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Verificar por meio da Revisão de Literatura quais as Escalas de Funcionalidades são mais utilizadas em Idosos diante da Intervenção Fisioterapêutica Verify through the Literature Review which are the most used Functional Scales in the Elderly before Physical Therapy Intervention Escalas de funcionalidades em idosos e intervenções fisioterapêutica Rubia Cristina Claro do Nascimento Alves¹, Jaqueline Aparecida de Souza Silva² (RA: C5990G6) Nome: Jaqueline Aparecida de Souza Silva Endereço: Rua Jesus Claro da Silva, nº 19 – Bairro Kennedy – Cruzília-MG Telefone: (12)996092885 / (35) 997503996 Correio eletrônico: jaqueline-cru@hotmail.com 1. Rubia Cristina Claro do Nascimento Alves, Fisioterapeuta, Mestrado em Engenharia Biomédica pela Universidade do Vale do Paraíba, Brasil (2008), Especialização em Osteopatia Clínica pela Universidade Camilo Castelo Branco, professor Adjunto da Universidade Paulista, Brasil. 2. Graduanda (o): Jaqueline Aparecida de Souza Silva RA: C5990G-6 do curso de Fisioterapia Pela Universidade Paulista – UNIP Os autores declaram não haver conflito de interesse. Universidade Paulista Curso de Fisioterapia – Campus São José dos Campos – Dutra 2018 JAQUELINE APARECIDA DE SOUZA SILVA VERIFICAR POR MEIO DA REVISÃO DE LITERATURA QUAIS AS ESCALAS DE FUNCIONALIDADES MAIS UTILIZADAS EM IDOSOS DIANTE DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Instituto de Ciências da Saúde Universidade Paulista de São José dos Campos, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Fisioterapeuta. Orientadora: Prof. Ma. Rubia Cristina Claro do Nascimento Alves. SÃO JOSÉ DOS CAMPOS 2018 JAQUELINE APARECIDA DE SOUZA SILVA VERIFICAR POR MEIO DA REVISÃO DE LITERATURA QUAIS ESCALAS DE FUNCIONALIDADES MAIS UTILIZADAS EM IDOSOS DIANTE DA INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA Trabalho de conclusão de curso apresentado ao instituto de ciências da saúde – Universidade Paulista de São José dos Campos, como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Fisioterapeuta. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ___________________________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista UNIP ____________________________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista UNIP ____________________________________/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista UNIP DEDICATÓRIA A Deus por esta vitória alcançada, pela sabedoria, coragem e força, diante das dificuldades e circunstâncias superadas. A minha mãe Maria Cléa por acreditar em mim e não me deixar desistir. Ao meu pai Antonio Camilo e meus irmãos Junior, Rafael e Ricardo por tanto amor e admiração. Vocês foram os principais responsáveis sem medir esforços, para a concretização deste sonho. Muito obrigada! AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar à DEUS por ser a base das minhas conquistas, e por ter me proporcionado chegar até aqui. Reconhecemos que muitas vezes a vitória parece um ideal irrealizável, um sonho distante, entretanto, Deus nos mostra o contrário. A minha mãe Maria Cléa, agradeço por ser um exemplo de superação, dedicação e esforço para ultrapassar os obstáculos que a vida impôs e por acreditar e me encorajar nessa jornada, mesmo nos momentos de maior dificuldade esteve ao meu lado me apoiando e me dando forças. A meu pai, Antônio Camilo e aos meus irmãos, Junior, Rafael e Ricardo por me protegerem do mundo e abrirem meus olhos para a realidade da vida. A Minha avó Sebastiana e meu Avô Zezinho sempre presentes, preocupados, cuidadosos, carinhosos e atenciosos que se esforçaram para que eu pudesse passar por todos esses momentos. A minha madrinha Maria e meu padrinho Sebastiao por terem me acolhido bem, e por serem como pais para mim, que também me apoiam e ajudam na minha formação. A meu namorado e melhor amigo, Anderson, por ser uma pessoa muito especial em minha vida, que sempre quis meu melhor, tanto pessoal, quanto profissional e por ser meu porto seguro, onde posso recorrer a qualquer hora, encontrar força e confiar para enfrentar os obstáculos ao decorrer de minha trajetória. Agradeço aos amigos que ao longo dessa jornada eu pude conhecer, onde tivemos o privilégio de viver e compartilher experiencias juntos, em especial a minhas amigas Heloisa Ribeiro, Hannah Eloá, Poliana Arantes e Fernanda Maimoni. A minha orientadora Rubia Cristina C. N. Alves pelos ensinamentos e conhecimentos divididos, pela sua disponibilidade, paciência e compreensão ao longo dessa etapa. Agradeço também aos professores que estiveram comigo ao longo destes 4 anos e que contribuiram para o meu crescimento. Ao professor Márcio Matos pela sua contribuição e sugestões apontadas. Enfim obrigada a todos! Agradeço todas as dificuldades que enfrentei, não fosse por elas, eu não teria saído do lugar. As facilidades nos impedem de caminhar. (Chico Xavier) RESUMO Introdução: O fenômeno do envelhecimento demográfico na população traz consigo problemas de saúde que desafiam os sistemas de saúde e de previdência social, sendo relevante criar programas de intervenção e promoção de vida saudável para idosos frágeis, mais debilitados e vulneráveis. Fragilidade é uma síndrome clínica, de natureza multifatorial, multidimensional e multideterminada, com alterações em órgãos, tecidos e sistemas no organismo humano, advindas do envelhecimento. Para a mensuração de incapacidade funcional nos idosos utilizam-se Escala de Katz, índice de Barthel, Escala de Lawton & Brody, Escala de Fragilidade de Edmonton e Medida de Independência Funcional. Objetivos: verificar na literatura as escalas de funcionalidade mais utilizadas em idosos; identificar suas incapacidades funcionais; verificar a possibilidade de melhora do score dessas escalas com intervenção fisioterapêutica. Metodos: optou-se pela pesquisa bibliográfica, a partir do levantamento de artigos científicos na Biblioteca Virtual, e a revisão de literatura narrativa. Resultados: a maioria dos idosos avaliados apresentou melhora em sua capacidade funcional para as atividades da vida diária, tanto básicas quanto instrumentais, considerando o emprego das diferentes escalas, predominando intervenções com atividade e exercícios físicos. A incapacidade funcional em homens foi maior do que em mulheres, embora estas tenham participado em sua maioria nos estudos realizados, com significativo sinal de fragilidade. A faixa etária analisada variou de 60 anos ou mais para ambos os sexos, até aos 80 anos, além do caráter progressivo da incapacidade funcional entre os idosos em relação ao aumento da idade. Conclusão: as escalas de funcionalidade mais utilizadas em idosos diante da intervenção fisioterapêutica foram Escala de Katz, índice de Barthel e Medida de Independência Funcional; as incapacidades funcionais estão associadas aos fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais; houve melhora positiva do escore das escalas relacionadas à intervenção fisioterapêutica quanto ao nível de funcionalidade; a detecção do grau de fragilidade e dependência dos idosos nas diferentes categorias das escalas de avaliação possibilita selecionar intervenções adequadas para melhoria da capacidade funcional. Palavras-chave: Síndrome da fragilidade. Idosos frágeis. Envelhecimento. Fisioterapia. ABSTRACT Introduction: The phenomenon of demographic aging in the population brings with it health problems that challenge the health and social security systems, and it is important to create intervention programs and promote healthy life for frail older, more vulnerable and vulnerable individuals. Fragility is a clinical syndrome, multifactorial, multidimensional and multidetermined, with changes in organs, tissues and systems in the human organism, due to aging. For the measurement