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la vie devant soi

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INTRODUÇÃO 
Este trabalho empreende-se numa tradução da obra de Romain Gary, La Vie 
Devant Soi (A vida diante de si). A essência desse trabalho perpassa um viés da 
tradução concebida como recurso fundamental da continuidade da obra. Para 
compreender o conjunto de funções que regem a tradução é necessário retomar a teoria 
do texto na esfera da linguística textual. O texto é uma unidade sócio comunicativa, 
semântica e formal. 
O texto pode ser concebido como resultado parcial de nossa atividade 
comunicativa, que compreende processos, operações e estratégias que tem lugar na 
mente humana, e que são postos em ação em situações concretas de interação social. O 
texto exige a realização de uma série de atividades cognitivo-discursivas que vão dotá-
lo de certos elementos, propriedades ou marcas, os quais, em seu inter-relacionamento, 
serão responsáveis pela produção de sentidos. 
Julia Kristeva (apud Samoyault 2008, p.14), crítica literária francesa, concebe o 
texto como “um aparelho translinguístico que redistribui a ordem da língua, 
relacionando uma palavra comunicativa que visa à informação direta com diferentes 
enunciados anteriores e sincrônicos”. Se o texto é uma unidade linguística, e cada língua 
constitui uma visão de mundo diferenciada e única a que só se pode ter acesso por via 
dessa mesma língua e nenhuma outra, como é possível traduzir um texto de uma língua 
para outra? 
Diz Schleiermacher [...] cada homem está sob o poder da língua que ele fala; ele 
e seu pensamento são produtos dela. Ele não pode pensar com total determinação nada 
que esteja fora dos limites da sua língua” (p.238). 
Pode-se compreender uma ideia, mesmo que não se tenha uma palavra 
específica para ela. E, além disso, a língua está sempre evoluindo seja no contato com 
outras línguas, seja pelo caminho natural da sociedade. 
A tradução assume outras proporções do que meramente transpor de uma língua 
a outra. Traduzir é a maneira mais atenta de ler, é quando se pensa e repensa sobre as 
palavras, se busca interpretá-las e substituí-las. Traduzir é, pois, um ato hermenêutico. 
Vários motivos podem influenciar a tradução como questões culturais, a 
interpretação do leitor/tradutor e as influências que o autor sofreu. Embora existam 
diversas abordagens sobre a tradução, diversos autores como Schleiermacher e Berman 
entre outros concordam que quando se pensa na tradução, pensa-se já submerso na 
consideração comum desta prática, a de uma “prática puramente intuitiva – meio 
técnica, meio literária, não exigindo no fundo nenhuma teoria, nenhuma reflexão 
especifica”. 
Pode-se dizer assim que, sobretudo, a tradução ilustra o conhecimento de mundo 
do tradutor, e como esse fator influencia no nível de interpretação de um texto. É de 
suma importância para existência da obra literária empregar-se esse recurso, tradução, 
pois toda aprendizagem passa necessariamente pela tradução. Mais que isso: não há 
atividade Linguística sem tradução, já que a tradução é parte constitutiva da produção 
de sentido de um texto. Assim, é por meio da tradução que conhecemos coisas novas e 
enriquecemos nossa cultura. 
Sendo assim, este trabalho tem como finalidade apresentar a tradução parcial da 
obra La Vie Devant Soi, com pretensões de conceituar a tradução e compreender a 
importância dessa prática no âmbito do universo literário. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
La Vie Devant Soi 
Esta seção destina-se a apresentar uma síntese da obra La Vie Devant Soi. Faz-
se necessário, antes de iniciar a análise do livro, conhecer o escritor e os fatores que 
influenciaram a sua obra. 
Romain Gary, famoso escritor francês do Séc. XX, o autor da icônica frase 
“Sans imagination, l´amour n´a aucune chance” (sem imaginação, o amor não tem 
nenhuma chance). Romain Gary é, na verdade, Roman Kacew, filho de judeus e que 
cresceu na Lituânia. Nunca conheceu o pai, o sobrenome foi herdado do segundo 
casamento da mãe. Aos 11 anos, viu o padrasto deixar a família e, aos 14, foi morar na 
França com a mãe. Abandonou o “Kacew” e adotou o “Gary” quando escapou da 
França ocupada por tropas estrangeiras para se juntar ao exército inglês e lutar contra a 
Alemanha na 2ª Guerra. 
