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1 Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância CENTRO DE RECURSO MAXIXE 1º Ano 2020 1. O estudante: Nome: Gilberto Sebastião José Curso: Direito Código do Estudante: 41200624 Ano de Frequência: 1˚ano /2020 2. O trabalho Trabalho de: Normas Jurídicas e sua Classificação Código da Discíplina: ISCED1-CONT2 Tutor: Nº de Páginas: 21 Registo de Recepção por: Data da Entrega: 3. A correcção: Corrigido por: 2 Cotação (0 – 20): 4. Feedback do Tutor: 3 Índice 1- Resumo .................................................................................................................................... 4 2- Introdução ................................................................................................................................ 5 3- O Direito e as Normas Jurídicas .............................................................................................. 6 3.2- Direito Público ......................................................................................................................... 6 3.2.1- Subdivisão do Direito Publico ............................................................................................. 7 3.3- Direito Privado ........................................................................................................................ 7 3.3.1- Subdivisão do Direito Privado ............................................................................................ 8 4- Normas jurídicas ...................................................................................................................... 8 5- Diferença entre Norma Jurídica e Norma moral ................................................................... 10 6- Objectivo das normas juridicas .............................................................................................. 10 7- Classificação e Características das Normas Jurídicas ........................................................... 11 7.1- Normas primárias ............................................................................................................... 11 7.2- Norma Secundária .............................................................................................................. 12 7.3- Classificação das normas juridicas quanto Estrutura ......................................................... 13 7.3.1- Normas mais que perfeitas ............................................................................................. 13 7.3.2- Normas perfeitas ............................................................................................................ 13 7.3.3- Normas menos que perfeitas .......................................................................................... 13 7.3.4- Normas imperfeitas ........................................................................................................ 14 7.4- Norma especiais. ................................................................................................................ 14 7.5- Norma Excepcional. ........................................................................................................... 14 7.6- Normas Internas ................................................................................................................. 15 7.7- Normas de organização ...................................................................................................... 15 7.8- Normas de Conduta............................................................................................................ 16 8- Eficácia das Normas Juridicas ............................................................................................... 16 9- Validade das Normas Juridicas .............................................................................................. 18 10- Conclusão. .......................................................................................................................... 20 11- Bibliografia ........................................................................................................................ 