Buscar

Complementar_79460

Prévia do material em texto

FACULDADE ESTÁCIO DE SÁ 
CURSO: LICENCIATURA EM HISTÓRIA 
DISC.: PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM 
PROFESSORA: TAISA COSTA VLIESE 
ALUNA: FLOREUNICE MOREIRA GONÇALVES 
 
 
 
TÍTULO DA ATIVIDADE ESTRUTURADA: 
Desenvolvimento e aprendizagem de bebês, crianças, adolescentes, 
adultos e idosos. 
 
População – Adolescentes (12 a 19 anos) 
 
 
“A adolescência está repleta de riscos ao 
desenvolvimento saudável, assim como de 
oportunidades de crescimento físico, cognitivo e 
psicossocial. Padrões de comportamento de risco, 
como consumo de bebidas alcoólicas, abuso de drogas, 
atividade sexual, envolvimento em gangues e uso de 
armas de fogo, tendem a se estabelecer no início da 
adolescência. ” (Patrícia Rossi Carraro) 
 
 
 
 
 
 
 
São Luís-Maranhão-2018 
 
RELATÓRIO 
O presente relatório tem como objetivo descrever o comportamento de 
adolescentes na Escola Pública de Ensino Médio “CE Professor Machadinho”, (à qual 
trabalho como professora), localizada na Cidade de Paço do Lumiar – Maranhão, a 20 km 
da cidade de São Luís – MA. Esta escola atende alunos nos três turnos, matutino (3 
turmas de 1º ano, 1 turma do 2º ano e 1 turma do 3º ano) e vespertino (3 turmas de 2º ano, 
2 turmas do 3º ano) e à noite (EJA), são poucos alunos em cada sala, geralmente 25 
alunos no máximo. Os alunos observados, estão na faixa-etária de 15 a 19 anos, levei em 
consideração os aspectos mencionados no modelo da atividade estruturada: psicomotor, 
cognitivo, emocional e social. 
No 1º dia de observação (segunda-feira 14 de maio de 2018), os alunos se 
encontravam no pátio da escola durante o intervalo. Notei que alguns conversavam o 
tempo todo e sorriam bastante; outros tocavam violão; outros mexiam no celular ou mesmo 
escutavam música. Alguns estavam na sala, não lancharam nem conversaram com os 
outros colegas. Enfim, neste primeiro dia de observação concluí que os adolescentes, só 
conversam mais “soltos”, com os colegas que eles têm afinidades, em grupos geralmente 
de 4 ou 5, ou com o namorado ou namorada, enquanto que outros não se relacionam com 
ninguém preferindo o celular, a interagir com os colegas em sua volta. Uns usam os 
cabelos azuis, vermelhos, despenteados, outros normais, porém fardados. Alguns usavam 
muitas pulseiras pretas, aparelhos dentários, óculos grandes, brincos, piercings. São altos, 
na sua maioria, magros, mas saudáveis, alguns acima do peso, outros bem magros com 
aspectos doentes (geralmente meninas). 
No 2º dia de observação, (terça-feira 15 de maio de 2018), foi na sala do 2º ano. 
Notei que, assim como observei no pátio, na sala também eles formavam grupos por 
afinidades, deixando os outros invisíveis para os mesmos. Alguns são desinteressados e 
sonolentos, outros ativos e responsáveis, e outros não tem interesse nenhum em estudar. 
Eles precisam o tempo todo estarem em evidência, isto é, chamando atenção ou com 
conversas paralelas ou sorrindo alto, enfim. Observei também esses adolescentes na aula 
de Educação Física para analisar o psicomotor das mesmas. Os meninos têm mais noção 
de conhecimento e domínio do próprio corpo, enquanto que as meninas, ficam somente 
observando o desenvolvimento do jogo dos homens. Algumas meninas se arriscam a jogar 
bola ou praticar outro esporte proposto pelo professor. Algumas envergonhadas e outras 
extrovertidas. Pode-se perceber que as representações de corpo são embasadas nos 
pressupostos de beleza e feminilidade difundidos pela sociedade e veiculados pela mídia. 
 No 3º dia (quinta-feira 17 de maio de 2018), observei a sala do 3º ano do 
Ensino Médio, que ainda estavam separados na sala com grupos de afinidades. Porém, os 
adolescentes de 17 anos, já estão mais maduros do que os do 2º ano, estão pensando em 
muitas outras coisas além dos estudos, algumas alunas já são casadas, outras estão 
grávidas, outras estão noivas. Os jovens do 3º ano, são mais “rebeldes” e críticos, alguns 
demonstram interesse para os estudos por causa do ENEM, porém outros querem finalizar 
o Ensino Médio para trabalharem. Alguns alunos disseram que “o vestibular é contraditório. 
O aluno passa a vida inteira estudando e é uma prova que decide a sua vida. ” 
Os adolescentes do Ensino Médio, estão descobrindo seu potencial cognitivo, 
social, afetivo e emocional. Exercem constantes flutuações de humor e do estado de 
ânimo. Alguns querem ser bem populares para serem admirados e aceitos na comunidade 
escolar, outros fazem questão de ficar no “anonimato” e não aparecerem nunca, seja por 
problemas com a família, seja por dificuldade de aprendizagem, entre outros. Esses alunos 
acabam sofrendo e tendo dificuldades de relacionamento, isso os leva a abandonar a 
escola ficando mais propensos a empobrecer ou a se sair precariamente em outra escola, 
em vestibulares ou concursos. 
Um fator positivo desta escola que trabalho, além de poucos alunos nas salas, é 
que os alunos de um modo geral, não são agressivos, indisciplinados, faltosos, 
desrespeitosos com os professores, talvez porque a cidade é pequena e ainda os 
respeitam e os têm como pessoas importantes. 
Em suma, certifico-me que este relatório foi de grande valia para que eu 
pudesse olhar de maneira diferente para meus alunos, bem como compreender melhor 
esta fase de desenvolvimento do ser humano, que séculos atrás não eram reconhecidos 
como adolescentes, mas sim como pessoas capazes de ingressar na vida adulta sem 
nenhuma preparação psicológica, bem como social, afetiva e emocional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
 