Seu primeiro romance foi lançado em 1945 e ele acabou se tornando um dos 
escritores mais populares da França, tendo publicado inclusive alguns livros sob o 
pseudônimo de Émile Ajar, além de um como Fosco Sinibaldi e outro como Shatan 
Bogat. E é justamente a esse amontoado de pseudônimos que Gary deve a honra de ter 
sido o único escritor a receber duas vezes o prêmio Goncourt, concedido anualmente ao 
autor do melhor livro de língua francesa. Ele ganhou pela primeira vez por Les racines 
du ciel, e pela segunda com La vie devant soi, publicado sob pseudônimo de Émile 
Ajar. A Academia concedeu o segundo prêmio sem saber a verdadeira identidade do 
autor e boatos sobre o caso começaram a circular. O mais famoso atribuía a autoria 
de La vie… a um primo de Gary. A verdade só apareceu no póstumo Vida e morte de 
Émile Ajar. Gary casou e separou duas vezes, primeiro com Lesley Blanch, editora 
daVogue, e depois com a atriz americana Jean Seberg. Depois do suicídio de Jean, 
Gary também matou-se com um tiro de espingarda em 1980, mas fez questão de deixar 
um bilhete dizendo que sua morte nada tinha a ver com o suicídio da ex-esposa 
e confirmou que ele era mesmo Émile Ajar. A nota terminava assim: “Me renovar, 
renascer, ser outra pessoa, foi sempre a grande tentação da minha existência”. 
Gary conheceu a glória do reconhecimento público pela sua extensa obra 
literária, e viveu o glamour de Hollywood como diretor de cinema. Fatos que não foram 
suficientes para fazê-lo encontrar motivos para viver. A biografia deixa entrever a 
angustiante busca do autor por uma identidade, a tentativa frustrada em esconder-se 
atrás de pseudônimos, o inatingível Ideal do Eu, a mortífera melancolia. Uma biografia 
muito interessante e que suscita àqueles que se interessam pela identidade da obra La 
Vie Devant Soi, uma inevitável tentação em ligar fatos da vida do escritor a conceitos 
de sua obra. 
La Vie Devant Soi, escrito em 1975 é um romance recheado de recursos 
estilísticos, construído transversalmente por um enredo rico, denso e perpétuo, com 
paradigmas que moralizam a narrativa do romance, já que há uma genial subversão dos 
códigos linguísticos, pois o narrador-personagem Momo, é uma criança não-
escolarizada, com vocabulário peculiar, assim como seu conhecimento de mundo. 
Momo é uma criança em seu estado de espirito mais puro, uma criança que não 
aprendeu a domar seus instintos, onde vivifica a inocência misturada com uma 
maturidade forçada. 
A história é marcada por conflitos religiosos, preconceitos sociais e culturais. 
Momo, um órfão árabe de 11 anos, filho de prostituta, criado por Madame Rosa, judia, 
ex-prostituta e sobrevivente de Auschwitz, que cuida de outras crianças que também são 
filhos de prostitutas. O livro é de um humor trágico, uma angústia imperativa, mas 
sobretudo uma linda história de amor de um garotinho (Momo) por uma velha doente 
(Madame Rosa) que vive no bairro pobre de Belleville. 
Aqui não foi feita uma análise exaustiva sobre a obra, pois não é essa a intenção 
do trabalho, mas sim mostrar trechos traduzidos, por isso é irrelevante que as 
personagens de quem o escritor se ocupa tenham tido ou não existência autêntica, o que 
importa é o que elas representam— como metonímia para toda a literatura. Gary, por 
meio da sua obra transpôs para a realidade referencial o que é do domínio alegórico do 
realismo moderno. Daí serem personagens quaisquer da vida quotidiana no seu 
condicionamento às circunstâncias sociais e culturais, objetos de representação séria, 
problemática e até trágica que tornam-se símbolo da importância da literatura na 
construção do mundo. Assim sendo, foi possível observar que temas atemporais e 
históricosinerentes à natureza humana são tratados em grandes obras literárias. 
 
 
TRADUÇÕES 
La Vie Devant Soi (A vida Diante de Si) — Romain Gary (Émile Ajar),1975. 
La première chose que je peux vous dire c’est qu’on habitai au sixième à pied et 
que pour Madame Rosa, avec tous ces Kilos qu’elle portait sur ellle et seulement deux 
jambes, c’était une vraie source de vie quotidienne, avec tous les soucis et les peines. 
Elle nous le rappelait chaque fois qu’elle ne se plaignait pas d’autre part, car ele était 
également juive. Sa santé n’étai pas bonne non plus et je peux vous dire aussi dès le 
dèbut que c’était une femme qui aurait mérite um ascenseur. 
