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unid_2 Ciencia contabeis integrada

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CiênCias Contábeis integrada
Unidade II
5 uma maNHÃ DECISIVa PaRa JuSSaRa
Eram 6h10 da manhã, ainda escuro, quando os faróis do carro iluminaram os portões da sede da 
“Confecções das Gêmeas”, quebrando o silêncio da rua com um som de motor estridente. 
O segurança/porteiro do turno da noite, ainda meio sonolento, foi verificar quem era e, pela primeira 
vez depois de vários meses, teve a satisfação de cumprimentar a Dona Jussara, sua chefe. Ela raramente 
costumava chegar no trabalho a esse horário, geralmente iniciava suas atividades por volta das 9h. 
Naquele dia, no entanto, Jussara estava ansiosa. Tinha muitos assuntos por resolver e, como não 
queria trabalhar em casa para isso não se transformar em hábito, preferiu chegar mais cedo ao trabalho. 
Bem mais cedo. 
Ao entrar em sua (um tanto quanto bagunçada) sala, após remexer vários papéis, contratos e 
correspondências sobre a sua mesa, ligou o computador e foi imediatamente ao programa de leitura de 
e-mails. 
Havia, como de costume, uma mensagem da contadora Marina, que costumava enviar um e-mail 
diário com assuntos de rotina. Mas havia também, e ficou muito contente por conta disso, uma 
mensagem do vendedor Rodrigo Onner, representante comercial no Brasil da Leerts S.A.
Abriu o e-mail com o seguinte texto: 
São Paulo, 25 de XXXX de XXXX.
De: rodrigo_onner@leerts.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
Assunto: proposta de venda de máquinas industriais Leerts.
Prezada Sra. Jussara,
Conforme conversamos no saguão do Hotel PanAmérica há duas semanas, envio 
proposta detalhada do sistema Leerts de máquinas industriais para confecções de lotes 
pequenos, com catálogo e preços. Como comentei, tenho certeza de que a Leerts é perfeita 
para atender às suas necessidades. Estou à disposição para qualquer dúvida. 
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E tenho uma boa notícia. Recebi aprovação do meu diretor de vendas e a senhora e 
mais uma acompanhante estão convidadas a visitar o nosso stand na feira da confecção 
de Hannover, na Alemanha, com todas as novidades que a Leerts lançará no mercado 
nos próximos quatro anos. Nossa secretária entrará em contato para comentar sobre os 
detalhes. 
Fique tranquila que temos máquinas em nosso estoque aqui no Brasil para entregar em 
pouco tempo. 
Gostaria de saber se está disposta que eu faça uma visita pessoal em seu escritório. 
Sem mais, até logo e desejo sucesso em seus negócios. 
Leerts, sempre a seu lado! 
Engenheiro Rodrigo Onner.
Vendedor técnico.
Depto Vendas Leerts América Latina. 
Jussara gostou do e-mail e mais ainda do convite para ir a Hannover. Depois irá conversar com a 
Juliana para ver se ela quer ir. Ela mesma irá recusar, porque não teria energias nesse momento e nem 
tempo para uma viagem à Alemanha. Sabia que os pavilhões da feira de Hannover são gigantescos e é 
necessário muita energia para andar e ficar em pé, além de disposição pra entender as explicações em 
inglês. Era tudo o que acreditava não ter nesse momento. 
O e-mail do Sr. Rodrigo tinha muito material em anexo. Ler tudo levaria um certo tempo. Bem... Valia 
a pena! Após ela e Marina terem descoberto que os custos das máquinas tradicionais estavam proibidos 
para uma atuação mais competitiva no mercado, enxergava a compra dessas novas máquinas como algo 
necessário, mas que precisava ser bem estudado. A conversa com o Sr. Rodrigo Onner, que conheceu 
quase por acaso no hotel PanAmérica, lhe deu inspiração para imaginar novos tipos de contrato para 
oferecer aos clientes. Passou a imaginar um tipo de produção com pequenos lotes personalizados, feitos 
sob medida para cada funcionário. 
A tradição no mercado de confecções para uniformes é a produção de grandes lotes de uniformes 
padronizados, em quatro tamanhos (P, M, G e GG), que eram vendidos também em grandes lotes aos 
clientes que os estocavam e entregavam aos funcionários conforme a necessidade. 
Esse sistema é considerado prático, porém, algumas empresas passaram a sentir grandes desvantagens. 
Os clientes mantinham estoques de uniformes ocupando espaço, e muitas vezes sofriam problemas com 
reclamações dos funcionários quanto aos tamanhos oferecidos, principalmente aos funcionários cujo 
corpo exigiria algum tipo de personalização. 
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Algumas empresas passaram a recorrer a serviços de lojistas que compravam grandes lotes de 
uniformes padronizados e vendiam em pequenas quantidades para as empresas, em alguns casos 
realizando ajustes personalizados. 
Jussara sabia disso, e quando ouviu as explicações do Sr. Rodrigo no saguão do hotel ficou muito 
interessada. A empresa que o Sr. Rodrigo representava produzia máquinas com custo baixo (ou pelo 
menos é o que ele dizia) que permitiam produzir roupas personalizadas para cada funcionário sempre 
que fosse solicitado, com qualquer tipo de personalização, como tamanho, cores, distintivos, estampas, 
bolsos especiais, botões, porta-artefatos, uma ampla gama de opções. Também permitiam a utilização 
de tecidos especiais de acordo com a necessidade funcional ou proposta de marketing da empresa. E 
juntos trariam um efeito visível aos funcionários com uma dupla função: os funcionários sentiriam 
uma maior força de equipe e ao mesmo tempo poderiam estar mais dispostos a promoções e tarefas 
temporárias. 
O que mais impressionou Jussara, no entanto, foi uma citação do casal Toffler e Toffler (1993, p. 76) 
que havia no material promocional que o Rodrigo enviou:
Especificados os dados, as informações e/ou o conhecimento adequado, 
é possível reduzir todos os outros insumos usados para criar riqueza. Os 
insumos do conhecimento correto podem reduzir as necessidades de mão 
de obra, reduzir estoques, poupar energia, poupar matérias-primas e reduzir 
o tempo, o espaço e o dinheiro necessários à produção. 
Uma máquina de cortar computadorizada, funcionando com precisão 
fora do comum, desperdiça menos pano ou aço do que a cortadora pré-
inteligente que ela substitui. Impressoras “inteligentes”, automatizadas, que 
imprimem e encadernam livros, usam menos papel do que as máquinas 
de força bruta que substituem. Controles inteligentes poupam energia 
ao regular o aquecimentos nos edifícios comerciais. Sistemas de dados 
eletrônicos ligando fabricantes aos clientes reduzem o volume de produtos 
– de capacitadores a roupas de algodão – que devem ser mantidos em 
estoque. 
Assim, o conhecimento, usado de forma adequada, torna-se o substituto 
máximo de outros insumos. Economistas e contabilistas convencionais 
ainda têm problemas com essa ideia, porque ela é difícil de quantificar, mas 
o conhecimento é, agora, o mais versátil e mais importante de todos os 
fatores de produção, possa ele ser medido ou não. 
Era isso !
Agora ela entendia perfeitamente porque Marina havia apurado custos altos para as máquinas que 
a confecção dispunha atualmente! 
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A explicação era muito simples: apesar de as máquinas serem novas, foram produzidas para um 
modelo de produção padronizado e com altas quantidades. Não era o caso. No negócio das gêmeas, a 
personalização e a produção em pequenas quantidades era a pressão do mercado. Utilizar inteligência, 
produzir em pequenas quantidades, de forma constante e personalizada, seria um fator competitivo dos 
mais importantes. Ninguém fazia isso no Brasil, ainda. 
Basicamente, Jussara montou rapidamente em sua mente um diagrama SWOT. E colocou isso no 
papel: 
Ajuda Atrapalha
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Criatividade da Josefa 
e visão de mercado 
da Jussara
Forças
Oportunidades
FraquezasAmeaças
Necessidade de 
personalização
Poucos funcionários 
com conhecimento 
de informática
Preços muito baixos
Figura 2 - Diagrama SWOT da Confecção das Gêmeas
E entendeu que o produto que estava produzindo atualmente era “vaquinha leiteira”, em termos de 
análise de rentabilidade. Apesar de ela e Jandira acharem que seria a “estrela“, por causa do desenho 
personalizado. 
Após a conversa com o Sr. Rodrigo no hotel, Jussara ligou para a Dona Corina, a gerente de RH da 
gigantesca rede de supermercados Mel e Açúcar, que nunca havia comprado nada da Confecção das 
Gêmeas, mas que já havia esboçado interesse em alguma coisa do gênero, e perguntou se uniformes 
personalizados seriam um bom produto para vender e em que exatamente a Confecção das Gêmeas 
poderia ajudá-los. Isso foi alguns dias atrás, quando a Dona Corina disse que iria dar um retorno em 
breve. 
Para a surpresa de Jussara, Dona Corina acabara de enviar um e-mail que estava aparecendo de 
forma agradabilíssima na tela do computador! 
Não resistiu e abriu imediatamente. No corpo do e-mail, Dona Corina dizia que tinha interesse 
em uma linha personalizada de uniformes e enviava um briefing, parte escrito por ela própria 
e parte escrito pela Sra. Daniela Geizel, gerente de marketing da a agência de publicidade que 
atendia à Mel e Açúcar. E havia também um retorno do Sr. Nizan Tatanais, publicitário. O briefing 
é o seguinte: 
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Rede Mel e Açúcar
Briefing para campanha Mel e Açúcar – consolidação da expansão. 
Há três anos a Rede Mel e Açúcar decidiu expandir suas atividades para diversas cidades 
do interior e bairros periféricos de grandes cidades que já dispunham de supermercados de 
médio porte, mas sem uma marca conhecida.
Essa expansão ocorreu por meio de aquisições. 
