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Faculdade de Ciências Administrativas, Econômicas e Contábeis - FAEC Disciplina: Finanças das Empresas Código: Professor: Joaquim Cândido de Sousa Filho Capítulo 7 – Custo de Capital 7.1 – Custo de Fontes específicas de capital 7.2 – Custo da dívida de longo prazo 7.3 – Custo da ação preferencial 7.4 – Custo da ação ordinária 7.5 – Custo de lucros retidos 7.6 – Custo médio ponderado de capital 7.7 – Custo marginal ponderado de capital 1 2 7 – Custo de Capital Conceito de Capital: Sá & Sá (1989): O capital é um fundo de valores ou conjunto de bens, créditos e débitos colocados à disposição da empresa, com a finalidade de gerar resultados econômicos e financeiros. Onde está investido o capital de uma empresa? O capital de uma empresa está investido no Ativo, com o objetivo de gerar retornos adequados. Quem fornece o capital de uma empresa? O capital de uma empresa é fornecido por terceiros e pelos acionistas ou sócios. 3 Conceito de Capital: No Balanço Patrimonial, onde está representado o Capital? A parte dos acionistas ou sócios é representada pelo capital próprio (Patrimônio Líquido). A parte de terceiros (investidores) é representada pelo exigível a longo prazo. Para fins de análise e tomada de decisões sobre estrutura de capital, são considerados somente os fundos permanentes e de longo prazo, pois as estruturas de capital, por serem de natureza estratégica, não são freqüentemente alteradas. Vale ressaltar, no entanto, que em algumas situações de escassez de capital de longo prazo, o capital de curto prazo pode assumir importância significativa em algumas empresas. 4 Conceito de Capital: Capital de Curto Prazo Capital de Terceiros Capital Permanente de Longo Capital Próprio Prazo A T I V O Passivo Circulante Exigível a Longo Prazo Patrimônio Líquido 5 Conceito de Capital: As principais diferenças entre capital próprio e capital de terceiros são: a) O tempo de permanência dos fundos na empresa, de modo que o capital de terceiros tem um prazo determinado que é a data do vencimento da obrigação. b) Os credores, fornecedores de capital sob a forma de empréstimos e financiamentos, têm contrato com os tomadores de recursos assegurando seus rendimentos sob a forma de juros, enquanto os sócios ou os acionistas dependem do resultado da empresa para obterem o retorno sobre seus investimentos. c) Os credores podem exigir garantias reais hipotecárias (normalmente, quando se trata de obrigação a longo prazo), enquanto os proprietários de parcelas do capital social não têm qualquer garantia sobre os recursos investidos na empresa e assumem o risco do empreendimento. 6 Conceito de Capital: As principais diferenças entre capital próprio e capital de terceiros são: d) Os acionistas e os quotistas têm interesse e participam na gestão da empresa, enquanto os credores têm interesse na sua performance para assegurar o recebimento de seus direitos. e) Os acionistas ou os quotistas focam seus interesses no retorno enquanto os credores focam a capacidade de pagamento. f) Os juros pagos aos credores são considerados dedutíveis para fins de tributação do lucro, enquanto os dividendos não são dedutíveis. No Brasil, temos a figura dos “juros sobre o capital próprio”, que também representam uma forma de distribuição de resultado e que é objeto do planejamento tributário de várias empresas. 7 Conceito de Capital: Vamos reforçar alguns pontos já vistos até agora: 1) Os investidores fornecem os fundos necessários aos administradores, ou o capital, para empreender projetos. 2) Os administradores, se forem bons gestores do dinheiro confiado a eles, investem somente em projetos que produzam taxas de retorno, no mínimo, tão altas quanto os retornos que os investidores poderiam obter em outro lugar. 3) O retorno que os investidores poderiam obter em outro lugar é seu custo de oportunidade de capital, também chamado sua taxa de retorno requerida, ou taxa mínima de atratividade (TMA). 8 Conceito de Capital: Gitman (2006): “O termo capital denota os fundos de longo prazo de uma empresa. Todos os itens que aparecem no lado direito do balanço patrimonial da empresa, excluindo os passivos circulantes, são fontes de capital. O capital de terceiros inclui todos os empréstimos de longo prazo contraído pela empresa, incluindo as obrigações emitidas (debêntures e ações). O capital próprio é representado pelos fundos de longo prazo proporcionado pelos proprietários da empresa, ou seja, seus acionistas. Uma empresa pode obter capital próprio internamente, retendo lucros em lugar de distribuí-los, como dividendos a seus acionistas, ou externamente, vendendo ações ordinárias ou preferenciais. 9 Conceito de Capital: Ação Ordinária: têm direito a voto, o que lhes permite escolher a diretoria da empresa e votar em assuntos especiais. Ação preferencial: têm direito sobre os dividendos. Os acionistas preferenciais podem receber o direito de voto somente quando a empresa tiver violado suas obrigações contratuais com eles. Os acionistas têm direitos sobre resultados e ativos secundários em relação aos demais credores. O que isto quer dizer? Os direitos dos acionistas sobre resultados e ativos não podem ser atendidos até que os direitos de todos os credores (incluindo tanto pagamento de juros quanto pagamentos programadas de amortização) tenham sido pagos. 