Je devais avoir trois ans quando j’ai vu Madame Rosa pour la première fois. 
Avant, on n’a pas de mémoire et on vit dans l’ignorance. J’ai cesse d’ignorer à l’âge de 
trois ou quatre ans et parfois ça me manque. 
Il y avait beaucoup d’autres Juifs, Arabes et Noirs à Belleville, mais Madame 
Rosa était obligée de grimper les six étages seule. Elle disait qu’un jour ele allait mourir 
dans l’escalier, et tous les mômes se mettaient à pleurer parce que c’est ce qu’on fait 
toujours quand quelqu’um meurt. 
 (p.9). 
A primeira coisa que eu posso dizer para vocês é que a gente morava no sexto 
andar e que para Madame Rosa, com aqueles quilos todos que ela pesava e somente 
duas pernas, era um(a) verdadeiro(a) sacrifício/inspiração dia a dia, com todas as 
preocupações e sofrimentos. Ela lembrava a gente disso, sempre que ela não tava 
reclamando de outra coisa, porque ela também era judia. Ainda por cima sua saúde não 
era boa, e eu posso dizer pra vocês também, desde o começo, que era uma mulher que 
merecia um elevador. 
Eu tinha cerca de três anos de idade quando vi Madame Rosa pela primeira vez. 
Antes, não tinha memória e vivia na ignorância. Eu não vivo mais na ignorância desde 
dos três ou quatro anos de idade e às vezes eu sinto falta. 
Havia muitos outros judeus, árabes e negros em Belleville, mas Madame Rosa 
foi obrigado a subir apenas seis andares. Ela dizia que um dia iria morrer nas escadas e 
todos os pirralhos começaram a chorar, porque isso é sempre feito quando alguém 
morre. (p.9). 
J’ai pensé à Madame Rosa, j’ai hésité un peu et puis j’ai demandé: 
— Monsieur Hamil, est-ce qu’on peut vivre sans amour? 
Il n’a pas répondu. Il but un peu de thé de mente qui est bon pour la santé. 
Monsieur Hamil portait toujours une jellaba grise, depuis quelque temps, pour ne pas 
être surpris en veston s’il était appelé. Il m’a regardé et a observé le silence. Il devait 
penser que j’étais encore interdit aux mineurs et qu’il y avait des choses que je ne devais 
pas savoir. En ce moment je devais avoir sept ans ou peut-être huit, je ne peux pas vous 
dire juste parce que je n’ai pas été daté, comme vous allez voir quando on se connaîtra 
mieux, si vous trouvez que ça vaut la peine. 
— Monsieur Hamil, pourquoi ne me répondez vous pas? 
— Tu es bien jeune et quand on est très jeune, il y a des choses qu’il vaut 
mieux ne pas savoir. 
— Monsieur Hamil, est-ce qu’on peut vivre sans amour? 
— Oui, dit-il, et il baissa la tête comme s’il avait honte. 
Je me suis mis à pleurer. 
Pendant longtemps, je n’ai pas su que j’étais árabe parce que personne ne 
m’insultait. On me l’a seulement appris à l’école. Mais je ne me battais jamais, ça fait 
toujours mal quand on frappé quelqu’un. 
(p.11/12) 
Eu pensei em Madame Rosa, eu hesitei um pouco e depois eu perguntei: 
— Senhor Hamil, a gente pode viver sem amor? 
Ele não respondeu. Ele bebeu um pouco de chá de hortelã que é bom para 
a saúde. Sr. Hamil sempre usava um Jellabah cinza, depois de um tempo, não é 
nenhuma surpresa se chamado de jaqueta. Ele olhou e observou me em silêncio. Ele 
deve ter pensado que eu ainda era pequeno e havia coisas que eu não deveria saber. 
Nesse momento eu deveria ter sete anos ou talvez oito, não posso dizer exatamente 
porque não tenho datado meu nascimento, como veremos se vale a pena se conhecer 
melhor. 
— Senhor Hamilpor que você não me responde? 
— Você é muito jovem e quando se é muito jovem, há coisas que é 
melhor não saber. 
— Senhor Hamil, a gente pode viver sem amor? 
—Sim, disse ele, e ele inclinou a cabeça como se estivesse envergonhado. 
Eu comecei a chorar. 
Durante muito tempo, eu não sabia que eu era Árabe, porque ninguém me 
xingava. Só depois que fui para a escola. Mas eu nunca briguei, ainda dói quando se 
bate em alguém. 