21 4 1- Resumo A ciência do Direito pela sua natureza é uma área de estudo bastante vasta, deste modo, uma das matérias de maior interesse de estudo deste capo cientifico é sem dúvida a classificação das normas jurídicas. A classificação das normas jurídicas está imbuída de diversidade de propostas, pensamentos e correntes. Reconhecendo este facto, é pertinente o aprofundamento por parte dos estudiosos do ramo de direito, de modo a aproximar as diferentes correntes a um pensamento comum, para que no final seja possível adotar-se as normas que possam oferecer maior utilidade na atuação prática dos juristas no seu dia-a-dia. 5 2- Introdução O presente trabalho tem como objecto de estudo as Normas Jurídicas e sua Classificação. A medida que nascemos, crescemos e passamos a viver em grupo é necessário criar normas para que a convivência no dia-a-dia seja possível entre os elementos que compõem esse meio. Essas normas são inicialmente acordadas entre os indivíduos, em um primeiro momento, e aceitas pelos demais elementos em um segundo momento. Ao nascermos, muitas das normas já estão postas e outras são construídas socialmente com ou sem nossa participação direta. Esse tipo de normas são geralmente designadas de normas socais. Geralmente as normas sociais têm o objetivo de garantir a melhor convivência social e por consequência a coesão entre os indivíduos que pertençam ao grupo as quais possuem características diferentes das normas jurídicas. Assim, o presente trabalho versará sobre normas jurídicas e sua classificação, o qual se propõe a analisar sua origem, classificação e seu papal no Estado de Direito. 6 3- O Direito e as Normas Jurídicas Quando se pretende estudar ou analisar as normas jurídicas, tal não se pode efetivar sem a prior entrar para o campo da definição da ciência do Direito, pois este constitui a base para e existência das normas Jurídicas. 3.1 - Conceito de Direito O Direito pode referir-se a uma ciência ou ao conjunto de normas jurídicas vigentes em um País ou Estado. Também pode ter o sentido de íntegro, honrado. O termo direito provém da palavra latin directum, que significa recto, no sentido retidão, o certo, o correto, o mais adequado. Segundo Kelsen (1998), o Direito é um conjunto de regras que possui o tipo de unidade que entendemos por sistema, ele visa garantir um conhecimento apenas dirigido ao direito e excluir deste conhecimento tudo quanto não pertença ao seu objeto, tudo quanto não se possa determinar como Direito. Por outro lado, Reale (2002), afirma que Direito é um conjunto de comandos disciplinados a vida externa e relacional dos homens, bilaterais, imperativo atributiva, dotado de validade, eficácia e coercibilidade, que tem o sentido de realizar os valores da justiça, segurança e bem comum, em uma sociedade organizada. O Direito como ciência social nasce em função da necessidade que o homem tem de viver em sociedade, dando ao Poder Público ou Estado a autoridade legitima para manter, inclusive com o uso de força e violência necessária, a estrutura da organização juridicamente constituída, uma vez que não se pode conceber a vida em coletividade sem a existência de um certo número de normas reguladoras entre os indivíduos e de um ente maior e soberano que detêm o encargo de zelar pelo cumprimento e respeito destas. 3.2- Direito Público O direito na sua tendência natural é representada pelas classes do Direito Público e Direito Privado. Entende-se por Direito Público aquele que tem por vocação atenderas matérias referentes ao Estado, suas funções e organização, bem como a ordem e segurança internas, os serviços públicos e os recursos indispensáveis à sua Execução. 7 O direito Público é dividido em Direito Público Interno e em Direito Público Internacional. O Direito Interno é o direito do Estado, denominado também de direito nacional o qual rege as relações jurídicas que se processam no território do Estado enquanto Direito Internacional disciplina relações jurídicas não delimitadas pelas fronteiras dos Estados, ou seja, rege as relações da comunidade internacional. 3.2.1- Subdivisão do Direito Publico Quando se pretende subdividir o direito Publico devemos sempre ter como objectivo compreender as diversas áreas específicas as quais se pode perceber o uso do Direito na produção de normas juridicas. Neste contesto o direito público pode ser subdividido de acordo com o seguinte: Direito Constitucional; Direito Administrativo; Direito Tributário; Direito Processual; Direito Penal; e Direito Internacional Público. 