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01 ARTIGO - ECONOMIA

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AV. PLÁCIDO ADERALDO CASTELO, 1646 – PLANALTO – Fone-fax (88) 2101-5300 – CEP: 63040-540 – JUAZEIRO DO NORTE - CE 
 
ANÁLISE AMBIENTAL E ECONÔMICO-FINANCEIRA DE UM ATERRO 
SANITÁRIO NO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DO NORTE - CE 
Lucy Nayandra Pereira e Silva 
Luiz Henrique Cruz Macedo 
Nathália Cruz Crisostomo 
 
RESUMO 
Com o aumento das atividades humanas e o crescimento desordenado da população em centros 
urbanos sem planejamento desencadeou no aumento na produção de resíduos sólidos urbanos, 
causando uma série de problemas para a sociedade. O presente trabalho teve como objetivo 
analisar a viabilidade econômico-financeira de um aterro sanitário implantado no município de 
Juazeiro do Norte – CE. Para isso, realizou-se uma pesquisa de campo, coletando dados junto 
ao Aterro Sanitário da Construrban, bem como, acesso a coletânea de acervos pertencentes à 
empresa. Possuindo uma viabilidade de recebimento de 300 (trezentas) toneladas de 
resíduos/dia para sua capacidade, no entanto, recebe 80 (oitenta) toneladas de resíduos/ mês, 
preenchendo apenas 0,89% da sua capacidade total. Sendo assim, a empresa tem um 
faturamento mensal que não supre nem as despesas mínimas para operação mensal, tendo, 
portanto, uma margem de lucro negativa. 
 
Palavras-chave: Resíduos Sólidos, Viabilidade, Área de locação. 
 
ABSTRACT 
With the increase of human activities and disordered population growth in urban centers 
without planning unleashed in the increase in the production of urban solid waste, causing a 
number of problems for society. The present work had the objective of analyzing the economic 
and financial viability of a sanitary landfill located in the city of Juazeiro do Norte - CE. For 
this, a field research was carried out, collecting data from the Construrban Sanitary Landfill,as 
well as access to a collection of collections owned by the company. Having a feasibility of 
receiving 300 (three hundred) tons of waste / day for its capacity, however, it receives 80 
(eighty) tons of waste / month, filling only 0.89% of its total capacity. Thus, the company has 
a monthly billing that does not even provide the minimum expenses for monthly operation, and 
therefore has a negative profit margin. 
 
Keywords: solid waste, viability, location manager. 
 
1 - INTRODUÇÃO 
O aumento da intensidade da atividade humana nas últimas décadas, bem como, o 
crescimento desordenado da população em núcleos urbanos sem planejamento acelerou a 
produção excessiva de resíduos sólidos urbanos, causando uma série de problemas para a 
sociedade, em especial à gestão pública. Esse crescimento contínuo da escala econômica sobre 
o meio ambiente agravou uma questão específica no processo de sustentabilidade relacionada 
às ações de manejo de resíduos e sua correta disposição final (MARTINS e SILVA, 2016). 
De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil, realizado pela Associação 
Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais – ABRELPE, a geração total 
de resíduos sólidos urbanos (RSU) no país em 2017 foi de 78,4 milhões de toneladas, o que 
 
 
 
