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FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ – FAL CURSO PSICOLOGIA FABIANA CRISTINA DA SILVA MELO MAT. 201908417129 MICHELLE CRISTINA C. R. DE FRANÇA MAT. 201909022659 TEORIAS E SISTEMAS PSICOLOGICOS IV Maceió/AL 2020 FABIANA CRISTINA DA SILVA MELO MICHELLE CRISTINA C. R. DE FRANÇA Resenhas críticas apresentadas como requisito para obtenção de aprovação na AV1 da disciplina de Teorias e Sistemas Psicológicos IV ministrada pela professora Waneska Martins Pimentel Cunha no curso de graduação em Psicologia II período noturno. Maceió/AL 2020 Faculdade Estácio FAL Curso: Psicologia Disciplina: Teorias e Sistemas Psicológicos IV Professora: Waneska Martins Pimentel Cunha Alunas: Fabiana Cristina da Silva Melo e Michelle Cristina C. R. de França MONTEIRO, T.C; CAMPOS, L.A; MELLE, A.(Org.). Teorias e Sistemas Psicológicos IV. Rio de Janeiro, 2019. 1° Ed. SESES. C.3. p 8-28. Cap. 1: História e surgimento da psicologia cognitiva O referente capítulo faz parte de um material organizado e publicado, a fim de tornar mais compreensíveis e acessíveis os conhecimentos acerca da Psicologia Cognitiva, corrente que se constitui como um dos principais pilares teóricos das práticas e pesquisas em Psicologia ainda hoje. O primeiro capítulo nos apresenta, em termos gerais, que na antiguidade houve influências filosóficas citadas por grandes nomes, como Platão e Aristóteles. A partir do século XIX surgiu ideias com divisões que foram fundamentais para a constituição da psicologia como ciência, sendo elas: Mecanicismo: Apresenta que tudo funciona como uma maquina, onde se tem como exemplo a calculadora, computadores e máquinas de pensar incluindo a psicologia cognitiva Racionalismo : O conhecimento já é pautado na razão humana, que em meio a dúvidas no final tem haver uma conclusão. Empirismo: Influenciou a metodologia de construção do conhecimento científico que surgiu naquela época. Positivismo: Só é válido o progresso social por meio de conhecimento científico já que ambos influenciaram para a formação de teorias psicológicas que desde o início os objetos escolhidos para estudo centralizam – se na mente e na consciência surgindo assim o behaviorismo que rompe com essa tradição e traz novas teorias e experimentos com comportamentos reflexos baseado em estudos. O behaviorismo também chamado de comportamentalismo tem como objeto de estudo o comportamento. Essa teoria psicológica defende que a psicologia humana ou animal pode ser objetivamente estudado por meio de observação de suas ações, ou seja, observando o comportamento. Com esses estudos houve várias fases, dentre elas destacam – se: Habituação: Que ocorre quando o organismo deixa de responder a um estímulo quando é apresentado várias vezes em um curto intervalo de tempo. Potenciação: O organismo se acostuma ao estímulo diário, causando uma sensibilidade devido ao ter o mesmo estímulo diariamente. Entre outros comportamentos que causa consequências no intuito de suprir necessidades e que diante de alguns comportamentos o qual tem grande influencia do behaviorismo com a psicologia cognitiva. No behaviorismo houve destaques com grandes nomes, onde cada um se destaca pelas suas teorias, porém todos com o mesmo foco que é o estímulo e respostas com experimentos e teses diferentes. A psicologia da Gestalt é uma teoria coerente dentro da historia, estuda as sensações de espaço – forma e tempo – forma. A psicologia da Gestalt surgiu na Alemanha no período entre guerras observando a percepção através dos quais são apreendidas estruturas que auxiliam no meio comportamental e farmacológico. A Gestalt contribui no processo cognitivo superior e reduzido a associação de ideias, trazendo soluções para a resolução de novos desafios e problemas podendo assim construir algo novo e reorganizar o pensamento produtivo causando uma flexibilização, caso contrário terá uma reprodução automática daquilo que já existente. Além do behaviorismo e Gestaltismo houve outra influência psicológica fundamental a teoria do Jean Piaget, havendo assim novos conceitos que se tornou essencial para a cognição humana. Faculdade Estácio FAL Curso: Psicologia Disciplina: Teorias e Sistemas Psicológicos IV Professora: Waneska Martins Pimentel Cunha Alunas: Fabiana Cristina da Silva Melo e Michelle Cristina C. R. de França MONTEIRO, T.C; CAMPOS, L.A; MELLE, A.