A adolescência é um período marcado por numerosas 
transformações. É uma fase de transição e de preparação 
para o ingresso na vida adulta, durante a qual o jovem 
estudante confronta novos problemas e lhe são exigidas 
novas formas de ajustamento social. Por isso, as relações 
sociais, emocionais e físicas, neste momento da vida vêm 
atraindo a atenção de educadores. Este estudo tem como 
objetivos identificar o desenvolvimento físico, a cognição e 
aprendizagem escolar, o desenvolvimento social e o 
desenvolvimento emocional, de adolescentes estudantes no 
âmbito escolar. Para cada dia de observação foi feito um 
relatório com descrição dos registros detalhando todas as 
atitudes, situações e atividades desenvolvidas. Após a 
descrição foi realizada uma análise das situações 
observadas à luz da teoria dos autores trabalhados na 
disciplina: Freud, Piaget, Vygotsky, Behaviorismo e outros 
teóricos, para avaliar o desenvolvimento e a aprendizagem 
dos sujeitos observados. A investigação aponta a 
necessidade de se aprofundar os conhecimentos a respeito 
dos comportamentos e desenvolvimentos no âmbito da 
aprendizagem escolar. 
Palavras-chave: Adolescência. Adolescentes. Sexualidade. 
Identidade. Relações sociais. Desenvolvimento cognitivo. 
Afetividade. Puberdade. Maturidade. 
 