AV. PLÁCIDO ADERALDO CASTELO, 1646 – PLANALTO – Fone-fax (88) 2101-5300 – CEP: 63040-540 – JUAZEIRO DO NORTE - CE 
 
representa crescimento de 1% em relação a 2016, passando de 212.753 toneladas por dia para 
214.868 t/dia. O levantamento, mostra ainda que cada brasileiro produziu mais lixo em 2017, 
cerca de 378 kg por ano. 
O Panorama 2017 também indica que a destinação adequada dos resíduos sólidos 
urbanos coletados pelos municípios permaneceu estagnada, com 59,1% do volume coletado 
encaminhado para aterros sanitários. Por outro lado, a destinação irregular aumentou 1%, com 
mais de 29 milhões de toneladas depositadas em lixões e aterros controlados no ano. A 
publicação ainda revela, que pelo segundo ano consecutivo, aumentou a quantidade de resíduos 
direcionados para lixões, a pior forma de destinação, com crescimento de 3% de 2016 para 
2017. 
No Brasil, as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos 
sólidos são normatizadas pela Lei Federal n° 12.305, de 02 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010), 
que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos 
e instrumentos, bem como, inclui os resíduos perigosos, às responsabilidades dos geradores e 
do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. 
Conforme a Lei 12.305/2010, artigo 3°, a disposição final ambientalmente adequada dos 
resíduos sólidos deve acontecer em aterros sanitários, que segundo a NBR 8.419 (ABNT, 1992), 
é uma técnica de disposição de resíduos sólidos no solo, sem causar danos à saúde pública e à 
sua segurança, minimizando os impactos ambientais, método este que utiliza princípios de 
engenharia para confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor 
volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cada jornada de 
trabalho, ou a intervalos menores, se necessário. 
Para Kajino (2005), além das questões técnicas, na implantação de aterros sanitários, 
tornam-se evidentes as questões de ordem econômica. Recursos financeiros consideráveis 
devem ser disponibilizados não somente para a construção, mas também para operação, 
manutenção e monitoramento de um aterro sanitário. 
Ainda conforme o autor, a análise de custos deve considerar um fluxo de caixa que 
englobe todas as atividades envolvidas, inclusive aquelas que demandam períodos que vão além 
do encerramento da disposição de resíduos no aterro, tais como a manutenção e o 
monitoramento, que pode demandar períodos de até 40 anos. Por isso, torna-se necessário 
conhecer as fontes de recursos econômicos, que viabilizem o empreendimento, assim como 
definir metodologias para o gerenciamento, tanto de ordem econômica como ambiental. 
 
 
 
AV. PLÁCIDO ADERALDO CASTELO, 1646 – PLANALTO – Fone-fax (88) 2101-5300 – CEP: 63040-540 – JUAZEIRO DO NORTE - CE 
 
Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo analisar ambientalmente e 
economicamente a operação de um aterro sanitário implantado no município de Juazeiro do 
Norte – CE, visto que, segundo o Diagnóstico de Resíduos Sólidos, realizado no ano de 2016, 
pela Autarquia Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte (AMAJU), revela que a 
cidade possui uma taxa de coleta de resíduos sólidos na zona urbana de 99%, sendo que esse 
material é encaminhado para o aterro controlado municipal. 
 
2 – METODOLOGIA 
2.1 – Características do Município de Juazeiro do Norte - CE 
Juazeiro do Norte é um município brasileiro do Sul do Estado do Ceará localizado 
na Região Metropolitana do Cariri, distante 491 km da capital Fortaleza, a uma altitude de 377 
metros acima do nível do mar. Ocupa uma área de 249 km², e sua população é de 249.939 
habitantes, segundo o censo de 2010 (IBGE), que o torna o terceiro mais populoso do Ceará 
(depois de Fortaleza e Caucaia), a maior do interior cearense e a 102ª do Brasil. A taxa de 
urbanização é de 95,3% (IPECE, 2017). 
Imagem 01: Localização Juazeiro do Norte – Capital Fortaleza. 
 
Fonte: Google, 2019. 
 
Juazeiro é um grande polo cultural do Brasil, sendo um dos maiores centros de 
artesanato e cordel do nordeste do país. A cidade atua como um dos maiores polos acadêmicos 
do interior Nordestino e é carinhosamente chamada de "A Metrópole do Cariri ". 
Devido à figura de Padre Cícero, é considerado um dos três maiores centros de 
religiosidade popular do Brasil, juntamente com Aparecida (SP) e Nova Trento (SC). 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpios_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Munic%C3%ADpios_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Unidades_federativas_do_Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Cear%C3%A1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_do_Caririhttps://pt.wikipedia.org/wiki/Regi%C3%A3o_Metropolitana_do_Cariri
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortaleza
https://pt.wikipedia.org/wiki/Altitude
https://pt.wikipedia.org/wiki/Altitude
https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADvel_m%C3%A9dio_do_mar
https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADvel_m%C3%A9dio_do_mar
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caucaia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caucaia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_munic%C3%ADpios_do_Brasil_acima_de_cem_mil_habitantes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_munic%C3%ADpios_do_Brasil_acima_de_cem_mil_habitantes
https://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_C%C3%ADcero
https://pt.wikipedia.org/wiki/Padre_C%C3%ADcero
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aparecida_(S%C3%A3o_Paulo)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Aparecida_(S%C3%A3o_Paulo)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Trento
https://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Trento
 
