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ESTUDO DE PROCESSO DE MANUTENÇÃO PREDIAL HOSPITALAR Ronaldo Lessa Ferreira Professor Orientador: Luís Gabriel Graupner de Godoy Faculdade Leonardo da Vinci - Santa Catarina Engenharia Civil - Trabalho de Conclusão de Curso 31/10/2019 RESUMO O presente artigo tem como objetivo estudar a gestão e processos de manutenção de uma edificação hospitalar. Tendo como foco a análise in loco de uma entidade assistencial de saúde (EAS) situada na região do vale do Itajaí SC, com 76% de seus leitos reservados para o SUS em seus 7500m² de área. Tratando-se de uma instituição pública, que como grande maioria destas EAS propõem desafios técnicos elevados, devido ao alto grau de improviso em suas instalações e a falta de recursos. As edificações que comportam uma EAS têm como característica de complexidade alta, por possuir esta propriedade, as ações de manutenção, obras ou reformas devem ser constantemente revistas, e programadas interdisciplinarmente, evitando transtornos e afiançando a segurança do paciente. Quando se trata de manutenção predial em uma instituição assistencial de saúde (EAS), sua complexidade e importância são mais evidenciadas, com normas, legislações e procedimentos. A proposta deste estudo foi através de visitas em campo analisar características da edificação como grau de deterioração e comprometimento da disponibilidade e confiabilidade da edificação, comparativos de qualidade através do manual de acreditação hospitalar (ONA), métodos adotados pelo setor de manutenção para gerenciamento, coleta de dados e avaliação de produtividade do setor, instalações prediais e as atividades técnicas de manutenção. Com estes dados conseguimos chegar à conclusão que o improviso e a falta de conhecimento técnico se faz presente neste tipo de atividade, sendo imprescindível para tal a intervenção de um profissional de engenharia, pois em grande parte dos quesitos de análise não foram atendidos. Palavras-chave: Manutenção Predial hospitalar; Gestão predial; Engenharia Civil. 1 INTRODUÇÃO Na engenharia civil brasileira, dá se muito destaque às obras, projetos de novas edificações, pontes entre outros, dando ênfase a suas complexidades de projeto ou execução, sendo a atividade de manutenção e seu gerenciamento ficando em segundo plano. A atividades de manutenção predial na maioria das vezes não estão previstas em projetos, estando em desacordo ao que é descrito na NBR 5674, “ a manutenção de edificações é um tema cuja importância tem crescido no setor da construção civil, superando, gradualmente, 2 a cultura de se pensar o processo de construção limitado até o momento quando a edificação é entregue” (ABNT, 2012). Além disso, os processos técnicos de manutenção atuam diretamente para que o valor do imóvel e seus respectivos equipamentos, mantenham-se dentro de margens competitivas. Através de análises técnicas e benfeitorias, conseguimos retardar sua depreciação e atendendo as leis vigentes e normas pertinentes ao seu uso e aplicação. Conforme Pitta (2000, p. 11) “[...]A resistência de um prédio contra a obsolescência depende não só da qualidade de construção e de manutenção, mas também do projeto original e da flexibilidade de uso[...]”. A gestão de manutenção hospitalar exige do profissional de engenharia grande performance em conhecimento técnico de execução, gestão e legislação, sendo suas principais características as mudanças dinâmicas provenientes dos avanços tecnológicos na área de saúde. Demandando muitas mudanças físicas de projetos e instalações, esta complexidade é citada por Karman (1995, p.11) onde ele aponta o hospital como uma edificação onde se exige um grau avançado de dinamismo, pela mudança constante de tecnologias fazendo com que alterações espaciais e de infraestrutura sejam constantemente necessárias. Esta área em particular é muito pouco explorada e, portanto, carente de profissionais de engenharia civil capacitados para esta demanda específica, comprometendo ainda mais o desempenho das edificações e tendo por consequência impacto a atividade fim, que é o atendimento e a segurança em diversos níveis do paciente. O objetivo deste artigo será analisar processos tanto técnico construtivo, como os de gestão da manutenção existentes, fazendo comparativos baseados nas normas e legislação em vigor com intuito de avaliar a performance do setor de manutenção, em detrimento às dificuldades de infraestrutura e financeiras que acometem as instituições de saúde pública do país. Este artigo tem como intuito, a análise de processos tanto técnicos construtivos, como a de gestão da atividade de manutenção dentro da unidade hospitalar pública, visando através desta análise melhoria destes processos refletindo na melhor performance da edificação e como consequência melhor qualidade de atendimento ao paciente. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1999), pela NBR 5674, fica estabelecido que manutenção é: “conjunto de atividades a serem realizadas para conservar ou recuperar a capacidade funcional da edificação e de suas partes constituintes de atender as 3 necessidades e segurança dos seus usuários. ” Conforme Monchy (1989), o termo manutenção surge no vocabulário militar, com o significado de manter o efetivo de materiais constantes nas unidades militares, sua designação mais antiga é sua origem do latim manus tenere, que significa manter o que se tem. Conforme Viana (2002), o termo vem desde a antiguidade, quando foram geradas as primeiras ferramentas de produção. Mas o termo manutenção, só foi ter seu significado de manter o bom funcionamento de equipamentos, ferramentas e outros dispositivos em 1950 nos Estados Unidos. De acordo com Kardec e Nascif, (2009), na década de 30 a manutenção foi dividida em quatro gerações. A primeira geração abrange o período anterior a segunda grande guerra, onde a operação industrial era em sua grande maioria manual, e os equipamentos eram extremamente simples, os serviços de manutenção que ocorriam era na grande maioria das vezes serviços periódicos de limpeza. Já a segunda Geração, entre as décadas de 60 e 70, com o aumento da mecanização por motivos de alta demanda de produtos e pouca mão de obra, aumenta-se a necessidade de maior disponibilidade de máquinas e equipamentos, sendo necessários mitigar paradas por quebras dos maquinários, resultando o conceito de manutenção preventiva. Na década de 60 com o aumento dos custos de manutenção, foi criado o sistema de planejamento e controle de manutenção (PCM), utilizados até os dias de hoje. A terceira geração, na década de 70 com a aceleração dos processos industriais, com o enfoque na maior qualidade dos produtos, estoques menores, prazos mais curtos e com a forte automatização, os termos confiabilidade e disponibilidade se tornaram frequentes. Por fim, a quarta geração, a manutenção tem como base a engenharia de manutenção tendo entre seus principais fatores de estudo, a prática de análise de falhas com visão no aumento de disponibilidade e confiabilidade dos equipamentos surgindo a definição de manutenção preditiva com a finalidade de diminuir ainda mais as intervenções e paradas dos equipamentos. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994, p.11) na NBR 54622, fica estabelecido que confiabilidade é a “probabilidade de um item poder desempenhar uma função requerida, sob dadas condições, durante um dado intervalo de tempo [...]”. E disponibilidade segundo a mesma norma (ABNT, 1994, p.11) “Capacidade de um item estar em condições de executar uma certa função em um dado instante ou durante um intervalo de tempo determinado[...]”. 4 2.1.1 Manutenção Corretiva Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1994, p.7) em sua NBR 54622 define a manutenção corretiva como “Manutenção efetuada após a ocorrência de uma pane destinada a recolocarum item em condições de executar uma função requerida”. Segundo Monchy (1889, p.37) “Manutenção corretiva corresponde em uma atitude de defesa (submeter-se, sofrer), enquanto se espera uma outra falha acidental (fortuita), atitude característica da conservação tradicional”. Para Pinto, (2010), a grande maioria das manutenções executadas em edificações são de origem corretiva, estes por sua vez, devido ao grau de urgência da intervenção pode haver práticas, técnicas ou aplicação de materiais de forma equivocada. Estas podem mascarar patologias potencialmente responsáveis pela falha, obrigando ao longo do tempo a novas intervenções, aumentando os custos. Conforme Pinto (2010), também podemos fazer uso da manutenção corretiva como alternativa quando os custos da indisponibilidade são menores que o custo para evitar a falha, uma condição tipicamente usada em equipamentos que não fazem ou não alteram o processo produtivo. Conforme Kardec e Nascif (2009), as modalidades de manutenção corretiva podem ser corretivas emergenciais e planejadas. A corretiva emergencial se define em casos sem previsão para parada, podemos dar como exemplo um equipamento que apresenta uma falha durante serviço, afetando diretamente a produção; e o segundo termo ocorre quando há um desempenho menor ou por planejamentos gerenciais. 