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Eletrônica Digital Aula 5 Professor Ederson Cichaczewski Conversa Inicial Olá, seja bem-vindo à quarta aula da disciplina “Eletrônica Digital”! Neste encontro, abordaremos as memórias não voláteis e as voláteis. Veremos também o processo de conversão A/D e D/A e os conversores DAC e ADC. Confira no material on-line a videoaula do professor Ederson. Contextualizando É importante entender os circuitos de memória volátil e não volátil, sua organização e operação, pois são elementos imprescindíveis para o funcionamento dos computadores e dos sistemas computacionais. A interface com o mundo analógico traz a integração dos circuitos digitais com sensores e atuadores, utilizando conversores ADC e DAC. Desta forma, o entendimento dos circuitos de memória e conversores é fundamental para o engenheiro desenvolver projetos de circuitos digitais. Confira no material on-line a videoaula com a contextualização do professor Ederson. Tema 1 - Memórias não voláteis Memória Já vimos os flip-flops que armazenam 1 bit e os registradores, que são um conjunto de flip-flops. Agora, trataremos de dispositivos de memória de alta capacidade. Termos importantes: Endereço (address): posição do dado na memória; Operação de leitura (read): coloca um dado no barramento de saída; Operação de escrita (write): armazena um dado que está no barramento de entrada. Exemplo de diagrama de uma memória que trabalha com dados de 4 bits: Organização 32x4: 32 endereços (5 bits: 25); 4 bits de dados. Também podemos dizer que esta memória trabalha com uma palavra de 4 bits. A capacidade (ou densidade) é o total de bits que a memória armazena. Neste exemplo, a memória tem capacidade de 32 endereços x 4 bits de dados, totalizando 128 bits. Quando os dados são representados com 8 bits, temos 1 byte de dados. Se falarmos em uma capacidade maior, uma outra memória de 4K bytes, por exemplo, devemos interpretar esta informação da seguinte forma: 4K é igual a 212, que é igual a 4 x 210, que é igual a 4096 endereços; Se a memória armazena 4096 bytes, considerando que 1 byte tem 8 bits, quer dizer que a memória tem 4096 endereços de 8 bits; A capacidade total desta memória é 4096 x 8 = 32.768 bits; Portanto, podemos dizer que esta memória tem uma capacidade de 4K bytes ou de 32K bits. Mapa de memória Em um mapa de memória representamos os bits de dados, que correspondem às células de memória (elementos de armazenamento), e também os bits de endereços de cada conjunto de células de memória, ou seja, de cada palavra (que pode ser de 4 bits, 8 bits, 16 bits etc.). Ao lado você confere o exemplo de um mapa de memória de 4 bits de dados e 5 bits de endereços: Operação de leitura/escrita As memórias possuem uma entrada de controle para que seja informado qual tipo de operação se deseja realizar, se é uma escrita ou se é uma leitura de dados. Entrada de controle de habilitação de escrita (Write Enable): ( ) = 0: escrita. ( ) = 1: leitura. Entende-se que se a escrita está desabilitada, então a leitura está habilitada, não sendo necessário um pino separado de habilitação para cada operação. Memórias não voláteis - memória apenas de leitura (ROM) Usada para armazenar dados que não mudam com muita frequência. Ao tirar a alimentação elétrica do circuito integrado de memória, os dados continuam armazenados para a próxima vez que for alimentado novamente. Fazendo uma analogia com os computadores, é o equivalente ao disco rígido. Diagrama: Organização: Ex.: 16 endereços de 8 bits. Tipos de ROM 1. PROM – ROM programável São memórias que permitem apenas uma gravação, também chamadas OTP (one time programmable). Internamente, possui fusíveis em cada elemento de memória, por padrão os bits são 1, então para programar são queimados os fusíveis onde o dado deve ser 0. 2. EPROM – ROM programável e apagável Pode ser regravada várias vezes. O chip deve ser todo regravado e necessita de uma tensão maior para programar. É apagável por meio de luz ultravioleta (UV) de alta intensidade, por alguns minutos. Possui uma janela de quartzo transparente que expõe seu circuito de silício. Quando a memória estiver em uso, esta janela deve ser coberta. CI comercial: 27C64 (8K x 8). 