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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Centro de Tecnologia e Ciências Faculdade de Engenharia Augusto César dos Santos Manhães Bruna Magalhães de Araujo Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Alegria e ETE Penha. Rio de Janeiro 2015 Augusto César dos Santos Manhães Bruna Magalhães de Araujo Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Alegria e ETE Penha. Orientadora: Ana Silvia Pereira Santos, D.Sc. Rio de Janeiro 2015 Projeto final de graduação submetido à avaliação do corpo docente do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Autorizamos, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desse trabalho. _______________________________ ___________________ Assinatura Data _______________________________ ___________________ Assinatura Data Augusto César dos Santos Manhães Bruna Magalhães de Araujo Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Alegria e ETE Penha. Aprovado em 16 de dezembro de 2015 Banca Examinadora: _________________________________________________ Professora Dra. Ana Silvia Pereira Santos, D. Sc. (orientadora) Faculdade de Engenharia – UERJ _________________________________________________ Professora Dra. Daniele Maia Bila, D. Sc. Faculdade de Engenharia – UERJ _________________________________________________ Engenheiro Fábio dos Santos Ambrósio Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE Rio de Janeiro 2015 Projeto final de graduação submetido à avaliação do corpo docente do Departamento de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, como requisito para obtenção do grau de Engenheiro Civil. AGRADECIMENTOS Eu, Augusto César dos Santos Manhães agradeço primeiramente a Deus, por ter me capacitado permitindo que eu chegasse até aqui, apesar de todos os desafios e obstáculos enfrentados nessa jornada. Agradeço por tudo, pela força, fé e graça que Ele me concedeu para concluir mais esta etapa. À minha querida e amada mãe, Ana Luiza Santos dos Santos, falecida em 2014, por todo seu amor e ensinamentos, pelas dificuldades que enfrentou para que eu pudesse conquistar meus objetivos, pelas suas orações e por acreditar em mim nas horas em que a dor e cansaço me faziam desanimar e por tudo mais que eu não consigo expressar nesse texto. Tenho certeza que ela sonhou com este momento. Obrigado mãe. À minha avó, Marilda da Silva Santos, a segunda mãe que Deus me deu, que sempre batalhou muito para que eu estudasse e me tornasse uma pessoa de bem. Agradeço por todo seu carinho e ajuda. A senhora não tem ideia de como é importante para mim. Ao meu tio Alcemir, por todo incentivo e palavras de fé que me ajudaram e cooperaram para meu crescimento. Aos meus familiares, amigos da igreja e da vida, que mesmo sem saberem colaboraram para minha conquista. À professora Ana Silvia, por toda cooperação na elaboração deste trabalho. Sua orientação foi fundamental para que conseguíssemos concluir este tão grande objetivo. Aos meus antigos e atuais colegas de trabalho, em especial aos meus gerentes que entenderam a dura missão que é conciliar a longa jornada de trabalho com as muitas horas de estudo e ajudaram muito para que eu conseguisse subir mais este degrau. Aos amigos que a engenharia me concedeu. Obrigado pelo apoio e ajuda nas horas de estudo e por todo incentivo nos momentos em que a única vontade era de desistir. “Valeu galera”. AGRADECIMENTOS Este projeto é dedicado a Celeste Nunes e Roberto Gutterres, meus pais, que sempre abriram mão de tudo por mim. Como eu gostaria que vocês estivessem presentes, para ver que vocês conseguiram. Até o último pulsar vocês direcionaram toda preocupação com o meu presente e futuro. Foram os responsáveis pela minha entrada na faculdade, educação, caráter e principalmente pelo amor que me foi dado, capaz de suprir cem vidas, amor este suficiente para impedir que a amargura tomasse conta de mim, depois da partida de vocês, até nas piores dificuldades. Seus conselhos, ensinamentos e vozes permeiam e ecoam em mim e em todos os meus passos, dia após dia. Minha gratidão e amor a vocês são impossíveis de colocar em um papel. Agradeço a minha irmã, que dentro de suas limitações e possibilidades, fez o seu melhor, assumiu responsabilidades duras demais para sua idade, me poupou no que foi possível e agüentou nossas diferenças. Agradeço a ela principalmente por ter me dado meus sobrinhos, que são minha fonte de alegria ao chegar em casa. Uma dedicação especial a todas as mães e pais que passaram por minha vida, assumindo papeis de extremo significado e