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ECONOMIA II

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CAPÍTULO 2
Fundamentos de Economia
Microeconomia
1. Conceito de Microeconomia
No primeiro Capítulo, você aprendeu que a economia é a ciência que visa compreender o processo de alocação dos recursos escassos, de modo a satisfazer as necessidades humanas. Também constatou, por meio do fluxo circular da renda, que esse processo ocorre de maneira ininterrupta e por meio do estabelecimento de relações entre dois agentes econômicos (firmas e famílias) nos mercados de fatores de produção e de bens e serviços.
No entanto, como já discutimos, essas relações ocorrem estabelecendo um fluxo monetário. Esse, por sua vez, se dá mediante o estabelecimento de preços: quando nos referimos ao mercado de fatores, o preço do trabalho, por exemplo, é o salário; quando nos aludimos ao mercado de bens, temos os preços dos produtos em si.
Agora você se pergunta: como se estabelecem preços nos mercados através dessas relações?
Trazendo para uma visão mais prática, por que mão de obra qualificada e rara tende a receber salários mais elevados? Por que a água, um bem tão essencial à vida, é barata quando comparada a outros bens supérfluos? Por que produtos diferenciados tendem a ter preços mais elevados?
Todos esses questionamentos que envolvem a formação de preços buscam na microeconomia seus fundamentos e respostas. Mas, para respondê-los, precisamos nos voltar às relações entre os agentes, entendendo como cada um toma suas decisões. Daí estendemos à problemática microeconômica o processo decisório de cada agente econômico.
No mercado de bens e serviços, as famílias assumem o papel de consumidoras, enquanto as firmas são as ofertantes/produtoras. Logo, a microeconomia busca compreender a maneira como esses agentes se relacionam em diferentes estruturas de mercado1, de modo a formar preços. Por exemplo, não parece razoável supor que um monopólio tende a ter preços mais elevados do que os mercados concorrenciais?
Imagine, por exemplo, se você for comprar um cachorro-quente em um show fechado, onde há apenas uma barraca de comida. Natural que o preço que você irá pagar seja mais elevado do que na saída do show, onde haverá diversas barracas concorrendo entre si.
Por fim, quando fizermos a análise da eficiência desse processo, observaremos que naqueles mercados com preços mais elevados há menor acesso dos consumidores às mercadorias, o que significa que menos necessidades estão sendo satisfeitas. Em outras palavras, será que podemos considerar a alocação dos recursos produtivos mais eficiente em estruturas de mercado mais concentradas? Quais são as formas de intervenção do governo nesse processo de alocação? Quando a intervenção resultará em maior eficiência?
Portanto, segue um breve resumo das principais vertentes de estudo da microeconomia:
Figura 1 – De que trata a microeconomia? 
Fonte: Autor.
Como o objetivo de qualquer ciência, seja ela pura ou social, é prever o comportamento dos fenômenos avaliados, o intuito da teoria microeconômica está em fornecer um instrumental capaz de prever o comportamento dos agentes econômicos, bem como os movimentos dos preços.
Para realizar esse processo, os autores do chamado mainstream econômico se valem de teorias e modelos, os quais são simplificações de uma realidade bastante complexa e utilizam um instrumental matemático para sua representação. Você já deve ter notado isso através da construção da CPP.
Todo modelo exige que você molde as condições nas quais ele será testado, ou seja, os pressupostos nos quais irá se fundamentar a teoria apresentada. Seguem, portanto, alguns dos pressupostos da análise microeconômica que utilizaremos ao longo da exposição do conteúdo deste Capítulo:
1.1 Pressupostos básicos da análise microeco- nômica
1.1.1 Coeteris PARIBUS – e tudo o mais constante
Imagine que você é um sorveteiro que atua na Praia da Enseada, no Guarujá, e precisa prever a quantidade de sorvetes de cada sabor que levará em seu carrinho. Seu processo de previsão deverá levar em consideração diversos fatores que influenciam a demanda de sorvete: quanto custa o meu sorvete? Quanto custa o queijo coalho e o chá mate? A praia estará cheia? Está quente? Está chovendo? As pessoas preferem sorvetes de frutas ou de chocolate nessa região? Enfim, uma série de questionamentos lhe ajudará a prever a quantidade necessária para um dia de trabalho. No entanto, em termos científicos, é absolutamente importante que você consiga detectar de maneira isolada quanto cada um desses eventos impactam sua demanda.
Por exemplo, se estiver quente, quanto mais sorvete eu vendo, mantenho todos os outros fatores que afetam a minha demanda constantes? Esse processo de isolar fenômenos para que se descubra a verdadeira relação de causa-consequência das variáveis é cientificamente chamado de coeteris paribus (todo o restante permanecendo constante).
1.1.2 Preços relativos
Quando você precisa decidir se irá comprar suco ou refrigerante em uma refeição que esteja realizando fora de casa, por exemplo, você normalmente compara os preços e analisa suas preferências. Por exemplo, se você prefere refrigerante, mas o suco está mais barato, talvez escolha o suco. Dessa forma, suas decisões de compra em relação a um bem não dependem somente do preço dele, e sim do preço de bens relacionados à sua escolha.
Nesse sentido, o preço relativo, que nada mais é do que o preço de um bem em relação a outro, tem um papel muito mais importante para análise microeconômica do que o preço absoluto dos bens (preço de uma mercadoria).
Outro exemplo prático desse tipo de análise se dá na seguinte situação: se o preço da gasolina cair 15% e a queda for acompanhada também pelo preço do etanol, ou seja, o preço do etanol também cair 15%, nada deverá acontecer no mercado. Porém, se apenas o preço da gasolina cair, haverá uma redução automática na demanda do etanol e um consequente aumento na demanda da gasolina. Nesse caso, apesar de o preço do etanol se manter estável, seu preço absoluto não aumentou e seu preço em relação à gasolina teve um aumento de 15%, o que provocou a queda na demanda do produto.
1.1.3 Princípio da racionalidade
Agora que já compreendemos alguns pressupostos do processo analítico da microeconomia, é de fundamental importância que fique estabelecido o que norteia o processo decisório dos agentes. Nos exemplos abordados, o que norteia a decisão de quantos sorvetes de cada sabor levar no carrinho? O que faz com que você escolha suco no lugar de refrigerante?
Na medida em que o mainstream econômico fundamenta-se nos princípios filosóficos utilitaristas, estabeleceremos que toda e qualquer decisão de um agente econômico sempre visará maximizar sua satisfação e minimizar o sofrimento. Assim, estaremos supondo que esse agente econômico é racional em suas escolhas.
Quando nos atemos à escolha do consumidor, toda decisão visará maximizar sua satisfação com o consumo da mercadoria. Esse processo de escolha que maximiza a satisfação, por sua vez, deverá ser moldado pelas preferências que este tem pelos bens, bem como pela restrição orçamentária com que ele se defronta.
Quando aplicamos o princípio da racionalidade às firmas, o processo decisório passa a visar à maximização dos lucros, ou seja, a definição de uma quantidade a ser produzida que torne o hiato entre receita e custo o maior possível.
Na prática, observamos que muitas das decisões de curto prazo das firmas não maximizam o lucro. Por exemplo, você pode optar por reduzir lucros para conquistar uma parcela de mercado maior. Ou, ainda, elevar custos no curto prazo para reformular o negócio e, com isso, elevar a lucratividade esperada no futuro. De qualquer forma, esse pressuposto parece bastante razoável para um cenário de longo prazo.
2. Demanda, Oferta e Equilíbrio de Mercado
Você já parou para pensar como caracterizar um mercado? De acordo com Pindyck e Rubinfeld (2006, p. 7), o mercado é o “grupo de compradores e vendedores que, por meio de suas interações efetivas ou potenciais, determinam o preço de um produto ou de um conjunto de produtos”.
Nesse sentido, a ofertae a demanda são os principais fatores de influência do mercado. Talvez existam poucas coisas que influenciem mais o nosso dia a dia do que a oferta e a demanda. Elas influenciam desde o nível dos preços dos alimentos até os nossos salários ou o lucro das empresas, bem como o volume da produção das empresas, o volume das vendas e a velocidade de geração de empregos.