of functional disability in the elderly, the Katz Scale, Barthel Index, Lawton & Brody Scale, Edmonton Fragility Scale and Functional Independence Measure are used. Objectives: to verify in the literature the functional scales most used in the elderly; identify their functional disabilities; to verify the possibility of improvement of the scales of these scales with physiotherapeutic intervention. Methods: we chose the bibliographical research, from the survey of scientific articles in the Virtual Library, and the review of narrative literature. Results: the majority of the evaluated elderly presented improvement in their functional capacity for daily life activities, both basic and instrumental, considering the use of different scales, predominantly interventions with activity and physical exercises. Functional disability in males was higher than in females, although females had participated in the majority of the studies, with significant signs of fragility. The analyzed age range varied from 60 years old or older for both sexes up to 80 years old, as well as the progressive character of the functional incapacitation among the elderly in relation to the increase of the age. Conclusion: the most used functional scales in the elderly before the physiotherapeutic intervention were the Katz Scale, Barthel Index and Functional Independence Measure; functional disabilities are associated with physiological, psychological, social and environmental factors; there was a positive improvement in the score of the scales related to the physiotherapeutic intervention regarding the level of functionality; the detection of the degree of fragility and dependence of the elderly in the different categories of the evaluation scales makes it possible to select appropriate interventions to improve functional capacity. Keywords: Fragility syndrome. Fragile elderly. Aging. Physiotherapy. SÚMARIO 1. INTRODUÇÃO............................................................................................... 9 1.1 OBJETIVOS................................................................................................ 10 1.1.1. Objetivo Geral..........................................................................................10 1.1.2. Objetivo Específico.................................................................................. 10 2. REVISÃO DE LITERATURA......................................................................... 11 2.1. Envelhecimento........................................................................................ 11 2.1.1. Fisiologia do envelhecimento...................................................................12 2.2. Classificação de fragilidade.....................................................................14 2.2.1. Caracteristicas Clinicas da Fragilidade.................................................... 15 2.2.2 Maiores dificuldades nas AVD's (Atividade de vida diárias) e AIVD's (Ativi- dades instrumentais de vida diaria.....................................................................16 2.3. Escalas de Funcionalidade.......................................................................17 2.3.1 Escala de kataz..........................................................................................18 2.3.2 Escala de Barthel.......................................................................................18 2.3.3 Escala de Lawton e Brody......................................................................... 19 2.3.4 Escala de Edmonthon (EFE)......................................................................20 2.3.5 Medida de Independência Funcional (MIF)................................................21 2.4 Intervenção da Fisioterapia nas Atividades Funcionais do Idoso......... 22 3. MÉTODO.........................................................................................................24 4. RESULTADOS................................................................................................25 5. DISCUSSÃO....................................................................................................28 6. CONCLUSÃO..................................................................................................32 REFERÊNCIAS...................................................................................................34 9 1. INTRODUÇÃO O acelerado processo de envelhecimento populacional observado no Brasil a partir da década de 1960, a taxa de crescimento da população que vem decrescendo desde esta década, juntamente com a intensificação da queda das taxas de fecundidade são temas preocupantes para a saúde do país. O fenômeno do envelhecimento demográfico na população traz consigo problemas de saúde que desafiam os sistemas de saúde e de previdência social, e faz surgir maiores casos de doenças crônicas. Sendo assim, mais consultas levam ao maior consumo de medicamentos, mais exames complementares e hospitalizações. Portanto, é de interesse público criar programas de intervenção e promoção de vida saudável para esse segmento populacional. 1 O envelhecimento e um processo natural caracterizado como um período da vida com alta prevalência nas mudanças biológicas, psicológicas, cognitivas e sociais que aumentam a predisposição a situações de incapacidade funcional, multimorbidade e aumento do risco a situações de vulnerabilidade. 2 A redução das capacidades funcionais do idoso pode estar relacionada a diversos fatores como o dormir mal, estresse, descondicionamento físico, nutrição inadequada, doenças crônicas e hospitalização por um tempo prolongado. 3 A Geriatria e a Gerontologia têm utilizado o termo “fragilidade” para caracterizar idosos mais debilitados e vulneráveis, porém, ainda não há um consenso sobre a definição padrão de fragilidade e quem é o idoso frágil. Ainda assim, ela tem sido conceituada como uma síndrome clínica, de natureza multifatorial, multidimensional e multideterminado, caracterizada por alterações no sistema musculoesquelético, na função motora e na composição corporal, que resulta em prejuízos funcionais e seus desfechos. 4, 5 A síndrome pode ser identificada pelos sintomas relacionados à fraqueza, exaustão, perda de peso involuntária, diminuição da velocidade da marcha e do equilíbrio e diminuição da atividade física. A perda da autoconfiança em lidar com uma determinada situação pode estar também relacionada também a fatores ligados a fragilidade, declínio funcional e perturbação do controle postural.6 Desta forma, a fragilidade leva à deterioração da qualidade de vida, aumento da sobrecarga dos cuidadores e altos custos com cuidados à saúde.4 Para a mensuração de incapacidade funcional nos idosos pode ser utilizada escala de Katz, que avalia as atividades básicas de vida diárias (ABVD’s), o índice 10 de Barthel, que é um instrumento amplamente usado para avaliar as atividades da vida diárias (AVD’s), Escala de Lawton & Brody para as atividades instrumentais da vida diária (AIVD’s), Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE), e a Medida de Independência Funcional (MIF) que avalia o desempenho e a capacidade funcional de idosos. 7 Observa-se que a fragilidade predispõe o idoso a condições adversas e que esta é uma síndrome reversível, e por isto, é importante que a incapacidade funcional dos indivíduos frágeis e pré-frágeis seja identificada, possibilitando oferecer meios de prevenção e intervenção, como exercício físico, suplementação nutricional ou hormonal, que diminuam a frequência de internações e morte desses idosos. 