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Livro - Contabilidade Socioambiental (2)

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CONTABILIDADE
SOCIOAMBIENTAL
Janaína Gabrielle M. C. da Cunha Amarante
Karla Regina Santos Ribeiro 
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Contabilidade socioambiental, livro de cunho acadêmico, aborda a importan-
te integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as exigências 
relacionadas ao assunto, revelando a missão da contabilidade ambiental ao de-
monstrar e evidenciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado 
aos procedimentos contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência 
às partes interessadas. 
Com o perfil direcionado a para gestão contábil apoiada nas preocupações 
socioambientais, este livro tem o intuito de preparar o leitor para a atuação 
profissional contábil de maneira mais ampla, com base no aprimoramento dos 
procedimentos contábeis que atendam às exigências das normativas legais 
ambientais, às necessidades, às expectativas e aos anseios da sociedade, de 
modo a fortalecer as estratégias organizacionais.
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6376-5
Janaína Gabrielle M. C. da Cunha Amarante
Karla Regina Santos Ribeiro
IESDE BRASIL S/A
Curitiba
2017
Contabilidade
Socioambiental
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
A51c Amarante, Janaína Gabrielle M. C. da Cunha
Contabilidade socioambiental / Janaína Gabrielle M. C. da Cunha 
Amarante, Karla Regina Santos Ribeiro. - 1. ed. - Curitiba, PR : 
IESDE Brasil, 2017.
232 p. : il. ; 21 cm.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6376-5
1. Contabilidade. I. Ribeiro, Karla Regina Santos. II. Título.
17-45465 CDD: 657
CDU: 657
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
© 2017 – IESDE Brasil S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer 
processo, sem autorização por escrito das autoras e do detentor dos direitos autorais.
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Produção
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Raquel Andrade Lorenz
Revisão IESDE
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Capa Vitor Bernardo Backes Lopes
Imagem Capa stockcreations/Shutterstock.com
Arte-Final Evelyn Caroline dos Santos Betim
Sumário
 Carta ao aluno | 5
1. Noções gerais de meio ambiente | 7
2. Introdução à contabilidade ambiental | 27
3. Patrimônio ambiental | 43
4. Fatos ambientais | 63
5. EIA/RIMA | 83
6. Balanço Social | 101
7. Auditoria ambiental | 125
8. Responsabilidade ambiental | 143
9. Aspectos econômicos e sociais sobre 
exploração ambiental | 163
10. Aspectos tributários ambientais | 177
 Gabarito | 195
 Referências | 213
Carta ao aluno
Atualmente, os assuntos mais discutidos no âmbito corpo-
rativo perpassam, inevitavelmente, por uma busca de profissionais 
preparados para o dinamismo mercadológico, pelo domínio da ges-
tão patrimonial, pela alocação dos recursos e pela operacionaliza-
ção das atividades organizacionais, de forma sistêmica e integrada, 
com foco na efetiva responsabilidade socioambiental. Tal interesse 
é decorrente das preocupações relativas aos impactos ambientais 
– 6 –
Contabilidade socioambiental
gerados pelas atividades empresariais, à redução dos recursos naturais dis-
poníveis e ao crescimento progressivo populacional. Além disso, emerge a 
responsabilidade da condução e da avaliação patrimonial, a gestão de registro, 
a contabilização e a transparência ligadas aos eventos socioambientais, bem 
como as necessárias ações para redução ou eliminação dos impactos gerados 
pelo sistema produtivo empresarial.
Sob essa perspectiva, com o perfil direcionado para a gestão contábil 
baseada nas preocupações socioambientais, esta obra apresenta a contabili-
dade ambiental, vertente da contabilidade, visando à atuação profissional 
contábil de maneira mais ampla, com o aprimoramento dos procedimen-
tos contábeis que atendem às exigências das normativas legais ambientais, 
às necessidades, às expectativas e aos anseios da sociedade e, concomitante-
mente, fazendo parte das estratégias organizacionais.
Contabilidade socioambiental, obra de cunho didático-acadêmico, aborda 
a importante integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as 
exigências relacionadas ao tema, revelando a missão da contabilidade ambien-
tal ao evidenciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado aos 
procedimentos contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência 
às partes interessadas.
Com uma leitura facilmente compreensível, esta obra apresenta uma 
estrutura lógica sequencial para o entendimento da temática, compreen-
dendo desde o início das noções gerais de meio ambiente e contabilidade 
ambiental até os aspectos relativos a registros, legislações, auditorias e tribu-
tações da área.
Boa leitura!
Noções gerais de 
meio ambiente
Introdução
Neste primeiro capítulo são apresentadas as definições 
conceituais de meio ambiente e seus fundamentos introdutórios e 
basilares, sob a perspectiva histórica, assim como as legislações e 
implicações relacionadas.
Os conhecimentos destacados neste capítulo são impor-
tantes para desenvolver o entendimento do que é meio ambiente, 
buscando-se o aprimoramento das habilidades e das ações relativas 
à gestão dos recursos naturais.
1
Contabilidade Socioambiental
– 8 –
1.1 O meio ambiente
Os estímulos aos debates sobre questões ambientais já avançaram mais 
de um século. Sobretudo as últimas décadas foram marcadas por discussões 
mais resolutas e consistentes, em virtude das preocupações com o crescimento 
progressivo populacional e o sistema capitalista de produção. 
Em 1987, a população mundial consistia em 5 bilhões de pessoas; em 
1999, 6 bilhões; e, atualmente, a população é estimada em mais de 7 bilhões 
de indivíduos (ONU BRASIL, 2017), o que tem como consequência natural 
o aumento do consumo e o necessário atendimento às demandas sociais. 
Desde os primórdios da civilização, os seres humanos utilizam os recur-
sos naturais para sobrevivência. Contudo, a partir do período da Revolução 
Industrial (séculos XVIII e XIX), esses recursos passaram a ser explorados de 
maneira exaustiva, em decorrência do aumento da oferta de produtos. Isso 
se deu devido à adoção de sistemas mecanizados de produção e à utiliza-
ção do vapor como força motriz de engenhos e equipamentos. O sistema de 
produção decorrente da Revolução Industrial configurou-se como crescente 
e desenfreado e, consequentemente, as indústrias passaram a se apropriar 
dos recursos naturais em um ritmo frenético, mais rápido do que o meio 
ambiente era capaz de recompor. 
De acordo com Vanalle e Santos (2014), o consumo descontrolado dos 
recursos naturais e a geração de resíduos e emissões atmosféricas, originados 
a partir do século XVIII, desencadearam sérios desequilíbrios ambientais, 
intensificados em épocas posteriores. A trajetória da transição da Revolução 
Industrial para a revolução tecnológica destacou a relevância da energia elé-
trica, uma vez que todo desenvolvimento está atrelado ao crescimento da 
demanda da energia elétrica, bem como dos demais recursos naturais.
Naquele período após a Revolução Industrial, os recursos da natureza 
eram considerados, erroneamente, inesgotáveis, e sua exploração desen-
freada desencadeou o início dos problemas ambientais que são vivenciados 
até hoje, no século XXI. Segundo Martins e Ribeiro (1995), o pensamento 
empresarial no período do desenvolvimento tecnológico e econômico pós-
-Revolução Industrial baseava-se na gratuidade dos recursos, não se dando 
importância ao fato de estes serem renováveis ou não. Nessa época não havia 
– 9 –
Noções gerais de meio ambiente
a consciência de que um dia tais recursos poderiam ser escassos,acarretando 
problemas futuros, e só se pensava na utilização de recursos naturais em 
grandes proporções.
A crescente degradação ambiental resultou em consideráveis impac-
tos, os quais se materializaram em alterações na natureza, como enchentes, 
falta d’água e outras inúmeras calamidades derivadas do denominado efeito 
estufa. Barsano, Barbosa e Viana (2014) alegam que o desenvolvimento tec-
nológico industrial, a busca descontrolada por riquezas naturais e a ausência 
de um planejamento de recuperação ambiental consistem nas principais 
origens de um conjunto de repercussões negativas ao meio ambiente, como 
grandes catástrofes naturais, poluição extrema e um aquecimento global 
como nunca vislumbrado. 
Diante da crise ambiental instaurada, muitas discussões são levanta-
das acerca do tema no âmbito do Estado. A sociedade, em geral, passa a 
exigir maiores cuidados com o meio ambiente, bem como novas formas 
de preservar sua estrutura. De acordo com Kneipp et al. (2012, p. 53), “o 
desenvolvimento econômico e tecnológico trouxe reflexos para a sociedade 
e para o meio ambiente, criando novas exigências e condicionantes para a 
atividade industrial”. 
Dessas discussões resultaram vários conceitos e dispositivos legais para 
tutelar1 os recursos naturais nos diversos países do globo, cujo denominador 
comum se encontra na ideia de um desenvolvimento sustentável, pautado no 
dever de manter equilibrado o meio ambiente.
Com a inquietude universal no que se refere ao uso dos recursos natu-
rais de forma saudável e sustentável, a ONU – Organização das Nações 
Unidas –, em 1972, convocou, em Estocolmo (Suécia), a Conferência 
das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, na qual definiu o meio 
ambiente como “conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e 
sociais capazes de causar efeitos diretos e indiretos, em um prazo curto ou 
longo, sobre os seres vivos e as atividades humanas” (SCHWANKE, 2013, 
p. 30). Desde então, existe um movimento mundial para solucionar os pro-
blemas relacionados ao meio ambiente. 
1 Proteger, defender.
Contabilidade Socioambiental
– 10 –
No Brasil, a Lei n. 6.938/81 (BRASIL, 1981) instituiu a Política 
Nacional do Meio Ambiente (PNMA) brasileira, objetivando-se a proteção e 
a preservação de todos os tipos de vida. Em seguida, no ano de 1988, com a 
promulgação da Constituição Federal, o Estado eleva o meio ambiente sadio 
à condição de direito de todos os cidadãos. 