Mas o que significa demanda? Demanda nada mais é do que a uma representação do quanto os consumidores desejam demandar de um bem para cada nível de preço específico. A representação gráfica desse conceito é dada pela curva de demanda. Trabalharemos melhor esses conceitos a seguir.
E o que significa oferta? Se demanda é desejo de aquisição, oferta é a disposição do produtor em produzir os bens para o mercado. Naturalmente, essa disposição em ofertar também tem uma relação direta com o preço do bem. Nesse sentido, sua representação gráfica é estabelecida por meio da curva de oferta.
Se as definições de oferta e demanda relacionam quantidades (a serem demandadas e/ou ofertadas) com os possíveis preços que o bem em questão pode ter, a representação gráfica do mercado levará em conta essas duas variáveis para a sua composição. Veremos a seguir com maior detalhe esses pontos.
2.1 Demanda
Agora que você já sabe ao menos superficialmente o que significam oferta e demanda, e como esses elementos influenciam os estudos do mercado e nossa vida particularmente, vamos aprofundá-los mais e estabelecer a relação entre ambos.
Vamos iniciar pela demanda, fator que está mais ligado a você enquanto consumidor. Você age como consumidor toda vez que se dirige ao mercado para adquirir bens e serviços que deseja ou necessita. Essa ação é corriqueira na nossa vida, não é mesmo?
Você já viu anteriormente a definição de demanda, mas é sempre bom reforçar. A demanda é também chamada de procura, porém é preciso levar em consideração que essa igualdade dos termos é válida quando encaramos a demanda como desejo de consumo, e não como aquilo que é efetivamente demandado, pois existe a procura apenas para consulta, ou seja, o consumidor manifesta o desejo de obter um determinado bem, consulta as condições de aquisição e, por uma série de razões, não confirma a compra.
Todo consumidor tem a sua própria curva de demanda individual. Por sua vez, como um mercado é composto de um grupo de consumidores, se somarmos as curvas de demanda individuais de todos eles, chegaremos à curva de demanda do mercado.
Vamos compreender esses conceitos através de um exemplo prático. Imagine que Maria tem o seguinte desejo de consumo de sorvete de casquinha para cada preço possível:
Tabela 1 – Escala de demanda de sorvetes de casquinha de Maria
Fonte: MANKIW, 2009, p. 66.
Figura 2 – Curva de demanda de Maria.
Fonte: MANKIW, 2009, p. 66.
Conforme podemos observar, existe uma relação inversa entre a procura e o preço do bem, denominada Lei Geral da Demanda.
É evidente que a demanda de Maria por sorvete (assim como de qualquer consumidor por qualquer bem) não é influenciada somente pelo preço. Seu desejo por adquirir sorvete muda com as estações do ano (o que caracteriza a sazonalidade), pelo local onde está (talvez queira consumir mais sorvete na praia), pelas suas preferências, pela sua renda etc.
Dessa forma, diversos estudos apontam que a demanda individual e de mercado de um bem é determinada da seguinte forma:
\(q^{d}~_A = ƒ(P_A, P_S, P_C, R, G)\), onde:
\(q^{d}~_A\) = Quantidade procurada (demandada) do bem A em determinado período de tempo
\(P_A \)= Preço do bem no período
\(P_S \)= Preço do bem substituto no período
\(P_C\) = Preço do bem complementar no período
R = Renda do consumidor no período
G = Gostos e preferências no período
Para entender a demanda individual e suas variáveis, vamos expor um outro exemplo: imagine o caso de um colecionador de discos de vinil chamado Paulo. Isso mesmo, aqueles discos pretos que seus pais, ou você mesmo, dependendo da sua idade, utilizavam para ouvir música. Quais fatores influenciam a decisão de compra do colecionador?
· Preço: se o preço do disco aumentar por unidade, provavelmente Paulo comprará menos discos. Essa relação é dada pela Lei Geral da Demanda e é bastante intuitiva: quanto mais barato o bem, mais se demanda dele, e vice-versa.
· Preço dos bens substitutos: imagine que o preço do vinil não se alterou, mas houve queda no preço do CD; ou, ainda, houve uma flexibilização das leis de direito autoral, de modo que está mais fácil e mais barato baixar música pela internet. É natural que Paulo agora migre parte de sua renda que antes era destinada à aquisição de vinis para esses tipos de bens. A magnitude dessa queda tem uma relação direta com a existência dos chamados bens subtitutos e a análise dos preços relativos. Assim, mesmo mantendo o preço do vinil constante, o fato de um bem substituto estar mais barato pressiona para baixo a demanda desses. Mas se a curva de demanda representa a procura para diferentes níveis de preços, e, nesse caso, não tivemos alteração do preço do bem que estamos analisando, a saber, vinil, como representamos esse evento graficamente?
Figura 3 – Efeito da queda do preço do bem substituto. 
Fonte: Autor.
· Preço dos bens complementares: e se o preço das vitrolas diminuísse? Provavelmente Paulo, que é aficionado por vinis, compraria mais vitrolas, com diferentes características, e ficaria mais ansioso por demandar mais vinis. Nesse sentido, quando houver uma queda no preço de um bem complementar (bens que são consumidos conjuntamente), ocorrerá uma elevação da demanda do bem analisado. Assim como no caso do bem substituto, graficamente ocorrerá um deslocamento da curva de demanda, mas agora é preciso mostrar que houve elevação da demanda de vinil. Isso significa que o sentido do deslocamento será “para cima e para a direita”.
· Renda: o que acontecerá com a demanda por discos de vinil se o colecionador perder o emprego? Não precisa pensar muito. Desempregado, certamente deixará de comprar discos de vinil. Se tiver sua renda diminuída por alguma razão, a demanda pelos chamados “bens normais” também diminuirá. Agora, existem bens que terão sua demanda aumentada com a redução da renda dos consumidores. São os chamados “bens inferiores”. Imagine o uso do serviço de transporte coletivo. Se as pessoas ficam desempregadas, elas deixam de utilizar o carro particular ou táxi e passam a adotar o ônibus.
· Gostos e preferências: imagine que a paixão de Paulo por vinis veio antes de ele descobrir que esse tipo de bem é altamente poluidor2. Depois de ler o estudo que chegou a tais conclusões, Paulo diminui seu desejo de compra; tal evento também será representado por um deslocamento da curva de demanda. Você saberia em qual sentido? Vale lembrar que a economia não tenta explicar os gostos dos consumidores, uma vez que isso pertence ao campo de estudo da psicologia e do marketing. Mas é importante entender o que acontece no mercado, em especial com a demanda, quando os gostos mudam.
SAIBA MAIS
1. Por que quando o preço dos computadores cai, a demanda por softwares aumenta?
2. Por que quando o preço do café aumenta, a demanda por chá também aumenta?
Agora que você já sabe como a demanda se comporta em relação ao comportamento do consumidor, já está em condições de responder à seguinte propositura:
· Qual a diferença entre o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada?
A demanda individual estabelece o quanto um único consumidor deseja demandar de um bem para cada possível preço. Isso significa que a efetivação depende do estabelecimento de um nível de preços, ou seja, a quantidade demandada só ocorre depois de se estabelecer um preço para esse bem.
No exemplo apresentado de Maria, vemos que quando o preço da casquinha chega a $3,00, Maria não está mais disposta a adquirir aquele bem. Ou seja, quando o preço é $3,00, a quantidade que Maria irá consumir é igual a zero. Em compensação, quando o preço for $1,50, Maria demandará 6 sorvetes.
No entanto, será que podemos afirmar que essa relação entre desejo eefetivação de consumo deverá ser igual para todos os consumidores desse mercado? Aqui entra em questão a distinção entre demanda individual e de mercado. Conforme vemos na tabela 2, o João ainda demanda, mesmo que apenas 1 unidade, sorvete quando o preço é $3,00.
Tabela 2 – Demandas individuais e do mercado de sorvetes de casquinha
Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 67.
Figura 4 – Curvas de demanda individual e de mercado. 
Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 67.