(Org.). Teorias e Sistemas Psicológicos IV. Rio de Janeiro, 2019. 1° Ed. SESES. C.3. p 31-57. Cap. 2: A epistemologia genética de Jean Piaget Este capítulo irá falar da influência do psicólogo Jean Piaget sobre cognição humana, onde se aprofundou no desenvolvimento infantil até a fase adulta. Piaget teve várias formações até chegar a psicologia. Piaget, o conhecimento é gerado através de uma interação do sujeito com o seu meio, a partir de estruturas existentes no sujeito. A epistemologia postula que a aquisição de conhecimento depende tanto da estrutura cognitiva do indivíduo com a interação com o seu meio ocorrendo através de 4 fases ( sensório – motor, pré – operatório, operatório concreto e operatório formal ). Herdamos um organismo que amadurece em contato com o meio ambiente, uma série de estruturas biológicas que favorecem o aparecimento das estruturas mentais e cada fase tem o se desenvolvimento, tornando assim o amadurecimento biológico para o processo de aprendizagem. A inteligência ou a personalidade não são herdadas, mas construídas entre elas o biológico e o ambiente social que a criança está convivendo habilidades e comportamento dos adultos que influenciam na formação das crianças. A adaptação só conduz a um sistema estável quando o equilíbrio entre a acomodação e assimilação foi alcançado a adaptação e é entendida como modificação de uma coisa para as condições existentes de outra coisa. Os reflexos ou comportamentos involuntários são exemplos de mecanismos básicos e primitivos da adaptação do recém-nascido. Com base na questão mental, a mente entra em dissonância em fase de novas informações ou desafios. Na teoria construtivista a base do pensamento consiste em considerar que haja uma construção do conhecimento, a educação cria métodos que estimulam essa construção. Para Piaget, o sistema de motivação do cérebro, são produzidos os esquemas definidos como moldes mentais em que colocamos nossas experiências em outras palavras, esquemas são estruturas ou conceitos que usamos para interpretar e organizar as informações que recebemos. Segundo Piaget a teoria da equilibracao, de uma maneira geral, trata de um ponto de equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, e assim, é considerada como um mecanismo autorregulador necessário para assegurar a criança uma interação eficiente dela com o meio ambiente. A formação cognitiva do adolescente e do adulto terem as mesmas possibilidades e o conhecimento que o adulto tem e o adolescente não tem pela vasta experiência de vida que o adulto tem diante do adolescente e que o pensamento só vai se aprimorando com o tempo e a experiência de vida. A epistemologia genética tem como objetivo o desenvolvimento humano, e são subdivididos em 4 fases : A) Período sensório – motor - de 0 a 2 anos: o período do bebê é bastante complexo, pois nele ocorre a organização do seu desenvolvimento nos aspectos perceptivos, motor intelectual, afetivo e social. Começará, portanto, com uns poucos reflexos que irão aos poucos se transformando em esquemassenso – motor. B) Período pré – operatório – de 2 a 7 anos: o que marca a passagem do período sensório – motor para o pré – operatório é o aparecimento da função simbólica, ou seja, é a emergência da linguagem. C) Período das operações concretas – 7 a 12 anos: nessa idade a criança já iniciou seu período escolar, coincidindo com o período demarcado em sua evolução mental. Quando a criança atinge a idade escolar, muitas mudanças em seu comportamento são notadas, ela apresenta maior poder de concentração e de trabalho em conjunto. D) Período das operações formais – 12 anos em diante: nesta fase a criança ampliando as capacidades conquistadas na fase anterior, já consegue raciocinar sobre hipóteses na medida em que ela é capaz de formar esquemas conceituais abstratos e através deles executar operações mentais dentro dos princípios da lógica. No conceito Piagetiano, conceitua que quando se adquire as capacidades citadas acima, o indivíduo já atingiu a forma final do equilíbrio, completando assim o desenvolvimento cognitivo ou organização de pensamentos, estando assim preparado para a fase adulta. Faculdade Estácio FAL Curso: Psicologia Disciplina: Teorias e Sistemas Psicológicos IV Professora: Waneska Martins Pimentel Cunha Alunas: Fabiana Cristina da Silva Melo e Michelle Cristina C. R. de França MONTEIRO, T.C; CAMPOS, L.A; MELLE, A.