Já há várias décadas, a Rede Mel e Açúcar construiu uma forte imagem de comerciante 
de altíssima qualidade e bom gosto. Nesse período, nossas filiais encontravam-se em 
bairros exigentes de alta e média concentração de renda, o que exigia a construção de 
ambientes sofisticados e decorados com requinte. Ficamos conhecidos por sermos os 
únicos supermercados com mármore no chão. Nem por isso nossos produtos eram (ou são) 
comercializados com valores acima do preço encontrado em outros concorrentes que não 
investiam em ambientes decorados. Esse era um dos compromissos e fatores de sucesso 
do seu fundador, que oferecia um ambiente agradável, sofisticado, mas com preços justos. 
Nunca foi política da rede a realização de promoções com apelo popular, como dias de baixo 
preço, tão comuns nos dias atuais. 
Sob a administração da nova proprietária, filha do fundador, decidiu-se expandir a rede 
como forma de concorrência a grandes redes internacionais de supermercados que entraram 
no país. Essa expansão foi realizada por meio de emissão de ações na bolsa de valores, o 
que trouxe um volume de capitais muito grande. Decidiu-se então comprar supermercados 
de médio porte já em atuação e implantar novas políticas de comercialização altamente 
rentáveis. 
No primeiro ano, os clientes absorveram essa mudança no perfil da rede com 
naturalidade e alegria, porque sabiam da alta qualidade dos serviços. Porém, detectamos 
algum tempo depois que os clientes das lojas tradicionais sentiram tristeza porque 
pensaram que a rede iria baixar a qualidade dos seus serviços. E os clientes das novas 
lojas adquiridas pensaram que a vinda da rede seria muito prejudicial. De forma geral, 
começou a circular uma imagem de “rede careira” por causa da falta de promoções de 
apelo popular. 
Observamos então uma diminuição no faturamento, em parte por conta do impacto das 
mudanças e também porque observamos que as equipes dos supermercados adquiridos não 
estariam seguindo as políticas e a cultura da rede Mel e Açúcar, continuavam a trabalhar 
com a mesma cultura e procedimentos de seus antigos empregadores, inclusive com os dias 
de baixo preço e outras promoções locais. 
É chegada a hora, então, de evoluir no processo de expansão, criar uma imagem 
publicitária que, mais do que interfira no processo de comercialização, ajude a integrar 
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os novos e antigos funcionários e fazer com que os clientes participem ativamente desse 
processo. 
Mais do que uma campanha publicitária, precisamos criar uma linguagem com o 
consumidor, que deverá perdurar pelos próximos cinco anos. 
Envio referências e publicidades de outros países que talvez ajudem a inspirar o trabalho. 
Obrigada, 
Daniela Geizel. 
Gerente de Marketing.
Adaptado de: Bertomeu (2002, p .41)
E junto com o briefing, havia um retorno do publicitário: 
ArtmapRRCCOT
PEDIDO DE SERVIÇO 
Criação
Emitido em: XX/XX/XX 18:36 PS: 19733
Cliente: Rede Mel e Açúcar S.A. 
Produto: consolidação da expansão da rede – linguagem com o consumidor.
Campanha: “Mel e Açúcar S.A. – fazemos parte da sua vida”.
Trabalho: 001 – Mel e Açúcar S.A. – retorno às origens. 
Prezada Sra. Daniela Geizel
Após discutirmos o seu pedido, nossa equipe de criação chegou à conclusão de que a 
rede Mel e Açúcar deve voltar às suas origens, ou seja, o nome Mel e Açúcar deve significar, 
ficar bem claro a todos, que é um comércio de qualidade e preços bons, justos, com ambiente 
sofisticado. 
Em algumas localidades, não há nenhum problema em se anunciar promoções pontuais, 
mas o binômio qualidade de serviço e preço baixo devem enfatizados. Para isso, utilizaremos 
uma campanha “Fazemos parte da sua vida”, em que a experiência de visitar uma das lojas 
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será o mais satisfatório, e o preço baixo será natural, sem maiores apelações. O importante 
nessa campanha será o treinamento interno dos funcionários, aliado à publicidade impressa 
e spots, comerciais de televisão. 
Aguardo o seu contato para aprovação. 
Atenciosamente, 
Nitan Tatanais.
Adaptado de: Bertomeu (2002, p. 35-38) 
 Observação
Segundo Bertomeu (2002, p. 43) “o briefing é um documento criado por 
profissionais diferentes e destinado a esses mesmos profissionais; é organizado, 
embora seja feito pelas pessoas que vão recebê-lo; é claro e objetivo; usa 
texto coloquial.” É o documento básico em agências de publicidade. 
Ainda no e-mail da Dona Corina, o seguinte pedido entusiasmou completamente Jussara: “Você 
pode desenvolver um uniforme diferente para nossos funcionários e funcionárias, levando em conta 
essas mudanças e observações do publicitário? Nos dê ideias!”
Pouco depois, Josefa chegou, abriu a porta do escritório de Jussara e, olhando apenas com a cabeça 
e com a voz medrosa, perguntou: 
— O que aconteceu?
E foi retrucada pela Jussara, seguindo-se a seguinte conversa: 
Jussara: 
— Oh, bom dia! Por que essa pergunta com essa voz toda preocupada? Apenas resolvi vir trabalhar 
mais cedo hoje! 
Josefa: 
— Não, você me desculpe, é de se preocupar! Você não veio trabalhar mais cedo, para os seus 
padrões você veio de madrugada! Está tudo bem com você, está com o rosto ruborizado, o que 
aconteceu? 
(Entrando na sala e se sentando, mostrando real preocupação).
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Jussara: 
— Jô, você nem imagina o que está acontecendo! Olha só este e-mail! 
(Virando o monitor para Josefa poder ler). 
Alguns minutos com silêncio sepulcral e depois Josefa começa a ler em voz alta, e Jussara acompanha 
atentamente a leitura. 
E depois Jussara levanta as sobrancelhas e fecha os dentes, gesto típico de quem está perguntando: 
“e então, o que você acha!?” 
Josefa: 
— Ah... Bom, já sei o que você vai me pedir Ju. Sim, tudo bem,mando ainda hoje uma ideia 
maravilhosa que eles certamente vão gostar. Sempre pensei em fazer algo assim. Não me é 
surpresa nenhuma! Roupas personalizadas, para cada funcionário. Assim como se usa em 
uma família, em uma casa. As pessoas não estarão lá trabalhando, estarão lá servindo, sendo 
úteis para a vida das pessoas. Fazendo parte da vida das pessoas, como diz o Nizan Tatanais. 
Mas... me diz uma coisa Ju... 
(Olhando brava para a Jussara).
— Você não disse que nossas máquinas tem custo muito alto? Como vamos atender a esse pedido?
Jussara:
— Olha só isto aqui, Jô.
(Virando mais uma vez o monitor para a Josefa, que vê o material por longos minutos).
Josefa: 
— Máquinas computadorizadas e de produção individual. São alemãs? Você vai comprar isso? Vale a 
pena? 
(Disparando cética um monte de perguntas e saindo da sala sem ouvir as respostas).
Jussara: 
— Não, são austríacas. Vou... Vêm cá, Jô, onde você vai? 
Meia hora depois, Josefa retorna com alguns croquis na mão em cartolinas e mostra para Jussara.
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Josefa: 
— Dener! Dener Pamplona de Abreu! Se vamos voltar às raízes de uma rede de supermercados e 
fazer com que as pessoas vejam essa rede como parte de suas vidas, uma boa ideia é revisitar, se 
inspirar nas raízes da moda brasileira. Estão aqui, uniformes inspirados em elementos da moda do 
Dener. 
Jussara: 
— Hummm. Não entendi? 
Josefa: 
— Todo mundo gosta de elegância. E esse é um padrão sofisticado, mas ao mesmo tempo conhecido, 
simples. As pessoas irão ver algo de diferente, mas não impressionista, algo que faz parte. Da 
mesma forma como um filho gosta de ver sua mãe bonita, o cliente irá entrar e ver a atendente 
da padaria bem vestida, o açougueiro, a moça do caixa. Os funcionários se sentirão bem, parte de 
uma equipe. E da vida das pessoas! 
Jussara: 
— Bem... Já que é a estilista que está falando... Você consegue responder ao e-mail da Dona Corina 
ainda hoje? 
(Olhando desconfiada).
Josefa: 
— Não me olhe assim, Ju! Vai ver como a Dona Corina vai adorar esses croquis que eu criei. Eles vão 
aprovar na hora nossa proposta! Eu quero agora é ver se essas máquinas aí são boas mesmo, e 
você custeando e apresentando um preço para esse novo produto. 
(Olhando com cara de desdém e saindo da sala com ar esnobe). 
Jussara: 
— Até parece que só eu que vou custear isso... É a senhora que vai fazer esse trabalho, viu, Dona 
Jô! 
(Gritando para a Josefa ouvir no corredor e resmungando: “Estilista está sempre querendo tirar o 
corpo fora do trabalho administrativo!”). 
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Josefa: 
— Ah, eu vou calcular isso? Como?! O meu trabalho eu fiz, querida! 
(Falando do fundo do corredor e rindo, em tom de deboche e desaforo). 
Era interessante ver uma conversa entre as duas gêmeas. Parece que existe algo de sobrenatural 
entre as duas de tão fácil que elas se entendem. E, de fato, Jussara verificou que o problema agora já 
não é mais sobre o produto que irão apresentar, esse aspecto estava mais do que resolvido. A Confecção 
das Gêmeas tinha um produto/serviço valioso para apresentar de um ponto de vista mercadológico, de 
marketing. Naquela manhã, formaram-se as bases de um nova solução, de um produto de design.
O que aconteceu na conversa entre a administradora (Jussara) e a estilista (Josefa) é que a partir 
da leitura da necessidade dos clientes as duas percorreram o processo típico de design, como dizem De 
Castro e Menezes (apud MENEZES e PASCHOARELLI, 2009, p. 35):
No começo de um projeto, o designer procura identificar os problemas, 
depois identifica as demandas, o público-alvo de um determinado produto. 
