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MULHER-NA-ANTIGUIDADE-CLÁSSICA

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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
1 
 
MULHER NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA: SUA IMPORTÂNCIA NAS 
ESFERAS JURÍDICO-SOCIAL DAS CIDADES-ESTADO DE ATENAS E 
ESPARTA. 
Mário Silva Oliveira Filho
1
 
Nadja Gleide Sá das Neves
2
 
Renilto Carvalho de Oliveira Filho
3
 
 
Resumo: Esta obra tem por objetivo estudar o papel das mulheres gregas nas esferas sócio-
jurídica em Atenas e Esparta. Sinalizamos as seguintes hipóteses: no campo jurídico houve 
uma significativa mudança no tratamento dado à mulher, na equiparação dos direitos civis e 
nas medidas protetivas. Já no campo sócio-cultural observa-se a contínua luta rumo ao 
respeito e reconhecimento da sua contribuição na construção do desenvolvimento econômico 
e estabelecimento da sua função. A partir de pesquisas bibliográficas e documentais, 
priorizar-se-á aqui, o método lógico dedutivo. 
 
Palavras-chave: história; direito; mulher; sociedade. 
 
 
1. Introdução 
 
O presente trabalho tem por objetivos estudar o papel das mulheres gregas nas esferas 
sócio-jurídica na Grécia Antiga especificamente nas cidades-estado de Atenas e Esparta e 
traçar um paralelo com o Brasil contemporâneo; tendo em vista que de modo paradigmático 
elas eram de certa forma, desprovidas de direitos políticos e jurídicos e encontravam-se 
plenamente submetidas socialmente. Em Atenas, a atuação da mulher era bem limitada: 
educada para ser dócil e reservadas ao mundo doméstico, a sua subserviência era transferida 
do pai para o marido após o matrimônio. Em Esparta, a situação era um pouco diferente, as 
mulheres recebiam educação igual as dos homens, participavam inclusive de torneios e 
atividades esportivas, a fim de fortalecer o seu corpo para gerar filhos saudáveis e vigorosos; 
 
1
 Acadêmico do IV semestre do curso de Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, graduado em 
Física pela UESC , pós graduado em Física pela UnB . 
2
 Acadêmica do IV semestre do Curso de Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC, graduada em 
História pela UESC, especializando em História do Brasil pela Unime. 
3
 Acadêmico do IV semestre do curso de Direito na Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC. 
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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
2 
 
elas assim como os homens, iam aos quartéis ao sete anos de idade para serem educadas e 
treinadas para a guerra. 
Diante do contexto ora exposto, trabalharemos com as hipóteses de que no campo 
jurídico houve uma significativa mudança no tratamento dado à mulher no que tange à 
equiparação dos direitos civis, bem como, na criação de medidas protetivas a exemplo da Lei 
11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Já no campo sócio-cultural observa-se uma incessante luta 
feminina no sentido de alcançar o respeito e o reconhecimento da sua importante contribuição 
na construção do desenvolvimento econômico e estabelecimento da sua função social, 
rompendo com as barreiras do preconceito e da desvalorização. 
A condição de subserviência da mulher grega nas cidades-estados de Atenas e Esparta 
limitava-as à execução de atividades domésticas (mesmo quando se lhe era permitido 
fazer/participar de atividades no exterior dos limites domésticos), com o objetivo de deixar 
claro o seu papel de co-partícipe no processo de construção social, impondo-lhes o silêncio, a 
obediência, ou , como no caso das espartanas, preparando-as para serem meras reprodutoras 
de guerreiros. Reduzindo, dessa forma, a mulher à condição de executora de tarefas menores e 
menos valorizadas socialmente, limitando seus direitos civis. Tal situação de desigualdade 
entre homens e mulheres na Grécia antiga nos faz refletir sobre as heranças sócio-jurídicas 
legadas à mulher contemporânea a partir da análise comparativa do papel da mulher nas 
esferas jurídico-social atuais e daquela época. 
 
