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www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 1 RESOLUÇÃO DO SEGUNDO EXERCÍCIO DE RECURSO ORDINÁRIO O pedido formulado numa reclamação trabalhista foi julgado procedente em parte. O juiz condenou a autora a 6 meses de detenção por crime contra a organização do trabalho, pois comprovadamente ela estava recebendo seguro desemprego nos dois primeiros meses do contrato de trabalho e por isso pediu para a empresa não assi- nar a sua CTPS nesse período; o magistrado reconheceu que a autora excedia a jornada em 3 horas diárias mas limitou o pagamento da sobrejornada a duas horas por dia com adicional de 50%, em razão do Art. 59 da CLT; reconheceu que a acionante trabalhou 10 horas em regime de prontidão no último mês trabalhado e deferiu o pagamento de 1/3 dessas horas; reconheceu que o local de trabalho da autora era de difícil acesso e que no des- locamento ela gastava 2 horas diárias mas, por existir acordo coletivo fixando a média de 1:30 h, com transporte concedido pelo empregador, deferiu, com base no § 3º do Art. 58, da CLT, 1:30 h por dia como hora in itinere; deferiu o requerimento da empresa e, com sustentáculo no Art. 940 do CCB, determinou a devolução em dobro do 13º salário do ano de 2012 porque a autora o postulou integralmente, sem qualquer ressalva, quando a 1ª parcela já havia sido quitada pela empresa. As custas foram arbitradas em R$ 300,00 sobre o valor arbitrado à condenação de R$ 15.000,00. Autora: Verônica Silva; Ré: Indústria Metalúrgica Ribeiro S.A., que possui 1.600 empregados; Processo 1111- 55.2012.5.03.0100, em trâmite na 100ª VT/MG.Analisando a narrativa e considerando que a trabalhadora não se conformou com a sentença, apresente a peça pertinente à reversão da decisão, no que couber, sem criar dados ou fatos não informados. (IX EXAME DE ORDEM) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA 100ª VARA DO TRABALHO DO ...../MG Processo nº. 1111-55.2012.5.03.0100 VERÔNICA SILVA, já qualificada nos autos em epígrafe, em que contende com Indústria METALÚRGICA RI- BEIRO S.A., também qualificada, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advoga- do adiante assinado, com fulcro nos artigos 893, II e 895, I, da CLT, interpor: RECURSO ORDINÁRIO Para o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região. Encontram-se presentes todos os pressupostos de admissibilidade do recurso, dentre os quais se desta- cam a legitimidade, a capacidade, o interesse processual, a tempestividade e a regularidade de representação. Diante do exposto, requer o recebimento do presente recurso, a intimação da outra parte para apresentar contrarrazões ao recurso ordinário, no prazo de 8 dias, conforme estabelece o art. 900 da CLT, e a posterior re- messa ao Egrégio Tribunal do Trabalho da 3ª Região. Nestes Termos, Pede Deferimento. Local e Data. Advogado OAB n°. EGRÉGIO TRIBIUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 3ª REGIÃO RAZÕES DO RECURSO ORDINÁRIO A respeitável sentença não merece ser mantida, razão pela qual requer a sua reforma. I - MÉRITO 1. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA O juízo a quo condenou a autora a 6 meses de detenção por crime contra a organização do trabalho. A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos da ADI 3684, a Justiça do Trabalho é incompetente para processar e julgar crimes. Ademais, a competência para julgar crimes contra a organização do trabalho é da Justiça Comum Federal, nos termos do art. 109, VI, da CF. A apreciação de prática criminosa pelo juiz do trabalho implica violação ao devido processo legal e, assim, ao art. 5º, LIV, da CF. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para afastar a condenação da parte autora. www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 2 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA Art. 5º, CF. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; Art. 109, CF. Aos juízes federais compete processar e julgar: VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 2. HORAS EXTRAS O Juízo a quo reconheceu que a autora excedia a jornada em 3 horas diárias, mas limitou o pagamento da sobrejornada a duas horas por dia com adicional de 50%, em razão do art. 59 da CLT. A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos da súmula 376, I, do TST, a limitação legal da jor- nada suplementar a duas horas diárias, prevista no art. 59 da CLT, não exime o empregador de pagar todas as horas trabalhadas em regime de sobrejornada, em observância ao princípio da primazia da realidade, sob pena de enriquecimento ilícito do empregador. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para condenar a reclamada ao pagamento de 3 horas extras diárias, acrescidas de 50%. LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA Súmula 376, TST. HORAS EXTRAS. LIMITAÇÃO. ART. 59 DA CLT. REFLEXOS (conversão das Orientações Jurisprudenciais nºs 89 e 117 da SBDI-1) - Res. 129/2005, DJ 20, 22 e 25.04.2005 I - A limitação legal da jornada suplementar a duas horas diárias não exime o empregador de pagar todas as ho- ras trabalhadas. (ex-OJ nº 117 da SBDI-1 - inserida em 20.11.1997) Art. 59, CLT. A duração normal do trabalho poderá ser acrescida de horas suplementares, em número não exce- dente de 2 (duas), mediante acordo escrito entre empregador e empregado, ou mediante contrato coletivo de tra- balho. SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 59 da CLT, acrescentar a súmula 376 do TST. 3. PRONTIDÃO O juízo a quo reconheceu que a acionante laborou 10 horas em regime de prontidão, no último mês tra- balhado e deferiu o pagamento de 1/3 dessas horas. A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos do art. 244, § 3º, da CLT, as horas de prontidão de- vem ser pagas na razão de 2/3 da hora normal. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para condenar a reclamada ao pagamento 2/3 da hora normal, em decorrência das horas de prontidão. Legislação Específica Art. 244, CLT. As estradas de ferro poderão ter empregados extranumerários, de sobre-aviso e de prontidão, para executarem serviços imprevistos ou para substituições de outros empregados que faltem à escala organizada. § 3º Considera-se de "prontidão" o empregado que ficar nas dependências da estrada, aguardando ordens. A escala de prontidão será, no máximo, de doze horas. As horas de prontidão serão, para todos os efeitos, contadas à razão de 2/3 (dois terços) do salário-hora normal www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 3 SUGESTÃO DE REMISSÃO: não há. 4. HORAS IN ITINERE O juízo a quo reconheceu que o local de trabalho da autora era de difícil acesso e que, no deslocamento, ela gastava 2 horas diárias, mas, por existir acordo coletivo fixando a média de 1:30 h, com transporte concedido pelo empregador, deferiu, com base no § 3º do art. 58, da CLT, 1:30 h por dia como hora in itinere. A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos do art. 58, § 3º, da CLT, somente as microempre- sas e empresas de pequeno porte poderão, por meio de acordo ou convenção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, fixar o tempo médio despendido pelo empregado no deslocamento. A norma coletiva, portanto, não se aplica a empresas de grande porte, como é o caso da ré, que é uma sociedade anônima. Ressalte-se que, nos artigos 3º, caput, e 30, § 3º, I, da LC 123/06, as sociedades anônimas não podem ser consideradas microempresas ou empresas de pequeno porte. Diante do exposto,requer a reforma da sentença para condenar a reclamada a pagar 2 horas extras diá- rias pelo tempo de deslocamento. Legislação Específica Art. 58, CLT. A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. § 3o Poderão ser fixados, para as microempresas e empresas de pequeno porte, por meio de acordo ou conven- ção coletiva, em caso de transporte fornecido pelo empregador, em local de difícil acesso ou não servido por transporte público, o tempo médio despendido pelo empregado, bem como a forma e a natureza da remuneração. Art. 3º, LC 123/2006. Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples, a empresa individual de responsabilidade limitada e o empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, des- de que: I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (tre- zentos e sessenta mil reais); e II - no caso da empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). Art. 30, LC 123/2006. A exclusão do Simples Nacional, mediante comunicação das microempresas ou das em- presas de pequeno porte, dar-se-á: § 3o A alteração de dados no CNPJ, informada pela ME ou EPP à Secretaria da Receita Federal do Brasil, equiva- lerá à comunicação obrigatória de exclusão do Simples Nacional nas seguintes hipóteses: I - alteração de natureza jurídica para Sociedade Anônima, Sociedade Empresária em Comandita por Ações, So- ciedade em Conta de Participação ou Estabelecimento, no Brasil, de Sociedade Estrangeira; SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 58, § 3º, da CLT incluir o art. 3º e 30, § 3º, I, da LC 123/2006. 