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1 São Paulo - 2020 UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP CURSO DE DIREITO A.P.S. – ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA Prof. Dr. André Luiz dos Santos Nakamura Maio de 2020 Nome do Aluno: JORGE SEBASTIÃO ALVES DE ARAÚJO R.A.: T6374G9 Turma: DR5P68 PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS NAS PENITENCIÁRIAS DO BRASIL BOM NEGÓCIO PRA QUEM? Inicialmente, é preciso entender como vem se manifestando os fenômenos penitenciários que tanto têm preocupado os gestores públicos brasileiros nas últimas décadas. A partir dos anos 1980, em meio à transição do regime militar para a abertura democrática, o retorno ao país de alguns nomes que se encontravam exilados no exterior, especificamente, políticos cassados de cunho esquerdista, alçaram vôos vencedores em campanhas políticas e conseguiram chegar ao poder em estados e municípios brasileiros, além de enorme representação na Assembleia Constituinte de 1988. Essa chamada “abertura democrática” fomentou novos pensamentos, entendimentos para novas regras de convivência social e trato do poder público, como no exemplo dos direitos humanos e, posteriormente, o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990). 2 São Paulo - 2020 Nesse ambiente, o tráfico de drogas em vários países do mundo, inclusive no Brasil, tomou proporções nunca antes vistas. Quadrilhas organizadas e facções criminosas se instalavam nas grandes cidades brasileiras. Temos como exemplos a transformação do grupo “Serpentes Negras” no “Primeiro Comando da Capital – PCC”, em São Paulo, e a consolidação do “Comando Vermelho - CV”, no Rio de Janeiro. Essas organizações criminosas tiveram grande evolução, tanto em quantidade de agregados, quanto de poder econômico no decorrer dos últimos 30 anos, com enorme poder de fogo contra o poder público. No estado de São Paulo, em 2006, houve inúmeros ataques às polícias estaduais, militares e civis, gerando certa insegurança e quase pânico na população com um sinistro e velado “toque de recolher” imposto pelas facções. Recentemente, com as inúmeras rebeliões penitenciárias em 2017 e a constatação dos péssimos serviços prestados e condições dos presidiários, as mídias sociais e os gestores públicos voltaram sua atenção sobre a necessidade de se pensar num novo formato para as penitenciárias do país. Dos atuais 2.609 presídios no Brasil, somente 32 têm gestão privada, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN. Eles funcionam em dois modelos distintos: Parceria Público-Privada e Cogestão. Entre os modelos jurídico-administrativos de privatização é majoritário o entendimento de que, para o tema em tela, a “concessão” possibilita maior segurança jurídica, vez que a “permissão” e a “autorização” têm título precário e precaríssimo, respectivamente. As Parcerias Público-Privadas – PPP's, de acordo com a Lei nº 11.079/2004, são os contratos administrativos de concessão, nas modalidades patrocinadas ou administrativas. Na modalidade patrocinada, ocorre a tarifação dos usuários somada à contraprestação do Poder Público (pedágios, metrô etc). Na concessão administrativa, existe somente a contraprestação do Poder Público. É o caso, por exemplo, do Complexo Penitenciário de Ribeirão das Neves, em Minas Gerais. A Cogestão é o modelo mais comum na gestão privada de presídios. São construídos pelo Poder Público e sua gestão é realizada por empresas 3 São Paulo - 2020 privadas. Existe a peculiaridade de terem nas funções de maior responsabilidade cargos ocupados por servidores públicos, como Diretor e outras funções estratégicas. Quanto à segurança, em alguns estados o trabalho equivalente ao dos agentes penitenciários é desempenhado por contratados da iniciativa privada. Em outros, somente os serviços de vigilância, atendimentos aos presos e alimentação ficam a cargo da empresa, com o poder público sendo responsável pelos agentes de segurança. O principal objetivo na