Assim, o designer deve ter seu olhar no passado e os pés no futuro, ou 
seja, juntar novas tendências ao conhecimento adquirido pelo tempo e pela 
história sociocultural para a obtenção de um produto com identidade. Outra 
característica do designer é sua capacidade de buscar respostas inovadoras 
a problemas de natureza técnica a partir da decodificação de repertórios 
culturais. Seria necessária a busca de suas raízes, a procura de significados 
de seus signos e símbolos para um bom desenvolvimento de produto, ou 
seja, um trabalho consciente e que seja funcional. 
Mas agora faltavam calcular os custos e dar um preço a esse produto. Certamente a cliente das 
gêmeas, Dona Corina, irá querer um preço justo. Mesmo que a ideia seja muito boa, se o preço cobrado 
for muito alto ou acima das expectativas, não haverá compra, de acordo com a lei de oferta e procura 
na economia. E, para calcular os custos, é imprescindível definir que tipo de máquinas irá utilizar.
Jussara, já perto da hora do almoço, começou a pensar seriamente nessa questão, enquanto analisava 
os catálogos que o Sr. Rodrigo enviou. E lembrou-se de que a Marina havia enviado um e-mail. Clicou 
no seu e-mail e leu: 
São Paulo, 25 de XXXX de XXXX.
De: marina@contabilolimpo.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
Assunto: compra de máquinas e depreciação.
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Prezada Jussara,
Sabendo que tem a intenção de comprar máquinas de menor custo para a confecção, 
oriento-a a verificar com bastante clareza o tempo de vida que os fabricantes indicam, além 
da maior quantidade possível de detalhes. 
Precisamos definir critérios de depreciação mais condizentes para auxiliar no cálculo de 
custos e preparar notas explicativas. 
Qualquer dúvida, me ligue.
Marina.
Contadora.
Jussara achava meio sarcástico o “qualquer dúvida, me ligue” que a Marina costumava adicionar nos 
seus e-mails. Tudo o que a Marina diz, leva a dúvidas. E que dúvidas! Mas Jussara, na realidade, adorava 
conversar com Marina, parece que ela tinha o poder de ser uma das últimas peças de um complicado 
quebra-cabeças, ajudando a finalizar as decisões. Não era à toa que Marina também é professora 
universitária, ela tem um poder magnético de atrair as atenções e tudo o que fala dá resultado. Era esse 
o caso, Jussara ligou para Marina e pediu para que ela a visitasse no dia seguinte. 
Ao final do dia, já sabia que máquinas iria comprar e recebeu um e-mail maravilhoso, mas muito 
preocupante ao mesmo tempo, da Dona Corina. 
São Paulo, 25 de XXXX de XXXX.
De: corina@redemeleacucar.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
Assunto: proposta uniformes.
Prezada Jussara,
Adorei! 
Enviei também ao Nitan Tatanais e ele gostou mais ainda. Quer usar os uniformes nos 
comerciais de TV, daqui a uns dois ou três meses. 
Mande-me um orçamento para fornecimento constante durante dois anos.
Vou pedir para o Alexandre do setor de compras te passar os números, frequências e 
quantidades que iremos precisar. 
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Espero em breve ter vocês como fornecedoras, o trabalho que vocês fazem é muito 
bacana! 
Dona Corina,
Gerente de RH.
Rede Mel e Açúcar. 
 Saiba mais
O estilista Dener foi um dos grandes nomes do estilismo brasileiro. 
Conheça um pouco sobre o trabalho dele no seguinte site: <http://www2.
uol.com.br/modabrasil/biblioteca/grandesnomes/dener/desori3.htm>.
5.1 uma conversa com marina
Marina não teve como visitar Jussara no dia seguinte, mas na manhãzinha do outro dia, (quer dizer, 
“manhãzinha’” apenas para a Jussara, porque eram já eram 10h30!), estava no bagunçado escritório da 
Jussara. 
Marina costumava ter uma preocupação muito grande quanto a imobilizado, ou seja, aqueles 
Ativos à disposição da empresa para que essa preste serviços ou venda seus produtos aos clientes. 
São as máquinas industriais, veículos, tratores, caminhões, imóveis etc. De acordo com a definição dos 
professores da USP, conforme Iudícibus (etal., 1986, p. 188): 
O Ativo Imobilizado é a parcela do Ativo que se compõe de direitos que 
tenham por objeto bens destinados à manutenção da atividade da empresa 
ou exercida com essa finalidade, inclusive os de propriedade industrial ou 
comercial, são elementos que servem a vários ciclos operacionais e não se 
destinam à venda. Estão incluídos entre tais elementos também aqueles 
que, pertencentes à empresa, se destinem a servir no futuro ao processo 
operacional. 
No Pronunciamento Conceitual Básico, conforme CPC (2013), um “Ativo” de forma geral é definido 
como: 
4.8. O benefício econômico futuro incorporado a um Ativo é o seu potencial 
em contribuir, direta ou indiretamente, para o fluxo de caixa ou equivalentes 
de caixa para a entidade. Tal potencial pode ser produtivo, quando o recurso 
for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Pode também 
ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou pode 
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ainda ser capaz de reduzir as saídas de caixa, como no caso de processo 
industrial alternativo que reduza os custos de produção.
 4.9. A entidade geralmente emprega os seus Ativos na produção de bens ou 
na prestação de serviços capazes de satisfazer os desejos e as necessidades 
dos consumidores. Tendo em vista que esses bens ou serviços podem 
satisfazer esses desejos ou necessidades, os consumidores se predispõem a 
pagar por eles e a contribuir assim para o fluxo de caixa da entidade. O caixa 
por si só rende serviços para a entidade, visto que exerce um comando sobre 
os demais recursos.
Vemos, então, que há uma forte preocupação de definir imobilizado, como bens que estão à 
disposição da empresa, ou seja, que têm uma possibilidade de gerar recursos financeiros para a empresa, 
fluxo de caixa. E também contribuir para a economia, para a sociedade. Podem ser tanto tangíveis, ter 
forma física, como intangíveis, sem forma física. 
Dentro da definição da ciência da economia, os bens que são classificados na contabilidade como 
“imobilizados”, são também definidos como “bens de capital”. Ocorre que esses bens, até por uma 
condição natural, se desgastam com o passar do tempo ou de acordo com o seu uso. Os contadores 
costumam ter uma preocupação muito grande com a questão do desgaste natural, da perda funcional, 
e os economistas consideram que uma máquina industrial sempre tem condições de uso ou um valor 
de mercado. Os professores da USP (apud IUDÍCIBUS et al., 1986, p. 190) conceituam depreciação da 
seguinte forma: 
A palavra “depreciação” é de uso muito frequente, tanto na linguagem 
popular como na linguagem tecnológica, econômica e contábil. Em sentido 
vulgar, está quase sempre ligada à ideia de valor, porém, este valor, em 
geral, nunca é bem definido. Na acepção tecnológica, a palavra é aplicada 
no sentido de perda de eficiência funcional dos bens, tais como máquinas, 
instalações, veículos etc. Para a economia, a depreciação está intimamente 
relacionada com a ideia de diferença entre valores. Tais valores podem 
ser objetivos (valores de mercado) ou subjetivos (valores atribuídos pelos 
proprietários aos seus próprios bens). 
Para a contabilidade, a depreciação é um custo amortizado. A depreciação de 
um período é o custo amortizado nesse período, assim como a depreciação 
global de um bem é a parte do custo amortizado durante a vida útil do 
bem. Embora o preço de custo seja um valor, trata-se na verdade de um 
valor muito especial, daí a grande diferença entre o conceito contábil de 
depreciação e os demais. 
Observe por essas definições dos professores da USP que existe uma diferença muito grande entre o 
que as pessoas normalmente pensam por depreciação e a forma como os contadores definem o mesmo 
conceito. Para os contadores, depreciação é algo muito importante e jamais deve ser desconsiderado. 
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Um exemplo bem claro disso: 
Se perguntarmos a um viajante que se desloque da cidade de São Paulo até Belo Horizonte por 
meio de avião, certamente ele irá dizer que o custo da viagem foi de x,xx reais. Para dizer isso, estará 
considerando o valor da passagem aérea que comprou no guichê da companhia aérea no aeroporto. 
Mas, e se perguntarmos a outro viajante que se desloque da mesma cidade de São Paulo até Belo 
Horizonte por meio de um carro particular? Certamente ele irá dizer que o custo da viagem foi de y,yy 
reais. Para dizer isso, estará considerando o valor do combustível que comprou para abastecer o tanque 
do carro nos postos de gasolina ao longo da viagem. Irá desconsiderar por completo o desgaste do carro, 
mesmo porque não teve que pagar por ele, assim, é difícil de dizer qual foi esse gasto. 
Mas e o desgaste do carro? 
É evidente que o carro sofreu algum desgaste durante a viagem, sua utilização não foi com custo 
zero. É imprescindível reconhecer esse gasto. O problema é calcular o quanto exatamente foi esse 
desgaste. Os contadores se impõem então uma necessidade de realizar esse cálculo. 
Por essa razão, a contadora Marina, assim como qualquer contador, se mostra tão preocupada com 
o problema da depreciação. Mas ela também está preocupada com os critérios a utilizar. Aqui, temos 
uma das grandes novidades que as normas internacionais de contabilidade trazem aos contadores 
brasileiros. 
O cálculo da depreciação até alguns anos atrás era um cálculo relativamente simples e estava 
estipulado nos arts. 305 a 339 do RIR/99 (Regulamento de Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas de 
1999). Eis o artigo: 
Art. 305. Poderá ser computada, como custo ou encargo, em cada 
período de apuração, a importância correspondente à diminuição do valor 
dos bens do Ativo resultante do desgaste pelo uso, ação da natureza e 
obsolescência normal (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57).
§ 1º. A depreciação será deduzida pelo contribuinte que suportar o encargo 
econômico do desgaste ou obsolescência, de acordo com as condições de 
propriedade, posse ou uso do bem (Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 7º).