(Org.). Teorias e Sistemas Psicológicos IV. Rio de Janeiro, 2019. 1° Ed. SESES. C.3. p 60-84. Cap. 3: A Psicologia Cognitiva e seus objetos de estudo. O referente capítulo faz parte de um material organizado e publicado pela editora da Estácio, a fim de tornar mais compreensíveis e acessíveis os conhecimentos acerca da Psicologia Cognitiva, corrente que se constitui como um dos principais pilares teóricos das práticas e pesquisas em Psicologia ainda hoje. Sendo o terceiro do livro, este capítulo nos apresenta, em termos gerais, o contexto histórico-científico do surgimento da Psicologia Cognitiva enquanto abordagem psicológica, bem como explicita os principais objetos de estudo dessa área. Ademais, nesta leitura também podemos conhecer os processos cognitivos fundamentais para a construção da teoria do conhecimento humano, tais como memória, atenção, consciência, linguagem, sensação, percepção, pensamento e resolução de problemas (função também lida como inteligência). O texto está organizado em dois tópicos principais, no qual o primeiro trata de contextualizar científica e historicamente, os primeiros estudos e publicações em Psicologia Cognitiva, situados nos Estados Unidos, por volta da metade do século XX. De acordo com a leitura, podemos compreender que esses estudos surgem em um cenário em que o campo da Psicologia encontrava-se de certa forma polarizado, onde de um lado estava a visão de homem e mundo sustentadas pelos behavioristas e sua ênfase comportamental, e de outro, o foco no inconsciente adotado pela psicanálise. Diante disso, alguns intelectuais que não sentiam-se contemplados por nenhuma dessas concepções, sentiram a necessidade de utilizar outras ferramentas para investigar as bases fundamentais da consciência, compreender como o ser humano adquire conhecimento e como este influencia seu comportamento, partindo do pressuposto de que o homem possui um papel ativo diante da existência. Vale ressaltar também, que num contexto externo ao campo "Psi", algumas transformações em outras áreas do conhecimento, prepararam o terreno para a consolidação e aceitação das teorias da Psicologia Cognitiva na ciência. Na Física, as descobertas da influência do observador sobre o fenômeno põem em questionamento o modelo mecanicista na visão behaviorista, bem como a neutralidade do conhecimento científico. Além disso, neste período a humanidade também viveu a invenção do computador por Alan Turing, acontecimento que influenciou fortemente o pensamento sobre o funcionamento da mente humana, havendo uma substituição do paradigma mecanicista do relógio e suas engrenagens, pela metáfora mais complexa do computador, visto que este é um aparelho que recebe informações, mas também decodifica, sintetiza e de certa forma as elabora. Desse modo, tais funções do aparelho eletrônico, poderiam ser utilizadas para pensar processos equivalentes na mente humana, tais como percepção, memória, linguagem, pensamento, entre outros. Esse paralelo entre a mente e o computador, acabou permitindo o surgimento da perspectiva da Inteligência Artificial (AI), enquanto possibilidade real. Outra mudança paradigmática que ameaça os behavioristas e fortalece cognitivistas futuros são os estudos de Noam Chomsky acerca do aprendizado, na área da Linguística. Segundo ele, a rapidez e complexidade da aquisição da língua demonstrada em crianças inviabilizariam as teorias de condicionamento clássico e operacional dos behavioristas. Diante dessas profundas transformações no campo da tecnologia e nos estudos sobre a mente humana, observa-se o cenário ideal para a aceitação dos estudos apresentados por Ulric Neisser e George Miller, na década de 50, sendo estes considerados os pais da Psicologia Cognitiva, e sendo marcados por uma profunda crítica ao modelo behaviorista na apresentação de uma atuação ativa da consciência no processamento de informações. Dois trabalhos marcantes destes autores apontados no texto são: “O mágico número sete, mais ou menos dois: alguns limites da nossa capacidade de processamento da informação”, divulgado em 1956 por Miller, no qual ele apresenta uma pesquisa sobre a capacidade média da lembrança; e em 1967, é publicada a obra "Cognitive psychology" de Neisser, na qual ele expõe suas ideias sobre como deveria ser tratada a Psicologia e onde ele também consegue definir o que é Cognição, conceituando-a como o processo de receber, codificar, reduzir, elaborar, armazenar e recuperar uma informação sensorial. Partindo para o segundo grande tópico do capítulo, vemos que os autores trazem subseções nas quais começam a elencar e explicar de modo sintético os processos cognitivos que são objetos de estudo da Psicologia Cognitiva. A primeira subseção trata da Sensação e Percepção, processos que são estudados nos primórdios da Psicologia Científica, com os experimentos de Wundt, pai da Psicologia, sobre "experiência mediata" (que seria o equivalente à sensação) e "experiência imediata" (equivalente à percepção). Wundt cunhou também o conceito de "apercepção", o qual se trataria da construção ativa da consciência por meio da faculdade organizativa da mente (elaboração). Na maioria dos estudos em cognição, sensação é trazida como um processo mais ligado ao aparelho fisiológico, no caso, aos órgãos dos sentidos (visão, tato, olfato e paladar). Já a percepção, é concebida como um processo mais interpretativo, capaz de organizar, elaborar e dar sentido às informações captadas pelos órgãos. Todavia, é importante destacar que essas distinções são feitas mais a nível pedagógico, para facilitar a compreensão desses processos, mas na prática, estes são interdependentes e se comunicam, de modo que que misturam constantemente. A sensação e percepção são cruciais para a nossa aquisição de conhecimento e nossa relação com o mundo pois, inicialmente, é a partir desses processos que conhecemos e interpretamos nossas experiências com os objetos com os quais interagimos. É importante dizer que essa aquisição de informações se dá dentro dos limiares de cada pessoa. O conceito de limiar foi trazido pela primeira vez por Wundt e diz respeito à quantidade mínima de estímulo necessária para que este seja percebido e interpretado pelo sujeito. O texto também apresenta as contribuições dos teóricos da Gestalt no que consiste aos princípios da organização perceptual, demonstrando uma série de exemplos com esquemas imagéticosque representam cada lei. Adiante, Atenção e Consciência são definidas como processos distintos, mas complementares. A Atenção atua na seleção de uma quantidade limitada de estímulos em meio a uma grande oferta destes, como um filtro, influenciado por condições ambientais e intrínsecas à pessoa, envolvendo aspectos conscientes e inconscientes (neste caso inconsciente para os cognitivistas é entendido de forma diferente da Psicanálise). De acordo com as contribuições de Sternberg (2010), são comentadas neste tópico, as quatro funções básicas da atenção, sendo estas: a detecção de sinais, atenção seletiva, atenção dividida, e a busca. Esses processos surgem na evolução de nossa espécie a fim de permitir a adaptação dos seres humanos ao ambiente, na proteção contra perigos e na percepção de oportunidades de sobrevivência. Já a consciência, inclui tanto o processo da percepção consciente como o conteúdo da consciência em si, que depende do foco da atenção. Trata-se de voltar-se para a realidade, estar atento e desperto e aberto para conhecer, por isso depende tanto da atenção. Podemos citar o exemplo de uma experiência em Mindfullness, na qual manipulamos o foco da atenção para nos tornarmos mais conscientes do momento presente. No processo de aprendizagem, quando aprendemos algo novo estamos totalmente conscientes na execução da atividade (falar, comer, andar, ler), mas à medida que incorporamos tal aprendizado aos nossos hábitos, vamos automatizando estas ações e deixando de estar consciente delas. Por fim, na próxima subseção, a memória é trazida enquanto um processo que sustenta todas as nossas ações, e, portanto outros processos cognitivos, por estar ligada ao armazenamento das informações adquiridas em nossas experiências sensoriais. Além disso, a memória está ligada a nossa identidade e singularidade, definindo nossa existência, visto que ela guarda nossos aprendizados e nossas vivências na interação conosco, com outros e com o mundo. Podemos dizer que somos quem somos porque lembramos. Isso nos traz uma discussão acerca da problemática da perda da noção de identidade parcial ou completa