3.3- Direito Privado Direito Privado é o que atende o interesse de cada um, é o direito em que predomina o interesse privado e em que as partes se apresentam em igualdade. Podemos citar como exemplo o direito de interesses pessoais como o da proprietária de uma barraca de venda de bebidas, um clube desportivo etc. Há situações em que o Estado se relaciona com entidades particulares como se fosse outro indivíduo no mesmo plano jurídico conhecidas como (relações contratuais privadas). Mas, em geral, as relações entre o Estado e os demais são chamadas de relações de Direito Público. Segundo Montoro (1997), nas relações de Direito Privado, os indivíduos se encontram em pé de igualdade, o que não acontece nas relações de Direito Público já que o Estado pode exercer prerrogativas pelo simples fato de representar os interesses da coletividade. Ademais, nessas 8 relações, as normas jurídicas concedem uma série de privilégios ao Estado e aos seus agentes, nas relações com os particulares. 3.3.1- Subdivisão do Direito Privado Como foi definido anteriormente, as normas juridicas do direito privado são aquelas que regulam as relações entre entidades privadas, pessoas físicas ou jurídicas que não integram a estrutura do Estado, podendo este ser subdividido de acordo com o seguinte: Direito Civil; Direito Comercial; Direito do Consumidor; Direito do Trabalho; e Direito Internacional Privado. De acordo com Reale (2002), toda experiência jurídica pressupõe sempre três elementos facto, valor e norma, ou seja," um elemento de facto, ordenado valorativamente em um processo normativo ". O Direito não possui uma estrutura simplesmente factual, como querem os sociólogos; valorativa, como proclamam os idealistas; normativa, como defendem os normativistas. Essas visões são parciais e não revelam toda a dimensão do fenômeno jurídico. Este congrega aqueles componentes, mas não em uma simples adição. Juntos vão formar uma síntese integradora, na qual" cada fator é explicado pelos demais e pela totalidade do processo. 4- Normas jurídicas Nas várias formas do estudo da ciência do direito, há várias formas para definir a palavra direito. A principal delas, é para designar um conjunto de normas que são impostas para regular a conduta do ser humano e assim prevenir os conflitos. Essas normas são designadas Normas jurídicas. Numa definição genérica podemos definir a norma jurídica o conjunto de normas que compõem o ordenamento jurídico e que é responsável por regular a conduta dos indivíduos. Uma regra de conduta imposta, é a proposição normativa inserida em uma fórmula jurídica como lei, regulamento, garantida pelo poder público ou pelas organizações. 9 De acordo com Nader (1992), as normas jurídicas são o ponto culminante do processo de elaboração do direito e o ponto de partida operacional da dogmática jurídica, cuja função é a de sistematizar e descrever a ordem jurídica vigente. Por outo lado, de acordo com Diniz (1994), para atingir o conceito de norma jurídica é necessário chegar a essência, graças a uma intuição intelectual pura, ou seja, purificada de elementos empíricos. Uma vez apreendida a essência da norma jurídica, é possível formular o conceito universal da mesma. Muitas situações do nosso dia-a-dia possuem um conceito jurídico, pelo que todos os dias entramos em contacto com o Direito, pois observamos espontaneamente muitas normas jurídica como por exemplo: quando apanhamos um "Txopela" estamos a celebrar um contrato de prestação de serviços com o condutor, quando abrimos uma conta bancaria, quando fazemos um requerimento para o pedido de legalização de um terreno, quando respeitamos o limite entre a nossa casa e a do vizinho, entre outros. De acordo com Costa (2001): Várias são as espécies de enunciados de dever-ser: ao proferir normas, comandos ou conselhos, uma pessoa sempre tenta influenciar a conduta de outra. Entre esses tipos de proposições, interessam ao direito especialmente as normas, que são as expressões que impõem deveres ou conferem direitos. As normas têm um conteúdo muito próximo ao dos comandos, pois ambos são orações cujo objetivo é fazer com que o receptor se comporte de acordo com as prescrições do emissor. Todavia, as normas diferem dos comandos (que são ordens diretas, tais como faça isso ou não faça aquilo) por terem uma estrutura condicional, elas não impõem um dever específico a uma pessoa determinada, mas impõem um certo dever a toda e qualquer pessoa que se enquadrar em uma determinada hipótese (p. 28). É importante sublinhar que no nosso dia-a-dia, encontramos também uma diversidade de regras de conduta que se não são basicamente normas jurídicas tais como os nossos os hábitos alimentares à forma diversificada como são organizadas as cerimónias fúnebres nas três regiões de Moçambique, o modo de saudar, por exemplo. 