, ambos compostos por carbono, no entanto, devido à natureza da ligação química exibem diferentes características. Nos materiais, sabemos que os átomos estão dispostos de diferentes maneiras, o que faz outros aspectos serem importantes como o número, comprimento e ângulo dessas ligações. As ligações químicas são classificadas em primárias e secundárias. As ligações primárias envolvem a doação ou o compartilhamento de elétrons para formar uma configuração eletrônica mais estável já que, exceto os gases nobres, todos os átomos dos elementos da tabela periódica possuem uma camada por completar. Por exemplo, a Figura 1.29 apresenta um átomo de sódio (Na) e um átomo de cloro (Cl). O átomo de sódio tem um núcleo contendo 11 prótons e, orbitando suas camadas de energia, 11 elétrons. Observa-se que na camada mais externa o sódio tem apenas um elétron de valência. Já o átomo de cloro possui 17 prótons no núcleo e 17 elétrons em sua órbita, no entanto, na última camada de energia o átomo de cloro apresenta 7 elétrons. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 41 Fonte: O autor. Figura 1.29 | Átomos de sódio (Na) e cloro (Cl) As ligações primárias são de três tipos: iônica, covalente e metálica. As ligações iônicas são ligações fortes e podem acontecer entre dois elementos quando um deles possui um número pequeno de elétrons na camada de valência (ex.: metal) e o outro Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atom-sodium.png>. Acesso em: 18 fev. 2016. A ligação primária irá ocorrer quando o átomo de sódio doar seu elétron de valência e consequentemente ficar com sua camada mais externa preenchida (8 elétrons), ao mesmo tempo que o átomo de cloro, que tem apenas sete elétrons na última camada, recebe o elétron vindo do sódio completando sua camada mais externa com oito elétrons (Figura 1.30). Figura 1.30 | Configuração estável dos átomos de sódio (Na) e cloro (Cl) A regra do octeto se refere à tendência de o átomo “preferir” ter oito elétrons na última camada de valência, ou seja, a tendência atômica de ganhar ou perder elétrons para atingir a configuração eletrônica do gás nobre mais próximo, formando compostos mais estáveis. Na CI Na NaCI CI Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 42 apresenta uma camada de valência quase preenchida (ex.: não metal). O sódio doa seu elétron de valência para completar a última camada do átomo de cloro. Assim, o átomo de cloro que atrai esse elétron se torna um íon carregado negativamente (Cl-), enquanto o átomo de sódio, que doa o elétron, se torna um íon positivo (Na+). A atração entre esses íons de cargas opostas é que forma as ligações primárias iônicas. Esse tipo de ligação é não direcional, ou seja, a magnitude da ligação é igual em todos os sentidos ao redor dos íons (CALLISTER; RETHWISH, 2013), o que permite a liberdade no empacotamento atômico. É importante ressaltar que os íons de sinais opostos devem se cercar mutuamente para manter as ligações entre os átomos (Figura 1.31). estável é obtida pelo compartilhamento de elétrons entre átomos vizinhos. Dois átomos que estão ligados covalentemente irão compartilhar pelo menos um elétron a partir de cada átomo, o que faz esse tipo de ligação ser direcional. Vemos na Figura 1.32 uma molécula do gás metano (CH 4 ) na qual os átomos de carbono fazem ligações covalentes com os átomos de hidrogênio completando oito elétrons em sua última camada de valência. O compartilhamento de Fonte:.<https://commons.wikimedia. org/wiki/ File:Atom-sodium.png>. Acesso em: 18 fev. 2016. Figura 1.31 | Representação esquemática do cristal de cloreto de sódio (NaCl) elétrons é observado na Figura 1.32 destacado Fonte: O autor. pelos círculos pontilhados. Assim como as ligações iônicas, as ligações covalentes podem ser muito fortes, como as encontradas no diamante que resultam em materiais com elevado ponto de fusão, elevado módulo de elasticidade, elevada dureza e baixa condutividade térmica. Esse tipo de ligação é encontrado em materiais cerâmicos à base de silicatos, vidros Como resultado de todas essas características, os materiais que possuem predominantemente ligações iônicas são materiais duros, frágeis, apresentam elevada temperatura de fusão e são bons isolantes térmicos e elétricos. As ligações iônicas é o principal tipo de ligação encontrada nos materiais cerâmicos. Outro tipo de ligação primária são as ligações covalentes. Nas ligações covalentes uma configuração Figura 1.32 | Representação esquemáticada molécula de metano (CH4) Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 43 e nos materiais poliméricos. É muito interessante notar que um material tão duro, como o diamante, e um material relativamente macio, como um polímero, contêm ligações covalentes. Essas diferenças são o resultado não apenas das ligações dentro das moléculas, mas, também, das ligações que mantêm as moléculas unidas. Outro ponto relevante é que podemos ter ligações interatômicas que são parcialmente iónicas e parcialmente covalentes. Na verdade, muito poucos compostos apresentam puramente ligação iônica ou covalente, ou seja, quanto maior a separação dos elementos na tabela periódica, maior