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UNIDADE 15 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS CEAD EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA POLÍTICAS PÚBLICAS Para entendermos políticas públicas, primeiramente, precisamos pensar no papel do Estado. Em uma sociedade liberal, o entendimento é de que o Estado deve interferir o mínimo possível na sociedade. Entretanto, no caso do Brasil, temos direitos assegurados pela nossa constituição e, caso as pessoas não tenham esses direitos garantidos, é dever do Estado intervir e garantir o cumprimento desses direitos. Mas sobre o que o Estado intervém? Segundo Yamamoto (2007), para tal análise, é indispensável a remissão do tratamento das "políticas sociais" à chamada "questão social". De uma maneira muito ampla, questão social significaria o conjunto de problemas políticos, sociais e econômicos postos pela emergência da classe operária no processo de constituição da sociedade capitalista. Questão social pode ser traduzida como a manifestação no cotidiano da vida social da contradição capital-trabalho. No Brasil, a questão social pode ser exemplificada pela desigualdade social, pela desigualdade racial, pela exclusão dos jovens e idosos do mercado de trabalho, pela dificuldade das mulheres de vivenciarem iguais condições de trabalho, entre outras. O mercado de trabalho exclui os considerados "menos aptos". Porém, a maneira de termos acesso aos bens sociais é por meio do capital e, no nosso caso, capital advindo do trabalho. Se uma grande parte da população não tem acesso ao mercado de trabalho, como terão seus direitos fundamentais garantidos pela Constituição? Através de Políticas Pública SOU A FAVOR DO ESTADO MÍNIMO! O ESTADO TEM QUE CUIDAR APENAS DA EDUCAÇÃO, DA SAÚDE E DA SEGURANÇA! E DAR DINHEIRO PARA EMPRESAS FALIDAS! NO MINIMO... fig. 01 CEAD 02 Unidade 15. Políticas Públicas. BOLD DUCHO A DETANO Um exemplo de Política Pública é o SUS (Sistema Único de Saúde) e o Ensino Básico Gratuito. Porém, estes dois exemplos abrangem toda a população. Qualquer pessoa pode utilizar o SUS, seja brasileiro ou estrangeiro aqui no país. O Estado, através de Políticas Públicas, objetiva que todos tenham acesso aos bens sociais e aos serviços que garantirão os direitos previstos em nossa constituição. Através de estudos, na parceria com universidades e pesquisas científicas, dados produzidos por órgãos públicos e instituições não governamentais, discussões da sociedade civil organizada e dos movimentos sociais, traça-se uma agenda política. Esta agenda contempla os problemas emergentes da sociedade, aqueles que são denunciados por diversas instituições públicas, governamentais e não governamentais. Então, para esses problemas, são traçadas políticas públicas. Por exemplo, ao constatar-se a situação em que vivem os idosos no Brasil, a vulnerabilidade a que estão expostos e a violência sofrida na família e nos abrigos, o Estado discutiu e definiu o Estatuto do Idoso, que contempla a garantia dos direitos desse grupo e as penalidades a que estão sujeitos aqueles que infringirem as determinações do documento. Outro exemplo é a Lei Maria da Penha, que visa a proteger as mulheres vítimas de violência doméstica. As Políticas Públicas podem ser analisadas através de quatro categorias: 1. Garantia de Direitos: políticas públicas que garantem direitos já definidos, mas por questões sociais, raciais, de gênero, de faixa etária, de condição física não estão acontecendo. Por exemplo, políticas que facilitam a aquisição da casa própria e políticas que garantem o ingresso de crianças com deficiência nas escolas regulares. 2. Proteção: políticas que protegem grupos em situação de vulnerabilidade social e pessoal. Por exemplo, a Lei Maria da Penha, que protege e garante que mulheres vítimas de violência doméstica tenham rapidez no socorro, na proteção e no processo contra seus agressores, além de um serviço especializado de atendimento social, psicológico, médico e legal. 