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Do interior paulista para o interior da sua casa. Abstract AX Aproveitando as oportunidades não atendidas: uma história de vida. Entre uma infinidade de informações importantes e fundamentais para todo empreendedor de sucesso, e sempre abordadas aqui no MeuSucesso.com, está a capacidade de manter suas atenções sempre focadas em seus principais objetivos. E isso também é fundamental em nossas vidas pessoais e dentro de nossos lares. Como seria bom deixar de lado os problemas da casa, as instalações elétricas, os canos furados, as infiltrações, os reparos necessários do dia a dia para focar atenções na carreira, nos negócios e na família. É para isso que existe a Dr. Resolve, um negócio de sucesso criado pelo empreendedor David Pinto, o personagem principal desta história. David Pinto nasceu em Lins, interior de São Paulo, em 1984. Filho mais novo de quatro irmãos, sua família tinha uma padaria onde ele e os irmãos passavam grande parte do tempo. Aos 8 anos, David começou a mostrar seus primeiros talentos: primeiro veio o gosto pela informática, que levou o jovem a frequentar assiduamente a Microlins, empresa de ensino de computação fundada pelo cunhado. A experiência foi muito valiosa e rendeu frutos em um curto prazo de tempo. Aos 14 anos, e já acostumado com a dinâmica da empresa e os conhecimentos do ofício, Davi se tornou instrutor do curso Kids, uma experiência que os donos viram, a princípio, com um pouco de ceticismo. Mas, com a empatia e um poder de comunicação muito forte que David tinha com os pequenos alunos, todos viram um talento que merecia ser desenvolvido com melhor atenção. Com 17 anos, David mudou de área. Deixou as salas de aula e foi se tornar vendedor de cursos, onde mostrou mais talento e versatilidade no trabalho. Aos 23 anos, jovem ainda, recebeu uma responsabilidade ainda maior ao assumir o posto de diretor de expansão de franquias. E a confiança que os donos da Microlins depositaram em David foi, de fato, bastante recompensada. O dom que o jovem tinha com os negócios se refletiu rapidamente em números: a empresa passou de 100 franqueados para 700 em um curto período de tempo. A expansão da rede veio em boa hora, pois a empresa demonstrava sinais de cansaço e poderia ter graves problemas se não buscasse um novo caminho. “O empreendedor nasce com algo que o incomoda, mas não consegue identificar muito bem, que com o tempo vai se transformando em uma vontade de querer se desenvolver mais.” O aproveitamento de vendas do jovem David era em torno de 70%, a maior entre os seus colegas de empresa. Ele mesmo explica que essa performance era por causa da sua postura pessoal: buscava pessoalmente os seus contatos no aeroporto, fazia o transporte em um carro de luxo, visitava algumas franquias para mostrar o funcionamento da Microlins in loco e depois seguia para um bom restaurante para um almoço de negócios que quase sempre terminava com a assinatura de um novo contrato. David era o único vendedor da empresa que se realizava esse tipo de abordagem, já demonstrando desde cedo uma visão aguçada de como se relacionar com clientes em potencial e mostrar segurança em seus contatos comerciais. David não sabia, mas já era um empreendedor. Além de bancar toda esse procedimento com recursos próprios, ele também assumia todos os riscos e benefícios por estar na linha de frente dos negócios de franquia da empresa. Essa fase da vida profissional proporcionou a Davi muito knowhow, vivências que construíram seu repertório profissional e o ajudaram a realizar seus sonhos do futuro. O tempo passou e, em 2010, a Microlins recebeu uma oferta irrecusável de compra por parte de uma grande multinacional do segmento educacional. David seguiu trabalhando nas empresas do grupo, depois seguiu para um outro empreendimento com mais dois sócios.Mas, nessa época, ele já sentia que poderia fazer algo maior, dar vazão a uma vontade interior de se desenvolver e alçar voos mais ousados. Foi aí que a vida deu um jeito de acelerar as coisas. “Eu aprendi, uma vez, que não é o maior que devora o menor. É o mais rápido que devora o mais lento” O primeiro acontecimento foi um problema de saúde de seu pai. Um AVC inesperado, e o receio de que o pai não pudesse estar presente em seu casamento, acabou acelerando os preparativos para o enlace e tudo devia estar pronto em três meses. Rebeca, futura esposa de David, ficou encarregada de buscar um lar para o casal. Encontrou um apartamento para alugar, mas o espaço demandava um grande número de reparos. Ela buscou profissionais para realizar os consertos, mas, diante de várias recusas e ausências, David teve um insight: por que não criar uma empresa que reúne, em um só negócio, todas as expertises relacionadas a reforma? Por que não aproveitar as oportunidades não atendidas? Foi diante destas questões que a semente da Dr. Resolve foi plantada. Sumário - Aproveitando as oportunidades não atendidas: uma história de vida. - A transição do executivo para o empreendedor (FirstClass) - Oportunidades: as fortalezas do negócio - Inovação e insights com foco no mercado (FirstClass) - Diferenciais - Como encontrar soluções criativas para seu negócio (FirstClass) - Os desafios do crescimento - Diversificação do negócio sem perder o foco (FirstClass) - Dificuldades: as dores do crescimento - Técnicas para melhorar o atendimento ao cliente (FirstClass) - Visão de futuro: consolidar as conquistas - Como realizar o diagnóstico do seu negócio utilizando o Canvas (FirstClass) A transição do executivo para o empreendedor FirstClass com Emerson Dias O que é uma carreira? Para que serve? E quais são os momentos em que podemos mudar os rumos e nos reinventar? Se você nunca pensou nisso, convidamos o professor e consultor Emerson Dias para nos fornecerinsights importantes sobre o tema, baseado nas experiências de David Pinto e sua trajetória profissional rumo ao seu atual empreendimento, o Dr. Resolve. Antes de mais nada, é importante ter em mente a noção de vida. Sabemos quando começa, não temos a mínima ideia de quando termina e o meio tempo de tudo isso fica um tanto vago pois nunca sabemos o tamanho da nossa jornada. Portanto, entre o início e o fim existe uma jornada, uma carreira que podemos definir como será e para que lado vamos caminhar. Nas palavras de Aristóteles (384 A.C. – 322 D.C.) “onde se encontra os nossos talentos e a necessidade do mundo é aí que está a nossa vocação”, então a nossa carreira – pessoal e profissional – deveria ser aquele momento onde nós oferecemos ao mundo, à nossa comunidade, ao nosso tempo, aquilo que temos de melhor para que todos possam ter o devido progresso e desenvolvimento. Podemos desenvolver carreiras tardias, ou mesmo começar muito cedo em algo que nos dá prazer. Podemos também mudar os rumos durante a jornada, encerrar quando acharmos que é a hora ou prolongar a carreira enquanto houver energia para tanto. A carreira pode ser única, ou mesmo desenvolver e investir em diversas carreiras paralelas e diferentes, e isso vai do desejo e da capacidade diversa de cada um. Pensando nisso, você já teve alguma ideia brilhante e percebeu alguma oportunidade de negócio? E o que você fez com essa oportunidade? Quantas vezes, em sua carreira, você pensou em algo que ninguém fez antes e que, se você tivesse feito, daria certo? São pensamentos assim que, quando surgem, abrem espaço de oportunidade para que possamos transformar a nossa carreira atual, buscar um novo rumo profissional e se enveredar no caminho do empreendedorismo. Além disso, o que leva uma pessoa a empreender? Veja abaixo a pesquisa realizada pela revista Você S/A de 2014: Analisando de perto os dados do gráfico, entre o público que afirma estar desmotivadopara o trabalho, mais da metade diz que a origem deste incômodo é culpa da empresa ou de seu chefe, enquanto quase 30% dos entrevistados atribui o problema a si mesmos – inclusive falando que o trabalho, o ofício em que empresa todo o seu talento, não tem significado algum para sua vida. Ou seja, falta um propósito pessoal claro para se manter motivado nesse trabalho. A Hierarquia de Necessidades, criada por Abraham Maslow, ajuda a compreender um pouco mais esse propósito pessoal. As necessidades que estão na parte inferior do gráfico mostram as demandas mais básicas para a manutenção da vida (comer, reproduzir, sobreviver), enquanto as que estão na parte superior são as necessidades que surgem apenas quando as básicas forem atendidas. Pessoas com boa situação financeira, por exemplo, podem buscar um trabalho de filantropia ou algo parecido, buscando a autotranscedência ou a auto realização; mas só conseguem viabilizar essa demanda porque as necessidades básicas já estão, de certa forma, devidamente garantidas. Portanto, na visão de Emerson, a maior causa de desmotivação profissional é a busca pela autorrealização. E esta realização pode ser conquistada desde que a pessoa tenha um propósito claro. Veja o gráfico abaixo. O “O que?”mostra o seu trabalho, a sua função, o seu ofício. O “Como?”apresenta a forma com o qual esse trabalho é realizado. E o “Por Que?”