2.2 Oferta
Mas existe também outro fator de influência do mercado tanto quanto a demanda: a oferta. A demanda trata dos consumidores, e a oferta cuida dos fabricantes e vendedores. Conforme discutimos inicialmente, toda tomada de decisão do ofertante vem no sentido de maximizar o seu lucro. O lucro (π), por sua vez, é a diferença entre Receita Total (R) e Custo Total (C).
π = R – C, onde:
R = P x Q, onde Receita Total é o montante de unidades monetárias que decorre da venda do bem, ou seja, a quantidade vendida (Q) multiplicada pelo Preço (P).
Se quanto maior o lucro, maior a disposição em ofertar mercadorias, temos que toda vez que o preço se eleva, coeteris paribus, há uma maior disposição em ofertar bens, pois o lucro por unidade de produto aumenta. A partir dessa lógica, surge a Lei Geral da Oferta, que estabelece uma relação direta entre preço e quantidade ofertada: quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse mesmo bem também aumenta, e vice-versa.
Assim, graficamente teremos uma curva que relaciona preço e quantidade ofertada, mas cujo formato é positivamente inclinado, refletindo essa relação positiva entre as variáveis:
Tabela 3 – Escala de oferta de sorvetes de casquinha
Fonte: MANKIW, 2009, p. 72.
Figura 5 – Curva de oferta de sorvetes de casquinha. 
Fonte: MANKIW, 2009, p. 72.
Assim como a demanda, a oferta tem seus determinantes:
\(q^{O}~_{A} = ƒ(P_A, P_i, T, E)\), onde:
qOA = Quantidade ofertada do bem A em determinado período de tempo PA = Preço do bem no período
Pi = Preço do insumos/fatores de produção T = Tecnologia
E = Expectativa futura
Para que você entenda melhor, imagine que é o diretor geral da Discos Copacabana, um fabricante de discos de vinil. O que iria determinar a quantidade de discos de vinil que você fosse produzir ou vender? Você somente teria condições de responder a essa pergunta após analisar os determinantes citados da oferta:
· Preço: imagine que o preço do disco de vinil está elevado e proporcionando excelentes ganhos sob a forma de lucros. Isso o incentivará a adquirir mais máquinas, contratar mais operários e trabalhar initerruptamente no sentido de produzir mais e poder ofertar mais discos. Mas, se por alguma razão, o preço do disco de vinil diminuir e o produto deixar de ser lucrativo, isso fará com que você fique desestimulado a produzir e o levará a produzir cada vez menos até que o negócio se encerre. Basicamente, esta é a “Lei da oferta”.
· Preço dos insumos: é claro que, para produzir discos, você utiliza vários tipos de insumos: vinil, papel, prensas, prédio onde funciona a fábrica, mão de obra dos funcionários etc. Quando o preço de um desses insumos aumenta e a empresa não consegue repassar o aumento para o consumidor, a operação se torna menos lucrativa e você menos motivado a produzir, diminuindo assim a oferta. Como representar isso graficamente? Deslocando a curva de oferta!
· Tecnologia: o uso de equipamentos mais sofisticados aumenta a produtividade das empresas através da redução da dependência do homem nas etapas produtivas. Esse aumento de produtividade se dá por meio da redução de custos e, nesse caso, vem acompanhado de um aumento da lucratividade. Isso vai motivar a produzir mais, aumentando a oferta dos discos.
· Expectativas: imagine que você, de alguma forma, identificou a possibilidade de aumento nos preços futuros do disco de vinil. O que faria? Poderia investir em melhorias da produtividade (em capital) para que possa reduzir ainda mais seus custos de produção, de modo a ter um lucro futuro ainda melhor. No entanto, se você acreditar que esse mercado está fadado à estagnação, talvez decida reduzir suas operações, de modo a investir esses recursos em outra atividade mais promissora. No caso exposto, a diferença entre tecnologia e expectativa se dá em relação ao horizonte temporal. A mudança tecnológica traz alterações no curto prazo; no entanto, uma decisão de investimento em tecnologia se refere a um horizonte temporal de longo prazo.
Assim como na demanda, a oferta pode ser representada individualmente, isto é, por firmas, ou pelo somatório das firmas, compondo a oferta de mercado. Imaginemos que, no caso dos sorvetes, uma determinada região seja abastecida pelas firmas Ben e Jerry. Assim, teremos:
Tabela 6 – Escalas de oferta de Ben, Jerry e mercado
Fonte: MANKIW, 2009, p. 73.
Figura 6 – Curvas de oferta individuais e de mercado.
Fonte: MANKIW, 2009, p. 73.
Até aqui, você já aprendeu sobre oferta e demanda e tem plenas condições de entender como uma funciona em relação à outra, bastando para tanto estabelecer um comparativo entre os fatores de influência de uma e de outra.
Mas, em todos os casos estudados, utilizamos o raciocínio da coeteris paribus, ou seja, fixamos todas as variáveis e analisamos apenas uma isoladamente. Porém, o mercado não se comporta dessa forma, e todas as variáveis, tanto da demanda quanto da oferta, agem ao mesmo tempo. Assim, vale o conceito de oferta de mercado e demanda de mercado.
SAIBA MAIS
1. Você acha que as mudanças na oferta e as mudanças na quantidade ofertada são a mesma coisa?
2. Você acha que o aumento da demanda e o aumento da quantidade demandada são a mesma coisa?
2.3 Equilíbrio de mercado
Sob um olhar mais superficial, oferta e demanda parecem estar em lados opostos, divergindo sempre. Se o consumidor sempre estiver à procura do menor preço e o produtor sempre desejar o maior lucro, como chegar a um meio-termo entre situações tão diferentes?
Se você colocar em um gráfico as curvas de demanda e de oferta, o cruzamento das duas é o ponto de equilíbrio do mercado. Observe que o ponto de cruzamento das duas curvas, o ponto de equilíbrio, reflete que os consumidores desejam adquirir exatamente as quantidades que os produtores estão dispostos a vender. Nesse ponto não existe excesso ou escassez, e sim convergência de desejos.
Figura 7 – Equilíbrio de mercado de sorvetes de casquinha. 
Fonte: MANKIW, 2009, p. 76.
Os preços são os responsáveis por carregar a economia ao ponto de equilíbrio de forma natural. Quando existe excesso de oferta, os vendedores com maiores volumes de estoques serão forçados a diminuir os preços para aumentar a concorrência pelos consumidores. Por outro lado, quando há excesso de demanda, ou seja, muitos consumidores procurando produtos escassos, eles são obrigados a pagar mais para obtê-los.
Figura 8 – Desequilíbrios de mercado. 
Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 77.
Temos, aqui, uma representação do conceito da “mão invisível” de Adam Smith, que parece “empurrar” o mercado, sem qualquer interferência do governo, rumo ao ponto de equilíbrio, não é mesmo? Pois é, essa “mão invisível” atende pelo nome de mecanismo de preços.
Mas nem tudo no mercado é festa. Você precisa entender que o equilíbrio é muito volátil, e qualquer detalhe pode tirar o mercado do equilíbrio. Imagine se os consumidores tiverem um aumento de renda. Isso será suficiente para desequilibrar o mercado.
SAIBA MAIS
Você consegue representar graficamente o impacto para o equilbrio de mercado, a saber, preço e quantidade, de uma alteração de cada um dos determinantes da oferta e da demanda, estabelecendo a hipótese coeteris paribus?
3. Interferência do Governo
Os governos, são capazes de afetar a economia através da formulação de políticas que afetam tanto a esfera microeconômica, ou seja, a decisão dos agentes e os mercados, bem como a macroeconomia.
Com a missão de evitar o uso abusivo do poderio econômico de algumas empresas sobre o mercado, o governo adota algumas ações que influem diretamente noequilíbrio da oferta e da demanda.
Naturalmente, a demanda de mercado em baixa desmotiva o investimento, diminuindo a oferta de mercado e gerando desemprego, que, por sua vez, diminui ainda mais a demanda, impulsionando a economia como um todo para uma espiral descendente.