2. Um pouco de História 
 
A História da Grécia, para fins didáticos, costuma ser dividida em períodos. Sendo 
eles: Período Pré-Homérico (séc. XX – XII a.C.), caracterizado pela formação dos Reinos 
independentes, a divisão em camadas sociais; Período Homérico (séc. XII – VIII a.C.), assim 
chamado por serem os poemas de Homero – Ilíada e Odisséia – os únicos registros escritos, 
também conhecido como “Idade das Trevas”, 
4
 esse período foi marcado pela invasão dos 
povos dórios que não dominavam a escrita e pouco se produziu em termos de conhecimento, 
traz ainda como característica as comunidades gentílicas. O Período Arcaico (séc. VIII – VI 
a.C.) marcado pela colonização de vários povos, dentre eles os fenícios, que contribuíram com 
a escrita fonética, o alfabeto que foi acrescido de vogais pelos gregos; Período Clássico (séc. 
V e IV a.C.) qualificado como a Grécia das Cidades – as póleis ou a polis – eram entidades 
 
4
 SHIMIDT, Mário. A Nova História Crítica. 
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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
3 
 
independentes, Estados juridicamente soberanos e autônomos, havia um centro político, social 
e religioso, uma área rural com pequenas aldeias, fortalezas e portos (nas situadas à beira-
mar). Das centenas de cidades-estado gregas as que mais se destacaram foram Esparta e 
Atenas, foco deste estudo. 
Esparta é um modelo oligárquico de cidade grega, situada na península do Peloponeso, 
essa cidade-estado surgiu a partir do sinecismo de tribos dórias; foi a primeira a incorporar os 
resultados sociais das operações de guerra dos hoplitas. Apresentava como principal 
característica um militarismo acentuado onde os cidadãos-soldados formavam a classe 
dominante: os esparciatas ou espartanos que detinham poder político, religioso e militar. Os 
periecos chamados povos da periferia eram os estrangeiros, comerciantes e artesãos, 
compunham uma população livre, mas sem direitos políticos e eram submetidos à autoridade 
dos espartanos. E, os hilotas, que eram servos do Estado, sem direitos políticos e oprimidos 
pelos espartanos. 
Atenas, principal opositora de Esparta, cidade-estado modelo de democracia, 
desenvolveu-se na região da Ática e foi povoada pelos Aqueus, Eólios e Jônios. Inicialmente 
era oligárquica e o controle político concentrava-se nas mãos dos Eupátridas, os bem nascidos 
(aristocracia rural). O aumento do comércio redefine classes sociais: geomores e demiurgos, 
metecos e escravos. No campo da política, os tiranos provocaram várias reformas políticas 
para atenuar conflitos, tais como as de Drácon (621 a.C) leis escritas (severas); Sólon (594 
a.C) propôs o fim da escravidão por dívidas, divisão censitária da sociedade. Clístenes (510 
a.C), pai da democracia, revisando as leis de Sólon, modificando-as num sentido democrático, 
instituiu o ostracismo – afastamento temporário da cidade – A estabilidade social e o 
progresso. As mulheres, metecos e escravos não possuíam direitos. Cidadãos eram apenas os 
homens, adultos, filhos de pai e mãe atenienses, nascidos em Atenas. 
 