é o propósito que cada um tem para realizar todo este movimento, todo este trabalho. Quando um profissional, de forma clara, objetiva e segura, conseguir responder a esta última pergunta, saberá qual é a sua motivação pessoal. E conhecer intimamente essa motivação é condição fundamental para qualquer profissional buscar uma nova ocupação, uma nova carreira ou mesmo, como em nosso caso, um novo empreendimento. E só existem duas razões pelas quais uma pessoa não realiza o seu sonho, a sua autorrealização: ou porque as pessoas não começam, ou porque elas não terminam. Enquanto o primeiro tipo de profissional não chega a colocar em prática uma iniciativa, o segundo não tem capacidade de finalizar tudo o que tinha planejado. E isso acontece, normalmente, por causa de três fatores: - Medo:o medo causa três reações básicas, que são a cautela, a agressão e a fuga. É importante que se descubra qual é o seu medo e de onde vem esse medo, porque a pior consequência desse temor é a paralisia. - Dúvida: por causa da falta de conhecimento, de informação ou de discernimento, a dúvida se instala no profissional e trabalha como uma das mais comuns manifestações do medo. Em situações assim, ou ela é alimentada até se tornar o único pensamento do profissional, ou pode ser dissipada por meio de aprendizado qualificado. - Preocupação: é o medo manifestado de forma exagerada ou por longos períodos, é não saber aonde está e para aonde quer ir. Diante disso, é necessário tomar as decisões necessárias, corrigir as rotas tomadas previamente, priorizar atitudes, manter a calma e ocupar o tempo. No estudo de caso que estamos estudando, David Pinto teve, ao mesmo tempo, medos, dúvidas e preocupações em um mesmo instante da sua vida. Mesmo assim, se manteve no controle da situação e seguiu adiante. Vai mudar de carreira? - Entenda-se: procure se autoconhecer, saiba se esta nova inciativa preenche realmente as suas necessidades. Se a resposta desse exercício estiver em sintonia com seu propósito pessoal, há chances da sua empreitada dar certo. - Prepare-se: prepare sua família para a mudança, prepare seu emocional para essa transição, prepare seu corpo para eventuais desgastes e novos desafios. - Teste a ideia: ela tem público? Tem mercado? É uma ideia inovadora? - Tenha uma carreira paralela:a transição de carreira demanda uma transição de hábitos, que podem ser ou não aceitáveis por parte do empreendedor. Teste esses hábitos, descubra se alguns deles são desafiadores, isso sem deixar de lado seu trabalho principal. Oportunidades: as fortalezas do negócio Em 2010, David começa a colocar a sua ideia em movimento. Em meio a todos os preparativos para o casamento, ele buscou investidores e apoiadores que pudessem ajudar no desenvolvimento do negócio e de suas franquias. E tudo isso em meio a um enorme e intenso turbilhão de acontecimentos e emoções, fatos que poderiam ter tirado o seu foco e, provavelmente, distorcido suas percepções do mercado e do negócio. David também tinha outro desafio em mãos: como implementar essa iniciativa sem capital? Resposta: vai com a cara e a coragem. Primeiro, ele foi entender as necessidades que existiam no mercado, algo que ele já tinha noção por meio do insight que teve durante a reforma do apartamento. Em seguida, pesquisou o funcionamento de negócios semelhantes, antes de mais nada na sua região e depois em outros mercados brasileiros. Conversou bastante com quem tinha acesso e recolheu muita informação preciosa sobre tudo aquilo que precisava para um bom funcionamento do seu negócio. Aproveitou seus contatos para viabilizar toda a identidade visual da empresa, colocar no ar um site, pensar na comunicação e nas demais estratégias. Também preferiu investir no segmento de micro franquias, área do mercado que ainda estava pouco explorada, mas que tinha grande potencial para atrair investidores que, como ele, tinham problemas para conseguir captar os investimentos necessários. Só isso já seria suficiente para capitalizar boa parte do negócio. “Quando você não tem dinheiro não dá para investir em pesquisa. Muitas vezes é necessário ir direto para a execução.” David alugou um escritório em São Paulo e bancou um anúncio pago no Google para atrair interessados no negócio. Com marca pronta, estratégia definida, negócio estruturado, ele apresentou o projeto para todos que atenderam ao anúncio; os sete primeiros investidores compraram a ideia de imediato. O negócio engrenou e começou a andar. Ao final do primeiro ano, a Dr. Resolve já apresentava um faturamento de R$ 20 mi de faturamento. Mas aqui existe um ponto bastante importante para se tratar: a primeira formatação do negócio era totalmente diferente do que se concretizou no final. No início, a ideia da Dr. Resolve era dar melhorar as condições dos profissionais que trabalhavam no ramo de reformas, por meio de uniforme, processos, envelopamento do carro entre outras coisas. Mas nenhum profissional deste ramo apareceu para a reunião em São Paulo. Quando David viu que o público era outro, na hora mudou a estratégia de negócio e a converteu em um sistema de franquias. Outro ponto importante era vencer a resistência dos investidores em potencial diante de um jovem empreendedor de 25 anos, praticamente desconhecido e sem um histórico neste mercado. Como transmitir segurança logo no primeiro encontro?Segundo o que David nos conta, foi graças a uma série de coisas ao mesmo tempo: uma marca pronta e bem montada, um argumento real e que não pretendia “reinventar a roda”, uma experiência diferenciada para os clientes, sob a tutela de um profissional que tinha experiência significativa no mercado de franquias, apesar da sua baixa idade. Além desses argumentos, David se apoiou mais no sonho do que na realização, mais no projeto que vai dar certo do que em tudo aquilo que já havia sido estruturado até aquele instante. Meses depois, uma matéria na televisão ajudou a impulsionar a empresa. Pouco antes do casamento, David viajou para São Paulo para gravar a matéria e apresentar a Dr. Resolve. Quando a matéria foi finalmente ao ar, Davi e Rebeca estavam em plena lua de mel e, mesmo assim, o empreendimento foi ao encontro deles: após a veiculação da reportagem, eles tinham uma oferta de 200 trabalhos. “Às vezes as melhores ideias são as ideias mais simples.” E o crescimento não ficou por aí. Ao final do ano de 2010, a Dr. Resolve já tinha 40 franquias vendidas aproximadamente. E no ano seguinte, depois depraticamente inaugurar a média de uma unidade por dia, a empresa foi considerada uma das melhores franquias de sucesso do ano, uma performance que nem David esperava que fosse acontecer. A primeira loja própria foi aberta em São José do Rio Preto, com o sogro de David, Zenildo José Ferreira, como o responsável pela unidade. Eles chegaram a empregar quase 30 funcionários, com uma frota de três carros e duas motos. Sim, é isso mesmo que você acabou de ler: a Dr. Resolve se lançou ao mercado como uma franquia antes mesmo de investir em sua loja própria. Além da falta de capital no primeiro momento, David viu que o negócio poderia perder o timming se fosse feito do modo tradicional, com uma loja piloto antes de começar a expandir o negócio. O resultado disso é que 90% da receita da Dr. Resolve é proveniente dos royalties da franquia. Inovação e insights com foco no mercado FirstClass com Marcos Bedendo Você já se perguntou o que é um insight? Provavelmente, em algum momento da sua vida profissional você já teve um, mas nunca se preocupou em saber o que ele é. Segundo a psicologia da Gestalt, é uma reação que surge subitamente e não é baseada em experiências anteriores. É uma epifania ou um reflexo da sua intuição a respeito de algum assunto em especial. Nesta FirstClass com o professor Marcos Bedendo, vamos conhecer melhor como o insight pode ter grandes usos quando aliado à inovação e com foco nas necessidades do seu mercado. Para o professor e escritor Peter Drucker, “empreendedorismo é a prática da inovação sistemática”.Em outras palavras, a relação entre empreendedorismo e inovação é direta, pois um empreendimento é resultado de uma nova ideia. Contudo, é bom que fique claro que inovação não é um conceito galgado apenas e tão somente sobre ideias geniais, originais ou disruptivas. Quando falamos em inovação, rapidamente vemos as figuras mais geniais da nossa história: a relatividade de Einstein, os inventos de Thomas Edson e a tecnologia da Apple de Steve Jobs. Mas a inovação também está presente em nosso dia a dia, em soluções cotidianas e “pequenas” que utilizamos constantemente para viabilizar nossos empreendimentos. A inovação se faz presente em diversos momentos do cotidiano humano, mesmo que a nossa percepção não esteja atenta a estas situações. Um taxista que venha a escolher um novo caminho, pela necessidade de chegar mais rápido ao seu destino, se utiliza dos recursos que têm disponível, do conhecimento das ruas da cidade, para traçar essa nova rota. Um professor se utiliza das informações de outros autores para planejar a sua aula; mas se utiliza da inovação para decodificar esse conhecimento e transmitir com mais facilidade aos seus alunos. Um engenheiro civil, durante a construção de uma estrutura qualquer, utiliza seus conhecimentos para adequar o projeto as características específicas de cada local; ou seja, usa suas experiências para inovar. De modo geral, todas as pessoas têm a necessidade de inovar. Diante de um novo desafio ou de uma situação inusitada, a resposta mais eficiente é sempre algo inovador. E quando a ideia inovadora se apresenta, quando se coloca diante de nós, é que temos a possibilidade de perceber eventuais oportunidades para a criação de novos negócios, novas empresas ou novos produtos. Contudo, a inovação também surge após uma observação cuidadosa do mercado, pois é lá que estão as informações necessárias para despertar os insightsda criação e do desenvolvimento de um novo empreendimento. Para o professor Marcos, o caso de David e da Dr. Resolve é uma situação bastante exemplar do nosso tema. A construção e reformas de casas e apartamentos é algo que já existe há muito tempo no mercado; David apenas trabalhou uma solução para organizar este segmento de mercado e criar uma nova oportunidade de empreendimento. Para isso ele teve, basicamente, foco sobre o segmento de mercado onde ele queria atuar, trabalhou as informações que foram colhidas e isso acabou gerando um insight sobre o tipo de