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ACAO SUPERVISORA (1)

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Ação supervisora: a prática
A luz do pensamento de Nerici (1981), a ideia de supervisao teve sua origem na industria, visando a melhoria em qualidade e quantidade na producao, ou seja, o modelo de supervisao escolar teve sua origem relacionada ao modo de producao capitalista, que objetivava a racionalizacao do trabalho, visando ao aumento da produtividade. Segundo Medeiros (1985), o modelo de supervisao escolar brasileira e originario do norte-americano e foi instaurado com a funcao de controlar a produtividade do ensino e de aperfeicoar as tecnicas existentes.
De acordo com Saviani (2003, p. 24), em sua historia, no Brasil, a supervisao de ensino passou a englobar aspectos politicos e administrativos, de fiscalizacao, coordenacao e orientacao de ensino:
[...] a organizacao dos servicos educacionais na forma de um sistema nacional
propunha dois requisitos que impulsionavam a ideia de supervisao na
direcao indicada: a) a organizacao administrativa e pedagogica do sistema
como um todo, o que implicava a criacao de orgaos centrais e intermediarios
de formulacao de diretrizes e normas pedagogicas, bem como de inspecao,
controle e coordenacao, isto e, supervisao das atividades educativas. [...]
emergindo, assim, a questao da coordenacao dessas atividades, isto e, de
um servico de supervisao pedagogica no ambito das unidades escolares.
A partir de 1930, a supervisao passa a assumir um carater de lideranca, de esforco cooperativo rumo ao alcance dos objetivos, com a valorizacao dos processos de grupo na tomada de decisoes.
Entre os anos de 1940 a 1960, a supervisao procurou sensibilizar o professor para a pesquisa e, a partir dos anos de 1960, de acordo com Nerici (1981), a supervisao incorporou as seguintes preocupacoes: eficiencia, cooperacao e pesquisa e desenvolvimento profissional.
Tomando as reflexoes de Bueno (2003), em meados dos anos 1960, a figura do inspetor escolar, que se fazia presente, atuava como agente fiscalizador e controlador no ambito das unidades escolares, local em que era temido e respeitado em funcao do conhecimento, uso e aplicacao que fazia da legislacao.
Ao aproximar-se dos anos 1970 desse mesmo seculo, o inspetor escolar, embora agora chamado supervisor de ensino, nao apresenta mudancas em seu perfil, visto que uma administracao e uma supervisao estruturada nas bases do modelo empresarial taylorista fordista continuava permeando sua atuacao. Ao supervisor de ensino competia o papel de assessoria entre o polo da administracao e as unidades de execucao nas quais os professores desenvolviam currículos e programas detalhados, padronizados, metodologicamente homogeneos, atuando como meros instrutores.
Portanto, o saber, a decisao e o controle de toda a acao pedagogica concentravam-se nas divisões de ensino que representavam o ponto mais alto na escala hierarquica. Competia, assim, ao supervisor controlar toda essa execucao.
Aponta Bueno (2003) que a evolucao da teoria da administracao que acompanhou a flexibilização da organizacao e a gestao da producao dos paises capitalistas centrais foi sendo absorvida e sucessivamente incorporada. O clima de abertura a partir dos anos de 1980 trouxe a intencao de estabelecer um padrao de relacionamento mais democratico com o magisterio, introduzindo os cursos de relacoes interpessoais. Entretanto, nao houve mudanças significativas da acao supervisora, pois restou apenas a intencao. Na pratica, o que se teve foi uma pseudodemocratizacao administrativa, porque nao e possivel mudar a pratica sem que a estrutura se modifique. 
Continuando na esteira do pensamento de Bueno (2003), a figura do supervisor se ve, entao, extremamente comprometida perante este cenario educacional que questiona a consistencia de suas funcoes meramente burocraticas e de controle, chegando a constatacao de que a supervisao exercida nestes moldes pouco afeta os aspectos substantivos das unidades escolares.
Assim, a partir da decada de 1990, ainda segundo Bueno (2003), nesse contexto de retomada do modelo empresarial em suas novas formas de apresentacao, a idoneidade tecnica do profissional da supervisao e recolocada, em seu papel, na organizacao e funcionamento do ensino. O supervisor de ensino, que vinha com uma imagem desgastada e uma função esvaziada, resultado dos efeitos dos periodos anteriores, passa a ser visto como um dos principais agentes no desencadeamento dessa nova proposta de gestao, ao ponto de ter sido apontado pelo Banco Mundial como representante potencial das liderancas educacionais e grande facilitador na elaboracao e na concretizacao dos projetos escolares em busca da qualidade e da eficiencia na educacao.