10 Conceito de Capital: Se a empresa quebrar, seus ativos serão vendidos e o produto da venda será distribuído na seguinte ordem: funcionários, governo, credores, e, finalmente, acionistas. Como os proprietários são os últimos a receber qualquer distribuição de ativos, eles esperam conseguir retornos mais altos por meio de dividendos e/ou aumentos do preço da ação. 11 Conceito de Capital: Diferenças entre Capital de Terceiros e Capital Próprio Características Tipo de Capital Capital de Terceiros Capital Próprio Influências nas decisões da administração Não Sim Direitos sobre resultados e ativos Preferencial em relação ao capital próprio Subordinado ao capital de terceiros Prazo de Vencimento Determinado Nenhum Tratamento Fiscal Dedução de juros Não há dedução 12 Conceito de Capital: No caso de violação das obrigações contratuais pelo emitente (acionista ordinário), os credores e os acionistas preferenciais podem receber o poder de influenciar as decisões da administração, caso contrário, somente os acionistas ordinários têm direito de voto. 13 Conceito de Custo de Capital: Gitman (2006): “O custo de capital é a taxa de retorno que uma empresa deve conseguir nos projetos em que investe para manter o valor de mercado de sua ação”. O custo de capital também pode ser considerado a taxa de retorno exigida pelos fornecedores de capital no mercado para que seus fundos sejam atraídos. Se o risco for mantido constante, os projetos coma taxa de retorno superior ao custode capital elevarão o valor da empresa e aqueles com taxas inferiores o reduzirão. Trocando em miúdos: Investimentos que podem aumentar o valor da empresa têm: VPL > 0 ou TIR > Custo de Capital. 14 Variáveis que podem afetar o custo de capital Risco Econômico: supomos que o risco de que a empresa não seja capaz de cobrir os custos operacionais não varia. Essa hipótese significa que a aceitação de um projeto por uma empresa não afeta sua capacidade de cobrir os custos operacionais. Risco Financeiro: supomos que o risco de que a empresa seja incapaz de saldar os compromissos financeiros (pagamento de juros, aluguéis, dividendos de ações preferenciais) não variam. Essa hipótese significa que os projetos são financiados de tal maneira que a capacidade de cobertura de custos de financiamentos pela empresa não se altera. Há, ainda, outros riscos: Risco Político, Risco de Crédito, Risco de Obsolescência, Risco Ambiental, entre muitos outros. 15 Custo de Capital : um conceito básico O custo de capital é estimado em um momento específico. Reflete o custo futuro médio de fundos no longo prazo. Embora as empresas geralmente captem recursos em lotes, o custo de capital deve refletir a inter-relação das atividades de financiamento. A maioria das empresas procura manter uma combinação ótima desejada de capital de terceiros e capital próprio. Essa combinação é comumente conhecida pelo nome de estrutura ideal de capital. Para captar a idéia de inter-relação de fontes de financiamento, supondo a existência de uma estrutura ideal de capital, devemos considerar o custo geral de capital, e não o custo da fonte específica de fundos usada para financiar um investimento. 16 Custo de Capital : um conceito básico Uma empresa possui atualmente uma oportunidade de investimento. Suponha o seguinte: Melhor projeto disponível hoje: Custo = $ 100.000 Duração: 20 anos TIR = 7% Custo da fonte mais barata de financiamento disponível Capital de terceiros: 6% Como a empresa pode conseguir 7% de retorno no investimento de fundos que custam apenas 6%, a empresa resolve aproveitar a oportunidade de investimento. 17 Custo de Capital : um conceito básico Imagine que uma semana mais tarde surja uma nova oportunidade de investimento: Melhor projeto disponível uma semana mais tarde Custo = $ 100.000 Duração: 20 anos TIR = 12% Custo da fonte mais barata de financiamento disponível: Capital próprio = 14% Neste caso a empresa rejeita a oportunidade de investimento, pois o custo de financiamento de 14% é superior ao retorno esperado de 12%. 18 Custo de Capital : um conceito básico As decisões foram as melhores , do ponto de vista dos proprietários? Não. Foi aceito um projeto que renderá 7% e rejeitado outro que permitiria retorno de 12%. Sem dúvida deve existir uma maneira melhor de tomar tal decisão, e de fato há: a empresa pode usar um custo combinado, o qual no longo prazo levará a decisões melhores. Ponderando o custo de cada fonte de financiamento por sua proporção ideal na estrutura de capital, ela poderá obter um custo médio ponderado refletindo a inter-relação das decisões de financiamento. 19 Custo de Capital : um conceito básico Suponha que a combinação desejada seja 50% de capital de terceiros e 50% de capital próprio. Qual seria o custo médio ponderado de capital? Custo capital de terceiro: 0,50 x 6% = 3,00% Custo capital próprio : 0,50 x 14% = 7,00% Custo médio ponderado = 10,00% Com esse custo, a primeira oportunidade teria sido rejeitada, pois sua TIR era de 7%, a qual é menor do que o custo médio ponderado de 10,00%. A segunda opção teria sido aceita, pois sua TIR era de 12%, a qual é maior do que o custo médio ponderado de 10,00%. É evidente que a segunda opção de investimento é melhor do que a primeira opção. 20 7.1 – Custo de fontes específicas de capital Neste capítulo vamos concentrar nossa atenção às fontes de fundos de longo prazo, pois são estas fontes que proporcionam financiamentos permanentes. O financiamento de longo prazo sustenta os investimentos em ativos permanentes da empresa. Há quatro fontes básicas de fundos de longo prazo para a empresa: Capital de terceiros Emissão de ações preferenciais Emissão de ações ordinárias Retenção de lucros 21 7.1 – Custo de fontes específicas de capital O lado direito de um balanço patrimonial pode ser utilizado para ilustrar tais fontes: Fontes de recursos de Longo Prazo Balanço Patrimonial A T I V O Passivo Circulante Dívida de Longo Prazo Patrimônio Líquido Ações Preferenciais Capital Social Ações Ordinárias Lucros retidos 22 7.1 – Custo de fontes específicas de capital Embora nem todas as empresas usem todos esses métodos de financiamento, espera-se que cada uma tenha fundos de algumas dessas fontes em sua estrutura de capital. O custo específico de cada fonte de financiamento é o custo de sua obtenção agora, após o imposto de renda, e não o custo histórico refletido no financiamento existente de acordo com a contabilidade da empresa. As técnicas de determinação do custo específico de cada fonte de fundo de longo prazo será o nosso objeto de estudo a partir de agora. 23 7.2 – Custo da dívida de longo prazo ou o Custo de capital de terceiros de longo prazo Custo de capital de terceiros de longo prazo = Ki Este custo é o custo após o imposto de renda. Vamos supor que os fundos sejam captados por meio de venda de obrigações e que os pagamentos de juros das obrigações sejam pagamentos anuais. Recebimentos líquidos A maioria das dívidas de longo prazo é assumida por meio de venda de obrigações. Os recebimentos líquidos com a venda de uma obrigação ou de qualquer título são os fundos efetivamente recebidos com ela. Os custos de lançamentos – os custos totais de emissão e venda de um título – reduzem os recebimentos líquidos proporcionados pela venda. Estes custos aplicam-se a todos os lançamentos públicos de títulos: obrigações, ações preferenciais e ações ordinárias. 