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Ação Trabalhista

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DA ____ VARA DA JUSTIÇA DO TRABALHO De São Paulo/SP.
 
 Ramon Garcia Oliveira, brasileiro, solteiro, motorista, residente e domiciliado na Rua Galvão Bueno, nº 555, nesta cidade de São Paulo, CEP 06122-185, portador do RG nº 49.193-03-SSP/SP, CPF nº 427.752.168-45, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de sua advogada que esta subscreve, propor:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA,
em face de:
 RH Minas, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ nº 44.555.666/0000-19, com sede na Rodovia Castelo Branco, 
Km. 79, na cidade de São Paulo/SP, CEP 15868-000, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:
I - DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA
O Reclamante vem requerer que lhe seja concedido os benefícios da Justiça Gratuita por se 
tratar de pessoa pobre na forma da lei, não podendo arcar com as custas de um processo judicial e demais emolumentos, sem 
prejuízo nos sustento próprio e de sua família, conforme declara em doc. anexo.
II - DOS FATOS
O Reclamante trabalhou na empresa entre os períodos de 21/11/2011 a 27/08/2016.
No período foi contratado para atuar como motorista, auferindo renda mensal de R$ 1.795,70.
Após a demissão, ingressou com ação Trabalhista, reivindicando verbas não observadas pela 
empresa, sendo certo, que a demanda se extinguiu mediante acordo firmado entre as partes.
Na oportunidade, não foi levado ao conhecimento do Poder Judiciário a existência de 
"acumulo de funções".
Desta forma, vem o Reclamante, pleitear na presente demanda o reconhecimento da 
existência de "acumulo de funções", durante o período em que trabalhou na empresa.
Veja que, embora tenha sido contrato para exercer a função de motorista, o Reclamante 
exercia ainda, a função de colheita de café e limpeza do local.
Não gozava de descanso semanal, pois nos dias de folga era convocado pela empresa, pela 
pessoa do gerente local, Sr. Eduardo , para atuar na colheita de café, realização de construção (pedreiro) e limpeza do local.
Uma vez que o acordo judicial realizado não englobou tais questões, mister a submissão do 
tema ao Judiciário, para assim, ver a integralidade de seus direitos trabalhistas observado.
III - DO DIREITO
Entende-se como acumulo de funções, o exercício de atividades não relacionadas ao cargo 
pelo qual o empregado foi contratado.
No caso em tela, o Reclamante foi contratado para exercer a atividade de motorista, porém 
era compelido a fazer colheita de grãos, atuar como pedreiro em obras no local e limpeza nos dias em que deveria folgar, bem 
como enquanto aguardava a indicação de rota de entrega.
Acumulava portanto, a função de motorista, auxiliar de limpeza e pedreiro e, coletor de grãos, 
sem contudo, auferir a devida contraprestação.
Desta forma, feriu-se o princípio da contraprestação no vínculo empregatício.
Veja que, se por um lado é dever do empregado submeter as atividades pelo empregador 
impostas, por outro, é dever do empregador pagar por toda prestação realizada pelo funcionário.
Embora a cultura escravagista seja algo enraizado na sociedade brasileira, as normas 
trabalhistas existem, justamente para amenizar essa mentalidade arcaica, sobre a obrigatoriedade de prestação de serviço gratuita: 
"Ordeno, Mando, mas não pago".
Assim, mesmo não havendo previsão expressa sobre a possibilidade de se reconhecer o 
acumulo de funções, trata-se de entendimento já pacificado na doutrina e jurisprudência.
Embasando os entendimentos, pode-se mencionar o artigo 468 da CLT:
"Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por 
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de 
nulidade da cláusula infringente desta garantia".
Obvio, portanto, que a prestação de serviço que extrapole o acordo na contratação, gera ao 
empregado o direito a auferir diferenças sobre a atividade extra.
Há que se ressaltar, que o caso em testilha não se amolda ao entendimento de que, não 
acumulo de função quando há compatibilidade com o cargo para o qual o empregado foi contratado.
Fundamenta-se tal entendimento no fato de que a função de motorista de carga não abrange 
colher a carga, no máximo carrega-la no caminhão, o que também gera direito a acréscimo, conforme jurisprudência do Tribunal.
Desta feita, não há nada que justifique o acumulo de funções diversas da contratada.
IV - DA MULTA POR ATRASO
Uma vez que a Reclamada não observou o pagamento das verbas trabalhistas de forma 
correta, mister o pagamento de multa nos moldes legais.
A Súmula 381 do TST prescreve que o atraso no pagamento do salário deverá ser 
compensada por atualização monetária.
Corroborando o Precedente Normativo nº 72 do TST que prevê a aplicação de 20% sobre o 
valor do salário.
Desta forma, analogicamente pode-se estender este entendimento para o caso em tela, visto se 
tratar de verbas com caráter salarial.
 
V - PLANILHA DE CÁLCULO
De acordo com Planilha de cálculo pormenorizada, o valor devidamente atualizado devido 
pelo Reclamado é de R$ 17.866,17 (dezessete mil oitocentos e sessenta e seis reais e dezessete centavos), sendo:
 · Acumulo de Função - 30% - R$ 11.452,06
 · Reflexo em DSR - R$2.316,66
 · Reflexo em 13º Salário - R$ 987,90
 · Reflexo em Férias + 1/3 - R$837,98
 · Reflexo no Aviso Prévio - R$538,71
 · Reflexo em FGTS +40% - R$2.679,92
 · Total: R$ 17.886,17
VI - DO PEDIDO
Isto posto, requer seja a presente Reclamatória julgada procedente, reconhecendo o direito do 
Reclamante ao valor residual, referente ao acumulo de funções, bem como seja a Reclamada condenada ao pagamento de custas 
processuais e honorários sucumbenciais.
Dá-se a causa o valor de R$ 17.866,17 (dezessete mil oitocentos e sessenta e seis reais e 
dezessete centavos).
Protesta-se pela produção de provas pelos meios admitidos em lei, em especial com a oitiva 
da , que trabalhou no local como gerente, e ordenava a realização de atividades extracurriculares, as quais Testemunha Luís
configuram o acumulo de função, sem prejuízo da oitiva do Reclamante e do preposto da Reclamada.
 
Nestes Termos,
Aguarda-se Deferimento.
São Paulo, 01 de outubro de 2018.
 
Giovanna Lino
 OAB/SP nº 222.159

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