Silva (2004, p. 27) expoe quanto a compreensao e a caracterizacao da funcao supervisora no contexto educacional brasileiro que essas
nao ocorrem independentemente ou de forma neutra. Ao contrario, essa
funcao decorre do sistema social, economico e politico e esta intimamente
relacionada a todos os determinantes que configuram a realidade brasileira
ou por eles condicionada. A relacao se estabelece como um processo
dinamico, com seus elementos interagindo, evidenciando contradicoes e
comportando-se ao mesmo tempo como condicionante e condicionada
do contexto em que esta inserida. Tal relacao se refere a dois aspectos
inerentes aquela funcao: ao mesmo tempo em que decorre do sistema
social, economico e politico, ela esta em sua funcao. Em outras palavras:
explicita ou implicitamente, ela e reflexo de uma politica e esta a servico de
uma politica.
Pautada numa analise dos diversos pontos de vista, e possivel conceituar supervisao escolar como:
Processo que tem por objetivo prestar ajuda tecnica no planejamento,
desenvolvimento e avaliacao das atividades educacionais em nivel de sistema ou de unidade escolar, tendo em vista o resultado das acoes pedagogicas, o melhor desempenho e o aprimoramento permanente do pessoal envolvido na situacao ensino-aprendizagem (PRZYBYLSKI, s/d, p. 16).
Busca-se, desse modo, operacionalizar um modelo de supervisao que leve a superacao das dificuldades encontradas na acao supervisora, que fortaleca a autonomia das escolas e a melhoria do desempenho discente e docente, bem como o fortalecimento da participacao da comunidade escolar nos processos de gestao da organizacao escolar.
Na administracao publica, em geral nos estados e municipios, a atuacao do supervisor escolar,
chamado supervisor de ensino, acontece em nivel de sistema, contemplando as dimensoes administrativas e pedagogicas da educacao. A acao supervisora realizada no interior da escola pode ser relacionada as funcoes de coordenacao pedagogica.
Tomando as palavras de Vasconcellos (2007, p. 87), a coordenacao pedagogica e a articuladora do Projeto Politico Pedagogico da instituicao no campo pedagogico, organizando a reflexao, a participação e os meios para a concretizacao do mesmo, de tal forma que a escola possa cumprir sua tarefa de propiciar que todos alunos aprendam e se desenvolvam como seres humanos plenos.
A pratica supervisora vem nos ultimos tempos passando por transformacoes, assim como a cada dia, no mundo em que vivemos, torna-se mais necessaria a conscientizacao de que se vivem mudanças significativas nas mais diversas areas, sejam economicas, politicas, sociais e culturais. De tal modo tem ocorrido tais transformacoes que multiplos desafios precisam ser vencidos a fim de que se cumpram as funcoes sociais na contemporaneidade, principalmente no espaco da escola como campo de atuação em prol da socializacao de saberes instituidos, na construcao de saberes em um processo criativo e inovador de compreensao dos fenomenos educativos em toda a sua complexidade, seja humana, técnica ou cientifica.
Nesse sentido, trazer para a pratica da supervisao escolar o esclarecimento da importancia da pesquisa como acao mobilizadora de reflexao sobre as perspectivas educacionais, o conhecimento das normas legais que organizam e estruturam o funcionamento das organizacoes escolares, o significado das politicas e do trabalho pedagogico, proporcionando subsidios teoricose praticos que propiciem a reflexao sobre a dimensao da acao supervisora e de fato fundamental a formacao do profissional que atua na supervisao escolar em nivel de sistema de ensino, bem como em instituicoes escolares unicas. Para tanto, como nos diz Ferreira (2008, pp. 89-99), sao conteudos do trabalho profissional da supervisao:
• a politica – coordenacao da interpretacao/implementacao e da “coleta” de
subsidios para o desenvolvimento de novas politicas mais comprometidas
com as realidades educacionais;
• ao planejamento – coordenacao, construcao e elaboracao coletiva do
projeto academico/educacional, implementacao coletiva, coordenacao da
“vigilancia” sobre seu desenvolvimento e necessarias reconstrucoes;
• a gestao – coordenacao, propriamente dita, de todo o desenvolvimento das
politicas, do planejamento e da avaliacao – projeto academico/educacional,
construido e desenvolvido coletivamente;
• a avaliacao – analise e julgamento das praticas educacionais em
desenvolvimento com base em uma construcao coletiva de padroes que se
alicercem em tres principios/posturas intimamente relacionados: a avaliacao
democratica, a critica institucional e a criacao coletiva e a investigacao
participante e continua;
• a todos esses elementos – estudar muito e continuamente, individual
e coletivamente, discutindo conceitos e formas de elaboracao pratica de
estrategias de acao pedagogica.
