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• lU[NJ[VJERS][OADlE SÃo lFRANC][SCO -lP'AR1[ CURSO DJE DlfRJE1[TO DJ[lRJElfTO PENAlL J[J[J[- "'DAS PlENAS" lP'lr<odF. lEsp. RONY A. lHflERGlERT Alu~~::J~ RA: 5~moo,Q8'3. 6° F 2008/2° Foto da Capa: "Calabouço de Pedra", ih http://www.fotosearch.com.br/BOX244/bxp42036/ H467d HERGERT, Rony Aliberti Das penas / Rony Aliberti Hergert - SãoPau!o: USF,2008. 65 p. Bibliografia. I. Dosimetria 2. Pena privativa de liberdade 3. Pena restritiva de direitos 4. Pena de multa 5. Pena substitutiva 6. Regime de cumprimento de penal. Título. 11. Universidade São Francisco. L CDU : 343.244"---------' http://www.fotosearch.com.br/BOX244/bxp42036/ SUMÁRIO ABREViATURAS I NOTA EXPLICATIVA .. 11 AGRADECIMENTOS e DEDICATÓRIAS , 111 RESUMO ...•.................................... : : IV SEÇÃO 1- INTRODUÇÃO 01 . SEÇÃO 11- PENAS PRIVATIVAS DE LIBERDADE 03 SEÇÃO 111- PENAS RESTRITIVAS DE DIREITOS 13 SEÇÃO IV -- MULTA , 21 SEÇÃO V - APLICAÇÃO DA PENA - CONCEITOS 24 SEÇÃO VI - DOSIMETRIA 28 SEÇÃO VII - CONCURSO DE CRIMES 39 SEÇÃO VIII- SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA 45 SEÇÃO IX - LIVRAMENTO CONDiCiONAL 49 SEÇÃO X - EFEITOS DA CONDENAÇÃO 52 SEÇÃO XI- REABILITAÇÃO 62 REFER ÊNCIAS .............................•................................................................. 65 ",BREVIATURAS => - decorrência @ - copyrighf S - parágrafo SS - parágrafos art. - artigo arts. - artigos c.c. - combinado com CC ~Código Civil CLT - Consolidação das Leis do Trabalho CP - Código Penal CPC - Código de Processo Civil CPM - Código Penal Militar CPP - Código de Processo Penal CPPM - Código de Processo Penal Militar CRM - Conselho Regional de Medicina CTB - Código de Trânsito Brasileiro' ed. - edição . Edit. - Editora Ex.: - Exemplo Lé. - isto é inc. - inciso JECrim - Juizado Especial Criminal LCP -Lei das Contravenções Penais LEP - Lei de Execução Penal LI - Lei de Imprensa MP - Ministério Público nO- número OAB - Ordem dos Advogados do Brasil p. - página p.ex. - por exemplo pp. - páginas RJTACrSP - Revista de Jurisprudência do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo s. - seguinte ss. - seguintes STF - Supremo Tribunal Federal ST J - Superior Tribunal de Justiça TSE -Tribunal Superior Eleitoral v.g. - verbi grafia: por exemplo vaI. - volume NOTA EXPLICATIVA A Reforma Processual Penal de 2008 introduzida pelas Leis 11.689. _ Júri, 11.690 - Provas e 11.719 - Procedimentos Penais, além de inserir transformações na lei adjetiva, repercutiu em alguns institutos penais, entre. eles a indenização exdelicto,' por exemplo. Some-se a isto, a nova Lei dos Crimes Hediondos (11.464/07) que permitiu a . progressão de regime no cumprimento da pena, apesar dos elevados índices exigidos para tal benefício. Por sua vez, a nova Lei de Drogas (11.343/06) e a nova Lei de Falêncías (11.101/05) trouxeram novos efeitos extrapenais à condenação, v.g., a cassação para dirigir embarcação utilizada para o tráfico e a impossibilidade de gerir empresa por mandato, respectivamente. Tamanha inflação legislativa, não obstante os "elevados intuitos~' e o "primor técnico" do legislador, se não levaram a desatualização das obras didáticas existentes, tornar.amcada vez. . . mais difícil ao acadêmico uma visão sistêmica do conjunto normativo, ora objeto de estudo. Dàí a modesta pretensão da presente Apostila: facilitar ao aluno a compreensão das mudanças com vistas a precísa operacionalização dos institutos recentemente alterados. O crédito aos autores, obras e pensamentos encontra-se ao final de cada seção, dispen~aoas, assim,. as . repetições de nomes parágrafo a parágrafo. Desde já, peço desculpas .pelaseventuais imperfeições do texto, aceitando com humildade as criticas que possamcabér .aeste trabalho via e-mail: prof_rony@bol.com.br. mailto:prof_rony@bol.com.br. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. Carlos Ferrara, Diretor Acadêmico do Campus- .Pari, e ao Dr. Rodrigo Ribeiro de Paiva, Diretor Administrativo do Campus-Pari pelo apoio a esta iniciativa; Ao Prof. Dr. Cicero Germano da Costa, Coordenador do Curso de Direito, pelo incentivo a este trabalho; A Sandra R. Lima e Érica R. Mendes, funcionárias da Biblioteca, pelo empenho catalográfico dedicado. DEDICATÓRIA Aos meus avós (in memoriam) e esposa; Aos alunos do Curso de Direito do 6° Semestre, turma F. "As dificuldades crescem à medida que nos aproximamos de nossos objetivos" _Johann Wolfgang von Goethe HERGERT, Rony Aliberti. DAS PENAS, Apostila, Curso de Direito, USF, São Paulo, 2008. RESUMO A pena é uma sanção aflitiva aplicada pelo Estado, através da ação, ao autor de " um ilícito penal, comoretribuição à sua infração ao ordenamento, consistente na diminuição de um bem jurídico. Todavia, é inegável que, mesmo mostrando-se concomitante às idéias de castigo e defesa social, deve a reprimenda também buscar a ressocialização do condenado, sem o que, seria ela apenas um instrumento de revanchismo estatal. Vinculada ao principio da reserva legal, respeitado sempre o contraditório e somente imposta pelo Poder Judiciário, a sua individualização ao homem delinqüente, verdadeira garantia constitucional, deve, assegurar-lhe o tratamento mais justo possível. Palavras-chaves: dosimetria, pena privativa de liberdade, pena restritiva de direitos, pena de multa, pena substitutiva, regime de cumprimento de pena. POSITIVO Sublinhado POSITIVO Realce POSITIVO Realce ~----------- i~~~'~ ~.sk~~ 'ror. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal III - Das Penas IDtrQduçj.Q o . . '.. NaE :la a idéia de cas .Iva-_~ .__ . a sançao mais freqüentemente aplicada era a morte e a repressão alcançava não s6 ~ patrimônio, como também os descendentes do infrator. . .....~,~,v~,,....~D o"r.L \ '0'0 """"'-"/""''''' 3~) Mistas, a pena.' deve. objetivar, Simultaneamente, retribUir. e. prevenira infraçáo. Assim, outras médidas "devem ser adotadas em relação'aos auto'r'es'de é~imes tendo em vista a periculosidadéde uns e' ~ inimputabilidade ':;:ie outros (medidas de' segurança). . " .. '. Principias constjtuêió'ri~is. 40) da .Individualização, a lei. deve regular a individualização da pena de acordo com a 30) da proporcionalidade, a pena deve ser proporcional ao crime cometido (art. 5°, XLVI e XLVII, CF). 20) da Intranscendência, a pena não pode passar da.pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a'decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas até' o' limite do valor' do patrimônio transferido (art. 5°, XLV, CF). . 1'0) da Legalidade. não há pemr sem prévia 'cominação legal (art. 5°, XXXIX, CF). A pena deve estar prevista em lei. vigente à época da prática'do delito. 4a) Ressocializadora, a sociedade é apenas defendida na medida que se proporciona a adaptação do condenado ao meio social, cumprindo que aquele seja submetido a tratamento após o estudo de sua personaIidade. p.íJv.n """!l'-" «f"' ~""""" ~ -,;-, V>~""" ~ Escolas Penais 18) Retribucionista, que tem como fundamento da 'sanç!Q..Pi!Jla,,'aexigência de justiça: pune-se o agente porque cometeu o crime. São idéias de alguns filósofos pertencentes a esta Escola: 1.1 o castigo (imposto por uma exigência ética) compensa o mal e dá reparação à moral _Kant; ,1.2 a pena (razão do direito) anula o crime (P.enaéa-rêtribuiç~oimposta pelo Estado' (razão do delito) e por' isso é juridica em razão da prática de um ilícito penal e ~p;t _Hegel. \Consis.t~ na 'privação ?e bens j~rídicos-"l:ti~.,- A ausência de preocupação com a pessoa ,determmada pela lei, que visa à .#' do infrator foi o ponto fraco desta Escola.•. .:. ,rea-daptaçãodo criminoso ao convívio social~ ,,' >J~r<;:::;:~o::::::,,~:::'';!:::'*AJJ.. ..••.:E!à prevé'nÇãb'em 'relação à prática de .,.j....:..\~~.. 28) Utllltansta, qtiÍe tem como fundamento da"l"'''' ..novas transgressões. ~--.' \\sanção penal ~ um fim exclusivamente ." ' " . prático: ode prevenção. O crime não seria causa da pena, mas a ocasião para ser aplicada. São idéias de alguns filósofos pertencentes a esta Escola: 1.1 a finalidadedo Estado é a cOl)vivência humana de acordo com o Direito; sendo o crime a violação do direito, o Estado deve impedi-lo por meio da coação. psiquica (intimidação). ou fisica (segregação) _Feurebach; 1.2 a pena é um mal tanto para o individuo, que a ela é submetido, quanto para a sociedade, que se vê privada de um elemento que lhe pertence, mas 'que se justifica pela utilidade _Bentham; . 1.3 a sanção é o meio de defesa social adaptado à personalidade do delinqüente _Garófalo; 1.4 a pena não é necessária se houver a certeza moral de que o delinqüente não reincida _Romagnosi 1 USF/Pari - Prol. Esp. Rony A. He"gert- Direito Penal IH - Das Penas Introducão @ Penas Principais comum, em silêncio, passando-se a outros benefícios; e o último permitia o livramento condicional. Ainda hoje, com certas modificações,é o sis'temaadotado no Brasil. culpabilidade e os méritos pessoais do acusado (art. 5°, XLVI, CF). 5°) da Inderrogabilidade, praticado o delito a imposição deve ser certa e a' pena cumprida, salvo nas próprias hipóteses em que alei excepciona, p.ex, prescrição (art. 5°, LlII, CF). . ° . .. _ II _ O ~rt: 32 do CP adotou as seguintes 6 ) da Humamdade, a Imposlçaoda sançao,;~ especlesde penas: penal\ deve pautar-se pela ressocialização~''f' .. a) privativas de liberdade: reclusão e do condenado; dai porque, não haverápena ".