importância. Minha mãe disse que Deus haveria de me recompensar por minhas perdas e ele recompensou, colocando vocês na minha vida, de certa forma, foi assim que ele se desculpou. Obrigada Leila, Monica, vovó Marlene, Vó Neide, Carlos Abrantes, Tio Paulo, Tio Renato, Tio Ozzy, Tio Serginho e Vô Armindo. E em especial a Tia São, que não apenas gerou minha melhor amiga, mas também é uma segunda mãe para mim, vibrando com as minhas conquistas e me levantando em cada tropeço dado. Tuquinha e Gerson vocês cuidaram da minha saúde mental e física em um momento em que eu estava um caco, colando pedacinho por pedacinho, sem ganharem absolutamente nada em troca, muito obrigado. Tia Belinha, pensar em você, enche meus olhos de lágrimas é preciso mais de uma vida para lhe agradecer. Você continuou minha formação como pessoa, cidadã e me tornou uma adulta. Deu-me todo amor e carinho, que só uma mãe sabe dar, não me deixou sozinha nem por um instante. É com imensa felicidade que agradeço, não teria conseguido sem você. A todos meus amigos, que me acompanham na alegria e na tristeza nas férias e nas provas, momento do qual é difícil me reconhecer. Vocês acompanham de perto e lutam por esse sonho junto comigo, Furt, Mabi, Juliana, Julinha, Marie, Mariah, Paula Maria, Pedro, Pet, kamila, Selma e Wagner, vocês são mais do que amigos, obrigada. Alethia, Bruno, Nathalia e Lory vocês não me deixam desistir, são incansáveis, me dão todo apoio, motivação, abrigo, o pouco dinheiro que possuem e até o computador vocês me emprestam para que eu consiga fazer o projeto, enfim, vocês dividem tudo o que tem comigo e se revezam para amenizar meus pesos. Como dizia Vinicius é impossível ser feliz sozinho. Minha orientadora nem imagina, mas uma das primeiras partes do meu agradecimento foi feita no dia 21 de outubro, após ter uma conversa com ela, neste dia, ficou nítido para mim a importância do professor. Obrigada Ana, à senhora não faz idéia da importância desse dia, onde tudo parecia nublado, a sua conversa foi capaz de trazer alento para o meu coração e esperança tamanha para fazer com que eu concluísse este projeto. Obrigada pelas suas aulas, por toda dedicação, paciência e por trocar seu almoço por uma coxinha. Agradeço a todo conhecimento adquirido através dos professores, principalmente a Ana, Rafael, Luigi, Luciano, Rodrigo e Mauricio. Entrar e sair da UERJ, foi uma conquista lutada cada segundo, estudar nessafaculdade foi um sonho realizado. “A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o desenvolvimento, e o que é grande com a grandeza, também confunde a natureza com a paisagem (…)” Eduardo Galeano RESUMO MANHÃES, Augusto César dos Santos; ARAUJO, Bruna Magalhães de. Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Penha e ETE Alegria. 68f. Projeto Final (Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, 2015. O cenário de crise hídrica vivido no Brasil e no mundo tem induzido toda a sociedade a uma maior reflexão sobre a importância da água no cotidiano. O desperdício e a ausência da implementação de tecnologias capazes de otimizar o uso racional da água intensificam a demanda por um recurso hídrico de qualidade. Considerando este cenário, a utilização de água potável para finalidades que não exigem o alto grau de exigência do consumo humano deve, então, ser revista. Uma das alternativas para redução deste consumo consiste na implementação de processos de reúso, os quais ao longo dos anos vêm recebendo maior atenção. No Brasil, a prática do reúso com parâmetros adequados ao nível de exigência internacional ainda é muito incipiente, fato este intensificado pela ausência de uma legislação federal que norteie com os índices de qualidade adequados. Este projeto, portanto visa conceder uma maior visão sobre o tema de reúso com foco na cidade do Rio de Janeiro, em especial às aplicabilidades de limpeza urbana que utilizam efluentes tratados provenientes de estações de tratamento de esgotos (ETE’s), destacando os processos já implementados na ETE Alegria e ETE Penha, avaliando e identificando possibilidades de melhorias nos procedimentos. Palavras- chave: Reúso, esgoto sanitário, tratamento de esgoto, desinfecção ABSTRACT MANHÃES, Augusto César dos Santos; ARAUJO, Bruna Magalhães de. Analysis of Reuse Practices Effluent from sewage treatment plants in the city of Rio de Janeiro – STP Penha e STP Alegria. 