10 5- Diferença entre Norma Jurídica e Norma moral Toda sociedade é organizada por meio de normas que estabelecem padrões obrigatórios de comportamento. Todavia, nem todas as normas vigentes em uma sociedade podem ser qualificadas como jurídicas, havendo também regras morais, religiosas, convenções sociais etc. Cada um desses tipos de regras forma um conjunto mais ou menos ordenado de regras, as quais podem ser obrigatórias em vários sentidos diferentes. Uma vida em sociedade precisa de regras que surjam para dar um mínimo de segurança e garantia aos seus integrantes de modo que cada indivíduo possa viver essas relações pacificamente, e é através da busca dessa convivência harmoniosa que surgem normas para delimitar esse comportamento. Essas normas podem surgir através do simples convívio entre os próprios indivíduos e que não tem nenhuma penalização externa, sendo chamadas de normas morais. Diferente da norma Jurídica, a norma moral tem por finalidade provocar um comportamento no indivíduo enquanto ser sociável, e busca regrar esse comportamento através de normas que igualam ou limitam esses actos, para que exista um ambiente minimamente harmonioso. 6- Objectivo das normas juridicas A norma jurídica surge, portanto, diante da necessidade de estabelecer direitos e deveres que visem o harmônico convívio social. É uma regra de conduta social; sua finalidade é regular as actividades dos sujeitos em suas relações sociais. Segundo Júnior (2013): Objetiva-se, com a criação da norma, dar respostas de comportamento e conduta à sociedade, em face dos fatos produtores de consequências nem sempre desejáveis, dentro de uma linha daquilo que é razoavelmente necessário e estritamente proporcional a se exigir do indivíduo para a vida na coletividade. Para tanto, considera-se moralmente desqualicado para o convívio social aqueles concidadãos que não obedecem ao ordenamento jurídico,os quais terão suas liberdades individuais gradualmente cerceadas, mediante aplicação de penas sendo-lhe mitigado o exercício de determinadas prerrogativas e direitos, tais como propriedade, possibilidade de desempenho de funções públicas, liberdade e vida, 11 este, tão-somente, para os ordenamentos jurídicos que ainda adotam sanções capitais (p. 63). 7- Classificação e Características das Normas Jurídicas As normas juridicas, assim como qualquer matéria de conhecimento possui características próprias que as identificam e as classificam. Diversos são os critérios utilizados para classificarem-se as normas jurídicas. As cinco principais características das normas jurídicas são bilateralidade que disciplina a relação social entre duas ou mais pessoas, que mostra onde há o direito de uma parte, há a obrigação de cumprir determinada norma pela outra parte. A generalidade e abstração caminham juntas, pois a generalidade tem por finalidade várias pessoas e a abstração trata de todas as situações iguais, prevendo o mesmo resultado jurídico. A imperatividade, que impõe ou proíbe uma determinada conduta e por fim a coercibilidade que age através de uma sanção quando a norma é inobservada, a qual também garantirá o sentido da eficácia da bilateralidade. Do ponto de vista sintático, as normas são analisadas comparativamente umas às outras. Nessa perspectiva, a primeira classificação incide na relevância de uma norma em relação a outras, as quais são denominadas primárias ou secundárias. Segundo Diniz (1994), a norma primária é a que impõe uma sanção para a conduta ilícita e secundária aquela que, por derivação, explicita o conteúdo da primeira. Todavia, estas normas não possuem a mesma gradação hierárquica, e somente a norma primária detém autêntico valor ontológico, sendo esta a verdadeira norma. 7.1- Normas primárias No conceito geral, as normas primárias são aquelas que estipulam sanções diante de uma possível ilicitude, e as secundárias são as que prescrevem a conduta lícita, sendo consideradas somente como conceitos auxiliares do conhecimento jurídico. 