3. EEPROM (E2PROM) – PROM apagável eletricamente Também pode ser regravada várias vezes e ainda pode reescrever dados individualmente. Não necessita de uma tensão especial para programação nem de luz UV para ser apagada, pois esta operação é realizada eletricamente. 4. Memória FLASH Semelhante à E2PROM, mas com velocidade maior de apagamento, escrita e leitura. Sua tecnologia permite maior capacidade de armazenamento. Por ser mais rápida, tem a denominação de “Flash”. Tecnologias de memória FLASH NOR: primeiros dispositivos como evolução da EEPROM, permitem apagamento em blocos. Têm alta velocidade de acesso aleatório, usada como memória de programa. Por exemplo, pode ser usada para armazenar o BIOS de uma placa-mãe de computador ou o firmware do microcontrolador de um sistema embarcado. NAND: maior capacidade, contudo mais lenta, por fazer o armazenamento em setores. Usada para armazenamento em massa de dados, como fotos, músicas etc. Tem um custo menor que a FLASH NOR. É a memória dos Flash Drives USB, conhecidos como pendrives. Para mais informações sobre a memória não volátil, confira no material on-line a videoaula do professor Ederson. Tema 2 – Memórias voláteis RAM – Memória de acesso aleatório (volátil) Características: Armazenamento temporário; Perde o seu conteúdo quando a energia é interrompida; Mais rápidas que as ROM e FLASH; Consumo de energia é pequeno; Mesma arquitetura das ROM: o Operação de leitura; o Operação de escrita; o Entradas de endereço; o Entradas de dados; o Saídas de dados; o Entradas de controle. RAM estática (SRAM) Constituída essencialmente de flip-flops. É o tipo mais rápido de memória, usada na memória cache do processador. Possui uma estrutura interna complexa, não permitem grande capacidade e tem alto custo. Uma das suas principais características é o tempo de acesso, que é o intervalo entre a leitura de um endereço e a disponibilização dos seus dados na saída. Normalmente o tempo de escrita é igual ao tempo de leitura. Tempo do ciclo de leitura (tRC); Tempo do ciclo de escrita (tWC). Abaixo temos alguns exemplos de tempos de escrita e leitura de chips de memória: CI comercial: MCM6264. Tempo de acesso: 12ns. 8192 endereços x 8 bits. RAM dinâmica (DRAM) Constituída essencialmente de capacitores MOS, é uma memória de velocidade moderada, que possibilita maior capacidade e menor custo que a SRAM. É o chip que vai nos pentes de memória do computador, a RAM em si dos computadores. Necessita de recargas periódicas dos capacitores, ou seja, refresh, para não perder os dados. O intervalo de refresh é em torno de 2 ~ 8 ms. Possuem um consumo de energia mais baixo que as SRAM. Estrutura interna da DRAM Ex.: 16K x 1 (16384 endereços de 1 bit) Multiplexação de endereço Com o aumento da capacidade da memória, é necessário aumentar as linhas de endereço. Para reduzir o número depinos, é feita a multiplexação do barramento de endereços de linhas e colunas, ambos usam os mesmos pinos de entrada, e pinos de controle fazem o chaveamento. O endereço é lido em duas etapas. ( ): strobe do endereço da linha; ( ): strobe do endereço da coluna. A barra sobre o nome do pino significa que este é ativo em nível baixo. O diagrama abaixo apresenta um exemplo de dois momentos, sendo no primeiro momento t1 é feita a leitura do endereço da linha, e no segundo momento t3 é feita a leitura do endereço da coluna. Multiplexador externo Quando o barramento de endereços do processador é maior que o da memória, é necessário o uso de um multiplexador externo, para então controlá-lo. Tecnologias DRAM DRAM FPM: fast page mode – acesso mais rápido dentro de uma página (endereços que tem os bits mais significativos iguais); DRAM EDO: extended data output – permite decodificar um novo endereço enquanto os dados de saída são lidos; SDRAM: síncronas – possui circuitos internos complexos que gerenciam a forma de transferir os dados mais rapidamente; DDR SDRAM: dupla taxa de dados – transfere dados nas bordas de subida e descida do clock do sistema. DDR2 usa buffers para taxas 4x mais rápidas. DDR3 chega a taxas 8x mais rápidas. Para mais informações sobre as memórias voláteis, confira no material on-line a videoaula do