3 A fisioterapia tem um papel importante na reabilitação desses pacientes, sendo iniciada precocemente, de forma preventiva, evitando diversos agravamentos, e de forma curativa, através de um plano de tratamento capaz de devolver ao paciente sua funcionalidade. Diante do exposto o presente estudo se faz necessário em descrever as escalas de funcionalidade utilizadas em idosos como meio de avaliação da capacidade funcional e, consequentemente, as possíveis intervenções terapêuticas. 1.1. Objetivos 1.1.1. Objetivo geral Verificar por meio da revisão de literatura quais escalas de funcionalidade são mais utilizadas em idosos diante da intervenção fisioterapêutica. 1.1.2. Objetivos Específicos Identificar por meio da revisão de literatura quais as escalas de funcionalidades mais utilizadas em idosos; Identificar as incapacidades funcionais nas atividades básicas de vida diárias e atividades instrumentais de vida diária mais presentes nos idosos; Identificar as técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas em idosos. 11 2. REVISÃO DE LITERATURA 2. 1 Envelhecimento No Brasil, a população idosa cresce vertiginosamente, e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), idoso é o indivíduo de 60 anos de idade ou mais, se ele residir em países em desenvolvimento. Em 1920, a esperança de vida era de apenas 35,2 anos e os idosos representavam 4,0% da população total do país. Com esse perfil, o Brasil tinha aproximadamente, 11 idosos para cada 100 crianças (0 a 14 anos). Em 2010, existiam no país 20,5 milhões de idosos, aproximadamente 39 para cada grupo de 100 jovens. Estima-se para 2040, mais que o dobro, representando 23,8% da população brasileira e uma proporção de quase 153 idosos para cada 100 jovens.2 Nesta perspectiva, em 2060, o país terá cinco milhões de idosos com 90 anos de idade ou mais, segundo estudo do IBGE, e a expectativa de vida chegará a 81,2 anos (81 anos e dois meses), sendo 78 anos para os homens e 84,42 (84 anos e cinco meses) para as mulheres. 1 Na literatura gerontologia, envelhecer é considerado um evento dinâmico, progressivo e multifatorial, caracterizado por alterações funcionais, bioquímicas, morfológicas e psicológicas. A velhice é uma experiência potencialmente bem sucedida, porém, heterogênea, e vivenciada com maior ou menor qualidade de vida. 8, 9 Há várias teorias sobre envelhecimento (sociológicas, psicológicas, médicas e biológicas), em síntese, porém, é um processo social e vital multifacetado ao longo de todo o curso da vida, sendo o envelhecimento saudável definido como a “habilidade de manutenção da longevidade perante três características básicas: baixo risco de doença e deficiências relacionadas à doença; alta atividade mental e física; e envolvimento ativo na vida cotidiana”. 9 A portaria nº 2.528, de 19/10/2006, (que revogou a Portaria nº 1.395/GM, de 10/12/1999) aprovou a Política Nacional de Saúde do Idoso com diretrizes para: promoção do envelhecimento saudável; manutenção da capacidade funcional; assistência às necessidades de saúde do idoso; reabilitação da capacidade funcional comprometida; capacitação de recursos humanos especializados, além de 12 apoio ao desenvolvimento de cuidados informais e apoio a estudos e pesquisas sobre envelhecimento. 10 Dentre estas diretrizes, o comprometimento da capacidade funcional é uma das consequências do envelhecimento, que é progressiva e aumenta com a idade. Tanto a incapacidade funcional como a dependência acarretam restrição e perda de habilidades, ou dificuldade e incapacidade de executar funções e atividades relacionadas à vida diária. Estas dificuldades ocasionadas pelas limitações físicas e cognitivas prejudicam as condições de saúde da população idosa. 9 2. 1. 1 Fisiologia do envelhecimento As modificações que ocorrem no processo do envelhecimento determinam a progressiva perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos, que podem levar o indivíduo à morte. O envelhecimento humano é marcado por alterações fisiológicas, que ocorrem de maneira diferenciada, em maior ou menor intensidade, em todos os aparelhos e sistemas do idoso. 11 O envelhecimento fisiológico (fisiologia, do grego physis (natureza) e logos (palavra ou estudo), ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos), compreende uma série de alterações nas funções orgânicas devido aos efeitos da idade avançada sobre o organismo. Assim, o mesmo perde a capacidade de manter o equilíbrio homeostático, uma vez que os idosos usam suas reservas fisiológicas para suprir aumento das demandas de doenças agudas e manter a homeostase (homeo (igual) e stasis (ficar parado), condição na qual o meio interno do corpo permanece dentro de certos limites fisiológicos); quando isto não ocorre, há falência dos sistemas, e todas as funções fisiológicas comecem a declinar de forma gradual. 12 As principais alterações em órgãos, tecidos e sistemas no organismo humano, advindas do envelhecimento podem ser: a) Alterações da Pele, com prejuízo na cicatrização, susceptibilidade a lesões como úlceras por pressão, perda de aproximadamente, 20 % da espessura da derme e a epiderme torna-se seca, flácida e muito fina com decréscimo do tamanho do queratinócitos; 13 b) Alterações na Audição, com diminuição da habilidade de ouvir frequências mais altas resultante da degeneração de células dos órgãos e dos sentidos; c) Alterações no Paladar, ocorrendo alterações e mudanças degenerativas nas células, embora não haja alterações no número de papilas gustativas e problemas de saúde bucal; 13 d) Alterações no Olfato, com redução da capacidade discriminatória para diferentes odores; e) Alterações na Visão, com a redução do diâmetro pupilar, reação pupilar à luz mais lenta, rebaixamento da discriminação das cores e queda da capacidade de leitura; f) Alterações na Composição Orgânica, com aumento da gordura corporal, diminuição da massa muscular magra, mudança no metabolismo do hormônio do crescimento, diminuição da água corporal com encolhimento de órgãos e diminuição da altura e do peso; g) Alterações do Sistema Cardiovascular, com declínio da função de receptores do coração, os tônus autonômicos diminuem com a idade, bem como variabilidade da frequência cardíaca, relaxamento ventricular fica mais dependente de oxigênio e energia. A diminuição da pressão parcial de oxigênio prolonga o relaxamento, aumentando a pressão diastólica ocasionando congestão pulmonar e disfunção diastólica; h) Alterações do Sistema Respiratório, com diminuição da parede torácica e de força da musculatura respiratória, perda de elasticidade pulmonar, colapso de vias aéreas menores; i) Alterações do Sistema Renal, quando ocorre atrofia da arteríola aferente e eferente e redução das células tubulares, provocando um fluxo plasmático renal diminuído em 50%, declínio na taxa de filtração glomerular de 45% daqueles com idade superior a 80 anos; j) Alterações no Trato Urinário Inferior, com aumento da quantidade de colágeno e diminuição da distensibilidade, causando prejuízo no enchimento vesical; k) Alterações do Trato Gastrintestinal, com problemas na cavidade oral, esôfago (Doença de Refluxo Gastroesofágico - DRGE) e estômago, com redução da motilidade e do ácido clorídrico e pepsina; l) Alterações no Sistema Nervoso Central, com redução progressiva do número de neurônios cerebrais, placas senis e degeneração neurofibrilar, declínio no controle postural, sensação tátil e vibratória; 14 m) Alterações no Sistema Imune, que implica no declínio da competência imune que acompanha o envelhecimento. Nesse sistema há o aumento da suscetibilidade a infecções; n) Alterações no Sistema Hematológico, com o aumento da demanda hematopoiética e aumento da suscetibilidade à anemia no stress fisiológico; o) Alterações no Sistema Osteomioarticular, com redução da massa óssea, aumento da porosidade, rigidez dos tendões, ossos esponjosos e perda de fibras musculares. 11,12,13 2. 