ADOLESCENTES (12 A 19 ANOS) 
ANÁLISE DAS SITUAÇÕES OBSERVADAS À LUZ DA TEORIA 
1. INTRODUÇÃO 
 
A adolescência tem sido tema de interesse na sociedade e, consequentemente, 
a Psicologia tem dedicado a ela um espaço importante, tanto no campo da Psicologia do 
Desenvolvimento quanto nas áreas de Psicologia da Educação e Social. A adolescência é 
uma fase especial no processo do desenvolvimento, na qual a confusão de papéis, as 
dificuldades para estabelecer uma identidade própria marcam esta fase como “...um modo 
de vida entre a infância e a vida adulta” (Erickson, 1976, p.128). 
Já faz parte do senso comum sobre a adolescência a ideia do “aborrescente”. 
Essa noção foi construída socialmente, e se tornou um estereótipo da imagem do 
adolescente, como sendo natural nesta fase ser chato ou ter desvios de conduta. 
Contudo, sabe-se que tal como nos anos de infância, o desenvolvimento que 
ocorre na adolescência produz-se de forma ordenada. Como em todos os adolescentes se 
dá um desenvolvimento muitosimilar, é possível observar, nestes indivíduos, certas 
características. Na descrição do adolescente típico dos nossos dias, nota-se que quase 
todos se rebelam perante as exigências e proibições, se mostram ansiosos e indecisos, 
perturbados e com falta de segurança em si; procuram a segurança em grupos de 
indivíduos da mesma idade, mostram tendência para o “eu” e excluem os que não são 
membros de “seu grupo”; possui um novo interesse pelo sexo oposto e por certas 
atividades sociais. Dá conta gradualmente de que por força do seu aspecto físico, se 
espera dele um comportamento como o de um indivíduo adulto e não como o de uma 
criança indefesa. Deseja ser reconhecido, compreendido e amado, mas, ao mesmo tempo, 
receia aproximar-se demasiado dos outros, resultando uma sensação de solidão. Por um 
lado, reclama liberdade e independência, por outro, tem medo de enfrentar a realidade. 
A maioria dos adultos não reconhece a causa desta conduta difícil dos 
adolescentes, piorando esta situação ao mostrarem-se feridos nos seus sentimentos ou ao 
queixarem-se de que o adolescente é um ingrato, um egoísta sem consideração por 
ninguém. 
 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
O termo "adolescência" vem do latim adolescere, que significa crescer. No entanto, o 
conceito de adolescência enquanto um período particular da vida de um indivíduo, situado 
entre a infância e a vida adulta, é recente na história da humanidade. O conceito de 
adolescência foi criado pela cultura ocidental no final do século XIX, motivado pela 
necessidade de ver esta fase do desenvolvimento humano, como uma etapa importante 
para a vida adulta. A adolescência é um fato cultural, pois o modo como cada sociedade 
lida com os seus jovens é particular e articulado ao seu contexto sociocultural e histórico. A 
passagem da infância à maturidade, vivenciada como a „crise adolescente‟, é um produto 
típico da nossa civilização, pois, em outras épocas não existia um tratamento social 
diferenciado aos adolescentes levando em consideração suas diversas características. 
Algumas dessas características de instabilidade foi diagnosticada durante a 
observação dos alunos do Ensino Médio “Machadinho”, e pode ser notada também no 
pensamento de (Knobel, 1989, p.29) quando afirma que o adolescente busca a si mesmo e 
à identidade; tem tendência grupal; tem necessidade de intelectualizar e fantasiar; tem 
deslocalização temporal, em que o pensamento adquire as características de pensamento 
primário; tem atitude social reivindicatória com tendências antissociais de diversa 
intensidade; contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta, dominada 
pela ação, que constitui a forma de expressão conceitual mais típica deste período da vida; 
uma separação progressiva dos pais; e constantes flutuações de humor e do estado de 
ânimo. 
 
“A adolescência é uma fase do desenvolvimento não 
estabilizada por tempo de duração, mas que sempre tem 
início após a puberdade, e nada mais é do que a 
maturação filogeneticamente programada do aparelho 
reprodutor. A adolescência seria uma fase de 
reestruturação do “núcleo do eu”, quando as estruturas 
psíquicas/corporais, familiares e comunitárias sofrem 
mudanças conflitantes. Lutos e fragilidades psíquicas 
afloram neste período em que o adolescente tende a 
buscar autonomia, liberdade, prazer e status, agindo de 
maneira compulsiva e agressiva. A cultura aparece como 
reflexo dos aspectos corporais e psicológicos (naturais), 
assim como os modos de produção da vida também não 
são vistos como constitutivos da adolescência. ” (Içami 
Tiba (1985). 
 