2.1.2 Manutenção Preventiva A manutenção preventiva tem o foco obstinado na prevenção de falhas, sendo esta fundamental nos setores em que a segurança sobrepõe aos demais, temos como exemplo a aviação. Seus métodos são avaliações e atividades dentro de um período previamente programado, minimizando o impacto produtivo, onde estas atividades nem sempre são informadas pelo fabricante podendo o equipamento estar sujeito a uma intervenção prematura. Isto as vezes ocasiona uma troca antecipada de componentes, pois há uma probabilidade de se efetuar uma troca de partes antes deste apresentar seu término de vida útil, (KARDEC e NASCIF, 2009). Segundo Monchy, (1899) caracteriza as atividades de manutenção preventiva com os seguintes objetivos: Aumentar a confiabilidade do equipamento reduzindo as falhas em serviço 5 Aumentar a vida útil (VUP), do equipamento Melhorar o planejamento da produção Aumentar a segurança Melhorar as condições de trabalho reduzindo o estresse causado por atrasos na produção Tanto Monchy quanto Kardec e Nascif, enfatizam que a manutenção preventiva não substitui a corretiva, pois em alguns casos poderá ser realizada uma manutenção corretiva planejada, através de um diagnóstico feito na manutenção preventiva. 2.1.3 Manutenção Preditiva De acordo com Viana (2002), este define a manutenção preditiva como tarefas que visam acompanhar ou monitorar o funcionamento dos equipamentos ou seus respectivos componentes, podendo ser realizados por monitoramentos, análises estatísticas ou ensaios não destrutivos, visando antever o momento máximo de desgaste dos componentes ou o equipamento em si. Isto evita desmontagens prematuras utilizando o máximo de sua vida útil As técnicas utilizadas para a realização da manutenção preditiva, na grande maioria das vezes são análises não destrutivas, conforme anteriormente descrito, tendo como mais usadas: ultrassom, análise de vibrações mecânicas, análise de óleos lubrificantes e termografia. Complementando com Kardec e Nascif, (2009) quando se aproxima o limite máximo de degradação pré-estabelecido, é programada sua intervenção, neste caso é possível fazer a programação prévia dos serviços, além de outras decisões voltadas à produção. Os autores também citam as condições básicas para a adoção deste tipo de atividade: O equipamento deve permitir algum tipo de medição. O sistema ou instalação deve ter justificada este tipo de ação. Deve ser estabelecido um programa de acompanhamento com análises detalhadas Nestas ações são justificadas o emprego de instrumentos para acompanhamento, e até instalação de instrumentos de monitoração on-line. Devido aos investimentos envolvidos, as atividades de manutenção preditiva se validam em critérios específicos, como aspectos relacionados à segurança pessoal ou operacional. A redução de custos também faz parte destes critérios, tanto com a ação corretiva como com o 6 tempo de parada interferindo na atividade econômica mantendo a confiabilidade e disponibilidade do recurso por mais tempo (KARDEC e NASCIF, 2009). 2.1.4 Manutenção Predial Após descrições das atividades de manutenção geral nas quais serve como embasamento para a continuidade deste estudo, precisamos inserir estas atividades no escopo de manutenção predial. De acordo com Gonçalves (2014), apesar dos inúmeros tipos de edifícios todos são passíveis de manutenção, tendo como objetivo a preservação das capacidades de projeto, este sempre respeitando seu tipo de utilização, ele também cita alguns exemplos de tipos de edifícios para destacar suas diferenças características, para cada edificação mencionada abaixo, é necessário um projeto específico e uma gama de equipamentos, instalações nela agregados; todos eles sujeitos a degradação devido à ação do uso, tempo de vida útil ou até causas fortuitas; são elas: Habitação, hotéis e escritórios Hospitais centro de saúde e clínicas Piscinas cobertas, pavilhões multiuso e pavilhões esportivos Centros comerciais, centro de exposições e parques de estacionamento Escolas, bibliotecas, museus e salas de espetáculo, Fabricas, armazéns e mercados Segundo Gonçalves (2014, p.9) além de citar as tipologias de cada edificação, também diz que para cada edifício existe sistemas específicos, cada um com suas particularidades, usos e manutenções diferentes, conforme ele exemplifica nos sistemas baixo e suas atuações: Na rede de fluidos temos água fria, água quente /vapor, águas pluviais, esgoto, gás e ar comprimido. Em comunicação teremos telefones, dados, TV/ vídeo e radio, sistema de som, sinalização visual e sistema audiovisual. Na área de segurança: preventivo de incêndio, sistema de vigilância (CFTV), alarme, iluminação de emergência e sonorização de segurança. Na arquitetura e estrutura teremos os sistemas: estruturais, fachadas, paredes, coberturas, revestimentos interiores. 7 Temos os sistemas elétricos nos quais compreendem: distribuição de energia, produção de energia, iluminação e proteção. Os sistemas mecânicos em manutenção predial compreendem: elevadores, monta-cargas, escadas rolantes, portões e portas automáticas. Os sistemas de climatização e refrigeração constam também de: ar- condicionado, ventilação-exaustão, tratamento de ar, câmaras frigoríficas e umidificação. Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2012, p.06) descreve na NBR 5674, que: “A manutenção de edificações é um tema cuja importância supera, gradualmente, a cultura de se pensar o processo de construção limitado até o momento quando a edificação é entregue e entra em uso”. Tendo por este princípio, hoje a manutenção predial deve ser pensada na concepção do projeto, citando a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2012, p.02) descreve na NBR 5674, é impensável nos dias de hoje edificações serem concebidas sem o mínimo atendimento das normas de desempenho e planejamento prévio de suas manutenções, como se a edificação fosse um bem descartável. Esta complexidade é citada por Gonçalves (2014, p.9) exemplificando os sistemas baixo e suas atuações: Na rede de fluidos temos água fria, água quente /vapor, águas pluviais, esgoto, gás e ar comprimido. Em comunicação teremos telefones, dados, TV/ vídeo e radio, sistema de som, sinalização visual e sistema audiovisual. Na área de segurança: preventivo de incêndio, sistema de vigilância (CFTV), alarme, iluminação de emergência e sonorização de segurança. Na arquitetura e estrutura teremosos sistemas: estruturais, fachadas, paredes, coberturas, revestimentos interiores. Temos os sistemas elétricos nos quais compreendem: distribuição de energia, produção de energia, iluminação e proteção. Os sistemas mecânicos em manutenção predial compreendem: elevadores, monta-cargas, escadas rolantes, portões e portas automáticas. Os sistemas de climatização e refrigeração constam também de: ar- condicionado, ventilação-exaustão, tratamento de ar, câmaras frigoríficas e umidificação. 8 Conforme Araújo (2015), menciona, a manutenção predial avançou muito desde a década de 80, em virtude do crescimento das áreas metropolitanas. Sem espaço para construção de residências térreas, a verticalização foi a alternativa para o crescente aumento da população, assim crescendo a necessidade de conservação destas edificações. Ainda há muito improviso nestas atividades, onde há um abandono do rigor técnico sendo necessário aprimorar o sistema de gestão de manutenção para a melhoria da eficiência dos edifícios e mitigar acidentes ou impactos ambientais. Segundo Antonioli (2011), as mesmas aplicações na manutenção industrial se aplicam na manutenção preventiva, uma reduzindo custos e riscos de acidentes e a segunda aplicando a melhor metodologia para aquisição de materiais e serviços. As melhores práticas e metodologias estarão sempre ao lado das normas e legislação vigente, o profissional de manutenção, para melhor continuidade da disponibilidade e confiabilidade da edificação, deve ter no mínimo o embasamento destes preceitos De acordo com Gomide, Fagundes e Gullo (2009, p. 12) “Norma técnica é um documento que contém regramentos visando a ordenação para a qualidade, segurança e desenvolvimento técnico dos produtos em mercado com concorrência saudável” Segundo os autores, o surgimento das normas aconteceu na Europa no século XII com a confecção de materiais de medida padrão, feitos em metal para medições diversas. Mas, foi depois da segunda guerra que começou a ser formalizado através de documentação escrita, uma base de regras para padronização de produtos fabricados nas indústrias, visando de forma descritiva os processos para melhoria de qualidade dos produtos. Também é comentado pelos autores que a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), se consolidou em 1940, fixando desde então as regras e procedimentos para grande parte da área produtiva. Incluindo entre estas a da construção civil no qual tem por característica a sua multidisciplinaridade. A construção civil apresenta uma gama de processos complexos sendo um desafio a normalização de forma generalizada, porém há um grande interesse da indústria nessa uniformização de processos, para aprimoramento técnico desta indústria aumentando sua produtividade e qualidade. Podemos sintetizar que as normas são publicadas como forma de consolidação de técnicas científicas para utilização em determinada área de conhecimento, sendo o principal balizamento do engenheiro. Em poucas palavras a norma é uma orientação ao profissional de como aplicar determinados materiais ou técnicas de forma cientificamente comprovada e estudada, ou nas frases de Gomide, Fagundes e Gullo (2009, p. 27) "As normas estão para os engenheiros, assim com as leis estão para os advogados." 