2 Classificação de fragilidade Apesar de a definição de fragilidade ainda carecer de unanimidade quanto a sua conceituação na literatura, seu conceito era de natureza basicamente funcional, classificados como frágeis, os idosos com dependências em variados graus, dependente de outros para as atividades da vida diária e pessoas debilitadas, que não podiam sobreviver sem o auxílio de outros. A partir da década de 1990, alguns estudos citam o termo “fragilidade”, mas, foi no início do ano 2000, que se definiu o “fenótipo da fragilidade”: “resultado de alterações fisiológicas e biológicas associadas com a idade, resultado de uma ou de diversas doenças”, 14 a primeira vez que se diferenciou o estado de fragilidade de incapacidade e comorbidade. Enquanto incapacidade é a dificuldade e dependência no desempenho de atividades essenciais para a vida, incluindo as de autocuidado e outras para a qualidade de vida individual, a comorbidade é a presença simultânea de duas ou mais doenças identificadas por diagnóstico médico, sendo esse alcançado com base em critérios firmemente estabelecidos. 16 O conceito de fragilidade do idoso evoluiu para proposições de natureza não exclusivamente funcionais, mas, de base fisiopatológica. Estudos de diversos grupos mostraram, em idosos fragilizados, a redução da reserva funcional e a disfunção de diversos sistemas orgânicos. Apesar da diversidade de definições, a maioria delas está relacionada à dependência nas AVD’s (Atividades de vida diárias), incapacidade, idade, doenças e alterações na homeostase. Atualmente, a síndrome da fragilidade é uma entidade separada da incapacidade funcional e comorbidade, pois nem todo indivíduo frágil é incapaz ou apresenta comorbidade e vice-versa. 11 15 De acordo com o Ministério da Saúde (MS), mesmo que a fragilidade seja entidade separada da incapacidade funcional, esta está presente como importante critério de fragilidade em idosos. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa considera idoso frágil, ou em situação de fragilidade, aquele que se encontra de cama, ou esteve hospitalizado recentemente por qualquer razão; apresenta doenças causadoras de incapacidade funcional (acidente vascular encefálico, síndromes demenciais, outras doenças neurodegenerativas, etilismo, neoplasia terminal, amputações de membros), ou encontra-se com, pelo menos, uma incapacidade funcional básica. 15 Esta política estabelece também outros critérios para definir condição de fragilidade: viver situação de violência doméstica; viver em instituição de longa permanência para idosos. Segundo o critério etário, é frágil o idoso com 75 anos ou mais. 10 Como o envelhecimento é acompanhado de perda funcional fisiológica a partir dos 40 anos de idade, esta perda acentua-se, intensamente, a partir dos 70 anos, considerando-se, portanto, os indivíduos mais idosos como potenciais portadores de fragilidade. 11 2. 2. 1. Características clínicas da fragilidade As manifestações da síndrome da fragilidade propostos por Fried e colaboradores14 são: perda de peso não intencional, fraqueza muscular, fadiga/exaustão, redução da velocidade da marcha, redução do nível de atividade física e perda de peso não intencional. No entanto: (...) a fragilidade é um quadro necessariamente multissistêmico, de instalação lenta, e que promove vulnerabilidade da regulação homeostática, e a incapacidade pode se instalar de forma aguda e comprometer um único sistema, como no acidente vascular cerebral, que evolua para a permanência de sequelas e que, não necessariamente, implica em instabilidade homeostática de seu portador. Neste caso, o portador da incapacidade pode não ser portador de fragilidade, exemplo que diferencia as duas condições. 17 16 Os critérios frequentemente empregados em estudos internacionais são adaptados a partir dos estudos de Fried e Walston, 14 compondo cinco diferentes critérios: Idosos portadores de três ou mais desses critérios são classificados como frágeis; idosos com um ou dois critérios, pré-frágeis, e idosos sem a presença destes critérios, não frágeis. Quadro 1. Idosos portadores de três ou mais desses critérios, com um ou dois critérios, e idosos sem a presença destes critérios. Fonte: Fried, Tangen, Walston et al., 2001, p. 19. 2. 2. 2. Maiores dificuldades nas AVD’s (Atividades de vida diárias) e AIVD’s (Atividades instrumentais de vida diárias) Em Geriatria e Gerontologia, ramos que compõem a ciência do envelhecimento, a compreensão da capacidade funcional deve pautar-se na avaliação das habilidades funcionais, as quais são divididas em duas categorias: Atividades Básicas de Vida Diárias (ABVD’s) e as Atividades Instrumentais de Vida Diárias (AIVD’s). As ABVD’s são relacionadas às ações básicas do cotidiano de autocuidado como se alimentar, ir ao banheiro tomar banho, usar o sanitário, vestir- se, deitar e se levantar. Já as AIVD’s são relacionadas às atividades que permitem adaptação das pessoas ao ambiente e manutenção das relações com a comunidade e seu entorno social. Constam de funções mais complexas, que envolvem e exigem habilidades mais seletivas, controladas e harmônicas, tais como: usar o transporte, manejar as finanças, fazer compras, lavar, cozinhar, tomar remédio, preparar refeições, entre outras. Quanto maior o número de dificuldades que uma pessoa tem com as ABVD’s, mais severa é a sua incapacidade. 18, 19 17 Assim, a capacidade funcional é a manutenção da capacidade de realizar estas ABVD’s e AIVD’s, necessárias e suficientes para uma vida independente e autônoma. Para o idoso, a realização das ABVD’s é uma necessidade para a sua sobrevivência, mantendo-o participativo na gestão e nos cuidados com a própria saúde, e no desenvolvimento de tarefas domésticas, pois a fragilidade é uma síndrome que pode causar impacto negativo sobre indivíduos idosos, suas famílias e a sociedade como um todo. 14,15 Portanto, o estudo da capacidade funcional consiste em um componente- chave para avaliar a saúde dos idosos, geralmente direcionado à análise da habilidade e do desempenho para realizar determinadas atividades do cotidiano. Desse modo, a saúde dos idosos torna-se intimamente ligada à independência funcional, que é medida através de avaliações funcionais. 19 Nos dias de hoje, o termo “ser frágil” foi substituído por “tornar-se frágil”, com base em três pressupostos: nem todas as pessoas com limitações no desempenho de atividades diárias são frágeis; nem todas as pessoas frágeis apresentam limitações no desempenho das atividades; existência de potencial para a prevenção. 20 Desse modo, a literatura destaca o alto risco dos longevos tornarem-se frágeis, com maior probabilidade de mudança do nível pré-frágil para frágil, 14,21 o que indica a necessidade de investigar as características e os efeitos da síndrome física neste segmento etário, bem como identificar os fatores sujeitos à prevenção e intervenção. Autores apontam que o idoso frágil tem um tempo muito curto sem limitação grave das suas atividades, sendo o nível da pré-fragilidade mais oportuno para ações de intervenção e prevenção. Considera-se relevante identificar os idosos na condição de pré-fragilidade, pois existe a possibilidade de intervenção imediata para estacionar o quadro. Nota-se que é significativo o déficit de estudos sobre a síndrome da fragilidade em idosos brasileiros, e a identificação da sua prevalência deveria ser o ponto primordial das pesquisas sobre o tema. 22 2. 3 Escalas de Funcionalidade A avaliação dos sistemas funcionais do idoso inclui escalas ou testes apropriados para a análise dos domínios funcionais: cognição, humor, mobilidade e comunicação. Várias escalas específicas foram desenvolvidas para avaliação do 18 idoso e a escolha do instrumento baseia-se na simplicidade, rapidez, portabilidade e fidedignidade dos resultados. Segundo Secretaria de Saúde do Paraná 23 as escalas apresentam vantagens e desvantagens e não devem ser utilizadas como critérios diagnósticos, tampouco para definição etiológica, mas sim como indicadores da presença de incapacidades. Para Organização Mundial da Saúde, a Classificação Internacional da Funcionalidade (CIF), define declínio funcional como a perda da autonomia e/ou da independência, pois restringe a participação social do indivíduo. 