caráter iônico terá a ligação. O aumento da tendência para se ter uma ligação iônica é resultado do aumento da eletronegatividade entre elementos. Quanto mais próximos esses valores, mais covalente é a natureza da ligação. Por fim, o último tipo de ligação primária é a ligação metálica. Nestas ligações os elétrons de valência são doados e formam um mar comum de elétrons e, assim, são compartilhados por todos os átomos do metal, ou seja, os elétrons encontram-se praticamente livres para se movimentarem ao longo de todos os átomos do metal formando um “mar de elétrons”. Quando os átomos doam seus elétrons de valência, formam íons que se mantêm unidos pela nuvem de elétrons em torno deles como podemos observar na Figura 1.33. Também é possível ver que esses elétrons de valência se deslocam ao redor de todos os átomos completando suas camadas mais externas com oito elétrons e adquirindo uma configuração eletrônica estável. É justamente esse movimento dos elétrons de valência que faz com que os materiais metálicos sejam bons condutores de eletricidade mesmo em temperaturas relativamente baixas. Nas ligações metálicas as ligações são não direcionais, da mesma forma que as ligações covalentes. Devido a essa característica os metais apresentam boa ductilidade que é a habilidade do metal se deformar antes ou até a sua ruptura. 1. Para se calcular o percentual do caráter iônico de uma ligação, podemos utilizar a Equação abaixo: % ={ 1 − exp[ − (0,25)(X A − X B )2]} x 100 (1.1) Em que X A e X B correspondem aos valores de eletronegatividade de cada elemento. Dessa forma calcule o caráter iônico do cloreto de magnésio (MgCl 2 ) sabendo que os valores de eletronegatividade são, respectivamente, 1, 2 e 3,0 para os átomos de magnésio e cloro. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 44 Figura 1.33 | Representação do movimento dos elétrons em um metal Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Miri6.jpg>. Acesso em: 18 fev. 2016. No geral, os materiais metálicos apresentam pontos de fusão e módulo de elasticidade relativamente elevados, boa condutividade elétrica e brilho metálico. 2.3 Ligações secundárias ou ligações de Van der Waals Além das ligações primárias existem outras ligações mais fracas denominadas ligações secundárias. Este tipo de ligação é encontrado na maioriados materiais, mas os seus efeitos são muitas vezes ofuscados pela força das ligações primárias. Nas ligações secundárias não ocorre a formação de ligações a partir da doação ou do compartilhamento dos elétrons de valência. Essas ligações são geralmente formadas quando ocorre uma distribuição de cargas desigual, criando o que é conhecido como um dipolo em que a carga total é zero, mas uma das extremidades do átomo possui, ligeiramente, carga positiva ou negativa em relação à outra extremidade. Esses dipolos podem ser produzidos por uma flutuação aleatória dos elétrons em torno do que é normalmente um campo elétrico simétrico no átomo. Uma vez que um dipolo aleatório é formado em um átomo, um dipolo induzido é formado no átomo adjacente. Este é o tipo de ligação presente nas moléculas do gás nitrogênio (N 2 ) e é conhecida como ligação de Van der Waals (Figura 1.34). Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 45 Fonte: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Miri9.jpg>. Acesso em: 19 fev. 2016. Figura 1.34 | Ilustração esquemática da ligação de Van der Waals Fonte: O autor. A ligação secundária também pode existir quando temos um dipolo permanente numa molécula, devido a uma disposição assimétrica das regiões positivas e negativas. As moléculas com um dipolo permanente podem induzir um dipolo eletricamente simétrico nas moléculas adjacentes e, assim, formar uma ligação fraca ou, então, podem formar ligações com outras moléculas de dipolo permanente. Os materiais que apresentam predominantemente este tipo de ligação apresentam baixas temperaturas de fusão e ebulição. Existem três tipos de ligações de Van der Waals, no entanto, a mais importante é a denominada forças de London. Nestas ligações ocorrem interações entre dipolos induzidos em átomos ou moléculas, um exemplo é o tetracloreto de carbono (CCl 4 ). Outro tipo de ligação secundária é a ligação de hidrogênio também conhecida como ligações de dipolos permanentes. Esse tipo de ligação é a forma mais forte de ligação secundária e é formada a partir da natureza polar de moléculas que contenham átomos de hidrogênio. A Figura 1.35 mostra a representação esquemática da ligação de hidrogênio entre as moléculas de água (H 2 O). O único elétron dos átomos de hidrogênio é compartilhado com o átomo de oxigênio, dessa forma a extremidade da ligação que contém o hidrogênio se torna carregada positivamente e assim exerce uma intensa força de atração na molécula adjacente que possui a extremidade carregada positivamente. Figura 1.35 | Representação esquemática da ligação de hidrogênio entre as moléculas de água Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 46 Os pontos de fusão e ebulição de materiais que contenham ligações de hidrogênio são anormalmente elevados para os seus pesos atômicos, uma consequência deste tipo de ligação. O artigo intitulado “Materiais cerâmicos catalíticos à base de hexa- aluminato de metais alcalino terrosos (Ba e Ca): síntese e análise estrutural” traz o estudo dos materiais cerâmicos e mostra a importância do tipo de ligação presente nestes materiais. Disponível em: <http://www.scielo. br/scielo.php?pid=S0366-69132015000300350&script=sci_arttext>. Acesso em: 19 fev. 2016. 