Nessa situação, o governo adota medidas de incentivo à demanda de mercado, por exemplo, a ampliação do crédito. Esse fator, por sua vez, altera a renda disponível para consumo. Ou seja, reflete no deslocamento da curva de demanda. No outro extremo do mercado, o governo pode agir oferecendo subsídios para que o produtor se motive a investir, aumentando, assim, a oferta.
Vamos abordar a seguir algumas formas de intervenção, com foco no entendimento dessas ações no equilíbrio de mercado. A partir dessa análise, vamos compreender por que o mainstream econômico é a favor da intervenção mínima do Estado nos mercados competitivos (mercados onde não há concentração).
3.1 Políticas de controle de preços
Visando atender aos anseios de um agente econômico, firmas ou consumidores, o governo pode estabelecer artificialmente o preço de um mercado por meio de medida provisória. Dessa forma, vamos avaliar os impactos do estabelecimento de preços máximos e mínimos.
3.1.1 Preços mínimos
Quando o governo estabelece a obrigatoriedade de um preço mínimo, ele quer forçar o mercado a comprar uma determinada mercadoria a partir de um preço. Na medida em que os preços flutuam quando há desequilíbrio entre oferta e demanda, o estabelecimento de preços mínimos só fará sentido quando estes estiverem acima do preço de equilíbrio.
Para que você entenda o porquê, imagine que o governo estabeleça um preço mínimo abaixo do preço de equilíbrio. Nesse caso, haverá excesso de demanda, o que fará com que os produtores encontrem margem para elevar os preços. Nesse sentido, o preço tenderia naturalmente ao preço de equilíbrio. No entanto, se o governo estabelecer o preço mínimo acima do preço de equilíbrio, haverá um excesso de oferta, que não poderá ser resolvido pela queda dos preços. Ou seja, a imposição de um preço mínimo, apesar de ajudar o lado do produtor, tende a reduzir o acesso dos consumidores a esse bem, gerando inclusive estoques que não conseguem ser escoados.
Vejamos este exemplo através de uma medida prática: imposição de um salário mínimo. Na medida em que salário é o preço da mão de obra, vamos transpor o mercado de bens e serviços para o mercado de trabalho. No mercado de trabalho, os responsáveis pela oferta são os trabalhadores, ao passo que a demanda é representada pelas firmas.
Imaginando que o salário de equilíbrio da nossa economia fictícia seja igual a $ 700,00. Com esse salário, o nível de emprego corresponde a 1.500 postos de trabalho. Visando melhorar as condições da classe trabalhadora, o governo impõe um salário mínimo de $ 965,00.
Figura 9 – Efeitos da imposição de salário mínimo no mercado de trabalho.
Fonte: Adaptado de MANKIW, 2009, p. 121.
Note que, mesmo que a intenção fosse melhorar as condições da classe trabalhadora, na realidade, tal medida repercutiu em uma redução dos postos de trabalho, pois agora as empresas estão empregando menos. Para entendermos melhor, vamos quebrar os impactos desse evento em dois:
No lado da oferta de trabalho, temos uma elevação da disposição em trabalhar; isso ocorreu, pois uma parcela da população, que antes optava, por exemplo, por estudar apenas, agora quer trabalhar em função dos salários mais atrativos. Concomitante a isso, a elevação dos salários aumenta os custos de produção das firmas, o que tende a diminuir a disposição em empregar. Nesse sentido, o número de postos de trabalho disponíveis se reduz.
Logo, chega-se à conclusão que a medida gerou, na prática, desemprego, representado pela diferença entre oferta e demanda de trabalho.
3.1.2 Preços máximos
Conforme o raciocínio aplicado para o preço mínimo, só faz sentido o governo estabelecer artificialmente um preço máximo se este se situar abaixo do preço de equilíbrio.
Imagine que o governo acredita que a escalada no preço dos aluguéis tem pressionado os custos de produção em diversos segmentos, bem como o custo de vida da população, o que tem pressionado a inflação dessa economia. Visando controlar esse movimento, o governo estabelece um preço máximo a ser cobrado pelos aluguéis.
Em um cenário de curto prazo, como podemos observar na Figura 10, a oferta de imóveis não responde às alterações do preço. Isso significa que o excesso de demanda de imóveis para alugar mediante a imposição do preço máximo é menor do que em um cenário de longo prazo. Nesse horizonte temporal, as pessoas podem se desfazer dos imóveis, ou mesmo optar por não realizar novos lançamentos, aplicando o capital em outras fontes de renda. Isso significa que a manutenção desse tipo de medida tende a ser bastante desastrosa no longo prazo.
Figura 10 – Impacto do preço máximo no mercado de imóveis para locação.
Fonte: MANKIW, 2009, p. 118.
SAIBA MAIS
Ao longo da década de 1980 e início da década de 1990, o Brasil enfrentou uma grave espiral inflacionária. O governo, na ânsia de resolver o problema, lançou uma série de planos econômicos. Alguns desses planos, como o Plano Cruzado, estabelecia como medida de controle o congelamento de preços.
O resultado foi bastante desastroso, com escassez de diversos produtos essenciais, como a carne bovina.
Com base no instrumental teórico apresentado, você consegue explicar por que isso aconteceu?
4. Conceito de Elasticidade
Quando os preços de um determinado produto sobem, a demanda cai naturalmente e a oferta aumenta, mas será que todos os produtos estão sujeitos a essas leis? E a quantidade demandada cai com o aumento dos preços proporcionalmente para todos os produtos?
Vamos explicar melhor: lembra-se do colecionador de discos? Você já sabe que um aumento no preço dos CDs diminui a quantidade demandada desse produto pelo colecionador. Suponha que um aumento de preço nos CDs reduziu a quantidade demandada em 25%. Agora, suponha ainda que o colecionador de discos goste muito de pizza. Será que um aumento no preço da pizza também causará uma redução da quantidade demandada de 25%?
Certamente, você irá concluir que tanto a pizza quanto os CDs serão menos consumidos, porém o impacto do aumento dos preços nos dois produtos causará efeitos diferentes nas quantidades demandadas.
Assim, elasticidade é a medida da intensidade da reação dos consumidores e dos vendedores e produtores às alterações na oferta e na demanda. É possível medir as respostas tanto dos consumidores quanto dos produtores para as variações de preços, para a mudança da renda dos consumidores, para as mudanças tecnológicas etc.
Em razão de existirem vários fatores que afetam a demanda e a oferta, você vai encontrar diversas formas de calcular a elasticidade do mercado:
4.1 Elasticidade – Preço da demanda
Através da Elasticidade – Preço da demanda, você conseguirá calcular a intensidade da mudança da quantidade demandada para cada alteração de preço dos produtos. Você estará buscando a resposta para a questão: se o preço da pizza e o preço do CD aumentarem 20%, qual será a redução da quantidade demandada de cada produto individualmente?
O comportamento dos consumidores varia de um produto para outro, isto é, a Lei da Demanda não obedece ao mesmo perfil para todos os bens e serviços oferecidos pelo mercado, existindo uma Elasticidade – Preço da demanda para cada produto individualmente.
Determinar a elasticidade para um produto específico é uma tarefa relativamente fácil. Basta você dividir o percentual da queda da quantidade demandada pela percentagem do aumento de preço.
Elasticidade – Preço da demanda (Epd) = ∆%Qd/∆%P, onde ∆%Qd = variação percentual da quantidade demandada e ∆%P = variação percentual do preço.
Se você considerar que o preço da pizza subiu de R$ 40,00 para R$ 48,00 e que os consumidores diminuíram suas compras de 10.000 para 7.000 unidades por mês, então basta fazer os seguintes cálculos para encontrar a Elasticidade – Preço da demanda para a pizza:∆%P = 30%
∆%Q = –20%
Epd = 30%/–20% = – 1,5 → I Epd I = 1,5
Portanto, o valor da Elasticidade – Preço da demanda para a pizza é –1,5. Observe que esse é um número puro, pois não comporta unidade. Mais do que isso, na medida em que a Lei da Demanda estabelece um movimento inverso entre preço e quantidade, o resultado final da Elasticidade – Preço da demanda será sempre negativo, razão pela qual sua análise deverá ser realizada em módulo.
