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Princípio do processo civil

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Delson da Paiva José Viramão
Princípio do processo civil
Trabalho ser apresentado ao departamento de Ciência Sócias e Filosóficas, Delegação da Beira para o fim de avaliação.
Licenciatura em Direito
Universidade Pedagógica
Beira
2018
Índice
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS	3
2. PRINCÍPIO DO ACESSO AOS TRIBUNAIS	3
2.1 O princípio da iniciativa das partes	4
2.2 Princípio do contraditório	4
3. PRINCÍPIO DO ACESSO A JUSTIÇA	4
4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DO CONTEÚDO DA DECISÃO	5
5. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DAS FORMAS PROCESSUAIS	5
6. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO	6
7. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES	6
8. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DAS AUDIÊNCIAS	6
9. PRINCÍPIO DA FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS	7
10. PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO E AUTO RESPONSABILIDADE DAS PARTE.	7
11. PRINCÍPIO DA AQUISIÇÃO PROCESSUAL	8
12. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL	8
13. PRINCÍPIO DA IMEDIAÇÃO, DA ORALIDADE E DA CONCENTRAÇÃO	8
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA	9
1. NOTAS INTRODUTÓRIAS 
Saudações, o presente trabalho pretende abordar em torno dos princípios que norteiam o processo civil moçambicano. Antes de iniciarmos com a abordagem achamos pertinente dar uma noção básica dos princípios em Direito. Para VARELA[footnoteRef:1], "a ciência jurídica costuma enunciar ainda como Fonte de Direito os chamados Princípios Gerais do Direito, que são os pressupostos lógicos que em que se baseiam as diferentes normas jurídicas". Enquanto para Miguel Real, considera que os princípios gerais do Direito são enunciações normativas de valor genérico, que condicionam e orientam a compreensão do ordenamento jurídico em sua aplicação e integração ou mesmo para a elaboração de novas normas. Então, princípios do processo civil, são alicerces que devem ser observados na propositura duma acção, tanto como nas actividades subsequentes que as partes e o tribunal devem desenvolver. [1: VARELA, Bartolomeu Varela, Manual de Introdução ao Direito, 2ª edição, P 42.] 
2. PRINCÍPIO DO ACESSO AOS TRIBUNAIS
O princípio do acesso aos tribunais, para além de ser um princípio do processo civil também é um princípio consagrado na Constituição, no artigo 70; para o professor Gomes Canotilho,[footnoteRef:2] Entende que o direito de acesso aos tribunais implica a criação e organização de tribunais, bem como a definição de vias processuais adequadas; o exercício do direito de antena pressupõe a sua regulação legal. Num Estado de Direito, como o nosso, onde é proibida o uso da tutela privada de Direito, ou seja, regra geral, os particulares não são permitidos usar a força para salvaguardar um direito seu ou interesse, para referir que só o Estado através dos seus órgãos, os tribunais, tem a prerrogativa de julgar e punir. É com esse fundamento, que se consagrou o princípio do acesso aos tribunais, para que os particulares usem esse direito para proteger e ressarcir seus direitos. [2: CANOTILHO, José Joaquim Gomes, direito constitucional, 6 a edição, Almedina, Coimbra p 333] 
Para o professor Tomás Timbane[footnoteRef:3], o princípio do acesso aos tribunais engloba dois grandes sob princípios, nomeadamente: o princípio da iniciativa das partes e o princípio do contraditório. [3: TIMBANE, Tomas Luís, Lições de processo civil I, Escolar Editoras, p94 ] 
2.1 O princípio da iniciativa das partes
Para Timbane, o principio da inicia das parte implica que os particulares possam ter a declaração ou reconhecimento do direito e a efectivação coerciva do direito violado e o direito violado. Para referir que o princípio da iniciativa das partes está relacionado com o direito a acção, que implica o direito de obter num prazo razoável, uma decisão com força de caso julgado. 