negócio a ser desenvolvido. É fundamental ter focoe olhar mais atentamenteo segmento onde queremos empreender para descobrir o “momento da verdade” (veja o gráfico acima): um cliente, ou um mercado qualquer, possui atitudes, valores, crenças, desejos, sentimentos e expectativas, que são levadas para dentro de um contexto de serviço, onde vai encontrar uma empresa, um prestador de serviços ou um empreendedor que tenha as mesmas atitudes, valores, crenças etc. Da união dessas afinidades, nascerá um “momento da verdade”, a oportunidade para a realização de um negócio. Sem foco, sem um olhar atento, sem ouvir os sinais que o mercado emite, não poderemos perceber essas afinidades em comum e, consequentemente, não existirá um momento da verdade entre as partes mais interessadas no negócio. No estudo de caso David Pinto/Dr. Resolve, quais são os “momentos da verdade” deste empreendimento? O principal produto da Dr. Resolve não é reforma ou conveniência: é confiança. Seja qual for o tipo de reforma que alguém faça em sua casa, a primeira coisa que vem em mente é contratação de um profissionalconfiável, algo que nem sempre acontece e que causa muita ansiedade e insegurança em quem precisa de serviços de pintor, encanador, eletricista, instalador e pedreiro. A Dr. Resolve trabalha para garantirum serviço de qualidade, realizado por um profissional qualificado e especializado para a necessidade do cliente. Ou seja, o “momento da verdade” mais sólido deste negócio é construído com base na confiança que o cliente precisa com a confiança que a Dr. Resolve oferece. Para olhar o mercado e conseguir buscar novas ideias, podemos usar como exemplo o artigo The Discipline ofInnovation, escrito em 2002 por Peter Drucker (e que você pode ler na íntegra neste link: https://hbr.org/2002/08/the-discipline-of-innovation). Segundo Peter, o mercado possui quatro características que podemos olhar com mais cuidado na procura de inovação: https://hbr.org/2002/08/the-discipline-of-innovation - Ocorrências inesperadas: coisas que acontecem no mercado e que podem conter um grande potencial de inovação a ser explorado. Um exemplo é da rede de academias Curves, criada para atender exclusivamente mulheres. Seu fundador, Gary Heavin, não foi bem-sucedido em sua primeira empreitada no mercadofitness. Mas a experiência levou o empreendedor a notar duas coisas: as mulheres se sentem constrangidas em praticar exercícios junto a homens, e o tempo que elas dispõem para a atividade física sempre é curto. Na Curves, apenas mulheres frequentam as aulas e as práticas não passam de 30 minutos. - Incongruências: quaisquer anormalidades que podem ser exploradas. Um processo com partes que não são eficientes, ou mesmo não possuem afinidade com o todo, podem ser trabalhadas de melhor forma e por meio de soluções inovadoras. Um exemplo de incongruência são os sistemas de entrega de produtos: a compra é feita por meio eletrônico, paga com cartão de crédito ou transferência digital, a separação dos produtos no estoque da loja é automatizada, a nota fiscal é digital, mas o envio é feito por uma pessoa que se dirige até a casa do cliente. Ou seja, a cadeia é ¾ eletrônica e ¼ “analógica”; portanto, incongruente. Pensando nisso, a Amazon, maior empresa varejista do mundo, já testa seus primeiros modelos de entrega por meio de drones, processo totalmente automatizado e muito mais ágil. - Necessidades de processo: durante a prestação de um determinado serviço, pode surgir a necessidade de um processo, do simples ao mais complexo, para melhorar a eficiência do trabalho. Um caso claro é a da Casas Bahia: a rede varejista percebeu que a sua maior dificuldade na hora da venda era justamente o pagamento. Bastou modificar o processo, oferecendo crédito facilitado aos clientes, para aumentar as suas vendas. Consequentemente, também mudou o processo de venda passandoa anunciar os produtos não mais com seus preços cheios, mas com foco bastante destacado no valor das parcelas de pagamento. - Mudanças no mercado: o mercado é dinâmico, suas mudanças acontecem cada vez mais rápido e essa dinâmica acaba por oferecer oportunidades de inovação para quem estiver sintonizado nesse movimento. Um caso bastante significativo aconteceu no segmento de suplementos alimentares para atletas. Estes produtos eram quase que exclusivamente comercializados para atletas profissionais, até que os usuários de academia começarem a usar esses produtos como parte de sua rotina de exercícios. Algumas lojas e redes de suplementos perceberam a mudança e se prepararam para atender o consumidor comum, é claro, um mercado com um potencial de compra muito maior. Peter Drucker também nos diz que tanto a inovação quanto os empreendedores, começam pequenos. Não há uma regra obrigatória que manda a inovação ser gigantesca; ela pode nascer pequena e se desenvolver no devido tempo, respeitando os movimentos do mercado e aceitando eventuais correções de rota em seu planejamento. Quando a inovação acerta em cheio em seu mercado, o crescimento acontece de forma natural. Perdas e ganhos: osdiferenciais de um negócio criativo Todo o empreendedor deve ser criativo, ainda mais quando não tem os recursos suficientes como foi o caso de David, logo nos primeiros momentos da Dr. Resolve. Segundo ele, as vezes o empreendedor que tem capital suficiente para empreender perde tempo se cercando de tantas garantias que acaba deixando passar oportunidades preciosas para o negócio, como ir a campo e conhecer melhor o mercado, maximizar o pouco investimento que tem à mão e valorizar mais o seu tempo de trabalho. Diante das limitações, um empreendedor criativo busca soluções diferenciadas e originais para suas necessidades mais imediatas, uma experiência rica para sua trajetória profissional.E isso tem um nome: inovar. “Empreender sem dinheiro é muito mais desafiante. Você tem que ser mais criativo” No caso da Dr. Resolve, David teve que arrumar um lugar para começar a empresa. Sublocou uma sala, dentro da empresa de um amigo, algo que estava dentro das suas modestas possibilidades naquele momento (eventualmente, se ele tivesse mais capital, poderia ter montado um escritório mais aparelhado e isso seria um gasto desnecessário ou um mal aproveitamento de recursos). A necessidade da sala, da organização formal do negócio, foi necessária para não perder o timming do empreendimento. E timming é um foco importante para quem está começando um negócio. Muitas pessoas esperam um momento especial para empreender, como uma situação econômica mais favorável, um novo governo, uma oportunidade específica de mercado, uma linha de crédito e, no final, ou acabam não viabilizando o negócio ou algum concorrente acaba ganhando o tempo que precisava para desenvolver e implementar uma ideia melhor estruturada. “O maior diferencial do empreendedor de sucesso é que ele deu o primeiro passo e não ficou só com a ideia na cabeça” Outro desafio que acabou se tornando uma solução criativa foi a baixa qualificação da mão de obra. Grande parte dos prestadores de serviços usam do conhecimento que aprenderam com um parente, ou conhecido, com quem trabalhou durante um tempo. Apesar da experiência do dia a dia, muita informação importante falta para esse tipo de profissional, como práticas de responsabilidade ambiental, primeiros socorros e segurança no trabalho, para dizer apenas o mínimo. Com isso em mente, e sabendo que um profissional qualificado é um diferencial importante para o negócio, David investiu em uma ideia inovadora: no final de 2011, criou o Instituto da Construção, onde oferece capacitação para quem precisa aprender mais ou para quem está começando na área de prestação de serviços. Mas, é claro, como toda a ideia inovadora, esse novo empreendimento sofreu críticas logo que foi apresentada. Entre diversos tipos de comentários, David ouviu coisas como “quem é que gostaria de estudar para ser pedreiro?”, algo explicitamente preconceituoso. Por outro lado, David seguiu na empreitada porque, além de oferecer qualificação aos prestadores de serviços, o mercado sempre mostrou sinais evidentes de que um trabalho realizado de forma profissional sempre causa uma melhor impressão. E qualificação profissional é garantia de qualidade. Outro diferencial importante do negócio é saber aproveitar as oportunidades, medir a sua viabilidade e, o mais importante, ter a coragem de deixar a oportunidade de lado quando ela for inadequada ou estiver acima das capacidades da empresa. E foi o que aconteceu em 2011, quando a Rede Globo veiculou a novela Fina Estampa. A personagem principal, vivida por Lilia Cabral, era uma “faz tudo”, com qualidades em comum com a Dr. Resolve. O comercial da Globo convidou David a conhecer a empresa e a investir no merchandising da novela. Na época, segundo estimativas, o valor do investimento ficaria em torno de R$ 10 mi, valor que a empresa não teria condições de bancar. Portanto, a oportunidade de ouro da empresa deveria ser deixada de lado. Infelizmente, mas necessário. Mas, e a tentação de buscar o capital e investir assim mesmo? Apesar das noites mal dormidas pensando no assunto, e da certeza de que a ação televisiva teria retorno garantido, o salto da empresa seria muito alto, não havia certeza de que a Dr. Resolve teria condições de atender toda a demanda surgida da ação de mídia. O valor que a empresa tinha em caixa, ao invés de ser investido em qualquer outro tipo de ação externa, teria resultados muito mais garantidos e seguros se fosse reinvestido internamente. (box) As oportunidades que nem sempre estão às nossas vistas Nesta entrevista, David cita o livro Oportunidades Disfarçadas – histórias reais de empresas que transformaram problemas em grandes oportunidades, do empresário e publicitário Carlos Domingos. Publicado pela editora