24 Recebimentos líquidos Estes custos incluem dois componentes: Custos de underwriting: remuneração recebida pelos bancos de investimentos para realizar a venda dos títulos. Custos administrativos: despesas do emitente, como gastos com serviços de assistência jurídica e contábil, impressão e outros. Vamos a um exemplo prático. 25 7.2 – Custo da dívida de longo prazo ou o Custo de capital de terceiros de longo prazo A Duches Corporation, uma importante fabricante de ferramentas, está estudando a possibilidade de vender obrigações com prazo de vinte anos e cupom de 9% (cupom é a taxa anual de juros que o emitente irá pagar aos investidores que adquirirem as obrigações), com valor de face de $ 1.000, no valor total de $ 10 milhões. Como obrigações com risco semelhante rendem mais do que 9%, a empresa deve vender as obrigações por $ 980 para compensar o cupom mais baixo. Os custos de lançamento correspondem a 2% do valor de face (0,02 x $ 1.000), ou $ 20. Os recebimentos líquidos para a Duches Corporation com a venda de cada obrigação são, portanto, iguais a $ 980 - $ 20 = $ 960. 26 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Este custo, no caso de uma obrigação,pode ser obtido de três maneiras: Cotação Cálculo Aproximação 27 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Cotação de Custos Quando os recebimentos líquidos com a venda de uma obrigação são iguais a seu valor de face, o custo antes do imposto de renda iguala-se à taxa de cupom. Por exemplo: uma obrigação com cupom igual a 10% e que gera recebimentos iguais ao valor de face de $ 1.000 teria um custo antes do imposto de renda, Kd, igual a 10%. Uma segunda cotação, usada às vezes, é o retorno esperado até o vencimento de uma obrigação com risco semelhante. Por exemplo, se uma obrigação com risco semelhante tem um retorno esperado até o vencimento de 9,7%, esse valor pode ser empregado como custo de capital de terceiros antes do imposto de renda, Kd. 28 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Cálculo do custo Esse enfoque consiste em encontrar o custo de capital de terceiros antes do imposto de renda calculando a taxa interna de retorno (TIR) dos fluxos de caixa da obrigação. Do ponto de vista do emitente, esse valor é o custo até o vencimento dos fluxos de caixa associados à divida. O custo até o vencimento pode ser calculado por uma técnica de tentativa e erro ou por uma calculadora financeira. Neste caso, a TIR calculada, representa o custo anual de capital de terceiros antes do imposto de renda. Vamos retornar ao nosso exemplo: 29 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Cálculo do custo A Duches Corporation, uma importante fabricante de ferramentas, está estudando a possibilidade de vender obrigações com prazo de vinte anos e cupom de 9% (cupom é a taxa anual de juros que o emitente irá pagar aos investidores que adquirirem as obrigações), com valor de face de $ 1.000, no valor total de $ 10 milhões. Como obrigações com risco semelhante rendem mais do que 9%, a empresa deve vender as obrigações por $ 980 para compensar o cupom mais baixo. Os custos de lançamento correspondem a 2% do valor de face (0,02 x $ 1.000), ou $ 20. Os recebimentos líquidos para a Duches Corporation com a venda de cada obrigação são, portanto, iguais a $ 980 - $ 20 = $ 960. 30 Neste exemplo, os recebimentos líquidos com a venda de uma obrigação com valor de face de $ 1.000, cupom de 9% e prazo de 20 anos eram iguais a $960. O cálculo do custo anual é bastante simples. A série de fluxos de caixa é exatamente o oposto de uma sério convencional, ou seja, começa com uma entrada inicial (os recebimentos líquidos), seguindo-se uma série de saídas anuais (os pagamentos de juros). No último ano, quando a dívida é liquidada, também há uma saída, que representa a devolução do principal. Os fluxos de caixa associados à emissão de obrigações pela Duchess Corporation são os seguintes: 31 A entrada inicial de $ 960 é seguida por saídas anuais de juros de $ 90 (cupom de 9% x valor de face de $ 1.000) durante o prazo de vinte anos da obrigação. No ano 20, ocorre uma saída de $ 1.000 (a devolução do principal). Podemos determinar o custo desta dívida calculando a TIR, ou seja, a taxa de desconto que iguala o valor presente das saídas à entrada inicial. TIR = 9,452% Final do(s) ano (s) Fluxo de caixa 0 960 Primeiro ao vigésimo ano (90) Vigésimo ano (1000) 32 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Aproximação do custo O custo de capital de terceiros antes do imposto de renda, Kd, para uma obrigação com valor de face de $ 1.000, pode ser aproximado com o uso da seguintes equação: i + $ 1.000 - Nd n Kd = Nd + $ 1.000 2 i = juros anuais em dólares Nd = recebimentos líquidos com a venda do título (obrigação) n = número de anos até a data de vencimento da obrigação 33 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Aproximação do custo Inserindo os valores apropriados do exemplo da Duchess Corporation na fórmula de aproximação: i + 1.000 – 960 20 Kd = = 90 + 2 = 9,4% 960 + 1.000 980 2 • Este custo aproximado de capital de terceiros antes do imposto de renda está próximo do valor de 9,452% calculado com exatidão no exemplo anterior (cálculo do custo pela TIR). 