(p.11/12) 
Moïse était aussi três irregulier mais là Madame Rosa était coincée parce que 
l’Assistence publique pouvaient pas se faire ça entre Juifs. Pour moi, le mandat de trois 
cents francs arrivait chaque début de mois et j’étais inattaquable. Je crois que Moise 
avait une mère et qu’elle avait honte, ses parentes ne savaient rien et ele était d’une 
bonne famille et puis Moise était blond avec des yeux bleus et sans le nez signalitique et 
c’étaient des aveux spontanés, il n’y avait qu’a le regarder. 
Mes trois cents francs par mois rubis sur ongle infligeaient à Madame Rosa du 
respect à mon égard. J’ allais sur mês dix ans, j’avais même des troubles de précocité 
parce que les Arabes bandent toujours les premiers. Je savais donc que je représentais 
pour Madame Rosa quelque chose de solide et qu’elle y regarderait à deux fois avant de 
faire sortir le loup des bois. C’est ce qui s’est passé dans le petit endroit quando j’avais 
six ans. Vous me dire que je mélange les années, mais ce n’est pas vrai, et je vous 
expliquerai quando ça me viendra comment j’ai brusquement pris um coup de vieux. 
— Écoute, Momo, tu es l’aîne, tu dois donner l’example, alors ne nous 
fais plus le bordel ici avec ta maman. Vos mamans, vous avez la chance de ne pas les 
connaître, parce qu’à votre âge, il y a encore la sensibilité, et c’est des putain comme 
c’est pas permis, on croit même rever, des fois. Tu sais ce que c’est, une putain? 
—C’est des personnes qui se defendente avec leur cul. 
— Je me demande où tu as appris des horreurs pareilles, mais il y a beaucoup de 
vérité dans ce que tu dis. 
— Vous aussi, vous vous êtes défendue avec votre cul, Madame Rosa, quand 
vous étiez jeune et belle? 
Elle a souri, ça lui faisait d’entendre qu’elle avait été jeune et belle. 
(p.22/23) 
Moise também era inconstante, mas Madame Rosa não podia ser presa 
porque o Ministério Público não podia fazer isso entre os judeus. Para mim, mandava 
trezentos francos todo início de mês e eu era intocável. Acho que Moise tinha uma mãe 
e ela tinha vergonha, seus pais não sabiam nada, ela era de boa família, pois Moise era 
loiro de olhos azuis e nariz empinado, ele não tinha quem cuidasse dele. 
Meus trezentos francos por mês infligia a Madame Rosa respeito por mim. Eu 
tinha os meus dez anos, quando sofri preconceitos, porque os árabes eram os primeiros 
a sofre. Então eu sabia que eu representava para Madame Rosa, algo sólido e ela 
pensaria duas vezes antes de colocar o lobo de madeira para fora. Foi o que aconteceu 
quando eu tinha seis anos. Você me diz que eu misturo os anos, mas isso não é verdade, 
e eu vou explicar quando eu de repente tomei uma pancada da velha. 
— Escute, Momo, você é o mais velho, você deve dar o exemplo, não faça daqui 
um bordel como sua mãe. Sua mãe, você tem sorte de não conhecê-la, porque na sua 
idade, ainda há sensibilidade, e ela era puta, o que e não é permitido, a gente acredita 
mesmo nos sonhos, as vezes. Você sabe o que é, uma puta? 
— São as pessoas que se defendem com o rabo. 
— Gostaria de saber onde você aprendeu tais horrores, mas há muita verdade no 
que você diz. 
 — Você também, você se defendeu com seu rabo, Madame Rosa, quando você 
era jovem e bonita? 
Ela sorriu, ao entender que eu sabia que ela era jovem e bonita. 
(p.22/23) 
 Je me suis fait um vrai malheur avec ce chien. Je me suis mis à l’aimer 
comme c’est pas permis. Les autres aussi, sauf peut-être Banania, qui s’enfoutait 
complètement, il était déjà heureux commme ça, sans raison, j’ai encore pas vu um Noir 
heureux avec rasoin. Quand je le promenais, je me sentais quelqu’um parce que j’étais 
tout ce qu’il avait au monde. Je l’aimais tellement que je l’ai même donné. J’avais déjà 
neuf ans ou autor et on pense déjà, à cet âge, sauf peut-être quando on est heureux. If 
faut dire aussi sans vouloir vexer persone que chez Madame Rosa, c’etait triste, même 
quando on a l’habitude. 