9 É determinante dentro deste estudo abordagem deste tema pois grande parte deste estudo estarão baseados nas normas brasileiras (NBR), conforme destaco algumas que norteiam a manutenção predial, estes detalhado no ANEXO A 2.1.5 Gestão de manutenção De acordo com Pereira, (2010, p. 11), nos ambientes industriais as exigências operacionais são cada vez mais altas, sendo a disponibilidade dos equipamentos e estruturas cada vez mais solicitadas. Gradualmente vão sendo solicitadas novas técnicas e processos para maior performance dos ativos, isto recaindo constantemente no departamento de manutenção, sendo exigido grande rapidez na reparação dos defeitos, e uma ação efetiva para prevenção de possíveis interrupções das atividades produtivas por falhas ou vícios. Para isso, uma gestão efetiva com processos sólidos se faz necessário, além de administrar e fiscalizar processos e serviços, seu planejamento é de vital importância pois é fundamental para avaliações de paradas e mitigar as futuras falhas que gerariam impactos econômicos e de segurança. Ainda conforme Pereira, (2010, p.77), define “Os especialistas consideram a manutenção sem planejamento outro dos grandes vilões de incremento aos gastos departamentais [...]. ” Conforme Viana (2002), o profissional de engenharia tem como as principais práticas a constante busca por melhorias, e, a capacidade técnica para análise e orientação das equipes, possuindo uma visão sistêmica de processos, já desenvolvidos mediante à disciplina, sendo isto muito natural ao profissional, considerando também o domínio sobre as normas e boas práticas. Segundo Gonçalves (2014), os responsáveis pela coordenação da manutenção predial devem ter um bom domínio de todos os aspectos físicos da edificação. Esta gestão deve ser embasada tanto em conhecimentos técnicos como de norma e legislação, visando o mínimo impacto ao desempenho e segurança das atividades exercidas pelo empreendimento. As necessidades atuais também demandam ao sistema de gestão, práticas que vão além da reparação, tendo como foco a remissão das falhas, utilizando ferramentas técnicas de controle e análises de processos. Onde o maior enfoque é na implementação de um programa de manutenção com rotinas específicas para a gestão de ativos de forma mais proativa. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2012, p. 4) na NBR 5674 em seu artigo 4.3.1, estipula o programa de manutenção como: “[...] na determinação das atividades essenciais de manutenção, sua periodicidade, responsáveis pela execução, documentos de referência, referencias normativas e recursos necessário, todos referidos individualmente aos sistemas e, quando aplicável, aos elementos, componentes e equipamentos”. 10 A organização da manutenção tinha como até pouco tempo atrás a finalidade de administrar os recursos, tanto humanos como materiais de forma a adequar as demandas que apareciam ao decorrer do tempo. Porém atualmente, a gestão da manutenção se tornou mais ampla, aumentando a necessidade de um gerenciamento voltado para a resolução de problemas, com intuito de manter a empresa ou o empreendimento competitivo no mercado. Para isso são desenvolvidas técnicas, filosofias e ferramentas de gestão para a redução dos custos da atividade de manutenção, surgindo assim uma política departamental, gerenciando custos e aplicando processos, (KARDEC e NASCIF, 2010) Segundo Gonçalves (2014), a gestão de manutenção começa a se desenvolver para um foco não só de forma reativa, mas também de forma prevencionista, aprimorando a qualidade de mão de obra e, através de filosofias voltadas para a atividade manter os índices de disponibilidade e confiabilidade dos ativos. A filosofia do TPM (Total Productive Maintenance), criada por Seici Nakajima, são entre os exemplos de filosofias que são comumente utilizadas nas diversas áreas de manutenção. De acordo com o autor (GONÇALVES, 2014), TPM é uma ferramenta que tem como finalidade a manutenção dos equipamentos em condições excelentes, reduzindo desperdícios de materiais ou causados por falhas, isto sem redução da qualidade, tendo como visão sistemática a perseguição do índice de falha zero nos equipamentos e ativos. O princípio desta filosofia é eliminar os problemas identificando todos os fatores que poderiam gerar falhas, e como mitigar estes problemas analisando o comportamento de cada maquinário ou ativo. Conforme Yamaguchi (2005, p.9): “Com a utilização técnica do TPM é possível a eliminação das perdas recorrentes de má qualidade e não conformidade, tanto do produto, processo ou equipamento, quantono nível de atendimento. Na Figura 1 é mostrado os pilares fundamentais do programa TPM de acordo com Gonçalves (2014) 11 Fonte: Adaptação de Gonçalves (2014, p.77) Para um modelo mais compatível com a gestão de manutenção predial comumente utilizado também podemos ter um planejamento menos profundo baseados em métodos de controle ou planejamento de controle de manutenção (PCM). De acordo com Pereira (2010, p. 36) PCM é todo o detalhamento da gestão de manutenção, ou seja, seus controles. Um exemplo pode ser o controle de estoque de peças, (analisando peças críticas e não críticas), controle de produtividade entre equipes (tempo de serviço real X tempo estimado), tempo de atendimento de acordo com o nível de tempo estipulado (SLA), planejamento de todos os serviços e suas frequências (no caso de manutenções preventivas e programadas), participação em novos projetos, implementação e análise de indicadores, organização departamental entre outros. Para este controle e planejamento é de vital importância sistemas informatizados específicos, conforme Viana (2002), pois pela quantidade de informação e indicadores que são necessários para controles hoje das corporações, seria totalmente inviável a coleta de dados por via planilhas ou cartões. Viana (2002, p. 165), também expõe que este sistema informatizado deve conter uma base de dados mínima para uma gestão otimizada visando o desempenho; estas devem fornecer um cadastro de TAG (etiquetas de identificação), equipes e suas especialidades com os nomes dos técnicos seus EPIs ferramentas entre outros. Também se faz necessário a geração de O.M (Ordem de manutenção), estas podem ser automáticas ou manuais. No caso das automáticas, este sistema deve possuir um sistema de histórico e agendamento de manutenções preventivas, e no caso de O.M manual, quando há necessidade de avaliação da solicitação de serviço pelo gestor ou analista do departamento de manutenção. A solicitação de Figura 1: Os 8 pilares do programa TPM 12 serviço (S.S), tem sua função solicitar serviços, em grande parte emergenciais ou itens de melhoria, este na maioria das vezes solicitados pelos operadores ou usuários. De acordo com Gonçalves (2014, apud MUCHIRI et al., 2011), a importância das medições de desempenho: “A medição do desempenho é um princípio fundamental de gestão e, tal como para outras funções, é importante na gestão da função manutenção[...] O desempenho da manutenção é claramente identificado como componente crítico da competitividade das empresas[...] ”. Ainda de acordo com Viana (2002), o autor também comenta sobre a importância da base de dados de OM, relacionado com as equipes, tendo abertura de históricos de manutenção e desempenho tanto de equipamentos como de equipes, sendo assim possível, através destes históricos de análise geral de desempenho. 