§ 2º. A quota de depreciação é dedutível a partir da época em que o bem é 
instalado, posto em serviço ou em condições de produzir (Lei nº 4.506, de 
1964, art. 57, § 8º).
§ 3º. Em qualquer hipótese, o montante acumulado das quotas de depreciação 
não poderá ultrapassar o custo de aquisição do bem (Lei nº 4.506, de 1964, 
art. 57, § 6º).
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§ 4º. O valor não depreciado dos bens sujeitos à depreciação, que se tornarem 
imprestáveis ou caírem em desuso, importará redução do Ativo imobilizado 
(Lei nº 4.506, de 1964, art. 57, § 11).
§ 5º. Somente será permitida depreciação de bens móveis e imóveis 
intrinsecamente relacionados com a produção ou comercialização dos bens 
e serviços (Lei nº 9.249, de 1995, art. 13, inciso III).
O mesmo regulamento estipulou, como um tempo razoável para a depreciação dos Ativos 
imobilizados, o seguinte: 
• 10 anos para depreciar as máquinas;
• 5 anos para depreciar veículos;
• 10 anos para móveis; 
• 25 anos para os imóveis.
O próprio regulamento orientava os contribuintes a verificar condições específicas de uso dos Ativos 
imobilizados, como, por exemplo, se esse bem seria utilizado em mais do que um período de trabalho 
(depreciação acelerada). 
Um exemplo básico de cálculo, pelo método linear: 
Esse procedimento, durante vários anos, foi utilizado no Brasil e, de certa forma, acomodou os 
contadores a sempre utilizarem essa tabela prática, sem verificar situações específicas de uso no cliente. 
Exemplo de aplicação
Figura 3 – Máquina de costura industrial
Imaginemos que uma máquina dessas seja adquirida e contabilizada nos livros contábeis da empresa por 
R$ 12.000,00. Na ocasião, o contador certamentefará um lançamento contábil da seguinte forma: 
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Compra de uma máquina industrial Galoneira 542D ES DD de alta velocidade, da marca Singer, de 
acordo com a NF. XXXX da Comércio de Máquinas Industriais Exemplar Ltda. 
D – Máquinas industriais (Ativo Imobilizado) R$ 12.000,00
C – Conta corrente no Banco Exempel (Ativo Circulante) R$ 12.000,00
Após um mês de utilização nas atividades da empresa, essa máquina estará em plenas condições 
de uso. No entanto, é inegável que já tem um mês de utilização e teve algum desgaste, mesmo que 
imperceptível. Então, utilizando a tabela do RIR/99 que prevê dez anos de utilização para máquinas 
industriais, realizaremos o seguinte cálculo, para obter as chamadas “quotas” de depreciação: 
Quota de depreciação = custo – valor residual (eventual)
Periódica (anual ou mensal) nº períodos de vida útil estimada
 (em anos ou meses)
Então: 
Quota de depreciação = 12.000,00 = 100,00
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No livro diário, será realizado o seguinte lançamento contábil: 
Depreciação sobre máquina industrial Galoneira 542D ES DD de alta velocidade, da marca Singer, de 
acordo com quota mensal conforme cálculos em nossos sistemas de controle interno. 
D – Depreciação (despesa) R$ 100,00
C – Depreciação acumulada (redutora Ativo Imobilizado) R$ 100,00
Assim, no Balanço Patrimonial, ao final desse mês, surgirão as seguintes contas: 
Máquinas industriais (Ativo Imobilizado) R$ 12.000,00
Depreciação acumulada (redutora Ativo Imobilizado) (R$ 100,00)
No mês seguinte, ocorrerá o mesmo lançamento, até que a máquina seja completamente amortizada. 
Caso a mesma máquina seja utilizada em turnos diferentes, será aplicada “depreciação acelerada”. 
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 Lembrete
Em um lançamento contábil no Diário é imprescindível:
• Data e local.
• Um histórico esclarecedor.
• Contas a débito e a crédito, sendo o débito sempre na primeira linha.
• Valores.
Nos casos de itens do imobilizado terem utilização em mais de um turno de trabalho, o contador 
deveria aplicar a chamada “depreciação acelerada”, de acordo com o art. do RIR/99: 
Art. 312. Em relação aos bens móveis, poderão ser adotados, em função 
do número de horas diárias de operação, os seguintes coeficientes de 
depreciação acelerada (Lei nº 3.470, de 1958, art. 69):
I - um turno de oito horas...........................1,0; 
II - dois turnos de oito horas.......................1,5; 
III - três turnos de oito horas.......................2,0.
Parágrafo único. O encargo de que trata este artigo será registrado na 
escrituração comercial.
A técnica linear é amplamente utilizada no Brasil. Mas os autores da contabilidade costumam expor 
outras técnicas, como, por exemplo: 
• Método da soma dos algarismos dos anos:
Os algarismos que formam o tempo de vida útil do bem são somados, formando o denominador da 
fração que determinará a quota de depreciação.
• Método das horas de trabalho:
Utiliza-se o apontamento das horas de trabalho empregadas para bem como critério para formar as 
quotas de depreciação, de acordo com o volume de horas previstas para o bem. 
• Métodos das unidades produzidas:
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Utiliza-se a quantidade de unidades produzidas empregadas para bem como critério para formar as 
quotas de depreciação, de acordo com o volume de unidades que espera-se que o bem possa produzir. 
O que se questiona, no entanto, é se uma máquina industrial realmente dura dez anos conforme a 
legislação previu de forma genérica. Há situações em que uma máquina de costura desse tipo que foi 
usada como exemplo terá uma duração de poucos meses, ou supere em muito esse período de dez anos, 
podendo-se atribuir quotas diferenciadas. 
 Observação
Após passar o período de depreciação aceito pela legislação, ocorriam no 
Brasil diversos casos em que os bens estavam completamente depreciados, 
mas em pleno uso e sem perspectiva de abandono ou substituição. Não é 
o ideal! 
Há um pronunciamento internacional IAS 16 sobre o imobilizado e a depreciação, publicado no Brasil 
pelo CPC, com o número 27. Segundo o CPC (2011), é importante que cada item do Ativo Imobilizado 
seja depreciado de forma separada e em especial: 
Conforme a entidade deprecia separadamente alguns componentes de um 
item do Ativo Imobilizado, também deprecia separadamente o remanescente 
do item. Esse remanescente consiste em componentes de um item que 
não são individualmente significativos. Se a entidade possui expectativas 
diferentes para essas partes, técnicas de aproximação podem ser necessárias 
para depreciar o remanescente de forma que represente fidedignamente o 
padrão de consumo e/ou a vida útil desses componentes.
Como era previsto na legislação brasileira, o cálculo da depreciação deve ser linear, sistemática ao 
longo da sua vida útil estimada, conforme diz o pronunciamento 27 do CPC (2013): 
50. O valor depreciável de um Ativo deve ser apropriado de forma sistemática 
ao longo da sua vida útil estimada.
E na parte 27, desse mesmo pronunciamento, define-se o tempo de vida útil: 
57. A vida útil de um Ativo é definida em termos da utilidade esperada 
do Ativo para a entidade. A política de gestão de Ativos da entidade pode 
considerar a alienação de Ativos após um período determinado ou após o 
consumo de uma proporção específica de benefícios econômicos futuros 
incorporados no Ativo. Por isso, a vida útil de um Ativo pode ser menor do 
que a sua vida econômica. A estimativa da vida útil do Ativo é uma questão 
de julgamento baseado na experiência da entidade com Ativos semelhantes.
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Portanto, com essas definições, estimar a vida útil de um bem do imobilizado e sua depreciação 
deve ser um exercício realizado pelo contador que demonstre com exatidão o desgaste, a sua perda de 
eficiência operacional. Se essa perda de eficiência é muito pequena, a depreciação a ser contabilizada é 
muito pequena. Se for grande, a despesa de depreciação que o contador irá lançar também deverá ser 
grande. 
Assim, essa necessidade impele ao contador conhecer os aspectos técnicos das operações e solicitar 
a participação expressiva nesse processo de outros profissionais a serviço da empresa. 
Observe a seguinte conversa entre Jussara e Marina: 
Jussara: 
— Ás vezes eu acho que nunca vou conseguir atender a todas as necessidades para ter uma 
contabilidade 100%. Nem comprei as máquinas ainda e você já me pergunta como irei utilizá-las, 
quanto tempo, como, com que custo....
(Olhando desconsolada para a Marina).
Marina: 
— É só impressão sua, mas por outro lado, olha quantas informações a gente consegue formar para 
bem administrar a confecção! 
(Falando com voz firme e orgulhosa).
Jussara: 
— Isso é verdade! Mas, olha só, agora tenho que fazer um orçamento para a Dona Corina da Rede 
Mel e Açúcar e nem sei por onde eu começo! 
Marina: 
— Sabe sim. Use os dados que você já tem. E tente adaptar com o que terá de custo com as novas 
máquinas. Nos catálogos que você recebeu existe alguma informação sobre o tempo de vida 
esperado?
Jussara: 
— Não, eu vou pedir. 
Marina: 
— E como pretende utilizar essas máquinas, quanto tempo etc.? 
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Jussara: 
— Eu não faço a menor ideia! Mas é importante, né? Vou pedir uma explicação mais detalhada do 
fabricante.E aí eu planejo melhor. 
Marina: 
— Sim! Eu sugiro, até onde eu entendi dessas suas máquinas “inteligentes”, que é melhor adotarmos 
uma depreciação por utilização da máquina, não exatamente pelo tempo, pela “passada” na 
máquina. Penso que a hora/máquina é melhor para casos de produção em massa. Não é o seu 
caso. Mas, quando você tiver mais informações, me chame imediatamente. No CPC 27 orienta-se 
a revisar os critérios uma vez por ano. Por enquanto, vou adotar um cálculo simples. Com mais 
informações, faremos a revisão, mais acurada. Isso, faremos isso! 