 Alors lorsque Super a commencé à grandir pour moi au point de vue 
sentimental, j’ai voulu lui faire une vie, c’est ce que j’aurrais fait pour moi même, si 
c’est était possible. Je vous ferai remarquer que ce n’était pas n’importe qui non plus, 
mais caniche. Il y a une dame qui a dit oh le beau petit chien et qui m’a demande s’il 
était à moi et à vendre. J’ étais mal fringué, j’ai une tête pas de chez nous et ele voyait 
bien que c’etait um chien d’une autre espèce. 
 Je lui ai vendu Super pour cinq cents francs et il faisait vraiment une affaire. 
Alors maintenant je vais vous dire, parce que vous n’allez pas me croire. J’ai pris les 
cinq cents francs et je les aí foutus dans une bouche d’égout 
 (p.25/26) 
 Eu fiz uma verdadeira desgraça com este cão. Eu comecei a amá-lo, como 
não é permitido. Os outros também, exceto, talvez Banania, que não tava nem aí pra 
nada, ele já estava feliz assim, sem motivo, eu nunca vi um preto feliz sem motivo. 
Quando eu passeava com ele, eu me sentia alguém, porque eu era tudo que ele tinha no 
mundo. Eu o amava tanto que eu mesmo dei. Eu tinha cerca de nove anos e já 
pensávamos nessa idade, exceto-talvez, quando estávamos felizes. Também deve ser 
dito, sem querer ofender ninguém, que madame Rosa, era infeliz, como de costume. 
Então, quando Super começou a crescer para mim, de forma sentimental, eu queria dar-
lhe uma vida, era isso que eu faria por mim mesmo, se fosse possível. 
 Gostaria de salientar que não era ninguém, mas um cão. Havia uma senhora que 
disse:-- Oh que bonito cãozinho! E me perguntou se era meu e se estava à venda. Eu 
estava mal arrumado, com aparência de menino de rua, e ela viu bem que era um 
cachorro de raça. 
 Eu vendi o Super por quinhentos francos e foi uma verdadeira desgraça. Agora, 
eu vou te dizer, porque você não acredita em mim. Eu peguei os quinhentos francos e 
joguei no esgoto. (p.25/26) 
ANALISE DAS TRADUÇÕES 
 A leitura de La Vie Devant Soi, oferece ao leitor um mosaico de referências que, 
quando contextualizadas, operam como elemento de unificação em relação a cultura e 
influência do escritor quando traduzidas. Ao iniciar as traduções, não foi pensado em 
nenhuma técnica ou teoria tradutória. A prática da tradução nem sempre concilia com os 
distintos aspecto da tradução. 
Neste trabalho, no seu aspecto mais simplista, foi empregado uma tradução 
que ocorre entre línguas diferentes, a interlíngual. Durante a prática tradutória houve 
uma tentativa de manter a linguagem e as características estilísticas que consagraram a 
obra. Aproximar o texto de chagada-traduzido- ao texto de partida-original, é uma tarefa 
árdua, pois o tradutor deve buscar mecanismos para que a mensagem do texto original 
seja compreendida pelo receptor da língua de chegada. Assim para uma tradução fiel, é 
necessário se aproxima do texto original, pois a tradução palavra por palavra é um erro 
comum que inviabiliza a compreensão da mensagem. 
Ou seja, uma tradução considerável segundo Schleiermacher (1768-1834) 
pode ser domesticadora ou estrangeirizadora, desde que cumpra seus propósitos na 
língua de partida e na língua de chegada. A tradução deve seguir uma linha tênue entre a 
domesticação e a estrangeirização, onde o leitor/tradutor e autor se encontram dentro do 
texto. 
 
 
La Vie Devant Soi foi traduzido em mais de 20 países, foi traduzido em 
português de Portugal em 2011, sob o título Uma vida à sua frente, ganhando também 
uma tradução intersemiótica em 1977, adaptado para o cinema com Madame Rosa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Foi possível constatar, através do trabalho que a tarefa do tradutor é uma tarefa 
árdua e satisfatória pois exige um bom conhecimento de mundo e habilidade para 
interpretar, já que o tradutor é um leitor aprimorado. O trabalho não esgotou as 
possibilidades de relações entre diferentes traduções, pois, ainda que já tenham sido 
feitas oportunas relações e tradução, o obra, assim como a palavra, se renova sempre, 
cada vez que se traduz uma obra, algo novo deve saltar aos olhos e deve-se ler como se 
fosse a primeira vez.

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