3. Sobre a Mulher 
 
Historicamente, as relações travadas entre homens e mulheres têm resultado 
consequências nos diversos planos da sociedade. Primitivamente eles eram iguais, mas com o 
advento da propriedade privada, os homens que assumiam papéis relevantes para a sociedade 
– administradores e executores – passaram a assumir o monopólio da política; ao que Soares
5
 
aponta como início das desigualdades jurídico-sociais. O regime patriarcal apresenta um forte5
 SOARES, Orlando. A Evolução do Status Jurídico-social da Mulher. 
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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
4 
 
caráter privatístico da educação feminina evidente no: confinamento ao lar, severas 
prescrições, e desfavorecimento em relação ao homem, controlado pelo mecanismo da 
violência que por vezes se manifesta fisicamente, noutras vezes de maneira simbólica, 
conforme Bourdieu
6
. Tal regime, durante séculos relegou à mulher a função do lar, por ser 
considerada atividade menor, não contribuindo diretamente para o crescimento sócio-
econômico e, exatamente por isso, limitava uma maior participação das decisões. 
Passando da condição de escrava à posição de companheira, a mulher vem 
paulatinamente alcançando uma ascensão social. O Progresso da mulher em direção à 
liberdade aponta o caminho para progresso social: “(...) o progresso social e as transformações 
periódicas ocorrem em virtude do progresso da mulher em direção à liberdade, isto é, a 
extensão dos direitos daquela constitui a base geral de todo progresso social.” (FOURIER in 
SOARES, 1978, p. 10). As conquistas de direitos bem como a luta pela liberdade são frutos 
do espírito de luta da mulher, embora a lei em muitos momentos históricos tenha colocado os 
sexos em condição de desigualdade jurídica. 
No plano religioso, na Grécia Antiga, uma mulher nunca poderia ser chefe de um 
culto, que sempre necessitava de um chefe homem. O cristianismo, quando passou a ser a 
religião do Estado, nada alterou a condição da mulher, expressando o interesse das classes 
dominantes, coadunando com o posicionamento de conservação da ideia da mulher como 
sendo inferior e devedora de obediência ao marido. 
Para o Direito Greco-romano, a mulher devia passar por várias fases de sujeição. 
Quando pequena, sujeita-se ao pai, na mocidade ao marido, na viuvez aos filhos ou parentes 
dos marido e ainda havia alguns casos em que o marido poderia inclusive escolher-lhe um 
segundo marido ao aproximar-se da morte. Em suma, nunca devia governar-se. Na vida civil, 
esta vinculava-se sempre a um tutor para exercer os atos a ela nunca permitidos. 
Por fim, na contemporaneidade, com o advento do capitalismo e da formação de uma 
sociedade de consumo, a mulher serve de objeto para vender todo tipo de produto. Os padrões 
morais capitalistas rotulam alguns tipos: Homens Espertos, Mulheres Vadias, Homem 
Ambicioso (sustentam o luxo de Mulheres Lânguidas e Fúteis). A capacidade intelectiva da 
mulher, ainda nesse contexto, é tratada preconceituosamente, como se estas fossem 
inabilitadas para o campo da ciência e de todos os postos de poder é transformada em anedota 
a que se lança em empreendimentos científico-intelectuais. 
 
 
6
 BOURDIEU, Pierre. A Dominação Masculina. 
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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
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Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
5 
 