professor Ederson. Tema 3 – Conversão A/D e D/A Interface entre o mundo analógico e o digital Uma quantidade analógica pode assumir qualquer valor ao longo de uma faixa contínua. Normalmente, os circuitos digitais são usados para ler e condicionar informações analógicas de grandezas físicas, como temperatura, humidade, peso, força, vazão, iluminação etc. O conversor analógico-digital (A/D ou ADC) faz a conversão de um valor em tensão, proporcional à grandeza medida, em um valor digital, com um determinado número de bits de resolução. Muitas vezes é necessário o circuito digital devolver alguma informação para o mundo analógico, como um áudio, um nível de luz etc. O conversor digital-analógico (D/A ou DAC) faz a conversão de um valor binário para um valor em tensão. O diagrama abaixo apresenta um sistema que faz a leitura de um sinal analógico com um conversor ADC, convertendo-o para digital. Ele realiza algum processamento em um sistema digital e, com um conversor DAC, converte novamente o sinal para analógico, com o objetivo de controlar algum atuador, por exemplo. Processos de conversão Transdutor + sensor: o transdutor converte uma grandeza física em grandeza elétrica. O sensor consiste no transdutor + um circuito de condicionamento de sinal que fornece um nível de tensão compatível com o conversor A/D; Conversor A/D: fornece uma saída binária para valores analógicos em passos proporcionais ao número de níveis correspondentes ao número de bits do conversor. Por exemplo: para um sinal de tensão máxima de 5 V, um conversor A/D de 8 bits irá ler 256 níveis, ou seja, 5 V/256 = 19,5 mV para mudar 1 bit; Processador: sistema digital que irá realizar operações com os dados adquiridos; Conversor D/A: recebe os dados digitais do processador e converte para um valor de tensão proporcional à resolução em bits. Segue o mesmo cálculo do conversor A/D; Atuador: dispositivo analógico que irá regular a intensidade de uma lâmpada, reproduzir um som, controlar uma temperatura etc. Ao longo do tempo: Sinal analógico: contínuo; Sinal digital: discreto. Para mais informações sobre a conversão A/D e D/A, confira no material on-line a videoaula do professor Ederson. Tema 4 – Conversores D/A Conversor D/A (DAC) Converte um valor representado na forma digital em tensão ou corrente proporcional. O valor máximo de tensão da saída do DAC é configurado por meio de um pino de tensão de referência (Vref). Ex.: DAC de 4 bits, saída em tensão. Tabela verdade DAC 4 bits Vref=16V Temos 24 = 16 níveis de saída. Fator de proporcionalidade ou resolução de tensão: Saída analógica = K x entrada digital 16 V = K x 16 K= 1 V Resolução de tensão É a menor variação de tensão na saída analógica em função da mudança de 1 bit menos significativo (LSB) na entrada digital. Também chamada de degrau. Caso a contagem na entrada for crescente do menor até o maior valor, a saída apresenta a forma de uma escada, com um degrau a cada incremento na contagem. Especificações de circuitos DAC: Resolução: 8 bits, 12 bits, 16 bits etc.; Precisão: porcentagem do fundo de escala (% FS). Ex.: para FS=12V e precisão ±0,01%FS, tem-se ±0,01 * 12 = ±0,12V de diferença em relação ao valor esperado; Erro de offset: idealmente, tem-se 0V na saída para uma entrada com todos os bits em 0, mas é possível que a saída apresente uma pequena tensão na ordem de mV, que é o erro de offset; Tempo de estabilização: o DAC não tem entrada de clock, a saída é automaticamente convertida ao nível correspondente à sequência de bits da entrada, levando um certo tempo, em torno de 50ηs a 10µs. DAC Comercial AD7524 Resolução: 8 bits; Saída: em corrente; Tempo de estabilização: 100ηs; Precisão: ±0,2 FS; AOP para converter saída para tensão. Tema 5 – Conversores A/D Conversor A/D (ADC) O princípio da conversão analógico-digital é converter níveis de tensão em números binários. Combinações de números binários: 1 bit: 0, 1; 2 bits: 00, 01, 10, 11; 3 bits: 000, 001, 010, 011, 100, 101, 110, 111 e assim por diante... Uma sequência de 8 bits permite 256 combinações diferentes. O conversor A/D irá dividir a amplitude em volts, no caso de 0 a 5 volts, no número de combinações possíveis relacionadas ao número de bits. O processo