(Nesse momento, passa Josefa no corredor e Jussara a chama). 
Jussara: 
— Traz os croquis para a Marina ver os uniformes da Mel e Açúcar!
(Após alguns minutos).
Josefa: 
— Estão aqui! São uniformes personalizáveis, inspirados na moda brasileira, no Dener. O que achou? 
Marina: 
— Josefa, sinceramente, eu não sei nada de moda, não é bem o meu forte. Se você me perguntasse de 
maquiagem, mas... Você não fica triste se eu disser que achei muito feias essas roupas? Esquisitas. 
Bem, não é que são feias, são muito... Sei lá, parece que eu já vi isso em algum lugar. 
Josefa: 
— Sério, mesmo? Você achou feias mas familiares?!
Marina: 
— É! É isso mesmo! Já vi isso em algum lugar. Mas não usaria essas roupas, são feias!
Josefa: 
— Iupi! Hahá! Era isso mesmo o que eu queria! Essas roupas vão funcionar! Tá vendo, Ju? Obrigada, 
Marina! 
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(Apertou o ombro de Marina e saiu da sala toda contente).
Marina: 
— Jussara, me explica isso! Por que a Josefa ficou tão contente? Esses desenhos dela são muito feios, 
estou falando mal do trabalho dela! E ela… Gostou! Agora eu que eu não entendi nada! 
Jussara: 
— Eu também não entendo algumas coisas que a Josefa faz. Mas o importante é que o cliente 
adorou! E vai comprar! Vamos tentar definir os critérios e quotas de depreciação, é bem mais fácil.
Marina: 
— Tem razão. É o mais fácil.
 Saiba mais
Leia na íntegra o Pronunciamento CPC 27 Ativo Imobilizado, que 
está disponível gratuitamente no seguinte site: <http://www.cpc.org.br/
mostraOrientacao.php?id=37>.
6 uma ROQuEIRa CONTaDORa COm EXCELENTES RELaCIONamENTOS
Josefa e Jussara foram visitar pessoalmente a Dona Corina, na sede da Rede Mel e Açúcar, que ficava 
em um prédio altíssimo e com “pano de vidro” verde que refletia toda a paisagem na Av. Faria Lima, 
em São Paulo. Na recepção, o que chamava a atenção era um gigantesco portal de mármore branco. 
Dava para notar que era uma pedra inteiriça, sem nenhuma emenda e que foi esculpida por um artista 
milimetricamente, formando detalhes impressionantes. Deve ter dado um trabalhão para fazer essa obra 
de arte e mais ainda para transportá-la até lá, deve ter ficado uma fortuna! 
 Saiba mais
A Avenida Faria Lima fica nos bairros de Pinheiros e Itaim Bibi em São 
Paulo, e abriga prédios de escritório luxuosíssimos, como o Edifício San 
Paolo e o Pátio Victor Malzoni, megaprédio que conta até mesmo com 
estacionamento para helicópteros.
Vale a pena conhecê-los.
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O prédio todo era luxuosíssimo e moderno, com instalações ambientais, reaproveitamento de água, 
geração de energia elétrica por painéis solares e tudo mais. Dependendo da hora do dia, as janelas 
se abriam ou fechavam automaticamente, controlando luz e calor. Evidentemente que as duas irmãs 
estavam impecavelmente vestidas e, por serem muito bonitas e idênticas, por onde passavam faziam 
as pessoas pararem para olhar com curiosidade. Estavam acostumadas com isso, porém procuravam 
não sair muito e visitar clientes porque se sentiam incomodadas com essa reação que provocavam nas 
pessoas. 
A recepcionista indicou o elevador, que era outra inovação. Não haviam botões, elas não precisavam 
aguardar pelo elevador que já estava com as portas abertas e designado para ir exatamente no oitavo 
andar, onde ficava a sala da Dona Corina. A mocinha da recepção explicou que os elevadores também 
eram ambientalmente saudáveis e que produziam energia elétrica quando desciam. Em especial, as duas 
notaram uma preocupação quase doentia de todos para mostrar detalhes ambientalmente corretos que 
passam despercebidos. 
Chegaram à sala da Cona Corina e imaginaram que encontrariam uma mulher elegantemente vestida. 
Que nada! A Dona Corina era a simplicidade em pessoa. De cabelos curtos, não usava maquiagem e 
vestia apenas uma calça jeans surrada com rasgos propositais e uma camiseta branca de uma campanha 
contra o câncer, bem “simplesinha”. Passaram então a conversar animadamente e assinaram o contrato 
ali mesmo na mesa, mal deu para sentar nas cadeiras, tiveram que deslocar pilhas de relatórios e revistas 
que estavam repousadas nelas. Se Josefa reclamava que o escritório da Jussara era muito bagunçado, 
em vista do da Dona Corina, era o mais organizado do planeta! 
As mulheres assinaram os contratos e falaram sobre detalhes. Dona Corina citou o caso de uma 
funcionária da padaria de uma das lojas que quase foi na justiça porque deram a ela um uniforme com 
um tecido tão fino e transparente, que ela se sentiu constrangida. Ela pediu para o gerente outra roupa 
e ele não aceitou, disse que ela teria que usar o uniforme disponibilizado pela empresa. O problema é 
que, por inibição ou vergonha, por conta de o gerente ser um homem, a funcionária não falou o real 
motivo de suas preocupações. Ela então passou a frequentar a loja com roupas brancas particulares, que 
não eram o uniforme, e foi advertida. 
Levou certo tempo para o departamento de recursos humanos tomar conhecimento do caso e 
descobrir o real motivo da insatisfação da funcionária. Em uma situação dessas, por algo aparentemente 
tão sem importância, a empresa poderia perder uma causa na Justiça do Trabalho e ter que pagar uma 
indenização. Sem contar o escândalo, caso o assunto parasse nas mãos de jornalistas. 
Então, Dona Corina via o trabalho das gêmeas com muita responsabilidade. Ficou claro ali que elas 
não estavam apenas fornecendo roupas, isso era apenas um detalhe de toda a operação. As gêmeas 
prestavam um serviço importantíssimo que possibilitava à empresa alcançar seus objetivos. 
Dona Corina pediu ainda que elas visitassem o Sr. Nizan Tatanais na Artmap RRCCOT, na av. Brigadeiro 
Luís Antônio, e procurassem ajudar de alguma forma as gravações dos comerciais que, como havia sido 
solicitado, já teriam os uniformes. 
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A visita à Dona Corina foi muito importante para as gêmeas. Elas reforçaram a visão de que não 
estavam apenas “assentando pedras, mas construindo catedrais” que formaram ao longo dos anos de 
trabalho. No mundo da moda, normalmente vende-se um conceito que sai do trabalho e da visão do 
estilista, como artista. Para vender uniformes profissionais, no entanto, esse artista precisa também ter 
a sensibilidade de entender qual é a proposta da empresa e agir sobre ela. 
Antes de irem embora, cansada, Jussara pediu à Josefa para sentar em um dos deliciosos sofás da 
pequena recepção do escritório da Mel e Açúcar para descansarem um pouco. Nem precisa dizer que as 
gêmeas causaram furor em todo o andar, todos achavam que eram artistas. Mas na recepção estavam 
a salvo! Jussara retirou da bolsa um smartphone e começou a ver suas mensagens e e-mails. E estava 
lá um e-mail da Solange, uma moça muito maluquinha que trabalhava para Marina. Amanhã eu vejo 
isso, Jussara disse. 
No dia seguinte, Jussara abriu o seu computador e releu o e-mail da Solange: 
São Paulo, 31 de XXXX de XXXX.
De: solangelee@contabilolimpo.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
C.C: marina@contabilolimpo.com.br
Assunto: PeCLD. 
Olá, Jussara.
Gostaria de saber se a senhoraquer manter os mesmos critérios para a PeCLD. Posso 
fazer o mesmo que fiz no ano passado?
Brigada,
Solange Lee.
Subcontadora.
Definitivamente, Jussara se irritava com a Solange que até que era uma moça bacana, mas muito 
cheia de manias. Solange era funcionária da Marina no escritório de contabilidade e tida por todos como 
uma contadora de muito talento. Recém-formada, Solange também é vocalista em uma banda cover de 
rock que se apresenta de vez em quando em um pub inglês em Moema, e onde mais forem convidados. 
Jussara a achava insuportável, sua voz era muito grossa e não conseguia olhar para o seu rosto sempre 
rebocado com fortes camadas de maquiagem escura e brilhos. Um horror! A única coisa que salvava 
era... Que Jussara também gosta do Led Zeppelin. Até foi a uma das apresentações da Solange, embora 
goste mesmo é de uma boa música clássica e de pop music. 
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Marina gostava muito de Solange porque certa vez lhe apresentou uma cantora desconhecida que 
estava procurando uma contadora para abrir uma empresa e resolver alguns problemas. Pois bem, essa 
cantora é a mundialmente conhecida Clara Clar, que continua cliente de Marina e deu um bom lucro 
para o escritório de contabilidade, além de uma boa imagem. 
Jussara recostou-se na cadeira e pensou no que responder para essa “maluquinha”. A pergunta era 
muito relevante. A provisão para créditos de liquidação duvidosa (PeCLD), conforme a Marina havia lhe 
explicado, era de suma importância dentro da contabilidade e uma forma de mostrar para o usuário 
das demonstrações contábeis que o princípio da competência está sendo observado em sua totalidade. 
 Lembrete
Até a pouco tempo, antes da entrada das normas internacionais de 
contabilidade no Brasil, a PeCLD era conhecida pela sigla PDD que significa 
Provisão para Devedores Duvidosos. Imagina-se que esse é um termo que 
será usado informalmente por algum tempo.