2.1.6 Edifícios hospitalares e sua manutenção Após ser compreendido as atividades de manutenção predial, é necessário entender as particularidades de uma edificação hospitalar. Conforme Karman, (1994, p.21), ele sintetiza a complexidade referente a operação de uma entidade assistencial de saúde (EAS), com a seguinte explanação: O hospital é uma entidade destinada a assistir pessoas, a prevenir doenças, a tratar e reabilitar pacientes, a elevar o padrão profissional e a realizar pesquisas. Tais variadas atividades requerem especificas instalações. Por isso o hospital é considerado uma das instituições mais complexas, tanto sob o ponto de vista arquitetônico, de engenharia, de instalações, de equipamentos, como de tecnologia e de administração. Segundo Mascaró, (1995), além de salientar a complexidade citando como um dos edifícios mais complexos, do mesmo modo, ele os separa em nove setores funcionais dividindo em administração, ambulatório, diagnóstico, tratamento, pronto atendimento, internação, serviços de apoio, serviços gerais e circulações Inter setoriais. Ainda segundo Mascaró, (1995, p. 15), frisa esta complexidade dizendo que “Cada setor tem uma configuração arquitetônica totalmente diferente, como também, uma estrutura de custos totalmente distinta. ”. Neste caso podemos exemplificar as diferentes características entre setor administrativo com o de tratamento; o primeiro apresenta um fluxo maior de pessoas por sua característica, estes devem utilizar espaços mais compactos e centralizados devido ao fluxo maior de pessoas. Já o segundo setor, apresenta baixo fluxo de pessoas, pouca iluminação natural e com renovação de ar mais controlada devido aos fatores de contaminação, condições estas que a manutenção deve manter. 13 Podemos levar em consideração para este comparativo que, enquanto o setor administrativo tem que ser vibrante e dinâmico, e o setor de tratamento, tem entre suas prioridades o conforto do paciente, seu ambiente tem a ser mais aconchegante e propício, visando a sua recuperação, conforme cita a Agência nacional de vigilância sanitária ANVISA, (BRASIL, 2014, p.20) A fisiologia humana processa involuntariamente ajustes que influenciam no processo de aumentar ou diminuir as taxas de perda de calor ou outras sensações, como luminosidade ou absorção de ruídos. Compreender essa fisiologia e as limitações humanas de cada indivíduo para relacionar esses ajustes à capacidade funcional é uma abordagem importante[...]. Os exemplos mencionados servem para elucidar as particularidades e complexidade da função manutenção hospitalar, exigindo alto grau de comprometimento, pois além da visão focada nas melhores técnicas também há o compromisso com a segurança e conforto do paciente. A principal função de uma edificação hospitalar é a manutenção da vida, por esta aplicação, é demandado aos profissionais uma grande responsabilidade, e capacidade técnica, sendo primado a confiabilidade e disponibilidade das instalações, tanto na função manutenção quanto no projeto de concepção. Conforme Karman (2011, p.40): Seus equipamentos, aparelhos, instalações e suprimentos são de uso contínuo e constante. Devem estar prontos, disponíveis e a postos para uso imediato, durante 24 horas por dia. interrupções durante um procedimento ou o retardo em sua disponibilização podem levar a desfechos graves ou fatais Conforme Karman (2011), qualquer falta de suprimentos como por exemplo, uma falha de fornecimento de oxigênio, por defeito nas válvulas da central, uma falha de energia elétrica, uma falha na higienização do ar condicionado pode ter grandes consequências na segurança e integridade do paciente. O autor também cita alguns incidentes hospitalares, exortando a gravidade de uma falta de manutenção ou uma ação irresponsável, pode ser dado como exemplo uma hipóxia ou isquemia, (falta de oxigenação) no caso de uma falha no oxigênio ou na mistura dos gases. Este acidente pode acontecer também por uma contaminação por nitrogênio utilizado para um teste simples de vazamento na tubulação. A água contaminada por Legionella, uma bactéria presente em sistemas de abastecimento de água como caixas água e tubulações que não sofreram assepsia. Esta bactéria também pode ser encontrada nas bandejas de captação de condensado de ar condicionado sem a devida manutenção. Mencionando a manutenção de ar condicionado, há um cuidado especial para este tipo de atividade, neste caso, podemos citar a portaria n° 3523 do ministério da saúde (BRASIL, 1998), em seu anexo I, que regulamenta as periodicidades de manutenção e os tipos de filtragem, no qual o setor de manutenção deve estabelecer rigorosamente rotinas para 14 atendimento deste. Esta portaria 3523 define critérios para manutenção e limpeza de ar condicionados sendo os processos registrados em um Plano de manutenção operação e controle (P.M.O.C), documento obrigatório em ambientes públicos. (BRASIL, 1998). Porém, a preocupação com as contaminações,criaram demandas de métodos mais específicos para a área hospitalar. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005, p. 21) na NBR 7256, preencheram algumas lacunas deixadas pela portaria 3523, mais generalista, entre elas em seu anexo B1 com a seguinte instrução: B.1.1 Reparos, reformas, ampliações ou obras de qualquer porte em EAS liberam no ar poeira e fungos Aspergillus sp, e outros microrganismos, particularmente nocivos para pacientes suscetíveis, como os imunodeprimidos. É, portanto, necessário, após devida análise de risco, tomar medidas de engenharia, administrativas e/ou ocupacionais, em particular quando as obras forem realizadas em locais que possam afetar áreas de nível de risco 3. B.1.2 Obras que gerem grande quantidade de detritos, poeira e fungos devem ser isoladas por barreiras herméticas impedindo qualquer infiltração de ar para as áreas vizinhas. Dutos de ar existentes devem ser retirados ou redirecionados para fora do local da obra. Trechos que devam permanecer devem ter todas as juntas e emendas seladas e as bocas de ar existentes hermeticamente tampadas e seladas. A atividade de manutenção hospitalar, deve ter sempre como prioridade a prevenção das infecções hospitalares, pois em acontecimentos simples de manutenção, como um refluxo em um ralo, pode trazer consequências desastrosas conforme Karman, Fiorentini e Lima (1985, p.71), “Drenos e ralos costumam trazer problemas aos hospitais. O seu transbordamento pode levar agentes patogênicos a aflorar e a contaminar os pisos alagados[...]. ” Estas contaminações são designadas como infecções hospitalares conforme designa a portaria 2616 do Ministério da saúde (BRASIL,1998, p. 10), no seu anexo I, parágrafo 1.2.1: [...] é aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares. Para este combate efetivo, se faz necessário a troca de conhecimentos interdisciplinares. Para a manutenção hospitalar, o gerenciamento de risco deve sempre fazer parte dos planejamentos tanto de obras quanto de manutenção, estes também podem ser avaliados em conjunto com a comissão de controle de infecções hospitalares (CCIH), (SILVA, 2012) Conforme Lavi e Shoet (2007), gerenciar um estabelecimento de saúde é uma tarefa complexa, com processos sendo revistos á todo o momento. Temos de um lado, o compromisso no fornecimento de edifícios que tenham um desempenho que venha a atender as necessidades dos usuários nos quesitos do atendimento médico e segurança do paciente, enquanto, por outro lado, devemos nos adaptar ás restrições orçamentárias. Indo mais além, cabe ao gestor de uma EAS, selecionar a melhor combinação de recursos sejam de materiais como humanos, para 15 selecionar a melhor combinação de políticas para cada um dos componentes do edifício, e seus serviços correlatos O sistema de saúde pública brasileiro servia na maioria aos trabalhadores através do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), órgão criado pelo regime militar em 1974, este atendimento destinado aos contribuintes da Previdência Social, sendo os indigentes ou cidadão sem carteira assinada assistidos pelas Santas Casas e outras entidades filantrópicas (BRASIL, 2002; p.11). Segundo o Conselho Nacional de Secretarias de Saúde CNSS, (Brasil, 2003) o INAMPS, dispunha de suas próprias edificações, e, em grande parte de seus atendimentos eram custeados pela iniciativa privada. Com a constituição de 1988, a saúde foi considerada um direito de todos e um dever do estado, utilizando desta forma políticas sociais para a promoção da saúde e prevenção de doenças. Assim foi criado o Sistema Único de Saúde. Os setores de manutenção, principalmente em unidades públicas de saúde, apresentam um baixo conhecimento técnico metodológico, pois na grande maioria das vezes não há recursos para contratação de profissionais qualificados, tendo como consequência um elevado número de adaptações e manutenções corretivas, conforme cita Guimarães (2012, p. 9). A gerência e manutenção da infraestrutura física dos estabelecimentos assistenciais de saúde, da rede pública, têm sido negligenciados, pois, entre outras razões, nem sempre as etapas básicas em um processo de desenvolvimento gerencial são articuladas entre o planejamento, o projeto, a execução e a manutenção. Durante a execução dos projetos, a preocupação fica concentrada na execução das obras e na aquisição de equipamentos, enquanto a manutenção (predial e de equipamentos) é negligenciada levando à descontinuidade e à baixa qualidade na prestação de serviços (apud, GUIMARÃES, 2008). 