Segundo a Constituição, o meio ambiente é patrimônio de utilidade 
pública. Entre os pontos que resultaram como fruto desse debate legislativo 
está o artigo 225, que expressa diretrizes sobre a defesa ambiental e o patrimô-
nio genético, destacando-se: a regularização dos estudos de impactos do meio 
ambiente; o zoneamento ambiental; o esclarecimento do poluidor-pagador; a 
base da precaução e prevenção como norma organizacional; o conceito de meio 
ambiente e do desenvolvimento sustentável; e a elaboração de lei específica para 
os crimes ambientais (BRASIL, 1988a).
Em 1992, o Brasil foi protagonista da Conferência das Nações Unidas 
sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio 92), no Rio de Janeiro. 
Nesse encontro ocorreu a conscientização dos representantes políticos das 
nações, bem como uma considerável sensibilização de toda a sociedade. 
Também foram elaborados documentos oficiais, dentre os quais se destaca 
a Agenda 21 (ONU, 1992), um programa de ação que promove um novo 
paradigma de desenvolvimento ambiental, pautado pela ideia de proteção, 
justiça e eficiência.
Feita essa contextualização, cabe perguntarmos: O que efetivamente é 
meio ambiente? 
A PNMA, em seu artigo 3º, inciso I, define o meio ambiente como “o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, quí-
mica e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” 
(BRASIL, 1981).
Já o Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente (IBGE, 
2004) o define como: “conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos 
fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, 
imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem” .
Por sua vez, Stein (2017, p. 14) afirma que meio ambiente é o “con-
junto de unidades ecológicas que funcionam como um sistema natural, o 
– 11 –
Noções gerais de meio ambiente
qual inclui vegetação, animais, micro-organismos, solo, rochas, atmosfera e 
fenômenos naturais que podem ocorrer em seus limites. Meio ambiente tam-
bém compreende recursos e fenômenos físicos, como ar, água e clima, assim 
como energia, radiação, descarga elétrica e magnetismo”. 
Quando o legislador promove leis com a finalidade de proteger o meio 
ambiente é porque o Estado quer salvaguardar o espaço que abriga todas as 
formas de vida. Esse espaço é a consequência de uma interseção de elementos e 
recursos bióticos e abióticos, fundamentais para a qualidade de vida. O artigo 
3º, inciso V, da PNMA (BRASIL, 1981), define que os recursos ambientais são: 
“a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar 
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”. Logo, a 
proteção do meio ambiente se estende à tutela de todo o meio biótico, que são 
os seres vivos, e o meio abiótico – como o ar, a água, as rochas –, pois é dessa 
integração que resulta a formação do meio ambiente.
Para compreensão da conceituação de bioma, biosfera e ecossistema, Stein 
(2017, p.16) explica que 
quando há uma extensão de terra com condições bióticas e abióticas 
similares, ou seja, as grandes paisagens homogêneas da Terra, tem-se 
um bioma, isto é, o conjunto dos seres vivos de uma determinada 
área, além de ser entendido também como o conjunto de ecossis-
temas terrestres. É na biosfera que se encontram os biomas, asso-
ciações relativamente homogêneas de plantas, animais e outros seres 
vivos, com equilíbrio entre si e com o meio físico. (grifos nossos) 
Um exemplo é a Floresta Amazônica, a qual se constitui um bioma com 
inúmeros e diferentes ecossistemas.
Outra questão importante revela-se quando pensamos sobre o que espe-
cificamente é considerado um bem que deve ser tutelado pelo Direito. Para 
analisarmos tal ideia, é importante voltarmos ao artigo 225 da Constituição 
de 1988, que diz: “Todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. Com base nesse dispositivo 
constitucional, pode-se verificar que o meio ambiente é um bem protegido 
pelo direito pátrio. 
Contabilidade Socioambiental
– 12 –
Para assegurar a efetividade desse direito de todos, cabe ao Poder Público:
I – preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas;
II – preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético 
do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação 
de material genético; 
III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a altera-
ção e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer 
utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifi-
quem sua proteção; 
IV – exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade poten-
cialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, 
estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;
V – controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente; 
VI – promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente;
VII – proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinçãode espécies ou submetam os animais a crueldade. 
(BRASIL, 1988)
Compete destacar que o meio ambiente não é estático e único. Existem 
várias formas de ecossistemas que sustentam a manutenção de diversas formas 
de vida. Um dano, mesmo que pequeno, pode gerar outros danos em vários 
ecossistemas, visto suas inter-relações. O mesmo artigo 225 determina que: “§ 
3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os 
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, inde-
pendentemente da obrigação de reparar os danos causados”. Nesse contexto, 
é importante que seja identificado cada um dos elementos do meio ambiente 
e, por consequência, tutelar cada um dos recursos ambientais e suas relações. 
Essa análise dos componentes bióticos e abióticos que integram o meio 
ambiente configura-se como imprescindível, visto que a proteção não pode 
– 13 –
Noções gerais de meio ambiente
somente levar em consideração os itens que foram alvo do dano, mas toda a 
repercussão no equilíbrio ecológico. 
1.2 Princípios ambientais
Os princípios ambientais norteiam o entendimento dos dispositivos 
legais que envolvem a proteção ao meio ambiente. De acordo com o Direito 
Ambiental (RODRIGUES, 2016), alguns princípios devem ser analisados, 
dentre os quais se destacam: 
 2 princípio da ubiquidade; 
 2 princípio da cooperação entre os povos;
 2 princípio do desenvolvimento sustentável; 
 2 princípio da participação; 
 2 princípio da informação;
 2 princípio da Educação Ambiental; 
 2 princípio da prevenção; 
 2 princípio da precaução;
 2 princípio da função socioambiental da propriedade; 
 2 princípio do poluidor-pagador; 
 2 princípio do usuário-pagador; 
 2 princípio da responsabilidade ambiental. 
1.2.1 Princípio da ubiquidade
Esse princípio traz o entendimento de que o “bem ambiental” não pode 
ser visto como algo isolado, com limitações ou mesmo com período determi-
nado. Em suma, esse princípio revela que a conservação do meio ambiente não 
pode ser estática, pautada apenas na geografia e no tempo do dano.
Contabilidade Socioambiental
– 14 –
1.2.2 Princípio da cooperação entre os povos
Um item relevante da ubiquidade é o “princípio da cooperação dos 
povos”, cujo conteúdo declara que o meio ambiente não apresenta limitação 
geográfica. Assim, por consequência, deve ocorrer a união entre os povos 
para a proteção e preservação do meio ambiente. Nessa perspectiva, a criação 
de políticas com finalidade específica de cooperação internacional focada na 
preservação do meio ambiente e de seu entorno promove suporte para a efe-
tividade dessa cooperação.
1.2.3 Princípio do desenvolvimento sustentável
O princípio do desenvolvimento sustentável está relacionado à ideia 
de que todo desenvolvimento econômico necessita de recursos naturais (de 
forma indireta ou direta) para a produção de bens. Todavia, os recursos natu-
rais são escassos e, em decorrência disso, a exploração dos bens naturais, sem 
nenhum controle, pode comprometer as gerações futuras. 
Nesse contexto, o princípio do desenvolvimento sustentável baseia-se 
em três pilares primordiais: 1) evitar a produção de bens em excesso e de bens 
nocivos ao meio ambiente; 2) conscientizar os consumidores quanto ao uso 
de bens nocivos ao meio ambiente; e 3) estimular o uso de tecnologias não 
poluentes ou degradantes ao meio ambiente. 
Resumidamente, esse princípio tem como finalidade a utilização racio-
nal dos recursos ambientais, sem que haja comprometimento das gerações 
futuras quanto à satisfação das suas necessidades.
1.2.4 Princípio da participação
Esse princípio refere-se à participação da sociedade na proteção do meio 
ambiente, o qual está postulado no artigo 225 da Constituição de 1988, caput, 
impondo a toda a coletividade o “dever de defendê-lo e preservá-lo”. Tal pre-
missa tomou força com a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, no ano de 1992, que traz no seu princípio n. 10: “A melhor 
maneira de tratar questões ambientais é assegurar a participação, no nível apro-
priado, de todos os cidadãos interessados [...]” (BIBLIOTECA..., 1992). Desse 
– 15 –
Noções gerais de meio ambiente
princípio, derivam dois subprincípios: o da informação ambiental e o da educa-
ção ambiental.
1.2.5 Princípio da informação 
O princípio da informação ambiental concebe que a participação da 
população nas políticas públicas implica no amplo acesso da sociedade a 
todas as informações sobre meio ambiente. Logo, a informação é um instru-
mento fundamental para a defesa e preservação ambiental. A lei n. 6.938/81 
(BRASIL, 1981) aponta para a necessidade de as empresas apresentarem 
informações e relatórios sobre preservação ambiental, tais como: o Relatório 
de Impacto Ambiental (RIMA); o Selo Ruído; o Relatório de Qualidade do 
Meio Ambiente, a ser divulgado anualmente pelo Ibama (art. 9º, X, da Lei 
n. 6.938/81); a obrigatoriedade de publicação do pedido de licenciamento 
ambiental (art. 10º, § 1º) e de avisos publicitários dos males causados à saúde 
por produtos, como, por exemplo, o cigarro. 
1.2.6 Princípio da educação ambiental
Esse princípio relaciona-se à noção de que o Estado, conforme o artigo 
225, § 1º, VI, da Constituição, deve promover a educação ambiental, uma vez 
que isso viabiliza a consciência ecológica populacional e, concomitantemente, 
busca uma nova postura da sociedade quanto ao uso dos recursos naturais.
