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Pesquisa Etnográfica - Metodologia Científica

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Faculdade do Esporte - ESEFFEGO 
Av. Oeste, 56-250, Setor Aeroporto 
CEP: 74.075-110 
 
 
PESQUISA ETNOGRÁFICA – CARACTERÍSTICAS GERAIS 
 
 Eneely Evelin Gomes de Araújo1 
 Rahaby Nayanne Vieira Carvalho² 
 
1. Bases históricas da etnografia. 
Laplantine (1943), dedica o IV capítulo de seu livro para descrever 
os sujeitos interlocutores que consagraram a pesquisa, do qual ele nomeia de 
“os pais fundadores da etnografia”: 
 BOAS (1858 – 1942): Realizou pesquisas pioneiras, 
iniciadas a partir dos últimos anos do século XIX, revelando 
a importância na precisão da descrição dos fatos observados. 
 MALINOWSKI (1884 – 1942): O primeiro a conduzir 
cientificamente uma experiência etnográfica, ou seja, a viver 
com as populações que estudava e a recolher seus materiais 
de seus idiomas, procurando romper ao máximo os contatos 
com o mundo europeu. 
2. Conceitos. 
A pesquisa etnográfica faz parte da ciência da descrição cultural, 
envolvendo pressupostos específicos sobre a realidade e formas particulares 
de coleta e apresentação de dados. (LUDKE, 1986). 
De acordo com Mattos (2011), a pesquisa etnográfica estuda os 
padrões, comportamentos manifestos nas rotinas diárias dos sujeitos 
estudados, os modos como esses grupos sociais ou pessoas conduzem suas 
vidas, com o objetivo de revelar o significado cotidiano, nos quais as pessoas 
agem. Neste sentido, documentar, monitorar e encontrar o significado da 
ação. 
 
1 ² Acadêmicas do 5º Período, Matutino, Metodologia Científica do Curso de 
Educação Física Licenciatura da Universidade Estadual de Goiás / Faculdade do 
Esporte-ESEFFEGO. (rahaby.gyn@gmail.com) 
3. Pressupostos. 
[...] a pesquisa etnográfica fundamenta-se em dois 
conjuntos de hipóteses sobre o comportamento humano: 
- A hipótese naturalista-ecológica, que afirma ser o 
comportamento humano significativamente 
influenciado pelo contexto em que se situa. Nesta 
perspectiva, qualquer tipo de pesquisa que desloca o 
indivíduo do seu ambiente natural está negando a 
influência dessas forças contextuais e em consequência 
deixa de compreender o fenômeno estudado em sua 
totalidade. 
- A hipótese qualitativo-fenomenológica, que determina 
ser quase impossível entender o comportamento 
humano sem tentar entender o quadro referencial dentro 
do qual os indivíduos interpretam seus pensamentos, 
sentimentos e ações. De acordo com essa perspectiva, o 
pesquisador deve tentar encontrar meios para 
compreender o significado manifesto e latente dos 
comportamentos dos indivíduos, ao mesmo tempo que 
procura manter sua visão objetiva do fenômeno. O 
pesquisador deve exercer o papel subjetivo de 
participante e o papel objetivo de observador, 
colocando-se numa posição ímpar para compreender e 
explicar o comportamento humano. (WILSON apud 
LUDKE, 1986, p. 15) 
 
4. Etnografia & Etnologia 
É imprescindível a distinção entre etnografia e etnologia, para 
entender a abordagem da pesquisa etnográfica. (MATTOS, 2011). 
A palavra etnologia no Grego ethnos, quer dizer: “raça, cultura, 
povo”, e logon, significa: “escrito, tratado, estudo”. Já a palavra etnografia 
 
2 
 
nos vocábulos gregos: ethnos que significa “povo” e graphein que significa 
“grafia”, ”escrita”, ”descrição”, ou melhor, “estudo descrito”. 
Portanto a etnologia é o estudo e conhecimento da cultura das 
populações primitivas, e a etnografia é a escrita do visível, e que essa 
descrição etnográfica depende das qualidades de observação, de 
sensibilidade ao outro, do conhecimento sobre o contexto estudado. 
(MATTOS, 2011). 
5. Método. 
Ludke (1986), explica que a pesquisa etnográfica se inicia, a partir de 3 etapas: 
ETAPAS DA INVESTIGAÇÃO 
EXPLORAÇÃO DECISÃO DESCOBERTA 
Envolve a definição de problemas, escolha do 
local de estudo, estabelecimento de contatos para 
a entrada em campo e também incluí, as primeiras 
observações. 
Consiste numa busca sistemática dos dados; 
 - forma e conteúdo da interação verbal dos participantes; 
- forma e conteúdo da interação verbal com o pesquisador; 
- comportamento não verbal; 
- padrões de ação e de não-ação; 
- traços, registros de arquivos e documentos. 
Consiste na explicação da realidade, isto é, tenta 
encontrar os princípios subjacentes ao fenômeno. 
Neste estágio, envolve o desenvolvimento de 
teorias, processo que guia o desenrolar do estudo. 
Essa interação contínua entre os dados reais e as 
suas possíveis explicações teóricas, permite uma 
estruturação, para que o fenômeno possa ser 
interpretado e compreendido. 
 Quadro 1 – Etapas da investigação da pesquisa etnográfica. Fonte: elaboração das autoras a partir de Ludke (1986). 
 