34 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd É claro que tudo que vimos até agora abarca apenas a captação de recursos de longo prazo pela empresa através da emissão de ações ou debêntures, bem como, não levamos ainda em consideração o imposto de renda. Vamos falar rapidamente sobre o imposto de renda e seu efeito sobre o custo do capital de terceiros de longo prazo. O custo específico de financiamento deve ser medido depois do imposto de renda. Como os juros de capital de terceiros são dedutíveis para efeito de apuração de imposto de renda devido, reduzem o lucro tributável da empresa. O custo de capital de terceiros depois do imposto de renda, Ki, pode ser encontrado multiplicando-se o custo antes do imposto de renda, Kd, por 1 menos a alíquota do imposto de renda, T, como indicado na equação a seguir: Ki = Kd x (1 - T) 35 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd No nosso exemplo, a alíquota de imposto de renda para a Duchess Corporation é de 40%. Usando o custo de capital de terceiros de 9,4% antes do imposto de renda, determinado anteriormente, e aplicando a Equação que acabamos de ver ( Ki = Kd x ( 1 – T), descobrimos que seu custo de capital de terceiros, depois do imposto de renda, é 5,6%, ou seja, 9,4% x (1-0,40). Normalmente o custo explícito de capital de terceiros de longo prazo é mais baixo que o de qualquer uma das formas alternativas de financiamento de longo prazo, sobretudo por causa da possibilidade de dedução dos juros para fins fiscais. 36 7.3 – Custo da ação preferencial A atribuição de dividendos fixos ou mínimos para ações preferenciais é relativamente comum em outros países, embora não o seja no Brasil. No caso da ação preferencial, o acionista não tem direito algum sobre o lucro integral e por este motivo, as ações preferenciais são equivalentes a empréstimos, porém, sem prazo determinado de vencimento. O custo das ações preferenciais com dividendos fixos anuais (sem direito a lucro remanescente) é calculado com a seguinte equação: Dp Kp = Po ( 1 – f – d ) Onde: Kp = custo das ações preferenciais, Dp = dividendo fixo por ação Po = preço corrente da ação, d = despesas de underwriting, em percentual f = taxa de deságio sobre o preço de lançamento das ações, em percentual 37 7.3 – Custo da ação preferencial Uma companhia planeja emitir ações preferenciais com dividendo anual prefixado de $ 15. O preço unitário corrente da ação preferencial no mercado é de $ 95, mas os investidores exigem 10% de deságio para subscrevê-las. As despesas com underwriting são de 4%. O custo das ações preferenciais é calculado como segue: 15 Kp = 95 ( 1 – 0,10 - 0,04) • Kp = 0,1836 ou 18,36% a.a. 38 7.3 – Custo da ação preferencial Gitman dá um outro enfoque que julgo importante passar paravocês, pois ele trata da ação preferencial que especifica o pagamento de x $ por ação. Vejamos o que diz o autor. A maioria dos dividendos de ações preferenciais é especificada em dólares (EUA): X dólares por ano. Quando os dividendos são estipulados dessa maneira, costuma-se dizer que a ação é uma “ação preferencial com dividendo de x dólares”. Portanto, uma ação preferencial com dividendos de $ 4, deve pagar dividendos de $ 4 por ano por ação preferencial. As vezes os dividendos preferenciais são especificados sob a forma de uma taxa anual. Essa taxa representa a porcentagem do valor de face da ação que corresponde ao dividendo anual. Por exemplo, uma ação preferencial com dividendo de 8%, com valor de face de $ 50, deverá pagar um dividendo anual de $ 4 por ação, ou seja, 0,08 x $ 50. Antes de ser calculado o custo da ação preferencial, quaisquer dividendos expressos em porcentagens devem ser convertidos em dividendos anuais em dólares. 39 7.3 – Custo da ação preferencial O custo de ações preferenciais, Kp, é o quociente entre o dividendo da ação e o recebimento líquido com a venda dela pela empresa. O recebimento líquido corresponde ao montante a ser recebido menos quaisquer custos de lançamento. Deve-se ressaltar que os dividendos de ações preferenciais são pagos com os fluxos de caixa após o imposto de renda. Este detalhe faz com que este custo seja bem superior ao seu custo de capital de terceiros de longo prazo. Este sobre-custo deve-se principalmente porque o custo do capital de terceiros de longo prazo (os juros) é dedutível para fins de imposto de renda. Vamos a um exemplo. 40 7.3 – Custo da ação preferencial A Duchess Corporation está examinando a possibilidade de emitir uma ação preferencial a 10%, que espera vender pelo valor de face de $ 87. O custo de emissão e venda (underwriting) está previsto em $ 5 por ação. O primeiro passo, no cálculo do custo da ação, é determinar o valor em dólares do dividendo anual, nesse caso igual a $ 8,70 ( 0,10 x $87). Os recebimentos líquidos por ação com a venda proposta são iguais ao preço de venda menos os custos de lançamento ( $ 87 - $ 5 = $ 82). Aplicando a fórmula dada anteriormente: 8,70 Kp = 87 - ( 1 – 0,10 – 0,057471) • Kp = 11,87% a.a. 41 7.3 – Custo da ação preferencial Gitam utiliza uma outra fórmula, mais resumida para calcular este custo, da qual eu discordo, mas vamos a ela: Dp Kp = Np • Onde Kp = custo da ação preferencial Dp = dividendos anuais em dólares Np = recebimentos líquidos com a venda das ações 8,70 • Kp = = 10,6% 82 • O custo de ações preferenciais pra a Duchess (10,6%) é bem superior ao seu custo de capital de terceiros de longo prazo (5,6%). Essa diferença existe principalmente porque o custo do capital de terceiros de longo prazo (os juros) é dedutível para fins de imposto de renda. 42 7.4 – Custo da ação ordinária ou o Custo de Capital próprio Gitman (2006): “O custo de capital próprio é o retorno exigido pelos investidores nas ações ordinárias”. Existem duas formas de financiamento com ações ordinárias: Retenção de lucros Emissão de novas ações ordinárias Como primeira etapa do cálculo dos custos de cada uma dessas modalidades, vamos estimar o custo de capital próprio. 43 Determinação do custo do capital próprio O custo do capital próprio, Ks, é a taxa à qual os investidores descontam os dividendos esperados da empresa para avaliar suas ações. Duas técnicas são usadas para medir o custo de capital próprio. Modelo de precificação com crescimento constante (modelo de Gordon) Modelo de precificação de ativos de capital (CAPM – Capital Asset Pricing Model) 44 Modelo de precificação com crescimento constante (modelo de Gordon) Por esse modelo supõe-se que os dividendos crescem a uma taxa anual constante por um período infinitamente longo. Supõe-se, também, que o valor de uma ação é igual ao valor presente de todos os dividendos futuros que se espera receber desta ação. Em outras palavras: através deste modelo, para se calcular o valor da ação, desconta-se o fluxo de dividendos que se espera receber desta ação, com uma taxa de crescimento constante anual, durante um horizonte infinito de tempo. 