 
É natural que haja instabilidade nessas mudanças conflitantes no período inicial 
da adolescência, o que demonstra que o adolescente está se desenvolvendo; se ela não 
aparecesse, haveria motivos para crer que ele estaria enraizado à dependência infantil e a 
formas de conduta infantis. Porém, não é desejável que a instabilidade se prolongue por 
um longo período, porque constituiria sinal de que o adolescente estaria enfrentando 
dificuldades para se desprender dos hábitos infantis e substitui-los por outros mais 
maduros. 
 
2.1 - DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 
 
Algumas teorias do desenvolvimento humano destacam o desenvolvimento 
cognitivo como etapa primordial para o adolescente se separar dos hábitos infantis e 
substituí-los por outros mais maduros, é o que Piaget denomina de estágio das operações 
formais ou das operações hipotéticas-dedutivas. Segundo ele, neste estágio os 
adolescentes podem pensar como lidar com problemas, testar hipóteses e possibilidades, 
isto porque as suas experiências, ou o seu conhecimento empírico, desempenham um 
papel importante para que ele possa chegar a esse estágio. 
“O resultado desse estágio é a ampliação da classificação e seriação, que 
passam agora a incluir conceitos abstratos, tais como justiça, verdade, moralidade, 
perspectiva e conceitos geométricos. O adolescente passa a discutir o conceito de 
liberdade e independência, tentando convencer seus pais de que ao ser “dono de sua 
própria vida”, ele saberá administrar seu horário em termos de estudo, lazer etc.” (Patrícia 
Rossi Carraro, 
Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. p. 113). 
Contudo, nem todos os adolescentes tornam-se capazes de operações formais, 
uma vez que o pensamento imaturo pode interferir no seu pensamento racional. 
Por isso, o ambiente escolar deve propiciar o desenvolvimento cognitivo do 
adolescente ao desenvolver atividades que o levem a se relacionar com os demais, 
respeitando as diferenças individuais, culturais, sociais, emocionais e étnicas. “A motivação 
acadêmica, os estilos parentais, a etnicidade, a condição socioeconômica e a qualidade da 
escolarização influenciam o desempenho educacional. ” (Patrícia Rossi Carraro, Psicologia 
do Desenvolvimento e da Aprendizagem. p. 114). 
Se Jean Piaget parte da “evolução cognitiva” do ser humano, baseado em sua 
exploração ativa do ambiente, Vygotsky parte dos conceitos histórico-cultural para explicar 
o desenvolvimento cognitivo, chamando de zona de desenvolvimento proximal. Isto 
porque, segundo esse autor, o conhecimento do mundo é sempre mediado pelas práticas 
culturais, pelo outro e, especialmente, pela linguagem. Os primeiros conhecimentos da 
criança e do adolescente, se dão no meio onde estão inseridos e absorvem a cultura da 
família à qual convivem. É na sua relação com o outro que ele aprende. Por isso, é 
importante que as escolas incentivem a participação dos adolescentes em projetos e que 
os professores incentivem trabalhos em grupos para que os mesmos possam se 
desenvolver cognitiva, social e sobretudo culturalmente. 
“A gênese da consciência é atribuída, na concepção 
vygotskyana, à internalização dos processos interativos 
estabelecidos no ambiente social. Esta internalização, 
por sua vez, tem um caráter bastante dinâmico, não 
sendo caracterizada apenas como uma exata cópia 
interna das experiências”. (Wertsch, 1985). 
 