~.:;;:.:"., detenção (arts. 33 e Sl:i.,CP.); de morte (l:ialvo em caso de. guerra "'i'"..,..,. b) restritiva de direitos: prestação declarada); de caráter .perpétuo; de "'I' pecuniária, perda de bens e valores, trabalhos forçados; cruéis; de banimento; prestação de serviços à comunidade pois ao preso é assegurado o respeitoà sua' .ou a entidades públicas, interdição integridade fisica e corporal (art. 5°, XLVII, temporária de direitos e limitação de XLIX e art. 84, XIX, CF). fim de semana (art.43,.CP); c) multa (arts. 49 e ss.; CP). Sistemas Penitenciârios 1°) de Filadélfia, consistia no isolamento celular' absoluto, com passeio isolado do sentenciado em um pátio. circular, sem. trabalho ou visitas, incentivando-sea leitura da Blblia. Muitas foram as criticas à severidade do sistema e à Impossibilidade de readaptação social do condenado por meio do isolamento. A legislação penal especial prevê ainda outras penas: a prisão simpl~s (LCP);a pena de morte (crimes militares em tempo. de guerra: traição; espionagem; motim; deserção; insubordinação); a .prisão militar, a suspensão de exercício do posto e a reforma (CPM); a prisão em separado em regime especial (Lei de Imprensa); a multa reparatória (CTB); a advertência sobre os efeitos das drogas e o comparecimento a programaeducativo (nova Lei de Drogas). 2°) de Auburn, mantinha-se o isolamento noturno, mas criou-se o trabalho dos presos, primeiro em suas celas e, posteriormente, em comum. Sua caracteristica era' o absoluto silêncio entre os condenados: regra desumana, que levou aos presos a criação de uma espécie de alfabeto com às mãos, prática até hoje existente. 3°) Progressivo, levava-se em conta o comportamento e aproveitamento do preso, demonstrados pela boa condula e pelo. trabalho, estabelecendo-se três períodos ou estágios no cumprímento da pena. O primeiro deles, periodo de prova, constava de isolamento celular absoluto; o outro' se iniciava com a permissão do trabalho em @ MlRABETE, Júlio Frabbini, FABBRINI, Renato N; Manual de Direito Penal, 24" ed., vol. I, pp. 243/50, Edit. Atlas, São Paulo, 2007 .. NUCCI, Guilherme de Souza; lndtvidualização da Pena, 2" ed., pp. 30/44, Edit. RT, São Paulo, 2007. 2 POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Sublinhado POSITIVO Sublinhado POSITIVO Sublinhado POSITIVO Sublinhado POSITIVO Sublinhado POSITIVO Sublinhado POSITIVO Sublinhado USF/Pori, - Prof. Esp. Rony A. Hergerl- Direilo Penal IH - Das Penas Penas Privativas de Liberdade @ Introdução Se, do ponto de vista educativo e recuperatório, a pena de prisão apresenta vários defeitos, não se pode, entretanto, questionar que continua ela a ser único recurso aplicável para os delinqüentes de alta periculosidade. A propósito, a própria Exposição de Motivos do CP assevera que não há óbice ,ao seu aperfeiçoamento, quando necessário, bem como, á sua substituição quando aconselhável. Estabelece o inciso XLVIII do art. 4° da CF que "a pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o sexo do apenado". Assim é que as mulheres estão sujeitas a um regime especial, cumprindo pena em estabelecimento próprio. Devem ser observados os deveres e os direitos inerentes à condição pessoal da sentenciada, bem como, no que couber, as regras referentes às penas privativas de liberdade (art. 37, CP). Aliás, reza o inciso ,L do art. 5° que "às presidiárias serão asseguradas condições para que possam permanecer com seus filhos durante o período de amamentação". Ademais, o art. 82 da Lei de Execução Penal dispõe que, além da mulher, o maíor de 60 anos também deve ser recolhido a estabelecimento próprio e adequado a sua condição pessoal. Espécies de Penas Privativas de Liberdade 1a) Reclusão, em que se possibilita o cumprimento nos três regimes (fechado, semi-aberto e aberto) 2") Detenção, cumprida em regime semi- aberto ou aberto. Permite-se, porém, no caso de regressão, que o condenado a pena de detenção venha a cumpri-Ia em regime fechado (art. 33, CP e 118, LEP). 3") Prisão Simples, prevista apenas para ,as contravenções penais e pode ser cumprida nos regimes semi-aberto ou aberto. Regimes de Execução da Pena , Privativa de Liberdade Como já se disse, a legislação pátria adotou o Sistema Progressivo para execução da pena privativa de liberdade (art. 33, ,~~, CP) e, "a unificação das espécies de,penas privativas não ' impede a individualização na execução da reprimenda. o regime de pena é determinado pelo mérito do condenado e, em sua ,fase inicial, pela quantidade da pena imposta e pela reincidência. São eles: I - Regime Fechado, o cumprimento da pena se dá em estabelecimento de segurança máxima ou média _ penitenciária (art. 87, LEP), e o condenado fica sujeito a trabalho 'no periodo diurno e a isolamento durante o repouso noturno ,em cela individual com dormitório, aparelho sanitário e lavatório (art." 88; LEP). São requisitos básicos da unidade celular: a) salubridade do ambiente pela concorrência dos fatores de ,areação, 'insolação e condicionamento térmico adequado à existência humana; b) área mfnima de seis metros quadrados (art. 88; parágrafo único, LEP). A penitenciária de homens deverá ser construida em local afastado do centro urbano a distância que não restrinja a visitação (art. 90, LEP) e a de mulheres poderá ser dotada de seção para gestante e parturiente e de creche com a finalidade de assistir o menor desamparado, cuja responsável esteja presa (art. 89, LEP). Dentro do estabelecimento, o trabáiho será em comum, na conformidade com as ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.' O trabalho e,qerno é permitido em obras públicas, 3 USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal 111-. Das Penas Penas privativas de Liberdade @ desde que tomadas as cautelas para evitar a fuga. O trabalho será sempre remunerado (art. 39, CP). Em se tratando de regime fechado,' o condenado será obrigatoriamente submetido no inicio do cumprimentada pena, a exame criminológico de classificação para individualização da . execução (art. 34, CP e art. 8°, LEP). O referido exame poderá ser efetuado, facultativamente, no condenado submetido a regime semi-aberto (art. 35, caput, CP e art. 8°, parágrafo linico, LEP). Individualizar, na execucão, consiste em dar a cada preso as oportunidades e os elementos necessários para lograr a reinserção social, iniciando-se o processo com a observação do condenado para classificação. Assim, além do exame de personalidade, que deve ser efetuado no curso do procedimento criminal e que se refere não só ao passado, mas também ao futuro, situando o indivíduona escala ambiental e social, é necessário o exame criminológico. Com efeito, a gravidade do fato delituoso ou as condições pessoais do agente, determinantes da execução em regime fechado, aconselham o exame, que se orientará a fim de conhecer a inteligência, a vida afetiva e os princípios morais do preso, para determinar o regime de semiliberdade ou de prisão-albergue, bem como a concessão do livramento condicional, sem que os sentenciados estejam para tanto preparados, em flagrante desatenção aos interesses da segurança social. o exame criminológico é realizado pela Comissão Técnica de Classificação' de cada presidia, que observará a ética profissional, terá sempre presentes peças ou informações do processo e poderá entrevistar pessoas, requisitar de repartições ou estabelecimentos privados dados e informações a respeito do condenado e realizar outras diligências e exames necessários (art. 9°, LEP). A Comissão 'Técnica de Classificação s.erá presidida' pelod,i,r;etor do presldio e composta, no mínimo,.por ddis chefes de serviço, um psiquiatra, quando se tratar de condenado à pena privalivade liberdade, um psicólogo e um assistente social; nos demais casos (penas restritivas de direito), a Comissão atuará junto ao Juizo da' Execução e será integrada por fiscais do Serviço Social (art. 7°, LEP). O exame criminológico somente será realizado após o trânsito em julgado da sentença condenatória, já que visa à individualização para a execução da pena privativa de liberdade. Existe, também, a possibilidade de realização do exame quando. o entender indispensável o juiz da execução. I1 - Regíme Semi-Aberto, a pena deve ser cumprida em colônia agrícola, industrial ou similar, podendo ser o condenado alojado em compartimento coletivo, observados os mesmos requisitos de salubridade de ambie'nte exigid:os . na penitenciária (arts, 91 e 92,' LEP). São requisitos básicos das dependências coletivas: .. a) a seleção adequada de presos; . . b) o limite .de capacidade máxima que atenda aos objetivos de individualização da pena. É permitido o 1rabalho externo, bem como a freqüência a cursos supletivos e profissionalizantes, de instrução. de segundo grau ou superior (art. 35, CP). A jurisprudência tem entendido que, na ausência de vagas no regime semi-aberto, o condenado deve aguardar a vaga no regime fechado, O preso no regime intermediário tem direito, com autorização judicial, à saída temporária da colônia com a finalidade de visitar familiares, freqüentar cursos ou participar de outras atividades relevantes para sua ressocialização por prazo não superior a 7 dias, 4 USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal IH _ Das Penas ~s Privativas de Liberdade C! . renovável quatro vezes por ano (arts. 12, 123 e 124, LEP). 11 Regime Aberto, fundado na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, deverá ele, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o repouso noturno e nos dias de folga na casa do albergado, que deverá conter, além dos aposentos para os presos, lugar adequado para cursos e palestras, instalações para os serviços de fiscalização e orientação dos condenados (art. 95, LEP). o art. 117 da LEP admite, em hipóteses excepcionais, que o sentenciado cumpra o regime abelio em prisão-albergue domiciliar. Nesse caso, o condenado deve recolher-se à sua residência durante o período noturno e dias de folga. Essa forma de prisão domiciliar é admissivel quando se trata de pessoa maior de 70 anos, condenado acometido de doença grave, pessoa com filho menor ou doente mental ou, ainda, quando se trata de condenada gestante. A jurisprudência tem admitido também a prisão domiciliar fora dessas hipóteses quando não existe na comarca albergue no qual o sentenciado possa recolher-se. IV - Regime Disciplinar Diferenciado, não é um novo regime de cumprimento de pena, mas sim, um preceito carcerário especial caracterizado por maior grau de isolamento do preso e de restrições ao contato com o mundo exterior, ao qual poderão ser submetidos os condenados ou presos provisórios, por deliberação judicial, como sanção disciplinar, pelo prazo máximo de 360 dias (sem prejuizo de . repetição da sanção, em caso de nova falta grave da mesma espécie, até o limite de 1/6 da pena aplicada), ou .como medida preventiva e acautelatória. nas hipóteses de presos sobre os quais recaem fundadas suspeitas de envolvimento ou participação em organizações c.rimiqosas que representem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou para a sociedade (art. 52, 33 10e 20, LEP) Suas características são as seguintes: a) recolhimentciem cela individual; b) visitas semanais de, no máximo, 2 pessoas, com duração de 2 horas.