45 Modelo de precificação com crescimento constante (modelo de Gordon) Expressão básica deste modelo: D1 D1 Po = Ks = + g Ks - g Po • Onde: • Po = valor corrente da ação ordinária • D1 = dividendo por ação esperado ao final do ano 1 • Ks = taxa de retorno exigida da ação ordinária • g = taxa anual de crescimento constante dos lucros e dividendos. 46 • Modelo de precificação com crescimento constante (modelo de Gordon) D1 • Ks = + g Po Esta equação indica que o custo de capital próprio (Ks) pode ser obtido dividindo-se o dividendo esperado ao final do ano 1 (D1) pelo preço corrente da ação (Po) e somando a taxa esperada de crescimento (g). Vamos a um exemplo prático deste modelo. 47 Modelo de precificação com crescimento constante (modelo de Gordon) A Duches Corporation deseja determinar seus custo de capital próprio (Ks). O preço de mercado de sua ação ordinária (Po), é igual a $ 50. A empresa espera pagar um dividendo (D1), de $ 4 no final do próximo ano, 2004. Os dividendos pagos aos acionistas nos últimos seis anos (1998 – 2003) foram os seguintes: Ano Dividendo 1.998 2,97 1.999 3,12 2.000 3,33 2.001 3,47 2.002 3,62 2.003 3,80 48 Modelo de precificação com crescimento constante (modelo de Gordon) Determinando g = taxa anual de crescimento dos dividendos Pv = 2,97 n = 5 anos FV = 3,80 i = ? Com a utilização de uma calculadora financeira ou através da fórmula FV = PV ( 1 + i ) ^n, chegamos à conclusão de que i = 5,05% a.a. = g 4 Ks = + 0,0505 = 13,0 % 50 O custo de capital próprio de 13% representa o retorno exigido em sua aplicação pelos acionistas. Se o retorno efetivo for inferior a esse, os acionistas tenderão a vender suas ações. 49 Modelo de formação de preços de ativos ou Modelo de Precificação de Ativos (CAPM = Capital Asset Pricing Model) Os conceitos básicos do CAPM foram desenvolvidos especificamente para ações ordinárias, e, portanto, a teoria é examinada primeiramente nesse contexto. Entretanto, tem-se tornado prática comum estender os conceitos de CAPM à análise de investimentos e para se falar de empresas como tendo “carteiras de ativos tangíveis e projetos”. A principal conclusão do CAPM é: o risco relevante de uma ação individual é sua contribuição para o risco de uma carteira bem diversificada. Em 1990, foi concedido o prêmio Nobel às pessoas que desenvolveram o CAPM, os professores Harry Markowitz e William F. Sharpe. 50 Modelo de formação de preços de ativos ou Modelo de Precificação de Ativos (CAPM = Capital Asset Pricing Model) A principal conclusão do CAPM é: o risco relevante de uma ação individual é sua contribuição para o risco de uma carteira bem diversificada. Vamos entender um pouco melhor o que esta expressão quer dizer, para que possamos entender a essência do CAPM. Vamos a um exemplo prático. 51 CAPM O risco da ação, por exemplo, da General Eletric (GE) para um médico que tenha uma carteira de 40 ações ou para o gestor de um fundo que administra uma carteira de 150 ações é a contribuição que a ação da GE traz ao risco da carteira. A ação pode ser bastante arriscada se mantida individualmente, mas caso metade de seu risco possa ser eliminada pela diversificação, então seu risco relevante, que é sua contribuição ao risco da carteira, é muito menor do que seu risco isolado. Vamos a um outro exemplo bem mais prático e auto explicativo. 52 CAPM Suponha que lhe seja oferecida a chance de lançar uma moeda uma vez; se der cara, você ganha $ 20.000, mas se der coroa, você perde $ 16.000. Essa é uma boa aposta: o retorno esperado é de 0,5 (20.000) + 0,5 (-16.000) = 2.000. Entretanto, é uma proposta altamente arriscada, pois você tem 50% de chance de perder $ 16.000. Assim você deve, simplesmente, recusar-se a fazer a aposta. De forma alternativa, suponha que você recebesse a oferta de lançar uma moeda 100 vezes, e que você pudesse ganhar $ 200 por cara, mas perder $ 160 por coroa. É possível que você obtivesse todas as caras e ganhasse $ 20.000; também é possível que todas as rodadas dessem coroa e você perderia $ 16.000, mas as chances são muito altas de que você efetivamente obtivesse 50 caras e 50 coroas, ganhando um líquido de $ 2.000 53 CAPM Embora cada lançamento individual seja uma aposta arriscada, coletivamente você teria uma proposta de baixo risco, pois a maior parte do risco teria sido diversificada. Essa é a idéia implícita do CAPM: manter carteiras de ações, em vez de somente uma ação, exceto que com ações todo o risco não pode ser eliminado pela diversificação – aqueles riscos relacionados a mudanças sistemáticas amplas no mercado de capitais permanecerão. 54 CAPM O modelo de formação de preços de ativos descreve a relação entre o retorno exigido, Ks e o risco não diversificável da empresa, medido pelo coeficiente beta, b. A fórmula básica para se calcular o CAPM é: Ks = Rf + [ b (Km - Rf)] Ks = retorno exigido; custo de capital Rf = taxa de retorno livre de risco, tais como os títulos públicos Km = retorno do mercado; retorno da carteira de mercado de ativos. b = beta, é o coeficiente do risco não diversificável da empresa 55 CAPM Ks = Rf + [ b (Km - Rf)] Ks = retorno exigido; custo do capital Rf = taxa de retorno livre de risco, tais como os títulos públicos Km = retorno do mercado; retorno da carteira de mercado de ativos. b = beta, é o coeficiente do risco não diversificável da empresa Se o título público reflete o Rf de 12% Os investidores esperam o retorno sobre a carteira de ativos do mercado (Km) de 15%. O custo do capital próprio (Ks) é de 17%. Pode-se determinar o risco não diversificável da empresa, representado pelo beta (b). Substituindo os dados na equação acima tem-se: 0,12 + [ b ( 0,15 – 0,12) = 0,17 b= 1,67 56 CAPM O beta de 1,67 significa que se o retorno da carteira de ativos do mercado sofrer um incremento de 10% ( de 15% para 16,5%), o retorno da ação da empresa (Ks) sofrerá um incremento de 16,7% (10% x 1,67). Se o beta for zero, o retorno da ação da empresa não sofrerá qualquer impacto pela variação do retorno da carteira de ativos do mercado. 