Para Erik Erikson, é muito importante se conhecer o desenvolvimento da 
personalidade do educando levando em consideração seus aspectos sociais. Pois 
segundo ele, é através desses conhecimentos dos estágios psicossociais, que a escola 
poderá propor atividades para cada faixa etária. 
Outras teorias com relação ao desenvolvimento cognitivo ou da aprendizagem, 
estão ultrapassadas, o behaviorismo, por exemplo, porque não levam em consideração o 
lado afetivo, emocional e social do indivíduo. No entendimento desta teoria, as pessoas 
aprendem através de repetições e punições, existindo um condicionamento de estímulo-
resposta, não havendo assim nenhuma interação do indivíduo com o que se está 
estudando, é o aprender por osmose. Tudo que é aprendido está fora de sua realidade. É 
o fazer por fazer. 
Pode-se afirmar que desenvolvimento cognitivo é um processo pelo qual os 
indivíduos adquirem conhecimento sobre o mundo ao longo da vida, essepapel é da 
escola através da transmissão do conhecimento formal, e cabe a ela conhecer as teorias 
do desenvolvimento para compreender melhor os educandos. 
Arriscaria dizer que os especialistas da área de desenvolvimento cognitivo estão 
principalmente preocupados em entender como os processos relacionados à cognição vão 
se estruturando em etapas específicas do desenvolvimento. Entretanto, falar sobre cada 
uma delas dará muito pano para manga. Dou-me por satisfeita! 
 
2.2 - DESENVOLVIMENTO FÍSICO 
 
A convivência com as diferenças e até mesmo com as semelhanças, na escola, 
na igreja, no bairro, nas praças etc., leva o adolescente a se perceber como uma pessoa 
emocionalmente capaz (ou incapaz) de amar. Ter a capacidade de investir numa pessoa 
como um verdadeiro parceiro no amor vai marcar o fim do complexo de Édipo, 
posicionando o jovem no caminho da maturidade. 
O desenvolvimento emocional-sexual, nesta idade, chamado de fase genital, por 
Freud, é onde o adolescente descobre o outro como uma pessoa “fora do seu corpo”, ou 
melhor, diferente de si. “Na puberdade, as mudanças drásticas que acometem o corpo 
desencadeiam uma série de transformações na esfera psíquica. ” (Freud, 1905, p. 210). 
Sendo assim compreende-se que a puberdade é a fase das mudanças corporais e 
hormonais, modificando as crianças, dando-lhes altura, forma e sexualidade de adultos. 
Isso significa dizer que o jovem, nesta fase, sentirá uma certa segurança ou insegurança 
com relação a si mesmo. Quando sai de casa, por exemplo, a sua primeira preocupação é 
com a aparência, tem sempre que ajeitar o cabelo, olhar-se no espelho várias vezes, trocar 
uma roupa ou até passar batom, no caso das meninas. Isto acontece porque sente uma 
necessidade de estar, aparentemente, sempre bem apresentável para alguém que, 
possivelmente, irá olha-lo, ou fazem selfs e postam nas redes sociais à espera dos 
comentários. Para os adolescentes, a aparência é demasiadamente relevante e totalmente 
associada à imagem corporal, pois, o corpo, assume para os adolescentes, um importante 
papel nos relacionamentos com os colegas, na formação de grupos sociais e na 
construção de suas identidades. 
 “O jovem que sente segurança quanto à sua aparência física e habilidades têm 
mais facilidade para relacionar-se com o sexo oposto e para envolver-se em novas 
atividades e grupos. Mostra entusiasmo com os vários aspectos de sua vida e promove 
mais facilmente seu autodesenvolvimento. ” (Patrícia Rossi Carraro, Psicologia do 
Desenvolvimento e da Aprendizagem. p. 115). 
 