(sem contar as crianças); c) limitação a 2 horas diárias de sol. Regime Inicial de Execução da Pena Privativa de Liberdade Estão obrigatoriamente sujeitos ao regime fechado, no.infeio do cumprimento da pena: a) os condenados pela Lei dos Crimes Hediondos (Lei na8.072/90); ... b) os condenados segundo a Lei das OrganizaçõesCriminosas(Lein09.034/95); . c) os condenados pelo Crime ôeTortllra (Lei nO 9.455/97); . .'. d) os condenados à reclusão reincidentes; ou e) cuja pena seja superior a 08 árias. Podem iniciar o cumprimento em regime semi- aberto: a) os não-reincidentes condenados à pena de reclusão superior a 4 anos e não excedente a 8 anos (se reincidentes, devem iniciar no regime fechado). Na fixação do regime inicial o juiz deve atentar aos critérios descritos no art. 59 do CP (personalidade do acusado,culpabilidade, conduta social, circunstâncias e conseqüências do crime). Assim, o quantum da pena não é um critério absoluto, sendo possível, por ex., que alguém seja condenado a 6 anos de reclusão e, mesmo sendo primário, o juiz fixe o regime inicial fechado por entender que o acusado tem péssima conduta social ou que o crime por ele cometido revestiu-se de determinada característica que o tornou mais gravoso que o normal. Não se pode, porém, esquecer o teor da 5 USF'/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito PenalllI _ Das Penas ~Priyatiyas de ] ,iberdade ~ Súmula 718/STF: "a opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação idônea para a imposição de regime mais severo que o permitido segundo a pena aplicada"; bem como da Súmula 719/STF: "a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea". b) ainda de acordo com a Súmula 269/STJ: "É admissivel a adoção do regime .. prisional semi-aberto aos reincidentes condenados a pena igualou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais". Devem iniciar o cumprimento em regime semi-aberto: a) os condenados reincidentes à pena de detenção, qualquer que seja sua quantidade (ainda que reincidente o condenado, não se lhe pode impor inicialmente o regime fechado quando aplicada pena de detenção _ar!. 33, capui, CP); b) os não-reincidentes condenados à pena superior a 4 anos. Só podem iniciar o cumprimento da pena em regime aberto os. condenados não- reincidentes: a) com pena igualou inferior a 4 anos; b) por regra especial, a pena de prisão simples, aplicada nas contravenções, só .pode ser cumprida em regime semi-aberto ou aberto. Não se deve conceder o regime aberto a condenado estrangeiro, com permanência irregular no pais, já que não pode desempenhar ele trabalho remunerado, pressuposto do beneficio, além de estar sujeito a expulsão ou deportação. Quando houver condenação por mais de um crime, no mesmo processo ou em processo distintos, .a determinação de cumprimento será feita pelo resultado da soma ou unificação das penas, ,observada. quando for o caso, a detração ou remição (art: 111, LEP).' Quanto ao regime de prisão-albergue, Rprém, o sentenciado deverá, preencher os requisitos previstos na art. 114 da LEP: '.. . a) estar trabalhando ou comprovar a possibilidadede fazê-lo imediatamente; b) apresentar, por seus antecedentes ou pelo resultadodos .exames a que foi submetido, fundados .indicios de que irá ajustar-se, com autodisciplina e senso de responsabilidade,ao novo regime. Evidentemente, quando se tratar do regime inicial, não se terá efetuado nenhum exame do sentenciado, e a opção do magistrado fundar- se-á apenas nas circunstâncias' judiciais de fixação da pena (ar!. 59, CP). Comojá se disse, o regime de prisão aberta em residênciaparticular (prisão domiCiliar), somente será admitido se o co'ndenadofor maior de 70 anos, se estiver acometido de doença grave, ou se tratar de mulher corri filho menor ou deficiente físico ou mental ou se for gestante (art. 117, LEP). Entretanto, diante da falta de estabelecimentos adequados ao cumprimento da pena em regime aberto, os. tribunais têm concedidoa prisão em domicílio. o ingresso do condenado em regime aberto supõe a aceitação de seu programa e das condições impostas pelo juiz (art. 113; LEP). Poderá ser dispensado do' trabalho o beneficiado com a prisão domiciliar (art. 114,- .parágrafo único, LEP). Por depender o regime aberto de requisitos subjetivos (matéria'de prova), não pode ser ele concedido em apreciação do pedido de habeas corpus, a não ser que fique demonstrada, de pronto" a ilegalidade da imposição do regime mais severo ao paciente. Progressão de Regime de Pena 6 USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal III - Das Penas Penas privativas de Liberdade Cl As penas privativas de liberdade devem ser executadas em forma progressiva de acordo com o cumprimento de um certo tanto da pena no regime anterior, mais o mérito do condenado. Por mérito do condenado deve-se entender o seu merecimento, a Sua aptidão para o regime menos rigoroso; vale dizer, não somente o ajustamento do condenado às regras do regime carcerário em que se encontra, mas também um juizo sobre a sua capacidade provável de adaptação ao regime menos restritivo. Essa avaliação mais abrangente e aprofundada . dificilmente é apenas .assegUrada por um mero atestado de bom comportamento carcerário expedido somente pelo diretor do presídio; por vezes, impõe ao juiz da execução a determinação de realização de diligências e produção de provas, inclusive p'ericial (art. 196, LEP e 156, CPP) para a formação do convencimento acerça. das condições progressivas. Com relação ao requisito temporal, os indices são os seguintes: a) 1/6 da pena no regime anterior (mais severo) para a maioria dos crimes; b) 2/5 da pena no regime anterior (mais severo), para' os condenados não- reincidentes em crimes hediondos, por fato praticado a partir de 29/03/07 (Lei n° 11.464/07); c) 3/5 da pena no regime anterior (mais severo), para os condenados reincidentes em crimes hediondos, por fato praticado a partir de 29/03/07 (Lei n° 11.464/07). d) atenção: para os autores de crimes hediondos praticados antes de 29/03/07, e assim condenados, prevalece a exigência de apenas 1/6 de cumprimento da pena no regime mais severo em razão do princIpio da lei antiga mais benéfica ultrativa .. Não existe progressão por ..saltos, ou seja, iniciado o cumprimento da pena em regime fechado, o sentenciado deve passar pelo regime semi-aberto antes de ser colocado no regime aberto. Não mais se exige parecer da Comissão Técnica de Classificação e exame criminológico para a progressão de regime. É imprescindível, contudo, a oitiva do representante do Ministério Público e do defensor do condenado para fim de progressão e, obviamente; a decisão do juiz deve ser sempre motivada. Em se tratando de progressão à prisão aberta, exige-se, . ainda, como dito acima, que o condenado preencha os requisitos do art. 114 da LEP. Para o condenado por crime contra a administração pública.é também condição para a progressão a reparação do.dano causado ou a . restituição. do produto do ilícito, com os . acréscimos legaís. Regressão de Regime de Pena. É a transferência de um regime para outro mais' rigoroso. O condenado que cumpre pena em. regime aberto pode ser transferido para. o regime semi-aberto ou fechado, e.Q que cumpre sanção no regime semi-aberto será recolhido a estabelecimento de segurança máxima ou média. Estabelece o art. 118 da LEP, obrigatoriamente, a regressão para qualquer dos regimes mais rigorosos quando: a) o sentenciado pratica fato definido como crime doloso (para que seja decretada a . regressão não' é necessária a condenação transitada em julgado, basta a prática do delito); b) o condenado praticar falta grave (fuga, participaçi:lo em rebelião, posse de instrumento capaz de lesionar pessoas, descumprimento de deveres). ; c) o reeducando sofrer nova condenação, cuja soma com a pena anterior, torna incabível o regime atual. 