Folha da fortuna

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UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE - UNIVILLE 
 CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 
ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS DE UMA POPULAÇÃO DA FOLHA DA FORTUNA
 (Bryophyllum calycinum Salisb; Crassulaceae)
CAMILA KRICHESKI
 EDILAINE GIACOMASSA
 LUANA LOBEMEYER 
PROFESSOR(A) CYNTHIA HERING RINNERT
BIOGEOGRAFIA
 JOINVILLE, SC
2020
CAMILA KRICHESKI
 EDILAINE GIACOMASSA
 LUANA LOBEMEYER 
 
ASPECTOS BIOGEOGRÁFICOS DE UMA POPULAÇÃO DA FOLHA DA FORTUNA
 (Bryophyllum calycinum Salisb, Crassulaceae)
Trabalho de pesquisa apresentado ao curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE – como requisito parcial da disciplina de Biogeografia, sob orientação da professora Cynthia Hering Rinnert.
Joinville, SC
2020
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	4
2.	FOLHA DA FORTUNA (Bryophyllum calycinum Salisb.)	5
2.1. Classificação Ciêntífica	5
2.2. Características Biológicas	5
2.3. Características Ecológicas	6
2.4 Característica Econômicas	6
3.	METODOLOGIA	7
4.	RESULTADOS E DISCUSSÃO	9
5.	CONSIDERAÇÕES	12
REFERÊNCIAS	13
 
1. INTRODUÇÃO
As plantas têm um papel fundamental para a sobrevivência na Terra, além de serem fonte de alimento, nos fornecem diversos outros recursos, como fibras para vestuário, combustível, madeira para mobiliário, substâncias para medicamentos, especiarias para a culinária, e o mais importante de tudo, o oxigênio do qual precisamos para sobreviver (EVERT; EICHHORN 2014).
O estudo das plantas se faz necessário para que se possa entender seus métodos de sobrevivência e adaptações, além de sua extrema importância no campo da medicina, auxiliando na qualidade de vida humana.
A família crassulaceae abrange 30 gêneros e 1400 espécies cosmopolitas, sendo que essas espécies apresentam ampla utilização como plantas ornamentais. São plantas herbáceas ou sub-lenhosas que podem atingir até um metro de altura, principalmente durante sua floração (LORENZI; MATOS, 2002).
 A planta Bryophyllum pertence à família Crassulaceae, e tem como sinônimo o nome científico Kalanchoe pinnata e Bryophyllum Calycinum Salisb. É conhecida popularmente como coirama, folha-da-fortuna, saião e erva-da-costa. Esta planta é muito encontrada em países com clima tropical, nativa da África e amplamente disseminada no Brasil apresentando facilidade de adaptação climática e pelo seu caráter invasor. A espécie é muito utilizada em medicina popular em alguns países, como Brasil, Índia, África, Irlanda, para o tratamento de diversas doenças. Por seu grande interesse e procura, ela tem sido muito cultivada (FORTE et al.; 2007).
 Neste contexto, o presente estudo tem como objetivo, analisar os aspectos biogeográficos de uma população da folha da fortuna (Bryophyllum calycinum Salisb.), localizada na região sul do país, no estado de Santa Catarina, no município de Joinville e São Bento do Sul durante um período de oito meses (de abril a novembro de 2020). Devido a esta população depender do solo e luz, optou-se pelo o seu estudo, haja visto a garantia de sobrevivência destes organismos durante o período de estudo mencionado e por viverem em uma área delimitada, facilitando em determinar quantos indivíduos pertencem a esta população e possibilitando acompanhar o desenvolvimento dos organismos de forma individual. Este é um estudo inicial, que irá contemplar a interferência de fatores abióticos (condições físicas) na população da folha da fortuna.
2. FOLHA DA FORTUNA (Bryophyllum calycinum Salisb.)
Bryophyllum calycinum Salisb. pertencentes à família Crassulaceae, desenvolvem pequenos propágulos nas margens das folhas. Cada um deles é uma planta em miniatura, que, quando cai no solo, dá origem a uma planta adulta. As espécies do gênero Bryophyllum, plantas inteiras se desenvolvem a partir de um grupo de células localizadas na borda de folhas adultas (CAZOTO, 2009).