dos sujeitos que sofrem de alguma forma alterações crônica da memória, sejam quantitativas ou qualitativas, como no caso dos portadores de Mal de Alzheimer, contexto no qual se observa uma experiência de muito sofrimento por parte do adoecido e de seus entes próximos. No tocante às alterações quantitativas e qualitativas da memória, já que foram mencionadas, o capítulo traz uma síntese bastante didática, apresentada em quadros. As alterações quantitativas estão ligadas ao ritmo da fluência dos conteúdos mnêmicos, assim como à capacidade de fixá-los e evocá-los, como no caso das hipermnésias e amnésias. Já as qualitativas, relacionam-se com a característica do conteúdo adquirido, configurando-se como deformações no elemento previamente fixado, gerando uma lembrança diferente da senso percepção original, como nos casos de ilusões ou alucinações mnêmicas, fabulações ou lembranças obsessivas. Nesta mesma subseção do texto, são apresentadas também as distorções mais comuns da memória, tais como sugestionabilidade, falta de atenção, bloqueio, entre outras, além dos principais fatores relacionados às dificuldades de construção e evocação de memórias. De modo geral, após a leitura posso dizer que considero este material muito pertinente à construção da aprendizagem na disciplina de Teorias e Sistemas Psicológicos, visto que o texto se apresenta numa linguagem acessível, demonstrando uma preocupação com a didática, expressada também na utilização de recursos acessórios como quadros, tabelas, curiosidades, imagens e exercícios que ajudam a consolidar o conhecimento adquirido na leitura e exercitá-lo de modo crítico. Além disso, considero que o conteúdo pode servir de base para estudos em outras áreas do conhecimento, como a Psicopatologia, por exemplo. Desse modo, avalio positivamente este texto, e o recomendo para estudantes da Psicologia, Pedagogia, Psicopedagogia e outras áreas ligadas ao estudo dos processos cognitivos, bem como para curiosos que desejam acessar uma síntese que os ajude a compreender melhor os processos psíquicos que estão constantemente presentes em nosso cotidiano. Faculdade Estácio FAL Curso: Psicologia Disciplina: Teorias e Sistemas Psicológicos IV Professora: Waneska Martins Pimentel Cunha Alunas: Fabiana Cristina da Silva Melo e Michelle Cristina C. R. de França MONTEIRO, T.C; CAMPOS, L.A; MELLE, A.(Org.). Teorias e Sistemas Psicológicos IV. Rio de Janeiro, 2019. 1° Ed. SESES. c.3. p 88-103. Cap. 4: Terapias Cognitivas Dando continuidade aos estudos em Psicologia Cognitiva, este capítulo inicia demarcando o início da consolidação da Psicologia Cognitiva no meio científico, destacando o acontecimento em 1956 do seminário no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), que contou com a presença de grandes teóricos, na época em ascensão, como Piaget, Chomsky e Muller. Na ocasião, a comunidade acadêmica pode presenciar não só o evidente alinhamento das proposições teóricas desses sujeitos, como também o nascimento de importantes estratégias interventivas no campo dos estudos cognitivistas para tratar da complexidade da mente humana e da questão do processamento de informações, tendo este evento resultado em ricas contribuições teóricas, as quais são reconhecidas ainda atualmente pelo seu pioneirismo, visto que abriram caminho para o surgimento de outras proposições teóricas e modelos terapêuticos posteriores. O capítulo se faz de extrema importância para o estudo nesta disciplina por ter como objetivo elencar as teorias cognitivas e apresentar os principais conceitos delas, sendo organizado em cinco tópicos centrais, sendo eles: 1)Teoria Sociocognitiva de Albert Bandura; 2) Teoria dos Constructos Pessoais de George Kelly; 3) Teoria Racional-Emotiva de Albert Ellis; 4) Teoria Cognitiva de Aaron Beck; 5) Terapia dos Esquemas de Jeffrey Young. No primeiro tópico, nos é apresentada a Teoria social Cognitiva de Albert Bandura, teórico canadense, da Universidade de Stanford, criador da Teoria da Aprendizagem Social, também chamada de Sociocognitiva, a qual tem como objeto o comportamento do ser humano inserido em seu contexto social. Ele acreditava que os fatores pessoais, ambientais e o comportamento em si são interdependentes e que os fatores externos agiriam como mediadores dos processos cognitivos. Essa teoria concebe que a