23 Para Rosen e Reuben 24, o tempo gasto na avaliação dos sistemas funcionais é variável, depende da fragilidade do paciente e a experiência do avaliador, por isso, algumas escalas ou testes não são aplicados no mesmo paciente. Muitas vezes, nem são necessários, devido a presença da incapacidade. As escalas recomendadas são consideradas de triagem e podem ser aplicadas por qualquer profissional da área de saúde. 2. 3. 1 Escala de Katz Escala de Katz, criado por Sidney Katz, em 1963, é um teste que avalia as condições do idoso para realizar as atividades básicas de vida diárias (ABVD’s), avaliando seu grau de autonomia e independência, ou se há dependência parcial ou total para que seja realizado. A pontuação varia de 0 (zero) a 6 (seis) pontos, onde zero indica total independência para desempenho das atividades e seis indica dependência (total ou parcial) na realização de todas as atividades propostas. A pontuação intermediaria indica a dependência total ou parcial em quaisquer das atividades e deverá ser avaliada individualmente. Cada teste deverá ser avaliado pela equipe responsável e, posteriormente, elaborado o plano de cuidados específico conforme as alterações apresentadas, o qual servirá para o acompanhamento evolutivo da pessoa idosa. 23, 25, 26 2. 3. 2 Escala de Barthel Escala ou índice de Barthel é um instrumento usado para avaliar a independência funcional e mobilidade no campo das atividades da vida diárias (AVD’s) e mede o nível de independência funcional do indivíduo no cuidado pessoal, 19 mobilidade, locomoção e eliminações, na realização de dez atividades básicas. A pontuação varia de 0 (zero) a 100 (cem), em intervalos de cinco pontos, e as pontuações mais elevadas indicam maior independência.27 Este índice tem sido considerado um dos instrumentos de avaliação de AVD’s que apresenta resultados de confiabilidade e validade muito consistentes. 28,29 Gomes e Santos 28 avaliaram e descreveram os graus de capacidade e comprometimento funcionais em pacientes traqueostomizados de um hospital público e suas inter-relações por meio de estudo caso-controle, quantitativo, descritivo e transversal, por meio do Índice de Barthel. As alterações funcionais como a dependência funcional apresentada pela maioria dos pacientes traqueotomizados, com grande período de internação, são marcadas por longos períodos de imobilidade no leito. A mobilização precoce, realizada pelo fisioterapeuta, é fundamental para a melhora da capacidade funcional e diminuição dos riscos associado ao repouso no leito. 2. 3. 3 Escala de Lawton & Brody Escala de Lawton & Brody é empregada para as atividades instrumentais da vida diárias (AIVD’s) e englobam itens como usar o telefone, uso de transporte, fazer compras, preparo dos alimentos, tarefas domésticas, uso de medicação e manejo do dinheiro. O idoso recebe a pontuação 1, 2 e 3 para dependente, necessita de assistência ou independente, respectivamente. Seu escore varia de 7 a 21 e quanto menor, maior comprometimento. Assim, a pontuação 3 (três) é o idoso completamente dependente, e a máxima pontuação de 21, é o idoso independente para todas AIVD’s.30 Este teste avalia as condições do idoso para realizar as atividades instrumentais do cotidiano, avaliando seu grau de independência e autonomia, seu desempenho funcional, o que possibilita que o idoso mantenha uma vida independente. Para cada item será aplicada uma padronização de resposta que indica se existe independência, dependência parcial ou dependência total para a realização da atividade proposta. Algumas questões podem ter variações conforme o sexo e ser adaptadas para certas atividades (subir escadas ou cuidar do jardim). 31 20 Os testes deverão ser aplicados individualmente, e realizados por um membro da equipe técnica multiprofissional já treinado no serviço. A avaliação de resultados varia conforme a pontuação: de 0 (zero) a 9 (nove) pontos, onde 9 (nove) indica dependência (parcial ou total) para o desempenho de todas as atividades e 0 (zero) indica independência na realização de todas as atividades propostas. A pontuação intermediaria indica a dependência total ou parcial em quaisquer das atividades. 29 Após avaliação elabora-se o plano de cuidados específico conforme as alterações apresentadas. O resultado do teste também servirá para o acompanhamento evolutivo da pessoa idosa. 23,26 A escala de Lawton & Brody, apesar de não possuir padrões satisfatórios de adaptação e validação para o Brasil, é amplamente utilizada em pesquisas nacionais, e pela Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais. 32 2. 3. 4 Escala de Edmonton (EFE) Escala de Edmonton (EFE) é um instrumento complexo e mais completo, confiável e viável para uso rotineiro até mesmo por não especialistas, sendo de fácil manuseio e aplicação na área da Geriatria e Gerontologia. Propõe dez indicadores de fragilidade: cognição, auto avaliação do estado de saúde, hospitalização, independência funcional, suporte social, uso de medicamentos, nutrição, humor, continência e mobilidade. 33 A EFE foi elaborada por Rolfson e colaboradores em 2006, na Universidade de Alberta, Edmonton, Canadá, 33 e traduzida e validada para utilização no Brasil em 2008, quando aplicada em uma amostra de 137 idosos residentes de uma comunidade no município de Ribeirão Preto (SP). De acordo com o estudo, 16,4% dos entrevistados apresentaram fragilidade leve; 9%, fragilidade moderada; e 4,5% apresentaram fragilidade severa. Juntamente com a aplicação da escala, outros dados foram levantados por meio de instrumentos que avaliaram o perfil sociodemográfico, cognitivo e a independência funcional dos idosos. Os resultados identificaram que a maior prevalência de fragilidade está entre os idosos mais velhos, ou seja, acima de 80 anos, que apresentam déficit cognitivo e do sexo feminino. 34 A pontuação total da EFE pode variar de 0 (zero) a 17 (dezessete) pontos: não apresenta fragilidade (0 a 4), aparentemente vulnerável (5 e 6), fragilidade leve 21 (7 e 8), fragilidade moderada (9 e 10) e fragilidade grave (11 pontos ou mais). O uso da EFE ainda é incipiente no Brasil devido a sua adaptação para o contexto brasileiro, especialmente em populações com baixo nível de escolaridade. 32 2. 3. 5 Medida de Independência Funcional (MIF) Medida de Independência Funcional (MIF) ou Functional Independence Measure (FIM) trata de um instrumento amplamente utilizado no meio internacional para avaliação da capacidade funcional e tem como diferencial a incorporação da avaliação cognitiva. Avalia o desempenho e a capacidade funcional de idosos, sendo usada no Brasil em ambulatórios e em unidades hospitalares e de reabilitação. 35 A MIF teve origem na década de 1980 e, foi desenvolvida para avaliar pessoas sob o processo de reabilitação. A medida compõe-se de dois campos: o motor e o cognitivo. O motor é composto de treze itens e subdividido em quatro categorias: cuidados pessoais, controle de esfíncter, mobilidade/transferência, locomoção. O cognitivo é composto de cinco itens e dividido em duas categorias: comunicação e cognição social. 