Caso um ou mais clientes cessem de pagar uma compra à vista, de forma definitiva e incobrável, a 
empresa terá uma perda. Sendo assim, é de obrigação do contador demonstrar que a empresa tem créditos 
a receber e quanto desses créditos talvez não venham a ser recebidos. Então, o contador demonstra o 
chamado “valor líquido de realização”, ou seja, o valor em dinheiro que se espera obter. Normalmente, 
conforme dizem Nagatsuka e Teles, (2002, p. 125) “a sistemática mais utilizada é o estabelecimento de 
uma média estatística de inadimplência dos últimos três ou cinco anos”. 
O fato é que a Confecção das Gêmeas não tinha essa situação. Normalmente, em alguns casos, os 
pedidos eram feitos sob encomenda e com pagamento antecipado. E todas as vendas à prazo eram 
pagas, às vezes com alguns dias ou semanas de atraso, mas eram sempre pagas. Somente houve um 
caso de uma loja de Santa Catarina que acabou não pagando uma pequena compra de uniformes, mas 
foi por conta do falecimento de seu proprietário. 
Jussara sabe que há segmentos do mercado em que existe muita inadimplência, sendo assim, a taxa 
de PeCLD costuma ser elevada, mas estabeleceu-se uma taxa de 0,1 % sobre o saldo da conta “clientes 
a receber”. 
Para este ano, um novo cliente iria voltar para a carteira da Confecção das Gêmeas, uma tradicional 
loja especializada em “moda branca” (roupas para profissionais da área da saúde), na Avenida Borges 
Lagoa, em São Paulo. 
 Observação
Na cidade de São Paulo, há algumas ruas de comércio especializadas, 
como a 25 de março e/ou a Av. da Consolação. A Av. Borges Lagoa fica 
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CiênCias Contábeis integrada
próximo ao Hospital São Paulo e a outros grandes hospitais, por isso, abriga 
uma boa quantidade de lojas de produtos médicos e hospitalares. 
Produzir moda branca é interessante, porém ocupa muito trabalho da equipe da confecção para 
um retorno muito baixo. Mas, como disse Marina certa vez, ajuda a pagar os custos fixos da empresa. 
Melhor ter esse cliente a não ter, que é sempre um dinheiro entrando. Dificilmente eles irão deixar de 
pagar. 
Pensou e respondeu o seguinte para a Solange, via e-mail: 
São Paulo, 31 de XXXX de XXXX. 
De: jussara_adm@cfgemeas.com.br 
Para: solangelee@contabilolimpo.com.br
C.C. marina@contabilolimpo.com.br
Assunto: Re: PeCLD.
Oi, Solange. 
Como vai, cantando muito e encantando seus fãs? 
Vou manter os mesmos critérios para a PeCLD. Para este próximo ano, não vejo 
necessidade de rediscutir os critérios. 
Jussara, 
Administradora.
Solange, ao receber o e-mail da Jussara, apressou-se em realizar uma lançamento contábil nos livros 
da Confecção das Gêmeas da seguinte forma: 
Antes de realizar o cálculo da PeCLD, apura-se um valor médio para a conta “contas a receber”, 
“clientes” ou “duplicatas a receber” (a denominação pode variar). No caso da Confecção das Gêmeas 
(valores para exemplo): 
ECLD = saldo de clientes x percentual de estimativa de perda. 
R$ 100.000,00 x 0,1% = R$ 100,00
E após o cálculo, virá o lançamento contábil para registro da estimativa:
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• Constituição de estimativa para créditos de liquidação duvidosa, conforme controle interno. 
D – Despesas para créditos de liquidação duvidosa (DRE) 100,00
C – Estimativa para créditos de liquidação duvidosa (AC) 100,00
Com esse lançamento da Solange, o Balanço Patrimonial mostra ao usuário externo da contabilidade 
a situação esperada quanto ao “contas a receber”: 
Representação no balanço patrimonial
Ativo Passivo
Circulante
...
....
Clientes a receber 100.000
( - ) ECLD......... ( 100 )
Não Circulante
Total
Circulante
Não Circulante
Patrimônio líquido
Total
O usuário da informação contábil logo irá verificar que a Confecção das Gêmeas recebe praticamente 
todo o valor das suas vendas à prazo, sendo que essa não é uma dificuldade no negócio que exija 
atenção.
Uma situação um tanto privilegiada, porque no Brasil grande parte das vendas são realizadas a prazo 
e sabe-se que alguns setores sofrem com muita inadimplência. 
Solange, antes de realizar esse lançamento, realizou outro de reversão da estimativa para créditos de 
liquidação duvidosa do ano anterior, que havia sido calculada em R$ 130,00: 
São Paulo, 30 de XXXX de XXXX.
Reversão da estimativa para créditos de liquidação duvidosa do ano anterior, conforme 
controle interno, por não utilização. 
D – Estimativa para crédito de liquidação duvidosa (AC) 130,00
C – Reversão de estimativa para crédito de liquidação duvidosa (DRE) 130,00
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Observe que, no lançamento da nova provisão, contabilizou-se uma despesa de R$ 100,00 e que, 
neste ano, contabiliza-se uma receita de R$ 130,00. Juntos, esses lançamentos irão equilibrar o resultado. 
Se o valor fosse exatamente o mesmo, ou seja, R$ 100,00, não haveria nenhuma alteração no 
resultado. 
Então, a intenção das provisões são a de equilibrar o resultado caso não ocorram créditos de liquidação 
duvidosa. Mas se houver casos de créditos em que declare-se que não haverá condições de recebimento, 
o contador deverá ajustar o lançamento reconhecendo o gasto para o resultado da empresa. 
Logo após realizar o lançamento no sistema da empresa, Solange ligou para Jussara para agradecer 
e dar o trabalho por encerrado. No entanto, isso seria completamente dispensável uma vez que o 
cálculo da PeCLD, assim como outras atividades, é uma operação de rotina que não demanda maiores 
planejamentos e gasto de tempo. No entanto, Solange tinha outro interesse, acompanhe o diálogo entre 
as duas, ao telefone. 
Jussara atende ao telefone: 
Solange: 
— Senhora Jussara? 
Jussara:(Irritada por ter sido chamada de senhora). 
— Fala, Solange. Já te pedi para nunca mais me chamar de Senhora! Sou uma mulher jovem e 
solteira, ok? 
Solange:
(Resignada e zombando de Jussara). 
— Tá bom! Senhorita Jussara! 
Jussara: 
(Com os olhos fechados, toda esnobe).
— Isso, Senhorita! Aprende a me tratar direito, menina! O que você quer, fez o lançamento? 
Solange:
(Provocativa).
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— Fiz. Mas não mereço esse tratamento, Senhorita Jussara, afinal de contas, tenho bons negócios 
para a Senhora... ops, Senhorita. 
Jussara: 
(Cética, brincando com Solange para irritá-la).
— Negócio para mim? 
(Dá uma risada sarcástica).
— Como negócio pra mim? O que uma roqueira esquisita como você pode me oferecer? 
Solange:
(Irritadíssima). 
— Bom, eu mesma não, concordo com você, tá? Mas tenho uma amiga que conheci na X Club, uma 
casa noturna, que é gerente na T´Oriul, uma tradicional marca cosmética francesa, que vai fazer 
uma exposição no Parque de Exposições do Anhembi e precisa de umas roupas especiais. Posso te 
passar o telefone dela? 
Jussara:
(Cética e provocativa, brincando).
— Passa aí! E vê se para de atrapalhar o meu trabalho, acho que você tem um monte de coisa 
atrasada aí no escritório, não? 
Solange:
(Irritadíssima, mas com a sensação de dever cumprido). 
— Tchau, se cuida Senhora Jussara! Humpft. 
Passado algum tempo, Jussara ligou realmente para a tal gerente da T´Oriul. A Sra. Lígia. E conversa 
vai, conversa vem, mais uma grande cliente para o projeto de uniformes personalizados. Mais que isso, 
a possibilidade de um contrato gigantesco. Ela ligou para Solange e agradeceu. 
Essa roqueira contadora deveria estar trabalhando na DECEX ou na FIESP, aproximando negociantes. 
Como ela é bem relacionada! 
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 Observação
A DECEX é um departamento para a promoção de exportações do 
Ministério do Desenvolvimento, e a FIESP é a Federação das Indústrias de 
São Paulo, entidades da mais alta importância. 
6.1 Conversando com o gerente do banco
No dia seguinte, o Sr. Samuel, gerente da conta da Confecção das Gêmeas no Banco Exempel, liga 
repentinamente para a Jussara: 
Samuel:
(Nervoso, falando em tom de quem tem poucos amigos). 
— Você viu o saldo da conta, Dona Jussara? 
Jussara: 
(Preocupada, se preparando para más notícias). 
— Não, faz alguns dias que eu não vejo. Algum problema?
Samuel: 
 (Com ar fraternal, brincando). 
— Não, ainda não. Você é uma excelente cliente. E sabe que eu não deixo as coisas saírem dos trilhos, 
você sabe. Só que estou um pouco preocupado, o saldo está ficando baixo. Você não quer fazer 
um desconto de duplicatas e deixar as coisas mais tranquilas? 
Jussara:
— Pode até ser Samuel, mas vocês cobram muito caro. 
Samuel:
— Deixa de ser “pão-dura”, Jussara. Você está com um bom estoque de recebíveis, pega esse dinheiro 
e começa a fazer giro com ele! 
Jussara:
(Interessada em outras coisas). 
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— Faz o seguinte: pode sim descontar algumas duplicatas. Mas, me diz o seguinte: E quanto ao 
leasing, que quero fazer para comprar minhas novas máquinas... Alguma resposta?
Samuel:
(Prestativo).
— Ainda não, mas estou vendo aqui o seu desconto de duplicatas então. 
Uma parte das vendas da Confecção das Gêmeas era sempre realizado a prazo, como é de costume 
na maioria das empresas brasileiras, embora a confecção, em alguns casos, tenha o privilégio de receber 
antecipadamente, porque tratavam-se de serviços personalizados. 
Jussara detestava realizar esse tipo de operação porque os juros cobrados pelos bancos costumam 
ser muito altos. Praticamente o que ela ganharia de margem, transferiria ao Banco. Mas, de vez em 
quando, é necessário. 