5. DEVOLUÇÃO DO DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO O juízo a quo, com sustentáculo no art. 940, do CCB, determinou a devolução em dobro do 13º salário do ano de 2012 porque a autora o postulou integralmente, sem qualquer ressalva, quando a 1ª parcela já havia sido quitada pela empresa. A sentença não merece ser mantida, pois, nos termos do art. 8º, parágrafo único, da CLT, o direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho naquilo em que não for incompatível com os princípios fundamentais deste e o art. 940, do CCB, é incompatível com o princípio da proteção inerente ao direito do trabalho. Diante do exposto, requer a reforma da sentença para que seja afastada a determinação de devolução em dobro do 13º salário do ano de 2012. Legislação Específica Art. 8º, CLT. As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por eqüidade e outros princípios e normas gerais de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm#art966 www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 4 direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse público. Parágrafo único - O direito comum será fonte subsidiária do direito do trabalho, naquilo em que não for incompatí- vel com os princípios fundamentais deste. Art. 940, CCB. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebi- das ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. SUGESTÃO DE REMISSÃO: no art. 8º, da CLT, acrescentar o art. 940 CC. III – REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer o conhecimento do presente recurso, e, no mérito, o seu provimento, para fins de reco- nhecer a incompetência absoluta da Justiça do Trabalho para julgar crimes contra organização do trabalho e a reforma da sentença para julgar procedentes as postulações do reclamante. Nestes Termos, Pede Deferimento. Local e Data. Advogado. OAB n. _______________________________________________________________ ESPELHO DE CORREÇÃO Espelho de correção Item Pontuação Nota ANÁLISE ESTRUTURAL - indicação do recurso ordinário da autora com base no Art. 895, I da CLT. - direcionamento do recurso ao juiz de 1º grau e destinação das razões recursais ao TRT. (0,40) Obs.: A falta de qualquer elemento estrutural ou a indicação de juntada de comprovante de custas e/ou depósito recursal ocasionará a perda de 0,20 pon- tos. 0 / 0,2 / 0,4 INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA – a Justiça do Tra- balho não tem competência criminal OU houve afronta ao princípio do devido processo legal, pois o magistrado não poderia apreciar eventual prática de conduta criminosa OU a competência é da Justiça Federal Comum (0,50). Indicação do Art. 5º, LIV ou 114 ou 109, I ou IV ou VI da CF/88 OU Súmula 115 TFR OU ADI 3684-0 (0,20). 0,00/0,50/ 0,70 HORA EXTRAS – não devem ficar limitadas às duas horas, sob pena de enriquecimento ilícito do empre- gador OU deve ser observado o princípio da prima- zia da realidade OU todas as horas extras prestadas devem ser pagas (0,50). Indicação da Súmula 376, I, do TST (0,20). 0,00/0,50/ 0,70 HORAS PRONTIDÃO – devem ser pagas na razão de 2/3 da hora normal (0,50). Indicação do Art. 244, § 3º, da CLT (0,50). 0,00/0,50/ 1,00 www.cers.com.br OAB 2ª FASE – XX EXAME DE ORDEM Direito do Trabalho – Aula 11 Aryanna Linhares 5 Item Pontuação Nota HORA IN ITINERE – a norma coletiva não se aplica a empresas de grande porte, como é o caso da ré, uma S.A. (0,50). Indicação do Art. 58, § 3º, da CLT OU Art. 3º, caput ou 30 § 3º, I da LC 123/06. (0,50). 0,00/0,50/ 1,00 ART. 940 do CCB – inaplicável ao processo do tra- balho em razão de incompatibilidade com o princípio da proteção OU viola princípios trabalhistas (0,50). Indicação do Art. 8º, § único, da CLT (0,30). 0,00/0,50/ 0,8 REQUERIMENTOS FINAIS Encerramento reiterando a incompetência absoluta (0,10), além do conhecimento (0,10) e provimento do recurso (0,20). 0,00/0,10/ 0,20/0,30/ 0,40 TOTAL 5,0
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