3. Reparadoras: Políticas públicas que procuram reparar os CEAD 03 BOTAD DUcUPLO ADET NO Unidade 15. Políticas Públicas. danos causados às pessoas em decorrência das ações da sociedade e do Estado. Por exemplo, políticas de reintegração de posse de terras indígenas e quilombolas. 4. Compensatórias: Políticas públicas que compensam determinada pessoas em função de perdas decorrentes de situações específicas, como preconceito e discriminação. Por exemplo, as políticas de cotas para deficientes no mercado de trabalho, as políticas de cotas para ingresso no Ensino Superior da população indígena, afro brasileiros e população de baixa renda (PROUNI e FIES). Muitas vezes, uma única política pode garantir direitos, proteger, reparare compensar. Veja o conteúdo explicativo do Projeto Sentinela, disponível no site www.cidadesdobrasil.com.br: Programa Sentinela Programa de Combate ao Abuso Sexual e Comercial de Crianças e Adolescentes está implantado em apenas 22 municípios. fig. 02 Para que o programa alcance os objetivos, é fundamental a participação e o envolvimento da sociedade, governo e organizações assistenciais. Destinado ao atendimento social especializado de crianças e adolescentes que sofrem algum tipo de violência sexual, o Programa de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual - Programa Sentinela - tem como objetivo investir recursos em projetos d e organizações governamentais ou não que privilegiem, entre outros aspectos, o apoio psicossocial desses meninos e meninas e a mobilização da sociedade. O programa atua nos eixos de prevenção e de atendimento. CEAD 04 Unidade 15. Políticas Públicas. BOLD DUCHO A DETANO O programa atua em dois eixos previstos na Política de Garantia e Defesa dos Direitos das Crianças e Adolescentes, Lei no 8.069, de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente: prevenção e atendimento. O primeiro prevê a participação das secretarias estaduais de assistência social em campanhas de esclarecimento e capacitação de profissionais, e o segundo, a intervenção direta, mediante programas e projetos de assistência social especializada e da articulação da rede de serviços governamentais e não-governamentais. O programa é desenvolvido através de algumas estratégias básicas, como promover campanhas de informação, sensibilização e mobilização da comunidade, de profissionais ligados à rede de atendimento (saúde, educação, trabalho, justiça e segurança, esporte, cultura e lazer) e de setores ligados à rede de exploração (donos de hotéis e motéis, agências de turismo, taxistas, caminhoneiros), a partir da realidade local. Também são realizados seminários e workshops ao final da execução das ações, para discussão do tema, troca de experiências, capacitação e apresentação de resultados, mesmo que parciais, quando também é estimulada a participação da mídia como uma parceira fundamental na informação, sensibilização e mobilização da população. Ainda de acordo com o plano estratégico de implantação do Programa Sentinela, são estabelecidas parcerias com universidades, associações e organizações de profissionais, como a s de médicos, assistentes sociais, psicólogos, educadores, jornalistas e outros, nos âmbitos nacional, municipal e estadual, para a realização de cursos, estudose pesquisas sobre o tema e para a divulgação de matérias em seus jornais, boletins, seminários e congressos. Apenas não acho que temos que exigir heroísmo de cada menino pobre e negro desse país. Minha filha, loura e de olhos claros, estuda há três anos num colégio onde não há um aluno negro sequer, onde há brinquedos, professores bem remunerados, aulas de tudo; sua similar negra, filha de minha empregada, e com a mesma idade, entrou na escola esse ano, escola sem professores, sem carteiras, com banheiro 05 Unidade 15. Políticas Públicas. quebrado. Minha filha tem psicóloga para ajudar a lidar com a separação dos pais, foi à Disney, tem aulas de Ballet. A outra, nada, tem um quintal de barro, viagens mais curtas. A filha da empregada, que ajudo quanto posso, visitou