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A RALE BRASILEIRA

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SOUZA, Jessé. A ralé brasileira: quem é e como vive. 2 ed. Belo Horizonte: UFMG, 2016.
	
O livro a Ralé Brasileira: quem é e como vive, aborda de forma clara e acessível a realidade e a discrepância social das classes alta e média em relação a classe menos privilegiada, denominada ralé, na complexa e singular sociedade brasileira. Revela como poderosos interesses políticos e econômicos contribuíram para o atraso social, o abandono e o preconceito dispensado aos pobres. O autor propõe uma crítica ao status quo e a quebra de paradigmas estabelecidos no corpo social brasileiro.
A invisibilidade atribuída aos pobres, intitulado ralé, é consequência da suposição de que os problemas sociais brasileiros estão mapeados e que a desigualdade social é antiga e difícil de ser amenizada. Essa análise superficial impede que os reais problemas e necessidades de milhares de brasileiros sejam atendidas por políticas públicas sociais efetivas. No mundo contemporâneo há o pensamento economicista, onde os indivíduos são percebidos apenas economicamente e exclui-se o contexto social em que estão inseridos. Esse pensamento é validado na sociedade brasileira pela repulsa ao Estado corrupto e transfere para o mercado a solução dos males, tanto econômicos como sociais. A partir das críticas a esse pensamento, o autor afirma que a desigualdade não deve ser medida somente pela renda ou segundo a capacidade de produção, deve-se levar em consideração as circunstancias sociais, emocionais e morais que formam o indivíduo e como isso afeta o seu crescimento pessoal e profissional.
A partir dessa perspectiva o autor afirma que as classes sociais são construídas através de heranças familiares que passam de geração a geração moldando os aspectos emocionais e afetivos dos indivíduos. Há um pensamento estabelecido de que os privilégios de cada classe são transferidos por meio de objetos materiais, porém o autor afirma que o legado mais importante é o imaterial, baseado nos valores e exemplos de conduta de cada família. O contexto familiar é determinante para a criação de pessoas destinadas ao sucesso ou ao fracasso, pois a disciplina, a capacidade de concentração e o autocontrole são heranças deixadas aos seus descendentes pela classe alta, detentora do poder econômico, e pela classe média detentora do capital cultural, esses valores proporcionam os privilégios que essas classes detém. Os indivíduos, que não obtiveram a oportunidade de nascer nas classes alta e média, estão fadados ao fracasso por terem famílias desestruturadas e condições econômicas precárias que dificultam a apropriação do conhecimento, sendo assim, a ralé está destinada a trabalhos braçais que exigem pouco intelecto e por consequência, a remuneração recebida não atende as suas necessidades básicas. Neste contexto perpetua-se a criação e manutenção de uma classe de perdedores, vítimas do abandono político do Estado e da sociedade.
Devido a poderosos interesses econômicos e sociais a ralé continua destituída de capital econômico e cultural, condicionada a humilhação e a opressão. A sociedade brasileira não enxerga esse cenário e por conta disso os miseráveis, quando são percebidos, estão atrelados a violência como um conjunto de indivíduos carentes e perigosos, tratados por temas de discussões superficiais que contribuem para o desconhecimento do grande drama histórico da nossa sociedade: a existência de uma classe excluída de todas as oportunidades materiais e culturais. O autor por meio dos seus argumentos, descritos no livro, busca estimular a compreensão crítica dos problemas sociais, possibilitando um debate público relevante para a sociedade, das questões ligadas ao contraste existente entre as classes sociais brasileiras e de como esse contexto afeta o presente e o futuro do País. 
A obra fornece uma análise crítica da sociedade brasileira que possibilita a reflexão das condições em que vive a ralé e como essa classe é invisível a sociedade brasileira. Com estilo claro e objetivo, o livro é de grande auxilio para entender e perceber a desigualdade social que assola o País e estimula uma reflexão crítica sobre o ódio e rejeição ao pobre. Com a leitura dessa obra podemos desenvolver instrumentos indispensáveis para um debate público significativo, sem superficialidade, que fomente mudanças nas políticas públicas sociais e econômicas, promovendo a equidade social.
Jessé Souza é sociólogo, pesquisador e professor universitário, atua nas áreas de Teoria Social. Doutor em Sociologia pela Universidade de Heidelberg, Alemanha, Pós-Doutor pela Universidade de Bremen, Alemanha e pela New School for Social Research, em Nova York. Livre-Docente pela Universität Flensburg, Alemanha, foi presidente do IPEA entre 2015 e 2016 e atualmente é Professor Titular de Sociologia da Universidade Federal do ABC – UFABC. Autor de 15 livros que abrange, em quase sua totalidade, o pensamento social brasileiro, estudos teóricos e empíricos sobre desigualdade e classes sociais no Brasil contemporâneo.
Hercia Simone Palhano Oliveira Pereira acadêmica do Curso de Psicologia da Universidade Santo Amaro (UNISA).
UNIVESIDADE SANTO AMARO
Curso De Psicologia 
	
Hercia Simone Palhano Oliveira Pereira RA 4094395
RESENHA ACADEMICA CRITICA DO LIVRO “A RALÉ BRASILEIRA: QUEM É E COMO VIVE”
	
SÃO PAULO
2018

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