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PALESTRA: JUIZ DE PAZ ECLESIASTICO ? O que é justiça de paz? Existe Juiz de Paz Eclesiástico? APARECIDO DA CRUZ DIREITO ECLESIASTICO III Introdução Todas as semanas a Câmara Eclesiástica Nacional recebe inúmeros pedidos de filiação, ingresso ou pedido de informações em seus canais institucionais. Com isso, e visando facilitar a disseminação de informações sobre suas atividades e outras nuances de sua performance, a câmara vem desenvolvendo palestras e apresentações “on line” e “off line” tendo em vista a divulgação de seu conhecimento institucional, legal e de desenvolvimento ministerial. O ultimo lançamento ocorreu no inicio de maio deste ano com a publicação “Serie Aspectos Gerais” que enfatizou a administração de conflitos e os princípios que diferenciam mediação e conciliação. Nesta apresentação comentaremos de forma breve, sobre justiça de paz e juiz de paz eclesiástico, que assim como alguns seguimentos da capelania, vem gerando muita confusão aos menos informados e a algumas autoridades em geral. Boa leitura! Aparecido da Cruz Objetivo da apresentação e campo de aplicação O objetivo nesta apresentação é contextualizar a idéia de formação do Juiz de Paz Eclesiástico e suas possibilidades nos contextos legal e religioso. Visa estimular a pesquisa sobre o tema e a utilização de informações verídicas em favor da comunidade cristã ou ainda o aperfeiçoamento e a boa formação dos ministros religiosos em geral. Seu campo de aplicação estará sujeito as normas legais vigentes, bem como os requisitos exarados pelos dispositivos estatutários próprios das instituições religiosas. Aparecido da Cruz 1824 foi outorgada a constituição imperial. Essa constituição trazia a previsão, em seus artigos 161 e 162, da existência de juízes de paz em 1827 ela foi regulamentada por uma lei de 15 de outubro do mesmo ano. Só foram criados de fato em 1832, fazendo com que existisse um juiz de paz em cada freguesia ou paróquia), mas, na maioria dos lugares, a eleição só foi realizada bem mais tarde, sendo as funções da justiça de paz exercidas por outros juízes. Essa lei de 1827, além de regulamentar a Constituição ampliou grandemente as funções do juiz de paz, para incluir, além das funções exercidas por outros juízes antigos e várias funções de polícia. Assim como em outros países, outras leis viriam a ampliar suas funções, tanto administrativas, quanto judiciais, eleitorais e policiais. Breve Revisão Histórica Aparecido da Cruz Tinham várias obrigações: Promoviam conciliações, resolviam dúvidas sobre estradas particulares, pastos, águas usadas na agricultura ou no minério, direitos de caça e pesca, danos causados por escravos e animais particulares eram julgados. Quando as reuniões públicas apresentavam ameaça de desordem, era obrigação do juiz de paz dispersá-la, até com a ajuda da polícia. Quando havia um crime, o juiz de paz tinha que se encarregar de reunir provas. A aplicação dos regulamentos municipais, a prevenção e destruição de comunidades de escravos fugitivos também eram de sua competência. Era o reformador social da comunidade, sendo responsável pelos bêbados e pelas prostitutas escandalosas. Protegia os bosques públicos e a poda ilegal dos bosques privados, a notificação ao presidente da província quando eram descobertos recursos animais, vegetais ou minerais úteis. O cargo foi extinto em 1841 quando adveio a reforma do Código de Processo Penal. Breve Revisão Histórica Aparecido da Cruz Breve Revisão Legislativa - SP LEI N. 906, DE 30 DE JUNHO DE 1904 Dispõe sobre a nomeação dos escrivães dos juízes de paz DECRETO N. 1.437, DE 7 DE FEVEREIRO DE 1907 Dá regulamento á lei n. 906, de 30 de Junho de 1904, relativa á nomeação, exercício e demissão dos escrivães de paz DECRETO-LEI N. 17.375, DE 3 DE JULHO DE 1947 - ALESP Dispõe sobre alteração das atuais denominações do ofício de escrivão de paz e dos cargos de juiz de paz e suplente de juiz de paz. OBSERVAÇÃO: Os links de acesso a esta legislação constam na página de referencias e podem ser consultados por todos os interessados. Aparecido da Cruz O que diz a Carta Magna sobre a justiça de paz Título IV Da Organização dos Poderes Capítulo III Do Poder Judiciário Seção I Disposições Gerais Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; II - justiça de paz, remunerada, composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. Aparecido da Cruz Infelizmente o inciso II do artigo 98 da Constituição Federal, assim como outros dispositivos, até ontem, não havia sido regulamentado, restando aos estados criar soluções a despeito da situação e da necessidade dos cidadãos. E agora José?..... Aparecido da Cruz Como lei fundamental e suprema do Estado, “[…] a Constituição é a norma que busca estruturar o Estado e a sociedade, delineando um modelo de Estado, projetando as relações entre o Estado e o cidadão, demarcando a esfera de atuação do Poder Público, suas competências e deveres […]”. Sob