4. As Mulheres de Atenas 
 
Atenas, berço da Democracia ocidental, reservava às mulheres um papel pouco 
democrático. A começar pela educação doméstica em que estavam inseridas, onde o patriarca 
da família decidia seu destino no momento em que escolhia seu marido, normalmente sem 
relações afetivas e mais pelo desejo de estar à família diante de um “bom negócio”. A jovem 
mulher era educada pelas mulheres mais velhas, mãe, avós e criadas, as quais lhe ensinavam a 
tecer e cozinhar; aprendia um pouco de música e também de leitura, que iriam ser 
fundamentais na vida que teriam de dedicação a futura família patriarcal. 
Quando Aristóteles escreve “Política” 
7
 - a ciência da felicidade humana – tem como 
meta descobrir inicialmente a maneira de viver que leva à felicidade humana e, para tanto, 
dispõe da certeza de Hesíodo quando ele disse: “primeiro a casa, uma mulher e um boi no 
arado”, pois o boi é o escravo do pobre e a casa a comunidade das necessidades diárias onde 
a mulher realiza as tarefas, ou mesmo quando apóia suas idéias para governabilidade de uma 
cidade-estado nos dizeres de Homero: “(...) cada um dita a lei aos filhos e às esposas (...)”, e 
reafirma a posição da mulher ateniense quando observa que “(...) a moderação de uma 
mulher e a de um homem não são idênticas, nem sua coragem e sentimento de justiça, como 
pensava Sócrates; uma é a coragem de comando, a outra de obediência, e o mesmo 
acontecem com outras qualidades” 
 8
. Portanto, como podemos observar, o papel da mulher 
na sociedade ateniense era de puro adestramento; reservada ao afazeres doméstico e educada 
para ser dócil. 
Poucas diferenças em relação à mulher foram observadas nas camadas sociais que 
compunham a sociedade ateniense. Elas eram desprezadas pelos seus maridos, lhes restando 
apenas a função de procriar com o intuito de manter o patrimônio familiar, bem como a 
função de cuidar dos pais na velhice. Nas questões políticas, mesmo após a reforma, a mulher 
continuava sendo considerada inapta para tais assuntos. Mesmo com vida baseada na 
submissão ao marido não se tem relatos de insubordinação, a não ser o sentimento de 
resignação diante de tanto desprezo. 
Entretanto, aparecem durante o período clássico da Grécia peças teatrais, entre elas a 
obra cômica de Aristófanes, em que apresenta na ficção a figura de Lisístrata, ateniense que 
chefiara uma greve de sexo para por fim a uma guerra que durara 20 anos e, para tanto, 
 
7
ARISTÓTELES. Política, 1997. 14 p. 
8
 Ibid 7. p 14. Ibid., p 32. 
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DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
6 
 
contava com a adesão das mulheres das cidades gregas de Esparta, de Beocia e de Coríntio, 
para por fim a tais hostilidades. Outra peça teatral, desta vez com autoria de Sófoles, 
apropriada de saberes jurídicos para exemplificar o Direito Natural, traz como heroína a 
figura de Antígona, filha incestuosa de Édipo (que matara seu pai para casar-se com sua mãe), 
que invoca regras transcendentais para justificar a sua posição desafiadora diante da 
concepção da norma positivista
9
. 
Observamos, portanto, que mesmo diante de tais ficções em que a mulher aparece 
agindo como sujeito ativo e não mero objeto passivo, a lição ao final de cada espetáculo trazia 
mais a forma de como a mulher não deveria se comportar e manter a estrutura daquela 
sociedade onde o papel da mulher subordinada é uma das marcas que contempla o passado 
Grego e mais especificamente de Atenas. 
 
5. Em Esparta 
 
Esparta localizada na península do Peloponeso, foi fundada pelos Dórios, no século IX 
a.C. Para manter seus domínios, a aristocracia de origem dória montou uma estrutura militar 
forte. 
A educação Espartana concentrava-se nas mãos do Estado, e era de responsabilidade 
obrigatória do governo, recebia um nome técnico agogê. Tinha como escopo locupletar, a 
nação de soldados bravos e invencíveis. 
Antes de nascer, já o futuro cidadão tomba sob o impiedoso controle estatal. As moças 
eram submetidas a exercícios físicos com uma finalidade eugênica: deveriam ser mães 
robustas, vigorosas e dotadas de qualidade viris.
10
 
O modelo de ensino objetivava formar patriotas, visando a intervenção na guerra e a 
manutenção da segurança da cidade-estado, os treinamentos físicos eram constantes, os jovens 
praticavam sempre atividades tais como saltos, corrida, natação, lançamento de disco e dardo. 
Nos treinamento de batalha as meninas se dedicavam ao arcoe flecha, enquanto os meninos 
se especializavam em combate corporal, como também em táticas de defesa e ataque. 
As mulheres recebiam educação corporal igual à dos homens participavam inclusive 
de torneios e atividades esportivas. A finalidade era fortalecer o seu corpo para gerar filhos 
saudáveis e vigorosos. Baseava-se na prática de exercícios ao ar livre, com a música e a 
 