12 7.2- Norma Secundária Tendo-se em conta que a norma jurídica é uma espécie de norma ética, ela é susceptível a ser violada, como foi dito anteriormente. Se o direito possuísse apenas normas primárias, esse índice de violação aumentaria significativamente, pois as pessoas poderiam deixar de cumprir as normas por não haver mecanismos de punição. Para evitar isso, surgem as normas secundárias também conhecidas como "adjudicação", as quais trazem mecanismos para se apurarem as violações às normas jurídicas e criarem-se normas jurídicas individuais e concretas. Geralmente, a norma secundária refere-se à conduta lícita e sua existência, e só se justifica em razão da existência da norma primária, sendo certo que elas não se encontram no mesmo nível hierárquico. De acordo com Hart (1994),citado por Costa (2001,p.59), as normas secundárias apenas outorgam poderes aos particulares ou às autoridades públicas para criar, modificar, extinguir ou determinar os efeitos das regras do tipo primária. Tomam-se como exemplos a obrigação do devedor de pagar uma dívida no prazo estipulado, as normas constitucionais sobre a elaboração das leis e as normas processuais que regulam o exercício da função jurisdicional. Assim, podemos assumir que as normas secundárias, apenas outorgam ou validam poderes aos particulares ou às autoridades públicas para criar, modificar, extinguir ou determinar os efeitos das normas primárias. Como as normas são criadas em um momento histórico específico da cada pais ou Estado, e a sociedade evolui constantemente, uma norma primária desatualizada caso permanecesse estática, não prevendo mecanismos de atualização, as normas secundárias tratam da criação de novas normas jurídicas, da modificação das existentes e, eventualmente, da revogação das mesmas. São normas que dizem como as leis são criadas. Um por exemplo poderia se aplicar na atualização das normas que determina a proibição de prática de actividades comerciais informais na via pública nos Municípios. Por fim, se o direito fosse apenas um conjunto de normas primárias, seria difícil a identificação das normas jurídicas e, eventualmente, a adoção de critérios seguros que permitissem sua interpretação. Surgem, assim, as normas secundárias de reconhecimento, trazendo critérios para 13 identificarmos uma norma como jurídica ou não, ou ainda para interpretarmos o significado das normas existentes. Muitas normas constitucionais funcionam como normas dessa espécie, pois permitem a delimitação do sistema jurídico, determinando quais são seus elementos e afastando a incerteza. 7.3- Classificação das normas juridicas quanto Estrutura Quanto à estrutura das normas jurídicas podemos classificá-las em autônomas e dependentes. As normas autônomas são aquelas que possuem um significado completo; enquanto as normas dependentes exigem outras normas para completarem seu significado. Uma outra forma de estruturar as normas juridicas, é com base na classificação feita na Roma antiga, as quais classificavam analisando a consequência estabelecida pela "perinorma" ou simplesmente a sanção de acordo com o facto de serem mais perfeitas, perfeitas, menos que perfeitas e imperfeitas. O critério era a modalidade de sanção estabelecida. 7.3.1- Normas mais que perfeitas As normas mais que perfeitas estabelecem, na perinorma, uma punição e uma nulidade para o acto praticado. Um exemplo Romano, era a proibição de uma pessoa casada casar-se novamente apos divórcio. Essa pessoa era punida por bigamia e seu novo casamento seria considerado nulo. 7.3.2- Normas perfeitas As normas perfeitas são aquelas que apenas restabelecem a situação anterior, afectada pelo agente que praticou um acto ilícito. Elas estabelecem apenas uma nulidade como consequência, na perinorma. Um exemplo é a anulação de um contrato assinado, mesmos que venha a trazer prejuízos a seu patrimônio, se no caso não existir punição a tal menor 7.3.3- Normas menos que perfeitas As normas menos que perfeitas trazem apenas uma punição para a pessoa que pratica o acto, mas não o anulam. Podemos exemplificar citando uma pessoa que se case após tornar-se viúvo, sem completar o processo de inventário e partilha dos bens do primeiro casamento. Ela será punida ao ser obrigada a adotar o regime da separação total de bens no segundo casamento, o qual será válido. 14 7.3.4- Normas imperfeitas As normas imperfeitas não apresentam nem punição nem nulidade, não possuem uma perinorma. Um exemplo é a norma jurídica que obriga a pagar dívidas de contraídas a um vizinho e através de um contrato social. Não há qualquer sanção para a pessoa que não as paga. Ente tanto, uma vez que forem pagas, não poderão ser restituídas, pois somente deve ser restituído aquilo que se paga indevidamente. Ainda dentro da estrutura das normas, podemos dividir as normas conforme consagrem uma regra geral, uma regra especial ou uma regra excepcional. As normas que consagram uma regra geral estabelecem, universalmente, uma consequência para todas as hipóteses previstas em seu texto. 