Sextante, o livro conta 200 casos de empresas e pessoas que transformaram situações problemáticas em oportunidades de negócios, por meio de ideias inovadoras e soluções eficientes. O livro já vendeu mais de 100 mil cópias, segundo a editora, e rendeu uma continuação que segue o mesmo roteiro de sucesso da primeira publicação. A situação não ficou por aí. Diante da adversidade, surgiu uma outra possibilidade de ganho (a oportunidade de inovar diante de uma oportunidade perdida). David procurou o trabalho de uma assessoria de imprensa que, com o valor que poderia investir sem comprometer o caixa da empresa, associou a Dr. Resolve com toda a repercussão da novela. A empresa passou a ter mais exposição e mídia espontânea, principalmente nos veículos especializados em negócios – além de jornais como Folha de S. Paulo e Estado de S. Paulo.E a franquia ganhou mais fôlego para crescer. “Eu costumo chamar os problemas de desafios.” A inquietude de David foi fundamental para conseguir este insight. Ficar paralisado por causa da impossibilidade de realizar um determinado planejamento não é bom nem para o negócio e muito menos para a o desenvolvimento profissional do empreendedor, que exercita a sua capacidade de buscar soluções por meio da pesquisa e da análise de todas as possibilidades que estão ao seu redor. Outro diferencial importante da empresa, foco importante de seu investimento, foi fazer branding para fortalecer a marca, transformar a Dr. Resolve em sinônimo de qualidade e, principalmente, confiável. Junto da ação de assessoria de imprensa, o branding da marca foi sendo construído dia a dia, trabalho a trabalho, por meio de detalhes que agregavam muito valor a trabalho e também à marca: a mala acolchoadaque não arranha paredes, o sapato protegido para não sujar a casa, o colete de identificação, o pagamento facilitado, o agendamento online, o atendimento pontual e o cronograma de entrega fielmente respeitado.Tudo isso sempre fez parte da estratégia de atendimento e diferenciação da empresa; mas se reflete positivamente na percepção que o mercado vê quando entra em contato com a empresa. “Existe solução para tudo. Se você ainda não encontrou, é porque não pesquisou direito.” Como encontrar soluções criativas para seu negócio FirstClass com Alice Salvo Sosnowski Segundo pesquisa do Global Entrepreneurship Monitor, de 2014, o Brasil é um dos países que mais empreende no mundo, tendo índices relativos ao empreendedorismo maiores até que a China e os EUA. Em um período de 10 anos, a taxa de empreendimentos passou de 23% para 34%, e é o terceiro maior sonho do brasileiro, atrás apenas da casa própria e de viajar pelo país. Tendo isso em mente, sabemos o quanto é necessário e importante ter foco em soluções que sejam criativas diante de tantos percalços que todo o empreendedor enfrenta. Este é o tema desta FirstClass com a empreendedora Alice Sosnowski. Apesar da vontade de empreender, o empreendedor enfrenta uma série de desafios que devem ser entendidos e trabalhados conforme a sua área de atuação: clientes que estão cada vez mais atentos à sustentabilidade, concorrentes preparados, legislação brasileira pouco amigável, fornecedores de diversos tamanhos, reputação sempre em jogo, contexto econômico em constante mudança e mídias sociais sempre atentas ao que a marca e a empresa estão fazendo. Diante disso, o empreendedor está sempre correndo atrás de um jeito melhor de atender tudo isso. Melhor e mais inovador. Para se destacar neste ambiente competitivo, nós temos duas atitudes a tomar: usar a criatividade e investir na inovação. - Criatividade: é a habilidade de combinar elementos existentes, conceitos, técnicas, objetos e materiais para gerar novas ideias para os desafios e problemas do nosso dia a dia. - Inovação: é transformar novas ideias em soluções e resultados efetivos. As pessoas são a matéria-prima da inovação, porquea inovação surge das ideias, e as ideias nascem das pessoas. E, para as pessoas serem criativas no âmbito dos negócios, é preciso olhar e analisar o contexto em que vivemos de forma criativa. E como fazer isso? Tendo o foco do cliente: precisamos olhar menos para nós, para nossa empresa e nossos negócios e ver mais pela ótica do cliente, além de perguntar“qual a solução que podemos oferecer ao nosso cliente?”“Qual a necessidade dele que podemos suprir?” Quando olhamos as coisas de um jeito diferente, também pensamos diferente. Esse novo ponto de vista aplica a inovação em diversas frentes, como nos produtos, na experiência do cliente na compra de um produto ou serviço, nos diversos processos que aplicamos em nosso negócio e na forma de divulgação deste empreendimento. No caso David Pinto/Dr. Resolve, esses aspectos foram abordados de uma forma nada disruptiva; mas de um jeito diferenciado, criativo e que suprisse as necessidades dos clientes por um trabalho honesto, eficiente, limpo e confiável. - Produto: entre tantas coisas que a Dr. Resolve entrega para seus clientes, a mala de ferramentas do prestador de serviço pode não ser algo que chame tanto a atenção à primeira vista. Mas para quem já reformou a casa, ou contratou um prestador de serviços para algum trabalho leve, deve ter tido uma parede riscada ou uma mesa lascada por causa da pesada mala de ferramentas. A Dr. Resolve, em uma atitude criativa, resolveu este problema apenas trocando a mala tradicional por uma acolchoada, impossível de estragar ou marcar qualquer móvel. - Experiência do cliente: o prestador de serviço da Dr. Resolve chega na hora certa, uniformizado, limpo, com equipamento certo, prazo fechado para realizar o serviço e, ainda por cima, limpa o ambiente antes de encerrar o trabalho. Isso muda a percepção do negócio e também muda o valor do trabalho, porque o cliente aceita pagar mais por um serviço diferenciado e eficiente. - Processos: qualidade é fundamental, mas conveniência é algo inseparável de um serviço bem feito. Na Dr. Resolve, o cliente tem orçamento completo online, profissionais treinados, garantia de 3 meses no serviço realizado e pagamento em até 15 vezes no cartão de crédito, coisas que raramente se encontra na prestação de serviço tradicional. - Divulgação: na impossibilidade de investir R$ 10 mi em uma ação de merchandising na novela Fina Estampa, David preferiu investir menos em um trabalho de assessoria de imprensa, sustentado pelo sucesso da novela e na fama da sua personagem principal. Apesar do investimento muito menor, os resultados foram altamente maximizados pela mídia espontânea o que gerou cerca de 800 matérias na imprensa. A inovação incremental não é dependente de altos custos ou de grandes valores investidos em estratégias radicalmente inovadoras. Com criatividade, qualquer planejamento pode ser realizado de forma simples, como se fosse um arroz com feijão bem feito. E isso pode ser feito por meio de... - Benefícios: a marca precisa vender benefícios e não necessariamente produtos. A Dr. Resolve oferece para seus clientes a segurança, a confiança e a qualidade que prestadores de serviços comuns não conseguem atender. - Ferramenta WhatIf: é um jeito de pensar diferente, como “e se fosse assim?”. No caso do merchandising da novela, diante da impossibilidade de realizar um grande investimento ele pensou na possibilidade de usar o trabalho de uma assessoria de imprensa, o que deu bastante certo. - Observe: olhe o comportamento do seu mercado, os hábitos do seu consumidor, veja o que eles querem, de que jeito eles consomem, o que mais atrai a atenção deles. A Dr. Resolve estava atento às necessidades de um consumidor que sempre estava inseguro quanto ao trabalho dos prestadores de serviço, um fato que desencadeou todo o processo de criação da empresa em sintonia com o que o cliente mais precisava e queria. Dicas para encontrar uma solução criativa - Use a cabeça e não a carteira: a falta de dinheiro pode ser uma oportunidade. - Pense que os problemas são oportunidades: diante de um desafio, a solução pode ser surpreendente. - Seja proativo: não deixe o tempo passar, porque as oportunidades desaparecem facilmente. - Opte pela solução mais simples:complexidade não é garantida de nada. - Não subestime os outros: uma ideia original e criativa pode vir de onde você menos espera. - Abandone as ideias fixas: é onde a inovação vive. - Trabalhe em equipe, colabore: duas cabeças trabalham melhor do que uma. Várias então... - Corrija os erros logo que estes acontecem: o tempo não perdoa os erros, só aumenta as suas piores consequências. Os desafios do crescimento Toda empresa que cresce rapidamente se depara, inevitavelmente com problemas. Um dos principais problemas da Dr. Resolve, em seus primeiros momentos de trabalho, foi a falta de mão de obra qualificada. Esse apagão de profissionais se tornou um gargalo no desenvolvimento da empresa e no potencial de expansão das franquias pelo país, além de poder comprometer a proposta de empresa em oferecer trabalho de qualidade e de confiança. A primeira ação de David para corrigir esse problema foi investir em vídeo aulas, um sistema de treinamento à distância que tinha a vantagem de ser facilmente enviado para qualquer franqueado no Brasil, com baixo custo de implementação. Logo se viu que esse tipo de treinamento era limitado, mas tinha um potencial de desenvolvimento bastante interessante. Pensando nisso, David planejou a criação do Instituto da Construção, um espaço de formação de profissionais de prestação de serviços, com melhores condições de ensino e com capacidade de formar novos funcionários para a franquia. A criação da primeira unidade do instituto aconteceu em 2011, em São José do Rio Preto. Voltado para as classes C e D, logo no primeiro mês a unidade recebeu quase 160 matrículas, enquanto o número esperado era de apenas 80alunos. Para implementar