 
 
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 A pluviosidade no município é de 1.133 milímetros anuais, com temperaturas que 
variam, conforme a época do ano e local, de mínimas de aproximadamente 22 °C até máximas 
de 33 °C. As médias térmicas mensais, no entanto, giram entre 24 °C e 27 °C segundo dados 
do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). 
 Conforme a AMAJU (2016), os resíduos recicláveis têm a maior representatividade do 
volume total de resíduos sólidos gerados pelo município, com uma parcela de 54,19%, 
equivalendo a 420,84 m³/dia. Destes, os Plásticos em geral são os que possuem maior volume, 
representando 17,09% do total, equivalente a 125,92 m³/dia. Os rejeitos, material que realmente 
deve ser encaminhado para o aterro representa 31,22 %, o equivalente a 242,45 m³/d. 
 
2.2 - Localização do Aterro Sanitário 
O Aterro Sanitário implantado em Juazeiro do Norte, denominado Central de 
Tratamento de Resíduos - CTR Cariri, encontra-se localizado na CE 060 Rodovia Padre Cícero, 
Distrito de Palmeirinha nº 1100. Contemplado com uma área de 15 hectare (ha), o 
empreendimento está localizado vizinho a área do lixão municipal de Juazeiro do Norte. 
Imagem 02: Localização do Aterro Sanitário de Juazeiro do Norte – CE. 
 
Fonte: Google Earth Pro, 2019. 
 
Para analisar se a área de locação realmente satisfaz os critérios mínimos requeridos 
para implantação de um aterro sanitário, seguirá a metodologia descrita pelo Manual de 
Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (IBAM, 2005). 
Para verificar a viabilidade econômico-financeira, realizou-se uma análise comparativa 
entre os custos de operação mensal e o faturamento mensal.. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Nacional_de_Meteorologia
https://pt.wikipedia.org/wiki/Instituto_Nacional_de_Meteorologia
 
 
 
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 2.2.1 – Critérios de Seleção da Área para Implantação do Aterro Sanitário 
A classificação de alternativas locacionais e definição da mais viável é definida de 
acordo com suas principais características, considerando os meios físico, biótico e antrópico. 
Os critérios utilizados para a análise realizada são apresentados no Quadro 1. 
Quadro 1: Critérios utilizados para a análise de áreas para implantação de aterros sanitários. 
CRITÉRIOS 1. ADEQUADA 
2. ADEQUADA 
COM RESTRIÇÕES 
3. INADEQUADA 
MEIO FÍSICO 
Distância do Centro 
de Geração 
10-30 km 30-50 km > 50 km 
Zoneamento 
Ambiental 
Áreas sem restrições nas 
áreas utilizadas 
Sim (possível com 
medidas de controle) 
Áreas de 
Preservação, Áreas 
de mananciais, 
APAs, parques 
Acessos 
(disponibilidade) 
Rodovias asfaltadas 
Estradas municipais 
bem conservadas 
Sem acessos ou 
estradas mal 
conservadas 
Litologia 
Argilitos e filitos, 
granitos, gnaisses e 
migmatitos 
Granitos, gnaisses e 
migmatitos com 
fraturas, alteradose 
folhelhos 
Quartzitos e 
calcários, granitos, 
gnaisses, 
migmatitos 
fraturados e 
quartzitos 
Topografia Platô e encostas suaves 
Relevo íngreme e 
encostas abruptas 
Relevo escarpado, 
cristas e interflúvios 
Declividade do 
Terreno (%) 
5 - 15% 
15 - 20% 
3 - 5% 
20 - 30% 
> 30% 
< 3% 
Forma de Encosta Retilínea Combinada Convexa ou Plana 
Movimentos de 
massa e 
subsidências 
Não 
Sim (possível com 
medidas de controle) 
Sim 
Erosão Não 
Sim (possível com 
medidas de controle) 
Sim 
Planícies de 
Inundação 
Não 
Sim (possível com 
medidas de controle) 
Sim 
Áreas de Matacões Poucos e pequenos Muitos e pequenos Muitos e grandes 
Perfis de Alteração 
(material 
inconsolidado) 
Homogêneo Heterogêneo Várias Intercalações 
Capacidade de 
suporte do Solo 
Adequada Necessita Preparo Inadequada 
Densidade de 
Drenagem 
Baixa Média Alta 
 