aprendizagem não é só um processo de condicionamento, mas é também de caráter interacionista, visto que aprendemos observando as vivências de outros e interagindo com eles. Tal concepção permitiu que este autor fosse além ao conceito de reforço comportamental fortemente adotado por behavioristas clássicos, pois ele passou a considerar variáveis intrínsecas ao sujeito que poderiam também influenciar na relação estímulo- resposta, acreditando que as pessoas podiam prever resultados futuros observando as consequências de suas respostas, mas também das respostas de outros, e agimos conforme o que julgamos que será mais benéfico. Bandura também se debruçou sobre outros conceitos clássicos. Além de diferenciar aquisição de desempenho, sendo o desempenho, ele também elencou três tipos de incentivos que agem sobre este desempenho, sendo eles: o incentivo direto, que viria do próprio condicionamento, com os reforços; o incentivo vicário, ou indireto, quando a aprendizagem vem pela observação do condicionamento de outras pessoas; e o auto administrado, que teria origem em variáveis não observáveis, que fariam a autorregulação de comportamentos. Adiante, no segundo tópico é trabalhada a teoria do constructo pessoal de George Kelly, psicólogo norte-americano, famoso também porsua teoria da personalidade. Na teoria do constructo pessoal, iniciada a partir de seus atendimentos com crianças, ele acreditava no papel ativo do ser humano sobre o seu destino mais sem desconsiderar o peso de suas circunstâncias. Em seus atendimentos, ele recebia queixas escolares e avaliava o comportamento responsável por levar a criança até ele, mas também a partir da ótica dos professores, observando a construção que estes faziam sobre aquele comportamento. O constructo seria a forma como percebemos e interpretamos os acontecimentos e como nós reagimos a essas interpretações. Assim, não só reagimos à realidade como ela é, mas também temos o poder de manipulá-la de certa forma, visto que temos a capacidade de reinterpretar, construir e desconstruir conceitos. Além disso, Kelly definiu que os constructos seriam polarizados em três extremos, de modo que haveria dois elementos semelhantes entre si, chamados de polo de similaridade, e um terceiro diferente dos outros dois, chamado de polo de contraste. Os estudos de Kelly tiveram importantes implicações no campo da Psicologia Clínica, Em seguida, os autores nos apresentam a Terapia racional emotiva (TRE), criada por Albert Ellis, em 1955. Ela é considerada um método psicoterápico de abordagem cognitivista e também uma teoria da personalidade. O método de Ellis parte do entendimento do homem enquanto organismo biopsicossocial, compreendendo percepção, comportamento, pensamento e emoção como os quatro elementos básicos da cognição os quais são igualmente interdependentes. Para Ellis, os seres humanos funcionam baseados em crenças racionais (que produzem estados emocionais saudáveis, mesmo que negativos) e irracionais (produtoras de estados emocionais perturbados). Na atuação clínica, sua intervenção se baseia em reestruturar essas crenças irracionais de modo a modificar a expressão comportamental de forma duradoura. Outro aspecto interessante dessa teoria é a concepção sobre emoção e pensamento. Na TRE, a emoção é o estado mais elaborado da reação humana aos estímulos e está relacionada a todos os processos cognitivos. O que vulgarmente chamamos de pensamento, para ele seria uma avaliação racional de uma situação ou o resultado de uma organização da percepção. Apesar de pensamento e emoção serem coisas distintas, para ele haveria uma interligação, de modo que as emoções podem ser alteradas a partir de uma mudança no modo de pensar. No quarto tópico, podemos conhecer a abordagem da Teoria Cognitiva de Aaron Beck, um psiquiatra norte-americano conhecido como pai da Terapia Cognitiva e de instrumentos como as Escalas Beck de Ansiedade (BAI), Depressão (BDI), de Ideação Suicida (BSI) e de Desesperança (BHS) A Terapia Cognitiva identifica três tipos de pensamento: 1) os pensamentos automáticos, que fluem em nosso cotidiano diante dos acontecimentos do dia a dia, sem que a consciência tenha acesso; 2) as crenças intermediárias, elas estão no segundo nível do pensamento e ocorrem como suposições ou regras do tipo "Se tal coisa acontecer, então isso