Outra observação interessante é que o número da Elasticidade – Preço da demanda é maior que 1, o que indica que a pizza é um produto elástico. Se o número da Elasticidade – Preço da demanda fosse menor que 1, indicaria que a pizza é um produto inelástico.
Como interpretamos esses números?
· Toda vez que a variação percentual da quantidade for maior do que a variação percentual do preço, o valor da elasticidade será maior do que 1:
· I Epd I > 1: minha demanda responde mais do que proporcionalmente às alterações no preço.
· Interpretação do valor: Epd = 1,5 → a cada 10% de variação do meu preço, a minha quantidade varia 15%.
· Toda vez que variação percentual da quantidade for menor do que a variação percentual do preço, o valor da elasticidade será menor do que 1:
· 0 < I Epd I < 1: minha demanda responde menos do que proporcionalmente às alterações no preço.
· Interpretação do valor: Epd = 0,5 → a cada 10% de variação do meu preço, a minha quantidade varia apenas 5%.
· Toda vez que variação percentual da quantidade for exatamente igual à variação percentual do preço, o valor da elasticidade será igual a 1:
· I Epd I = 1: minha demanda responde proporcionalmente às alterações no preço.
· Interpretação do valor: Epd = 1 → a cada 10% de variação do meu preço, a minha quantidade varia apenas 10%.
· Toda vez que a minha demanda não responder às variações no preço, o valor da elasticidadeserá igual a 0:
· I Epd I = 0: minha demanda não responde às alterações nos preços.
· ‍Interpretação do valor: Epd = 1 → a cada 10% de variação do meu preço, a minha quantidade varia apenas 0%.
· Toda vez que a variação percentual da quantidade for infinitamente maior do que a variação percentual do preço, o valor da elasticidade tenderá ao ∞:
· I Epd I = ∞ : minha demanda responde muito intensamente aos preços.‍
· Interpretação do valor: Epd = ∞ → a cada 10% de variação do meu preço, a minha quantidade varia infinitamente.
SAIBA MAIS
Não deixe de pesquisar na bibliografia recomendada desta disciplina a representação gráfica dos diferentes tipos de elasticidade.
É interessante notar que cada uma delas traz uma implicação para o formato das curvas de demanda, mais especificamente para a sua inclinação.
Como regra geral, quanto mais elástica for a demanda, mais próxima da horizontal estará a curva; e quanto mais inelástica for a curva, mais próxima da vertical estará a curva.
4.1.1 Determinantes da Elasticidade – Preço da demanda
A magnitude da resposta da demanda em relação às alterações no preço, ou seja, a Elasticidade – Preço da demanda, depende de três fatores:
· Disponibilidade de bens substitutos: quando o bem é facilmente substituído por outro, qualquer alteração nos preços faz com que os consumidores reduzam drasticamente as quantidade demandadas do bem. Aqui, cabe uma reflexão acerca da importância das estratégias de diferenciação: quanto mais você torna o seu bem único, menos sensível ao preço se torna a sua demanda. Você consegue perceber?
· Essencialidade do bem: quanto mais essencial for o bem, menores serão as respostas às variações nos preços. Imagine, por exemplo, se o preço do sapato sobe. É natural que haja uma redução da demanda. No entanto, se o preço da insulina subir, os portadores de diabetes não poderão deixar de demandá-la. Logo, mesmo sem calcular a Elasticidade – Preço da demanda de cada um dos mercados, podemos afirmar com segurança que a insulina tem uma demanda mais inelástica do que os sapatos.
· Importância do bem no orçamento do consumidor: quanto maior o peso do bem no orçamento do consumidor, maior tende a ser a elasticidade. Vamos refletir sobre a Elasticidade – Preço da demanda de automóveis. Na medida em que o financiamento de um veículo automotor tende a comprometer uma parcela relativamente grande do salário de um consumidor, a decisão de compra é mais facilmente influenciada pelo seu preço. Se houver elevação, talvez esse consumidor resolva aguardar os próximos meses para tomar a decisão de compra, aguardando melhores condições. Assim, na medida em que bens duráveis costumam ser mais caros do que bens de consumo, é possível inferir que eles são mais elásticos.
4.2 Elasticidade – Preço da oferta
Por meio da Elasticidade – Preço da oferta, você conseguirá calcular a intensidade da mudança da quantidade ofertada para cada alteração de preço dos produtos. Como você já sabe, preços mais altos incentivam o produtor a aumentar a oferta, mas será que o fornecedor de pizza reage da mesma forma que o fabricante de CDs com a alta dos preços?
O cálculo da Elasticidade – Preço da oferta é semelhante ao cálculo da Elasticidade – Preço da demanda, porém, segundo a Lei da Oferta, o preço e a quantidade têm uma relação direta, ou seja, seu sinal será sempre positivo, não havendo necessidade de análise em módulo.
Considere que o preço do CD aumentou de R$ 40,00 para R$ 50,00, e isso motivou os fabricantes a elevarem a oferta de 100.000 para 130.000 unidades por mês. Agora, basta você fazer os cálculos a seguir para obter o número da Elasticidade – Preço da oferta:
∆%P = 25%
∆%Q = 30%
Eps = 1,2
Você pode concluir que a produção de CDs é elástica em relação ao preço, uma vez que apresenta um resultado ligeiramente superior a 1.
As interpretações da Elasticidade – Preço da oferta são iguais às da demanda, lembrando que agora a perspectiva está no impacto na quantidade ofertada:
Figura 11 – Elasticidade – Preço da oferta. 
Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2015.
4.3 Elasticidade – Renda da Demanda
Também é comum medir a intensidade da variação da demanda a partir das mudanças na renda do consumidor. A esse tipo de medida se dá o nome de Elasticidade – Renda da demanda. Esse tipo de medida serve para você identificar se um bem é normal, inferior ou de consumo saciado.
· Bem normal: demanda acompanha movimento da renda → Se renda aumenta, quantidade demandada também aumenta; se renda diminui, quantidade demandada também diminui;
· Bem inferior: demanda estabelece movimento contrário ao da renda → Se renda aumenta, quantidade demandada diminui; se renda diminui, quantidade demandada aumenta;
· Bem de consumo saciado: alterações na renda não alteram a demanda pelo bem. Exemplo: sal, papel higiênico etc.
O processo de cálculo é o mesmo das elasticidades já apresentadas, sendo sua base de cálculo: Er = ∆%R/∆%Q, onde ∆%R = variação percentual da renda.
Logo, teremos:
Quadro 1 – Classificação dos bens de acordo com a elasticidade-renda da demanda
Fonte: Adaptado de CARVALHO, 2015.
4.4 Elasticidade – Cruzada da Demanda
A Elasticidade – Cruzada da demanda serve para verificar o impacto na demanda de um bem em função das alterações no preço de um outro bem. Portanto, serve para identificar se um bem será substituto ou complementar em relação a outro.
Você se lembra da relação entre o CD e o disco de vinil? Eles são produtos substitutos, pois o consumidor pode optar por um ou outro quando resolve adquirir arquivos musicais. Sendo assim, passa a ser lógico que as variações no preço de um dos produto afetem também a demanda do outro produto. E, mais do que isso, se a queda no preço do CD faz com que o preço do vinil fique relativamente mais caro, o movimento da demanda de vinil acompanhará o sentido da alteração no preço do CD. Isso sempre ocorrerá quando tivermos bens substitutos.
Vamos compreender essa relação através do cálculo da Elasticidade – Cruzada da demanda.
\(Ep_{AB} = ∆\text{%}Q_a / ∆\text{%}%P_b\) , onde \(Ep_{AB}\) = Elasticidade – Cruzada da demanda do bem A; \(∆\text{%}Q_a\) = variação percentual na quantidade demandada do bem A e \(∆ \text{%} P_b\) = variação percentualno preço do bem B.
Conforme discutimos anteriormente, uma redução dos preços do CD implicou uma queda na demanda de vinil. Isso significa que as duas variações percentuais que entrarão na fórmula são negativas. Quando se divide um número negativo por outro negativo, o resultado final tende a ser positivo.