9
 GODOY, Arnaldo Moraes. A Mulher no Direito Grego Clássico: Uma Abordagem Literária. 
10
 GIORDANE, Márcio Curtis. Antiguidade Clássica – História da Grécia. 
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ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
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dança. Elas, assim como os homens, iam aos quartéis aos sete anos de idade para serem 
educadas e treinadas para a guerra, mas, não ficavam alojadas, após os treinos diários 
retornavam para casa, onde recebiam aulas de educação sexual da própria mãe, e quando 
atingiam a chamada menarca (primeira menstruação), começavam a receber aulas práticas de 
sexo, para gerarem bons cidadãos para o estado. E tinham uma educação mais avançada que a 
dos homens, já que seriam elas que trabalhariam e cuidariam da casa enquanto seus maridos 
estivessem nos campos de batalha servindo ao exército. 
 
6. Hoje no Brasil 
 
A partir da década de 70 a mulher brasileira de maneira mais acentuada se inseriu no 
mercado de trabalho. No final desse período surgiram movimentos sindicais e feministas. Na 
década de 1980, nasce a CUT e a Comissão Nacional da Mulher Trabalhadora. A mulher 
ganhou mais força dentro do movimento sindical. O processo de redemocratização no Brasil 
começou no final da década de 1980, período marcado pelo resgate da cidadania e da vasta 
produção normativa a fim de promover a regulamentação da garantia dos direitos humanos, 
dos direitos individuais e sociais. 
 
De fato, a Constituição Federal Brasileira de 1988 é o marco político 
institucional e jurídico que reordenou todo o sistema brasileiro e impôs a 
adequação de todas as normas legais aos parâmetros dos direitos humanos. 
Nesse sentido, temos que reconhecer que as mulheres, em ambas as décadas, 
alcançaram progressos que modificaram o seu cotidiano nas esferas pública e 
privada brasileiras. (RODRIGUES, et al, 2006, p. 11) 
 
Apesar de ser garantido o direito de igualdade, as mulheres enfrentam obstáculos que 
impedem o exercício desse direito, dentre essas barreiras destacam-se: A violência doméstica, 
que apesar da Instituição da Lei 11.340/2006 ( Lei Maria da Penha) ainda é muito frequente 
nas famílias brasileiras; o acesso a educação, ao trabalho, e aos direitos previdenciários, 
paridade salarial, entre outros. 
O movimento feminista desempenhou um papel muito importante na trajetória rumo a 
cidadania, influenciando elaborações de leis e políticas públicas visando à eliminação das 
desigualdades entre homens e mulheres, tanto no espaço público quanto no privado.
11
 A força 
motriz dessas conquistas no Brasil foi a Constituição de 1988, que fez do país signatário de 
tratados internacionais, e elaborou leis que ampliaram e consolidaram direitos das mulheres, 
 
11
 RODRIGUES, Almira, et al. O Progresso das Mulheres no Brasil. 
 
ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
8 
 
Tais como: As leis de cotas (Lei 9.504, de 30/9/1997), que reserva o mínimo de 30% e o 
máximo de 70% para candidatos do mesmo sexo. Anteriormente a Lei 9.100/95, já assegurava 
uma cota mínima de 20% das vagas de cada partido ou coligação para a candidatura de 
mulheres; direitos trabalhistas, integração das trabalhadoras domésticas à previdência social, 
licença maternidade de 120 dias; Saúde sexual e reprodutiva, que com a CFRB/88 passou a 
ser um direito social; Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que visa proteger a mulher da 
violência familiar; entre outros. 
 