6. Microanálise etnográfica. 
A microanálise etnográfica é um instrumento da etnografia, 
frequentemente utilizada nos estudos da linguagem, e que exige do 
pesquisador um detalhamento criterioso na descrição do comportamento 
através da transcrição linguística verbal e não-verbal de comportamento - 
olhares, pausas, tom de voz, detalhes da interação e o que isto significa. 
(ERICKSON, 1982, 1992; KENDON, 1977 apud MATTOS, 2011, p. 55 e 
56). 
A microanálise etnográfica leva em consideração não somente a 
comunicação ou interação imediata da cena, como também a relação entre 
esta interação e o contexto social maior, a sociedade onde este contexto se 
insere. (MATTOS, 2011, p. 56). 
7. Elementos Essenciais. 
O professor Jefferson Mainardes (2009), elenca alguns elementos 
essenciais relacionados à prática de pesquisa etnográfica, que 
precisam ser considerados e seguidos, como: 
I. Definição do campo, da amostra e do tempo de pesquisa 
Definidos o objeto e as questões de pesquisa, o próximo passo é 
decidir o campo de pesquisa de estudo. A pesquisa etnográfica pode ser 
realizada em vários lugares como cidades, fábricas, igrejas, escolas, 
universidades e etc. 
A amostra está relacionada com o objetivo da pesquisa, ou seja, 
decidir como será realizada a avaliação do estudo, isto é, o local e o grupo ou 
os locais e grupos, a duração e frequência das sessões de observação. 
 
3 
 
Normalmente, as pesquisas etnográficas, levam um tempo considerável de 
estudo a campo, portanto, o tempo de observação é relevante relacionado a 
riqueza de detalhes que podem ser observados pelo pesquisador no estudo do 
fenômeno. É também possível que o pesquisador redimensione suas 
hipóteses iniciais e até mesmo suas questões de pesquisa, a fim de uma 
melhor reflexão dos dados coletados, e para isso, o referencial teórico, o 
exame da literatura do tópico pesquisado são fundamentos essenciais. 
Com base em vários autores, Mainardes (2009), cita alguns tipos de 
amostra: 
a) amostra por conveniência; 
b) amostra de casos críticos; 
c) seleção de características que são consideradas extremas em 
um grupo determinado; 
d) amostra de casos típicos; 
e) amostra de casos singulares (raros, únicos); 
f) amostra “bola de neve”. 
 
II. Acesso ao campo de pesquisa e relações com os sujeitos 
O acesso ao campo pode ser obtido por meio de negociação, 
solicitação formal, o que pode ser difícil, por envolver um período extenso 
do pesquisador no local de estudo. Para que uma pesquisa seja efetiva, é 
fundamental desenvolver boas relações com as pessoas envolvidas e os 
aspectos relacionados as questões éticas. Outro aspecto importante, está 
ligado no envolvimento do pesquisador com as pessoas e com os fatos, já que 
se trata de uma observação participante, desde modo, cuidados precisam ser 
tomados, ficando o pesquisador nem muito próximo e nem muito distante do 
grupo ou pessoas investigadas, assim, pode se evitar a contaminação da 
coleta de dados. 
III. O papel do pesquisadorBaseado em vários autores, Mainardes (2009), descreve os papéis do 
pesquisador: 
a) Participante completo: o pesquisador é membro do 
grupo pesquisado, e concilia o seu papel de 
pesquisador sem modificar a atividade normal do 
grupo, porém o grupo não tem noção que estão 
sendo pesquisados. 
b) Participante como observador: pesquisador é um 
participante no grupo e está mais interessado em 
observar do que participar. O pesquisador também é 
membro do grupo, e o grupo está informado da 
atividade pesquisada. 
c) Observador como participante: o principal papel do 
pesquisador é a coleta dos dados, apesar das 
participações nas atividades. Neste caso, o 
pesquisador não é membro do grupo. 
d) Observador completo: o pesquisador fica 
completamente oculto dos observados ou a 
observação é realizada em locais públicos, mas o 
público não sabe que está sendo observado. A 
observação, nesse caso, não é intrusiva. 
IV. Coleta de dados e organização 
Na pesquisa etnográfica, a observação é a principal estratégia de 
coleta de dados. Esses dados podem ser coletados tanto por meio da 
observação como também por documentos, artefatos, fotografias, vídeo-
gravações entre outros. O registro das observações é o “diário de campo”, 
nele é registrado o que o pesquisador considera relevante para a pesquisa e 
também dados essenciais como data, local, dados sobre o espaço físico, 
pessoas envolvidas, atividades realizadas, objetivo das atividades, emoções 
expressas pelos participantes e por fim, a duração da observação. 
V. Análise de dados 
Esse elemento ocorre paralelamente ao trabalho de campo. Ao iniciar 
a identificação das irregularidades e das inconsistências, o pesquisador 
desenvolve conceitos, organizados em textos preliminares com as devidas 
evidências da pesquisa, para isso é preciso retomar os objetivos da pesquisa 
e o referencial teórico. 
 