7.4- Norma especiais. As normas especiais, pela sua natureza, não violam a regra geral, mas manifestam-se sobre determinados casos ou grupos de um modo adaptado às circunstâncias ou às exigências específicas. Podemos ter um exemplo prático com relação Regulamento de Contratação de Empretecidas de Obras Publicas e Fornecimento de Bens ao Estado aprovado pelo decreto 5/2016 de 8 de Março. De acordo com Decreto 5/2016 de 8 de Março no seu artigo 7 alínea a) refere que a entidade contratante pode adoptar normas distintas das definidas no regulamento para contratação decorrente de tratado ou de outra forma de acordo internacional entre Moçambique e outroEstado ou organização internacional, que exija a adopção de regime específico. Por tanto a execução do Regime Especial não viola o Regime Geral estabelecidos no Artigo 6 do mesto Regulamento. 7.5- Norma Excepcional. A norma excepcional, ao contrário da Norma especial contraria a regra geral, criando um tratamento diferente daquele previsto para as situações abstratas. O comportamento da pessoa em situação excepcional, não fosse por tal regra, seria considerado ilícito. Voltemos ao exemplo em relação Regulamento de Contratação de Empretecidas de Obras Publicas e Fornecimento de Bens ao Estado aprovado pelo decreto 5/2016 de 8 de Março. De acordo com Decreto 5/2016 de 8 de Março no número 1 do seu artigo 8, o qual refere que Sempre que se mostre conveniente ao interesse público e estejam presentes os requisitos fixados 15 no presente Regulamento, a Unidade Gestora Executora das Aquisições deve, fundamentando, propor à Autoridade Competente a aplicação de Regime Excepcional para contratação de empreitada de obras públicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao Estado. Por tanto em condições normais a aplicação de regime excecional sem fundamentação exigível viola os pressupostos da norma do Regime Geral fixada pelo artigo 6 do mesmo Decreto. Analisando o espaço ou área de incidência da norma jurídica, podemos classificá-las em internas, se incidirem dentro das fronteiras de um determinado Estado, ou externas, se incidirem fora das fronteiras do Estado. Como regra, os Estados somente podem limitar comportamentos em seus territórios. 7.6- Normas Internas As normas internas podem incidir em todo o território nacional, sendo chamadas de nacionais. Caso a incidência se dê somente nos limites de um Estado-membro para os casos de Estados Federados como o Brasil ou Alemanha por exemplo, essas serão designadas por normas Estaduais. No caso de Moçambique devido a sua estrutura administrativa, esse exemplo somente regem comportamentos nos limites de um município, as quais são designadas de códigos de Postura Municipais. 7.7- Normas de organização A norma de organização é aquela que tem como vocação a organização do Estado, estruturando e regulando o funcionamento de seus órgãos, os seus poderes sociais, fixando e distribuindo capacidades e competências. Disciplinando e identificando as modificações e a aplicação das normas jurídicas. Sua estrutura lógica revela a existência de um juízo categórico, ou seja, a norma constata que algo existe e estabelece uma consequência que deve ser respeitada. Um exemplo de norma de organização é a Lei 4/2019 de 31 Maio, que estabelece o quadro legal para o funcionamento dos órgãos executivos de governação descentralizada provincial, na Republica de Moçambique. 16 7.8- Normas de Conduta A norma de conduta consiste naquele que disciplina o comportamento dos indivíduos e dos grupos sociais. Sua estrutura lógica revela um juízo hipotético, prevendo uma situação que pode ocorrer ou não e estabelecendo uma consequência que deve suceder à primeira situação. As normas de conduta apresentam, frequentemente dois componentes normativos em sua estrutura; a "endonorma" e a "perinorma". Cada um desses componentes pode ser considerado, isoladamente uma norma jurídica, prevendo uma hipótese e uma consequência. A endonorma prevê, como hipótese normativa, um facto ou acto da vida social, e atribui a ele uma consequência que deve ser respeitada. Assim, caso