1.2.7 Princípios da prevenção e da precaução
Com enfoque específico em evitar a ocorrência da degradação e prejuízos 
ambientais, os princípios da prevenção e da precaução constituem a atuação 
antecipada, baseada em medidas preventivas. O princípio da prevenção, um 
dos princípios seminais do Direito Ambiental, é pautado na antecipação com 
foco no afastamento do dano, em sua destituição ou que ele nem mesmo possa 
ser produzido (trabalha com o perigo concreto). O princípio da precaução, 
por sua vez, atua na incerteza científica do prejuízo, isto é, na gestão dos ris-
cos ou impactos desconhecidos (perigo abstrato). Alguns instrumentos de pre-
caução podem são o Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o Licenciamento 
Ambiental, os quais serão detalhados posteriormente neste livro. 
Contabilidade Socioambiental
– 16 –
1.2.8 Princípio da função 
socioambiental da propriedade 
Este princípio evidencia a função social da propriedade, ou seja, mesmo 
que uma propriedade seja privada, ela deve se constituir em fator de progresso 
e bem-estar de todos. Nesse princípio, a legitimidade de entidade privada 
somente é garantida mediante o cumprimento de sua função social.
1.2.9 Princípios do poluidor-pagador 
e do usuário-pagador 
Os princípios do poluidor-pagador e do usuário-pagador estão direta-
mente relacionados à assunção das responsabilidades das custas pela repa-
ração dos danos causados ao meio ambiente, visto que os valores de produ-
tos/mercadorias advindos dos recursos naturais devem refletir os valores da 
manutenção e do recurso escasso. 
Toda pessoa que se utilize do bem ambiental assume o dever de preservar 
o meio ambiente e, por consequência, deve somar os ônus dessa proteção para 
a sociedade. 
É importante destacar que o indivíduo que provoca prejuízos ao meio 
ambiente não tem o direito de fazê-lo, nem mesmo mediante a reparação 
representada pelo pagamento aos danos causados (não existe “permissão para 
poluir”). Esses princípios apresentam o caráter de proteção ao meio ambiente 
com a imposição da indenização ao ato danoso, e jamais como uma liberação 
para poluição a partir de compensação pecuniária. 
Na realidade, a preocupação com a prevenção será sempre mais eficaz do 
que o pagamento de valores caracterizados como punição (repressão). Por exem-
plo, a preservação de determinada vegetação é muito mais eficaz do que valores 
destinados para ações e programas de restauração após eventual desmatamento. 
Temos dois tipos de pagadores: o poluidor-pagador e o usuário-pagador. 
O primeiro inclui, nos custosdos bens de consumo, os prejuízos com a 
degradação do meio ambiente e divide com a sociedade as despesas (tem 
como preocupação a qualidade dos recursos ambientais). O segundo imputa 
a quem utiliza os bens ambientais o custo por seu uso e, logo, focaliza as 
– 17 –
Noções gerais de meio ambiente
atividades que não poluem o meio ambiente (sua preocupação é voltada para 
o volume de recursos na natureza).
1.2.10 Princípio da responsabilidade ambiental 
O princípio da responsabilidade ambiental está relacionado à repressão 
quando da ocorrência de um dano ambiental. Nesse contexto, quanto mais afe-
tado o meio ambiente, maior deverá ser a responsabilidade do agressor ambiental.
A seguir, são apresentados, de forma sintetizada, os princípios ambien-
tais, com base em Rodrigues (2016):
Quadro 1 – Princípios ambientais. 
Princípio Definição
Ubiquidade O bem ambiental não se submete a qualquer fronteira, 
seja ela espacial, territorial ou temporal. 
Torna-se, então, difícil mensurar a real extensão de qualquer dano 
ambiental e, assim, a reparação deve ser a mais ampla possível.
Cooperação 
entre os povos
Reconhece a necessidade de se estabelecer uma verdadeira 
política mundial de proteção e preservação do meio 
ambiente, com regras menos preocupadas com a soberania 
nacional e mais vinculadas às necessidades ambientais.
Desenvolvimento 
Sustentável
Preconiza que, para o progresso econômico e social, seja 
mais racional a utilização dos recursos ambientais, de forma a 
satisfazer não apenas as necessidades das gerações presentes, mas 
também das gerações futuras (solidariedade intergeracional).
Participação É dever de toda a sociedade defender e preservar 
o meio ambiente. Por isso, deve ser assegurado à 
coletividade o direito de participar ativamente da 
tomada de decisões relativas à proteção ambiental.
Informação Justamente para possibilitar sua participação social, 
deve ser assegurado aos indivíduos o acesso às 
informações relativas à preservação ambiental.
Educação Deve ser promovida, em todos os níveis de ensino e também 
de maneira informal, uma educação capaz de conscientizar a 
população da necessidade de proteção do meio ambiente.
Contabilidade Socioambiental
– 18 –
Princípio Definição
Poluidor- pagador Dado o caráter difuso e esgotável dos bens ambientais, 
todos aqueles que sejam responsáveis pela utilização desses 
bens em seu proveito (e em detrimento da sociedade) 
devem arcar com esse deficit da coletividade.
Esse prejuízo ambiental, quando possível de ser suportado e 
trouxer benefícios para a sociedade, deve ser internalizado 
por aquele que usa do meio ambiente em seu proveito. Se, 
entretanto, não houver a possibilidade dessa internalização, 
o produto não pode ser fabricado ou consumido.
Usuário-pagador Busca imputar ao usuário dos recursos ambientais o custo 
pela utilização de um bem que a todos pertence. 
Diferentemente do poluidor-pagador, incide nos casos 
em que há simplesmente o uso do bem ambiental, 
ainda que não haja qualquer degradação. 
Preocupa-se, assim, mais com a quantidade dos recursos 
naturais do que com a sua qualidade (esta, por sua 
vez, é objeto das atenções do poluidor -pagador).
Prevenção Dado o caráter irreversível de qualquer dano ambiental, 
sempre que se saiba que uma dada atividade apresenta riscos 
de dano ao meio ambiente, ela não poderá ser desenvolvida.
Precaução Visa evitar qualquer risco de dano ambiental, nos 
casos em que não há certeza científica sobre a 
potencialidade lesiva de um empreendimento. 
Inverte-se, com isso, o ônus da prova, cabendo ao 
empreendedor demonstrar que a atividade que propõe não 
apresente qualquer risco de lesão ao meio ambiente.
Função socioam-
biental da 
propriedade 
O exercício do direito de propriedade não pode 
prejudicar a função ecológica dos bens ambientais. 
Afinal, o equilíbrio ecológico a todos pertence. 
Assim, sempre que o uso incomum de um bem ambiental 
puder prejudicar o uso comum a que faz jus toda a população 
e, acima de tudo, seu papel na manutenção do equilíbrio 
ecológico, é a função ecológica que deve prevalecer.
– 19 –
Noções gerais de meio ambiente
Princípio Definição
Responsabilidade Visa reprimir os comportamentos contrários às normas 
de proteção ambiental. Para tanto, podem ser aplicadas 
concomitantemente sanções nas esferas penal, cível e 
administrativa, sem que isso represente qualquer julgamento 
repetitivo, já que cada qual possui objeto de tutela específico.
Contudo, por se tratar de instrumento de proteção do 
meio ambiente, há certa unidade de fins entre as três 
espécies de sanções: todas visam, em última instância, à 
reparação do dano ambiental e à educação do infrator.
Fonte: Elaborado pelas autoras, com base em RODRIGUES, 2016, p. 232.
1.3 Dano ou impacto ambiental
O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 declara que uma pessoa, 
seja ela física ou jurídica, pública ou privada, pode configurar um poluidor e, 
por consequência, conforme o § 3º, pode ser responsabilizada civil, penal ou 
administrativamente. Por isso a importância de se determinar quem é o polui-
dor, para que a sanção seja imputada coerentemente ao devido responsável. 
O entendimento predominante admite que o usuário desse meio 
ambiente, ao utilizar esse sistema, pode se tornar um poluidor. Em conso-
nância com o artigo 3º, IV, da Lei n. 6.938/81 (BRASIL, 1981), poluidor é 
“a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta 
ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental”. 
Outro ponto importante é que a responsabilidade pela degradação do 
meio ambiente pode ser solidária, ou seja, todos os indivíduos que direta 
ou indiretamente causarem danos ao ambiente ecologicamente equilibrado 
deverão, juntos, responder pela degradação. 
Além disso, os atos que geram danos à natureza provenientes de ações 
originárias da própria natureza não serão constituídos como atos de poluidor 
(exemplo: queimada por raios). Ressalta-se que um poluidor pode ser uma 
pessoa que aja com licitude ou não. 
Independentemente de o indivíduo que causou a degradação do meio 
ambiente agir com boa ou má-fé, ele será responsabilizado civilmente pelas 
Contabilidade Socioambiental
– 20 –
perdas do ambiente ecológico. A responsabilidade penal e administrativa, no 
entanto, somente ocorrerá quando o indivíduo agir de má-fé.
Também será responsabilizado aquele que atentar contra o meio 
ambiente, considerando-se que este deve ser preservado antes do dano, visto 
que, muitas vezes, é impossível retornar ao estado original do ambiente. Logo, 
também será considerada poluidora a pessoa física ou jurídica que apresentar 
indícios evidentes da tentativa de poluir.
Conforme o art. 3º, III, da PNMA, a poluição consiste em: 
[...] degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que 
direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o 
bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades 
sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem 
as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem 
matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabe-
lecidos [...]. (BRASIL, 1981)
O conceito de poluição é firmado no caput desse dispositivo (“a degra-
dação da qualidade ambiental”). E as alíneas trazem de forma exemplifica-
tiva, e não taxativa, os efeitos da poluição. Nesse contexto, todas as atividades 
realizadas por pessoa jurídica ou física, de forma direta ou indireta, lícita ou 
ilícita, que resultam em dano ao meio ambiente são consideradas poluentes 
(MOURA, 2007).