 
 
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Distância entre as 
Fontes de 
Abastecimento ou 
Recurso Hídrico 
> 200 m 100 – 200 m < 100 m 
Disponibilidade de 
Energia Elétrica 
Alta tensão na área Rede Distante 
Baixa Tensão ou 
não existe 
Profundidade do 
Lençol Freático 
> 5 m 5 – 3 m < 3 m 
Zonas Úmidas 
(Lençol Freático 
Raso e 
Subaflorante) 
Não 
Em partes da área 
podendo ser tratada ou 
isolada 
Ocorre 
Profundidade entre 
a Base do Aterro e 
o Substrato 
Rochoso 
15 m 5 – 10 m < 5 m 
Distância dos 
Cursos d´água 
> 200 m 100 – 200 m < 100 m 
Área de Recarga do 
Aquífero 
Não 
Sim (possível com 
medidas de controle) 
Sim 
 
MEIO ANTRÓPICO 
Uso e Ocupação do 
Solo 
Pasto, campo, 
reflorestamento, áreas 
degradadas 
Áreas Industriais 
Áreas Urbanas 
densamente 
ocupadas 
Possibilidade de 
Expansão 
Disponibilidade de áreas 
contíguas 
Área pequena ou 
descontínua 
Não existe 
Densidade 
Populacional da 
Área 
Baixa Média Alta 
Distância do Núcleo 
Populacional 
> 500 m 300 – 500 m < 300 m 
Valor da Terra 
R$/alq. 
Baixo Médio Alto 
Impacto no Sistema 
Viário Local 
Pouco impacto 
Impacto Moderado 
(vias inadequadas ou 
tráfego médio) 
Sistema viário 
saturado 
Geração de 
Emprego e Renda 
Gera oportunidades 
adequadas ao perfil da 
população local 
Gera oportunidades, 
mas pode reduzir 
oportunidades já 
existentes 
Oportunidades 
inexistentes ou 
inadequadas a 
população local 
Impacto no 
Comércio e Serviço 
de Pequeno Porte 
das Áreas 
Gera novas 
oportunidades ou amplia 
o mercado 
Pouco impacto 
Reduz 
oportunidades ou 
cria concorrência 
MEIO BIOLÓGICO 
Impacto na Fauna 
Pequeno impacto ou 
fauna pouco 
significativa 
Impacto moderado 
podendo ser 
minimizado 
Forte impacto sobre 
fauna rica ou em 
risco 
 
 
 
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Impacto na Flora 
Pequeno impacto ou 
flora pouco significativa 
Impacto moderado 
podendo ser 
minimizado 
Forte impacto sobre 
flora rica ou em 
risco 
Impacto sobre 
Ecossistemas 
Complexos 
Pequeno impacto ou 
ecossistema resistentes 
Impacto moderado 
podendo ser 
minimizado 
Forte impacto sobre 
ecossistemas frágeis 
e pouco frequentes 
Fonte: Adaptado do IBAM, 2005. 
 
3 - RESULTADOS 
A área do CTR - Cariri encontra-se fora dos limites da APA Chapada do Araripe. Esta 
APA é um local para prática do turismo, especialmente turismo ecológico situada a sudoeste 
do município. 
Segundo a empresa proprietária do aterro, a análise da alternativa locacional considerou, 
principalmente, a necessidade de implantação de um empreendimento de caráter regional para 
gerenciamento e tratamento de resíduos sólidos, que pudesse atender municípios de pequeno e 
médio porte, com poucos recursos para implantar projetos desse porte ou encaminhar seus 
resíduos para empreendimentos privados distantes, no qual os gastos com o transporte 
inviabilizam tal possibilidade. 
A análise considerouentão a necessidade de se verificar em qual região de interesse 
existem ou não impedimentos para a sua implantação, visto o seu porte e, principalmente, se a 
legislação permite o recebimento de resíduos oriundos de outros municípios. 
O requisito inicial e principal para escolha da área foi a proximidade da área com antigo 
lixão vizinho ao empreendimento da região metropolitana do Cariri. A área do empreendimento 
é um local sem grande biodiversidade de fauna e vegetação. 
Nesse sentido, a microrregião de Juazeiro do Norte foi definida como base para a 
análise, devido às necessidades atuais e futuras para a destinação final de resíduos sólidos 
domiciliares e industriais não perigosos dos municípios situados na região metropolitana do 
Cariri, que até então, durante a fase de licenciamento da CTR, o município não possuía um 
Centro de Tratamento de Resíduos licenciado e que pudesse atender adequadamente municípios 
de médio e pequeno porte, considerando suas realidades econômicas, sociais e ambientais. 
Os municípios da região analisada caracterizam-se pelo desenvolvimento de atividades 
de serviços e turísticas principalmente o turismo religioso devido a figura histórica de Padre 
Cícero cultuado na região. 
 