o ensino, uma empresa especializada em conteúdo educacional foi contratada para desenvolver todo o material didático para os primeiros 15 cursos oferecidos, além de viabilizar uma metodologia de ensino inédita para esse tipo de curso. E o valor investido para a criação do instituto foi de R$ 5 mi, baixo em termos de retorno e resultado para a empresa. David ressalta uma informação interessante e importante para o segmento da construção: profissionalizar os prestadores de serviço, além de facilitar a entrada no mercado de trabalho, ressignificou o profissional da construção civil, sempre visto como despreparado e sem capacitação. O Instituto da Construção valorizou a capacitação destes profissionais e devolveu o merecimento que todo o pedreiro sempre mereceu ter. A solução para o gargalo do desenvolvimento acabou por se tornar um novo negócio. Para atender a demanda de profissionais em outras regiões, o Instituto da Construção se tornou uma franquia, um negócio atrelado à Dr. Resolve, mas um bussiness completamente diferente e independente. Hoje, com mais de 100 unidades em todo o Brasil, o instituto tem mais de 40 mil alunos matriculados e60 mil profissionais formados e capacitados para o mercado de trabalho. Dr. Resolve e os números - R$ 300 mi de faturamento ao ano. - 600 franquias espalhadas em cinco países diferentes. - Geração de mais de 3500 empregos diretos. E dentro deste modelo de negócio, surgiu uma outra oportunidade: as parcerias. Empresas como Votorantim, Bosch, Suvinil e Tigre entraram como parceiras no instituto, fornecendo gratuitamente os materiais para as aulas, todas elas práticas. Além de reduzir a mensalidades das aulas, as empresas parceiras permitem a experimentação de seus produtos e promovem a fidelização dos profissionais antes mesmo de entrar (ou voltar) no mercado de trabalho. “Quando alguém diz que você está ficando louco é um bom sinal.” Para os críticos do projeto, que acreditavam que era loucura montar um projeto como este logo em seguida à Dr. Resolve, David responde que, apesar de ser um negócio diferente, a sinergia entre as duas empresas é inegável, porque os negócios separados se sustentam, mas ambos se alimentam e resolvem seus problemas de expansão.Anexo a isso, também existe a reinclusão do profissional ao mercado de trabalho e o fim da sua informalidade, fatores que transformam o trabalho do instituto em uma quase ação de responsabilidade social. Voltando ao assunto do crescimento acelerado, David percebe que acertou muita coisa e também errou em muitas decisões. Contudo, toda a experiência foi muito rica e esclarecedora para o desenvolvimento da rede. A vivência das escolhas e das suas consequências, presente no dia a dia de todo empreendedor, é fonte importante de conhecimento e é importante que todo empresário passe por isso. “Eu sou um caminhão na ladeira e sem freio. E vou fazendo.” Uma empresa jovem, com um empreendedor também jovem, leva tempo para encontrar o seu “fio da meada”. David acredita que uma empresa só se consolida realmente a partir do seu décimo ano de atividade. No decorrer dos anos, o empreendedor vai descobrindo novas formas de fazer coisas antigas. Diversificação do negócio sem perder o foco FirstClass com Luiz Roberto Carnier Para se manter em atividade em seu ramo de atuação, a empresa precisa diversificar a sua atuação. No entanto, é comumque negócios se percam durante o processo e passem a rumar para uma situação muito pior. E o principal motivo para o fracasso é, geralmente, falta de foco. Nesta aula com o professor e consultor Luiz Roberto Carnier, vamos entender como o foco pode ser a nossa garantia de uma diversificação mais segura. Para começar, o que é realmente um negócio? Vamos usar novamente citar uma definição usada pelo professor e escritor Peter Drucker: “Não me ofereça livros. Ofereça-me horasde prazer e benefício do conhecimento”.A visão de negócio de Drucker é ampla, não se baseia apenas nas qualidades óbvias que um produto ou serviço pode oferecer, mas em benefícios imateriais, experiências que apenas aquela empresa pode proporcionar para seus clientes. O exemplo mais óbvio de todos é da Apple, que não se reconhece nem como uma empresa de tecnologia, muito menos como fabricante de computadores e celulares; quando ela se posiciona como uma empresa que cria produtos e soluções incríveis – palavras de Tim Cook – fica mais fácil investir na diversificação de seus negócios, porque abre a possibilidade de trabalhar novas estratégias. Peter Drucker também indica como podemos definir o nosso próprio negócio, uma análise importante para chegar ao momento de definir o foco. Veja: - Ambiente da organização: precisamos conhecer qual é o nosso mercado, quem é o nosso consumidor, trabalhamos em prol de quem. - Missão clara do negócio e da organização: quando nós definimos o que queremos claramente deste negócio, conseguimos entender o objetivo e o propósito da empresa. - Competências para cumprir a Missão da organização: o que minha empresa tem de diferente que os meus concorrentes não têm? Outra noção fundamental para a empresa é a estratégia. Para o professor de administração e economia, Michael Porter, estratégia é o “conjunto diferenciado de competências e atividades resultando em uma combinação única de proposição de valor”. Sendo que a estratégia, para ser mais eficiente, deva seguir três regras importantes: - Diferente: para ser única em todo o mercado. - Difícil de ser copiada: para que a empresa possa ser reconhecida por esta estratégia, além de desenvolvê-la com maior eficiência e por muito mais tempo. - Valor: é o que melhor diferencia e posiciona uma empresa de outra. Michael Porter também nos explica que, para definir uma estratégia, é necessário quatro pontos de atenção. São eles: - Dizer o que vou fazer e o que eu não vou fazer: estratégia é a arte da escolha; e quando definimos o que faremos, onde concentraremos nossos talentos e esforços,deixamos implícito o que não vamos fazer. - Para quem eu vou fazer e para quem eu não vou fazer: é a definição do público que teremos contato e do público que não teremos relacionamento algum. - Porque comprarão da nossa empresa: são os diferenciais nos colocarão em uma posição de destaque e que mostrarão valor para o nosso público. - Quais as atividades ou segmentos prioritários: indica quais são as minhas prioridades no mercado, quais segmentos serão abordados primeiros. Portanto, quando temos uma estratégia bem definida, conseguimos fechar o nosso foco ao ponto de afirmar que “foco é saber não”, pois conseguimos excluir tudo aquilo que não é do nosso interesse, sobrando apenas e tão somente a nossa prioridade. O professor Luiz Roberto apresenta uma definição própria para o conceito de foco: “concentrar e explorar de forma otimizada, recursos e relacionamentos advindos de sua Vantagem Diferencial, em prol do objetivo a ser alcançado.” E isso fica claro em no caseque envolve o relacionamento entre duas gigantes do mercado: a UPS e a Toshiba, onde o entendimento do negócio foi fundamental para a solução de um problema. No mercado norte-americano, um notebook defeituoso da Toshiba levava, entre o conserto e o retorno ao cliente, cerca de 10 dias. A operação de transporte da empresa era feito pela UPS, que buscava o aparelho quebrado na casa do cliente, transportava por toda uma cadeia logística até chegar à Toshiba, que efetuava o reparo e enviava pelo caminho de volta. O prazo de 10 dias era considerado pelos clientes longo demais, e isso começou a impactar os negócios da Toshiba. Mas quem primeiro notou esse gargalo foi a UPS, que buscou uma solução para o problema do seu cliente, que não era o proprietário do notebook, mas sim a Toshiba. O foco do negócio da UPS não é transporte de encomendas, mas oferecer aos seus clientes uma solução inteligentede logística. Dentro deste conceito, a empresa propôs uma solução para a Toshiba: ela iria instalar um centro de reparos em sua unidade de distribuição, para que pudesse devolver o notebook no menor tempo possível. Essa central foi montada, os profissionais foram treinados pela Toshiba, a cadeia de transporte ficou menor e mais barata e o tempo de retorno do produto caiu de 10 para 3 dias. Se a UPS não tivesse esse foco, claro e definido - que era soluções inteligentes de logística e não transporte de pacotes - dificilmente teria a possibilidade de visualizar e viabilizar uma solução como essa. E, para isso, ela empregou a maior parte dos conceitos de Peter Drucker e Michael Porter que apresentamos acima. Mas o case não para por aqui. Depois do sucesso junto à Toshiba, outras empresas de eletrônicos perceberam as vantagens desse modelo inédito e buscaram a UPS como seu parceiro de logística. Uma solução que era voltada apenas para um cliente acabou sendo o melhor “garoto propaganda” para os novos negócios da UPS. E, de novo, o case não ficou apenas por aqui: a empresa de logística ampliou ainda mais os seus serviços de manutenção e estendeu sua atuação e diversificou seu serviço a outros produtos, como câmeras de vídeo e máquinas fotográficas. O case de David Pinto e da Dr. Resolve/Instituto da Construção segue a mesma lógica. Para um leigo, as duas empresas do empreendedor podem não ter relação alguma. Mas tem algo importante: um foco em comum,o que propicia muita sinergia e complementaridade entre seus ramos de atuação, ampliando o bastante oempreendimento criado por David e obtendo excelentes resultados. O professor Luiz Roberto nos dá algumas dicas, também evidentes no trabalho realizado por David Pinto, e que são importantes para diversificar os negócios enquanto mantem o foco do seu negócio: - Gostar de ganhar dinheiro: é diferente de gostar de ter dinheiro, porque quem gosta de ganhar não tem medo de reinvestir para ganhar mais. - Resiliência