2.2 Princípio do contraditório
Para além do princípio da iniciativa das partes, o princípio do acesso aos tribunais também implica o direito dado aos particulares de poder, perante uma acção proposta pelo autor, terem a oportunidade de se pronunciares antes de qualquer decisão. Para Miguel de Sousa[footnoteRef:4], a garantia do contraditório atribui à outra parte não só o direito ao conhecimento de que contra ela foi proposta uma acção ou requerida uma providência, e portanto um direito à audição antes de ser tomada qualquer decisão, como consta no artigo 3 nr 1 do CPC. [4: SOUSA, Miguel Teixeira, estudo do novo processo civil, p 47] 
3. PRINCÍPIO DO ACESSO A JUSTIÇA
O princípio do acesso a justiça está consagrado no artigo 3 do CPC. Não basta que um Estado garanta o acesso aos tribunais, é necessário também que existam mecanismos e acções para que as pretensões sejam satisfatoriamente respondidas; o acesso a justiça não implica só que haja uma celeridade processual, o professor Miguel de Sousa[footnoteRef:5], existem três obstáculos do acesso a justiça, nomeadamente: obstáculo económico, que está relacionado com as custas judicias que não facilitam as populações mais pobres; obstáculo organiza tório, é quando a tutela de certos interesses colectivos ou difusos impõe uma profunda transformação nas regras e instrumentos tradicionais do direito processual; e o último obstáculo é o propriamente processual, que tem que a ver com determinadas formalidades para a propositura duma acção ou a sua tomada de decisão. [5: Idem ] 
Quando se fala do acesso a justiça olha se também a questão do prozo razoável descrito no artigo 3 nr 1 do CPC, que o tempo que deve se esperar para a tomada duma decisão. Existe uma discussão a nível da doutrina para determinar a questão do prazo razoável, também porque o Código Processual Civil não define a questão do prazo razoável, podendo se entende com um tempo que permite que se desencadeei todas acções num processo. Ou seja os processos não devem ser muito flexíveis sob o risco de injustiçar alguém, e nem devem ser muito flexíveis, sob o risco de se considerar um obstáculo a justiça.
4. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DO CONTEÚDO DA DECISÃO
O princípio da legalidade é o princípio sacrossanto da administração, o tribunal como um órgão do Estado deve observar esse princípio, como consta do artigo 4 da Lei 14/2001 de 10 de Agosto, para TIMBANE, os juízes na decisão final, a luz do principio da legalidade do conteúdo da decisão final, a luz do principio da legalidade do conteúdo da decisão, devem indicar, interpretar e aplicar as normas jurídicas correspondente aos factos previamente considerados provados. Apesar dos tribunais estarem vinculados a lei, os tribunais só devem aplicar lei que não ofendam a constituição, nos termos do artigo 214 da CRM. 
5. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DAS FORMAS PROCESSUAIS
 Na perspectiva de TIMBANE, o princípio da legalidade das formas processuais é consequência do princípio da legalidade do conteúdo da decisão, para referir que, se a decisão é legal é mais óbvio que o rito para tomada dela esteja prescrito na lei. Nem sempre que este princípio é aplicado, em alguns casos o juiz pode adequar um processo a um caso concreto, de modo a tornar mais flexível a tramitação; esse mecanismo chama-se adequação formal, ocorre quando a forma de processo não seja adequada à pretensão do autor e exista um processo mais adequado ao caso. Vide os artigo 31 nr 2 e o arigo 470 do CPC. 
6. PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO 
Nos termos do artigo 225 nr 1 os tribunais estão organizados duma forma hierárquica, para referir que o princípio do duplo grau de jurisdição implica os litígios submetidos a um tribunal devem estar submetidos a um outro julgamento dum tribunal hierarquicamente superior. Esse princípio não se aplica a todos os litígios, respeitados a questão da alçada, que é o valor dentro do qual os tribunais podem julgar sem a possibilidade de recurso. A alçada está fixada na lei 24/2007 de Agosto, no artigo 38, que é cinquenta vezes o salário mínimo nacional para os tribunais judiciais da província, vinte e cinco vezes o salário mínimo nacional para os tribunais judicias do distrito da primeira classe, e dez vezes o salário mínimo nacional os tribunais judiciais do distrito da segunda classe. Para se poder recorrer duma decisão é mister olhar para o valorda alçada; se o valor da causa não passar cinquenta vezes o salário mínimo nacional, nos tribunais judiciais de província, não se poder recorrer da decisão. 