 
4 
 
 
 
VI. Redação de relatórios de pesquisa etnográfica 
Os relatórios de pesquisa etnográfica são apresentados geralmente de 
forma narrativa, com riqueza de dados que ilustrem e exemplifiquem as 
descrições e análises e também possuem descrições densas. 
Um relatório completo de pesquisa etnográfica poderia 
incluir os seguintes itens: a) questões que nortearam a 
pesquisa; b) referencial teórico; c) argumento central; d) 
descrição do contexto investigado; e) justificativa para 
a realização do estudo (importância do estudo do 
referido contexto); f) descrição dos procedimentos 
metodológicos; g) principais resultados, apresentados 
em categorias ou unidades de análise, com o uso de 
fragmentos de notas de campo, citações, informações de 
documentos, figuras, diagramas, etc.; h) comparação 
entre os dados obtidos na pesquisa e a discussões e 
debates presentes na literatura específica; i) implicações 
da pesquisa para a prática e para pesquisas futuras; j) 
referências e anexos. Caso o pesquisador opte por 
explorar ‘padrões gerais’, sem muitos detalhes, 
recomenda-se retirar o status de “pesquisa etnográfica” 
e assumir que a pesquisa adotou uma metodologia 
qualitativa e observações prolongadas. (MAINARDES, 
2009, p. 111) 
 
8. Etnografia Crítica. 
A etnografia crítica está relacionada a questões políticas, sociais e 
econômicas, examinadas pela crítica cultural. Os estudos da etnografia crítica 
baseiam-se na teoria marxista ou pós-marxista, tendo suas raízes na Escola 
de Chicago, onde os etnógrafos focalizaram suas pesquisas nas populações 
marginalizadas, para análises das minorias e da dominação cultural. 
(SCHWANDT, 1997 apud MAINARDES, 2009, p.114). 
Inicialmente, a etnografia crítica foi usada em referência 
à pesquisa educacional qualitativa baseada pelas teorias 
críticas da educação, tais como teoria pedagógica 
crítica, teorias feministas de educação e teorias 
neomarxistas. (MAINARDES, 2009, p.115). 
 
 
 
 
9. Referências Bibliográficas. 
LAPLANTINE, François; Os pais fundadores da etnografia. In: 
LAPLANTINE, François; Aprender Antropologia. São Paulo: Brasiliense, 
2003. (p. 57 - 86). 
LUDKE, Menga; ANDRÉ, Marli, E. D. A; Abordagens qualitativas de 
pesquisa: a pesquisa etnográfica e o estudo de caso. In: LUDKE, Menga; 
ANDRÉ, Marli, E. D. A; Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. 
São Paulo: EPU, 1986. (p. 11 - 17). 
MAINARDES, Jefferson. Pesquisa etnográfica: elementos essenciais. In: 
BOURGUIGNON, Jussara Ayres. Pesquisa Social: Reflexões teóricas e 
metodológicas. Ponta Grossa: Toda Palavra, 2009. (p. 99 - 124). 
MATTOS, Carmem Lúcia Guimarães. A abordagem etnográfica na 
investigação científica. In: MATTOS, CLG; CASTRO, PA. Etnografia e 
educação: conceitos e usos. Campina Grande: EDUEPB, 2011. (p. 49-83).

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