3 MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 CARACTERÍSTICAS DA EDIFICAÇÃO O hospital alvo do estudo está situado na Região do médio vale do Itajaí. A EAS estudada tem papel estratégico no atendimento de acidentes e outras ocorrências principalmente na rodovia BR 470 atendendo a população de crianças e adultos de diversas cidades vizinhas do Vale do Itajaí entre elas Ascurra, Apiúna, Benedito Novo, Doutor Pedrinho Rodeio, Rio dos Cedros e Timbó. A unidade é do tipo hospital geral, com seu atendimento contínuo de 24 HR/ DIA (Plantão sábado domingos e feriados). Sendo no ano passado responsável por aproximadamente 10,5% dos atendimentos na região do vale do Itajaí segundo o DATASUS (BRASIL, 2019) 16 A EAS objeto de estudo possui 7500m² de área construída e atende em média 3500 pessoas/ mês com 76% dos leitos sendo SUS. Abaixo apresentamos os dados extraídos da ficha de estabelecimento do DATASUS (BRASIL, 2019) A inauguração da EAS objeto do estudo foi em 30 de setembro de 1951, como uma entidade filantrópica. Devido aos 68 anos de atividade, suas instalações encontram-se em condições de desempenho abaixo do exigido para manter sua disponibilidade e confiabilidade, em contraste com a determinação do ministério da Saúde em sua resolução RDC 063 na seção VI do artigo 36 que diz: “o serviço de saúde deve manter as instalações físicas dos ambientes externos e internos em boas condições de conservação, segurança, organização, conforto e limpeza. ” (BRASIL, 2011). Tabela 1- detalhamento de Leitos URGÊNCIA E EMERGÊNCIA INSTALAÇÃO LEITOS EXISTENTES LEITOS SUS COMPLEMENTAR Unidade de cuidados intermediários neonatal convencional 2 0 Unidade de Isolamento 2 2 ESPECIALIDADE CIRURGICO Cirurgia geral 20 17 ESPECIALIDADE CLINICA Clinica Geral 31 22 HOSPITAL DIA Cirúrgico diagnóstico terapêutico 11 8 OBSTÉTRICO Obstetrícia cirúrgica 10 7 Obstetrícia clinica 12 10 OUTRAS ESPECIALIDADES Reabilitação 6 3 PEDIÁTRICO Pediatria clinica 24 21 TOTAL 17 3.2 MÉTODOS DE REALIZAÇÃO DA PESQUISA O método de pesquisa utilizado para o levantamento e análise dos dados foi de abordagem o estudo descritivo e qualitativo, realizada em campo, observando as rotinas de serviços de manutenção predial dentro da EAS A coleta dos dados é por meio de entrevistas semiestruturadas de amostra intencional, com questionários direcionados aos envolvidos na manutenção, como colaboradores diretos (coordenador, técnicos e prestadores de serviço), e indiretos (colaboradores solicitantes de S.S), no qual e particionado em 3 fases. 3.2.1 Avaliação de acreditação ONA As entidades de saúde brasileiras viram a necessidade de construir um instrumento de avaliação visando a realidade do país. Segundo Quinto Neto (1997), houve cinco aspectos preponderantes para a sua criação: a falta de uma tradição em reavaliação dos processos internos nos hospitais; o resultado desprezível dos programas de garantia da qualidade onde os programas de acreditação eram inexistentes; a dificuldade dos gestores de decidirem sobre procedimentos processos não conforme do seu departamento técnico; a carência de indicadores sobre sua eficiência,a adequação das boas práticas dos serviços de saúde; a cobrança ostensiva sobre os serviços de saúde Conforme Azevedo et al. (2002), por conta de reestruturações do serviço de saúde, visando melhorar os métodos, devido a fatores diversos como aumento da exigência dos clientes, o posicionamento ostensivo da mídia por conta de diversos casos de omissão e negligencia e por padrões impostos pelo governo. As instituições médicas, clinicas, e hospitais procuram através de uma gestão de qualidade parecida com o que hoje é visto na indústria, assumir uma postura de zelo pelos pacientes o os demais públicos. Neste formato os hospitais procuram por selos e certificações para comprovar a seu público a qualidade dos seus serviços. O Governo Brasileiro, através do Ministério da Saúde, instituiu o Programa Brasileiro de Acreditação Hospitalar baseado no Programa de Garantia e Aprimoramento da Qualidade em Saúde, este sendo criado pela Portaria GM/MS 1.107, de 14 de junho de 1995. O processo de Acreditação Hospitalar foi operacionalizado pela Organização Nacional de Acreditação - ONA, com reconhecimento do MS através da Portaria 538, de 17 de abril de 2001. 18 Através de seu manual de acreditação, traz níveis de padronização sendo classificado em 3 níveis, tudo de acordo com o nível de complexidade da instituição, conforme Azevedo et al. (2002), a EAS pode ser classificada em : Nível 1 - segurança, considerado a referência básica, ou seja é o mínimo com o qual deve funcionar o serviço de saúde ; Nível 2 – A EAS já evidencia uma adoção de processos para planejamento na organização dos serviços; Nível 3 – já há um processo de gestão e qualidade, há evidencias de práticas sistêmicas de melhoria contínua. Esta avaliação é executada por intermédio de uma lista de itens de verificação, da avaliação no local, no contato com os colaboradores dos diversos cargos e com pacientes e familiares. Com base nesses dados, os avaliadores podem avaliar a EAS como não acreditado, acreditado, acreditado pleno ou acreditado com excelência. O questionário executado nesta pesquisa no qual poderá ser verificado na integra no ANEXO B tem suas perguntas extraídas do manual brasileiro de acreditação hospitalar ONA (BRASIL, 2002). No qual será base para o levantamento das questões deste estudo. 3.2.2 Avaliação do sistema de gestão e logística Segundo Pereira et al. (2012), os sistemas de informação e logística são de importância vital para um ambiente hospitalar. Ainda nos tempos atuais é dado muita ênfase e muito foco na informatização dos serviços de prontuários médicos e dispensação de medicamentos, deixando meio que de lado a implantação e informatização logística dos fluxos dos serviços de apoio, entre eles o de manutenção predial. Estas questões foram levantadas com base na Associação Brasileiras de Normas Técnicas, novamente citando a NR 5674 (2012, p.03), esta menciona que na organização do sistema de manutenção deve haver recursos humanos suficientes para atender as mais variadas demandas para a conservação e disponibilidade da edificação. As rotinas de manutenção tanto preventiva como corretiva deve sempre seguir um fluxo continuo, padronizados e cíclicos. Também foi base deste estudo o atendimento e fluxo conforme cita a Associação Brasileira de Normas Técnicas em sua NBR 5674 de 2012 levantando algumas questões como qual o fluxo de solicitações de serviços (SS), análise da expedição de Ordens de Serviço (OM), os processos de pedidos de materiais e estoque, expedição de materiais, execução do serviço e baixa de OM. Onde serão feitas entrevistas com base nesta norma para comparativos. O tempo previsto para esta entrevista foram dois períodos de 4 horas conforme a agenda do gestor. As entrevistas estão detalhadas no APENDICE A. 19 Na segunda etapa, com visitas in loco na EAS, com o intuito de observar as execuções de reparação da manutenção predial, efetuando perguntas direcionadas a equipe técnica conforme detalhadas no APENDICE B. 3.2.3 Atendimento e performance da edificação De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2013, p. 27) na NBR 155751, A durabilidade da edificação e de seus componentes é uma exigência econômica do usuário, estando associado ao custo total do imóvel. Sua durabilidade se extinguirá quando este deixa de cumprir as funções que lhe forem atribuídas, podendo ser pela degradação natural ou um não atendimento do desempenho exigido. O este período é entendido entre o início de operação ou uso e o momento em que ele deixa de atender às exigências pré-estabelecidas, este é denominado como vida útil (VU). Este período pode ser influenciado positiva ou negativamente isto dependendo a utilização e os métodos de conservação e manutenção da edificação. Os questionamentos levantados foram elaborados com base na Associação Brasileiras de Normas Técnicas, novamente citando a NR 5674 (2012, p.03), esta menciona que na organização do sistema de manutenção deve haver recursos humanos suficientes para atender as mais variadas demandas para a conservação e disponibilidade da edificação. As rotinas de manutenção tanto preventiva como corretiva deve sempre seguir um fluxo continuo, padronizados e cíclicos. Para Lavi e Shoet, (2007) é importante a mensuração do desempenho da edificação avaliando a deterioração de seus componentes, o autor também ressalta que a edificação produz um fator linear ao longo de 15 anos onde a Equação 1 pode ser utilizada. Com este método foi criado um sistema de pontuação ou uma escala de 100 até 65 no qual 100 indica uma performance satisfatória e 65 quando a edificação apresenta fatores que impedem sua melhor performance. Porém este método se mostrou ineficaz em edificações com tempo superior a 15 anos, apresentando um comportamento exponencial, neste caso a Equação 2 foi montada. 