O nome “duplicatas descontadas” na verdade é uma tradição, porque desde que a Confecção das 
Gêmeas foi criada as vendas são sempre realizadas por meio de boletos bancários, mais práticos, e não 
mais duplicatas. 
A seguir, mostra-se uma duplicata: 
Credor
Duplicata
Valor Número do título
Valor por extenso Espaço para o aceite
(assinatura) do devedor
Praça de pagamento
Vencimento
Data de emissão
Devedor
Figura 4 – Modelo de duplicata
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E um boleto bancário: 
Figura 5 – Modelo genérico de boleto bancário
As duplicatas são cópias das notas fiscais (daí o nome), em um período em que normalmente as 
notas fiscais eram datilografadas. Com uma folha de papel carbono, um funcionário emitia um segundo 
documento que era um título de crédito com possibilidade de ser pago no caixa de um banco. 
Assim, as duplicatas foram usadas durante décadas no Brasil. Quando um empresário precisava 
de dinheiro, ao invés de realizar um empréstimo tradicional, recorria a um desconto antecipado de 
duplicatas, cedendo para o banco o direito de receber o valor quando da data do vencimento. Para essa 
operação, o banco cobra uma taxa de juros. 
 Observação
A operação de “duplicatas a receber” foi durante muito tempo conhecida 
e ainda é como “papagaio”. 
Atualmente, o mesmo processo continua a ocorrer, mas de forma eletrônica. Normalmente, as 
empresas terceirizam os serviços de cobrança. E, no momento de uma necessidade, podem receber 
antecipadamente os valores em operações conhecidas como “vendor”. 
Esse é o procedimento descrito por Ribeiro (1999, p. 197-199): 
A cobrança simples consiste na remessa de títulos aos cobradores que prestam 
serviços à empresa, incluídas aí as instituições financeiras, que, por sua vez, 
cobrarão os respectivos devedores. Para efetuarem as cobranças de suas 
duplicatas, as empresas poderão utilizar os serviços de empresas especializadas 
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ou até mesmo de cobradores particulares. Nesse tipo de operação, a empresa 
transfere a posse dos títulos ao banco, mas a propriedade continua sendo da 
empresa. Para remeter os títulos ao banco, a empresa os relaciona, de forma 
minuciosa, em um borderô, anexando os respectivos títulos.
Uma “cobrança simples” foi o que o Sr. Samuel propôs a Jussara. Acompanhe aqui os cálculos que 
são normalmente realizados em operações desse tipo: 
Na conversa com o Sr. Samuel, Jussara aceitou um desconto de duplicatas (ou melhor, um “vendor”) 
no valor de 5.000,00. 
Solange, no escritório contábil da Marina, fará os seguintes lançamentos: 
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Registro de operação de vendor (descontos de duplicatas), lançamento de compensação:
D – Títulos em cobrança .............................5.000,00
C – Endossos para cobrança ......................5.000,00
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Sobre o registro de operação de vendor (descontos de duplicatas), reconhecimento das 
despesas de cobrança:
D – Despesas de cobrança ..........................80,00
C – Bancos conta movimento ..................80,00
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Baixa das contas de compensação:
D – Endossos para cobrança .....................5.000,00
C – Títulos em cobrança ..............................5.000,00
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Pelo recebimento das duplicatas:
D – Bancos conta movimento ..................5.000,00
C – Duplicatas a receber .............................5.000,00
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Existe sempre a possibilidade de os clientes não virem a pagar as duplicatas ou cobranças, sendo que 
nesse caso o contador precisará contabilizar a exclusão da duplicata. 
Entende-se que os contadoresdevem registrar o valor das duplicatas descontadas em conta redutora 
do Ativo Circulante, abaixo da conta contábil “duplicatas a receber” (ou “clientes a receber”). Essa conta 
redutora recebe o nome de “duplicatas descontadas”, tendo natureza credora. 
Na operação: 
• credita-se o valor dos títulos, sendo que esse crédito deve ocorrer no momento em que se efetua 
a operação de desconto, e a instituição financeira deposita o valor na conta corrente da empresa;
• debita-se no momento da liquidação do título pelo devedor ou na hipótese da instituição 
financeira efetuar um débito na conta corrente por falta de pagamento por parte do devedor. 
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Vendas de mercadorias a prazo:
D – Duplicatas a receber ..................................28.700,00
C – Vendas a prazo .............................................28.700,00
D – CMV ..................................................................10.320,00
C – Estoque de mercadorias ...........................10.320,00 
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Pela remessa dos títulos e respectiva operação de desconto de duplicatas:
D – Bancos conta movimento (AC) 13.410,00
D – Despesas de juros a vencer (AC) 1.500,00
D – Despesas bancárias (DRE) 90,00
C – Duplicatas descontadas (AC) 15.000,0
Jussara ficou muito preocupada com o fato de o Sr. Samuel ter dito que ainda estavam analisando 
o seu pedido de realização de um leasing para a compra das máquinas da Leeds. Pensou em voz alta: 
— Ué?! Já era tempo de eles terem dado uma resposta para o leasing. Será que vão me criar 
problemas? Só faltava essa! 
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6.2 Estão nos embromando? 
Catarina Hong, funcionária do depto. financeiro da Rede Mel e Açúcar, ligou e disse que um valor 
estava sendo depositado na conta da Confecção das Gêmeas a título de adiantamento. Esse valor deveria 
ser usado não exatamente para a produção dos uniformes, mas para despesas gerais para auxiliar a 
equipe de criação do comercial de televisão. O valor era bem significativo. 
Surpreendida e assustada, Jussara pensou em ligar para Dona Corina. Só não fez isso porque a voz 
da Catarina era tão doce e tranquilizadora, transmitindo uma pureza e um equilíbrio tão grandes, que 
se convenceu de que seria desnecessário. De fato, Catarina Hong tinha uma voz especial. Vai ver, foi por 
isso que a colocaram em um departamento de finanças, lugar onde as coisas são muito rápidas, ágeis e 
onde em alguns momentos as coisas parecem caóticas. 
Mas Jussara teve um frio na espinha. Ainda não tinham ido visitar a agência de publicidade, nem 
conversado com o Sr. Nitan Tatanais e, pelo visto, se não fizessem isso, iriam perder o cliente. O valor 
era muito alto! Preocupadíssima, Jussara foi correndo para o escritório de Josefa, mas ela não estava lá. 
Estava conversando com as costureiras do outro lado do galpão onde funcionava a confecção. Foi até lá 
e viu todo mundo trabalhando intensamente. 
Conseguiu encontrar Josefa, e tiveram o seguinte diálogo: 
Josefa: 
(Tranquilíssima).
— Nem vem, Ju, já sei tudo o que quer saber. É sobre o adiantamento da Mel e Açúcar, não? 
Jussara:
(Nervosíssima). 
— É, e o que... 
Josefa:
(Interrompendo com ar soberbo). 
— Calma, para que essa respiração ofegante, Jô? Vi que você estava ocupada cuidando das finanças 
e tomei a iniciativa e liguei para o Nitan Tatanais. Já sei tudo o que faremos, já ia te falar. 
Jussara:
(Indignada).
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— Como assim, Jô?! Já te disse que não era para negociar valores com os clientes e...
Josefa:
(Interrompendo novamente, com ar soberbo). 
— Oh, até parece que você não tem noção dos valores que envolvem esse contrato com a Mel e 
Açúcar. O que eu pedi de adiantamento é “café pequeno”, dinheirinho para por no bolso e pagar 
algumas despesinhas à toa! 
Jussara:
(Ainda mais indignada). 
— Jô, você pediu nada mais nada menos que R$ 70.000,00! Está doida? 
Josefa:
(Em tom de confronto e desafio). 
— Não, mas vou ficar daqui a alguns dias. Eu vou preparar vinte e três looks esta semana. E depois 
acompanhar as filmagens do comercial de TV. Vem aqui, deixa eu te apresentar uma pessoa de 
que irá gostar muito.
— Josefa apresenta Kátia Lemos, uma modelo top model internacional que já estava provando alguns 
modelos dos uniformes. 
Jussara:
— Eu não acredito, Jô, você já está trabalhando firme nisso! Que bacana! 
Josefa: 
— Pois é! Ah, desses setenta mil, trinta é para montar um camarim aqui na fábrica. Mal temos um 
lugar digno para receber pessoas como a Kátia Lemos. 
Jussara:
(Irritadíssima).
— Jô. Não confunda as coisas, menina! Não dá para misturar as coisas. É por isso que peço para 
não se envolver no meu trabalho! Só vamos reformar alguma coisa aqui no momento em que 
tivermos lucro, não com dinheiro dos outros!
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Josefa:
(Desabafando, em tom contente e motivador).
— Tá bom, tá bom! Mas, por favor, não atrapalhe o meu trabalho também! E aí, quando essas 
máquinas inteligentes vão chegar? Já separei até um espaço para a instalação. Não se importe 
com míseros R$ 70.000,00. Vamos ganhar muito mais! 
Jussara:
(Em tom completamente reprovativo).
— Ah! Depois a gente conversa, Dona Josefa da Silva! Depois... 
Jussara voltou ao seu (bagunçado) escritório mais tranquila, uma vez que, cometendo erros graves 
ou não, Josefa já estava cuidando do contrato da Mel e Açúcar. E de fato ela tinha razão. Tinha que 
comprar essas máquinas o quanto antes possível. 
Ao chegar à porta do escritório, quase por coincidência, Samuel do banco ligou e perguntou o que 
fazer com a pequena fortuna que brotou na conta. Josefa então perguntou: 
— Eu é que te pergunto, onde podemos investir esse dinheiro? Preciso dele já no mês que vem.
A solução que o Samuel deu foi a de oferecer uma aplicação em CDB (Certificado de Depósito 
Bancário) de curto prazo, com juros pequenos, mas interessantes. Como recebeu o aceite da Jussara, 
efetuou a aplicação. 
