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Universidade Estácio de Sá Engenharia Ambiental e Sanitária Quarto Trabalho para a Disciplina Modelagem Hidráulica e Ambiental Resumo baseado na palestra sobre Modelos do Planejamento Operacional do Sistema Elétrico Brasileiro proferida por Murilo Cardoso de Miranda Professor: Francis Martins Miranda Aluna: Sarah Viana Menezes Vivas Matrícula: 2016.03.36180-4 Rio de Janeiro Novembro de 2019 1. Introdução A energia elétrica é a principal fonte de energia do mundo. Baseia-se na diferença de potencial entre duas extremidades de um condutor, gerando uma corrente elétrica capaz de percorrer longas distâncias através de um sistema físico de redes interligadas, que funciona mais rápido do que qualquer outro mercado. Essa forma de energia pode ser obtida por meio da energia mecânica — como ocorre nas usinas hidrelétricas, a partir da força da água, que movimenta as turbinas em sua queda — ou da energia química — como nas usinas termoelétricas, a partir da geração de calor pela combustão, que aquece a água para que o vapor movimente as turbinas. O Brasil possui um sistema hidrotérmico, que consiste na junção desses dois casos, com predominância das usinas hidrelétricas. Estas constituem, atualmente, mais de 60% da matriz elétrica brasileira e são complementadas pelas usinas termoelétricas, que permitem a gestão da água armazenada em seus reservatórios para usos futuros, conforme a disponibilidade dos recursos hídricos. A energia elétrica não pode ser armazenada e sua oferta deve ocorrer instantaneamente após sua demanda, que varia sazonalmente. Então, de acordo com os períodos de chuva e de seca, é preciso que haja um planejamento do uso eficiente das águas nas usinas hidrelétricas para evitar uma escassez ou desperdício. Caso a demanda não seja atendida, acontece um colapso no sistema. Para entender a complexidade do sistema elétrico brasileiro, é necessário que sejam compreendidos os processos que o compõem, desde o planejamento até sua operação (geração e transmissão), além de alguns conceitos fundamentais que serão mostrados no decorrer do trabalho. 2. Desenvolvimento 2.1. Sistema Interligado Nacional (SIN) O SIN é o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil. Formado por quatro subsistemas interconectados, explora a diversidade entre os regimes hidrológicos das bacias nas diferentes regiões do país, já que a maior parte da energia é produzida nas usinas hidrelétricas. As termoelétricas, porém, funcionam estrategicamente em conjunto, para que não haja risco de déficit e a energia seja gerada com segurança, independentemente da época em que ocorre. É importante que períodos de chuva em determinado local sejam aproveitados para armazenamento e distribuição para suprir a carência de outras regiões. Isso pode ser representado pelo caso da região sul, que não costuma sofrer com sazonalidade e tem seu maior período de chuva simultaneamente às secas no nordeste, podendo complementar a exigência causada pela falta de recursos. 2.2. Matriz de Energia Elétrica Brasileira Anteriormente, o fluxo de energia era simples e unidirecional, seguindo um padrão de geração — equivalente a empreendimentos de grande porte, situados próximos aos recursos e distantes do centro consumidor — e de transmissão, diretamente para o consumo. Nos últimos anos, o paradigma do setor elétrico brasileiro vem mudando. Além do crescimento de instalações de usinas eólicas, principalmente na região nordeste, outras formas de energia limpa tem sido implantadas em maiores números ao longo do país, permitindo que o empreendedor controle a carga de acordo com a sua própria demanda. É o caso da energia solar, que pode ser gerada próxima ao local de consumo ou exatamente nele, através de painéis fotovoltaicos, dentre outras tecnologias. Apesar disso, as usinas hidrelétricas continuam sendo a maior fonte de energia do Brasil. Entretanto, mesmo com o aumento da demanda, questões ambientais e até o relevo podem dificultar a implementação de novas barragens para expandir esse sistema. A região amazônica, por exemplo, com boa parte de seu território sob proteção ambiental, também é caracterizada por um relevo de planícies, sendo que uma usina com reservatório exige o alagamento de grandes áreas e uma altura de queda da água (energia potencial). (Fonte: Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional – BEN 2019, tendo como ano base 2018). (Fonte: Mapa Detalhado do Sistema Integrado Nacional – ONS, 2018) Outro exemplo de novas tecnologias são as baterias. Apesar de serem consideradas economicamente inviáveis no Brasil no momento, elas tem sido alvo de estudos em países desenvolvidos e recebido altos investimentos, especialmente no setor automotivo. Porém, certos pontos impossibilitam seu maior desenvolvimento: possuem curta vida útil, alto custo de produção e necessidade de uma grande capacidade de armazenamento e alta potência para uma rápida recarga. Há também a preocupação em relação ao seu descarte, em busca de uma alternativa que seja menos prejudicial ao meio ambiente. 