e foco em resultados: manter o foco, independente dos percalços que encontramos no caminho do empreendedor, é uma qualidade fundamental para quem busca um negócio sólido e rentável. - Liderança: a maior qualidade do líder de uma empresa é agregar pessoas, tanto aquelas que vão comprar a sua ideia e ajudar no empreendimento quanto as que vão financiar o seu negócio. - Otimização do tempo: usar o tempo de forma mais eficiente é trabalhar entre dois extremos – o tempo de sobra e o tempo em falta, que dificulta a vida profissional e anula a nossa vida pessoal. - Inovação: é transformar ideias em valor, obstáculos em oportunidades. “Frequentemente nos defrontamos com ótimas oportunidades, habilmente disfarçadas de problemas insolúveis” - Philip Kotler. Dificuldades: as dores do crescimento No dia a dia das empresas, as dificuldades sempre estão presentes. A única coisa diferente é como cada empreendedor encara estas situações tão complicadas: olhar para o problema e buscar uma correção, rever os processos, investir em treinamento etc. Seja lá qual for a resposta, dificuldades são excelentes oportunidades para corrigir problemas e efetuar mudanças no negócio. Ainda mais em empresas, como a Dr. Resolve, que cresceram muito rápido e pagaram o preço dessa expansão. A primeira dificuldade que a Dr. Resolve encontrou foi a de relacionamento com o cliente. Depois do rápido crescimento das unidades franqueadas, David reparou que estava perdendo um pouco do controle e do contato com os clientes; cada loja da rede tinha o seu número de divulgação e não existia um serviço de 0800 unificado para toda a empresa. Isso gerou um número considerável de reclamações, e também a necessidade de uma iniciativa para corrigir o problema. Em meados de 2012, a Dr. Resolve inaugurou um call center e uma ouvidoria para atender as queixas que surgiam entre os seus 200 mil clientes/ano, reduzindo as reclamações formais para 0,02% dos atendimentos. Posteriormente, a empresa investiu em canais mais modernos para se aproximar dos clientes. A Dr. Resolve desenvolveu um aplicativo para celular onde o cliente consulta os serviços oferecidos, pede orçamento, acompanha o desenvolvimento do trabalho, acessa o SAC e efetua o pagamento, tudo com bastante conveniência e agilidade. Esta é uma ferramenta que, além de atender o público, dá condições à empresa de ter mais controle sobre os processos que envolvem a venda e o pós-venda, principalmente em casos de reclamação. “É natural que existam espinhos no decorrer do caminho. Não há vitória sem luta. Não há o bônus sem o ônus.” Outra dificuldade que surgiu na vida da Dr. Resolve foi a relação com os franqueados. Por ser uma empresa nova, com uma proposta de negócio inovadora e no sistema de micro-franquias, muitos investidores que participaram do negócio não tinham necessariamente a experiência necessária para administrar uma unidade. Foi inevitável o surgimento de conflitos e, consequentemente, a realização de um trabalho para entender as situações e evitar o surgimento de problemas futuros. Além da criação de um 0800 unificado para toda a rede, um canal de ouvidoria e um app de celular, David ainda trabalhou em outras iniciativas para minimizar as dificuldades. O próprio Instituto da Construção, e suas empresas parceiras, pode ser considerado também uma solução para melhorar o serviço e reduzir a chance de um trabalho mal realizado. Atualmente, David utiliza o WhatsApp para enviar vídeos semanais sobre negócios, atualizações da empresa e informações motivacionais para todos os franqueados, um jeito de manter o relacionamento entre as unidades sempre em atividade. Depois de encarar o momento de expansão e sucesso da empresa, perceber que a conta do crescimento acelerado está chegando é algo que não é fácil e pode afetar a motivação do empreendedor. David nos conta que conseguiu se manter focado no negócio, ao mesmo tempo que aguentava as crescentes reclamações, graças ao apoio da família. Sua esposa, Rebeca, além de VP da DR. Resolve, é um dos alicerces emocionais do empreendedor, por ter um lado emocional mais maduro, bem melhor trabalhado do que David. “Para encarar os desafios é necessário ter sangue frio, pensar de maneira racional e não se deixar levar pelas emoções.” Ouvir outras histórias também é importante para que o empreendedor compreenda a sua situação emocional diante de uma dificuldade. Umaboa rede de relacionamentos ajuda a conhecer outras histórias, outros desafios e situações que se converteram em oportunidades, além de dar a sensação reconfortante de que ninguém está realmente sozinho no mercado diante dos imprevistos. Nenhum empreendedor pode achar que, no decorrer de sua carreira profissional, seu trabalho vai render apenas bons dividendos e sua empresa vai voar eternamente em céu de brigadeiro. Isso não é verdade e todos precisamos estar cientes que administrar um negócio, empreender em uma nova ideia, é brincar constantemente em uma montanha russa. Se o emocional do empreendedor sofre alguns abalos durante o desenvolvimento do seu negócio, é importante também saber o que acontece antes do empreendimento se tornar realidade. No caso de David, que tinha uma carreira sólida e bem montada na empresa onde trabalhava, deixar esse caminho seguro para trás e empreender uma ideia sem garantia alguma de sucesso não foi uma escolha necessariamente tranquila. Para realizar essa transição, ele contou com o apoio da família e com muita fé religiosa e fé no próprio negócio, na construção de algo de valor e com benefícios para si e para a sociedade. Técnicas para melhorar o atendimento ao cliente FirstClass comKeila Taira A especialista em varejo, também franqueada, Keila Taira, possui uma experiência que muitos empreendedores precisam conhecer: as vivências de quem encosta a barriga no balcão da loja e encara os clientes diretamente nos olhos. Não é umtrabalho fácil, muito menos em tempos onde o atendimento presencial das lojas físicas divide a atenção do consumidor com as lojas virtuais e o e-commerce. Isso sem contar que o perfil de consumo e a atitude do consumidor mudaram muito nos últimos 20/30 anos, aumentando o desafio do empreendedor em saber ouvir esse cliente e tornar a experiência de compra algo realmente diferente.Nesta FirstClass, Keila vai nos mostrar suas 10 maneiras de superar o “não”, técnicas que podem melhorar seu atendimento e relacionamento com o cliente, com transparência e verdade. Uma das características mais valorizadas pelos clientes é a experiência de compra, algo que cada empreendedor deveria buscar e desenvolver de forma original e eficiente para a sua empresa. Em uma época onde as vendas online ganharam muita relevância, os consumidores estão mais exigentes e querem um tipo de atendimento que seja da sua conveniência, o que reaqueceu as vendas físicas e criou novas oportunidades de atendimento no varejo. No estudo de caso da Dr. Resolve, vemos que o cliente pode escolher o canal de atendimento que for mais cômodo: para o cliente que prefere menos formalidade, existe o aplicativo de celular; para quem prefere o contato pessoa, o 0800 é a melhor ferramenta de comunicação com a empresa. 1 – Amor x respeito: Com base no trabalho do empresário britânico Kevin Roberts, autor do conceito de lovemarks, uma empresa precisa de três qualidades para ser mais amada pelo consumidor: mistério, sensualidade e intimidade. No esquema acima, quanto mais a marca se posiciona acima, mais ela tem o respeito de seus consumidores; quanto mais estiver à direita, mais amor. Se uma empresa tem pouco respeito e pouco amor, o preço do produto ou serviço oferecido será preponderante sobre o atendimento. No caso de ter muito amor e pouco respeito, o produto/serviço terá uma vida útil muito curta, passageira. Por outro lado, algumas empresas que sabem o valor do atendimento ao cliente desenvolvem tão bem este serviço que o vínculo com o negócio é forte e duradouro, por meio do respeito e do amor que desenvolvem junto à marca. 2 – Meta x foco: Segundo os dados da consultoria FranklinCovey, “quando as pessoas têm somente um objetivo claro, a chance de alcançá-lo é de 80%. Quando têm 5 objetivos simultâneos, a chance de alcançar um dos objetivos é de 35%”. Seja um franqueado, ou mesmo um grande empreendedor, os objetivos do negócio precisam ser extremamente claros. A meta pode ser determinada sobre qualquer outro indicador que não seja o lucro ou faturamento, podendo até ser o aumento do ticket médio, desde que a rentabilidade seja atraente. 3 – Clareza x coerência: Aqui cabe a análise de três requisitos importantes para entender a relação entre clareza e coerência (que foram bem explorados em aulas anteriores aqui no MeuSucesso.com). - Legitimidade: o conhecimento de causa, a experiência no trato com o consumidor e a intenção em realizar um serviço com propósito claro e definido, confere ao negócio uma legitimidade maior do que em relação aos seus concorrentes. - Propósito: quando a empresa tem um propósito coerente com seu negócio e deixa isso claro na hora da venda, o consumidor percebe o valor do produto/serviço mais facilmente. - Reputação conhecida: o consumidor, cada vez mais, possui voz ativa e poder de influenciar as pessoas dentro da sua comunidade. E com as redes sociais, qualquer mal-entendido pode sair do controle e se transformar em um desastre para a empresa. Porém, um negócio claro e coerente evita esses ruídos de comunicação na hora de se relacionar com o cliente. 