No escritório de contabilidade, assim que Solange souber da aplicação bancária, irá realizar os 
seguintes cálculos/lançamentos: 
A Confecção das Gêmeas fez uma aplicação no Banco Exempel S.A. no valor de R$ 70.000,00, em 
Certificado de Depósito Bancário (CDB), por 30 dias, a uma taxa de juros de 1,5% ao mês. O Banco cobra 
de serviços a importância de R$ 100,00 sobre a operação. 
O IRRF está na ordem de 4% sobre o rendimento total e será apurado somente na data do vencimento, 
conforme determina a legislação vigente. Por coincidência, era o primeiro dia do mês, o resgate e os 
juros também ocorreriam dentro do mês. Mas se fosse durante o mês, como a grande maioria dos casos, 
seria necessário calcular juros pro rata die (por dia) para atender ao princípio da competência. 
Sendo assim, realizou-se o seguinte cálculo: 
Montante = R$ 70.000,00
Taxa = 1,5% ao mês
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IRRF = 4% ao mês
Serviços (descontados no início do período) R$ 100,00
Juros = R$ 1.050,00
IRRF = R$ 42,00
Solange deverá fazer os seguintes lançamentos contábeis: 
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Contabilização da aplicação financeira ocorrida: 
D – Aplicações financeiras (AC) ........................................... 71.050,00
C – Bancos conta movimento (AC) ..................................... 70.000,00
C – Rendimento a apropriar (AC) ............................................1.050,00
São Paulo, 01 de XXXX de XXXX.
Contabilização das despesas bancárias: 
D – Despesas bancárias ...................................................................100,00
C – Bancos conta movimento (AC) ............................................100,00E ao final do mês: 
São Paulo, 30 de XXXX de XXXX.
Contabilização do rendimento do mês:
D – Rendimento a apropriar (AC) ............................................1.050,00
C – Rendimentos sobre aplicação financeira (DRE) .........1.050,00
São Paulo, 30 de XXXX de XXXX.
Resgate da aplicação financeira, juros e cálculo do IRRF:
D – Bancos conta movimento (AC) ......................................71.008,00
D – IRRF a recuperar (AC) .................................................................42,00
C – Aplicações financeiras (AC) ..............................................71.050,00
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Ao final da ligação, a Jussara não teve como não perguntar: 
Jussara:
(Em dúvida).
— Então, Samuel, vai me enrolar? E o leasing?
Samuel:
(Compreensivo, mas informal). 
— Amanhã eu te dou uma resposta, Srta. Jussara. Ok?
Jussara: 
— Ok, Samuel. Boa tarde! 
Jussara ficou um pouco zonza com todas essas decisões. Fechou o escritório e foi para casa dormir 
um pouco. 
6.3 Poucas escolhas
Depois de embromar Jussara por mais dois longos dias, o Sr. Samuel ligou e disse que não teria como 
fazer o leasing que ela tanto queria por tratar-se de um equipamento importado, que não tem empresas 
similares no Brasil que produzem o mesmo tipo de equipamento. Tratava-se de uma política do banco. 
Jussara questionou ao Sr. Samuel se essa política estaria correta, uma vez que tanto se fala de 
inovação tecnológica, mas, quando um empresário efetivamente toma uma iniciativa, é “punido” de 
todas as formas, desabafou. 
Samuel: 
(Compreensivo).
— De fato, Jussara, não tiro a sua razão. Mas temos que seguir alguns parâmetros. 
Jussara: 
(Levemente irritada, mas resignada).
— Parâmetros ou teimosias? Mas deixa pra lá. E então, fico aqui de braços cruzados ou temos alguma 
opção?
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Samuel:
(Todo contente e sorridente). 
— Sempre temos opções para gente empreendedora como você, Srta. Jussara! 
Jussara:
— Ah, é? Mas para de me bajular e diz quais são! 
Samuel: 
— Bem, você consegue esperar mais seis meses para comprar essas máquinas? Tenho informações de 
que o banco terá uma linha exclusiva do Banco Mundial com juros bem menores. Você apenas terá 
que se comprometer a contratar mulheres pobres, treiná-las e dar salários dignos. Sei também que 
nosso próprio banco terá uma linha privada internacional, com excelentes juros. Mas vai demorar 
alguns meses ainda. 
Jussara: 
— Seis meses? Negativo! 
— Tenho no mínimo dois clientes excelentes na minha carteira. Não posso perder essa oportunidade 
de jeito nenhum! 
Samuel: 
— Então, não vejo outra saída. 
Jussara: 
— Qual?
Samuel: 
— Realizar um Finame pelo BNDES. A sua empresa, como está com ótima saúde financeira e 
tem uma proposta fundamentada, com bons clientes, vai conseguir rapidamente um bom 
financiamento. Vou te passar um e-mail com um endereço. Peço para ver e me ligue ainda 
hoje. Ok? 
Jussara:
— Ok! Até mais então! 
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Assim que desligou o telefone, Jussara recebeu dois e-mails: 
São Paulo, 04 de XXXX de XXXX.
De: rodrigo_onner@leerts.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
Assunto: informações e manuais para instalação.
Prezada Sra. Jussara,
Conforme conversamos, enviamos a proposta da Engenharia Campos Ltda. para a 
instalação dos equipamentos. 
O serviço irá ficar em R$ 12.000,00 e poderá ser realizado em uma semana sem maiores 
transtornos. O transporte de todo o equipamento fica por nossa conta, já está no pacote de 
vendas. 
Peço para que ligue para o Sr. Paulo, no telefone 55 11 XXXXX-XXXX, e agende uma visita 
com ele para tratar de detalhes. 
Mais algum assunto, estarei à sua disposição. 
Engenheiro Rodrigo Onner,
Vendedor Técnico.
Depto Vendas Leerts América Latina. 
Esse e-mail, Jussara repassou para Josefa de imediato, porque ela é que cuidará dessa parte técnico-
industrial. 
O segundo e-mail era da Sra. Lígia, da T´Oriul:
São Paulo, 04 de XXXX de XXXX.
De: ligia-marketinglatam@Toriul.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
Assunto: agendamento de visita.
Prezada Sra. Jussara, 
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CiênCias Contábeis integrada
Adorei o seu portfólio e, conforme conversamos, preciso da sua ajuda para elaborar 
uniformes ultrassofisticados. 
Seria possível você me visitar ou enviar alguém aqui no meu escritório esta semana, o 
quanto antes possível? 
Agradecimentos animados,
Ligia,
Gerente de Marketing e Vendas Especiais Latam.
T´Oriul Brasil Ltda.
T´Oriul Paris France. 
Jussara respondeu que sim, ela e a Josefa iriam visitá-la na sede da T´Oriul em outro prédio sofisticado 
de São Paulo. 
Ela não acreditava! Justamente agora que clientes estavam surgindo e as pessoas se interessavam 
por seu trabalho, não conseguia um leasing! E agora? 
Nesse momento, chegou o e-mail do Samuel, com o tal link do BNDES. 
São Paulo, 04 de XXXX de XXXX.
De: samuel@bancoexempel.com.br
Para: jussara_adm@cfgemeas.com.br
Assunto: BNDES.
Prezada Srta. Jussara da Silva,
Conforme conversamos... 
<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/Apoio_
Financeiro/>.
Samuel,
Gerente Pessoa Jurídica.
Banco Exempel S.A. – Pequenas e Médias Empresas.
Divisão especial de clientes promissores.
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Unidade II
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 Saiba mais
Recomenda-se que acesse o endereço da internet do e-mail do Samuel, 
pois é real:
<http://www.bndes.gov.br/SiteBNDES/bndes/bndes_pt/Institucional/
Apoio_Financeiro/>.
Desde pequena, aprendeu com sua tia e com o tio Beto a se virar sozinha. 
Jussara é completamente cética em torno de qualquer coisa ligada ao governo. Como ela sempre diz, 
não espera nada, absolutamente nada do governo brasileiro, tenta agir, na medida do possível, sozinha. 
Se o governo oferecer alguma ajuda, até aceita, mas jamais espera que o governo a ajude. 
O que ela acredita é na força das relações interpessoais. Essa sim é capaz de mover montanhas. 
Como ela queria ter dinheiro em caixa para poder comprar essas máquinas à vista e evitar um monte 
de burocracias!
O fato é que apesar de a economia brasileira ser pujante, inacreditavelmente há poucas ou 
praticamente nenhuma opção de financiamento privado para a compra de bens de capital no Brasil. 
O governo está agindo há alguns anos para que os bancos brasileiros atuem nesse segmento de forma 
mais ampla, mas, na prática, há somente o BNDES como agente de financiamento, que é um banco 
estatal. 
Após analisar a página do BNDES, ligou para o Samuel novamente: 
Jussara: 
— Samuel.
Samuel: 
— Sim? Viu as informações sobre o Finame?
Jussara:
— Vi sim! Vamos fazer um Finame BK. Qual é a taxa que você cobra?
Samuel: 
— 0,01 % ao ano. E 12% ao ano para a parte que o Finame não cobre.
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CiênCias Contábeis integrada
Jussara: 
— Não quero financiar a parte que o BNDES não cobre. Vou tirar um dinheiro das aplicações que 
temos aí. 
Samuel: 
— Ah! Assim você me prejudica aqui! 
Jussara: 
— Ué, vocês não dizem que sou uma “cliente promissora”? Rapidinho eu recupero esse dinheiro! 
Samuel: 
— Bom, vai lá que seja. Fechado, então? 
Jussara: 
— Fechado! 
Samuel: 
— Só há um assunto que vai te tirar o sono. A Leerts importa as máquinas da Áustria. Pergunte se 
eles de fato não têm similar nacional, que acho que o BNDES aceita o pedido. Mas o contrato vai 
ser em moeda estrangeira, você terá que amargar um cálculo constante de variação cambial, ok? 
Mas, se quiser, nós podemos fazer

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