O conceito de poluição estabelecido na PNMA (BRASIL, 1981) está 
intrinsecamente ligado à noção de dano ambiental, o que se refere à alteração 
das características do meio ambiente. Isso porque não existe poluição e polui-
dor sem danos ao meio ambiente.
O dano pode ser gerado como uma consequência, imediata ou não, de 
uma conduta lesiva. Por exemplo, uma consequência imediata ocorre quandohá um derramamento de óleo no mar (conduta lesiva), causando danos ao 
meio ambiente no momento em que o óleo invade as águas marinhas. Nesse 
caso, a conduta é simultânea ao dano gerado ao meio ambiente.
A prática do ato ilícito pode ser considerada um ato de poluição, visto os 
princípios da prevenção e da precaução ambiental. Nesses termos, o conceito 
de poluição ou de poluidor está vinculado ao ato de contrariedade à legislação, 
e o dano será considerado o ato de submeter o meio ambiente ao risco.
– 21 –
Noções gerais de meio ambiente
Em uma situação em que uma empresa submete a população e o meio 
ambiente (entorno da empresa) a alguma exposição a riscos, motivada, por exem-
plo, pelos benefícios advindos dos lucros financeiros gerados por sua atividade, é 
configurada a obrigação de indenização à sociedade. Desse modo, todos os atos 
gerados pela atividade mercantil que venham gerar riscos ao meio ambiente serão 
vinculadas à indenização.
Figura 1 – Poluidor e reparação do dano ambiental.
Se há poluidor, é 
porque houve 
poluição.
Se houve poluição, 
há dano ambiental 
a ser reparado.
Fonte: Elaborada pelas autoras.
Conforme demonstra a Figura 1, quando houver o poluidor, existe a 
obrigatoriedade do reparo do dano ambiental, logo, o dano tem por con-
sequência a responsabilidade civil do indivíduo, o qual deve ressarcir os 
prejuízos causados.
Cumpre evidenciarmos que uma lesão ao meio ambiente não pode 
ser reparada de forma isolada, a reparação deverá ser coletiva, destinada a 
cada pessoa que o dano afetar. Um exemplo recente ocorrido no Brasil foi o 
acidente no município de Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, no 
qual ocorreu o rompimento de uma barragem da mineradora Samarco. O 
rompimento originou uma inundação de lama em todo o distrito de Bento 
Rodrigues, resultando na liberação de uma quantidade excessiva de rejeitos 
de mineração (60 milhões de metros cúbicos) que, ao secar, transformou-se 
em um tipo de “cimento”, devastando toda a vegetação do local. Outra con-
sequência do referido desastre foi o deságue dessa substância no Rio Doce, 
causando a morte dos organismos vivos e sérios problemas para a população 
local. Cidades do estado de Minas Gerais e do Espírito Santo foram afetadas.
Contabilidade Socioambiental
– 22 –
Com esse exemplo, o qual se configurou como um lamentável desastre 
nacional, considerado o maior registrado no país, é possível evidenciarmos 
a grave lesão causada ao meio ambiente e, concomitantemente, sua impres-
cindível reparação. As ações de reparação do meio ambiente consistem em 
prevenção, educação e a reparação do dano propriamente dito, tanto na esfera 
coletiva, quando considerada a limpeza dessas substâncias no meio ambiente, 
quanto na esfera individual.
Ao calcular a reparação individual, é necessário identificar todos os indi-
víduos que, de forma direta ou indireta, foram atingidos. Nesse exemplo, 
são suscetíveis de indenização os pescadores do Rio Doce, os agricultores do 
Distrito de Bento Rodrigues cujos terrenos se tornaram inférteis, os donos de 
imóveis destruídos, entre outros que foram comprovadamente prejudicados.
Ademais, de acordo com os noticiários nacionais, além de muitas famílias 
desabrigadas, o “mar de lama” provocou o falecimento de 19 pessoas, e as inde-
nizações dos responsabilizados se estenderam aos danos materiais (no formato 
de pensão) e danos morais (às famílias, pelas perdas humanas irreparáveis). 
Conclusão 
As discussões acerca da abordagem ambiental vêm crescendo conside-
ravelmente nos últimos anos. Os primeiros sinais de preocupação com os 
efeitos devastadores do crescimento desordenado e cujos processos relegavam 
questões ambientais apresentam uma ordem cronológica natural. Tratam-se 
das históricas catástrofes ambientais que propulsaram as ações e discussões 
acerca do tema, como: o acidente nuclear de Chernobyl, cujo material alta-
mente radioativo foi lançado no ambiente, em 1986, na Ucrânia; o grande 
nevoeiro de Londres, em 1952, causado pela queima excessiva de carvão de 
má qualidade, causando sérios problemas respiratórios e até mortes; e a con-
taminação da baía de Minamata, no Japão, desde 1930, causada pelo lança-
mento de dejetos contendo mercúrio por uma indústria local, fato que só foi 
descoberto em 1956, quando alguns pacientes começaram a ter convulsões, 
febre alta e acabaram morrendo, devido à contaminação.
A despeito das ações reparadoras relativas aos desastres supracitados, 
como evacuação da população, operações de combate à poluição pelas 
– 23 –
Noções gerais de meio ambiente
autoridades, ações de mitigação dos riscos e estudos ambientais, tais eventos, 
somados a outros de magnitude semelhante ou superior nos anos de 1980 
e 90, promoveram uma nova consciência ambiental, de abrangência global.
As pressões políticas e socioeconômicas mundiais ganharam forças e esti-
mularam novas discussões sobre a temática ambiental, chamando atenção 
para novas diretrizes baseadas no reposicionamento dos países e governos em 
relação à geração da poluição e às emissões atmosféricas, com o estabeleci-
mento de metas de redução dos impactos ambientais.
Fica evidente que o desenvolvimento sustentável demanda um efetivo 
compromisso dos atores sociais envolvidos, principalmente ao se considerar a 
necessária sinergia entre o ser humano, a natureza e as atividades econômicas. 
Emerge então, nesse contexto, mas sem que essa enunciação seja limitativa, 
a responsabilidade ambiental na esfera empresarial, com a incorporação da 
gestão socioambiental e o compromisso com as questões inerentes à sustenta-
bilidade, cuja abordagem será aprofundada nos capítulos seguintes desta obra.
Ampliando seus conhecimentos 
A situação ambiental da atualidade resulta das más relações 
do homem com o meio ambiente, degradando-o e corrom-
pendo os recursos naturais. O texto de Cunha e Suarte 
(2017), que apresentamos a seguir, discorre um pouco mais 
sobre essa temática. 
Conceito de impacto ambiental
(CUNHA; SUARTE, 2017, p. 77-78)
[...]
O conceito de impacto ambiental pode ser buscado na ter-
minologia da palavra, a qual se origina do latim: impactu e 
significa choque ou colisão de substâncias nos três estados 
físicos da matéria (sólido, líquido e gasoso), de radiações ou 
Contabilidade Socioambiental
– 24 –
formas variadas de energia, vindas de obras ou atividades rea-
lizadas com danosas alterações do ambiente natural, artificial, 
cultural ou social. Estas mudanças podem ser provocadas por 
diversas formas de energia ou matéria resultante de atividades 
antrópicas que afetam direta ou indiretamente a saúde, segu-
rança da população, atividades econômicas e sociais, a biota 
e a disposição dos recursos do ambiente. (PLANTENBERG, 
2002; CUSTÓDIO, 1995; SPADOTTO, 2002).
A visão dos autores acima assemelha-se muito com o que 
diz a Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(Conama), artigo 1, definindo impacto ambiental como sendo
 Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e 
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma 
de matéria ou energia resultante das atividades humanas 
que, direta ou indiretamente, afetam:
 I. A saúde, a segurança e o bem-estar da população;
 II. As atividades sociais e econômicas;
 III. A biota;
 IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
 V. A qualidade dos recursos ambientais.
[...]
Há na literatura visões diferenciadas de impacto ambiental, 
bem como opinião de que o homem pode viver em harmo-
nia com o meio ambiente. Assim, Barbosa (2006) ressalta 
que os impactos ambientais podem ser de forma positiva ou 
negativa, causando degradações significativas do ambiente 
ou degradações bem menores não tão significativas, não dei-
xando é claro, de ser impacto ambiental. É notável que o 
homem usa os recursos da natureza para a manutenção da pró-
pria vida (sobrevivência) e, como consequência disso, pro-
move o desarranjo ambiental. No entanto algumas atividades 
– 25 –
Noções gerais de meioambiente
podem ser satisfatórias, as quais o homem adapta ao meio 
ambiente para atender seus interesses sem causar danos signi-
ficativamente negativos, e se ainda assim houver algum dano, 
que este seja compensado.
[...]
O Conceito de Derani (2001) é bem prático e diz que 
impacto ambiental é simplesmente a interferência do homem 
no meio ambiente. E para que sejam vistos os dois lados 
possíveis do impacto (positivo e negativo), com intuito de 
ampliação do lado positivo e mitigação dos efeitos contrários, 
atingindo assim a homeostase dos reflexos das ações humanas 
no meio natural, no meio social e também no meio econô-
mico, a Avaliação de Impacto Ambiental então foi idealizada 
e inserida pelos governos como um forte instrumento de polí-
tica ambiental.
Atividades
1. O que é meio ambiente?
2. O acidente decorrente do rompimento da barragem da mineradora Sa-
marco no município de Mariana (MG), em 5 de novembro de 2015, 
provocou consideráveis impactos ambientais, os quais se refletem em 
todo o entorno da localidade ainda nos dias de hoje. Nesse caso espe-
cífico, é possível realizar uma análise de maneira isolada? Justifique. 