o acto previsto ocorra, surge um novo comportamento como permitido, proibido ou obrigatório enquanto a perinorma é o componente da norma que reforça a consequência da endonorma. Ela pode reforçar essa consequência por meio de uma punição, que será chamada de sanção penal ou negativa, e de prémio que será chamada de positiva. As normas jurídicas, sobretudo as de conduta, correspondem à soma da endonorma e da perinorma. Podem existir normas que trazem uma perinorma negativa e uma perinorma positiva, ao mesmo tempo. A conduta do homem é regida de forma positiva quando o ordenamento jurídico prescreve uma ação ou omissão de um determinado acto. Essa ação ou omissão, cuja conduta daquele pode ser positiva ou negativa, permitida ou proibida, e portanto não haverá conduta que não esteja regulada por uma norma. 8- Eficácia das Normas Juridicas Quando uma sanção é imposta como pena a um violador de alguma norma, ela aparece como consequência do não cumprimento das regras submetidas ao coletivo, pelo inadimplemento de uma obrigação legal a todos impostos, na qual haja um condicionante para que essas normas sejam cumpridas. Para se viver num ambiente mínimo de convívio social, as normas sugeridas e impostas por um ordenamento jurídico são essenciais, pois nos promovem a sensação de que estamos amparados e protegidos em relação aos nossos direitos. 17 Portanto na criação de uma norma, o proponente deverá basear-se em algo concreto, algo que aconteça na sociedade que precisa ser valorizado e protegido, sempre buscando atingir diretamente aquela situação ou facto que necessita de uma resposta imediata e eficaz. Quando falamos em eficácia da norma, devemos avaliar a expressão em dois sentidos, que são a eficácia social e a eficácia jurídica. Segundo Kelsen (1998), a eficácia no sentido jurídico, diz respeito com a capacidade da norma de produzir efeitos. Essa capacidade possui uma larga faixa de incidência, podendo ser total ou parcial e, ainda, cabendo falar-se em normas que são apropriadas a produzir efeitos mais ou menos intensos e relevantes. Em função dessa análise, podemos afirmar que uma norma pode ser válida, vigente e eficaz; pode ser válida e vigente e não ter eficácia; pode ser válida e não possuir vigência nem eficácia, como também pode apresentar se destituída de todas essas qualidades, não possuindo validade, nem vigência, nem eficácia. Uma norma com o mínimo de eficácia em termos de sua aplicação, mesmo assim não deixa de ser valida visto que a norma continua no ordenamento jurídico. A eficácia social ou efetividade de uma norma não se confunde com sua observância, já que há normas que nunca são obedecidas e mesmo assim guardam relevância social. As normas que não são observadas por longo tempo caem no desuso, podendo falar-se na perda de seu sentido normativo, mas não da validade. Podemos ainda concluir que, a eficácia de uma norma pode ainda sofrer limitações ou mesmo depender de outra norma para se realizar. É o caso das normas conhecidas como de eficácia limitada ou de eficácia contida. Perante a análise acima, é possível afirmar que toda norma pode ser infringida e que o facto de uma ou outra pessoa não a cumprirem não nos permite concluir que ela é ineficaz. Para muitos estudiosos de direito no geral e muto em particular das normas juridicas, uma norma ineficaz perde sua validade, ou seja, perde seu caráter obrigatório. Mas no geral o cumprimento de uma norma é obrigatório mesmo que ela não seja eficaz. 18 Um exemplo pratico e comparativo da ineficácia ou não de uma regra, dá-se nas Autarquias Moçambicanas, nas quais a maior parte delas através dos seus códigos de postura Municipal proíbe a prática de actividades económicas na via pública. Com tudo, verifica-se que em várias autarquias locais essa norma não é observada; mas tal não nos pode levar a conclusão de que a norma por si só é ineficaz. De toda forma, quando uma norma viola os padrões de justiça social normalmente aceites dentro de uma comunidade, as pessoas tendem a não pautar por ela. Assim, tais regras tendem a não ser eficazes. Por isso, normas dessa natureza costumam ser acompanhadas de um grande esforço político no sentido de fazer com que as pessoas se comportem de acordo com as novas regras; seja por meio de campanhas de conscientização, seja por simples repressão ou por alguma combinação desses métodoscomo o ocorrido recentemente na Baixa da Cidade de Maputo, em relação aos retirados desses vendedores da via pública. 