7. Conclusões 
 
No período clássico da história grega, a mulher assumiu um papel diverso nos planos 
sócio-jurídico das cidades-estado de Atenas e Esparta. Nesta última, ela participava 
ativamente do movimento propulsor da sociedade, o militarismo, muito embora fosse com a 
finalidade de tornar-se casulo saudável para a procriação de indivíduos perfeitos para o Estado 
espartano. Naquela, a função social da mulher era considerada inexistente, visto que não 
possuía direitos, não participava das decisões políticas, não haviam ascendido à condição de 
cidadã. Na cidade-estado berço da democracia, eram submissas, obedientes, pacatas, e 
constantemente humilhadas. 
Traçando um paralelo com a realidade contemporânea brasileira, houve uma mudança 
significativa no tratamento dado à mulher, no plano jurídico, pois várias conquistas foram 
alcançadas no sentido da equiparação dos direitos destas ao direito dos homens, e também na 
criação de medidas que visam proteger a aplicação de tais normas. Entretanto, no plano sócio-
cultural a evolução acontece, embora a passos lentos, a luta feminina no sentido de 
desconstruir práticas seculares e alcançar o respeito, o reconhecimento e a valorização, por 
vezes faz-nos lembrar dos tempos da Antiguidade Clássica. E romper com certos preconceitos 
incrustados na essência de uma sociedade ainda paternalista indica que ainda temos um 
caminho longo, embora legítimo, pela frente. 
 
8. Referências Bibliográficas 
 
ANDERSON, Perry. Passagens da antiguidade ao feudalismo. 5. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 1994. 293p. 
 
ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
9 
 
AQUINO, Rubim Santos Leão de; FRANCO, Denise de Azevedo; LOPES, Oscar Guilherme 
P. Campos. História das sociedades- Das comunidades Primitivas Às Sociedades 
Medievais. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 1980. 
 
ARISTÓTELES. Política. 3a ed. Brasília: Ed. UnB, 1985. 317p. 
 
BOURDIEU. Pierre. A dominação masculina. 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005. 
 
BRASIL. Constituição: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. 292 
p. 
 
FOUCALT, Michel. Microfísica do poder. 10. ed Rio de Janeiro: Graal, 1992. 295 p. 
 
GIORDANI, Mário Curtis. Antiguidade clássica I: História da Grécia. 2. ed Rio de Janeiro: 
Vozes, 1972. 518 p. 
 
GODOY, Arnaldo Moraes. A Mulher no Direito Grego Clássico: Uma Abordagem 
Literária. Disponível em: 
<http://www.arnaldogodoy.adv.br/publica/a_mulher_no_direito_grego_classico.html>. 
Acesso em: 16 nov. 2011. 
 
JAEGER, Werner. Paidéia: a formação do homem grego. São Paulo: Martins Fontes, 1995. 
1413 p. 
 
MACIEL, José Fabio Rodrigues; AGUIAR, Renan. . História do direito. 2. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2008. x, 167p. 
 
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 
10 ed. São Paulo: Atlas, 2008. 321p 
 
RODRIGUES, Almira, et all. O Progresso das Mulheres no Brasil. Versão para internet, 
disponível em: 
ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DE PRODUÇÃO CIENTÍFICA 
DO GRUPO INSTITUCIONAL DE PESQUISA EM DIREITOS HUMANOS E FUNDAMENTAIS – GPDH 
Universidade Estadual de Santa Cruz – Ilhéus/BA – 2011 
 
10 
 
<http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/Cartilhas/Progresso%20das%20Mulheres%20no
%20Brasil.pdf>. Acesso em 15 nov. 2011. 
 
ROSTOVTZEFF, Michael Ivanovitch. Historia da Grecia. 3.ed. Rio de Janeiro: Ed. 
Guanabara, 1986. 314p. 
 
SCMIDT, Mario Furley. Nova História Crítica : Ensino Médio: Volume único. São Paulo: 
Nova Geração, 2005. 840p. 
 
SOARES, Orlando. A evoluçãodo status jurídico social da mulher. Rio de Janeiro: Rio, 
1978. 246 p.

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