7. PRINCÍPIO DA IGUALDADE DAS PARTES 
A igualdade é um princípio da igualdade está consagrada no artigo 35 da CRM, segundo este artigo proíbe-se o tratamento diferenciado por causa da cor, raça, sexo, origem étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais, profissão ou opção política. Miguel de Sousa,[footnoteRef:6] Entende que as partes devem possuir os mesmos poderes, direitos, ónus e deveres, isto é, cada uma delas deve situar-se numa posição de plena igualdade perante a outra e ambas devem ser iguais perante o tribunal. [6: Idem p 42] 
8. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DAS AUDIÊNCIAS 
Com esse princípio, pretende-se que as audiências não se tornam secretas, permitindo com que qualquer interessado possa assistir o julgamento, como o tribunal faz parte da Administração, nos termos do artigo 15 nr da lei 14/2001 de 10 de Agosto, a administração pública deve agir com base no princípio da transparência, que significa de dar publicidade das suas actividades, uma delas é o julgamento. Esse principio da publicidade das audiência está consagrado no artigo 65 nr 2 da CRM, o contra senso do artigo 656 nr 4 do CPC. Mas esse princípio sofre algumas excepções, como é o caso do artigo 168 do CPC. Miguel de Sousa[footnoteRef:7], entende que o princípio da publicidade das audiências tem dupla dimensão; a primeira dimensão é em relação as partes, o princípio assegura a possibilidade de controlo popular sobre as questões que as afectam directamente; a segunda dimensão é relativa à opinião pública, o princípio permite combater a desconfiança na administração da justiça. Para o mesmo autor o princípio da publicidade das audiências, implica também o direito reconhecido a qualquer pessoa capaz de exercer o mandato judicial o quem nisso revelem um interesse atendível, de exame e consulta dos autos na secretaria do tribunal. Enquanto nos termos do artigo 168, quem pode examinar os processos na secretaria do tribunal são, as partes, os advogados, os advogados estagiários, os assistentes jurídicos e os técnicos jurídicos. [7: Idem p 53] 
9. PRINCÍPIO DA FUNDAMENTAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
Princípio da fundamentação das decisões, é um princípio que rege toda a administração por força do artigo 14 da lei 14/2001 de 10 de Agosto. Esse princípio impende ao juiz que indique os fundamentos de facto e de direito que o levaram a tomar determinada decisão, para permitir com que outro juiz de instância superior analise melhor o processo em questão de recurso, como consta do artigo 158 do CPC. 
10. PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO E AUTO RESPONSABILIDADE DAS PARTE.
Este princípio decorre do castigo por causa da omissão de determinados actos, ou seja, por exemplo, se alguém, enquanto devia o fazer, deduzir a contestação, o juiz considera confensados o factos articulados pelo autor, vide o artigo 484 nr 1 do CPC.
11. PRINCÍPIO DA AQUISIÇÃO PROCESSUAL
Este princípio impende que todas as provas num processo devem ser tomadas em consideração pelo tribunal, ainda que não tenham sido produzidas pela parte que devia o fazer, que é a questão da inversão das provas descrita no artigo 342 nr 2 do CC. 
12. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL 
Para esse princípio, o juiz deve resolver o maior número possível de litígio, que é a economia de processo, e o processo deve comportar só os actos e formalidade indispensáveis, economia de actos e formalidades; como é o caso do Lito consórcio inicial, artigo 27 do CPC; acumulação de pedidos, artigo 470 do CPC; o pedido subsidiário, artigo 469 do CPC, ampliação do pedido ou da causa de pedir artigo 273 do CPC; a reconvenção artigos 501 e 274; os incidentes de terceiros, artigo 320 e ss. 
13. PRINCÍPIO DA IMEDIAÇÃO, DA ORALIDADE E DA CONCENTRAÇÃO
O princípio da imediação implica que o julgador da matéria de facto tenha contacto o mais directo possível com as pessoas ou coisas que servem de fonte de prova, por isso o que o juiz que julga um processo deve ser o mesmo desde o princípio, ter contacto com a matéria de facto apresenta e provada pelas partes, vide o artigo 654 do CPC. O princípio da oralidade implica que o facto apresentados como fonte de prova devem ser, em regra apresentados oralmente. O princípio da concentração, implica que o maior número de actos e diligência devem ser praticados na mesma ocasião, se tal for possível. 
2
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 
VARELA, Bartolomeu Varela, Manual de Introdução ao Direito, 2ª edição;
CANOTILHO, José Joaquim Gomes, direito constitucional, 6 a edição, Almedina, Coimbra;
TIMBANE, Tomas Luís, Lições de processo civil I, Escolar Editoras;
SOUSA, Miguel Teixeira, estudo do novo processo civil.

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