3. O princípio do poluidor/usuário-pagador está ligado à ideia de pre-
venção e repressão, visto que os custos das mercadorias advindas do 
ambiente devem refletir os valores da manutenção e do recurso es-
casso. Nesse contexto, qual a diferença entre o poluidor-pagador e o 
usuário-pagador?
Contabilidade Socioambiental
– 26 –
4. É evidente que as ações humanas resultaram em alterações no meio 
ambiente, considerando os aspectos físicos, biológicos e sociais. 
O crescimento das indústrias e dos processos produtivos afetou consi-
deravelmente a normalidade da estrutura ambiental. Com base nessa 
afirmação, indique três catástrofes ambientais históricas. 
Introdução à 
contabilidade 
ambiental
Introdução
O objetivo deste capítulo é proporcionar a compreensão dos 
fundamentos essenciais da contabilidade ambiental, com base nos 
principais conceitos relacionados à informação ambiental, entre eles, 
passivo ambiental, ativo ambiental e fatos contábeis ambientais. Tais 
conhecimentos são importantes para desenvolver o entendimento 
prático da contabilidade ambiental, observando as diretrizes estabe-
lecidas pelas principais normas contábeis.
A proposta deste capítulo é viabilizar o entendimento dos 
procedimentos elementares da contabilidade ambiental e os meca-
nismos de gestão ambiental empresarial, mais especificamente o sis-
tema de gestão ambiental (SGA) e a ISO 14001.
2
Contabilidade Socioambiental
– 28 –
2.1 Conceito e finalidade da 
contabilidade ambiental
As profundas transformações ocorridas na sociedade, ocasionadas por 
novos posicionamentos socioambientais e novos estímulos aos debates sobre 
questões ambientais, são reflexos das preocupações advindas do crescimento 
populacional, do aumento do consumo e, consequentemente, da necessi-
dade de atendimento às demandas relativas às necessidades humanas, sob 
a ótica da utilização mais eficiente dos recursos naturais, na perspectiva da 
gestão empresarial.
O contexto organizacional sofreu intensas transformações, especial-
mente ao longo das duas últimas décadas. No Brasil, as empresas se viram 
obrigadas a adequar-se a uma série de mudanças advindas da abertura de 
mercado promovida no início dos anos 1990. Tais mudanças foram pautadas, 
sobretudo, na entrada de novos concorrentes, o que modificou as estratégias 
organizacionais. A responsabilidade socioambiental emerge nesse período, 
trazendo preocupações adicionais em meio à necessidade imediata de cresci-
mento e manutenção em um mercado altamente competitivo. 
Detendo-se nessa questão, a responsabilidade ambiental destaca-se como 
um assunto em evidência nas últimas décadas, principalmente ao ponderar 
que os recursos naturais são finitos. 
Em um panorama histórico, em consonância com os autores Guimarães 
e Fontoura (2012), os debates relacionados essencialmente ao meio ambiente 
recebem maior relevância em 1972, quando a Organização das Nações Unidas 
(ONU) promove a Conferência de Estocolmo, evento que suscitou a discus-
são sobre “desenvolvimento e ambiente” e o conceito de ecodesenvolvimento. 
Nessa Conferência, projetou-se o PNUMA – Programa das Nações Unidas 
para o Meio Ambiente –, cujo objetivo consistiu especificamente na conser-
vação do meio ambiente e na utilização sustentável dos recursos. Em 1983, a 
ONU cria a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento 
(Unced), a qual, após estudos, desenvolveu estratégias para que as empresas, 
a longo prazo, desenvolvam suas atividades econômicas de forma sustentável. 
A Conferência de Estocolmo refletiu em tamanha relevância que, 
como resposta, o Brasil criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente, por 
– 29 –
Introdução à contabilidade ambiental 
meio do Decreto n. 73.030/73 (BRASIL, 1973). Essa secretaria foi criada 
como órgão autônomo da administração direta no âmbito do Ministério do 
Interior, orientada para a conservação do meio ambiente e o uso racional dos 
recursos naturais.
A despeito de sua originalidade, o que efetivamente consolidou o desen-
volvimento sustentável foi o Relatório da Comissão Brundtland, no ano de 
1987, sendo este o documento final da World Commission on Environment 
and Development (WCED), reconhecido mundialmente. A partir da publi-
cação desse relatório, o desenvolvimento sustentável passa a ser definido como 
“o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprome-
ter a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias neces-
sidades” (WCED, 1987, p. 8). Já o World Business Council for Sustainable 
Development é uma coligação de empresas internacionais comprometidas 
com os três pilares da sustentabilidade: igualdade social, crescimento econô-
mico e ambiental (WBCSD, 2000). 
Um marco evidenciado no ano de 1988 foi a criação do IPCC 
(Intergovernmental Panel on Climate Change, ou Painel Intergovernamental 
sobre Mudanças Climáticas), elaborado pela Organização Meteorológica 
Mundial, em Genebra. Pela primeira vez a meteorologia passou a abordar 
questões acerca do aquecimento global e da influência dos seres humanos 
no clima.
Outro evento estruturado para que as instituições lucrativas se desen-
volvam pautadas na ideia de preservação ambiental foi a Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, que aconteceu 
no Brasil, no Rio de Janeiro, em 1992. Essa conferência promoveu a elabo-
ração da já citada Agenda 21 (ONU, 1992), um importante passo para o 
desenvolvimento do conceito de sustentabilidade. Sob a perspectiva da con-
tabilidade ambiental, Guimarães e Fontoura (2012) ressaltam que a Agenda 
21 traz, como uma de suas diretrizes, o desenvolvimento de um sistema de 
contabilização que integra temas sociais, ambientais e econômicos (o tripé da 
sustentabilidade), por parte dos países e organismos internacionais.
Não obstante os relevantes eventos descritos acima, para melhor com-
preensão acerca do panorama histórico, a seguir é apresentado um quadro com 
a cronologia de eventos importantes relacionados às questões sustentáveis:
Contabilidade Socioambiental
– 30 –
Quadro 1 – Cronologia dos eventos importantes relacionados às 
questões sustentáveis.
Século Ano Evento
Século XIX 1869 Proposta por Ernst Haeckel a expressão ecologia para 
as pesquisas concernentes à investigação da relação 
entre as espécies e seu respectivo ambiente. 
1872 Inauguração do “Yellowstone”, nos Estados Unidos.
Século XX 1947 Criação da União Internacional, com o 
objetivo de conservar a natureza.
1952 Acidente ambiental provocado pela poluição do ar em 
Londres, ocasionando na morte de 1.600 pessoas.
1966 Assembleia Geral da ONU e o Pacto 
Internacional sobre os Direitos Humanos. 
1972 Conferência de Estocolmo – debates 
concernentes ao desenvolvimento e ambiente, 
conceituação de ecodesenvolvimento. 
1974 Reconhecimento da Educação Ambiental no ensino de forma 
integral,no Seminário de Educação Ambiental, na Finlândia.
1975 Congresso de Belgrado – determinação das metas da 
Educação Ambiental e suas respectivas premissas. PIEA 
– Programa Internacional de Educação Ambiental.
1976 Congresso de Educação Ambiental Brasarville, na África.
1980 Primeira Conferência Asiática sobre Educação 
Ambiental, em Nova Delhi, Índia.
1987 Divulgação do Relatório da Comissão 
Brundtland, Nosso Futuro Comum. 
Congresso Internacional da Unesco – PNUMA sobre 
Educação e Formação Ambiental, em Moscou, realiza a 
avaliação dos avanços desde Tbilisi, reafirma os princípios de 
Educação Ambiental e assinala a importância e necessidade 
da pesquisa e da formação em Educação Ambiental. 
– 31 –
Introdução à contabilidade ambiental 
Século Ano Evento
Século XX 1988 Declaração de Caracas – Orpal – PNUMA, sobre Gestão 
Ambiental na América, que denuncia a necessidade de mudar 
o modelo de desenvolvimento. Criação do IPCC (Painel 
Intergovernamental de Mudanças Climáticas), elaborado 
pela Organização Meteorológica Mundial, em Genebra.
1989 Primeiro Seminário sobre Materiais para a Educação 
Ambiental – Orleac – Unesco – PIEA, em Santiago do Chile. 
Declaração de Haia, preparatório da RIO 
92, aponta a importância da cooperação 
internacional nas questões ambientais. 
1990 Conferência Mundial sobre Ensino para Todos – satisfação das 
necessidades básicas de aprendizagem, em Jomtien, Tailândia, 
destaca o conceito de analfabetismo ambiental. ONU declara 
o ano 1990 como o Ano Internacional do Meio Ambiente. 
1992 Conferência sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, 
UNCED, Rio/92 – Criação da Agenda 21.
Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis. 
Fórum das ONGs – compromissos da sociedade civil 
com a Educação Ambiental e o Meio Ambiente. 
Carta Brasileira de Educação Ambiental aponta 
as necessidades de capacitação na área. 
1993 Congresso Sul-Americano continuidade 
da Eco/92 – Argentina, 1993. Conferência 
dos Direitos Humanos, em Viena. 
1994 Conferência Mundial da População – Cairo, Egito.
I Congresso Ibero-Americano de Educação 
Ambiental – Guadalajara, México. 
1995 Conferência para o Desenvolvimento 
Social – Copenhague, Dinamarca.
Criação de um ambiente econômico-político-social-
cultural e jurídico que permita o desenvolvimento social.
Conferência Mundial da Mulher – Pequim, China.
Conferência Mundial do Clima – Berlim, Alemanha.
Contabilidade Socioambiental
– 32 –
Século Ano Evento
Século XX 1996 Conferência Habitat II – Istambul, Turquia. 
1997 II Congresso Ibero-americano de Educação 
Ambiental – Guadalajara, México. 
Conferência sobre Educação Ambiental Nova Delhi, India.