privatização de presídios, seja por meio de uma PPP ou por cogestão, é o de transferir certos serviços públicos ao setor privado e “aliviar e desafogar” parte do trabalho estatal na condução dos presídios. A ideia é trazer mais eficiência ao serviço de administrar os presídios com o menor custo possível. No entanto, entre os gestores públicos, juristas, advogados e o meio acadêmico, existem posicionamentos contrários e a favor das privatizações. Aqueles que se posicionam a favor citam o bom exemplo de Ribeirão das Neves, em que uma boa contratação pode ser benéfica economicamente para todas as partes envolvidas: Estado, empresa concessionária e os presos. Por outro lado, aqueles que são contra a privatização alegam que numa realidade capitalista, o principal objetivo as empresas é o lucro. Com isso, não haverá sentido em diminuir o efetivo prisional, vez que são pagos “por preso”. Quanto mais preso, mais lucro! E a qualidade do serviço prestado não será prioridade. A alternativa que poderá atender mais bem o interesse do Estado, ao que parece, se encontra em uma boa Parceria Público-Privada, com a elaboração de um Edital de concessão administrativa que contemple excelência na qualidade, segurança, transparência e que possibilite a constante fiscalização do Poder Público quanto ao seu cumprimento e atendimento às diretrizes propostas, da satisfação de todas as partes e, principalmente, aos anseios da sociedade brasileira. Referências: A polêmica sobre a privatização nas prisões. Revista Em Discussão. Senado Federal. Ano 7 – N 29 – Setembro de 2016. Disponível em < https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacao-de- presidios#INDICE > Acesso em: 01 mai 2020. https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacao-de-presidios#INDICE https://www12.senado.leg.br/emdiscussao/edicoes/privatizacao-de-presidios#INDICE 4 São Paulo - 2020 BREMBATTI, Katia. FONTES, Giulia. Presídios privados no Brasil. GAZETA DO POVO. Publicado em 14 jun 2019. Disponível em https://especiais.gazetadopovo.com.br/politica/presidios-privados-no- brasil/> Acesso em: 01 mai 2020. BUSTAMANTE, Paula. DEURSEN, Felipe van. VERONEZI, Luciano. VERRUGO, Marcel. Como funciona um presídio particular. Super Interessante. Atualizado em 31 out 2016. Disponível em <https://super.abril.com.br/comportamento/como-funciona-um-presidio- particular/> Acesso em: 01 mai 2020. DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 32ª Ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. 1.117p. MERELES, Carla. Privatização dos presídios é a solução para o Brasil? POLITIZE! Publicado em 10 jul 2017. Disponível em <https://www.politize.com.br/privatizacao-dos-presidios-e-a-solucao/> Acesso em 01 mai 2020. NAGAMINE, Lucas Civile. Parcerias Público-Privadas (PPP’S) – Como são e como funcionam. POLITIZE! Atualizado em 07 abril 2019. Disponível em < https://www.politize.com.br/parcerias-publico-privadas-o-que-sao/> Acesso em: 01 mai 2020. SACCHETTA, Paula. Na primeira penitenciária privada do Brasil, quanto mais presos, maior o lucro. OPERAMUNDI. Publicado em 31 dez 2014. Disponível em: <https://operamundi.uol.com.br/samuel/38964/na-primeira- penitenciaria-privada-do-brasil-quanto-mais-presos-maior-o-lucro> Acesso em: 01 mai 2020. https://especiais.gazetadopovo.com.br/politica/presidios-privados-no-brasil/ https://especiais.gazetadopovo.com.br/politica/presidios-privados-no-brasil/ https://super.abril.com.br/comportamento/como-funciona-um-presidio-particular/ https://super.abril.com.br/comportamento/como-funciona-um-presidio-particular/ https://www.politize.com.br/privatizacao-dos-presidios-e-a-solucao/ https://www.politize.com.br/parcerias-publico-privadas-o-que-sao/ https://operamundi.uol.com.br/samuel/38964/na-primeira-penitenciaria-privada-do-brasil-quanto-mais-presos-maior-o-lucro https://operamundi.uol.com.br/samuel/38964/na-primeira-penitenciaria-privada-do-brasil-quanto-mais-presos-maior-o-lucro
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