Como uma alteração no preço de um bem substituto gera o mesmo movimento na demanda do outro, chega-se à conclusão de que sempre que a Elasticidade – Cruzada da demanda for positiva, os bens em questão são substitutos.
\(Ep_{AB} > 0 \to\) bens substitutos.
No entanto, quando os bens são complementares, como o caso da vitrola e do vinil, o sentido do movimento do preço de um impacta de maneira inversa a quantidade demandada do outro. Considerando que o preço da vitrola caiu, a demanda por essa aumenta; se há mais vitrolas em circulação, há mais demanda por vinil. Ou seja, a redução no preço da vitrola aumentou a demanda por vinis.
Portanto, quando o sinal de um termo da divisão é negativo, o outro será necessariamente positivo, implicando uma Elasticidade – Cruzada da demanda menor do que zero (negativa).
\(Ep_{AB} < 0 \to\) bens complementares.
Assim, o resultado da Elasticidade – Cruzada da demanda nos auxilia identificar o tipo de relação que dois bens podem ter entre si.
5. Produção e Custos
A chamada Teoria da Oferta da Firma Individual é dividida em Teoria da Produção e Teoria dos Custos de Produção. Essas teorias são fundamentais para a formação e a análise dos preços e para a alocação dos fatores de produção.
A Teoria da Produção estuda a relação técnica entre as quantidades produzidas e os fatores de produção, enquanto a Teoria dos Custos de Produção foca o relacionamento entre as quantidades produzidas e os preços dos fatores de produção.
5.1 Teoria da Produção
Se você aprofundar uma pesquisa para entender melhor o que significa produção, vai descobrir que todos os especialistas concordam em um ponto: o conceito de produção é amplo e atinge todas as atividades humanas, não se restringindo apenas às atividades industriais, como pode parecer no primeiro instante. Assim, as atividades de serviços, atividades financeiras, atividades comerciais, atividades agrícolas e outras atividades também são consideradas atividades de produção.
A produção de bens perpassa combinar insumos de produção em estruturas produtivas, de modo a transformar insumos primários em bens finais. A forma como os insumos são combinados constituem os métodos de produção, que podem ser de mão de obra intensiva, tecnologia intensiva, capital intensivo etc.
O método de produção mais adequado é escolhido pela eficiência, podendo ser esta com ênfase tecnológica ou econômica. Um método é considerado tecnologicamente eficiente quando utiliza menos insumos que outros métodos para produzir quantidades de produtos ou serviços equivalentes. Já um método é considerado economicamente eficiente quando produz as mesmas quantidades de produtos ou serviços e é mais barato que outros métodos, ou seja, os custos de produção são menores.
Ao produtor cabe decidir “o que, como e quando produzir”, tomando por base as necessidades manifestadas do mercado consumidor. Assim, poderá variar a quantidade de inputs e provocar a variação das quantidades de outputs obtidas.
Nesse momento, entra em cena a “Função de produção”, tida como a relação técnica entre a quantidade inputs (fatores de produção) e a quantidade de outputs (produtos e serviços) em um determinado período de tempo.
q = ƒ(L,K,T)
Onde: q = quantidade produzida por período de tempo 
             L = mão de obra utilizada por período de tempo 
             K = capital físico utilizado por período de tempo 
             T = área utilizada por período de tempo
Para fins de simplificação, adotaremos que a quantidade a ser produzida dependerá de combinações possíveis entre capital e trabalho, somente.
5.1.1 Horizonte temporal
A definição de curto prazo e longo prazo não se dá de maneira linear entre os distintos mercados. Por exemplo, o que será um cenário de curto prazo para a Embraer e para a AmBev? Você vende com a mesma facilidade bebidas e aeronaves? O prazo para a entrega do produto final desses dois tipos de bens a partir da assinatura de um contrato é o mesmo?
Como já era de imaginar, não podemos equalizar esses horizontes temporais simplesmente contando o tempo. Por isso, definiremos como curto prazo aquele cenário em que o tomador de decisão não consegue variar a quantidade de todos os insumos de produção dentro da função de produção, sendo obrigado a manter ao menos uma constante.
Por exemplo, dentro da perspectiva do horizonte temporal de cada organização, nem AmBev, nem Embraer conseguem construir uma fábrica nova no curto prazo, portanto, estaríamos supondo que, em ambas, o capital é mantido constante dentro da função de produção. No entanto, para elevar a produção, é possível que se estabeleça um terceiro turno de trabalho nas suas fábricas. Nesse sentido, a produção se elevaria no curto prazo por meio da contratação de mais trabalhadores.
Vale ressaltar que o insumo que é fixo em um cenário de curto prazo não precisa ser, necessariamente, o capital, conforme o exemplo exposto. Peguemos como exemplo uma consultoria. Se encararmos que uma unidade de capital físico de uma consultoria seja um notebook, por exemplo, você consegue elevar a quantidade de capital quase que instantaneamente. No entanto, o componente da função que exige um prazo maior para elevação é justamente o trabalho: achar a mão de obra qualificada é mais difícil e demorado do que comprar o computador.
Em um cenário de longo prazo, contudo, as decisões preveem a possibilidade de alteração da quantidade de todos os insumos dentro da função de produção. Ou seja, podemos alterar a nossa capacidade de produção.
Tenha esses conceitos bem sedimentados, pois eles dizem respeito tanto à Lei dos Rendimentos Decrescentes quanto à definição de Economia de Escala.
5.1.2 Lei dos Rendimentos Decrescentes
Antes que você mergulhe fundo na Lei dos Rendimentos Decrescentes, é bom que três conceitos sejam analisados: Produto Total, Produtividade Média do Fator de Produção e Produtividade Marginal do Fator de Produção:
· Produto Total: quantidade a ser produzida em um cenário de curto prazo;
· Produtividade Média do Fator de Produção (PMe): quanto cada unidade do insumo variável produz. Se considerarmos o trabalho como insumo variável, essa medida me diz o quanto cada unidade de trabalho3 gera de produto no processo produtivo. Assim, temos a produtividade expressa da seguinte forma: PMeL = q/L, onde PMeL = produtividade média do trabalho; q = quantidade produzida; L = quantidade de trabalho; e PMeK = q/K, onde PMeK= produtividade média do capital; q = quantidade produzida; K = quantidade de capital;
· Produtividade Marginal do Fator: medida que diz quanto a adição de uma unidade de insumo variável agrega no meu produto total. Ou seja, se eu quiser saber quanto elevarei minha produção ao contratar um funcionário a mais, por exemplo, terei de compreender a produtividade marginal desse trabalhador.
Algebricamente temos: PMgL  =  ∆q/∆L, onde PMgL = produtividade marginal do trabalho; ∆q = variação da quantidade produzida; ∆L = variação da quantidade de trabalho; e PMgK= ∆q/∆K, onde PMgK = produtividade marginal do capital; ∆q = variação da quantidade produzida; ∆K = variação da quantidade de capital.
Imaginando que nosso cenário de curto prazo é caracterizado pela quantidade fixa de máquinas, ou seja, capital, ao passo que o insumo trabalho é variável, você será confrontado com um dos principais conceitos da Teoria da Produção: a Lei dos Rendimentos Decrescentes. Por essa lei, você não poderá aumentar indefinidamente um determinado fator de produção, mantendo-se os demais fixos, com o objetivo de aumentar cada vez mais os rendimentos. Se você agir dessa forma, perceberá que, depois de algum tempo, a situação se inverte e você terá rendimentos decrescentes com a curva dos rendimentos apontando para zero.
Ou seja, não adianta você elevarindefinidamente a quantidade de trabalhadores: a produtividade deles está associada diretamente à estrutura física do seu negócio. Chega um dado momento que eles não têm mais condições de trabalho. Imagine que você tem um quiosque de café expresso: o capital representará a quantidade de máquinas de café expresso, e o trabalho, o número de atendentes.
Quando você contrata o primeiro atendente, tem um ganho bastante expressivo de produção: tanto o produto médio do trabalho quanto o marginal foram bastante positivos. Essa contratação fez com que você passasse a vender 60 cafés por hora. Empolgado, resolveu contratar um segundo atendente. Para sua surpresa, esse segundo atendente “adicionou” 80 cafés por hora, e agora você consegue servir, em uma hora, 140 cafés. Isso significa que o produto marginal foi de 80 cafés, e que, na média, cada atendente está servindo 70 cafés.