57 CAPM A empresa deseja calcular seu custo de capital próprio, Ks, usando o modelo de formação de preços de ativos. Os assessores de investimento da empresa e as análises realizadas indicam que a taxa livre de risco, Rf, é igual a 7%; que o beta da empresa, b, é igual a 1,5; e que o retorno do mercado, Km, é igual a 11%. Ks = Rf + [ b (Km - Rf)] Ks = 0,07 + [ 1,5 x ( 0,11 – 0,07 )] Ks = 13% O custo de capital próprio representa o retorno exigido pelos investidores em ações da empresa. 58 7.5 – Custo de Lucros Retidos Os dividendos são pagos com lucros da empresa e o pagamento destes dividendos, feito em dinheiro aos titulares de ações ordinárias, reduz esses lucros. Vamos supor que uma empresa necessite de financiamento com certo montante de capital próprio. Esta empresa tem duas alternativas em relação aos lucros retidos: pode emitir ações ordinárias adicionais nesse montante e ainda pagar dividendos aos acionistas com os lucros retidos ou, aumentar seu capital próprio retendo estes lucros, deixando de pagar os dividendos em dinheiro aos acionistas ordinários, no montante necessário à realização do investimento. 59 7.5 – Custo de Lucros Retidos Em um sentido contábil estrito, a retenção de lucros aumenta o capital próprio exatamente da mesma maneira que a venda de ações ordinárias adicionais. Portanto, o custo de lucros retidos, Kr, para a empresa, é igual ao custo de uma emissão equivalente e integralmente subscrita de ações ordinárias adicionais. Os acionistas só consideram aceitável a retenção de lucros pela empresa se esperam obter pelo menos o retorno exigido nos fundos reinvestidos. Portanto, Ks (custo de capital próprio) = Kr (custo de lucros retidos). 60 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Antes de entrarmos no capítulo 7.6, Custo médio ponderado de capital, vamos tratar um pouco da nossa realidade, a nível Brasil e vamos falar de uma forma mais simples sobre o custo de capital de terceiros e suas respectivas fontes. Conforme nós já abordamos em capítulos anteriores, a taxa bruta de juros é formada pela: Taxa de inflação Taxa de juro real, que por sua vez é composta de taxa livre de risco e taxa de risco). O custo do capital de terceiros é a taxa de retorno pela qual o investidor deseja ser remunerado pelo risco que estará correndo temporariamente, ao ceder seu capital ao tomador. 61 Custo de capital de terceiros antes do imposto de renda = Kd Basicamente, o capital de terceiros pode ser obtido de três maneiras: Empréstimos e financiamentos em moeda nacional Financiamentos e financiamentos em moeda estrangeira Emissão de títulos de dívida 62 Empréstimos e Financiamentos em moeda nacional Os tipos de empréstimos e financiamentos mais comuns em moeda nacional são: Empréstimos para Capital de Giro Desconto de títulos ou Desconto de duplicatas Hot Money Conta Garantida Factoring Recursos do BNDES Leasing 63 Empréstimos e Financiamentos em moeda estrangeira Os empréstimos e financiamentos em moeda estrangeira mais comuns são: Adiantamento sobre contratos de câmbio. Antes do embarque da mercadoria, a operação recebe o nome de Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC). Após o embarque da mercadoria, essa operação passa a chamar-se Adiantamento sobre Contrato de Exportação (ACE). Resolução 2770 (Antiga resolução 63) Financiamento de Importação Export Note Eurobônus 64 Empréstimos e Financiamentos em moeda estrangeira Eurobônus Euronotes e Eurobonds são títulos emitidos por empresas em dólar, fora dos Estados Unidos. Notes são títulos emitidos com prazos de vencimento inferiores a dez anos. Bônus são títulos emitidos com prazos de vencimento superiores a dez anos. Existem dois tipos de títulos, quanto às taxas de juros. Fixed Rate Notes são títulos lançados com taxas de juros fixas. Floating Rate Notes são títulos lançados com taxas de juros flutuantes. Por gerarem despesas fixas relativamente altas (serviços jurídicosespecializados, confecção de prospectos de lançamento e oferta, registro da emissão em uma bolsa internacional, remuneração dos agentes financeiros, etc), além da comissão de administração e venda dos títulos (proporcional ao valor da emissão), os Eurobônus são lançados com valores, geralmente, acima de US$ 50 milhões. 65 Emissão de títulos de dívida Debêntures São títulos emitidos por sociedades anônimas de capital aberto, com a aprovação da emissão por Assembléia Geral Extraordinária, para captar recursos de médio e longo prazos no mercado financeiro. As condições gerais e específicas sob as quais foi emitida as debêntures constam de um documento chamado Escritura de emissão, com registro em cartório de títulos e documentos. As debêntures podem ser remuneradas com juros e prêmios sobre valores atualizados monetariamente, ou com taxas de juros prefixados. As taxas de remuneração são repactuadas periodicamente. Caso não se chegue a um acordo quanto à taxa de remuneração do novo período, a empresa deve resgatar os títulos. O prazo de resgate não deve ser inferior a um ano. O Agente Fiduciário (Instituição Financeira responsável pelo lançamento) da operação zela pelos direitos dos debenturistas (investidores que adquiriram as debêntures). 66 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC Fontes de financiamento do capital de uma empresa: Recursos próprios Recursos de terceiros De acordo com os custos de cada fonte de financiamento dos recursos da empresa, é importante que se determine seu custo total de capital, principalmente para orientar suas decisões financeiras. O custo total de capital, representa a taxa de atratividade (TMA) da empresa, que indica a remuneração mínima que deve ser exigida na alocação de capital, de forma a maximizar seu valor de mercado. 67 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC O cálculo desse custo é processado pelo critério da média ponderada pela seguinte expressão de cálculo: WACC = Wj x Kj WACC = custo médio ponderado de capital; também identificado na literatura financeira por Weighted Average Cost of Capital. Kj = custo específico de cada fonte de financiamento (própria e de terceiros) Wj = participação relativa de cada fonte de capital no financiamento total. 