2.1. Classificação Ciêntífica
Reino: Chlorobionta
Divisão: Charophyta
Classe: Embryopsida
Subclasse: Magnoliidae 
Família: Crassulaceae 
Gênero: Bryophyllum
Espécie: Bryophyllum calycinum Salisb.
Nome popular: Folha da fortuna
2.2. Características Biológicas
Bryophyllum calycinum Salisb. possui características herbáceas e cresce a uma altura de 30 cm a 1 m. As folhas são esparsamente ramificadas, ovais ou obovadas, em oposição às suculentas, pecioladas e com crenação (C.SOUZA & LORENZI, 2019);(FERREIRA, et al.; 2018).
É uma planta semi lenhosa perene, carnosa e glabra desprovida de pelos, rústica e resistente, com talo simples e ereto, castanho pardo, e caules mais velhos de cor clara e os mais jovens avermelhados com máculas brancas. A parte que mais se destaca são suas folhas, pois elas são consistentes, decussadas, sendo que as inferiores são mais simples e as superiores podem ser tri, penta ou heptafoliadas, com pecíolo longo, medindo até 5 cm, folíolos oblongos, ovados ou elípticos, obtusos, crenados, sendo o terminal mais comprido que os laterais. As flores são hermafroditas, tubulosas, pêndulas, mono pétalas, de cor verde pálido ou amarelo avermelhadas (NASCIMENTO, 2014).
2.3. Características Ecológicas
Nascimento (2014) menciona que quando as folhas Bryophyllum calycinum Salisb. de são cortadas, ou mesmo fragmentadas, abandonadas sobre o solo ou pregadas nas paredes das habitações, emitem raízes e logo surgem novos brotos adventícios. No frio, requer mais calor do que a maior parte das plantas suculentas, resiste a temperaturas mais baixas se o solo e o ambiente estiverem secos e é bastante tolerante à qualidade do solo e aceita bem a água.
2.4 Característica Econômicas
A planta de Bryophyllum calycinum Salisb. possui atividade anti-infecção, adstringente, anti-séptica, hemostática, refrigerante, emoliente, contra-irritativa mucilaginosa, vulnerável, depurativa, anti-inflamatória, desinfetante e tônica e antimicrobiana. Os estudos farmacológicos da planta Bryophyllum calycinum Salisb. demonstraram as propriedades farmacológicas, por exemplo: imunomodulatória, depressora do SNC, analgésica, anti-inflamatória, anti-alérgica, anti-anafilática, antileishmanial, antitumoral, anti-úlcera, anti-bacteriana, antifúngica, antiviral, febrífuga, gastro-protetora, atividade imunossupressora, inseticida, sedativa, relaxante muscular e antimicrobiana, entre outras. (FERREIRA, et al.; 2018)
3. METODOLOGIA 
 A Área de estudo da população da folha da fortuna da espécie Bryophyllum calycinum Salisb. foram realizados em dois Municípios: Joinville e São Bento do Sul no estado de Santa Catarina, na região sul do Brasil (Figura 1).
 A cidade de São Bento do Sul localiza-se no planalto Norte de Santa Catarina, e limita-se diretamente com os municípios de Rio Negrinho a oeste, Jaraguá do Sul a sudeste, Corupá a sul e sudeste, Campo Alegre a nordeste e o estado do Paraná a noroeste. A altitude em relação ao nível do mar é de 838,39 metros no centro da cidade, de acordo com a RN (referência de nível) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE (2008). A cidade localiza-se em uma região de transição entre o complexo da Mata Atlântica, nas encostas da Serra do Mar e os campos de floresta subtropical de araucárias, tornando sua flora e fauna muito rica em número e variedade de espécies (IBGE, 2008).