Você poderia pensar que essa elevação da produtividade marginal decorre de um recurso produtivo melhor, ou seja, de um trabalhador mais capacitado para executar sua função. Vale ressaltar que a Teoria da Produção não prevê diferença na qualidade dos trabalhadores. Esse resultado acima da média anterior decorreu da melhor especialização dos recursos produtivos: enquanto você tinha somente um atendente, ele precisava tirar o pedido e servir o café. Com a contratação do segundo, os recursos puderam se especializar, de modo que agora um atendente somente retira pedidos (e fica cada vez melhor nessa função), ao passo que outro apenas serve, conferindo ganhos de produtividade.
No entanto, dada a limitação do espaço físico e das quantidades de máquinas de café disponíveis para operação, é possível que a adição de um terceiro trabalhador implicasse uma desaceleração da produção (ou seja, continua crescendo, mas a taxas cada vez menores). Quando o produto marginal de um trabalhador começa a apresentar valores cada vez menores é que observamos a incidência da Lei dos Rendimentos Decrescentes.
Esse fenômeno ocorre do esgotamento do fator de produção variável em produzir rendimentos. Você não pode contratar uma quantidade de pessoas indefinidamente, com o propósito de aumentar a produção, se não aumentar também os demais recursos.
Quando o produto marginal do insumo variável se tornar negativo, teremos alcançado o valor máximo de produção da sua estrutura produtiva, de modo que a adição de insumos variáveis gera queda no produto total.
É óbvio pressupor que em uma pequena, ou até mesmo média empresa, os diretores ou gerentes gerais jamais permitirão que a situação caminhe para o produto marginal negativo. Investir em instalações e em equipamentos é uma excelente alternativa para recolocar os rendimentos em ascendência novamente. Assim, basta transformar mais um dos fatores de produção em fator variável.
5.1.3 Rendimentos de escala
Os rendimentos são calculados a partir das variações na quantidade produzida pela variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção disponíveis. Nesse sentido, a empresa consegue inferir a melhor estratégia de crescimento em função de sua tecnologia de produção.
Mas quais são as razões que determinam a geração dos rendimentos crescentes em escala? Se você aprofundar uma pesquisa sobre o assunto, irá identificar pelo menos dois bons motivos que geram rendimentos crescentes em escala:
a. Com o crescimento da empresa e consequente aumento dos volumes de produção, torna-se necessária maior especialização no trabalho;
b. Alguns fatores de produção são indivisíveis, e, quando a empresa adquire um novo equipamento, ocorre um grande aumento da produção.
Assim, impulsionadas pela tecnologia ou pelo próprio mercado, as empresas procuram ganhar escala de produção, auferindo rendimentos de escala, que são classificados como determinado na Figura 12.
Figura 12 – Definição dos rendimentos. 
Fonte: VASCONCELLOS; GARCIA, 1998.
6. Custos de Produção
Conforme já discutimos anteriormente, a maior parte dos dirigentes das empresas, grandes ou pequenas, toma suas decisões visando à maximização de lucros.
Se o lucro é a diferença entre Receita e Custos, também podemos enxergar esse processo de maximização dos lucros através da minimização dos custos.
Se você conhecer os preços dos fatores de produção, determinará com relativa facilidade o custo total de produção considerado ótimo para cada nível ou volume de produção. Assim, o custo total de produção é definido como o total dos gastos realizados pela empresa para utilizar uma combinação de fatores de produção e obter uma certa quantidade de produtos.
Assim, os custos totais de produção podem ser subdivididos em duas classificações:
a. Custos fixos totais: são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que não dependem ou não variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas;
b. Custos variáveis totais: são todos aqueles que correspondem a parte dos custos totais que dependem ou variam em relação às quantidades produzidas ou vendidas.
Na Teoria da Produção, os custos também são divididos em:
a. Custos totais de curto prazo: são os custos incorridos pelo uso de fatores fixos e fatores variáveis na produção de uma quantidade de produtos;
b. Custos totais de longo prazo: são os custos incorridos pelo uso unicamente de fatores variáveis na produção de uma quantidade de produtos.
Agora, você saberia responder por que existe tanta classificação e reclassificação dos custos dessa forma? O dinheiro sai da empresa sob a forma de pagamentos de fatores de produção sempre?
Essas respostas não são triviais; os custos são divididos e subdivididos de várias formas para facilitar o empresário na tomada de decisão. A isso tudo juntam-se ainda os diversos pontos de vista que formam o conjunto de técnicas de gestão empresarial, como a contabilidade, a economia, as finanças etc.
As principais diferenças entre os diversos tipos de visão dos custos de produção são:
    a. Custos de oportunidade versus custos contábeis
Os custos contábeis são os chamados custos explícitos, ou seja, aqueles que envolvem um desembolso monetário e representam um gasto efetivo da empresa no esforço produtivo, desde a aquisição de insumos e matérias-primas até o aluguel de imóveis para a produção.
Já os custos de oportunidade representam os valores dos insumos e matérias-primas usados no processo produtivo que não envolvem desembolso, pois pertencem à empresa. São os chamados custos implícitos e somente podem ser estimados para avaliar o que a empresa poderia ganhar se fizesse uso alternativo dos fatores de produção.
Os custos de oportunidade não podem ser contabilizados no balanço da empresa, por exemplo, o capital que fica parado no caixa da empresa deixando de render como se fosse aplicado no mercado financeiro.
Somente se você considerar os custos de oportunidade somados aos custos contábeis, poderá ter ideia de quanto custa efetivamente para a sociedade o uso do recurso utilizado para a produção de bens e serviços.
    b. Externalidades
As externalidades são os custos e benefícios impostos à sociedade como resultado da produção de bens e serviços pelas empresas, ou alterações nos custos e despesas da empresa devido a fatores externos.
Quando uma empresa gera benefícios para as demais sem receber nada em troca, atribui- se o nome de externalidade positiva. Imagine o que acontece quando uma grande loja de departamentos se instala em um local de comércio de bairro. Toda a região acaba sendo valorizada, não é mesmo? A loja de departamentos trouxe um benefício para as demais lojas instaladas na região, porém não recebeu nada em troca.
Mas existe também a externalidade negativa, ou seja, quando uma empresa cria custos para outras sem pagar um centavo por isso. Por exemplo, uma empresa que polui as águas de um rio e impõe custos à sociedade no tratamento daquela água para fins de consumo doméstico.
Essas externalidades são reequilibradas com a aplicação de políticas fiscais adequadas, impondo multas ou subsídios sobre as fontes geradoras, subsídios para as empresas geradoras de externalidades positivase multas para as empresas geradoras de externalidades negativas.
    c. Custos versus despesas
Apenas do ponto de vista contábil é que existe uma distinção rigorosa entre custos e despesas.
Para a contabilidade, custos são gastos relativos a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens e serviços, e despesas são gastos relativos a um bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Os custos têm uma conotação totalmente identificada com a produção, ao passo que as despesas estão mais associadas ao exercício social da empresa.
É possível classificar os custos em diretos e indiretos, fixos e variáveis, e as despesas em fixas e variáveis. Você poderá verificar que alguns custos podem ser diretamente apropriados aos produtos, bastando haver uma medida de consumo, sendo estes classificados como custos diretos com relação aos produtos.
Outros realmente não oferecem condição de uma medida objetiva, e qualquer tentativa de alocação deve ser feita de maneira estimada e muitas vezes arbitrária, por exemplo: o aluguel, a supervisão, as chefias etc. São os custos indiretos com relação aos produtos.
Observe que na Teoria Econômica não existem distinções tão acentuadas, uma vez que para a economia o conceito de custo fixo envolve as despesas financeiras, comerciais e administrativas.
7. Maximização dos Lucros
A Teoria Neoclássica propõe que as empresas tenham como objetivo maior a maximização do lucro, entendendo-se por lucro a diferença entre os valores apurados com a venda dos produtos (receita) e os custos de produção (gastos).