4 – Atenção x tempo: Segundo o professor da ESPMGil Giardelli, “atualmente o desafio de todo relacionamento é ser mais interessante do que os smartphones. O tempo do cliente é mais valioso.” O celular é uma ferramenta incrível, mas também possui qualidades nem um pouco louváveis. Uma delas é atrair e monopolizar a atenção de seu usuário. Na hora da venda, um cliente que divide sua atenção entre a escolha de um produto e a tela do telefone não tem uma experiência satisfatória de compra, independente do talento e prestatividade do vendedor. Por outro lado, um vendedor também pode perder uma oportunidade incrível de venda se usar o aparelho na hora do trabalho. Superar este obstáculo é um desafio importante para qualquer empreendedor que tem foco na venda. 5 – Estratégia x execução: Enquanto a estratégia é a parte intelectual da gestão, a execução é a “mão na massa”. Segundo Sandro Magaldi, em seu livro Vendas 3.0, “70% dos casos que fracassaram, o verdadeiro problema foi a má execução”. De nada adianta pensar em uma estratégia eficiente, em técnicas de mercado apuradas, em um propósito real e verdadeiro para a marca se a execução não é bem realizada. 6 – Persuasão x influência: Para o professor Philip Kotler, existe apenas uma pergunta que devemos fazer para o nosso cliente: “você se sentiria bem, senhor cliente, em recomendar nosso produto/serviço, para outras pessoas?” No case da Dr. Resolve/David Pinto, a segurança em apresentar umousado planejamento de negócios para os primeiros investidores da empresa superou as eventuais desconfianças que um jovem empreendedor, na casa dos 20 anos, inspiraria em seus contatos. 7 – Razão x emoção: Cerca de 80% das decisões de compras tomadas atualmente são baseadas na emoção. Em uma matriz de perfis de comportamento, baseada no trabalho do psicanalista Carl Gustav Jung, o perfil do consumidor pode ser trabalhado conforme o esquema abaixo: Quando um vendedor conhece o perfil de seu cliente, fica mais claro qual a postura tomar na hora da venda. Por exemplo, um cliente racional e rápido gosta de ser atendido de forma prática, óbvia e direta; alguém mais emocional e lento prefere um atendimento mais afável, detalhado e cuidadoso. 8 – Detalhes x conhecimento técnico: “Tem que estudar muito, não necessariamente da forma tradicional. Cuidado com os detalhes, zelo com cada palavra, estética” é o que o empresário e escritor Flávio Augusto recomenda para que o detalhe do produto, na hora da venda, tenha o seu devido valor percebido pelo cliente. E para o detalhe tenha relevância, o conhecimento do vendedor é fundamental. 9 – Relacionamento x valor percebido: Para José Carlos Teixeira Moreira, da Escola de Marketing Industrial, “valor é percepção pura, é criar relações significativas. Valor percebido é mais analógico que digital.” Valor é o que realmente cria a fidelização do cliente junto à empresa e, geralmente, “é mais analógico do que digital” porque os relacionamentos diretos, na vida real, criam vínculos de relacionamento mais fortes do que aqueles criados no mundo virtual. 10 – Trinfo x fracasso: “O fato de você triunfar ou fracassar, sobreviver ou morrer, depende mais do que você faz a si mesmo do que daquilo que o mundo faz a você” é uma frase do pesquisador e escritor Jim Collins, que explica o quanto somos responsáveis pelas decisões que tomamos. E que o fracasso é algo que está implícito no caminho de todo o empreendedor. Visão de futuro: consolidar as conquistas Depois do seu quinto ano de atividades, a Dr. Resolve entrou em uma fase que, segundo David, é o momento da empresa se consolidar e se estruturar para o futuro. Até este momento, a cadeira franqueada cresceu, a percepção da marca foi fortalecida, o relacionamento com clientes e franqueados foi ampliada... e agora? O movimento do mercado de materiais de construção, e também do segmento de construção e reformas, segundo dados de 2015, está na ordem de R$ 100 bi. Na visão de David, a participação do seu empreendimento neste bolo ainda é muito pequena, mas com grande potencial. Portanto é necessário trabalhar e desenvolver ainda mais as soluções de negócio, para ganhar espaço e ter uma presença relevante dentro do segmento. Outra percepção sobreo futuro que David compartilha na aula é a crescente necessidade, e procura, dos prestadores de serviço do ramo da construção e reformas pela qualificação profissional, garantida por meio de uma certificação que respalde essa experiência. Em uma provável oscilação do mercado ou da economia brasileira, as exigências por qualificação e certificação vão definir quem trabalha ou não em um segmento de mercado que é o segundo ou terceiro maior do Brasil. Neste contexto, o Instituto da Construção espera crescer o suficiente e ampliar ainda mais o número de alunos matriculados e formados pela escola. Se o sucesso se confirmar, David espera fazer uma futura abertura de capital da empresa. E a estratégia de internacionalizar a empresa, como se adequa o cenário futuro? A Dr. Resolve cruzou as fronteiras do Brasil pela primeira vez em 2013, quando um empreendedor brasileiro que atua na Colômbia resolveu conhecer a franquia. Quando se encontrou pessoalmente com David para tratar do negócio, o empresário falou fez um panorama do mercado colombiano e essa informação chamou muito a atenção do David. O potencial de crescimento dos mercados da América Latina superaem muitas vezes o potencial do mercado brasileiro. Com isso em mente, a rede franqueada está se espalhando pela Colômbia, México, Panamá, Costa Rica e outros países da América Central. A internacionalização, além dos resultados financeiros bastante evidentes, ajuda a empresa a conquistar mais confiança do mercado. Isso porque ganha o status de multinacional, algo que agrega muito a percepção da marca. A participação em outros mercados, em outras culturas, permite que o empreendedor possa ampliar o seu repertório de informações, conhecer soluções implementadas em mercados externos e descobrir o comportamento de um consumidor que ele ainda não conhece bem. E diante do crescimento e da expansão da rede, o desafio de manter o DNA da empresa sempre ativo entre os funcionários é um desafio constante. Enquanto a empresa se estrutura cada vez mais, é natural que a burocracia cresça junto. As distâncias entre os públicos internos da empresa ficam cada vez maiores e isso gera o risco da cultura acabar se dissipando. David trabalha essa situação por meio do relacionamento estreito que tem com seus gestores: viagens, encontros de negócios, presença física constante em todas as áreas ajuda a manter o pique que o fundador da empresa confere a toda a empresa. Quando isso não é possível, a Dr. Resolve utiliza a TV corporativa, produzida a partir de um estúdio montado em sua sede central. “Se você parar de inovar, não é que você deixa de crescer. Você fecha.” Outro passo em direção do futuro foi a criação da Dona Resolve, a contraparte especializada em serviços domésticos da Dr. Resolve. Com base no mesmo insight que gerou a primeira empresa, esta nova empreitada também visa cobrir um vácuo de profissionais devidamente capacitados no segmento de serviços domésticos, como limpeza residencial, organização de armários, impermeabilização e higienização de estofados e outros mais. O trabalho de futuro da empresa é visivelmente sustentado pelo trabalho do presente. O que David nos explica é a importância em se estruturar, se fortalecer, reinvestir na empresa de forma constante para que o crescimento tenha por alicerce principal por uma base já consolidada. Isso é uma resposta ao crescimento dos desafios e dificuldades que são proporcionais ao crescimento da empresa, o que também demanda um crescimento pessoal do empreendedor – emocional, principalmente – diante de tantas variáveis que vão surgir pelo caminho. Esse crescimento do profissional também passa pelo relacionamento com outras pessoas do círculo de relacionamento: junto aos pequenos empresários, surgem os insights necessários para o crescimento das empresas; no encontro com empresas maiores, a troca das experiências é bastante similar a uma mentoria. Quem senta no pedestal e se recusa a compartilhar esse conhecimento está fadado ao isolamento e ao fracasso. “Eu recomento que você ouça pessoas que estejam em outro momento de suas vidas. Pode ser alguém com mais vivência ou com tempo de empresa maior.” E essa troca de informações é algo importante para outra questão de futuro: as oscilações do mercado e da economia brasileira. Para que empreendedor possa se preparar adequadamente, além da importância do relacionamento pessoal que explicamos acima, participar de eventos e encontros de negócios é fundamental para ouvir o que o mercado está falando. Na visão de David, essas trocas de informação desenvolvem na mente do empreendedor a capacidade analítica de pensar no amanhã, ou mesmo em ficar atento a uma dificuldade que pode se tornar oportunidade. Ele mesmo nos diz que, em situações de retração da economia, uma empresa bem preparada sabe que é um período onde novas empresas surgirão com maior dificuldade, consequentemente o número de concorrentes será o mesmo ou ainda menor que antes. Ou seja, é hora de planejar e pensar em alguma alternativa. Na trajetória de vida de uma empresa consolidada, muitos desafios já foram superados e deixados para trás. Ao olhar para frente, para a história que ainda será escrita, os erros que serão cometidos serão fundamentais para construir novas experiências, mas é inadmissível que os erros do passado surjam novamente, pois demonstra que nem todas as vivências foram realmente aproveitadas e aprendidas com sucesso. “O primeiro passo é acreditarmos nos nossos sonhos. Você terá muitos obstáculos no meio do caminho, terá muita gente criticando, gerando dúvidas e inquietudes nem tão positivas, mas o importante ainda é acreditar nos sonhos.” Como realizar o diagnóstico do seu negócio utilizando o Canvas FirstClass com Guilherme Junqueira Como vimos no estudo de caso Dr. Resolve/David Pinto, muitas vezes o empreendedor necessita rearranjar seu modelo de negócios, seja antes de colocar