 Joinville está localizada na latitude 26° 18' 05'' Sul e na longitude 48° 50' 38'' oeste de Greenwich, na microrregião Nordeste de Santa Catarina. Com uma área de 1.135,05 km² , sendo 212,6 km² na área urbana e 922,45 km² na área rural, faz divisa com Campo Alegre e Garuva ao norte, Schroeder, Guaramirim e Araquari ao sul, São Francisco do Sul ao leste e Jaraguá do Sul ao oeste (GUIA DE SANTA CATARINA, 2010). o clima predominante nessa região é mesotérmico, úmido e quente, sem estações secas, com temperatura média de 22,5°C e precipitação durante todo o ano (MOUGA et al, 2014). A vegetação do município é parcialmente de Floresta Ombrófila Densa, que assume características diferenciadas conforme a altitude, o clima e o tipo de solo da região. Este tipo de vegetação cobria originalmente quase toda a extensãodo município. Atualmente, está restrita aos morros, montanhas e serras e em alguns remanescentes de Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, em altitudes de até 30 m (SEPUD, 2018). Ocorrem também em Joinville diversos outros tipos vegetacionais, como mangue, prados de altitude, campos abertos no topo das montanhas e floresta ombrófila mista (MANCINELLI & ESEMANN-QUADROS, 2016).
 As observações realizadas para a primeira parte do estudo da população, ocorreram durante o mês de abril, em diferentes turnos (manhã, tarde e noite), contabilizando a quantidade de indivíduos. Registros foram feitos a partir de anotações, fotos, com auxílio de aparelho celular, câmera digital e trena para medição dos espaços utilizados pela população.
Figura 1 - Mapa do Brasil, com ênfase no estado de Santa Catarina, no município de Joinville e São Bento do Sul. Verde= Bairro Serra Alta, São Bento do Sul. Vermelho:= Bairro: Aventureiro/Comasa e Azul= Bairro: Paranaguamirim em Joinville.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
 A população observada da folha da fortuna Bryophyllum calycinum Salisb. é composta por (1) indivíduos em São Bento do Sul, (8) Indivíduos no bairro Aventureiro/Comasa e (20) no bairro Paranaguamirim em Joinville (Tabela 1). Sendo (5) indivíduos considerados adultos, (24) Jovens e vários brotos (Tabela 1).
Tabela 1 - Indivíduos da população. Local: (1) Joinville e (2) São Bento do Sul
	Local
	Adultos
	Jovens
	Brotos
	Paranaguamirim (1)
	 2
	18
	n
	Aventureiro/Comasa (1)
	 3
	5
	n
	Serra Alta (2)
	 0
	1
	n
Fonte: Primária (2020)
 A espécie é popularmente conhecida como folha-da-fortuna, coirama. Os indivíduos da população estão em solo arenoso, solo argiloso (Figura 3 e 4) sabe-se que em terrenos pobres em nutrientes, há maior produção de metabólitos secundários, particularmente derivados fenólicos, paralelamente à menor taxa de crescimento. O estresse nutricional usualmente resulta em aumento nas concentrações de metabólitos secundários, tanto que deficiências em nitrogênio, fósforo, enxofre e potássio geralmente resultam em maiores concentrações de substâncias fenólicas, como ácidos fenólicos simples e taninos hidrolisáveis e condensados (GOBBO-NETO e LOPES, 2007).
 
Figura 3 – Local: (A) Serra Alta, São Bento do Sul; (B) Bairro Aventureiro/Comasa, Joinville
Fonte: primária (2020).
Figura 4 - Local: Bairro Paranaguamirim, Joinville. (A) e (B) Indivíduos adultos, (C) e (D) Indivíduos jovens.
Fonte: primária (2020).
 Sob o aspecto da morfologia das plantas, as mudas submetidas à sombra (Figura 4d) apresentaram-se mais viçosas, de folhas com coloração verde-escura, levemente dobrada e com suas bordas serrilhadas. Diferentemente, as mudas submetidas à luz apresentaram folhas de coloração verde-amareladas, mais serrilhadas, com bordas avermelhadas, e nitidamente mais fechadas (Figura 4) que as plantas de sombra, provavelmente é uma adaptação em resposta à exposição solar direta (VILELA e RAVETTA, 2000). 
Figura 5 – Amplitude geográfica e desenho da espécie 
Fonte: primária (2020).
 As plantas, submetidas ao tratamento em sombra, desenvolveram-se nitidamente melhor que as plantas em tratamento com exposição à luz solar direta. Os principais fatores ambientais que influenciam no crescimento das plantas são: a luz, os nutrientes minerais e a temperatura (VILELA e RAVETTA, 2000). (Figura 5) Dentre os fatores abióticos que afetam a fisiologia e a morfologia dos vegetais, a luz tem sido apontada como um dos mais importantes no crescimento das plantas e na influência direta da biossíntese dos metabólitos secundários, assim como a composição do solo onde são cultivadas (GOBBO-NETO e LOPES, 2007; CARON et al., 2014).