Com o objetivo de maximizar seus lucros, a empresa escolhe o nível de produção mais adequado, de tal forma que a diferença entre a receita total de vendas e o custo total de produção seja positiva e a maior possível.
Aqui cabe também o conceito de receita marginal, que é definido como o acréscimo na receita total, quando a empresa vende uma unidade adicional de produto. O custo marginal segue a mesma lógica, ou seja, é o acréscimo no custo total de produção quando a empresa produz uma unidade adicional de seu produto.
Acompanhe o raciocínio da maximização dos lucros. Imagine uma empresa com a produção posicionada, de tal forma que a receita marginal seja maior que o custo marginal. Nos casos em que isso acontece, o empreendedor tem interesse em aumentar a produção, pois um aumento de unidades produzidas representa um aumento nos seus lucros, uma vez que a receita marginal é maior que o custo marginal.
De forma análoga, o empreendedor irá diminuir a produção sempre que a receita marginal for menor que o custo marginal, o que significa que cada unidade que deixa de ser produzida aumenta seu lucro, uma vez que o custo marginal é maior que a receita marginal.
Consequentemente, a melhor escolha, ou seja, a escolha que proporciona a operação da empresa com lucro máximo, é aquela cuja receita marginal é igual ao custo marginal.
8. Estruturas de Mercado
Você deve estar preocupado com nosso estudo, pois, até o momento, todas as suas conclusões foram tiradas dentro do mercado ideal, porém isso nem sempre espelha a realidade. Na verdade, existem vários tipos de mercado e, dentro deles, as coisas acontecem de forma diferente, especialmente as questões que influem no equilíbrio do mercado.
Entre os mercados mais conhecidos, destacam-se:
· Concorrência perfeita: trata-se do modelo ideal, o qual estamos estudando até aqui. A formação do mercado de concorrência perfeita exige algumas premissas:
a. Grande número de produtores e consumidores: essa premissa impossibilita que qualquer parte imponha preços ao mercado. Os produtores não podem elevar os preços dos produtos impunemente, pois, se assim o fizerem, estarão arriscando perder o cliente para a concorrência. O consumidor perde a capacidade de “pechinchar” os preços, pois existem muitos outros consumidores interessados no mesmo produto;
b. Os produtos são homogêneos: não existem grandes diferenças entre os produtos ofertados por um ou outro produtor, o que faz com que o preço seja o único diferencial de atração do consumidor;
c. Nível de informações disseminadas: tanto o consumidor quanto o produtor possuem as mesmas informações sobre o produto e o mercado, não sendo possível uma das partes levar vantagem sobre a outra pelo uso de informações privilegiadas.
· Monopólio: trata-se de uma situação de mercado oposta à concorrência perfeita. Nessa situação, existe apenas um único produtor que controla e abastece todo o mercado. Os consumidores somente decidem se compram ou renunciam ao produto. Assim, o produtor consegue se impor no mercado, estabelecendo os preços, fixando quantidades e buscando lucro máximo, a despeito de satisfazer ou não às necessidades do consumidor. A qualidade do produto também pode ficar prejudicada.
Na ocorrência de uma redução da demanda, o produtor prefere reduzir a produção e manter os preços, uma vez que o consumidor não tem alternativa por outros produtos.
Vários fatores permitem a criação de mercados monopolizados:
a. Monopólio natural: a produção de alguns bens ou serviços requerem uso de capital intensivo, ou seja, grandes investimentos em infraestrutura e, em contrapartida, a característica social do bem ou serviço não permite a cobrança de preços elevados. Assim, somente uma escala muito elevada de produção e venda irá compensar os altos custos do capital investido. Portanto, se não houver garantia de mercado, não aparecerão empreendedores dispostos a ofertar o bem ou serviço. Essa é uma situação típica da distribuição de energia elétrica ou das companhias de saneamento básico;
b. Monopólio social ou político: a sociedade, por razões políticas, estratégicas ou sociais, outorga, através de legislação, a concessão de um monopólio para alguma empresa. Um caso típico do Brasil é a Petrobras e o monopólio do setor petrolífero;
c. Monopólio de poder financeiro: nesse caso, empresas mais fortes montam um poderoso esquema de controle do mercado, afastando os concorrentes e não incentivando novos entrantes, pois ninguém se arrisca a penetrar nesse mercado. Esse poder financeiro é tão forte que permite a uma empresa operar com preços inferiores aos custos de produção até afastar um concorrente, quando o preço passa a ser estabelecido pela empresa monopolista.
Apesar de o monopólio causar danos para o consumidor, sua existência é usada para justificar as regulamentações governamentais que envolvem desde políticas de preços até tarifas, quantidades e qualidade.
No Brasil, existem as agências reguladoras governamentais, que têm a incumbência de fiscalizar as atividades das empresas prestadoras de serviços públicos privatizados. O CADE, por sua vez, tem a missão de fiscalizar e impedir o exercício do poderio financeiro de algumas empresas, evitando a monopolização do mercado.
Agora, o monopólio pode se manifestar também na ponta do consumo. Pode existir apenas um grande comprador que impõe sua política de compras aos seus fornecedores (produtores e vendedores). Esse mercado é denominado monopsonio, com danos parecidos ao monopólio. O comprador impõe preços desfavoráveis aos produtores, exigências de qualidade impossíveis de serem atendidas pelos preços negociados, prazos de entrega irreais, quantidades que sufocam o produtor e ameaças de incorporação do produtor pelo comprador. Isso também requer ação governamental no sentido de coibir os abusos de poderio econômico.
SAIBA MAIS
Você já ouviu falar em John D. Rockefeller? Ele teve o monopólio do setor de petróleo nos Estados Unidos, por meio da Standard Oil, se estabelecendo como um dos empresários mais ricos de todo o mundo. O poder econômico da Standard Oil foi tão elevado que motivou a criação da lei federal dos monopólios.
· Oligopólio: esta é uma situação intermediária entre o monopólio e a concorrência perfeita. Aqui, em vez de uma empresa dominar o mercado, algumas poucas empresas o fazem, definindo as políticas de preços praticadas por todas, estabelecendo as mesmas quantidades ofertadas e a mesma qualidade. As empresas participantesdo oligopólio chegam mesmo a dividir o mercado entre si. A indústria automobilística brasileira é um exemplo de mercado oligopolizado.
No caso do oligopólio, para que as empresas estabeleçam o controle do mercado, duas estratégias são seguidas:
a. Cartel: as empresas entram em uma espécie de acordo, dividindo o mercado, evitando concorrência entre si e estabelecendo preço, qualidades e quotas de produção para manter a oferta sob controle. Esse tipo de ação oligopolista é expressamente proibido no Brasil e em muitos países;
b. Liderança de preços: a empresa mais eficiente do oligopólio estabelece o preço que lhe proporcione a maior lucratividade e as demais empresas a seguem, embora contabilizando taxas de lucro menores.
PRATIQUE
Existe concorrência entre empresas oligopolistas?
Síntese
Neste Capítulo, você estudou microeconomia envolvendo desde os conceitos de demanda, oferta e equilíbrio de mercado. Você viu como funciona o mercado em termos de elasticidade e a influência da demanda e da oferta sobre a economia, entendendo o comportamento dos consumidores e dos produtores.
Você verificou também o processo de formação dos preços e deve ter percebido que eles não são formados apenas a partir dos custos de produção, mas também com base nas necessidades e desejos dos consumidores, ou seja, nos fatores geradores de demanda e, ainda, na capacidade produtiva das empresas e na adequação dos fatores de produção ao mercado, o que interfere na oferta.
Você pôde perceber também que o equilíbrio é uma tendência do mercado onde vigora a concorrência plena, muito embora o governo precise lançar mão de mecanismos de ajuste e fiscalização para coibir abusos por parte do poderio econômico concentrado.
Por fim, você viu as questões relativas aos custos e à maximização dos lucros por parte das empresas, que formam a base para a tomada de decisão quanto aos novos investimentos em infraestrutura e ao aumento da produção ou à redução dos investimentos em fatores de produção e consequente diminuição das quantidades produzidas.

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