𝑦 = 100 − 𝑡 3 | 0 ≤ 𝑡 ≤ 15 [1] 𝑦 = 28,67 × 𝑒 . × , | 15 ≤ 𝑡 ≤ 72 [2] 20 Com estas equações poderemos mensurar o grau de performance da edificação e avaliar qual o grau de intervenção será necessário para esta. Também foi minuciada as técnicas empregadas na área de reparos da construção civil visando a efetividade no tratamento das patologias das edificações em relação às normas vigentes, neste momento, serão avaliadas as ferramentas utilizadas. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 4.1 RESULTADO DO QUESTIONÁRIO DE ACREDITAÇÃO ONA Com base nestas listas de verificação nível 1 do Manual de acreditação hospitalar da Organização Nacional de Acreditação (BRASIL, 2002) coletamos os seguintes resultados pertinente a área de manutenção e estrutura predial, as questões encontram-se no ANEXO B deste artigo com os resultados apresentados no gráfico abaixo Para que os setores da EAS sejam acreditados em nível 1 todos os requisitos do questionário devem ser totalmente atendidos, neste caso a avaliação somente levantou o questionário manutenção, objeto do estudo, tendo este quesito atingido apenas 45% dos itens de acreditação. Documentação planta fisica Estrutura fisico funcional sistema elétrico manut. Residuos e potabilidade de agua Segurança geral Sim 2 10 4 4 2 não 6 3 3 12 3 meta 8 13 7 16 5 2 10 4 4 2 6 3 3 12 3 8 13 7 16 5 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 Resultados questionario ONA nível 1 Figura 2 gráfico dos resultados questionário ONA Fonte: AUTOR (2019) 21 Para este caso a EAS não atingiu os pré-requisitos para atendimento do nível 01 da acreditação, a falta de cultura de processos e não haver nenhum projeto mesmo preventivo, evidencia uma falha na capacidade de obter registros efetivos da edificação. Esta EAS não possui projetos arquitetônicos, hidráulicos, preventivos de incêndio e ar condicionado, e também não possui profissional habilitado para anotação de responsabilidade técnica. Após essa análise, é de vital importância osmapeamentos dos sistemas elétricos e hidráulicos para maior efetividade na operação, manutenção e controle das instalações, mitigar o conhecimento empírico através do levantamento técnico destas instalações com seus respectivos arquivos técnicos e sempre confeccionando seu as build, que significa como construído este termo é utilizado quando há modificações nos projetos de desta forma as mudanças ou alterações no sistema ficam inseridas neste novo projeto, agilizando a tomada de decisões, a contratação de engenheiros como consultores ou exigir das empresas prestadoras de serviço que o engenheiro recolha a ART já atenderia este quesito. Como trata se de uma entidade que depende de poucos recursos, uma parceria com a universidade local, utilizando estudantes e profissionais para o levantamento dos dados de projetos já reduziria os custos com o levantamento. Os centros cirúrgicos possuem ar condicionado tipo Split, totalmente em desacordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2005) descreve na NBR 7256, que orienta a utilização de equipamentos de dupla filtragem tipo G4 e F8, renovação de ar mínima de 15m³/m². Neste caso, o correto é a aquisição de equipamento que atende o que é solicitado pela norma. Evitando riscos de contaminação por bactérias provenientes do acumulo de biofilme nas serpentinas destas evaporadoras. Não foi encontrado relatório de manutenção do sistema elétrico conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2001) descreve na NBR 5419, no qual orienta uma inspeção no Sistema de Proteção de Descargas Atmosféricas (SPDA), a cada 3 anos. Um SPDA funcionando de forma precária é um grande perigo para os equipamentos de suporte a vida, onde um defeito ou uma má função destes equipamentos pode ser fatal ao paciente. 4.2 LEVANTAMENTO DOS DADOS DO SISTEMA DE GESTÃO E LOGÍSTICA Após pesquisa em campo foi levantado o número de colaboradores, sendo 01 Coordenador de manutenção e 03 colaboradores terceirizados. Os colaboradores de campo são 2 eletricistas em horário administrativo e 1 mecânico geral, todos terceirizados. 22 O coordenador é responsável pela análise das demandas, triagem das S.S, expedição de O.M e entrega aos colaboradores, solicitação de materiais, compras, levantamento de orçamentos de terceiros, elaboração de projetos de melhoria, fiscalização de obras em andamento, recebimento e conferencia de materiais, inserção de notas fiscais e inserção destes mesmos materiais em sistema de almoxarifado, verificação de estoque de materiais em almoxarifado, levantamento orçamentário e levantamento de fundos e verbas para a viabilização das obras em andamento e as que tem necessidade de vir a acontecer. As solicitações acontecem de formas diferentes e não uniformizadas, ou seja, elas podem ser solicitadas por telefone, pessoalmente ou por meio de aplicativos de mensagens como o WhatsApp. Este processo na maioria das vezes não é evidenciado no sistema ERP da EAS. Na entrevista ao coordenador, ele explanou sobre o software utilizado como ERP, no caso é utilizado o TASY da Siemens, um software voltado para administração hospitalar, este software tem em sua aba de serviços de apoio um sistema completo de gerenciamento e PCM. Conforme Padilha e Marins (2005. p. 104) segue descrição de ERP: Estes Sistemas, também chamados no Brasil de Sistemas Integrados de Gestão Empresarial, controlam e fornecem suporte a todos os processos operacionais, produtivos, administrativos e comerciais da empresa. Todas as transações realizadas pela empresa devem ser registradas para que as consultas extraídas do sistema possam refletir o máximo possível a realidade. O sistema; conforme cita o responsável pelo setor, apresenta uma gama de aplicações em detalhes, O TASY possui dentro da aba manutenção o sistema de solicitação de serviço pelo departamento solicitante, pode ser dado como exemplo o setor de enfermagem, conforme palavras do coordenador: “ [...] a enfermagem detecta o problema e eles abrem uma ordem de serviço, e esta ordem de serviço cai aqui [...]” então é efetuado a solicitação de um serviço específico, onde é assinalado como aguardando aceite pelo responsável do setor de manutenção, o responsável analisa a solicitação e expede diretamente para o colaborador em ordem de manutenção. Este por sua vez executa o serviço e leva a informação novamente para o responsável pelo setor de manutenção para que seja dado baixa no sistema. O sistema não tem interface com o setor de almoxarifado, neste caso há um controle paralelo de materiais, estes somente controlados por ficha de prateleira. O TASY possui indicadores como SLA (Service Level Agreement), um indicador de nível de atendimento com análise no tempo de resposta. Conforme Ribas (2002, p.159) “Um Acordo de Nível de Serviço (SLA – Service Level Agreement) é um contrato entre provedor de serviço e cliente que 23 especifica níveis de garantias de performance e disponibilidade a um certo custo. ” Ou seja, O SLA deve medir o nível dos tempos de respostas as solicitações dos setores envolvidos. Apesar do sistema TASY ter estes Indicadores de SLA, estes não foram implantados na unidade. Segundo Pereira et al. (2012), quando há um sistema de gerenciamento informatizado para o gestor da manutenção, e este por sua vez negligencia a inserção de dados, ou por falta de tempo ou por não entender a importância. Pode ter como consequência a perda de informações históricas importantes e vitais para a melhor performance do setor e aprimoramento de processos e disponibilidade da edificação. O acumulo de demandas nas mais variadas formas de comunicação, fazem com que haja uma perda do gerenciamento das informações, impactando diretamente na ordenação das demandas por criticidade ou até pelo tempo médio de ação Segundo Morilha (2011), não há possibilidade de ter uma gestão de manutenção eficiente, barata, proativa e organizada sem um Sistema Informatizado que contenha as ferramentas adequadas para a atividade. A implantação de um sistema informatizado requer grandes desafios, apesar de exigir esforço e dedicação dos profissionais envolvidos. A ferramenta bem alimentada com dados e históricos, passa a ser um grande divisor de aguas para os procedimentos de análise de manutenção. Neste ponto se faz necessária a contratação de um analista de manutenção pois este profissional mudaria positivamente a produtividade e os controles de manutenção passaria a ter um foco, isto é essencial para a melhoria continua do processo. Um analista conseguirá inserir no sistema já existente as solicitações de serviços, triagem dos serviços solicitados, levantamento de estoque de almoxarifado relacionando as Ordens de manutenção com o estoque de almoxarifado, contribuindo para alimentação de um histórico de manutenção de instalações e equipamentos. Neste processo o uso racional de insumos e a liberação do coordenador para tratativas mais voltadas a processos de melhoria, reduziria o impacto no aumento da folha de pagamento na contratação deste profissional. 