68 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC Vamos a um exemplo prático para entendermos melhor o conceito de WACC. Suponha que uma empresa tenha apresentado a seguinte estrutura de capital e seus custos respectivos, conforme levantado de seus relatórios contábeis: Tipo de Capital Montante ($) de recursos de cada fonte Proporção de cada fonte Custo de cada fonte Capital Ordinário 800.000 ações x 1,00 = 800.000,00 40% 25% a.a. Capital Preferencial 500.000 ações x 1,00 = 500.000,00 25% 22% a.a. Financiamento 700.000,00 35% 18% a.a. Total 2.000.000,00 100% 69 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC De acordo com os valores e dados da tabela, pode-se mensurar o custo total das fontes de capital da empresa da seguinte forma: WACC = Wj x Kj WACC = ( 25% x 0,40) + (22% x 0,25) + (18% x 0,35) WACC = 10% + 5,5% + 6,3% WACC = 21,8% Vamos calcular o WACC de outra forma. 70 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC A remuneração exigida representa 21,8 do volume total de recursos colocados à disposição da empresa, ou seja: WACC = 436.000,00 / 2.000.000,00 = 21,8% Fonte de Capital Remuneração Exigida da empresa Capital ordinário 800.000,00 x 25% = 200.000,00 Capital preferencial 500.000,00 x 22% = 110.000,00 Financiamento 700.000,00 x 18% = 126.000,00 Total 436.000,00 71 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC WACC = 21,8% Este custo médio ponderado de capital representa, efetivamente, a taxa mínima de retorno (atratividade econômica) desejada pela empresa em suas decisões de investimento. Ao não promover um retorno operacional pelo menos igual a seu custo total de capital, a empresa deixará de remunerar de forma adequada suas fontes de financiamento, prejudicando seu valor de mercado. Em outras palavras, um retorno de investimento, ainda que positivo, menor que o WACC leva a uma destruição de seu valor de mercado, reduzindo a riqueza de seus acionistas. 72 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC Vale ressaltar que tudo que vimos até agora, sobre o WACC foi baseado sobre dados contábeis, e como já vimos anteriormente, os dados contábeis são estáticos, representando a situação da empresa em um momento específico de tempo. Mas o mercado é muito mais dinâmico e os custos das fontes de financiamentos da empresa podem estar atrelados a taxas pós-fixadas, vinculadas aos mais diferentes índices; libor, variação cambial, IGP-M, IGP, INPC, TJLP, valor da ação no mercado, dentre muitos outros. O uso de valores de mercado para se apurar a ponderação de cada fonte de financiamento é mais recomendado para as decisões financeiras, principalmente por refletirem melhor seu efetivo montante de realização. 73 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC Normalmente, os pesos definidos com base em valores de mercado costumam promover, ainda, um WACC maior que o obtido pelo esquema contábil, pois as cotações de mercado das ações costumam ser superiores aos preços registrados convencionalmente pela Contabilidade, e os passivos podem se encontrar atrelados às taxas vigentes (ou futuras) de mercado. Por exemplo, as ações de uma empresa são muitas vezes negociadas no mercado por valores que pouca relação apresentam com seus valores nominais. O mesmo pode ocorrer também com o exigível da empresa, principalmente com os itens passivos que embutem alguma forma de pós-fixação dos juros, como cláusulas de repactuação de debêntures, validade temporária da Libor para determinadas operações de repasses de recursos externos, etc. 74 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC Vamos voltar ao nosso exemplo anterior, admitindo-se que as ações ordinárias da empresa estejam valendo $ 1,50 por unidade no mercado, e as preferenciais estejam valendo $ 1,20 cada unidade. Desta forma, vamos ver o que acontece com o WACC e com a estrutura de capital da empresa. Tipo de Capital Montante ($) Proporção de cada fonte Capital Ordinário 800.000 ações x 1,50 = 1.200.000,00 48% Capital Preferencial 500.000 ações x 1,20 = 600.000,00 24% Financiamento 700.000,00 28% Total 2.500.000,00 100% 75 7.6 – Custo médio ponderado de capital (WACC) ou CMPC O novo custo médio ponderado de capital, definido pelos pesos baseados nos valores de mercado, eleva-se para: WACC = (25% X 0,48) + (22% X 0,24) + (18% X 0,28) WACC = 12,0% + 5,28% + 5,04% WACC = 22,32% Pode-se afirmar que o custo médio ponderado de capital baseado em valores de mercado proporciona uma interpretação mais segura de seus resultados, pois o mercado reflete, de mais mais rigorosa, o valor dos capitais da empresa. 76 7.7 – Custo marginal ponderado de capital (CMgPC) O custo médio ponderado de capital da empresa é um dado fundamental para o processo de tomada de decisões de investimento. Como já vimos, a empresa deve fazer somente aqueles investimentos nos quais o retorno esperado é superior ao custo ao custo médio ponderado de capital. Evidentemente, em qualquer momento considerado, os custos de financiamento e os retornos dos investimentos da empresa serão afetados pelo volume de financiamento e investimento realizado. O custo médio ponderado de capital pode variar com o tempo, dependendo do volume de financiamento que a empresa espera obter. À medida que o volume de financiamento cresce, os custos dos vários tipos de financiamento elevam-se, aumentando o custo médio ponderado de capital. 77 7.7 – Custo marginal ponderado de capital (CMgPC) Por esta razão, é útil calcular o custo marginal ponderado de capital (CMgPC). Os custos dos componentes de financiamento (capital de terceiros, ações preferenciais e capital próprio) elevam-se à medida que montantes maiores são captados. Os fornecedores de fundos exigem retorno maiores sob a forma de juros ou dividendos, como remuneração pelo risco adicional introduzido por volumes maiores de financiamento novo. O CMgPC, portanto, é uma função crescente do nível de financiamento novo total. 78 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 1) Conceitue Capital de uma empresa 2) Quem fornece o capital de uma empresa? 3) Onde está investido o capital de uma empresa? 4) No Balanço Patrimonial onde está representado o Capital da empresa? 