Conferência Internacional sobre Meio Ambiente 
e Sociedade: Educação e Conscientização Pública 
para a Sustentabilidade – Thessaloniki, Grécia.
A 3ª Conferência das Partes da Convenção do 
Clima – Kyoto, Japão, em dezembro.
1999 Lançada a revista Tópicos en Educación Ambiental, 
uma publicação internacional editada no México, 
a qual apresenta informações sobre as variadas 
vertentes e áreas da educação ambiental.
Século XXI 2000 Lançamento do Pacto Global da ONU, iniciativa que reúne 
empresas comprometidas a alinhar operações e estratégias 
com dez princípios nas áreas de direitos humanos, condições 
de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.
2002 Em dezembro, a Assembleia Geral das Nações Unidas, 
durante sua 57ª sessão, estabeleceu a resolução nº 254, 
declarando 2005 como o início da Década da Educação para 
o Desenvolvimento Sustentável, depositando na Unesco 
a responsabilidade pela implementação da iniciativa.
Rio + 10 – Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento 
Sustentável (Earth Summit 2002), promovida pela ONU.
2009 15ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças 
Climáticas (COP-15), realizada em Copenhague, Dinamarca, 
apresenta discussões acerca do futuro do planeta.
2012 Rio de Janeiro sedia a Conferência das Nações Unidas 
sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20.
Fonte: BRASIL, 2017. Adaptado.
Analisando esses eventos e desdobramentos, fica evidente que toda a 
esfera empresarial necessita dispor do legítimo comprometimento com as novas 
práticas relacionadas à mitigação da degradação do patrimônio ambiental da 
– 33 –
Introdução à contabilidade ambiental 
humanidade. Em decorrência disso, não é possível mais gerir os negócios sem 
considerar a proteção ao meio ambiente e o equilíbrio ambiental. A importante 
integração entre a gestão do patrimônio, o meio ambiente e as exigências mer-
cadológicas revela a missão da contabilidade ambiental ao demonstrar e eviden-
ciar, de forma clara, o desempenho socioambiental atrelado aos procedimentos 
contábeis, como um mecanismo propulsor da transparência. 
Nesse contexto, verifica-se o imprescindível papel da contabilidade 
ambiental. Guimarães e Fontoura (2012) ressaltam que a Agenda 21 tem 
como escopo que os países e organismos internacionais desenvolvam um sis-
tema de contabilização que integrem temas sociais, ambientais e econômicos 
(tripé da sustentabilidade).
A contabilidade ambiental é configurada como uma vertente da contabili-
dade. Dessa forma, faz-se necessário entender, primeiramente, a definição basi-
lar de contabilidade, para prosseguirmos com os aprofundamentos necessários. 
De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (BRASIL, 2013), a 
contabilidade é uma ciência social cujo objeto de estudo é o patrimônio de uma 
instituição. Logo, a contabilidade quantifica e analisa as riquezas, registrando 
as mutações/variações patrimoniais, quantitativas e/ou qualitativas, de deter-
minado período (exercício). Pode ser conceituada, também, como um sistema 
de informação, cuja finalidade consiste na demonstração e análise financeira de 
uma instituição. 
Nessa perspectiva, a contabilidade é um instrumento de informação 
de que os gestores, de instituições públicas ou privadas, se respaldam com 
intuito de gerenciar os recursos empresariais de forma eficaz.
Carvalho (2008, p. 111) define a contabilidade ambiental como:
o destaque dado pela ciência aos registros e evidenciações da entidade 
referentes aos fatores relacionados com o meio ambiente. Não se con-
figura em nenhuma nova técnica ou ciência, a exemplo da auditoria 
ou da análise de balanços, mas em uma vertente da contabilidade, a 
exemplo da contabilidade comercial ou industrial, que estuda fatos 
mais específicos de uma determinada área, no caso, a área ambiental.
A contabilidade ambiental tem a atribuição de registrar as informações 
pertinentes às operações oriundas ao meio ambiente, no que se refere às 
interferências das atividades da empresa no meio ambiente, contabilizando 
Contabilidade Socioambiental
– 34 –
os recursos naturais, bem como os gastos e as despesas utilizados para a manu-
tenção e preservação ambiental. 
Ribeiro (2006, p. 45) esclarece que o objetivo da contabilidade ambien-
tal consiste em “identificar, mensurar e esclarecer os eventos e transações eco-
nômico-financeiros que estejam relacionados com a proteção, preservação e 
recuperação ambiental, ocorridos em um determinado período, visando à 
evidenciação da situação patrimonial de uma entidade”. 
Assim, a finalidade da contabilidade ambiental é propiciar informações 
regulares aos usuários internos e externos acerca dos eventos ambientais que 
causaram modificações na situação patrimonial da respectiva entidade, quan-
tificada em moeda. Nesse aspecto, a contabilidade ambiental é responsável 
pela emissão dos relatórios necessários ao usuário da informação para o pro-
cesso de tomada de decisão.
A contabilidade ambiental está em constante desenvolvimento em todo 
o mundo. Conforme Antonovz (2014), na Dinamarca, desde 1996, a legis-
lação exige a apresentação de relatórios ambientais das empresas que reali-
zam suas atividades e, por consequência, geram impactos ambientais. Em 
1999, na Noruega, surge uma lei que direciona a contabilidade e tem como 
objetivo, entre outros, o estabelecimento de mecanismos de informaçãodas 
empresas sobre a relação de trabalho e os impactos ambientais, sendo que os 
principais dados disponibilizados consistem na quantidade de energia elétrica 
e matéria-prima utilizadas, bem como os níveis de poluição.
As informações relacionadas ao meio ambiente devem ser objeto tam-
bém da contabilidade. No Brasil, o marco histórico foi a aprovação da NPA 
11 – Norma de Auditoria 11, a qual objetivou estabelecer premissas relacio-
nadas ao balanço patrimonial e o meio ambiente. Tal norma foi revogada 
quando foi estabelecida a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC), deter-
minando a adoção da contabilização dos processos de gestão ambiental, com 
o devido registro dos Ativos e Passivos ambientais (BRASIL, 2013). 
Cumpre evidenciar que a contabilidade ambiental tem sido modificada 
no intuito de alcançar a padronização, ou seja, que as informações e as prá-
ticas contábeis ambientais sejam uniformizadas. Outra norma relevante para 
as questões contábeis ambientais é a NBT 15, a qual foi atualizada pela NBC 
TE XXX (2012) (BRASIL, 2013).
– 35 –
Introdução à contabilidade ambiental 
No que se refere à legislação brasileira, a Lei n. 11.941/2009 (BRASIL, 
2009) promove algumas alterações na Lei n. 6.404/1976 (Lei das S/A), pre-
vendo uma nova estrutura de balanço patrimonial, com a inclusão do grupo 
intangível para as sociedades de grande porte, bem como as companhias aber-
tas e fechadas.
O artigo 179 da Lei n. 6.404/76, VI, evidencia que as contas do intan-
gível dizem respeito aos “direitos que tenham por objeto bens incorpóreos 
destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, 
inclusive o fundo de comércio adquirido” (BRASIL, 1976). Esse assunto é 
disciplinado pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis) 04 – Ativo 
Intangível. Outra evolução da contabilidade ambiental refere-se ao CPC 29, 
que dispõe sobre o ativo biológico e o produto agrícola, no qual se esta-
belece o reconhecimento do ativo ainda que vivo, até o seu processamento 
(BRASIL, 2013). 
Somando-se à Lei n. 6.938/81, da Política Nacional do Meio Ambiente 
(PNMA) brasileira, e à Constituição Federal, podemos compreender o prin-
cipal conjunto de legislações que norteiam a contabilidade, o meio ambiente 
e sua respectiva integração e sinergia.
O objetivo dessa ramificação da contabilidade é detectar, verificar e 
esclarecer as mutações patrimoniais e financeiras originadas pelas ações de 
preservação e recuperação ambiental, ocorridas em determinado momento. 
Além disso, também é objetivo da contabilidade ambiental verificar o cum-
primento da legislação ambiental por parte da empresa, bem como identificar 
a evolução da instituição no que se refere à sustentabilidade ambiental.
Ademais, Tinoco e Kraemer (2011, p. 127-128) afirmam que existem três 
razões essenciais para a adoção da contabilidade ambiental por parte das empresas: 
Gestão interna: está relacionada com uma ativa gestão ambiental e 
seu controle, visando reduzir custos e despesas operacionais e melho-
rar a qualidade dos produtos; 
Exigências legais: a crescente exigência legal e normativa pode obri-
gar os administradores a controlarem mais seus riscos ambientais, sob 
pena de multas e indenizações; 
Demanda dos parceiros sociais: a empresa está submetida cada vez 
mais a pressões internas e externas. Essas demandas podem ser dos 
Contabilidade Socioambiental
– 36 –
clientes, empregados, organizações ecológicas, seguradoras, comuni-
dade local, acionistas, administração pública, bancos, investidores etc.
A informação contábil deve compreender desde o investimento efe-
tuado pela empresa, como é o caso da aquisição de bens de proteção ao meio 
ambiente, até os danos causados por sua atividade, ou, ainda, a manutenção 
de espaços ecológicos e obrigações contraídas por decisão judicial, por conta 
do não cumprimento das determinações estabelecidas na Lei n. 9.605/1998 
(BRASIL, 1998), entre outras.
É importante destacar que, em muitos casos, a realização da contabilidade 
ambiental se torna uma tarefa árdua, visto o distanciamento entre as informa-
ções de natureza ambiental e as demais informações da empresa, bem como a 
classificação das informações contábeis ambientais. Santos (apud BERGAMINI 
JÚNIOR, 1999) assevera que existem outras condições que dificultam a reali-
zação da contabilidade ambiental, as quais são elencadas a seguir:
 2 Ausência de definição clara de custos ambientais.
 2 Dificuldade em calcular um passivo ambiental efetivo.
 2 Problemas em determinar a existência de uma obrigação no futuro 
por conta de custos passados.
