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L A no ensino de PT para surdos

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ENSINO DE PORTUGUÊS 
PARA SURDOS: O QUE A 
LINGÜÍSTICA APLICADA 
TEM A NOS ENSINAR? 
Neiva de Aquino Albres 
 
Doutoranda em Educação Especial – UFSCar 
 Mestre em Educação – UFMS 
 Fonoaudióloga, Psicopedagoga e 
 Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa- 
certificada pelo MEC. 
 
IMPLICAÇÕES DA SURDEZ NA 
PRODUÇÃO ESCRITA DO PORTUGUÊS 
 
 
Situação atual.. 
 
 O português é uma língua alfabética e os surdos não 
aprendem a escrever como os ouvintes . 
 
 Na educação de surdos já foram aplicados vários 
métodos e ainda hoje persistem os problemas de 
alfabetização. 
 
 As crianças surdas têm direito a uma educação 
bilíngüe, isto é, aprender a língua portuguesa com 
metodologia de segunda língua. 
 
Descontinuidade entre os sistemas de 
representação primária e secundária 
 
 
 
 
 
L1 
Língua de Sinais 
fala 
Espaço visual 
 
 
 
 
 
 
 
L2 
Língua Portuguesa 
Escrita 
alfabética 
Por que é tão complicado alfabetizar 
crianças surdas? 
 
 Língua escrita esta relacionada com a língua oral 
auditiva e não com a língua visual espacial. 
Enquanto a criança ouvinte pode fazer uso intuitivo 
das propriedades fonológicas naturais de sua fala 
interna em auxílio à leitura e escrita, a criança 
surda não. 
 
 Qualquer estudo sobre aquisição da leitura e 
escrita em uma L2 pressupõe que os alunos estejam 
alfabetizados na forma escrita de L1. 
 
 
Português é uma segunda língua para 
surdos. 
 Estrangeiros que estão adquirindo uma segunda 
língua, cuja estruturação gramatical difere 
consideravelmente de sua língua materna, 
apresentam dificuldades semelhantes às dos surdos 
em relação ao uso de preposições, tempos verbais, 
sufixação, prefixação, concordância nominal e 
verbal, ou seja, nos componentes estruturais da 
segunda língua, que são diferentes de sua língua-
base. 
 
EM BUSCA DE NOVOS CAMINHOS 
 
O QUE A LINGÜÍSTICA APLICADA TEM 
A NOS ENSINAR? 
 
OBJETIVO 
Apresentar os pressupostos 
da Lingüística aplicada 
para o ensino de línguas. 
 
 Refletir sobre a importância 
da Lingüística aplicada na 
formação de professores 
de português para surdos. 
 
 Uma ciência social da linguagem 
que tem como foco os problemas e 
questões de uso da língua pelos 
participantes do discurso no 
contexto social, isto é, usuários da 
linguagem dentro ou fora do meio 
de ensino/aprendizagem (MOITA 
LOPES, 2003). 
 
Lingüística Aplicada (LA), 
TRÊS NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DE 
ENSINO DE LÍNGUA 
 
 Abordagem – nível em que as suposições e as crenças 
sobre a língua e seu ensino são especificadas; 
 
 Método – nível em que as escolhas são feitas – 
organização das técnicas. Exemplo: habilidades a serem 
desenvolvidas, conteúdos que serão apresentados; 
 
 Técnica – nível em que os procedimentos em sala de aula 
são descritos. 
 
 
Modelo vertical de Almeida Filho (2007) 
 
ABORDAGEM COMUNICATIVA E SEUS 
PRINCÍPIOS 
 alunos se envolvem em interações e comunicações 
significativas; 
 
 tarefas- alunos negociarem o significado, expandir 
seus recursos lingüísticos, observar como é utilizada 
a linguagem e participar de trocas significativas 
entre os interlocutores; 
 
 alunos progridem em ritmos diferentes e 
apresentam necessidades e motivações distintas 
para aprender uma língua. 
 
 
Primeiros passos 
 Levantar a aplicação de cursos de Português para 
estrangeiros, as trajetórias. Constatamos que 
atualmente tem adotado o Ensino Comunicativo de 
Língua Estrangeira - ECLE. 
 
 Levantamento dos livros de português para 
estrangeiros. 
 
 
PARA A 
ELABORAÇÃO DE 
MATERIAL DIDÁTICO 
PARA ENSINO DE 
SEGUNDA LÍNGUA 
Neiva de Aquino Albres 
Todo material didático, implicitamente, 
apresenta a noção de abordagem 
(conjunto de pressupostos teóricos 
sobre a língua, linguagem, ensinar e 
aprender uma língua estrangeira) e o 
desenho do planejamento do 
professor. 
Alguns pressupostos do material 
MOTIVOS USAR MATERIAL DIDÁTICO 
 1) há materiais que podem ser usados para 
necessidade de vários grupos; 
 
 2) os materiais permitem ao aprendiz rever o que foi 
visto e antever o vai ser dado; 
 
 3) o material permite flexibilidade, o professor pode 
fazer adaptações ou improvisar, pois serve de apoio 
ao professor. 
 