35 Esta escala avalia 18 categorias pontuadas de 1 (um) a 7 (sete) e classificadas quanto ao nível de dependência para a realização da tarefa (1 corresponde à dependência total e 7, à independência completa). As categorias são agrupadas em seis dimensões, e cada dimensão é analisada pela soma dos itens que a compõem: 1 - Autocuidados (alimentação, higiene pessoal, banho, vestir metade superior, vestir metade inferior, utilização do vaso sanitário); 2 - Controles de esfíncteres (controle da diurese e defecação); 3 - Transferências (leito, cadeira, cadeira de rodas, vaso sanitário, banheiro, chuveiro); 4 - Locomoções (marcha, cadeira de rodas, escadas); 5 - Comunicações (compreensão, expressão); 6 - Cognições sociais (interação social, resolução de problemas, memória). 36,37 A MIF mede a deficiência associada aos diversos comprometimentos físicos, capaz de fornecer um mecanismo para a padronização da coleta de dados. Tem como objetivo medir o grau de solicitação de cuidados de terceiros, que a pessoa com deficiência exige para a realização de tarefas motoras e cognitivas. 26 O escore total da MIF é obtido somando-se a pontuação de cada dimensão, sendo que o mínimo é de 18 e o máximo, de 126 pontos. Até 18 pontos, considera- 22 se que há dependência completa, com necessidade de assistência total; de 19 a 60 pontos, há dependência modificada, com assistência de até 50% na tarefa; de 61 a 103 pontos há dependência modificada, com necessidade de assistência de até 25% na tarefa; de 104 a 126 pontos, há independência completa, modificada. 38 2. 4 Intervenção da fisioterapia nas atividades funcionais do idoso A fisioterapia presta cuidados a indivíduos idosos de forma a desenvolver, manter e restituir o máximo movimento e capacidade funcional ao longo do ciclo de vida, em circunstâncias onde o movimento e a função estão comprometidos pelo envelhecimento, lesão, doença ou fatores ambientais. 36 Desta forma, a fisioterapia centra-se na identificação e na maximização da qualidade de vida e potencial de movimento dentro das esferas da promoção, prevenção, intervenção e habilitação, abrangendo o bem-estar físico, psicológico, emocional e social. Esta tem um campo de intervenção vasto, que vai desde a promoção da saúde à prevenção da doença. A sua contribuição deve ser considerada como um recurso autônomo, integrado em todos os níveis da prestação de cuidados. 3, 39 De acordo com diversos autores, 39, 40, 41 a associação entre capacidade cognitiva e funcionalidade, aponta a importância de intervenções fisioterapêuticas no âmbito da reabilitação cognitiva, a fim de promover um melhor potencial de saúde. 40 Imaginário et al. 2017, 40 avaliaram em estudo transversal correlacional preditivo, para verificar se a capacidade funcional para as atividades de vida diária prediz a função cognitiva dos idosos institucionalizados em Equipamentos Residenciais, e utilizaram amostra aleatória com 475 idosos. Os resultados indicaram que as ABVD e AIVD explicam 49% da variância existente do estado mental dos idosos. Concluíram que as Intervenções fisioterapêuticas de estimulação motora e social preservam a autonomia do idoso na realização de atividades em geral, que por sua vez potenciam uma maior saúde mental, melhor bem-estar e maior autoestima. Desta forma, programas deste tipo são essenciais para a saúde e para o bem-estar dos idosos institucionalizados, pois estimulam a cognição, melhoram a autonomia e atenuam o impacto dos déficits que surgem nesta época do ciclo vital. 23 As intervenções de estimulação cognitiva, se bem delineadas e estruturadas, constituem-se um coadjuvante elementar das terapêuticas farmacológicas. 41 A fragilidade deve ser tratada para evitar a carga humana e econômica associada a essa síndrome. Evidências crescentes sugerem que intervenções com exercícios podem ser usadas para restaurar e manter a independência funcional em idosos e podem potencialmente prevenir, retardar ou reverter o processo de fragilidade. 42 Portanto, a intervenção do fisioterapeuta baseia-se num modelo de resolução de problemas, que assenta em procedimentos de avaliação e identificação dos mesmos. A avaliação e identificação dos problemas são elementos essenciais e inseparáveis dos meios a que o fisioterapeuta recorre na sua intervenção. É a especificidade da avaliação e do diagnóstico que determina a escolha das técnicas, assim como a sua adequação à resposta do idoso (cliente ou utente). 38 As intervenções fisioterapêuticas se baseiam, especificamente em: a) atividade física, que promove o aumento de massa muscular. A intervenção inclui o exercício físico, estando focada principalmente em deficiências subjacentes nas habilidades físicas, incluindo equilíbrio e força muscular, a capacidade de transferência de uma posição para outra e mobilidade. Para Lang, Michel e Zekry 5 a atividade física é a intervenção mais segura e eficaz em idosos frágeis, pois reduz as incapacidades físicas e melhora suas limitações funcionais, além de prevenir e adiar o aparecimento da fragilidade; b) suplementação alimentar para reduzir a perda de massa magra e elevar o estado energético; c) suplementação hormonal, que busca quebrar o ciclo da fragilidade em seus componentes relacionados à desregulação neuroendócrina; d) medicações de diversas naturezas, com atuação em componentes da fisiopatologia da síndrome, tais como anti-inflamatórios, hemostáticos, anabolizantes e outros.5 24 3. MÉTODOS Para o desenvolvimento deste estudo foi realizada a pesquisa bibliográfica, numa revisão de literatura narrativa, desenvolvida com base em material já elaborado com recorte temporal de 2008 a 2018, tais como livros, teses e dissertações, artigos científicos e publicações periódicas em base de dados eletrônicos na Biblioteca Virtual (BV), tais como: Scielo, Pub-Med, Medline e LILACS, a fim de articular as informações coletadas concatenando-as com um nível de análise crítica e não apenas descritiva. Foram selecionados os artigos em português e inglês com as seguintes palavras chaves: Síndrome da fragilidade, idosos frágeis, envelhecimento e fisioterapia. Os seguintes critérios de inclusão foram: as escalas de funcionalidade em idosos com síndrome de fragilidade; incapacidades funcionais nos idosos; possibilidade da melhora do score das escalas diante da intervenção fisioterapêutica, escritos em português e inglês, e com recorte temporal dos últimos dez anos. Os critérios para exclusão foram de trabalhos que não abordavam informações relevantes ao tema, estudos desatualizados, não atendendo ao recorte temporal estipulado neste estudo. O método objetiva colocar o pesquisador em contato com tudo o que foi escrito sobre determinado assunto, com a finalidade de colaborar na análise de sua pesquisa, buscando como embasamento e pressupostos teóricos os principais autores que contribuíram com o tema proposto. 25 4. RESULTADOS Realizou-se uma extensa pesquisa, onde foram encontrados e selecionados artigos que preencheram os critérios de inclusão, permitindo a fundamentação teórica do presente estudo. Estes artigos abordam o tema sobre escalas de funcionalidades mais utilizadas em idosos diante da intervenção fisioterapêutica dentro dos critérios exigidos. Os resultados foram analisados de forma qualitativa e apenas cinco foram escolhidos para serem descritos na tabela abaixo. Tabela 1 - Apresenta características dos estudos recrutados sobre escalas de funcionalidade mais utilizadas em idosos diante da intervenção fisioterapêutica. Autor/ Ano Tipo de estudo Amostra Tipo de intervenção Variáveis Resultados Gontijo e Leão.44 2013 Estudo quasi- experiment al ou Designs experiment al 17 idosos a partir de 60 anos, ambos os sexos Exercícios de coordenação motora, equilíbrio, alongamento, fortalecimento muscular global e treino de transferência, 16 sessões de fisioterapia (50 minutos cada, duas vezes por semana) Escala ou Índice de Katz Antes da intervenção, 11 eram independentes de acordo com o Índice de Katz e seis apresentavam dependência moderada. Após a intervenção fisioterapêutica, todos os pacientes (100%) estavam independentes em relação à sua capacidade funcional pelo Índice de Katz. Cadore et al,45 2014 Estudo quasi- experiment al ou Design experiment al 18 idosos frágeis com demência leve Exercícios com múltiplos componentes, com exercício sobre a força muscular, caminhada, equilíbrio e exercícios cognitivos, exercícios de resistência Índice de Barthel para avaliar estado funcional. Os escores do Índice de Barthel sugerem que uma intervenção mais longa ou talvez um volume maior de exercícios de resistência pode ser necessária para estimular mais mudanças. 