 
 
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A principal rodovia que atravessa a região é a CE 060, Rodovia Padre Cícero, o que 
acelera o progressivo processo de expansão da região com consequente aumento da geração de 
resíduos sólidos urbanos. 
Considerando, ainda, aspectos de extrema dificuldade de obtenção de áreas potenciais 
para a instalação de unidades de tratamento e destinação final de resíduos, face à morfologia, 
condições hídricas e hidrogeológicas, a inserção em áreas de proteção de mananciais 
permanente e de proteção ambiental, a minimização da demanda de resíduos gerados, aplicada 
em conjunto com a realização de reciclagem e reaproveitamento, é a formulação mais 
ambientalmente correta para o equacionamento dos problemas de gerenciamento dos resíduos 
sólidos. 
A partir da demanda existente na região, principalmente pela população local de 
Juazeiro sendo de 249.939 habitantes (IBGE, 2010) e a manifestação de interesse de outros 
municípios em destinarem seus resíduos no município Juazeiro do Norte, a empresa 
Construrban resolveu investir no estudo da área contígua ao lixão existente para implantação e 
operação de um Centro de Tratamento de Resíduos com vida útil aproximada de 20 anos. 
Assim, no Quadro 2 é feita uma classificação da área licenciada para o Aterro de Juazeiro do 
Norte, por meio de dados fornecidos pela empresa proprietária, conforme os critérios descritos 
anteriormente no quadro 1. 
Quadro 2: Classificação da área do Aterro Juazeiro do Norte conforme critérios descritos. 
CRITÉRIOS 
CLASSIFICAÇÃO DA ÁREA DO ATERRO 
DE JUAZEIRO DO NORTE 
MEIO FÍSICO 
Distância do Centro de Geração 1 ( > 8 km da área Urbana de Juazeiro do Norte) 
Zoneamento Ambiental 1 (área sem restrições) 
Acessos (disponibilidade) 1 (rodovia asfaltada) 
Litologia 
1 (Argilitos e filitos, granitos, gnaisses e 
migmatitos) 
Topografia 1 (encostas suaves) 
Declividade do Terreno (%) 1 (varia de 5 a 20 %) 
Forma de Encosta 2 (retilínea e côncava) 
Movimentos de massa e subsidências 
1 (a área não é suscetível a movimentos de 
massa ou subsidência) 
Erosão 1 (Não) 
Planícies de Inundação 1 (Não) 
Áreas de Matacões 1 (Não) 
Perfis de Alteração (material inconsolidado) 1 (Homogêneo) 
Capacidade de suporte do Solo 2 (Necessita de Preparo) 
Densidade de Drenagem 1 (Baixa) 
Distância entre as Fontes de Abastecimento 
ou Recurso Hídrico 
1 (>200 m) 
 
 
 
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Disponibilidade de Energia Elétrica 2 (rede distante) 
Profundidade do Lençol Freático 1 (maior que 15 m) 
Zonas Úmidas (Lençol Freático Raso e 
Subaflorante) 
1 (Não) 
Profundidade entre a Base do Aterro e o 
Substrato Rochoso 
2 (de 5 a 10 m) 
Distância dos Cursos d´água 1 (>200 m) 
Área de Recarga do Aquífero 1 (Não) 
 