[...] Faz-se necessaria uma educacao de novo tipo, estando em curso
a construcao de uma nova pedagogia e, portanto, de outro perfil de
professor, de supervisor, de orientador. O controle necessario e o que se
fara na construcao coletiva do projeto academico/educacional a luz dos
principios e elementos mencionados e do saber cientifico na sua forma
mais elaborada, que possibilite o dominio de conteudos e de habilidades
cognitivas superiores, que devem ser estudados, discutidos, rediscutidos e
incorporados a pratica supervisora que o profissional da educacao devera
exercer no ambito educacional/escolar.
Diante das diversas concepcoes e praticas de supervisao escolar, a abordagem reflexiva de supervisao, desenvolvida sob a otica de Schon e Zeichner, explicitada por Alarcao (2008, p.18), “alicerca a metodologia formativa da reflexao como forma de desenvolver um conhecimento profissional contextualizado e sistematizado numa permanente dinamica interativa entre a acao e o pensamento”;
Para Alarcao (2008, p. 51), as características fundamentais da supervisao numa escola reflexiva são:
Dimensões Estratégia
1.Realidade profissional
2. Acesso a realidade saber feito de saberes mobilizados na profissao em contato direto com a realidade,
3. Objeto de formacao
4. Metodologia de formação no exercicio das funcoes educativas, por meio da investigacao-acao,
5. Interacao pessoa/grupo
6. Local privilegiado de formação para que os professores se desenvolvam numa escola em aprendizagem,
7. Funcao supervisora
8. Avaliacao em que o supervisor lidera e coavalia formativamente.
Nessa perspectiva, o supervisor escolar exerce sua acao em dois ambitos:
• no ambito escolar, modalidade em que a supervisao escolar desenvolve-se em uma unidade escolar articulando, acompanhando e orientando as atividades educativas de integrantes da equipe de trabalho escolar, principalmente a do professor, ou seja, atua na coordenacao pedagogica da escola;
• no ambito de sistema de ensino, modalidade em que a supervisao escolar articula, acompanha, orienta ou assessora as organizacoes escolares que integram os orgaos gestores da educacao, atua na implementacao das politicas educacionais no espaco interescolar desse sistema.
Observando-se o objeto da acao supervisora, a qualidade do ensino e da aprendizagem deve ser vista em sua completude, nao so no contexto da sala de aula, mas na totalidade da escola como organização aprendente para todos (alunos, professores, funcionarios, equipe gestora).
Na atualidade, a democratizacao da educacao traz, para o ambiente escolar, tracos de uma
sociedade globalizada, em virtude dos avancos tecnologicos, reestruturacao do sistema de produção e desenvolvimento, o que exige da escola para alem de transmissora do saber, que seja cada vez mais um local de orientacao ao escolar e contributiva da construcao do conhecimento do ser humano.
A multiplicacao de funcoes exercida pela escola contribui para que cada vez mais se conheca em profundidade essa unidade escolar em que se atua, onde nao se pode ver uma turma isoladamente, mas e preciso que a unidade escolar seja vista como um todo, como uma organizacao que trata do ensino e da aprendizagem.
Diante disso, de acordo com Alarcao (2008, p. 35), a acao supervisora deve ter seu objeto redefinido como o: desenvolvimento qualitativo da organizacao escolar e dos que nela realizam
seu trabalho de estudar, ensinar ou apoiar a funcao educativa por meio de aprendizagens individuais e coletivas, incluindo a formacao dos novos agentes. [...] Considero ainda que as instituicoes, a semelhanca das pessoas, sao sistemas abertos e complexos em permanente interacao com o ambiente que as rodeia, que as estimula ou condiciona, que lhes cria contextos de aprendizagem. A compreensao do fenomeno desenvolvimento, em ambos os casos, podera ganhar uma dimensao explicativa se a enquadramos na perspectiva ecologica do desenvolvimento humano.
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