CONDIÇÕES PARA PRODUZIR 
MATERIAL DIDÁTICO 
 1) criatividade, talento, esforço; 
 
 2) demanda muito tempo; 
 
 3) horas de pesquisa; 
 
 4) bom acervo bibliográfico; 
 
 5) levar em consideração a idade e a língua 
materna do aluno; 
AO DESENVOLVER RECURSOS PEDAGÓGICOS 
LEVAR EM CONSIDERAÇÃO ALGUNS ASPECTOS 
 Tema 
 
 Função 
 
 Gramática 
 
 Habilidades lingüísticas 
 
 Vocabulário 
 
TEMA 
 
 
Desenvolver temas relevantes e 
significativos para os aprendizes, 
privilegiando seu desenvolvimento 
intelectual. Segundo Almeida Filho 
(1996), é importante atender às 
fantasias do aprendiz. 
FUNÇÃO 
 
 
Levar em consideração a função 
comunicativa da língua e não ficar 
totalmente preso à gradação 
gramatical; 
 
GRAMÁTICA 
Apresentar os itens lexicais, e sempre 
introduzi-los em novas lições, para que 
ocorra a reciclagem; 
 
Apresentar os itens dentro de um 
contexto de uso e como parte integral 
de um modelo de comportamento social; 
 
Proporcionar atividade funcionais e 
estruturais 
HABILIDADES LINGÜÍSTICAS 
Compreensão da linguagem oral 
Expressão da língua oral 
Leitura e escrita. 
Enfatize atividades que integrem as 
duas habilidades simultaneamente e 
não as trabalhe isoladamente. 
OBS.: Elas não se desenvolvem de 
maneira homogênea 
 
O MODELO DE OPERAÇÃO GLOBAL DE 
ENSINO DE LÍNGUAS 
Planejamento de 
cursos 
Produção de 
materiais 
Procedimentos 
metodológicos 
Método Avaliação 
ABORDAGEM 
Objetivos baseados 
em necessidades, 
interesses, fantasias, 
projeções 
Apresentação/ 
Prática/ uso/ 
Técnicas e recursos 
(Almeida 
Filho, 1990, 
apud Bizon 
(1992) 
PRÁTICAS DE ENSINO-
APRENDIZAGEM DE SEGUNDA 
LÍNGUA 
Neiva de Aquino Albres 
Nossos passos 
 Reorganização da disciplina de português na escola 
de surdos. Não mais seguir livros para ouvintes (L1); 
 Adotar livros de português como L2; 
 Repensar a avaliação e o formato da prova de 
português; 
 Construção de um instrumental para avaliação 
diagnóstica - Ensino fundamental 1 e Ensino 
fundamental 2; 
 Produzir uma coleção de livros de português para 
surdos. 
 
 
LEITURA - Compreensão precede 
produção! Leitura precede a escrita. 
 
 
 apresentam textos adequados à faixa etária da 
criança, por isso os contos e histórias infantis são 
muito apropriados nas séries iniciais do ensino 
fundamental. 
 
 Além desses tipos de textos, é possível trabalhar com 
histórias em quadrinhos, textos jornalísticos, trechos 
de livros didáticos e assim por diante. O mais 
importante é o texto fazer sentido para a criança no 
contexto da sala de aula e para a sua vida. 
ESCRITA 
 Na medida que o aluno compreende o 
texto, ele começa a produzir textos. Ele 
começa a escrever textos. A escritura é 
um processo que se constrói por meio 
do registro das atividades realizadas 
na própria sala de aula e de 
experiências vivenciadas pela própria 
criança. (QUADROS E SCHMIEDT, 
2006) 
 
Leitura compartilhada – aluno Clayton 
 
Mediação em Libras para a construção de significados 
Avaliação diagnóstica 
 
Avaliação diagnóstica de português.doc
Organização do livro 
 Sumário 
Sumário.doc
Tipos de tarefas cujo enfoque esteja voltado 
para a utilização de recursos lingüísticos 
 
 O processo mais consciente da aquisição da leitura 
e escrita, isto é, a etapa meta-lingüística deste 
processo, é muito importante para o aluno surdo. 
 
 Falar sobre a língua por meio da própria língua 
passa a ter uma representação social e cultural 
para a criança que são elementos importantes do 
processoeducacional. (QUADROS E SCHMIEDT, 
2006, p.31) 
Etapa meta-lingüística 
TABELA DE TERMINAÇÃO VERBAL 
Propósito 
de 
conhecer 
os usos do 
tempo 
verbal do 
pretérito 
imperfeito 
do modo 
indicativo 
 
Nessa atividade 
eles podem 
consultar o 
caderno de verbos 
e se propôs que 
pensassem em uma 
situação daqui a 
muito anos para 
frente, quando já 
estariam velhinhos 
e relembrando do 
passado, deviam 
escrever os fatos 
marcantes de cada 
período 
 REESCRITA: 
Os alunos 
reescrevem 
seus textos com 
um nível de 
maior 
competência e 
o professor 
estimulá-os a 
tomar 
consciência do 
que já 
aprenderam. 
da sua vida. 
 