2.3 - DESENVOLVIMENTO EMOCIONAL 
 
Dentre os aspectos emocionais mais característicos do adolescente está a 
busca pela identidade. Por isso, costumam idealizar, imitar ou até mesmo idolatrar 
cantores, atores, e (negativamente) facções, que estão sempre em evidência na TV, nas 
favelas, nos presídios, etc. Essa busca da identidade é um fator de risco para os 
adolescentes que são altamente influenciados e influenciáveis, pois nesta fase estão 
(ainda) formando opiniões e personalidades. Quando o jovem não encontra essa 
identidade tão esperada, gera no mesmo um conflito e uma confusão de identidades, e, 
concomitantemente, surge uma crise de identidade ou uma crise psicossocial, levando 
muitos jovens à depressão, às drogas (lícitas e ilícitas), ou a se envolverem com a 
criminalidade. Por isso, “o jovem que adquire uma identidade positiva está mais apto a 
enfrentar com segurança as tarefas e desafios das etapas subsequentes. ” (Patrícia Rossi 
Carraro, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. p. 116). 
2.4 – DESENVOLVIMENTO SOCIAL 
 
Na esfera social, os adolescentes de hoje são muito mais curiosos com o mundo 
à sua volta do que outras gerações. Querem sempre estar em contato com o mundo a seu 
redor. Na escola, realizam trabalhos nas diversas áreas do conhecimento, e começam a 
construir sua concepção do social. Quando participam de projetos educativos contra a 
violência, (por exemplo), se envolvem fazendo passeatas, distribuindo panfletos, cartazes, 
ditando palavras de ordem, enfim. “Na sua tarefa de integrar-se à comunidade dos adultos, 
o reformador idealista deve transformar-se em um planejador e executor de ações. ” 
(Patrícia Rossi Carraro, Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. p. 118). 
Por ser a escola uma instituição à qual a maior parte dos jovens dedicam grande 
parte de seu tempo, é um espaço social privilegiado, por ser uma instituição repleta de 
sociabilidades, ela se mostrou um lugar em que os jovens podem experimentar 
intensamente o convívio social através das amizades. Para os adolescentes, estar com os 
amigos é muito importante. 
Repensar as práticas escolares e não centrá-las, especificamente, na cultura 
acadêmica mais formal, pode contribuir para a formação do aluno capaz de refletir sobre 
as informações, conhecimentos e valores que recebe na escola e fora dela. Conhecer a 
cultura discente pode ajudar, nesse caminho, pois ao compreender essa cultura pode-se 
conhecer melhor os anseios e necessidades desses jovens. Investigar assuntos relevantes 
ao adolescente pode interferir favoravelmente no cotidiano da escola. Tal atitude é 
fundamental para tentar suavizar a ruptura existente entre a escola e a juventude. Fazer 
mais projetos educacionais que socializem os jovens, será proveitoso para que os mesmos 
possam permanecer nestas instituições de ensino. 
 