sua empresa para funcionar ou mesmo depois de vários anos de trabalho. Uma das metodologias mais utilizadas, e fáceisde usar, é o Business ModelCanvas (BMC), ou simplesmente Canvas, desenvolvido pelo pesquisador suíço Alex Osterwalder. Nesta FirstClass, o especialista em ecossistema de startups, Guilherme Junqueira vai nos ensinar como usar essa ferramenta na prática empreendedora. Um modelo de negócios descreve a lógica de como uma organização cria, entrega e captura valor. Mas nem sempre é algo que o empreendedor, principalmente os de primeira viagem, conseguem definir de modo correto. Uma das vantagens em utilizar o Canvas é justamente a sua facilidade de uso, pois é menos “engessado” do que um plano de negócios tradicional, que nem sempre é voltado para a ação como é o caso do Canvas. O gráfico do BMC é dividido em nove áreas, todas elas cercando a proposta de valor da sua empresa, que é o foco central desta ferramenta. Por ter um formato graficamente bem montado, o Canvas é ideal para ser impresso, rabiscado e colado em uma parede, um formato que convida o usuário a interagir livremente com a ilustração. A parte esquerda do gráfico se relaciona aos processos internos da empresa, enquanto a parte direita fala de clientes. Os segmentos inferiores fazem referência clara aos processos financeiros da empresa. Agora vamos ver cada uma das nove áreas e para que cada uma delas servem: - Bloco #1: Segmentos de clientes O primeiro passo no desenvolvimento de um modelo de negócios é o bloco do Segmento de Clientes. Precisamos destacar dois aspectos importantes que justifiquem isso: - A palavra “segmento” possui implícita que se trata de escolha de uma fatia do mercado. Em outras palavras, é necessário que você defina um nicho de clientes. A famosa afirmativa “quem vende para todo mundo, não vende para ninguém” é levada a sério no desenvolvimento de um modelo de negócio. - Um negócio deve ser desenvolvido a partir da perspectiva do cliente.De nada adianta ter uma boa ideia se você não enxergar por meio dos olhos de quem vai pagar pelo produto/serviço que você irá entregar. Um jeito eficiente de usar o Canvas é por meio de post-its coloridos. Para cada público, uma cor diferente, que vai se repetir por todo o gráfico, facilitando a sua visualização a partir de um público em especial. E falando em público, segmente e detalhe seu público o máximo possível, por exemplo: mulheres, casadas, mães, 25-35 anos, moram na capital paulista, classe C. Assim seu foco ganha um direcionamento mais eficiente dentro do modelo que você está desenhando. - Bloco #2: Oferta de valor O segundo passo é definir a Oferta de Valor do seu negócio. Entenda que “valor” neste caso significa “benefício”. Portanto, é fundamental que você saiba explicar quais são estes benefícios que seus produtos (ou serviços) entregam para os seus clientes. Por exemplo, se o seu produto é um sistema financeiro, sua oferta de valor deverá ser “seu financeiro redondo em apenas 30 minutos por semana”. É claro que isso vai depender de seu sistema. Você pode ter inúmeros benefícios, mas tente resumi-los em apenas uma única frase. Essa reflexão também é fundamental para que você analise seus diferencias frente a seus concorrentes. Como fizemos no primeiro bloco, marque tudo isso em post-its coloridos e cole no gráfico. - Bloco #3: Canais Canais descrevem quais os caminhos pelos quaisa empresa comunica e entrega valor para os seus clientes.Podemos dizer que pela perspectiva do antigomarketing (os 4 P’s), canais representam o “P”de Praça e o “P” de Promoção. É seu site, app de smartphone, a sua loja física, a página no Facebook, sua conta no Twitter e quaisquer outros meios por onde você e seu cliente se encontram. Os canais podem ser de comunicação, vendas e distribuição do produto. Ou seja, qualquer tipo de interface da empresa com o cliente. Servem para que o segmento definido possa tomar conhecimento e avaliar a proposição de valor do produto, efetuar a compra etc. É muito importante verificar que este bloco demonstra graficamente a importância do encaixe estratégico em um modelo de negócios. - Bloco #4: Relacionamento O bloco do Relacionamento descreve estratégias que evitam que seus clientes corram para o concorrente por questões como “preço mais baixo”. Definir boas estratégias de relacionamento é difícil, porém fundamental para a retenção de clientes. Com o cliente conquistado, depois da venda realizada, é hora de cultivar um relacionamento. Muitas empresas startups adoram um relacionamento baseado em “autoatendimento”, pelo qual o cliente resolve quase tudo sozinho. No entanto, algumas empresas já percebem que investir num alto nível de atendimento garante destaque e maior lucratividade. WhatsApp é um dos canais mais utilizados e eficientes da atualidade para cultivar bons relacionamentos e mostrar para o seu cliente que vocês não estão distantes. - Bloco #5: Fluxo de receita Para fechar o lado direito do modelo de negócios, o Fluxo de Receitas é o bloco que determina a maneira como o cliente pagará pelos benefícios recebidos. Há uma série de modelos de que podem ser adotados. Alguns exemplos são: venda de produtos, assinatura, aluguel, licença, leilão etc. O fluxo de receitas é atualmente uma das grandes fontes de inovação. Por exemplo, inúmeras empresas de turismo estão transformando seus mercados ao cobrar por meio de assinaturas ao invés da tradicional diária; alguns restaurantes passaram a cobrar por tempo de permanência ao invés de cobrar por prato ou por quilo. - Bloco #6: Recursos-chave O primeiro bloco do lado esquerdo é o de Recursos-chave, que são os ativos fundamentais para fazer o Modelo de Negócios funcionar. Aliás, todo o lado esquerdo está relacionado à parte operacional do negócio. Esse bloco deve ser limitado a descrever o que realmente importa dentro dos ativos de sua empresa. Por exemplo, em uma siderúrgica os recursos-chave são o forno (caldeira) e o laminador. Alguns exemplos de recursos são: ativos físicos, como máquinas ou instalações, intelectuais, como patentes, recursos humanos, como equipe de programadores ou atendimento, etc. - Bloco #7: Atividades-chave De forma complementar ao recurso-chave, as Atividades devem tratar das atividades mais importantes que a empresa deve fazer de forma constante para que o Modelo de Negócios funcione corretamente. Se uma empresa possui uma plataforma web como recurso-chave, muito provavelmente terá como atividade-chave a manutenção desta plataforma. Alguns exemplos de atividades são: produção de bens, resolução de problemas, gestão de plataformas, vendas consultivas, desenvolvimento de produtos etc. - Bloco #8: Parcerias-chave Os Parceiros-chave em um modelo de negócios referem-se primordialmente a terceirização, ou melhor, aos fornecedores. Como dito anteriormente, o lado esquerdo trata de quesitos operacionais, portanto o bloco parcerias lista outras empresas que ajudam seu negócio a entregar a oferta de valor. Qualquer tipo de tarefa ou matéria-prima essencial fornecida por outra empresa e que garanta o funcionamento do modelo de negócios deve ser listada neste bloco. Também não se esqueça das parcerias interessantes, que são as associações sem fins lucrativos, de atividades socioambientais e afins. - Bloco #9: Estrutura de custos O último bloco do modelo descreve todos os principais custos que têm peso no financeiro e são derivados da operacionalização do modelo de negócios. Eles serão provavelmente oriundos dos blocos de recursos, atividades e parceiras-chave. Porém, também será possível que custos de canais sejam considerados como, por exemplo, comissão de vendedores. O formato Canvas serviu para auxiliar muitas empresas, algumas das quais conhecemos bem. Abaixo listamos alguns exemplos e analisamos rapidamente seus cases: - Lulu: É uma empresa que publica livros sob demanda a partir de seus autores, sejam eles conhecidos ou não. O modelo que eles adotaram é o “cauda longa”, alusão a cauda de um dinossauro que sempre aponta para cima. Explicando de forma bastante simples, a grande quantidade de usuários e a grande demanda pela impressão de publicações é suficiente para cobrir os custos gráficos, viabilizando a rentabilidade do negócio. - Google: A gigante da internet usa o modelo “multi-faces”, onde foram definidos dois públicos principais para a empresa no segmento de buscas: o usuário de internet e o anunciante. Se para o usuário o serviço é gratuito, o anunciante paga para aparecer nos resultados de busca, com destaque e devidamente segmentado por público-alvo, um investimento que compensa dado ao grau de acerto. - Dropbox: O modelo freemium da empresa de armazenamento de dados em nuvem permite que o cliente teste o serviço, armazene seus arquivos de forma remota e com bastante conveniência, mas será necessário pagar para ter melhores e mais avançados recursos. - Kickstarter: Usa o modelo consagrado de crowdfunding, financiamento coletivo para viabilizar pequenos negócios e iniciativas em troca de recompensas para seus apoiadores. - Camiseteria: Utiliza o modelo de creativecompetition, que nada mais é do que terceirizar a criação de estampas de camiseta, mas em forma de disputa: o ilustrador coloca seus desenhos no site da empresa, os usuários votam nas melhores opções e elas são transformadas em camisetas. O designer é pago pelo serviço e a empresa ganha por não precisar ter um setor específico de criação. - Mercado Livre: É um dos mais conhecidos Market Places do mundo, um serviço que une as pontas da cadeia de venda, promove o encontro do vendedor com o comprador, em troca de uma comissão sobre a venda. - Netflix: A empresa de streeming usa o modelo de rentsubscription, onde o cliente paga uma assinatura para ter acesso ao serviço. É um
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