7 USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert- Direito PenallII - Das Penas o Penas Privativas de Liberdade @ Para o condenado que se encontra em regime aberto, a regressão ocorrerá também se ele frustrar os fins da execução da pena (parar de trabalhar, não comparecer à prisão-albergue etc.) ou se, podendo, não pagar a pena de multa cumulativamente .imposta. Nessas hipóteses e no caso de prática de fato definido como crime doloso ou falta grave, deve ser ouvido previamente o condenado. Essa obrigatoriedade decorre do fato de que não se exige, no caso da prátioa de crime doloso, que o albergado já tenha sido condenado pelo crime superveniente ao cumprimento da pena no regime aberto. Deveres do Preso .Constituem déveres especificos do condenado: comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem. deverá relacionar-se; urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga .ou de subversão à ordem e. à disciplina; execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; submissão à sanção disciplinar imposta; indenização à vitima ou a seus. sucessores; indenização ao Estado quando possível, das despesas realizadas com sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; higiene pessoal e. asseio da. cela ou alojamento; conservação dos objetos de uso pessoal. Direitos do Preso De outro lado, a prisão não deve impor restrições que não sejam inerentes à própria natureza da pena privativa de liberdade. Por essa razão, segundo preceito constitucional, impõe-se a todas • as autoridades o respeito à integridade física e moral do detento ou presidiário (art. 5°, XLIX, CF). Além disso, estabelecem-se exaustivamente na lei os direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário' .., .. . . .', _ ,. '" 11- atribuição de trabalho é remuneração; 111-previdência social; .. IV - constituição de pecúlio;.. . .. . . V -proporcionalidade. na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso ea recreação; VI - exercício das atívidades profissionais, . intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência. material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo: IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; XI - chamamento nominal; XII .:..igualdade de tratamento salvo quanto a exigênciada individualização da pena; XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição à qualquer autoridade, em defesa de direito; .XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência, de leitura e de outros meios de informações que não comprometam a moral. e os bons costumes; . XVI - atestado depena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da. autoridadejudiciária competente... Somente os direitos previstos nos incisós V, Xe XV poderão ser suprímidos ou restringidos, exigindo-se ato motivado do diretor do estabelecimento. Esses mesmos direitos sofrem maiores restrições no regime disciplinar diferenciado. Trabalho do Preso 8 POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Nota Jogar para anotaçõesWord POSITIVO Nota Este inciso pode sofrer restrições!!! o Os que não estão grifados são absolutos. POSITIVO Nota Este inciso pode sofrer restrições!!! Os que não estão grifados são absolutos. POSITIVO Nota Este inciso pode sofrer restrições!!! Os que não estão grifados são absolutos. USF/Pal"i - Prof. Esp. Rony A. Hergert- Direito Penal UI _ Das Penas Penas Pri.ya!iY.as de Liberdade I!") Impõe-se ao preso o trabalho obrigatório, remunerado e com as garantias dos benefícios da Previdência Social (art. 39, CP). Trata-se de um dever social e condição de dignidade humana, que tem finalidade educativa e produtiva. A jornada normal de trabalho não deve ser inferior a seis, nem superior a oito horas, com descanso nos domingos e feriados, em se .tratando de trabalho interno, e sua organização, seus métodos e atribuições es{ão submetidos às normas da LEP. Tratando-se de regime fechado, o trabalho serà em Comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compativeis com a execução da pena, sendo admissível o ',rabalho externo em serviços e obras ')úblicas (art. 34, S 3°, CP). Para o trabalho externo, exige-se, além disso, o cumprimento mínimo de 1/6 da pena (art. 37, LEP). Em regime semi-aberto, o trabalho é ,ealizado em colônia agrícola, industrial ou ~stabelecimento similar, sendo admissível ) trabalho externo, bem como a freqüência '3 cursos supletivos, profissionalizantes, de Instrução de segundo grau ou superior (art. 35, CP). o trabalHo do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo a emuneração ser inferior a 3/4 do salário nínimo. A destinação do produto da -emuneração está prevista na LEP e deverá atender (art. 29, LEP): ..I) à indenização dos danos causados pelo ;rime, desde que determinados iudicialmente e não reparados por outros meios; J) à assistência à família; ;) a pequenas despesas pessoais; i) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção lo condenado, em proporção a ser fixada t e sem prejuízo da destínação prevista nas letras anteriores. .' . Ressa.lvadas outras aplicações legais, será dep?sltada a parte restante para constituição o peculto, em. caderneta de poupança ,que será' entregue ao 'condenado .quando posto em liberdade. o condenado, por crime polltico não está obrigado ao trabalho (art. 200,LEP). Superveniência de Doença Mental o condenado a quem sobrevém doença mental durante .cumprimento da pena. deverá ser recolhido a hospítal de custódia. e tratamento psiquíátrico ou, à falta, a outro estabelecimento adequado. . Remição O condenado que cumpre .apena em regime fechado ou semi-abertopodéâbreviar, peiei.' trabalho, parte do tempo de exec::uçãoda pena.' _remição. A contagem do tempo será feita à razão de um dia de pena por três de trabalho, e alcançará até mesmo o preso impossibilitado de prosseguir no trabalho por ter sido vítima de acidente durante o trabalho prisional (art. 126, LEP). o tempo remido deve ser computado como de pena privativa de liberdade cumprida pelo condenado e não simplesmente abatido do total da sanção aplicada. Esse mesmo tempo será também computado para a concessão' de livramento condicional e indulto. . Como um dos objetivos do instituto da remição é o incentivo ao bom comportamento do sentenciado e a sua readaptação, prevê a lei que ele perderá o direito ao tempo remido quando for punido por falta grave. Nessa hipótese, começará a ser computado um novo período a partir da data da infração disciplinar (art. 127, LEP). 9 USFlPari - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal 111 - nas Penas' Penas Priyatjyas de Ljberdade@ Como . cautela. para evitar distorções comprometedoras à eficiência e ao critério do instituto, determina-se que a remição depende de declaração do juiz da execução, ouvido previamente o MP. Deverão estar comprovados não só OS dias de trabalho efetivo do sentenciado como também a jornada diária não inferio~ a seis horas (art. 33, LEP). Sendo obrigatório o trabalho do preso e não o atribuindo o Estado ao' sentenciado, poderá este ver reconhecida a remição mesmo não tendo desempenhado a .atividade laborativa quando esta decorrer da deficiência do presídio onde cumpre a pena. o Projeto de Lei '1.936/07, em tramitação pelo Congresso, busca introduzir a remição da pena pelo processo educacional, em virtude de freqüência e aproveitamento em curso de qualquer grau. nivelou modalidade de ensino. Detração Detração é o cômputo, na pena privativa de liberdade e na medida de segurança, do tempo da prisão provisória cumprida no Brasil ou no estrangeiro, de prisão administrativa ou de internação. em hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico. Vale dizer: se o sujeito permaneceu preso durante o processo, em .razão de prisão em flagrante, preventiva ou qualquer outra forma de prisão provisória, o tempo de permanência no cárcere será descontado do tempo da pena privativa de liberdade imposta na sentença final. Assim, se alguém foi condenado a 3 anos e 6 meses e havia ficado preso por 6 meses aguardando a sentença, terá de cumprir apenas o restante da pena, ou seja, 3 anos. A detração aplica-se qualquer que tenha sido o regime de cumprimento fixado na sentença (fechado, semi-aberto ou aberto). Tambérn se aplica a algumas penas restritivas de direitos (prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas; interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana) porque estas substituem a pena privativa de liberdade . pêlo mesmo tempo aplicado na sentença (art. 55, CP). Suponha-se que uma pessoa ficou presa 6 meses aguardando a sentença e foi condenada a 8 meses de detenção, sendo que o juiz substituiu a pena privativa de liberdade por prestação de serviços à comunidade (pena restritiva de direitos). A prestação de serviços teria de ser feita por 8 meses, mas, descontando-se o tempo em que o condenado ficou preso, terá de cumprir apenas os 2 meses faltantes. ~ incabível a detração quando se impõe a pena de multa na sentença, até porque o art. 42 do CP é taxativo e nãó' menCiona". a sua possibilidade. Em relação ao sursis, também é.,incabivela detraçãO porque se trata de pena substitutiVa' que não guarda proporção com à pena privativa de liberdade aplicada na sentença. Com efeito, o sursis é aplicado por um período de 2. a 4 anos para substituir pena privativa de liberdade não superior a 2 anos. Assim,. se alguém é condenado a 1 ano de reclusão e o juiz concede o sursis por 2anos, não pode serdescontado o tempo de prisão provisória. Veja-se, entretanto, que se o sursis for revogado a conseqüência será o cumprimento da pena originariamente. imposta na sentença (1 ano). Nesse caso, poderá ser feita a detração. Quanto à medida de segurança é fácil notar que o art. 42 do CP admite a detração. O problema é que na medida de segurança o juiz fixa apenas o prazo mínimo de seu cumprimento (1 a 3 anos), sendo o. periodo indeterminado perdurando enquanto não for averiguada, mediante perícia médica, a cessação da periculosidade (art. 97, !l 1°, CP). Ora, se a 10 USF/Pari _ Pror. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal UI - Das Penas Penas Privativas de Liberdade e pencla médica constatar que não houve cessação de periculosiàade, o JUIZ determinará a continuidade da internação até a próxima pericia e assim sucessivamente. Como, então, aplicar a detração? Entende-se que a detração será aplicada em relação ao prazo mínimo.' Assim, se na sentença o juiz fixou o prazo de 1 ano para a realização. da primeira perícia médica e o sentenciado já havia ficado preso ou internado provisoriamente por 3 meses, será esta realizada antes do prazo (9 meses), descontando-se o período de internação provisória. Autorizações de Saída São benefícios cabíveis aos presos em regime fechado ou semi-aberto, onde fica permitida a saída do estabelecimento penal. Dividem-se em duas espécies: a) permissão de salda (art. 120, LEP): cabivel aos presos provisórios ou condenadoS; concedida pelo diretor do estabelecimento penal (se negada, pode ser requeridaao juiz); a saída é realizada mediante escolta policial, pelo tempo necessário a finalidade da saída. Cabim13nto: falecimento ou doença grave de' cônjuge/companheiro, ascendente, descendente ou irmão; para tratamento médico; b) salda temporária (art. 122, LEP): cabivel aos presos que cumprem pena em regime semi-aberto: concedida pelo juiz, ouvído o MP e a administração penitenciária; a saida é realizada sem escolta policial, com tempo limitado a 7 dias, podendo ser renovado por mais quatro vezes por ano (máximo de 35 dias). Cabimento: visita à familia (dia dos pais, mães, natal, ano novO, Páscoa etc.), freqüência a curso (supletivo, profissionalizante, segundo grau, superior) na comarca do juízo da .execução (nesse caso poderá superar os 35 dias); participação em atividades que permitam a ressocialização. Condições para concessão: comportamento adequado do preso; cumprimento de no mínimo 1/6 da pena imposta se for primário ou '1/4 da pena, se reincidente; compatibilidade do benefíciO com os objetivos da pena. 11 USFlPari - Prof. Esp. Rony A. Hérgerl-Direito Penal lU - Das Penas Penas Privativas de Ljberdade @ Tabela Mnemônica '.'