 2 Falta de clareza no tratamento dos “ativos de vida longa”, como, 
por exemplo, uma usina nuclear.
 2 Reduzida transparência com relação aos danos provocados pela 
empresa em seus ativos próprios e demais informações relacionadas.
2.2 Sistema de Gestão Ambiental
É evidente que discussões acerca da abordagem ambiental vêm crescendo 
consideravelmente, colocando em evidência a ideia de um mundo ecologica-
mente equilibrado. Contudo, a pluralidade de estruturas e direcionamentos 
quanto ao modelo de gestão ideal vem provocando debates sobre as vantagens 
e os reveses ao se adotar sistemas de gestão, principalmente quando atrelados 
às estratégias organizacionais e à ampliação do market share (fatia de mercado).
A gestão ambiental, nesse contexto, consiste na condução gerencial 
de uma organização, quanto aos assuntos concernentes ao meio ambiente, 
– 37 –
Introdução à contabilidade ambiental 
como, por exemplo, a forma com que a empresa gerencia a destinação de seus 
resíduos, monitora e analisa suas emissões atmosféricas, realiza o tratamento 
de efluentes gerados e demais problemas relacionados à poluição ambiental. 
Nessa perspectiva, as empresas são levadas a reexaminar seus processos produ-
tivos e investir em tecnologias menos poluentes ou, ainda, realizar processos 
que reaproveitem recursos.
A questão ambiental deve consistir em uma preocupação não somente 
da sociedade, mas do âmbito corporativo. Tal afirmação pode ser corroborada 
pelo fato de as organizações, de um modo geral, buscarem a melhor gestão 
de seus recursos mitigando eventuais impactos ambientais oriundos do seu 
processo produtivo. 
Ademais, existe uma tendência de inclusão da dimensão ecológica nos 
negócios corporativos, visto que ela traz benefícios interessantes, como: redu-
ção de multas e penalidades por danos ambientais; possibilidade de expansão 
mercadológica (crescente aumento de consumidores que preferem marcas e 
produtos fabricados com base no comprometimento ambiental empresarial); 
e preservação da imagem e reputação organizacional. Assim, padronizações 
de normas são estabelecidas para efetiva implantação de um sistema de ges-
tão, como abordado a seguir. 
2.2.1 International Organization for Standardization 
(ISO) – Organização Internacional de Normalização
Ao fim da Segunda Guerra Mundial, autoridades de 25 nações reu-
niram-se em Londres, em 1946, e decidiram pela efetivação de uma orga-
nização internacional de regularização, a qual denominaram International 
Organization for Standardization (ISO), que iniciou suas ações em 23 de 
fevereiro de 1947 (MARSHALL JUNIOR et al., 2010). A ISO é uma orga-
nização não governamental, localizada em Genebra, na Suíça, constituída por 
uma rede de organizações de normalização de 157 países (um membro por 
país). A instituição que trabalha no Brasil como representante da ISO é a 
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), criada em 1940 e cons-
tituída por 28 comitês por departamento de atividade. Essa instituição tem 
como princípio o estímulo ao progresso da ciência, da indústria, do comér-
cio e da tecnologia (HUTCHINS, 1994). O papel da ISO é impulsionar 
Contabilidade Socioambiental
– 38 –
o desenvolvimento da regularização, por meio de acordos técnicos globais 
veiculados como regras institucionais.
2.2.2 A ISO 14001
A norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004b) visa estabelecer padrões rela-
tivos às atividades organizacionaise à proteção do meio ambiente e especifica 
os requisitos para a implementação de um sistema de gestão ambiental (SGA), 
de forma estruturada e completa, direcionando a integração e o alcance das 
metas ambientais e econômicas, em um processo contínuo de melhorias. 
Já em seu princípio, a ISO 14001 esclarece que ela foi elaborada para 
se encaixar em todos os padrões e portes de organizações, como também 
para se adaptar às diferentes circunstâncias culturais, geográficas e sociais. 
A norma habilita uma organização a especificar e avaliar a concretização de 
processos para definir uma política ambiental e os objetivos a atingir com 
suas conformidades. O principal intuito é estimular a proteção ambiental e 
a prevenção da poluição, equilibrando-a com as urgências socioeconômicas 
(ABNT, 2004b). 
Assim, qualquer organização que intencione conseguir a certificação 
ambiental de suas atividades, seus produtos e serviços, deve, antes de qualquer 
realização, implantar um sistema de gestão ambiental e, na sequência, pedir o 
monitoramento externo de certificação a outra instituição credenciada.
A recente atualização da ISO 14001, atualmente denominada ISO 
14001:2015, evidenciou diretrizes associadas: à compreensão específica da 
esfera da organização, às demandas e às expectativas dos interessados; à obser-
vação de um ponto de vista de ciclo de vida; ao destaque em uma abordagem 
de riscos; à autoridade como função primordial para o atingimento dos obje-
tivos do sistema de gestão; à relevância para o fortalecimento do desempenho 
ambiental da instituição, por meio da melhoria constante do sistema de ges-
tão ambiental (FIESP, 2017)
Cumpre evidenciar que, para a efetiva implementação do Sistema de 
Gestão Ambiental, é necessário compreender as etapas essenciais desse pro-
cesso. Nesse processo, a ISO 14001 segue os princípios do ciclo PDCA (Plan, 
Do, Check, Act), conforme detalhamento a seguir (ABNT, 2015a):
– 39 –
Introdução à contabilidade ambiental 
1. Política ambiental – Definição das metas e objetivos ambientais.
2. Planejamento – Formulação de um plano de ação com o intuito 
de realizar sua Política Ambiental. Nesse plano devem ser consi-
derados os seguintes itens: 1) Aspectos Ambientais; 2) Requisitos 
legais e outros requisitos; 3) Objetivos e metas; 4) Programas de 
Gestão Ambiental.
3. Implementação e operação – Para a concreta implementação da 
ISO 14001, é importante estabelecer políticas, metas e objetivos. 
Os agentes internos, dentro da estrutura organizacional, devem 
ser definidos. A disseminação do projeto e constituição periódica 
de treinamentos tornam a implementação mais sólida. Outros 
pontos imprescindíveis consistem na comunicação e controle 
documental. Por fim, a empresa deve se preparar para eventuais 
situações emergenciais.
4. Verificação e ação corretiva – A norma ISO 14001 estabelece 
que a empresa deve verificar o programa de gestão ambiental, 
na prática, e manter medidas de ajustes, visando à mitigação 
dos impactos ambientais. A Verificação e Ação Corretiva são 
orientadas por quatro etapas do processo de gestão ambiental, 
a saber: Monitoramento e Medição, Não conformidade e Ações 
Corretivas e Preventivas, Registros e Auditoria do SGA.
5. Análise crítica – Refere-se à etapa seguinte à realização de audi-
toria. Momento em que se identifica as necessidades de alteração 
da Política Ambiental para adequações e melhorias.
Conclusão 
Diante de um cenário globalizado cada vez mais exigente, as organizações 
buscam estratégias para se diferenciar no mercado e consequentemente melho-
rar seus resultados. Considerando a preocupação com o equilíbrio ambien-
tal como um fator preponderante nesse cenário de negócios, a efetiva gestão 
ambiental destaca-se como uma ferramenta essencial de interação e atendi-
mento às normativas legais pertinentes, às necessidades, às expectativas e aos 
anseios da sociedade, fazendo parte das estratégias organizacionais. 
Seguramente, a efetiva avaliação e gestão patrimonial atrelada aos aspectos 
ambientais empresariais evidencia a contabilidade ambiental como um meca-
nismo de transparência aos atores sociais, com foco específico no meio ambiente. 
Contabilidade Socioambiental
– 40 –
As informações disponibilizadas pela contabilidade ambiental viabilizam segu-
ridade ao processo de tomada de decisão, proporcionam maior eficiência na 
gestão de materiais e recursos, redução dos passivos ambientais, redução dos 
custos operacionais relacionados, além de transmitir a confiabilidade aos players 
de mercado quanto a possíveis investimentos.
O alinhamento da contabilidade ambiental com um consistente sistema de 
gestão ambiental (SGA) permite assegurar a integração entre atividade empresa-
rial, produtividade, controle patrimonial e meio ambiente. É possível asseverar, 
também, que ela consiste em uma necessária tendência para a perenidade organi-
zacional, a preservação da imagem da empresa e de sua reputação mercadológica.
Ampliando seus conhecimentos
Para uma melhor compreensão da proposta da contabilidade 
ambiental, temática central deste livro, sugerimos a breve leitura, 
proposta por Souza e Ribeiro (2004), acerca da relevância da 
relação das questões ambientais com a gestão contábil empresarial:
Contabilidade Ambiental
(SOUZA; RIBEIRO, 2004, p.56)
De acordo com Ribeiro (1992:56), as questões ambientais 
devem ser “alvos de preocupações específicas da contabili-
dade”, podendo assim contribuir para a conciliação de um 
“desenvolvimento econômico sustentável” de acordo com as 
especificações estabelecidas por entidades governamentais e 
não governamentais, nacionais e internacionais.
É evidente o aumento, considerável, nos últimos anos, das 
discussões concernentes à melhor forma das empresas con-
ciliarem seus processos produtivos com questões ambientais, 
existindo grande conscientização por parte das principais 
– 41 –
Introdução à contabilidade ambiental 
instituições, de que a preservação do meio ambiente é fator 
determinante para a continuidade e sobrevivência empresarial.
A Contabilidade assume, diante dessa contextualização, 
papel fundamental de subsídio a todos os agentes envolvidos 
no processo. Esta deve auxiliar os administradores, no que 
tange ao gerenciamento empresarial das relações com o meio 
ambiente, por ser considerada, atualmente, uma das principais 
ferramentas de gestão de negócios. Cabe a ela a elaboração e 
fornecimento de informações aos usuários internos e externos 
acerca dos eventos ambientais que causam modificações na 
situação patrimonial das entidades.