9- Validade das Normas Juridicas A Constituição da Republica de Moçambique em seu artigo 4, refere que o Estado reconhece os vários sistemas normativos e de resolução de conflitos que coexistem na sociedade moçambicana, na medida em que não contrariem os valores e os princípios fundamentais da Constituição. Essa garantia constitucional leva o cidadão a procurar saber se uma lei está ou não em vigor e se ela é válida, ou seja, se é oriunda de um órgão ao qual é atribuída autoridade para emitir a lei, e se foi observado o processo adequado para sua produção, pois só assim se poderá crer na obrigatoriedade do cumprimento da mesma por qualquer pessoa. Em uma definição geral ‘validade’ tem como significado a qualidade ou condição de algo que se encontra em condições de produzir os efeitos dele esperado. No âmbito jurídico a validade não possui um significado único e sim aspectos particulares, pelos quais se pode a compreender. Segundo Júnior (2013), a validade será alcançada se a lei foi emanada de órgão competente, o qual deve seguir o modelo adequado, vale dizer, percebe-se que a norma será válida se foi elaborada e aprovada em conformidade com os critérios que disciplinam sua elaboração e integrando o ordenamento será considerada como norma eficaz, porque será capaz de produzir efeitos jurídicos. 19 De acordo com Kelsen (1998), a admissão da existência da norma equivale a afirmar que é ela válida, ou seja, essa norma está a integrar o sistema jurídico e, portanto, deverá ser obedecida dada a obrigatoriedade que a contém. A validade da norma jurídica apresenta também a questão atinente a relação dela com o tempo, pois necessário é saber se ela apenas irá alcançar comportamentos futuros, ou poderá refletir no passado, atingindo actos anteriores a promulgação da tal norma. Quando o ordenamento jurídico não autoriza sejam os actos anteriores a promulgação atingidos, diz-se não haver a retroatividade da norma. Mas quando é admissível o alcance dos comportamentos anteriores a norma, ter-se-á a retroatividade da mesma. 20 10- Conclusão. No final do presente trabalho, podemos concluir que a norma jurídica difere da lei natural, na qual impera o princípio da causalidade refletido nas leis naturais, que servem de explicação das relações necessárias e constantes entre fenômeno ou grupos de fenômenos, já por outro lado temos o mundo da cultura que é explicado por certas leis denominadas sociológicas e dentro deste encontramos as normas jurídicas, que são as reguladoras da conduta humana em sociedade. As várias teorias e perspetivas analisas no presente trabalho, lavam-nos ainda a concluir que Norma jurídica é uma norma de conduta no sentido de que seu objectivo direto ou indireto é guiar o comportamento das pessoas, das comunidades e funcionários no âmbito do Estado e do mesmo Estado na ordem internacional, o conteúdo da norma jurídica é uma relação de justiça, sendo a vocação especial da norma jurídica a realização do Direito. 21 11- Bibliografia COSTA Alexandre Araujo, Introdução ao Direito,- Brasilia: 2001. Recuperado de https://www .bomlivro.com/arquivo/18919117 DINIZ, Maria Helena. Conceito de Norma Jurídica Como Problema de Essência - 5ª Edição 2018. Recuperado de https://www.amazon.com.br DINIZ, Maria Helena – Compêndio de Introdução à Ciência do Direito – 6ª Edição, Atual – São Paulo: Saraiva, 1994. Recuperado de https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br DECRETO 5/2016 de 8 de Março. Aprova o Regulamento de Contratação de Empreitada de Obras Públicas, Fornecimento de Bens e Prestação de Serviços ao Estado. Boletim da República I Série — Número 28 HART, Herbert L. A. O conceito de direito. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2a ed., 1994. Recuperado de https://enciclopediajuridica.pucsp.br KELSEN, Hans. Teoria Geral do Direito e do Estado, 3ª edição, São Paulo: Matins Fontes, 1998. Recuperado de https://enciclopediajuridica.pucsp.br Lei 1/2020 de 12 de Junho. Lei da Revisão Pontual da Constituição da Republica de Moçambique. Boletim da República I Série — Número 115. MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. São Paulo: Martins, 1977. v. 2. Recuperado de https://www.academia.edu JORGE JUNIOR, Nelson. Breve exame sobre a validade das normas jurídicas e sua implicação no sistema do direito positivo. Teresina, 2013. 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