~ I PENA E QUANTIDADE PERSONALIDADE DO REGIME CONDENADO Menor ou igual a 4 anos . nrisão simples Primário .Aberto Menor ou igual a 4 anos - orisão simnles Reincidente - Serrii-aberto Menor ou i"ual a 4 anos -'-detenção Primário Aberto 0..ienor oujgual a 4 anos - detenção Reincidente -- Semicaberto Menor ou igual a 4 anos - reclusão Primário Aberto Menor ou igual a 4 anos -- reclusão Reincidente Fechado Maior de 4 e menor ou igual a.8 anOs - prisão Primário ou reincidente Semi -aberto simples Maior de 4 e menor ou i"ual a 8 anos, detencão Primário ou reincidente Semi -aberto Maior de 4 e menor ou igual a 8 anos - reClusão Primário Semi -aberto Maior de 4 e menor ou igual a 8 anos - reclusão Reincidente Fechado Maior de 8 anos - orisão simoles Primário ou reincidente Semi.aberto Maior de 8 anos - detencão Primário ou reincidente Semi-aberto Maior de 8 anos - reclusão Primário ou reincidente Fechado Crime hediondo -oualouer oena ou ouantidade Primário ou reincidente Fechado @ GONÇALVES, Victor Eduardo' Rios; Direito Penal- Parte Geral, série Sinopses. Jurídicas, voI. 7, 10' ed., pp. 109/21, Edit. Saraiva, São Paulo, 2005. MlRABETE, Júlio Frabbini, FABBRINl, Renato N' Manual de Direito Penal, 24" ed., vaI. l, pp. 252170, Edit Atlas, São Paulo, 2007. 12 USFIPari - Prof. Esp. Rony A. Hel"gert - Direito Penal lI! - Das Penas &naa.Restritivas de Djreitos @ Classificação. Há, modernamente, uma orientação de restringir a pena privativa de liberdade aos casos de reconhecida necessidade e, para tanto, a penologia procura substitutivos penais para essa sanção, ao menos no que se relacione com crimes menos graves e aos criminosos cujo encarceramento não é aconselhável. As penas substitutivas foram denominadas penas restritivas de direitos e classificadas no art. 43 do CP em: I - prestação pecuniária: " - perda de bens e valores; III - prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas; IV - interdição temporária de direitos; V - limitação de fim de semana. Recentemente, a nova Lei de Drogas (Lei nO . 11.343/06) passou a prever a "advertência sobre os efeitos das drogas" e a "medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo" como penas principais a serem aplicadas ao condenado por crime relacionado com o consumo de drogas. A multa passou .também a ser substitutiva da pena privativa de liberdade, quando esta, aplicada; for igualou inferior a um ano (art. 44, S 2°, CP). Prestação pecuniária A prestação pecuniária Oá prevista no art. 12 da Lei nO9.605/98 - Crimes Ambientais) consiste no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social, de importãncia fixada pelo juiz da condenação. Por disposição expressa, não pode. ser ela inferior a um salário mlnimo nem superior a 360 vezes esse salário (art. 45, S 1°, CP). O juiz deve fixar 6 quantum da reprimenda com base apenas nos dados disponiveis no processo. Não se confunde a prestação pecuniária com a pena de multa (originária ou substitutiva), cujo valor reverte em favor do Estado. Também não se confunde a pena de prestação com a de multa reparatória, cominada no art. "297 do Código de Trânsito Brasileiro, uma vez que esta somente é cabível quando houver dano material ao ofendido, causado pelo i1icito, enquanto aquela é admissível ainda na ausência de prejulzo individual. Caso o ofendido venha a propor ação de reparação civil, ou a execução civil da sentença condenatória penal transitadà em jUlgado, o valor referente à prestação pecuniária pago ao ofendido será .descontado do total da condenação civil ou penal. Dispõe o ~ 2° do art. 45 do CP que, se houver . aceitação do ofendido (beneficiário), da entidade. pública ou privada com destinação social, a prestação pecuniária poderá constituir-se, por decisão do juiz, em prestação de outra natureza, como, por exemplo, o fornecimento de. cestas básicas. É obrigatória, pois,. a consulta ao beneficiário, pelo juiz da execuçllo, para que se efetue a referida substituição. Há expressa vedação à substitUiÇão da pena pelo pagamento de cestas básicas ou por outra forma de prestaçâo pecuniária em crime que configure caso de violência doméstica e familiar contra mulher. Perda de Bens e Valores. Constitui, nos termos do ~ 3° do art. 45 do CP, .no confisco em favor do Fundo Penitenciário Nacional de quantia que pode atingir até o valor referente ao prejufzo causado ou do provento .obtido pelo agente.. ou .. por terceiro, em conseqüência da prática do crime, prevalecendo aquele que for maior. Não se confunda o instituto em análise, que é pena substitutiva, com a perda em favor da 13 POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal 111- nas Penas Penas Restritiyas de Dir.rito..s Cl União, tratada pelo art. 91, 11,do CP, que é efeito secundário da condenação (aplicado cumulativamente à pena privativa de liberdade ou de outra natureza), dos instrumentos do crime, que consistam em coisas cujo fabrico, alienação, uso, porte . ou detenção constitua fato ilícito, ou do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito' auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. Prestação de Serviços à Comunidade ou à Entidades Públicas . Consiste na atribuição ao condenado de tarefas gratuitas junto a entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos ou outros estabelecimentos congêneres, em programas' comunitários ou estatais (art. 46, S 2°, CP). Essa pena somente é admitida quando o réu for condenado a . pena privativa de liberdade superior a 6 meses. Tal sanção atende às exigências da retribuição sem degradar ou corromper. A prestação de serviços à comunidade aplicada com fundamento na nova Lei de Drogas deve ser cumprida, preferencialmente, em programas ou entidades que se ocupem da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas (art. 28, S 5°, Lei 11.343/06). As tarefas devem ser atribuidaspelo juiz da execução conforme as aptidões do condenado, sem prejudicar a jornada norma de trabalho do condenado. A pena deve ser cumprida à razão de uma hora de tarefa por dia de condenação à pena privativa de liberdade substituída. Não há limitação expressa do número minimo ou máximo de horas por dia de trabalho, desde que respeitado, em princípio, o tempo de duração da pena privativa de liberdade fixada inicialmente. Em regra, portanto, deve ter e não pode ultrapassar a carga de 7 horas semanais. Permite a lei, porém, que o condenado a pena superior a 1 ano, por sua iniciativa, mas com '0 aval do juiz, cumpra a pena. em menor tempo, ou seja, prestando serviços por mais de. 7 horas semanais. Não lhe é facultado, contUdo, fazê-lo' de tal forma a que o tempo se reduza a menos . da metade da pena privativa de liberdade fixáda inicialmente na sentença. A pena de prestação de serviços à com(jnidade..é aplicada pelo juiz do processo, mas é o juiz da execução quem designa a entidade na qual o sentenciado prestará os serviços (art, 149, LEP), . devendo tal entidade encaminhar, mensalmente, ao Juízo das EX$cuções, um relatórío sobre o compareCimento e o aproveítamento do condenado (árt. 150, LEP). Interdição Temporãtia de Direitos Cabivel às penas' privativas de . liberdade inferiores a 4 anos nos crimes cometidos sem violência a pessoa; ou às que seriam aplicadas . aos autores de crimes culpÚsos, qualquer que seja a sua quantidade. Não se' confunde nem implica perda do cargo exercido pelo condenado esta é efeito da condenação, s6 ocorre quando a pena aplícada for superior a 4 anos e deve ser motivadamente declarada na sentença (art. 92, I, "b", e parágrafo único, CP). Essa espécie de sanção atinge os interesses econômicos do condenado sem acarretar os males representados pelo encarceramento de curto prazo; bem como, tem maior significado na prevenção, já que priva o sentenciado da prática de certas atividades sociais em que se mostrou irresponsável ou perigoso. A primeira interdição é a proibição doexercicio de cargo, função, atividade pública ou mandato eletivo justifica-se nos casos de infração relativa ao dever. funcional praticada quando do cometimento do i1fcito penal. A infidelidade, o abuso de poder, a violação' do dever funcional indicam a necessidade de aplicação da referida 14 POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce USF/Pari -7 Pror. Esp. Rony A. Hergert...: Direito Penal 1I1 _ Das Penas .penas Restritivas de Direitos @. pena alternativa quando não for indicada a pena privativa de liberdade:. Ela não é apenas a suspensão daquele que exerce o cargo, função, atividade pública ou mandato eletivo, mas também a proibição para aquele' que deixou de exercê~la (voluntariamente ou não) após a prática do crime _é uma incapacidade temporária, portanto. A nova Lei de Drogas prevê a possibilidade de determinar o juiz o afastamento cautelar de suas atividades do funcionário público denunciado por crime relacionado com o tráfico de drogas, . A segunda interdição é aproibigão do exerCício de profissão, atividade ou ofício que dependem de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público. Aplicada