 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Entende-se que adolescência é um período marcado por numerosas 
transformações físicas, emocionais e sociais. É uma fase de transição e de preparação 
para o ingresso na vida adulta, durante a qual o jovem confronta novos problemas e lhe 
são exigidas novas formas de ajustamento social. Observa-se também que nesse período 
de turbulência, contestação, transição e instabilidade, a conduta do indivíduo entra em 
colapso. Isto porque, como sente falta de segurança em si mesmo e na posição que 
ocupa, o adolescente tem tendência para a agressividade, a ser retraído e incômodo. 
Torna-se extremamente sensível e reservado, especialmente quando está na companhia 
de gente que ele teme que não o entenda ou o ponha no ridículo. A reserva pode tomar a 
forma de distanciamento e indiferença ou de indelicada e depreciativa altivez. Sente 
intensamente, vê-se afetado por estados emocionais, é dado a fantasias e é propenso a 
súbitas explosões temperamentais. É extremista, porque se sente incapaz de demonstrar 
que é competente. Observa-se também que alguns adolescentes exageram na sua 
dedicação às tarefas escolares, outros lançam-se febrilmente nos esportes, enquanto que 
outros dedicam o seu tempo quase exclusivamente a atividades nas redes sociais. 
Na sua luta pela independência, o adolescente protesta veementemente contra 
as decisões protetoras dos adultos; mas quando é incapaz de administrar a sua 
independência, solicita proteção. Resiste às normas e faz frequentemente o contrário do 
que se aconselhou; é menos efusivo com os membros da família, desdenha qualquer tipo 
de sentimentos e encanta-o vestir-se de maneira excêntrica, indo até aos extremos de usar 
roupa suja, ou de adornar-se de forma excessiva. Em dado momento, segue com rigidez 
uma forma de conduta idealizada, mas subitamente volta atrás, ou diz transgredir qualquer 
norma aceita. As suas relações com os outros são desconcertantes: em dado momento 
odeia, no momento seguinte ama. É tipicamente renitente a seu respeito e aos seus 
sentimentos, mas rapidamente põe a nu a sua alma. Rejeita os seus pais, mas de repente 
idealiza-os. Com muita frequência estes são tomados pelas frustrações, os desencantos e 
as angústias que acompanham a saída da infância na nossa cultura atual, causando uma 
certa infelicidade. 
 Experiências desagradáveis são, muitas vezes, causas de infelicidade na 
adolescência, como a exigência dos pais e da sociedade, problemas de adaptação, 
maturidade sexual,responsabilidades que não tinham na infância, a falta de segurança, 
insucessos escolares, a morte de amigos e familiares, a perda de amigos, as discussões 
com os pais, a ruptura de amizades com pessoas do sexo oposto, os sentimentos de 
inferioridade e a falta de popularidade. 
Uma das maneiras mais comuns de resolver a situação que lhes provoca 
infelicidade é fugir dela. Muitos adolescentes fogem de casa, abandonam os estudos e 
começam a trabalhar para poderem ser independentes. Entre os adolescentes insatisfeitos 
consigo mesmos e com o papel que desempenham na vida, é vulgar o desejo de serem 
outra pessoa; assim, escolhem normalmente como ideal alguém famoso que represente 
uma posição de prestígio na sociedade. O adolescente sente necessidade de compreender 
o seu comportamento, as suas causas e como conseguir a independência afetiva. Isto 
supõe conhecimento de si mesmo, o qual implica capacidade de domínio de si próprio. 
Tem grande necessidade de apoio e simpatia na luta por estabilizar a sua oscilante 
personalidade e para a adequar a realidade externa e interna. Essa época de desejos 
egocêntricos de poder, êxito e valor físico o adolescente sai com grande capacidade de 
amor desinteressado, de generosidade, de espírito de sacrifício, de humildade e dedicação 
a pessoas e a causas. Sente profunda necessidade de amigos da mesma idade e 
principalmente do mesmo sexo. Encontrar-se com outros que passam pelas mesmas 
experiências proporciona-lhe um verdadeiro apoio afetivo. 
Por fim, a terapia que se aconselha a todos é que mantenham, apesar da 
dificuldade que isso representa, um ambiente de calma e segurança, seja na família ou na 
escola. Que considerem que a adolescência passará, e todos os conselhos individuais 
devem reger-se pela serenidade, sinceridade e verdadeiro interesse por este jovem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. REFERÊNCIAS 
 
Carraro, Patrícia Psicologia do desenvolvimento e aprendizagem / Patrícia Carraro. Rio de 
Janeiro: SESES, 2015. 
Goethe JW. Os sofrimentos do jovem Werther. São Paulo: Martins Fontes, 2007. 
 
Wedekind F. O despertar da primavera e Mine Haha. São Paulo: Luzes no asfalto, 2010. 
 
César MRA. A invenção da adolescência no discurso psicopedagógico. São Paulo: Editora 
UNESP, 2008. 
 
Veríssimo E. Música ao longe. Rio Grande do Sul: Globo, 1965. 
 
Foracchi M. A juventude na sociedade moderna. São Paulo: Pioneira, 1972. 
 
Calligaris C. A adolescência. São Paulo: Publifolha, 2000. 
 
Birman J. Tatuando o desamparo. In: Cardoso, M.R. Adolescentes. São Paulo: Escuta, 
2006.

Continue navegando