26 Fajerszta jn et al,46 2008 Estudo Randomiza do 10 idosos, sendo 02 homens e 08 mulheres, com idades acima de 60 anos. Exercícios com estímulo de equilíbrio e mobilidade e exercícios funcionais, caminhadas, atividades de bola e circuito, alongamentos, massagens e exercícios respiratórios. Exercícios resistidos Escala de Lawton & Brody, Escala de Katz Não há diferenças encontradas entre os grupos em relação à escala de katz, e pequena mudança em relação ao uso da Escala de Lawton & Brody. Importante: um fisioterapeuta especializado para conduzir a intervenção Crosseti et al,47 2018 Estudo transversal analítico 395 idosos: 248 do sexo masculino, e 147 do sexo feminino. Deambulação com ou sem auxílio (bengala e/ou com auxílio de uma pessoa) Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE) Com a intervenção fisioterapêutica ouve melhora significativa nas capacidades vitais dos idosos. Miranda e Van Eyken,48 2012 Estudo de caso Uma (01) idosa de 75 anos vítima de cinco Acidentes Vasculares Cerebrais isquêmicos (AVC) Uso de técnicas específicas na reabilitação do acometimento neurológico; orientações com treinamento da cuidadora da paciente Medida de Independência Funcional (MIF) Intervenção fisioterapêutica positiva quanto ao nível de funcionalidade, o escore total medido, através do MIF, evoluiu de 53 para 61. AVC: Acidente Vascular cerebral; EFE: Escala de Fragilidade de Edmonton; MIF: Escala de Medida de Independência Funcional; Os estudos utilizados na tabela foram 40% quasi-experimental ou Design experimental, 20% estudo randomizado, 20% de estudo transversal, descritivo e exploratório e 20% de estudo de caso. A maior amostra de estudos avaliados foi a 27 de Crossetti et al. 2018,47 com 395 idosos, e a menor amostra foi a de Miranda e Van Eyken, 2012,48 com apenas uma (01) idosa. Na dimensão demográfica, verificou se que a média de idade entre os idosos foi de 60 a 80 anos. Em relação ao sexo 80% homens e mulheres estudados, 20% somente mulheres. Quanto as variáveis 20% utilizaram somente escala de Katz, 20% utilizaram somente índice de Barthel, 20% somente escala Edmonton (EFE), 20% utilizaram somente medida de incapacidade funcional (MIF), 20% utilizaram a escala de Lawton e Brody e Katz. Quanto ao tipo de intervenção, 20% realizaram exercícios de coordenação motora, equilíbrio, alongamentos, fortalecimento muscular global e treino de transferência, 20% realizaram exercício sobre a força muscular, caminhada, equilíbrio e exercícios cognitivos e exercícios de resistência, 20% Exercícios com estímulo de equilíbrio e mobilidade e exercícios funcionais, 20% realizaram deambulação com ou sem auxílio (bengala), 20% fizeram o uso de técnicas específicas na reabilitação do acometimento neurológico. Foi possível verificar respostas positivas no efeito da fisioterapia na capacidade funcional dos idosos. 28 5. DISCUSSÃO De acordo com os artigos revisados e com os resultados obtidos, foi possível verificar que a maioria dos idosos avaliados, categorizados idosos frágeis, apresentaram melhora em sua capacidade funcional com o tratamento da Síndrome da Fragilidade, considerando o emprego das diferentes escalas. Através da pesquisa observou-se que a avaliação das intervenções sobre o idoso frágil e a comparação dos estudos com outros, apresentam limitações pelo fato de os estudos analisados utilizarem conceitos distintos relacionados às alterações funcionais e à associação de múltiplas características para definir idoso frágil. Além disto, não há consenso entre os pesquisadores, uma vez que, em cada artigo os autores apresentaram diferentes intervenções fisioterapêuticas. Entretanto, em relação aos desfechos avaliados, alguns estudos compartilham desfechos semelhantes, mas importa referir que a variação de resultados alcançados deve-se ao cenário em que os estudos se realizaram e as características dos grupos estudados, além do teor das intervenções (dose, duração) e o tamanho de amostras. O estudo quasi-experimental de Gontijo e Leão, 2013, 44 com 17 idosos a partir de 60 anos, com a intervenção antes e depois com grupo caso e grupo controle, apontou que, com emprego do Índice de Katz, houve uma melhora significativa de dependência moderada à independência quanto à fragilidade, e devido a intervenção fisioterapêutica, corroborando com o programa de intervenção do estudo de abordagem quantitativa, do tipo clínico experimental, randomizado, não cego e controlado de Joaquim et al. 2017, 49 que comparou a capacidade funcional dos idosos utilizando a Escala de Katz; este estudo foi desenvolvido com 32 pacientes (56,2% do sexo feminino e 43,8%, do sexo masculino), em grupo caso (10 mulheres e 06 homens) e grupo controle (08 mulheres e 08 homens), com média de idade de 63,5 anos, sendo 46,9% referentes à faixa etária de 40 a 59 anos e 53,1 %, à faixa etária de 60 a 79 anos. Assim como os resultados de Gontijo e Leão, 2013 44, o estudo de Joaquim et al. 2017, 49 apresentaram ótima resposta com independência nas ABVD, e que os resultados referentes à escala de Katz demonstraram que os grupos não apresentaram variação significativa entre si, também os resultados do estudo de 29 Joaquim et al. 2017 49 apontaram que os idosos apresentaram ótima independência nas AVD’s, sem variação significativa entre si. Ambos estudos concluíram que os grupos estudados apresentam a capacidade funcional evoluindo de modo semelhante e que o uso do Índice de Katz demonstrou que programa preventivo de fisioterapia melhora qualidade de vida, equilíbrio dos idosos e capacidade funcional. O estudo quasi-experimental ou Designs experimental, com duração de 24 semanas realizado com 18 idosos frágeis com demência leve, por Cadore et al. 2014, 45 que utilizaram o Índice de Barthel para avaliar estado funcional, aponta que os exercícios multicomponentes melhoraram a força muscular, a capacidade de equilíbrio e marcha e diminuiu a incidência de quedas após contenção física, e 24 semanas de interrupção de treinamento. Este não foi um desfecho ao estudo transversal de Ferreira et al. 2014 50, uma vez que ambos encontraram uma diferença significativa quanto a melhoria da capacidade funcional, utilizando o Índice de Barthel. Por meio desta escala, Ferreira et al. 2014 50 avaliaram a capacidade funcional de 201 idosos institucionalizados com e sem a doença de Alzheimer, e idade igual ou superior a 60 anos para ambos os sexos. Foram divididos em grupo experimental (GE) com 20 idosos (08 homens e 12 mulheres) com doença de Alzheimer e grupo controle (GC) com 181 (84 homens e 97 mulheres) idosos sem a doença. Porém, os resultados mostraram diferença quanto aos resultados de Cadore et al. 2014: 45 os idosos institucionalizados com doença de Alzheimer apresentaram menor capacidade funcional que os idosos sem a doença, embora nem todos os idosos do grupo controle eram totalmente independentes. Segundo Cadore et al. 2014, 45 os escores do Índice de Barthel sugerem que uma intervenção mais longa ou talvez um volume maior de exercícios de resistência pode ser necessária para estimular mais mudanças. Os desfechos também não foram semelhantes em um estudo de Fajersztajn et al. 2008, 46 utilizando a Escala de Lawton & Brody e Escala de Katz e o estudo de Pinto et al. 2016. 