As informações de caráter ambiental a serem divulgadas pela 
Contabilidade, segundo Martins & De Luca (1994:25),
 [...] vão desde os investimentos realizados, seja em nível 
de aquisição de bens permanentes de proteção a danos 
ecológicos, de despesas de manutenção ou correção de 
efeitos ambientais do exercício em curso, de obrigações 
contraídas em prol do meio ambiente, e até de medidas 
físicas, quantitativas e qualitativas, empreendidas para sua 
recuperação e preservação.
[...]
Atividades
1. “Ao mesmo tempo em que é indispensável preservar, é necessário pro-
duzir”. Esse é, aparentemente, um complexo paradoxo empresarial, 
quanto à integração entre o aspecto econômico e o ambiental, o que 
reflete na desafiadora missão de gerenciar as atividades produtivas 
sem degradar ou trazer prejuízos ao meio ambiente. Ponderando tal 
conjuntura, explique o que é gestão ambiental e quais responsabilida-
des são atribuídas às organizações empresariais nesse contexto.
Contabilidade Socioambiental
– 42 –
2. Ao separarmos o termo contabilidade ambiental, é possível identificar 
duas palavras independentes, com significados distintos. Contudo, a 
junção dessas palavras direciona a um ramo específico da gestão con-
tábil empresarial. Nesse aspecto, apresente a diferença existente entre a 
conceituação de contabilidade e a de contabilidade ambiental. 
3. A implantação de um sistema de gestão ambiental (SGA) exige ocumprimento de etapas bem estruturadas para obtenção de efetivos 
resultados. Cite e explique cada uma das etapas que norteiam a im-
plantação de um SGA.
4. O que a ISO 14001 especifica para as organizações? Existe relação 
entre a ISO 14001 e o Sistema de Gestão Ambiental (SGA)?
Patrimônio ambiental
Introdução 
Este capítulo aborda a estruturação dos elementos patri-
moniais oriundos de eventos ambientais, proporcionando a com-
preensão da contabilização e do registro patrimonial com base nos 
princípios contábeis. 
Para melhor compreensão, são abordadas as principais 
definições e apresentadas as operacionalizações da contabilidade 
ambiental, considerando as atividades e os processos operacionais 
da entidade, enfocando as contas patrimoniais e de resultados: 
Ativo e Passivo Ambiental, Patrimônio Líquido, Custos, Despesas, 
Perdas e Receitas Ambientais.
3
Contabilidade Socioambiental
– 44 –
3.1 Ativo e passivo ambientais
Aspectos relacionados a degradação ambiental, impactos ambientais, 
desperdícios de recursos e ineficiência produtiva podem refletir em consi-
deráveis perdas pecuniárias (monetárias) e materiais para qualquer organi-
zação. Por outro lado, investimentos em programas ambientais, mitigação 
dos impactos ambientais, processo produtivo ecoeficiente e um posiciona-
mento voltado para ações socioambientais efetivas, embora sejam oriundos 
de investimentos, configuram-se como grandes oportunidades de resultados 
mais promissores.
Obviamente, a primeira pergunta que vem à mente consiste em: Como 
é possível lidar com questões ambientais no âmbito da gestão contábil? 
Primeiramente, para responder a tal pergunta, é preciso lembrar que 
a contabilidade ambiental (environmental accounting) consiste em uma ver-
tente da contabilidade. Nesse alinhamento, as classificações e os registros das 
contas patrimoniais concernentes ao meio ambiente precisam seguir as mes-
mas diretrizes estabelecidas na contabilidade, cujos conjuntos informacionais 
decorrentes da aquisição de bens, despesas com preservação e manutenção, 
investimentos em projetos socioambientais, custos, contração de obrigações 
e compromissos ambientais devem consistir em atribuições da contabilidade 
ambiental, com base na devida classificação dos elementos patrimoniais de 
bens e direitos (ativos) ambientais, obrigações (passivo) ambientais e patri-
mônio líquido ambiental. 
3.1.1 Ativos ambientais
Na concepção de Ribeiro (2006, p. 61), os ativos ambientais consistem 
em “todos os bens e direitos possuídos pelas empresas, que tenham capaci-
dade de geração de benefício econômico em períodos futuros e que visem à 
preservação, proteção e recuperação ambiental”.
De forma semelhante, Tinoco e Kraemer (2011, p. 154) apresentam a 
definição de ativos ambientais como “os bens adquiridos pela companhia que 
têm como finalidade controle, preservação e recuperação do meio ambiente”. 
Tais autores ainda esclarecem, com exemplos, o que representam esses ativos:
– 45 –
Patrimônio ambiental
 2 os estoques dos insumos, peças e acessórios etc. utilizados no pro-
cesso de eliminação ou redução dos níveis de poluição e de geração 
de resíduos;
 2 os investimentos em máquinas, equipamentos, instalações etc. 
adquiridos ou produzidos com intenção de amenizar os impactos 
causados ao meio ambiente;
 2 os gastos com pesquisas, visando ao desenvolvimento de tecno-
logias modernas, de médio e longo prazo, desde que constituam 
benefícios ou ações que irão refletir nos exercícios seguintes.
A configuração dos ativos ambientais é distinta entre as entidades, 
obviamente, pelas diferentes atividades econômicas e pelos processos envol-
vidos. Não obstante, a estruturação do balanço patrimonial segue a mesma 
lógica prevista nas convenções contábeis, de modo a classificar os ativos 
ambientais em ativo circulante (bens e direitos ambientais de curto prazo) 
e ativo não circulante (bens e direitos ambientais de longo prazo). Ambos 
englobam os bens destinados especificamente para o controle, a proteção e 
a preservação ambiental.
Cumpre evidenciar que a contabilização do evento ou da transação relativa 
aos aspectos ambientais passa a ser efetivada no momento em que a entidade 
obtém o controle ou a posse do ativo ambiental. Segundo a Norma Brasileira de 
Contabilidade NBC TE XXX – Interação da Entidade com o Meio Ambiente 
(CFC, 2012), a classificação do ativo ocorrerá da seguinte forma:
 2 Ativos circulantes ambientais referem-se aos estoques de insumos 
(bens e serviços), os quais serão utilizados no processo operacional, 
ou ao final deste, com o objetivo de reduzir ou eliminar a produ-
ção de poluentes, ou, ainda, aqueles com a finalidade de recuperar 
danos ambientais.
 2 Estoques operacionais ambientais devem ser segregados entre 
ambientais, reciclados e reutilizados, visando proporcionar maior 
transparência sobre a relação da entidade com o meio ambiente.
 2 Ativos não circulantes podem ser formados por contas de Investi-
mento Ambiental, Imobilizado Ambiental e Intangível Ambiental. 
Contabilidade Socioambiental
– 46 –
 2 Ativos não circulantes ambientais são aqueles cuja realização se dará 
no longo prazo e associados com a proteção e a recuperação ambiental.
 2 Investimentos ambientais são caracterizados por aplicação de recursos 
na aquisição de áreas de conservação de recursos naturais com o obje-
tivo específico de promover a preservação da fauna e da flora – res-
salte-se que, mudando a intenção, o ativo tem que ser reclassificado.
 2 Imobilizado ambiental são os itens utilizados ao longo de vários 
períodos, especificamente, para tratar os poluentes oriundos do 
processo operacional da entidade, durante a operação ou após o 
final desta. Pode incluir, também, os ativos de longa duração, des-
tinados, exclusivamente, à recuperação de áreas degradadas pela 
entidade em períodos anteriores, enquanto estiverem em atividade.
 2 Intangíveis ambientais são os itens incorpóreos controlados pela 
entidade capazes de produzir fluxos de caixa futuros e que estejam 
vinculados à interação com o meio ambiente.
É importante destacar que os desembolsos relativos às intervenções (tra-
tamentos) de contaminação ao meio ambiente, em decorrência das atividades 
e operações da entidade, deverão ser classificados como ativo não circulante 
em situações em que: (i) apresentar característica recuperável; (ii) oportunizar 
a capacidade ou melhoria da segurança e economia dos ativos, bem como o 
prolongamento de vida útil; ou (iii) ter um momento de preparação do ativo 
para destiná-lo à vendas.
Ainda sob a perspectiva do ativo não circulante, as contas do ativo 
imobilizado (bens corpóreos) merecem uma tratativa diferenciada, em fun-
ção de que esses bens sofrem desgastes ou perda com o passar do tempo 
(diminuição do valor). Contabilmente, grande parte dos ativos imobilizados, 
 excetuando-se terrenos, configuram em ativo fixo de limitada vida útil con-
tábil, e tal classificação é denominada depreciação, amortização ou exaustão. 
Com base nas diretrizes da Lei n. 6.404/76 (Lei das S.A) (BRASIL, 1976), 
pode-se conceituar esses itens como:
 2 Depreciação acumulada ambiental: registro de perda de valor 
de direitos de bens físicos relativos à preservação e à recupera-
ção ambiental.
– 47 –
Patrimônio ambiental
 2 Amortização acumulada ambiental: registro de perda de valor de 
capital aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quais-
quer outros com existência ou exercício de duração limitada, ou 
cujo objeto sejam bens de utilização por prazo legal ou contratual-
mente limitado. 
 2 Exaustão acumulada ambiental: registro da perda do valor de 
recursos florestais ou minerais, decorrentes das explorações que 
resultam no esgotamento dos recursos no transcorrer do tempo. 
Exemplo: jazidas ou minas.
Como o procedimento contábil de exaustão é característico de explora-
ção de recursos minerais ou florestais, merecendo certo destaque na contabi-
lidade ambiental, um exemplo prático do processo de exaustão de

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