2.4 Moléculas 2.5 Forças e energia de ligação Moléculas podem ser definidas como o agrupamento de átomos, que pode ser de átomos iguais como o gás hidrogênio (H 2 ) no qual há dois átomos de hidrogênio, ou átomos diferentes como a molécula da água (H 2 O), a qual é formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio. Uma importante característica das moléculas é identificá-las como moléculas polar quando a diferença de eletronegatividade dos átomos provoca um deslocamento de carga ou moléculas apolares quando não existe diferença de eletronegatividade entre os átomos. Adicionalmente aos tipos de ligações é importante compreender as forças e energias de ligação já que as propriedades físicas estão relacionadas com essas naturezas. Quando os átomos estão muito próximos, cada átomo exerce, no outro, uma força repulsiva (F R ) ou atrativa (F A ) na qual a magnitude de cada uma dependerá da distância de separação atômica (r). Essas forças estão relacionadas com a energia de cada átomo (E) e pode ser obtida, matematicamente, através da relação (Equação 1.2): F A OU F R = dE dr (1.2) Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 47 Em que E = energia de ligação e r = distância de separação atômica. Já a força resultante (F) será a somatória das forças atrativas e repulsivas (Equação 1.3), enquanto o equilíbrio atômico será obtido quando a soma destas forças for igual a zero (Equação 1.4): F = F A + F R (1.3) F A + F R = 0 (1.4) Por vezes é mais conveniente trabalhar com energias potenciais entre dois átomos, em vez das forças de atração e repulsão. 1. O desenvolvimento da ciência dos materiais está relacionado com o próprio desenvolvimento das civilizações. O homem primitivo tinha acesso a poucos materiais que estavam disponíveis na natureza. Assinale a alternativa que apresenta somente materiais naturais: a) Lã, ouro, madeira. b) Ferro, vidro, couro. c) Nylon, celulose, lã. d) Borracha, silicone, algodão. e) Madeira, polietileno, ferro. 2. A ciência dos materiais é definida como o estudo da relação entre as estruturas e propriedades dos materiais. Assim é correto o que afirma-se em: a) A composição de um material, de forma geral, é uma característica do material em termos da magnitude da resposta a um determinado estímulo. b) A estrutura de um material está relacionada ao arranjo dos seus componentes internos, desde o nível atômico e organização dos átomos até a escala micro e macroscópica. c) Os cientistas desta área são responsáveis por criar novos produtos e procedimentos de fabricação utilizando materiais inovadores. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 48 d) A ciência dos materiais está estruturada na inter-relação entre composição e processamento. e) As propriedades dos materiais dependem apenas do tipo de processamento do material. 3. Os materiais semicondutores não são tão eficazes como os metais. No entanto, eles têm mobilidades superiores à temperatura ambiente e a temperaturas mais elevadas, isto significa que uma corrente elétrica pode viajar através deles muito mais rápido do que nos metais. Entre os materiais semicondutores destaca-se a utilização de: a) Ferro. b) Cobre. c) Silício. d) Silicone. e) Sódio metálico. 4.Os diferentes modelos atômicos contribuíram para os estudos das estruturas atômicas. Um desses modelos diz que é possível quantizar valores específicos de energia para os elétrons. O elétron pode absorver energia e realizar um salto quântico para um nível (órbita) permitido de maior energia, assim como através da emissão de energia saltar para um nível permitido de menor energia. A afirmação acima refere-se ao modelo atômico: a) Rutherford. b) Thomson. c) Broglie. d) Dalton. e) Bohr. 5.Preencha as lacunas: As ligações _______ são ligações fortes e podem acontecer entre dois elementos quando um deles possui um número __________ de elétrons na camada de valência (ex. metal) e o outro apresenta uma camada de valência ________ preenchida (ex.: não metal). a) Covalentes, igual, totalmente. b) Iônicas, pequeno, quase. c) Metálicas, pequeno, completamente. d) Iônicas, igual, completamente. e) Covalentes, pequeno, quase. Estrutura atômica e ligações interatômicas U1 49 Nesta unidade abordamos aspectos importantes da ciência e resistência dos materiais como: • Aspectos históricos da civilização que coincidem com os estudos desta ciência; • Classificação dos materiais em metais, cerâmicas, polímeros, compósitos, semicondutores, biomateriais, materiais inteligentes e nanomateriais; • A estrutura atômica e as partículas subatômicas; • Ligações interatômicas primárias; • Ligações interatômicas secundárias; • Estudo da tabela periódica e das propriedades dos elementos químicos; • Moléculas; • Força e energia
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