2.3. Planejamento Eletroenergético O planejamento eletroenergético é dividido em duas etapas, identificadas como planejamento de expansão e planejamento de operação. A EPE (Empresa de Produção de Energia) é responsável pela execução da primeira, que consiste em observar os recursos e analisar as tecnologias disponíveis, considerando avanços posteriores. É importante que haja uma interação com os outros setores energéticos, analisando suas exigências para projetar a futura demanda de energia elétrica. A segunda etapa, executada pela ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), segue uma estratégia de expansão, atendendo à demanda projetada de forma econômica e segura, minimizando custos e respeitando os limites das condições elétricas definidas para um produto de qualidade. A transmissão deve acompanhar a geração, ou seja, para que a transmissão aconteça corretamente, ela deve ser estendida à medida em que a geração aumenta. A ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica) é a encarregada da regulamentação das linhas de transmissão e distribuição de energia elétrica no Brasil. 2.4. Operação Energética do SIN Cada decisão é tomada cautelosamente de acordo com as previsões estudadas durante o planejamento, pois as consequências operativas dependem de eventos futuros. Ao decidir se deve-se ou não utilizar os reservatórios de água, por exemplo, é preciso que a probabilidade de chuva seja analisada. Utilizar os reservatórios pode não ser uma boa escolha, caso períodos de seca sejam enfrentados posteriormente. Acaba havendo o risco de um déficit que não poderia ser compensado pela energia disponível nas usinas termoelétricas, já que ela corresponde a apenas 25% da demanda de todo o sistema. O ideal é que, na possibilidade de secas, a água armazenada seja poupada para que se faça uso dela quando houver escassez. Da mesma forma, caso haja períodos de chuva após a escolha de não utilizar os reservatórios, o que ocorre é um desperdício decombustível das usinas termoelétricas, decorrente do vertimento do excedente de água. Em épocas úmidas, é melhor que os recursos não sejam economizados desnecessariamente. 2.5. Modelagem do Sistema As complicações do sistema elétrico brasileiro são evidenciadas em situações como as que foram citadas no item anterior (2.4). Pode-se incluir, também, problemas como a existência de múltiplos reservatórios em cascata, que causam impactos cumulativos, e a falta de linearidade do sistema, causada pela variação de produtibilidade de uma usina para outra. Afinal, existem muitas usinas, localizadas em diferentes bacias, formando uma rede de transmissão complexa. Portanto, para otimizar os resultados na modelagem, cada modelo é feito com uma finalidade. Por exemplo, o utilizado no programa GEVAZP é autorregressivo periódico, com dados correlacionados que variam de acordo com os meses do ano e estão associados à sazonalidade do regime hidrológico. Dependendo dos objetivos de cada plano de operação, os modelos podem ser de aplicação mensal, semanal ou até diária. O processo de discretização temporal é fundamental na modelagem e está diretamente relacionado ao detalhamento das informações obtidas ao longo do tempo. Quanto menor esse período, mais detalhes e menos incertezas são gerados nos resultados. 3. Conclusão A importância da energia elétrica deve-se à versatilidade de seu uso pela sociedade. Sendo convertida em energia térmica, torna-se o princípio de funcionamento de aparelhos utilizados todos os dias, desde a geladeira até o chuveiro elétrico. Pode ser convertida, também, em energia luminosa, gerando luz; em energia mecânica, gerando movimento, como nos ventiladores; e em energia química, para processos industriais. Ou seja, é irrefutável que essa forma de energia seja essencial para sustentar os padrões de vida do ser humano. Seu fluxo, antes unidirecional, tem se tornado cada vez mais flexível no Brasil e no mundo. Com o constante desenvolvimento, é indispensável que o sistema acompanhe esse avanço para sustentar novas necessidades que vem surgindo, mas, ao mesmo tempo, impedindo que os recursos naturais sejam esgotados. Em suma, para que a operação seja efetiva, é fundamental que seu planejamento seja feito de forma correta, atendendo à demanda líquida do mercado e considerando configurações atuais e futuras do sistema. Assim, é possível determinar estratégias a curto, médio e longo prazo, de modo a minimizar os custos de operação, bem como evitar vertimentos e riscos de déficit. Todos esses fatores contribuem para um desenvolvimento econômico consciente e um produto final contínuo e de qualidade para o consumidor. 4. Referências Bibliográficas ● ANA (Agência Nacional de Águas) - Sistema Interligado Nacional <https://www.ana.gov.br/sar/sin> ● ONS - O que é o SIN <http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-que-e-o-sin> ● ANEEL - Matriz de Energia Elétrica <http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cf m> ● Estadão - Limiar de um sistema hidrotérmico <https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,limiar-de-um-sistema-hidrotermico-i mp-,573968> https://www.ana.gov.br/sar/sin http://www.ons.org.br/paginas/sobre-o-sin/o-que-e-o-sin http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cfm http://www2.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/OperacaoCapacidadeBrasil.cfm https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,limiar-de-um-sistema-hidrotermico-imp-,573968 https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,limiar-de-um-sistema-hidrotermico-imp-,573968
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