5) Cite três diferenças entre Capital próprio e Capital de terceiros. 79 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 6) Faça a correlação entre os dados desta questão, de 1 a 10 e os dados das alternativas dadas. (1) Os acionistas e os quotistas tem interesse em participar na (2) O retorno dos investimentos realizados pelos sócios ou acionistas da empresa dependem exclusivamente do (3) O capital de terceiros tem um prazo (4) O tempo de permanência do capital próprio na empresa é (5) Os acionistas e os quotistas focam os interesses mp (6) Os credores foram (7) Credores (8) O retorno dos credores, fornecedores de capital sob a forma de empréstimos e financiamentos, é assegurado com o pagamento de (9) Os credores têm interesse na (10)Proprietários 80 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 6) Alternativas dadas ( ) Gestão da empresa ( ) Performance da empresa para assegurar o recebimento de seus direitos. ( ) Retorno dos investimentos realizados pela empresa ( ) A capacidade que a empresa tem de pagar o que deve. ( ) Indeterminado ( ) Determinado ( ) Retorno propiciado pelo resultado da empresa ( ) Juros, determinado, normalmente, em contrato firmado com a empresa. ( ) Exigência de garantias ( ) Risco do empreendimento, sem garantias. 81 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 7) Conceitue Custo de Oportunidade. 8) O que a expressão abaixo quer dizer? Os acionistas têm direitos sobre resultados e ativos secundários em relação aos demais credores. 9) Conceitue ação ordinária e ação preferencial. 10) Conceitue Custo de Capital. 11) Quais são as quatro fontes básicas de fundos de longo prazo para a empresa? 12) Qual a finalidade dos recursos de longo prazo em uma empresa 82 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 13) Conceitue custos de underwriting. 14) Calcule o custo anual para a Empresa X, baseando-se nos dados abaixo, pois a empresa deseja realizar a captação de recursos para efetuar um ambicioso plano de investimentos. A Empresa X planeja emitir ações preferenciais com dividendo anual (cupom) pré-fixado de $ 15. O preço unitário corrente da ação preferencial no mercado é de $ 95, mas os investidores exigem, em função do alto risco que estarão correndo ao investir na Empresa X, um deságio de 10% para subscrever as ações. As despesas com underwriting são de 4% sobre o valor de mercado de cada ação. Dados: Kp = custo anual das ações preferenciais Dp = dividendos fixos por ação Po = preço corrente da ação no mercado f = taxa de deságio sobre o preço de lançamento das ações d = despesas de underwriting 83 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo Fórmula para cálculo do custo de capital Dp Kp = Po ( 1 – f – d ) 84 15) Utilizando a TIR, determinar o custo do capital de terceiros, para a empresa abaixo. A Empresa X, face ao plano de expansão de suas atividades, está estudando a possibilidade de vender obrigações com prazo de 15 anos com cupom de 10%, com valor de face de $ 2.000, no valor total de $ 10.000.000. Os investidores exigem um deságio de 8%. Os custos de underwriting são de 2% do valor de face. 85 16) Supondo que o imposto de renda é de 22,5%, calcule o custo de capital de terceiros, utilizando os dados do exercício 14. Vale ressaltar que este é o verdadeiro custo de capital para a Empresa Y, desde que, é claro, a Empresa apresente resultados operacionais positivos. 17) Conceitue o Modelo de precificação com crescimento (Modelo de Gordon), mencionando suas principais características e pressupostos. 86 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 18) Modelo de Gordon. D1 Ks = + g Po Onde: Po = valor corrente da ação ordinária D1 = dividendo por ação esperado ao final do ano 1 Ks = taxa de retorno exigida da ação ordinária (custo de capital) g = taxa anual de crescimento constante dos lucros e dividendos. Baseando-se nos pressupostos acima, determinar o custo de capital próprio (Ks) da Empresa X, sabendo-se que: 87 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo A Empresa X espera pagar um dividendo (D1) de $ 6 no final do próximo ano (2.008). Os dividendos pagos aos acionistas nos últimos seis anos (2001 a 2006) foram os seguintes: Ano Dividendo 2.001 3,75 2.002 3,96 2.003 4,16 2.004 4,32 2.005 4,60 2.006 4,97 88 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 19) Modelo de formação de preço de ativos (CAPM). “O risco relevante de uma ação individual é sua contribuição para o risco de uma carteira bem diversificada”. O pressuposto acima é a essência do CAPM. Através de um exemplo, explique o que o autor, Harry Markowitz quis dizer. 20) Como é formada a taxa bruta de juros? 21) Quais são as três formas básicas de obtenção de capital de terceiros no Brasil? 89 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 22) Conceitue Custo Total de Capital. 23) Baseando-0se nos dados abaixo, calcule o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC). Tipo de Capital Montante de recursos de cada fonte Participação de cada fonte Custo de cada fonte Capital Ordinário 500.000 ações x 1,50 = 750.000,00 39% 20% a.a. Capital Preferencial 400.000 ações x 1,30 = 620.000,00 31% 18% a.a. Financiamentos 600.000.00 30% 16% a.a. Total 1.970.000,00 100% 90 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 24) O que representa o Custo Médio Ponderado de Capital (WACC)? 25) Utilizando os dados do exercício 22, mas levando-se em consideração os valores de mercado para a apuração da ponderação de cada fonte de financiamento, calcule o WACC e compare com o WACC do exercício 22. Sabe-se que o valor de mercado da ação ordinária é de $ 1,80 e o valor da ação preferencial é de $ 1,50. Qual a sua conclusão? Em sua opinião porque isto acontece? 91 Questões para fixar os conceitos discutidos neste capítulo 26) Á medida que o valor de financiamento cresce, os custos dos vários tipos de financiamento elevam-se, aumentando o custo médio ponderando de capital. ( ) V( ) F Se você acha que a sentença acima é verdadeira, explique o porque. Se você acha que a sentença acima é falsa, reescreva-a de tal forma que a mesma se torne verdadeira. 92 93
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