minha casa e saiu com o sonho de ter seu próprio quarto, coisa que lhe passou na cabeça quando viu o quarto de minha filha, lindo, decorado, com armário inundado de roupas de princesa. Toda menina é uma princesa, mas há poucas das princesas negras com vestidos compatíveis, e armários, e escolas compatíveis, nesse país imenso. A princesa negra disse para sua mãe que iria orar para Deus pedindo um quarto só para ela, e eu me incomodei por lembrar que Deus ainda insiste em que usemos nossas mãos humanas para fazer Sua Justiça. Sei que Deus espera que eu, seu filho, ajude nesse assunto. E se não cresse em Deus como creio, saberia que com ou sem um ser divino nessa história, esse assunto não está bem resolvido. O assunto demanda de todos nós uma posição consistente, uma que não se prenda apenas à teorias e comece a resolver logo os fatos do cotidiano: faltam quartos e escolas boas para as princesas negras, e também para os príncipes dessa cor de pele. Não que tenha nada contra o bem estar da minha menina: os avós e os pais dela deram (e dão) muito duro para ela ter isso. Apenas não acho justo nem honesto que lá na frente, daqui a uma década de desigualdade, ambas sejam exigidas da mesma forma. Eu direi para minha filha que a sua similar mais pobre deve ter alguma contrapartida pa ra entrar na faculdade. Não seria igualdade nem honesto tratar as duas da mesma forma só ao completarem quinze anos, mas sim uma desmesurada e cruel maldade, para não escolher palavras mais adequadas. Não se diga que possamos deixar isso para ser resolvido só no ensino fundamental e médio. É quase como não fazer nada e dizer que tudo se resolverá um dia, aos poucos. Já estamos com duzentos anos de espera por dias mais igualitários. Os pobres sempre foram tratados à margem. O caso é urgente: vamos enfrentar o problema no ensino fundamental, médio, cotas, universidade, distribuição de renda, tributação mais justa e assim por diante. Não podemos adiar nada, nem aguardar nem um pouco. Foi vendo meninos e meninas negros, e negros e pobres, CEAD 06 Unidade 15. Políticas Públicas. BOLD DUCHO A DETANO tentando uma ch ance, sofrendo, brilhando n os olhos uma esperança incômoda diante de tantas agruras, que fui mudando minha opinião. Não foram argumentos jurídicos, embora eu os conheça, foi passar não um, mas vários "dias na cadeia". Na cadeia deles, os pobres, lugar de onde vieram meus pais, de um lugar que experimentei um pouco só quando mais moco. De onde eles vêm, as cotas fazem todo sentido." (Juiz Federal William Douglas) Fonte:http://forum.outerspace.terra.com.br/index.php?threa ds/atualizado-pq-me-tornei-a-favor-das-cotas-para-negros h%C3%A1-racismo-no-br.356196/ Reparadaoras Proteção Políticas Públicas Compensatórias Garantia de Direitos fig. 03 É recorrente o discurso da suspeição policial. Jovens negros são tidos como suspeitos pela polícia, simplesmente, por serem negros. Algumas pessoas acreditam que isso não é institucional, não provem das próprias corporações policiais. Entretanto, veja na imagem de um documento da Secretaria de Estado de Segurança Pública, do Governo de São Paulo, o que se fala, oficialmente. CEAD 07 BOTAD DUcUPLO ADET NO Unidade 15. Políticas Públicas. PO MILITAR DO ESTADO ESLOLO Tocando em abordagens a transeuntes e em velculos em atitude suspeita. especialmente individuos de cor parda e negra fig. 04 Lista de imagens fig.01: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/2011/11/29/ papel contemporaneo-do-estado-na-economia-brasileira/ fig.02:http://cidadesdobrasil.com.br/cgicn/news.cgi?cl=099105100097100101098114 arecod=17&newcod=407: fig.03: Autora fig.04: http://www.geledes.org.br/o-papel-da-midia-na-difusao-racismo-e-o-silencio academico/#axzz3EiuFj1pq Fim da Unidade! Se você prestou atenção, já deve saber tudo sobre esse conteúdo. Continue estudando. Nos vemos na próxima unidade. CEAD 08 BOLD DUCHO A DETANO CEAD EXCELÊNCIA EM EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
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