MEIO BIÓTICO 
Uso e Ocupação do Solo 1 (área degradada, ao lado de antigo lixão) 
Possibilidade de Expansão 
1 (Disponibilidade de compra de propriedades 
contíguas) 
Densidade Populacional da Área 1 (Baixa) 
Distância do Núcleo Populacional 1 (maior que 500 m) 
Valor da Terra R$/alq. 1 (Baixo) 
Impacto no Sistema Viário Local 1 (pouco impacto) 
Geração de Emprego e Renda 
1 (Gera oportunidades adequadas ao perfil da 
população local) 
Impacto no Comércio e Serviço de Pequeno 
Porte das Áreas 
1 (Gera novas oportunidades ou amplia o 
mercado) 
MEIO ANTRÓPICO 
Impacto na Fauna 
1 (Pequeno impacto ou fauna pouco 
significativa) 
Impacto na Flora 
1 (Pequeno impacto ou flora pouco 
significativa) 
Impacto sobre Ecossistemas Complexos 1 (Pequeno impacto ou ecossistema resistentes) 
Fonte: Autores, 2019. 
Considerando a análise e classificação da área do Aterro Sanitário de Juazeiro do Norte, 
conforme os critérios descritos pelo IBAM (2005), tem-se a situação apresentada no Quadro 3. 
Pode-se observar que a área foi considerada, portanto, como alternativa locacional possível, 
adequada para o empreendimento, baseado nos critérios técnicos analisados. 
Quadro 3: Resultado em relação a adequabilidade da área do CTR-CARIRI 
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIOS 
1. Adequada 29 
2. Adequada com restrições 04 
3. Inadequada 00 
Fonte: Autores, 2019. 
Conforme estudo de viabilidade realizado, os resíduos que são destinados diariamente 
para o lixão pela coleta pública municipal seriam capazes de garantir a operacionalização da 
unidade por vinte anos de forma equilibrada. No entanto, após a emissão da Licença de 
 
 
 
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Operação do empreendimento, o poder público municipal não demonstrou interesse em 
encaminhar os resíduos da coleta pública para disposição final no aterro sanitário. 
O empreendimento possui capacidade de recebimento de 300 (trezentas) toneladas de 
resíduos/dia, porém, iniciou a operacionalização recebendo resíduos apenas dos grandes 
geradores do âmbito do setor privado que não chega a 80 (oitenta) toneladas/mês ao custo 
mensal de R$ 80,00/tonelada, logo o faturamento mensal é em torno de R$ 6.400,00. Conforme 
quadro 4, o valor do faturamento mensal não consegue pagar as despesas mínimas da 
operacionalização mensal. 
Levantado em consideração que, da quantidade de resíduos que chegam ao aterro 
sanitário, e encaminhados para o setor de triagem, no qual, a empresa possui catadores 
associados, que realizam o trabalho de separação dos mesmos para coleta de materiais 
recicláveis que vem junto com os resíduos. Apenas, a parcela restante é que são encaminhadas 
as células para devido tratamento. Enfatizando assim, que a capacidade de suporte do aterro é 
bem maior do que atualmente ela recebe. 
 
Quadro 4: CUSTOS OPERACIONAIS - ATERRO SANITÁRIO 
ITEM ESPECIFICAÇÃO 
CUSTO MÉDIO 
MENSAL 
CUSTOS 
ESPORÁDICOS 
(ANO) 
CUSTO MÉDIO 
ANUAL 
1.1 COMBUSTÍVEL R$3.000,00 - R$36.000,00 
1.2 ALUGUEL DE MÁQUINAS R$12.000,00 - R$144.000,00 
1.3 FOLHA DE PAGAMENTO R$10.750,00 - R$129.000,00 
1.4 ÁGUA – CAGECE R$124,79 - R$1.497,48 
1.5 ENERGIA – ENEL R$535,76 - R$6.429,12 
1.6 MARMITAS R$400,00 - R$4.800,00 
1.7 ALUGUEL TERRENO R$13.000,00 - R$156.000,00 
1.9 MATERIAL DE LIMPEZA R$50,00 - R$600,00 
1.10 ALVARÁ SANITÁRIO - R$589,00 R$589,00 
1.11 ALVARÁ DE FUNCIONAMENTO - R$294,50 R$294,50 
1.12 
RENOVAÇÃO LICENÇA DE 
OPERAÇÃO 
- R$16.453,80 
R$16.453,80 
1.13 APRESENTAÇÃO RETAMA - R$769,00 R$769,00 
1.14 
AUTO MONITORAMENTO ÁGUA 
SUBTERRÂNEA 
- R$728,00 
R$728,00 
1.15 DESPESAS INESPERADAS R$250,00 - 
R$3.000,00 
VALOR TOTAL R$ 40.110,55 - R$500.160,90 
Fonte: Construrban, 2019.AV. PLÁCIDO ADERALDO CASTELO, 1646 – PLANALTO – Fone-fax (88) 2101-5300 – CEP: 63040-540 – JUAZEIRO DO NORTE - CE 
 