de conversão A/D é mais demorado que o D/A. Especificações de um ADC Resolução: número de bits; Erro de quantização: diferença entre o valor real analógico e o valor digital associado. Dado em relação ao valor de tensão equivalente a um bit menos significativo (LSB). Ex.: se 1 LSB é igual a 10mV, um erro de ½ LSB resulta em uma saída entre 5mV e 15mV; Tempo de conversão: o conversor A/D necessita de um sinal de clock. O tempo de conversão é dado em função da quantidade de bits e do tempo de um pulso de clock: tConv = (2N-1) * tclock. Ex.: p/ ADC de 10 bits e 1MHz de clock, tConv = (210-1) * 1µs = 1023µs. Aquisição de dados É o processo pelo qual um dispositivo computacional adquire um sinal analógico e o digitaliza. Um ponto adquirido do sinal analógico se chama amostra, portanto, o processo de adquirir este ponto chama-se amostragem. Frequência de amostragem FS é a taxa em que as amostras são adquiridas por segundo. Se o sinal for periódico, para uma aquisição sem perda de informação a frequência de amostragem deve ser maior do que 2 vezes a frequência do sinal (teorema de Nyquist). Para que o ADC adquira um sinal com características mais próximas do real, é necessária uma resolução com muitos bits e também uma conversão rápida, para possibilitar uma maior frequência de amostragem. Reconstrução do sinal Usa-se um DAC com a mesma resolução em bits. Usa- se um filtro passa baixa para remover as transições abruptas (degraus), que correspondem a altas frequências. Isso deixa o sinal mais próximo do seu formato original. ADC Comercial:ADC0804 Resolução: 8 bits (256 níveis); Resolução de tensão: 19,5mV; Tempo de conversão: 100µs; Precisão: ± ½ LSB; FS: 5V. Para mais informações sobre os conversores A/D, confira no material on-line a videoaula do professor Ederson. Trocando Ideias O entendimento sobre os tipos de memórias é imprescindível para o desenvolvimento de sistemas digitais e computacionais, visto que a memória de dados e de programa fazem parte das arquiteturas desses sistemas. É muito comum nos referirmos à quantidade de memória de programas, como o disco rígido de um computador, ou à memória FLASH e RAM de um smartphone, que são características de decisão de compra, inclusive porque quanto mais memória, melhor será o desempenho do dispositivo. O mundo analógico também está presente no dia a dia das pessoas, também incorporado aos dispositivos computacionais. Um smartphone, por exemplo, pode possuir um sensor de iluminação, que vai controlar automaticamente o nível de brilho do LCD. Todo este processo envolve a conversão A/D da intensidade luminosa, o processamento desta informação e a atuação no controle de brilho do display. Na Prática Para consolidar os conhecimentos desta aula, vamos tratar do conversor A/D com “sample and hold” (S/H), que significa amostragem e retenção, um tipo especial de ADC que possui uma simples memória integrada, baseada em capacitor. Em um conversor A/D sem S/H, o sinal é adquirido em determinados instantes de tempo, conforme o gráfico abaixo: Em um conversor A/D com S/H, o sinal é adquirido em determinados instantes de tempo e tem seu nível armazenado, ficando constante até a próxima amostragem, conforme o gráfico abaixo: Esta característica permite que o valor amostrado do sinal não sofra uma possível variação entre uma amostragem e outra enquanto o sinal é efetivamente convertido para digital, evitando erros no processo de conversão. A figura abaixo apresenta um diagrama simplificado do circuito de S/H, onde podemos ver o capacitor que armazena o nível do sinal analógico: AI: entrada do sinal analógico; AO: saída do sinal analógico constante; C: controle do tempo de amostragem. Síntese Nesta aula, trabalhamos com memórias ROM e RAM, compreendemos a interface com o mundo analógico, por meio dos circuitos conversores DAC e ADC. O bom entendimento desta aula é fundamental, visto que trata dos circuitos integrados de memória e interface com o mundo analógico. Confira no material on-line o vídeo de síntese do professor Ederson. Referência TOCCI, R.; WIDMER, N. S. Sistemas Digitais – Princípios e Aplicações. 11. ed. São Paulo: Pearson, 2011.
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