5. CONSIDERAÇÕES
 Podemos concluir pela análise de aspectos biogeográficos da população da folha da fortuna (Bryophyllum calycinum Salisb.) possui ampla capacidade de adaptação climática, sendo particularmente a condição de pleno sol a melhor para seu desenvolvimento. A espécie possui grande tolerância à seca, devido a sua característica às suas folhas, que oferecem grande potencial de armazenamento de água e alta taxa de reprodução vegetativa, formando brotos em suas folhas que com facilidade formam novos indivíduos e depende de um solo mais arenoso para o crescimento.
REFERÊNCIAS
C.SOUZA, Vinicius.; LORENZI, Harri. Botânica Sistematica. 4a ed.Local: Editora Plantarum. 2019.
CARON, B. O.; SANTOS, D. R.; SCHMIDT, D.; BASSO. C. J.; BEHLING, A.; ELOY, E. & BAMBERG, R. Biomassa e Acúmulo de Nutrientes em Ilex Paraguariensis A. St. Hil. UFSM. Ciência Florestal, v. 24, n. 2, p. 267-276, Santa Maria. 2014. 
CAZOTO, J. L. Estudo morfo-anatômico e análise da expressão gênica durante a reprodução vegetativa em Bryophyllum tubiflorum e Bryophyllum pinnatum (Crassulaceae). Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Biologia, Campinas, SP. 2009. Disponível em: <http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/315304>. Acesso em: 22 mai. 2020.
EICHHORN, S. E; EVERT, R. F. Biologia vegetal. 8. ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro. 2014.
FERREIRA, R. G; FERNANDES, N., & VEIGA-JUNIOR, V. F. Kalanchoe brasiliensis Camb. and Kalanchoe pinnata (Lamk.) Pers. Medicinal and Aromatic Plants of South America. 2018. 265–273 P.
FORTE, T. S.; DIOGO, A. N. M.; MARTINS, R. C. A.; Controle de qualidade: Kalanchoe pinnata (lam.) pers.; Anais da 59ª Reunião Anual da SBPC, 2007.
GOBBO-NETO, L.; LOPES, N. P. Plant fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários medicinais. SBQ. Química Nova, v. 30, n. 2, p. 374-381, São Paulo. 2007.
GUIA DE SANTA CATARINA. Geografia: Cidade de Joinville. Santa Catarina 2010. Disponível em: http://www.guiasantacatarina.com.br/joinville/cidade.php3. Acesso em: 22 mai. de 2020.
IBGE. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Geografia do Brasil: Região Sul. Rio de Janeiro: IBGE, 2008. v.2 419p.
LORENZI, H.; MATOS, F.J.A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Plantarum, 2002. p. 185-186
MANCINELLI, W. S. & K. ESEMANN-QUADROS. Orchidaceae flora of Joinville, Santa Catarina, Brazil. Acta Biológica Catarinense. 2016; 3(1): 36-48.
MOUGA, S.M. D; NETO, N. P; WARKENTIN, M; FERRETTI, V; DEC, E. Comunidade de abelhas (Hymenoptera, Apidae) e plantas associadas em área de mata atlântica em São Francisco do Sul, Santa Catarina, Brasil. Acta biológica catarinense. Santa Catarina. 2014. 13p.
NASCIMENTO, L. C. Bryophyllum calycinum na terapêutica antroposófica. Arte Médica Ampliada. 2014. Disponível em: http://abmanacional.com.br/arquivo/a5ff3644d45f6b479c95f11636165aedba1fb190-34-2-bryophyllum-calycinum.pdf. Acesso em: 21 mai. de 2020.
SEPUD. Aspectos físicos e naturais: Joinville cidade em dados. Prefeitura Municipal de Joinville, Santa Catarina, Brasil. 2018. 297 páginas.
VILELA, A. E.; RAVETTA, D. A. The effect of radiation on seedling growth and physiology in four species of Proposes L. (Mimosaceae). Elsevier. Journal of Arid Environments, v. 44, n. 4, p.415-423. USA. 2000. 
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