a égide dos novos valores impressos nesta Constituição de 1988, após anos de discussões entrou em vigor o Novo Código Civil, Lei nº 10.406 de 2002, que, no art. 1.512, estabelece que: “o casamento é civil e gratuita a sua celebração”, mas, diversamente da Lei nº 3.071/16, trata, também, do casamento religioso nos artigos 1.515 e 1.516. Tal fato demonstra que o Brasil não possui uma única religião oficial e, portanto, assegura, mais uma vez, o direito à liberdade religiosa, concedendo no campo jurídico tratamento igualitário às duas formas de casamento, além de facultar aos ministros de culto religioso, sua celebração nos moldes da legislação em vigor. Veja também que a lei que trata do assunto, também não traz a figura de um juiz de paz eclesiástico, mas de ministro de culto religioso, respeitando todas as religiões e credos. Novo Código Civil, Lei nº 10.406 de 2002 Aparecido da Cruz Então! O que é de fato o Juiz de Paz Eclesiástico O título de juiz de paz eclesiástico é apenas um título honorífico, já que todos os ministros de culto religioso, cristão evangélico ou não, podem celebrar casamento religioso com efeito civil, conforme as leis vigentes no país, sem a necessidade de um titulo especifico de acordo com a lei. Com este esclarecimento, não desprezamos as formações, contudo, para um obreiro bem formado, não há uma extrema necessidade de qualquer “carteirada”. O que temos notado na realidade é uma procura desenfreada pelo suposto “status quo” de autoridade legal, usurpação de função pública ou ainda uma oportunidade de ganho extra com a função de cerimonialista, o que vem desvirtuando o entendimento do legislador, que viu na abertura da celebração do casamento religioso com efeito civil, aos ministros de culto religioso, a possibilidade, de facilitar a vida dos nubentes, do próprio ministro religioso, culminando com a oportunidade de transformar isto em assistência espiritual desde o momento da habilitação, na celebração e fidelizando este momento mágico na vida das famílias e da própria Igreja com um propósito muito maior. Aparecido da Cruz Confusões e usurpações à parte, convém ressaltar nosso compromisso com a legalidade, legitimidade e com o objetivo nesta apresentação. que foi o de contextualizar a idéia de formação do juiz de paz eclesiástico e suaspeculiaridades nos contextos legal e religioso, estimulando a pesquisa sobre o tema e a utilização de informações verídicas em favor da comunidade ou ainda do aperfeiçoamento e da boa formação dos ministros religiosos em geral. Este artigo é uma produção da Câmara Eclesiástica Nacional de Mediação, Conciliação, Arbitragem e Direitos Humanos em parceria com a Sociedade Brasileira de Proteção Humana e a Escola Superior de Capelania e Missões. É uma boa oportunidade de crescimento no assunto, com vistas a reconhecer práticas inidôneas e sair a frente nesta área do conhecimento. Duvidas ou esclarecimentos podem ser solicitados pelo e-mail: protecaohumana@gmail.com O que é de fato o Juiz de Paz Eclesiástico, continuação Aparecido da Cruz Aparecido da Cruz é presidente da Câmara Eclesiástica Nacional, foi Juiz Suplente pela Secretaria da Justiça de São Paulo, pós graduado em Direito Militar, formação em Direito Internacional Humanitário e Direito dos Conflitos Armados e capacitação em Direito Canônico pelo Mater Ecclesiae. Teólogo, Educador Físico e Gestor de Segurança Pública é ainda servidor federal e autor independente de 11 livros e diversos artigos disponíveis na internet. Autor do Curso “A formação do juiz de paz eclesiástico” e promotor de ações em segurança humana. Obrigado por sua valiosa atenção Aparecido da Cruz Referencias BRASIL. Constituição (1988). Constituição da Republica Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acessado em 3 de junho de 2020. BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 139, n. 8 p. 1-74, 11 jan. 2002. CRUZ, Aparecido. Curso A Formação do Juiz de Paz Eclesiástico. Escola Superior de Capelania e Missões. São Paulo, 2014. FLORY, Thomas. El juez de paz y el jurado en el Brasil imperial. México: Fondo de Cultura Económica, 1986. JUIZ DE PAZ. In: WIKIPÉDIA, a enciclopédia livre. Flórida: Wikimedia Foundation, 2020. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Juiz_de_paz&oldid=57905713>. Acesso em: 10 de junho de 2020. SÃO PAULO, Lei nº 906 de 30 de junho de 1904. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/lei/1904/lei- 906-30.06.1904.html . Acesso em: 2 de junho de 2020. SÃO PAULO, Decreto 1.437 de 07 de fevereiro de 1907, Art. 73. Disponível em: https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1907/decreto-1437-07.02.1907.html. Acesso em: 2 de junho de 2020. OBSERVAÇÕES: Não foram consideradas nesta apresentação básica, legislações estaduais de alguns estados brasileiros, onde determinados procedimentos ou métodos de atuação podem conter especificidades e particularidades. Aparecido da Cruz
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