tal sanção, o condenado fica privado de exercer o seu trabalho, pelo tempo da pena, ainda que esteja habilitado legalmente para seu exerclcio. Justifica-se a sua aplicação nos casos daquele que infringiu as regras essenciais no desempenho de suas atividades ou abusando de suas condições profissionais para a prática do ilícito penal. Não se confunde essa pena de interdição com as medidas não penais que acarretem as mesmas conseqüências (OAB; CRM). as quais não excluem o processo ou o cumprimento da pena imposta na ação penal. A terceira interdição é a suspensão de autorização ou de habilitação para dirígir veículo aplicável exclusivamente' aos crimes culposos de trãnsito (art. 57, CP), a qual se justifica tanto no seu aspecto retributivo quanto preventivo. Entretanto, os crimes culposos de trãnsito, cometidos na direção de veiculos automotores, passaram a ser tipificados no. Código de Trânsito Brasileiro,estabelecendo-se para eles, além das penas privativas de liberdade e multa, a suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação para dirigir veic~lo automotor. .Destarte, .. tal '; interdição prevista no Código Penal só poderá ser aplicada, nos crimes culposos' de trãnsito, em substituição à pena privativa de liberdade, quando não se tratar de infração praticada com veiculo automotor ela continua cominada- , assim, para o agente que, habilitado para dirigir veículo, pratica crime culposo de trânsito na condição de veículo de tração humana ou animal. É desaconselhável a sua aplicação ao motorista profissional porquanto. com isso se proibiria o livre exercício de uma profissão da qual o agente retira o seu sustento; devendo-se optar, nessa hipótese, pela substituição por outra pena restritiva de direito ou, conforme .0 caso, conceder-se a suspensão condicional da pena (sursis). É preferivel que tal' inabifitação fique reservada aos casos mais. graves e para motoristas recalcitrantes no cumprimento das regras de trãnsito. A aplicação da pena de . suspensão da habilitação do Código Penal, oua de suspensão e proibição de se obter a .perm issão OLi habilitação para dirigir veículo do' Código de. Trânsito, não afasta a inabilitação permanente para dirigir veiculo, quando e$te for utilizado para a prática de crime doloso. Trata-se, agora, de efeito da condenação (art. 92, Iil, CP). A quarta interdição é a proibição de freqUentar determinados lugares, já existente como uma das condições obrigat6riasdo sursis especial, como condição facultativa do livramento condicional, como condição da suspensão condicional do processo nos crimes cuja pena mínima seja igual a 1 ano' e, . como medida protetiva de urgêncía de natureza cautelar nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher. 15 POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce POSITIVO Realce USF/Pari -,Prof. Esp; Rony A. Hergel.t - Direito Penal 111- Das Penas Penas Restritivas de Djreitos ~ A pena não pode ser aplicada de forma genérica ou imprecisa e o juiz deverá ,especificar expressamente. na sentença quais os lugares que o sentenciado não pode freqüentar. Essa fixação deve . guardar relação com o delito praticado e com a pessoa do agente, como forma de prevenir a prática de novo: crime pelo condenado. O tempo de duração dessa pena é o mesmo da pena privativa de liberdade fixada inicialmente. . Cabe ao juiz da execução comunicar à autoridade competente a aplicação de qualquer das penas de interdição temporária de direitos, com exceção da proibição de freqüentar determinados lugares, impondo-se a intimação do condenado (art. 154, caput, LEP). A autoridade à qual for comunicada a .aplicação da pena deverá, em 24 horas, contadas do recebimento do oficio. do magistrado, baixar ato a partir do qual a execução terá seu inicio (art. 154, S 1°, LEP). Quanto à proibição de exercicio de profissão, atividade ou oficio e à suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veiculo, o juiz da execução determinará a apresentação dos documentos que autorizam o exercício do direito do interditado (art. 154, S 2°, LEP; art. 293, S 1°. CTB). A autoridade administrativa deverá também comunicar imediatamente ao juiz da execução o descumprimento da pena, sem prejuizo da comunicação de qualquer pessoa prejudicada (art. 155, LEP), já que o descumprimento injustificado da restrição acarreta a conversão da pena restritiva de direitos em pena privativa de liberdade (art. 44, ~ 4°, CP). Limitação de Fim de Semana Consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e domingos, por 5 horas diárias em '. , casa de albergado ou outro estabeleciniento adequado, podendo ser ministrado aos condenados durante essa permanência 'cursos e palestras, ou atribuídas" a . eles atividades educativas. Correspol)deráapénas a dois dias de cada semana do prazo éstipUlado para a pena privativa de liberdade aplicada inicialmente pelo juiz na sentença condenatória: . Caberá ao juiz da execução determinar a intimação do condenado, 'cientificando-o do local, dias' e horário em que deverá cumprir a pena, que terá início a partir da data do primeiro' comparecimento (art. 151, LEP). O estabelecimento designado .encaminhará, mensalmente, ao juiz da execução relatório, bem assim comunicará, a qualquer tempo, a ausência ou falta disciplinar do condenado (art. 153, LEP). . Cominação As penas privativas de liberdade têm os seus limites estabelecidos na sanção correspondente a cada tipo legal. A pena de multa, porém, prevista em cada tipo légal, tem os limites fixados no art. 49 e seus parágrafos do CP, e o mesmo ocorre quando' é aplicada em substituição à pena privativa de liberdade. Por sua vez, as penas restritivas dé direitos não estão cominadas abstratamElRtepara cada tipo penal, mas são aplicáveis a qualquer deles, independentementede cominação na parte especial, em substituição à pena privativa de liberdade fixada, se atendidos os requisitos previstos no artigo 44 do CP. Essa substituição, como já se disse, se dá de tal forma que a duração da pena restritiva de direitos é a mesma da pena privativa de liberdade fixada inicialmente e substituida, não podendo o juiz dar-lhe duração maior ou menor do que a pena corporal. Também não pode o juiz fixar 16 POSITIVO Realce USF/Pari - Pi'of. Esp. Rony A. Hergert- Direito Penal III - Das Penas Penas Restritivas de Djrejtos ~ . diretamente a pena restritiva de direito, que, embora autônoma, tem caráter de pena privativa de liberdade. Somente após o trânsito em julgado da sentença que aplicou a pena de prestação de serviços ou de limitação de fim de semana é que se determinará, no Juizo da Execução, a forma de cumprimento dessas sanções, ajustadas às condições pessoais do condenado, às caracteristicas do estabelecimento, da entidade ou do programa comunitário ou est~tal. Cabe ao juiz da execução designar entidades ou programas comunitários ou estatais; determinar a intimação do condenado e adverti-lo das obrigações; alterar a forma de execução; verificar a natureza e a qualidade dos cursos a serem administrados; comunicar à autoridade competente a existência da interdição temporária de direitos; determinar a apreensão dos documentos que autorizam o direito interditado etc. Permite-se ainda a substituição da pena privativa de liberdade pela de multa, que passou. a ser nessa hipótese uma pena alternativa. Quando for aplicada a pena privativa de liberdade igualou inferior a um ano, desde que o sentenciado não seja reincidente em crime doloso e que as condições judiciais indiquem ser ela suficiente, ocorrerá tal substituição. Assim, a aplicação da pena de multa, nessas hipóteses, independe de cominação no tipo penal específico. Outrossim, nada impede que haja a substituição da pena privativa de liberdade por multa, cumulando-a com a pena pecuniária prevista expressamente no preceito sancionador. Contudo, a Súmula 171/STJ enuncia que: "Cominadas cumulativamente, em lei especial, penas ,:>rivativas de liberdade e pecuniária, é iefeso a substituição da prisão por multa". Substituição A SU?~tituiçãotia pena privativa de liberdade por restntlva de direitos ou de multa depende da existência de requisitos de duas ordens:,. .:' 1") Objetivos (art. 44, caput, ',CP): No caso de crime culposo, permite-se a substituição por pena restritiva de direito qualquer que seja a quantidade da pena aplicada. Tratando-se crime doloso, o juiz só poderá proceder à substituição sec:1 pena privativa de liberdade aplicada inicialmente Mo for superiOr a 4 anos, com exceção da pena de prestação de seNiços à comunidade ou entidades púbicas, em que ela só é admitida quando a.condenação for superior a seis meses. Tratando-se, porém, de condenação por crime doloso igualou inferiOr a 1..ano, permite-se a substituição por pena de multa. .. Havendo concurso de Crimes, a substituição é possivel quando o total das penas não ultrapassa o limite mencionado, de 4 anos (com exceção dos crimes culposos). Quando se trata de concurso formal ou crime continuado em iIIcitos dolosos, a substituição deve ser feita por uma s6 pena restritiva de direito ou multa, mas, no caso de concurso material, a substituição poderá ser efetuada por duas ou mais penas alternativas idênticas (quando os crimes forem idênticos), ou mesmo por penas substitutivas diversas (se não o forem). Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compa!lveis entre si e sucessivamente as demais (art, 69, 9 2°, CP). Quando, porém, tiver sido aplicada pena privativa de liberdàde'sem a concessão do sursis, por um dos crimes, para os demais será incabivel a substituição (art. 60, S 1°, CP). É proibida a .substituição da pena' quando se tratar de crime praticado com violência ou grave 17 POSITIVO Realce POSITIVO Realce USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergert- Direito Penal III - Das Penas Penas Restritivas de Direitos @ ameaça à pessoa, qualquer que seja a quantidade da pena privativa de liberdade . imposta (art. 44, I, CP), exceto, obviamente, quando esta modalidade for constitutiva do próprio ilícito como nos casos de lesão corporal, ameaça, para os quais deve ser permitida a substituição. A nova Lei de Drogas veda a substituição nos crimes relacionado com o tráfico de drogas, entre os quais o de associação para o tráfico. 