ou aquilo poderá acontecer" e por estarem nesse nível intermediário são mais resistentes à mudanças; 3) as crenças centrais, são o nível mais profundo desse modelo e estão ligadas à ideias rígidas e absolutas sobre si mesmos. Normalmente essas ideias são forjadas na infância e mediante experiências traumáticas sofrem distorções que nos acompanham na fase adulta, alterando nossa percepção e comportamento. A teoria dispõe que os três níveis do pensamento relacionam-se com o funcionamento da psique da pessoa e podem sofrer intervenções a partir das técnicas cognitivas. Ademais, a teoria trabalha com modelos compreensivos de quadros clínicos mais comuns, tais como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade, baseados nas proposições de Beck, que orientam o terapeuta em suas intervenções. Por fim, podemos destacar deste tópico as quatro características básicas da terapia cognitiva que seriam: a ênfase numa aliança terapêutica segura, no qual estabelecer metas para o processo e articular de modo conjunto o que abordar nas sessões pode ajudar na relação profissional-paciente; o caráter educativo do processo terapêutico a fim de promover autonomia do paciente para que ele seja seu próprio terapeuta, à medida que o profissional irá lhe guiar em seu processo de psicoeducação; o terapeuta deve-se basear nas queixas do paciente e construir com ele as pautas e metas do processo; o terapeuta deve estruturar as etapas do processo junto com o paciente para que este possa assumir sua autonomia. Encerrando este capítulo, no último tópico somos apresentados à Terapia dos esquemas proposta por Jeffrey Young. Young desenvolveu inicialmente a terapia para lidar com pacientes que possuíam transtornos psiquiátricos crônicos e difíceis de intervir (problemas caracterológicos) e que também faziam uso de psicotrópicos. Posteriormente a terapia dos esquemas de mostrou muito eficaz no tratamento da depressão, ansiedade, transtornos alimentares, problemas de casal e outras dificuldades de relacionamento. O modelo ajuda a compreender os problemas observando como os esquemas (chamados de desadaptativos remotos) foram se construindo desde a infância. Segundo Jeffrey esses esquemas seriam um padrão amplo composto por memórias, emoções e sensações corporais ligadas ao relacionamento conosco e com outros, construídos na infância e adolescência e que vão se complexificando e consolidando ao longo da vida dos sujeitos gerando como resposta comportamentos desadaptativos. Esses comportamentos são agrupados em cinco categorias que representam as necessidades não satisfeitas dessas crianças e adolescentes que habitam nesses adultos, sendo elas, de forma bem sintética, sumariamente: 1) a necessidade de proteção e estabilidade; 2) a dificuldade de se tornar independente e autônomo; 3) fragilidade ligada aos limites internos, falhas nas responsabilidades com os outros e com objetivos em longo prazo; 4) foco excessivo nós desejos, expectativas e necessidades dos outros; 5) supressão dos próprios sentimentos, expectativas, impulsos e escolhas no cumprimento de regras e expectativas alheias. A partir deste modelo, a terapia dos esquemas, assim como outras da Psicologia tem como meta identificar os esquemas dos pacientes e torná-los conscientes destes a fim de ajudá-los a exercer o controle sobre esses padrões, bem com sobre os comportamentos disfuncionais ligados a eles. Diante do que foi colocado, considero que esta leitura seja fundamental para os estudos da Psicologia Cognitiva, sendo muito importante principalmente para os estudantes do início da graduação por possibilitar, de forma objetiva, sintética, coerente e suficientemente clara, o acesso às várias possibilidades teóricas e interventivas que a Psicologia oferece, e o conhecimento introdutório de algumas abordagens práticas que podem ser utilizadas na atuação clínica sob a ótica da perspectiva Cognitivista. Ademais, assim como em outros capítulos do livro, observei a preocupação com a didática, visto que os autores utilizarem diversos recursos pedagógicos como esquemas, imagens, tabelas, comentários, curiosidades adicionais e exercícios de fixação. Nesse sentido, avalio o texto positivamente e recomendaria a leitura a estudantes e profissionais do campo da Psicologia e áreas adjacentes, bem como a leitores curiosos em geral.