51 Fajersztajn et al. 2008, 46 em um programa de intervenção fisioterapêutica para 10 idosos frágeis (02 homens e 08 mulheres), divididos em dois grupos de intervenção (GI) e não intervenção (GNI), com Doença de Alzheimer (DA) leve a moderada, não houve mudança nos dois grupos em relação ao uso da Escala Katz, e pequena mudança em relação ao uso da Escala de Lawton & Brody. Em contrapartida, Pinto et al. 2016 51 utilizando a Escala de Lawton & Brody em um estudo quantitativo, transversal e analítico com 820 idosos (idade entre 60-69 30 anos) para avaliar a prevalência de capacidade funcional para as ABVD’s e AIVD’s, o desfecho foi positivo mostrando que os idosos eram funcionalmente capazes para a realização das atividades da vida diária, tanto básicas quanto instrumentais, o que não corresponde ao estudo de Fajersztajn et al. 2008. 46 O estudo transversal analítico de Crossetti et al. 2018 47 utilizando Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE) em 395 idosos (248 homens e 147 mulheres), com idade entre 60 e 94 anos, para avaliar fragilidades (perda muscular e fraqueza, vulnerabilidade baseada no sistema de órgãos, comprometimento da independência funcional), corrobora com os resultados da pesquisa transversal e analítica, de amostragem não intencional, de Carneiro et al. 2017 52 quanto à associação significativa entre fragilidade e sexo feminino. Os autores 52 avaliaram também a prevalência e fatores associados à fragilidade em 360 idosos com idade igual ou superior a 65 anos (65 e 79 anos), sendo a maioria do sexo feminino, e os resultados mostraram a maior prevalência de fragilidade para o sexo feminino em relação ao sexo masculino, e maior em faixas etárias entre 65 e 79 anos e 80 anos ou mais. Os resultados deste estudo confirmam maior frequência de fragilidade leve, moderada e severa com o aumento da idade, sendo mais prevalente entre os idosos longevos. Com relação ao Estudo de caso de Miranda e Van Eyken, 48 realizado com uma idosa de 75 anos vítima de cinco Acidentes Vasculares Cerebrais isquêmicos (AVC), houve diferença significativa no desfecho se comparado ao estudo quasi-experimental de Cunha et al. 2010. 53 A Intervenção fisioterapêutica de Miranda e Van Eyken, 48 apresentou resultado positivo quanto ao nível de funcionalidade com uso da Escala Medida de Independência Funcional (MIF), uma vez que o escore total dos itens da MIF evoluiu de 53 para 61, sendo o mínimo 18 e o máximo 126, contribuindo para reabilitação da paciente idosa. 48 Já no estudo quasi-experimental de Cunha et al. 2010, 53 utilizando esta escala (MIF) intra-grupo, com 20 idosos (08 homens e 12 mulheres) com média de idade de 68,95 anos, a função avaliada pela escala MIF não apresentou diferença significante, pois os resultados indicaram que não houve melhora em relação às medidas de independência funcional. Entretanto, Cunha et al. 2010, 53 utilizaram também a Técnica de relaxamento aquático Ai Chi, que proporcionou melhora do equilíbrio, com avaliação dos benefícios de exercícios na água. Nesse sentido, os autores corroboram com 31 Miranda e Van Eyken, 48 no que diz respeito a melhora na funcionalidade nos idosos frágeis, e consideram que a hidroterapia, incluindo-se as técnicas de relaxamento e mobilizações aquáticas, vem crescendo no Brasil e começa a ser aceita como uma opção de tratamento para melhora do equilíbrio, principalmente no idoso É possível afirmar, nesse sentido, que a independência funcional dos idosos, ou seja, a autonomia daqueles que não necessitam de auxílio para realização de suas ABVD, é um relevante objetivo das mais diversificadas intervenções de fisioterapia. Um ponto observado nos artigos pesquisados, como o de Gontijo e Leão, 2013 44 e o de Cadore et al. 2014, 45 é que foram utilizados o mesmo tipo de estudo, o mesmo número de amostragem, e a mesma quantidade semanal de sessões de fisioterapia e de exercícios de resistência, embora tenham sido realizadas escalas diferentes. Diante disso, observa-se também que foi possível notar semelhanças e diferenças nas abordagens adotadas pelos autores nos artigos discutidos, nos tipos de intervenções e no contexto social e demográfico em que cada pesquisador se inseriu para realizar os estudos. 32 6. CONCLUSÃO Face aos resultados desta revisão, verifica-se que a fisioterapia tem relevante papel na reabilitação dos pacientes com a Síndrome da Fragilidade, uma vez que ela auxilia no alívio dos sintomas, na promoção da independência e na qualidade de vida. Assim, as intervenções e técnicas fisioterapêuticas mais utilizadas em idosos neste estudo foram os exercícios físicos de coordenação e estimulação motora, equilíbrio e força muscular, alongamento, caminhadas, exercícios respiratórios, estimulação social, as quais atenuam as limitações funcionais dos idosos e o impacto dos déficits que surgem nesta época do ciclo vital. A atividade física é a intervenção mais eficaz em idosos frágeis, uma vez que preserva sua autonomia na realização de atividades em geral, com melhoria da saúde mental, bem-estar e aumento da autoestima, além de prevenir e adiar o aparecimento da fragilidade. Segundo a revisão de literatura, as escalas de funcionalidade mais utilizadas em idosos diante da intervenção fisioterapêutica foram Escala de Katz, que avalia as condições do idoso para realizar as atividades básicas de vida diária, o índice de Barthel que avalia a independência funcional e mobilidade no campo das atividades da vida diárias e a Medida de Independência Funcional que avalia o desempenho e a capacidade funcional de idosos. Verifica-se também, que as incapacidades funcionais estão associadas aos fatores fisiológicos, psicológicos, sociais e ambientais. Porém, em nível individual, a continência foi atividade a qual os idosos apresentaram menos independência. Os homens declararam incapacidade funcional em maior proporção que as mulheres, embora o sexo feminino tenha relevante participação nos estudos realizados, e o sinal de fragilidade seja significativo nestas. Observou-se que a faixa etária estudada variou de 60 anos ou mais para ambos os sexos, até aproximadamente aos 80 anos, além do caráter progressivo da incapacidade funcional entre os idosos em relação ao aumento da idade. Verifica-se ainda melhora positiva do escore das escalas relacionadas à intervenção fisioterapêutica quanto ao nível de funcionalidade. A aplicação das escalas de avaliação da capacidade funcional dos idosos evidenciou uma pontuação variada, de maior independência para as Atividades Básicas de Vida Diária à dependência leve/moderada, e para as Atividades Instrumentais de Vida Diária 33 também maior independência à parcialmente dependente. De maneira geral, os idosos pesquisados apresentaram capacidade funcional para as atividades da vida diária, tanto básicas quanto instrumentais. De acordo com o estudo e os resultados da tabela analisada, a partir de discussão com demais autores, observa-se que a maioria dos idosos frágeis avaliados, apresentou melhora em sua capacidade funcional, considerando o emprego das diferentes escalas, instrumentos importantes utilizados para medir a acurácia da Síndrome da Fragilidade. Conclui-se que a detecção do grau de fragilidade e dependência dos idosos nas diferentes categorias das escalas de avaliação possibilita selecionar intervenções adequadas, como as intervenções com exercícios físicos, aplicadas individualmente ou em grupo, com o objetivo de melhoria da capacidade funcional, principalmente no desempenho das atividades da vida diária. Sendo assim, torna-se necessária maior atenção a esta parcela da população, dentro de um contexto multiprofissional, em especial dos serviços da fisioterapia. 34 REFERÊNCIAS 1. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 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