2") Subjetivos (art. 44, 11e 111,CP): o primeiro deles é não ser o cOhdenado reincidente em crime doloso, ou seja, que na época do crime não fora condenado em sentença transitada em julgado por outro crime doloso, no pais ou no estrangeiro (art. 63, CP). Referindo-se a lei ao não- reincidente em crime doloso, podem ser beneficiados não só aqueles que, embora condenados anteriormente, praticaram crime antes do trânsito em julgado da sentença condenatória pelo delito precedente, como também os reincidentes em que um dos crimes, pelo menos, seja culposo. Também possibilita-se a substituição àquele que praticou o crime após cinco anos contados da data do cumprimento ou extinçâo da pena da condenação anterior, computado nesse período de prova da suspensão condicional da pena ou do livramento condicional se não ocorreu revogação desses beneficios (art. 64, I, CP). Caso o condenado seja reincidente, mas não em crime doloso, e desde que os crimes antecedente e posterior não sejam idênticos, ou seja, previsto no mesmo tipo penal, a substituição da pena privativa de liberdade só deve ser concedida se a medida for socialmente recomendáveL Essa aferição do juiz a respeito da suficiência da substituição deve ser fundamentada nas circunstâncias, não só do crime a ser apenado, como do precedente (art. 44, 9 2°, CP). Por fim, é necessário também que esteja presente o último pressuposto, ou seja, que a culpabilidade, os antecedentes, a c.onduta social e a personalidade do condenado; bem como os motivos e as circunstâncias, indiquem que a substituição é suficiente. . Essas Circunstâncias pessoais são averiguadas pelos elementos colhidos na instrução criminal. Caso as provas demonstrem a incompatibilidade do réu com a convivência social harmônica, os seus. antecedentes comprometedores, uma conduta marcada por fatos anti-sociais, a ausência de profissão definida ou emprego fixo, a falta de residência determinada; não haverá sentido na substituição e o juiz deve declinar na sentença as razOespor que hão a concede. Opções do Juiz Nocaso de crime doloso: 1. se aplicada pena privativa de liberdade igualou inferior a 1 ano, substitui-se por multa ou por uma restritiva de direitos (art. 44, 92°, 1" parte,CP);. 2. se aplicada pena privativa de liberdade igualou inferior a 1. ano e tendo sido praticado o crime no exerCício de cargo ou função pública, substitui-se pela pena de prOibição do exercfcio de cargo, função, atividade pública ou mandato eletivo (art. 44, 9 2°, 1"parte, c.c. art. 56, CP); 3. se aplicada pena privativa de liberdade igualou inferior a 1 ano e tendo sido o crime praticado no exercício de profissão, atividade ou ofício que dependem de habilitação .especial, de licença ou autorização do poder público, substitui-se pela pena de proibição do exercício de cargo, função, atividade pública ou mandato eletivo (art. 44,S2°, 1" parte, c.c. art. 56, CP); 18 USF/Parí - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal UI - rias Penas Penas Restritivas de Direitos @: 4. se aplicada pena privativa de liberdade superior a 6 meses e não excedente a 4 anos, substitui-se pela pena de prestação de serviços à comunidade (art. 46, CP). 5. se aplicada pena privativa de liberdade superior a 1 ano e não excedente a 4 anos, substitui-se por uma restritiva de direitos e multa, ou por duas restritivas de direitos, desde que a .soma delas não ultrapasse a duração da pena originalmente fixada (art. 55, CP); 6. se aplicada pena privativa de liberdade superior a 1 e não excedente a 4 anos e tendo sido .praticado o crime no exercicio de cargo ou função pública, substitui-se pela pena de proibição do exercTcio de cargo, função, atividade pública ou mandato eletivo e multa, ou por essa interdição e outra' pena restritiva de direitos (art. 44, S 2°, 2a parte, CP), desde que a soma delas não ultrapasse a duração da pena originalmente fixada (art. 55, CP); 7. se aplicada pena privativa de liberdade superior a 1 ano e não excedente a 4 anos e tendo sido o crime praticado no exercício' de profissão, atividade ou oficio que dependem de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público, substitui-se pela pena de proibição do exercício de cargo, função, atividade pública ou mandato eletivo e multa, ou por essa interdição e outra pena restritiva de direitos (art. 44, S 2°, 2" parte, CP), desde que a soma dela não ultrapasse a duração da pena originalmente fixada (art. 55, CP). No caso de crime culposo: liberdade imposta a crime culposo pode ser substituida de acordo com os mesmos parâmetros previstos para o crime doloso; 2. se se tratar de crime culposo de trânsito, desde que não' cometido na direção de veiculos automotores, permite-se a substituição de acordo' com essas mesmas regras, ou, se o agente for habilitado para dirigir veiculo, a pena de suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veTculos; 3. se se tratar de crime culposo de trânsito cometido na direção de veículo automotor, aplicam-se as regras previstas no Código de Trânsito Brasileiro, sendo. que a suspensão ou proibição de se obter a habilitação para dirigir veiculo automotor pode ser imposta como penalidade principal, isolada ou cumulativamente com outras penalidades (art. 292, CTB). Conversão Não beneficiado com a substituição da reprimenda em razão da quantidade da pena privativa de liberdade inicialmente imposta, o sentenciado poderá obtê-Ia durante a execução por meio da conversão, 'instituto criado pela Lei de Execução Penal. . A conversão somente poderá ser efetuada, porém, quando for aplicada. pena privativa de liberdade não superior a 2 anos (art. 180, LEP). Além desse fator, exige a lei os seguintes requisitos ainda: I - o condenado estar cumprindo a pena em regime aberto; .. 11 _ ter o condenado cumprido pelo menos 1/4 da pena; 111 - os antecedentes e a personalidade do condenado indicarem ser a convE!rsão recomendável. 1. não se trânsito, tratando a pena de crime de privativa de Sendo esses os pressupostos para a conversão, o juiz da execução' não pode negá-Ia com 19 USF/Pal"i - Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito PenalIlI -'-Das Penas. Penas Restritiyas de Rírejtos Cl . fundamento nas demais circunstâncias para a substituiçâo quando da prolaçâo da sentença (culpabilidade, motivos, circunstâncias e conseqüências do crime). A LEP também prevê, por outro lado, causas de conversão prejudicial obrigatória. Assim,.a pena de prestação de serviços à comunidade será convertida obrigatoriamente em pena privativa de liberdade quando o condenado (art. 181, . LEP): I - não for encontrado por estar em lugar incerto e não sabido, ou desatender à intimação por edital; 11 - nâo comparecer, injustificadamente, à entidade ou programa em que deva prestar serviço; , 111 - recusar-se, injustificadamente, a prestar o serviço que lhe foi imposto; IV - praticar falta grave; V - sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não tenha sido suspensa. Caso o sentenciado justifique o seu não- comparecimento e a sua recusa, a conversão restará impedida. Não é possível a conversão, obviamente, quando se trata de descumprimento de prestação de serviço à comunidade aplicada como pena principal, como ocorre nos casos da nova Lei de Drogas. A pena de limitação de fim de semana será convertida quando o condenado não comparecer ao estabelecimento designado para o cumprimento da pena, recusar-se a exercer a atividade determinada pelo juiz e, nessas hipóteses, não há possibilidade da justificação pelo condenado, sendo a conversão obrigatória, mesmo no caso de não-comparecimento. De igual sorte, a pena de Interdição temporária de direitos será convertida quando o condenado exercer, indevidamente, o .direito interditado. No mesmo sentido, com relação à pena de proibição de freqüentar determinados lugares que, se infringida, ensejará a sua conVersão para privativa de liberdade. Em qualquer das hipóteses de conversão, no cálculo da pena privativa de .libêrdade a executar, será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos. Como única exceção, obriga-se de acordo com o arte44, S 4°, do CP, o cumprimento de 1 mês de reclusão ou detenção, se o saldo a cumprir for inferior a esse limite temporal. A conversão, em qualquer das hipóteses, não é automática, exigindo-se que seja ouvido .previamente o condenado, que pode justificar o descumprimento da restrição imposta. Quando no curso da execução da pena privativa de liberdade, sobrevier doença mental .ou perturbação da saúde mental, o juiz de ofício,. a requerimento do Ministério' Público ou. da autoridade administrativa, poderá determinar a substituição da pena por medida de segurança (art. 183,LEP). @ MlRABETE, Júlio Frabbini, FABBRlNI, Renato N; Manual de Direito Penal, 24" ed., vol. I, pp. 270/89, Edit. Atlas, São Paulo, 2007. 20 USF/Pari .. Prof. Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal III ~ Das Penas Multa" A maior vantagem dessa sanção é não ser levado o criminoso à prisão por prazo de curta duração, privando-o do convívio com a família e de suas ocupações, mesmo. porque não. seria. suficiente para. a recuperação do sentenciado e apenas o corromperia e o aviltaria. Ademàis, a multa não acarreta despesas ao Estado e vai de contra-impulso à ganância que ensejou o ato delitlvo. Consiste a coima no pagamento ao fundo penitenciário de quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa, sendo, no minimo, de 10 e, no máximo, de 360 dias-multa (art. 49, CP). Concedeu-se ao juiz, assim, a faculdade de fixar a pena pecuniária de 1/3 do salário mínimo a um teto de 1.800 salários mensais. ' o valor do dia-multa é fixado .pelojuiz, nao podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (art. 49, S 1°, CP). Isso significa que um dia-multa nunca poderá ser inferior à remuneração devida por um dia de trabalho de acordo com o maior salário mínimo vigente. ao tempo do fato, nem superior ao quíntuplo da remuneração por um mês de trabalho, tendo em vista ainda o mesmo salário. A atualização do valor da multa será pelos índices da correçao monetária. A correção monetária não modifica o valor da multa, apenas atualiza a sua expressão. A correção é calcula pelos índices da UFIR (Lei n° 8.383/91). O termo inicial para aplicação da correção monetária é o da data do fato criminoso, que tem por fundamento a Súmula 43/ST J. a qual enuncia que a incidência da correção monetária sobre dívida por àto ilicito é a "partir do efetivo prejuízo". Cominação e Aplicação A multa pode ser uma sanção principal quando cominada abstratamente .como sanção específica .a um tipo penal, .alternativa ou cumulativamente com .a pená privativa de liberdade. Em sua fixação, o JUIZ deve atender, principalmente, à situação econômica do réu (art. 60, CP). Assim, a situaçiio do patrimônio do sentenciado, suas rendas, meios de . subsistência, nivel de gastos ou outros elementos, serão levados em consideração pelo magistrado. É claro que, se o condenado viver exclusivamentedo produto de seu salário, o dia- multa não deverá ser inferior a sua renda diária. f:': importante que se frise que a condição- econômica do réu não é a única a se considerar na. fixação da coima; a dósimetria da pena pecuniária deve atender também a outras circunstâncias, em paralelismo com a penà privativa de liberdade. Assim, a gravidade do crime praticado pelo agente e demais circunstâncias serão úteis para se aferir a culpabilidade do sentenciado, bem. como a necessidade da maior prevenção e repressão penai. Outrossim,.a incidência dás cauSas. gerais e especiais de aumento de 'pena previstas nó. Código Penal também serão .utilizadas no cálculo da multa. Dessa formà, tratando-se de tentativa, a penalidade pecuniária deve. ser também reduzida na mesma. proporção. da diminuição da pena corporai. Esse critério, porém, só deve valer para a fixação do número de dias-multa aplicável ao caso concreto. O valor de cada dia-multa deve ser fixado levando- se em conta exclusivamente. a situação econômica do réu, como a justa retribuição pelo críme diante das condições pessoais de seu autor. Como o dia-multa. é apenas' a unidade de medida da peria de multa, no momento da determinação de seu número não. se cuida de 21 -- USF/Pari - ProL Esp. Rony A. Hergert - Direito Penal in - DasPen.s Mult~e valores monetários, o que só será feito na fixação do valor do dia-multa. Portanto, nada impede que, em face da aplicação de causas de aumento ou diminuição, .o quantum final de dias-multa seja fixado de forma fracionada. Somente quando da fixação do valor monetário final é que se devem desprezar as frações de reais (art. 11, CP). É indispensável que o julgador, ao fixar a pena pecuniária acima do mínimo legal;. fundamente a decisão. Como já se disse, a multa também poderá ser imposta como pena substitutiva, independentemente de cominação na parte especial, quando for aplicad'l. pena privativa de liberdade igualou inferior a 1 ano e o sentenciado preencher os demais requisitos exigidos na lei. Nesta hipótese, não exige a lei equivalência quantitativa entre a pena de multa substitutiva e a pena privativa de liberdade substituída, ao contrário do que ocorre com as penas restritivas de direitos. Sua fixação é regida por critérios próprios. . Pagamento da Multa Deve a multa ser paga dentro de 10 dias depois de transitada em julgado a sentença condenatória (art. 50, caput, CP) e constitui ela recurso do Fundo Penitenciário Nacional. o art. 51 do CP reza que: "Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será considerada dívida de valor, aplicando-se-Ihe as normas da legislação relativa à divida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição", estas disciplinadas no Código Tributário Nacional e na Lei de É:xecução Fiscal (Lei nO 6.830/80). A requerimento do condenado e conforme as circunstâncias, o juiz pode permitir, que o pagamento se realize em parcelas mensais (art. 50, CP). O requerimento deverá ser apresentado até o término do prazo concedido para o pagamento da multa, ficando a crJtério'do juiz, após eventuais diligências para verificar a real situação econômíca do condenado e ouvido o Ministério Público, a fixação do número de prestações (art. 169, 9 1°, LEP). Se o condenado for impontual ou se melhorar de situação econõmica, o juiz, de ofício' ou. a requerimento do MP, revogará' o beneficio, executando-se a multa ou prosseguindo-se na execução já iniciada (art. 169,92°, LEP). Permite-se' a cobrança da multa mediante desconto 'no vencimento ou salário do condenado quando foi aplicada isoladamente, cumulativamente com pena restritiva de direitos ou foi concedida a suspensão condicional da pena _sursis (art. 50, S 1°, CP). Na determinação para o desconto, o juiz deverá observar o seguinte: ' a) o limite máximo do desconto mensal será o da quarta parte da remuneração e o minimo o de um décimo;' . b) o desconto será feito mediante ordem do juiz a quem de direito; , c) o responsável pelo desconto será intimado a recolher mensalmente, até o dia fixado pelo juiz, a importância determinada (art. 168, LEP). As parcelas em que foi dividida a pena de multa devem ser corrigidas uma vez que, se a lei nada dispõs sobre o dia final da correçao, é porque esta deve incidir até o efetivo pagamento, ou seja, a quitação final. Quando a pena de multa .for aplicada cumulativamente com pena, privativa dê liberdade e esta estiver sendo executada, poderá ser cobrada aquela mediante desconto na remuneração do condenado, observados o limite e as condições mencionadas (art. 170, LEP). 22 USF/Pari - Prof. Esp. Rony A. Hergerl- Oi,'eito Penal UI - Das Penas M\llJ.;,'" Aplicam-se também as disposições relativas à cobrança quando o condenado cumprir a pena privativa de liberdade ou obtiver livramento condicional sem haver resgatado a multa, bem como se estiver em gozo da suspensão condicional da .pena (art. 170, 99 1° e2°, LEP). É suspensa a execução da pena de multa se sobrevém ao condenado doença mental (arts. 52, CP e 167, LEP). Impossibilidade de Conversão da Multa Não há. possibilidade legal de conversão prejudicial ao condenado ante inadimplência da pena de multa em outra sanção. Diga-se o mesmo com relàção a multa imposta na homologação da transação penal perante o JECrim. Quanto à possibilidade de. o condenado pagar ou não a multa, deve-se estabelecer a distinção, para efeitos penais, em solvente e insolvente. Insolvente é o condenado que não pode efetuar o pagamento da multa nos .termos estabelecidos na lei. A insolvência é absoluta quando o condenado não pode efetuar o pagamento da multa, mesmo em prestações, sem prejuizo dos recursos indispensáveis a sua manutenção e à família, tanto que o desconto permitido em lei não deve incidir sobre eles (art. 50, S 2°, CP). É relativamente solvente o condenado que não pode efetuar o pagamento da multa de uma vez, mas aufere remuneração, vencimento ou sàlário, em valor tal que permita o. desconto, sem. prejuízo da manutenção própria e da família. A solvência do condenado não é, porém, presumível, devendo existir prova nos autos dessa situação para que se possa admiti-Ia como verdadeira. , @ MlRABETE, Júlio Frabbini, FABBRINJ, Renato N; Manual de Direito Penal, 24" ed., vaI. l, pp. 289/97, Edit. Atlas, São Paulo, 2007 .. 23 USF/P.ri - Pl'Of. Esp. Rony A. Hergert- Direito Penal lU _ Das Penas ~acãQ da Pena. Conceitos Cl 1. Introdução Nos limites estabelecidos pelo legislador _ mínimo e máximo abstratamente fixados para a pena - elege o magistrado o quantum ideal para a reprovação do delito praticado e prevenção de novas infrações penais, valendo-se' do seu livre convencimento (discricionariedade), embora com fundamentada exposição do seu raciocínio (juridicamente vinculada). A fixação da pena alcança não somente a espécie estabelecida no preceito secundário (privativa de liberdade ou multa) como também o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade e a possibilidade de sua, substituição por outra modalidade, quando cabível. Inclui-se, ainda, no processo, a opção pela suspensão condícional do seu cumprimento (sursis). Vale ressaltar, desde logo, que o critério adotado pelo Código Penal, no art. 68, é o trifásico, Lé., o juiz deve estabelecer a pena em três fases distintas: a primeira leva em consideração a fixação da penÇ!- base, tomando por apoio as circunstãncias judiciais do art. 59; em' seguida,. o magistrado deve aplicar as circunstãnciÇ!s legais (atenuantes e agravantes dos arts. 61 a 66), para então apor as causas de diminuição e de aumento (previstas nas Partes Geral e Especial). Assim, por pena-base deve-se entender que é a primeira escolha do juiz no .processo de fixação da pena, sobre a qual incidirão as agravantes e atenuantes e, em seguida, as causas de aumento e diminuição. A eleição do quantum inicial, a ser extraido da faixa variável entre o mínimo e o máximo abstratamente previstos no típo penal incríminador, precisamente no preceito secundário, faz- se em respeito às circunstâncias judicíais, previstas no art. 59 do CP. Não se trata de uma opção arbitrária e caprichosa do julgador,' ao contrário, deve calcar-se nos elementos expressamente indicados emleí, devidamente invocadoscomo razões de decidir. 1 Por outro lado, a pena de multa merece consideração à parte. Como já se disse,' o critério para ela respeita, contudo, duas fases. Na primeira, para eleição do número de dias- multa, o julgador leva em conta os elementos contidos no art. 59 (circunstâncias judiciais) quando, então, avaliada
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