GLOSSÁRIO DE VERBOS 
 
Criar estratégias 
 Atividades de realização de tarefas; 
 Atividades de levantamentos de informações; 
 Atividades de expressão de opinião; 
 Atividades de transferências de informação; 
 Atividade de dedução lógica; 
 Dramatizações; 
 Atividades de compreensão; 
 Atividades de produção escrita. 
 
 
 
A Tecnologia é nossa aliada no uso 
significativo do português por surdos 
 
 
BLOG, 
CHAT, 
MSN, 
MENSA
GEM 
DE 
CELULA
R, ETC. 
 
 
Produção de material didático 
Correção da escrita 
 
 A “correção” chega um pouco tarde quando os alunos 
escrevem uma única versão e recebem uma nota 
atribuída pelo professor ao final. Mesmo que o 
professor espere que na próxima redação esses erros 
não apareçam mais, não é isso que acontece. 
 (Chandragasegaran, 2003) 
 
 
 Para Chandragasegaran (2003) os alunos se 
beneficiarão mais se forem ajudados na escolha do 
tempo verbal correto ou na seleção do detalhe 
adequado no momento que necessitam de tal 
ajuda, ou seja, durante o processo de escrita. 
 
A ajuda deve ser dada “em tempo oportuno” na 
forma de instrução explícita e procedimentos de 
autoverificação relacionados a uma ou mais dessas 
áreas: escolha de conteúdo (idéias), organização e 
linguagem (inclusive gramática). 
 
Uma forma interessante de correção é propor que os alunos troquem os textos 
produzidos com um colega e que o colega corrija o texto indicando o que pensa estar 
errado, os alunos podem discutir sobre o que aprenderam (vocabulário e regras 
gramaticais) e dessa forma um ajuda o outro a aprimorar um pouco mais o texto. 
Nessa fase o professor também fica a disposição para sanar as dúvidas dos alunos. 
 
Correção em dupla 
AVALIAÇÃO DE UMA SEGUNDA 
LÍNGUA 
Neiva de Aquino Albres 
Avaliação 
 
 A escola deve definir quais são as estruturas, o 
vocabulário ensinado e que devem aparecer na 
produção dos alunos. Uma reflexão e definição dos 
critérios de avaliação se fazem fundamental em 
uma educação consciente, sem deixar de considerar 
que o português é uma segunda língua. 
 
Como elaborar a avaliação da 
unidade ? 
 
 
Prova de português 8 ano - 1o tri 2010.doc
Contatos 
 neivaaquino@yahoo.com.br 
 
 Blogs: 
 http://ensinodeportuguesparasurdos.blogspot.com/ 
 
 http://ensinodelibras.blogspot.com/ 
 
 http://interpretaremlibras.blogspot.com/ 
 
mailto:neivaaquino@yahoo.com.br
REFERÊNCIAS 
 
 ALMEIDA FILHO, José Carlos P. “desestrangeirização e outros critérios no planejamento de cursos e 
produção de materiais de língua estrangeira”. In JUDICE, Norimar (org.) O ensino de português 
para estrangeiros. Niterói, EDUFF, 1996. 
 
 BIOZIN, Ana Cecília Cossi. Aprender conteúdos para aprender lingua esrangeira; uma experiência 
de ensino alternativo e PE. In: FILHO, José Carlos Paes de.; LOMBELLO, Leonor (ORGS.) Identidade e 
caminhos no ensino de português para estrangeiros. Campinas, SP: Pontes, 1992. 
 
 CHANDRASEGARAN, Antonia. A intervenção como recurso no processo de escrita. Coleção Portfolio Sbs13: 
reflexões sobre o ensino de idiomas. São Paulo: Editora SBS, 2006. 
 
 MORITA, Marisa Kimie. (Re)pensando sobre o material didático de PLE. In: SILVEIRA, Regina Célia P. 
da. (org.) Português língua estrangeira: perspectivas. São Paulo, Cortez, 1998. 
 
 Quadros,Ronice Müller de.; Magali L. P. SchmiedtIdéias para ensinar português para alunos surdos. 
Brasília : MEC, SEESP, 2006. 
 RENANDYA, Wills A. e RICHARDS, Jack C. O Ensino Comunicativo de Línguas Estrangeiras – Coleção Portfolio 
Sbs13: reflexões sobre o ensino de idiomas. São Paulo: Editora SBS, 2006. 
 
 THOMA, Adriana da Silva; KLEIN, Madalena. CURRÍCULO E AVALIAÇÃO: a diferença surda na escola. 
Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2009.

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