4.3 LEVANTAMENTO QUALITATIVO TÉCNICO DA EQUIPE COM RELAÇÃO Á ESTRUTURA PREDIAL 4.3.1 Desempenho da edificação e suas manutenções 24 Para a avaliação da qualidade dos serviços operacionais da equipe de campo, precisaremos entender a classificação da edificação objeto de estudo, pois suas particularidades versus as ações de manutenção e boas práticas serão essenciais para uma avaliação mais imparcial. Primeiramente, precisamos entender qual o nível de mensuração do desempenho da edificação avaliando a deterioração de seus componentes com o passar dos anos. Tendo como característica uma edificação antiga (conforme anteriormente mencionado), a EAS foi inaugurada em 30 de setembro de 1951, portanto em funcionamento por 68 anos. Neste caso utilizaremos a equação 2, visto anteriormente conforme Lavi e Shoet(2007): 𝒚 = 𝟐𝟖, 𝟔𝟕 × 𝒆𝟐.𝟕𝟔𝟏𝟗×𝒕 𝟎,𝟑𝟎𝟖𝟒 | 𝟏𝟓 ≤ 𝒕 ≤ 𝟕𝟐 𝒚 = 𝟐𝟖, 𝟔𝟕 × 𝒆𝟐.𝟕𝟔𝟏𝟗×𝟔𝟖 𝟎,𝟑𝟎𝟖𝟒 | 𝟏𝟓 ≤ 𝒕 ≤ 𝟕𝟐 𝒚 = 𝟔𝟎, 𝟕𝟗 Com esta pontuação conforme Lavi e Shoet (2007), a edificação já estaria quase em necessidade de intervenções mais severas como retrofits para que a edificação não caia na obsolescência. Em levantamento em campo foi verificado que devido a quantidade de colaboradores atuando em regime de 8 horas diárias, já é deficiente para sanar as demandas de manutenções corretivas emergenciais. No setor não há cronograma de manutenções preventivas; havendo somente manutenções mais eficazes e profundas, quando há ocorrências onde o desempenho do setor é seriamente comprometido. Neste caso a EAS está sujeita a autorização de repasse de verbas governamentais, causando obsolescência ou paralização dos serviços daquele setor, devido a precariedade dos repasses para este fim. Neste caso, para a solução deste problema, os cronogramas de manutenção preventiva e preditiva devem ser implantados com urgência, pois com as devidas atuações, vistorias e analises, podem ser programadas as devidas intervenções, aumentando o tempo de vida útil da edificação (conforme ilustra a figura 3), proporcionando também uma melhor programação orçamentaria e um menor impacto ao serviço fim do setor da edificação, pois com o agendamento da manutenção deverá ser pensado na melhor forma dar continuidade aos serviços enquanto a intervenção de manutenção é feita. 25 Figura 3 Desempenho ao longo do tempo Fonte: NBR 15.575 1- ABNT (2013, anexo C Figura C1) 4.3.2 Segurança do trabalho e prevenção de riscos Risco pode ser entendido como fatores potenciais de danos econômicos, ao meio ambiente ou mortes, é a probabilidade de ocorrer um dano, o risco pode ser monitorado e abrandado na medida em que se investe nas medidas de controle. O perigo, em contrapartida, não há controle, é o potencial de uma substância, é uma característica intrínseca. (SILVA, 2012, p.9). Podemos dizer que em um ambiente de manutenção predial hospitalar, o agente de manutenção está sujeito ao perigo e ao risco, no manuseio de equipamentos elétricos, temos esta já como atividade perigosa e riscos de contágio por doenças infecto contagiosas por exemplo. Neste caso se faz necessário a análise minuciosa de todos os riscos envolvidos. Pode se dizer que o gerenciamento de riscos é o conjunto de atividades que alia técnicas de avaliação dos riscos envolvidos no ambiente ou atividade fim, e de gestão para garantir a segurança do processo, com o foco na proteção dos funcionários, pacientes, o meio ambiente e as edificações, evitando prejuízo no processo produtivo Conforme entrevista com os técnicos as solicitações são passadas a eles na expedição da ordem de manutenção (O.M) e explicadas suas particularidades pelo gestor, porém não há dentro desta atividade uma análise preliminar de risco, neste caso a equipe realiza as manutenções sem um preparo prévio e ciência dos riscos do trabalho a ser executado. 26 Neste caso há esporadicamente a visita do técnico de segurança para verificação de utilização de EPI’s. Como os colaboradores são de empresa terceirizada, não tivemos acesso as fichas de EPI’s, no momento da entrevista os colaboradores somente calçavam sapatos de proteção, e, os mesmos executavam serviço de instalação de luminárias. Cabendo a empresa terceira a responsabilidade pelo fornecimento dos equipamentos adequados conforme cita o ministério do trabalho na NR6 (BRASIL,1978, art. 6.3) A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas seguintes circunstâncias: a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do trabalho; b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas; e, c) para atender a situações de emergência. Os riscos são inúmeros dentro da atividade de manutenção hospitalar, sendo necessário uma gama de equipamentos de proteção tanto individual como coletivas para garantir a segurança tanto dos colaboradores como dos pacientes. Neste caso uma solução seria uma Análise Preliminar de risco (APR) com um check list, como utilizados nas industrias, incorporado na OM, este documento estaria devidamente preenchido e a vista no local de trabalho, para verificação dos itens de segurança (EPI’s ou EPC’s) no local, e se estão sendo devidamente utilizados. Com relação as práticas de segurança do paciente, não há nenhum treinamento sobre as boas práticas em ambiente hospitalar para a prevenção deste risco. De acordo com Silva (2011), é de grande importância a avaliação dos riscos das obras associados ao controle de infecção hospitalar, as atividades devem ser sempre estar sendo analisadas em conjunto com a comissão de controle de infecções hospitalares (CCIH), levantando casos e registrando, Silva também menciona como o exemplo do Premier Safety Institute, este instituto trata-se de uma aliança colaborativa com mais de 2600 hospitais conveniados onde foi criado um banco de dados, com as melhores práticas estratégicas para ambientes de saúde, montando uma base de dados estratégicas com dados de boas práticas para reformas e manutenções em ambientes hospitalares. A solução para este caso é a implantação de comissões multidisciplinares para avaliação das melhores práticas tanto de manutenção e reformas, sendo estas registradas e adotadas em procedimentos padrão sendo fiscalizado por esta mesma comissão. Quando reformas, uma análise previa de projeto envolvendo os setores de manutenção engenharia e CCIH, é de vital importância para o estabelecimento do gerenciamento de riscos 27 ao paciente, quando manutenções rotineiras, a inserção de treinamentos de formação continuada inserindo os profissionais de manutenção, e, a implantação do plano operacional padrão (POP) com estas diretivas discutidas nas comissões, já traria nas atividades uma pratica mais efetiva e vigilante na segurança ao paciente. 