Como citado acima, percebe-se sua baixa eficiência econômica. Pode-se verificar que o 
empreendimento com capacidade de recebimento de 300 toneladas diárias de resíduos sólidos, 
possui uma capacidade de recebimento de 9000 toneladas mensais. Se no atual cenário da 
empresa, ela recebe apenas 80 toneladas por mês, compreende que a mesma tenha um 
recebimento mensal de apenas 0,89% da sua capacidade total. 
 O empreendimento iniciou o processo de licenciamento ambiental junto à Autarquia 
Municipal de Meio Ambiente de Juazeiro do Norte – AMAJU no ano de 2014. A Licença de 
Instalação (LI) foi emitida em 2016 e a Licença de Operação (LP) em 2017. Por ser licenciado 
pela AMAJU, o empreendimento só pode receber resíduos gerados no território do Município 
de Juazeiro do Norte. 
 O proprietário do empreendimento buscou realizar o licenciamento junto à esfera 
municipal, que por sua vez iria atender a demanda do Município de Juazeiro do Norte e quando 
estivesse devidamente operando iria licenciar na esfera estadual, junto à Superintendência 
Estadual do Meio Ambiente - SEMACE para buscar receber resíduos gerados nos municípios 
vizinhos. 
Para entender o campo da viabilidade econômica do aterro, são diversos os fatores que 
estão interligados para justificar o comportamento do seu funcionamento. Porém, um dos 
pontos principais que está indiretamente ligado à baixa quantidade de resíduos que ele recebe, 
é o funcionamento também de outro aterro no município, além do viés político. 
 
4 – CONCLUSÃO 
Portanto, quando o empreendimento iniciou sua fase de construção o município de 
Juazeiro do Norte-CE necessitava-se da implantação de um aterro sanitário devido ao seu 
elevado potencial de geração de resíduos sólidos, no qual, a cidade ainda não possuía, estando 
em desacordo com a legislação que determinava a extinção dos lixões no Brasil, até o ano de 
2014. No entanto, após o início de operação do aterro sanitário CTR - Cariri e realizado sua 
análise ambiental e econômica, foi possível identificar que, no quesito ambiental o 
empreendimento atendeu os critérios de licenciamento, porém, no presente momento, a 
empresa não alcançou seus objetivos, pois não atingiu sua capacidade máxima de recebimento 
de resíduos mensais, recebendo uma quantidade muito abaixo do que o esperado, fazendo com 
que o valor de faturamento mensal não consiga pagar nem as despesas mínimas da 
operacionalização mensal. Sendo assim, o empreendimento possui margem de lucro negativa, 
com baixa viabilidade econômico-financeira. 
 
 
 
AV. PLÁCIDO ADERALDO CASTELO, 1646 – PLANALTO – Fone-fax (88) 2101-5300 – CEP: 63040-540 – JUAZEIRO DO NORTE - CE 
 
 
REFERÊNCIAS 
ABNT. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8.419: 
Apresentação de projetos de aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos. Rio de Janeiro, 
1992. 
 
 
ABRELPE. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMPRESAS DE LIMPEZA PÚBLICA E 
RESÍDUOS ESPECIAIS. Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2017. ABRELPE - SP, 
2018. 
 
 
AMAJU. AUTARQUIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE JUAZEIRO DO NORTE. 
Diagnóstico de Resíduos Sólidos: Juazeiro do Norte – CE. AMAJU, 2016. 
BRASIL. Lei n° 12.305 de 02 de agosto de 2010 – Política Nacional de Resíduos Sólidos. 
Diário Oficial da União, Brasília, 2010. 
 
 
IPECE. Perfil básico municipal: Juazeiro do Norte. 2017 
 
 
KAJINO, L. K. Estudo de viabilidade de implantação, operação e monitoramento de 
aterros sanitários: uma abordagem econômica. UNESP – BAURU, 2005. 
 
 
MARTINS, L. O. S.; SILVA, Q. P. Análise da viabilidade econômica e financeira para 
implantação de um aterro sanitário no município de Cabaceiras do Paraguaçu (BA). Revista 
Brasileira de Administração Cientifica. v.7, n. 2, p. 68-85, 2016.

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