4.3.3 Levantamento qualitativo de boas práticas da manutenção Esta parte da visita teve como intuito verificar a qualidade dos serviços de manutenção da edificação analisando suas principais patologias e verificando as soluções encontradas em campo pela equipe para resolução do problema, levantado uma amostra de patologia presente na edificação avaliar as técnicas utilizadas pela equipe e comparar ás normas pertinentes à atividade. Para que possamos aprofundar neste tema, se faz necessário entender o que é uma patologia. Definição que veremos a seguir. Segundo Caporrino. (2018) Patologia das edificações é a ciência que estuda as origens, as formas de apresentação, os aspectos e as possíveis soluções de anomalias nas edificações tendo como foco evitar que esta anomalia prejudique a disponibilidade e confiabilidade da edificação, estas anomalias podem acontecer não só pela ação do tempo, mas por erro de projeto ou de execução. Esta anormalidade quando ocorre, deve ser previamente analisada para assim aplicar técnicas adequadas e efetivas. Nesta fase de estudo foi constatado uma grande quantidade de umidade ascendente nas paredes com o descascamento de toda a tinta e aparição de bolor conforme figura 4. Figura 4: Umidade ascendente e bolor De acordo com Silva (2012) tais humidades interferem com condições de salubridade da edificação, a humidade ascendente aparece quando os componentes da construção se Fonte: AUTOR (2019) 28 encontram em contato com a agua ou com solo húmido subindo a parede por capilaridade. Quanto menor o diâmetro dos poros maior a subida da água, a quantidade de água em contato com a parede depende muito das condições de evaporação e, ainda,da espessura, época de construção e orientação da parede. Esta anomalia te sua progressão até haja um equilíbrio entre a agua evaporada e a agua absorvida pelo solo Conforme Souza (2014), as presenças de fungos nas paredes de hospitais são extremamente perigosas a pacientes imunocomprometidos ou transplantados, estes aerossóis tem a capacidade de provocar infecções graves, que em muitos casos podem ser letais. Segundo Souza (2014) efetuou um experimento em uma EAS na cidade de Curitiba onde foram coletados 150 amostras de fungos nas paredes da instituição e após sete dias em condições controlada foram verificados, e, dentro deste período de crescimento destes fungos nas amostras coletadas 39% apresentaram crescimento positivo para os seguintes tipos de fungos: Aspergillus (presente em 28% das amostras), Absidia (21%), Cladosporium (18%), Rhizopus (10%), Rhodotorulla (8%), Fusarium (6%), Penicillium (3%), A. flavus, demais fungos e outros fungos filamentosos (2%) cada. Todas as espécies de Aspergillus encontradas podem causar aspergilose invasiva e, por isso, oferecem sérios riscos à saúde de pacientes imunocomprometidos. O estudo evidenciou a presença de fungos oportunistas, tais como Aspergillus e Fusarium, tanto nas amostras de argamassa quanto nas de bloco cerâmico retiradas do interior das paredes dos ambientes pesquisados. Podemos constatar a importância do tratamento de umidade nas paredes de uma EAS, e a importância de manter as paredes da edificação sempre com a manutenção em dia. Neste referido caso da parede ilustrada na figura 4 foi levantado que esta manutenção foi efetuada a 6 meses com empresa terceirizada, onde foi aplicado na parte interna da edificação produto impermeabilizante na altura de 80 centímetros do piso, sem a preocupação com a área externa, conforme verificado na figura 5 29 Como não foi efetuada a proteção contra a umidade vinda da área externa, a agua por capilaridade subiu até onde não havia a proteção feita com a argamassa aditivada com cristalizante retornando a patologia em curto espaço de tempo. Neste caso em específico não houve uma efetiva fiscalização do processo de reparos da terceirizada, á de forma bastante clara a negligencia ou desconhecimento das normas, podemos citar através da Associação Brasileira de Normas Técnicas (2010) em sua NBR 9575 no qual é enfática em dizer toda a edificação tem que ser considerado o projeto de impermeabilização, contemplando todas as áreas que necessitem de ter estanqueidade contra fluidos ou vapores. Pela falta de conhecimento técnico empregado, o retrabalho é inevitável, causando mais obsolescência no setor desta edificação. Para este caso, principalmente quando os processos de reparo são de responsabilidade de empresas terceirizadas a solução pensada seria o acompanhamento da obra por um profissional de engenharia civil, fiscalizando a empresa em suas etapas, com processos bem elaborados em memorial descritivo e projetos executivos contemplados em contrato a finalização do pagamento só poderia ser efetuada através de uma carta de aceite da fiscalização. Também em visita foi constatado que as atividades mais rotineiras encontradas são desentupimento do sistema de esgoto, e troca de lâmpadas. No caso do sistema de esgoto foi perguntado a equipe como era identificado os ramais, os mesmos agiam de forma empírica abrindo uma caixa de passagem por vez, verificando os fluxos de agua, pois não há mapeamento das redes de esgoto ou projeto hidro sanitário atualizado. Conforme Karman (1995) os sistemas de esgoto de uma EAS devem ter controle e cuidados prioritários, extravasamentos de ralo devem ser prevenidos a todo o custo, principalmente nas áreas assépticas e críticas, podendo este ser foco para proliferação de Figura 5 área externa Fonte: AUTOR (2019) 30 agentes contaminantes. Para o autor estes sistemas já devem ser contemplados em projeto sistema de segurança com coluna ladrão como um sistema de esgotamento de apoio, para que o esgoto não volte de forma alguma para dentro das salas em caso de entupimento, conforme figura 6 Figura 6 sistema de esgoto de segurança Um outro agravante é a falta do mapeamento de rede coletora, pois sem este mapeamento o tempo necessário para se resolver aumenta, aumentando também o risco de contaminação do local com consequência da paralização dos serviços. Para isto se faz necessário o mapeamento das redes coletoras. Uma técnica que pode ser usada é a adição de corantes na agua de esgoto das instalações sanitárias, visualizando seu esgotamento nas caixas de passagem, para assim entender o sistema de uma forma que um mapeamento mesmo rudimentar possa ser realizado As instalações elétricas não são mapeadas, com ausência de diagramas elétricos e sistemas de segurança mais modernos como dispositivos de proteção contra surtos (DPS), Fonte: KARMAN (1995, p.72) 31 disjuntores residuais (DR), conforme cita a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2008) em sua NBR 5410. A questão de fornecimento de energia elétrica é tão crítica nas Entidades assistenciais de saúde que segundo a Associação Brasileira de normas Técnicas (1995, p.3) em sua NBR 13534 cita que dentro da EAS deve existir um departamento de segurança predial, onde sua diretriz será implanta, operar e fiscalizar as instalações prediais para mitigar riscos a edificação e principalmente o risco de falha no suprimento de energia elétrica. Para estas atividades, faz se imprescindível um plano diretor para readequação elétrica com profissional de engenharia em todo a edificação visando neste caso a segurança e a readequação ás normas. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Quanto mais vulnerável for o equipamento, a instalação ou o procedimento maior é o grau de intervenção, não há equipamento ou instalação que não esteja sujeito a fadiga ou limitação de sua vida útil, isto dispende uma manutenção programada, sistemática, efetiva, responsável e vigilante. Sempre focada não só na prevenção de panes, mas sim na prevenção de infecções hospitalares, de incêndios e outros riscos inerentes de edificações usadas para este fim. Este posicionamento deveria ser enfático desde a concepção do projeto, mas com os parcos recursos dedicados ao serviço público de saúde a realidade que deparamos é outra, são manutenções improvisadas paliativas e na grande maioria das vezes arriscadas. A qualidade do ambiente físico e suas instalações tem grande impacto sobre a saúde e segurança do paciente, porém não foram concebidos com essas atribuições. Dessa forma é importante que seja avaliado constantemente e exaustivamente seus aspectos físico-funcionais, visando a garantia de qualidade no serviço de saúde. Estes esforços devem ser permanentes visando também a adaptação das instalações á novas tecnologias. Com base nos dados e avaliações embasadas nos autores citados, chega se a conclusão que se faz imprescindível a atuação de um profissional de engenharia nas atividades de manutenção predial de um hospital, pois seu grau de complexidade e importância não pode deixar espaço para os achismos e empirismos, infelizmente é uma pratica bastante usual tratar a manutenção nestes estabelecimentos como um mero edifício. As instalações de uma EAS além de requerer um grau elevado de dinamismo, também solicita do engenheiro a visão do futuro e de novas tecnologias tendo em vista os grandes avanços da ciência na área médica 32 Portanto é de suma importância que através de estudos científicos, publicações e uma divulgação maior pelo tema, promover aos profissionais de engenharia um nicho de atuação complexo, extremamente desafiador e apaixonante como a manutenção hospitalar REFERÊNCIAS ANTONIOLI, Paulo Eduardo, Planejamento de manutenção, São Paulo, Pini, 2011. AMORIM, Gláucia Maria et al. Prestação de serviços de manutenção predial em EstabelecimentosAssistenciais de Saúde. Ciênc. Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 145-158, jan. 2013 . Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 81232013000100016&lng=en&nrm=iso. Acesso em 13 de outubro de 2019. 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