68p. Final Project (Undergraduation in Civil Engineering) – School of Engineering, Rio de Janeiro State University (UERJ), Rio de Janeiro, 2015. The water crisis scenario lived in Brazil and in the world has induced the whole society to further reflection about the importance of water in everyday life. The wastage and the lack of implementation of technologies that optimize the rational use of water intensify the demand for a quality water resource. Considering this scenario, the use of drinking water for purposes that do not require the high degree of the human consumption requirement should be reviewed. One of the alternatives to reduce this consumption is to implement reuse processes, which over the years have been receiving more attention. In Brazil the practice of reused with adequate parameters at the international level of requirements is still very incipient, and this is intensified by the absence of a federal law to guide with the appropriate quality levels. This project therefore aims to give greater insight into the topic of reuse focusing on the city of Rio de Janeiro, especially to urban cleaning applicabilities, that use treated effluent from sewage treatment plants (STP’s), highlighting the processes already implemented in STP Alegria and STP Penha, assessing and identifying opportunities for improvements in procedures. Key words: Reuse, sewage, wastewater treatment, disinfection LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 - Desenho esquemático do sistema de esgotamento sanitário separador. . 17 Figura 2 - Desenho esquemático do sistema de esgotamento sanitário unitário. ..... 17 Figura 3 - Desenho esquemático do processo de lodo ativado com ênfase para recirculação do lodo. ....................................................................................... 21 Figura 4 - Desenho esquemático do processo de Filtro Biológico Percolador. ......... 24 Figura 5 - Imagem de satélite da localização da ETE Alegria. .................................. 43 Figura 6 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. ................................... 44 Figura 7 - Fotografia aérea da ETE Alegria. .............................................................. 47 Figura 8 - Efluente final de lançamento da ETE Alegria. ........................................... 48 Figura 9 - Desenho esquemático operacional da ETE Penha desenhado no quadro da sala de cursos. ........................................................................................... 49 Figura 10 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. ................................. 49 Figura 11 - Efluente final de lançamento da ETE Penha. .......................................... 50 Figura 12 - Fotografia da situação atual das obras do Porto Maravilha. ................... 52 Figura 13 - Aparato de cloração do efluente secundário da ETE Alegria. ................. 53 Figura 14 - Abastecimento do caminhão com água de reúso clorada ....................... 53 Figura 15 – Fotografias da unidade de reúso da ETE Penha ................................... 55 Figura 16 - Centro Operacional de Reúso da ETE Penha ........................................ 55 Figura 17 - Abastecimento do caminhão de reúso da COMLURB na ETE Penha .... 56 Figura 18 - Fotografia do caminhão com água de reúso, destinado à limpeza de ruas. ................................................................................................................ 57 Figura 19 - Fotografia de uso inadequado da água de reúso por morador ............... 58 Figura 20 - Aparato de cloração do efluente secundário da ETE Penha. .................. 59 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Concentração típica de constituintes presentes no esgoto bruto ............. 19 Tabela 2 – Remoção (Casas Logarítmicas *) de Microrganismos segundo processo de tratamento. ................................................................................................. 29 Tabela 3 – Percentagem de Redução de Organismos Patogênicos nos Processos de Filtro Biológico e Lodo Ativado. ...................................................................... 29 Tabela 4 - Parâmetros de interesse no Reúso Industrial. ......................................... 31 Tabela 5 - Classes de Reúso e Parâmetros de acordo com a NBR 13.969/(ABNT, 1997)............................................................................................................... 36 Tabela 6 - Critérios da U.S.E.P.A para água de reúso. ............................................. 37 Tabela 7 - Diretrizes do OMS para uso agrícola de efluentes tratados de ETEs(1989- 2005) ,em relação aos aspectos microbiológicos. .......................................... 38 Tabela 8 - Diretrizes do PROSAB para uso urbano de esgoto sanitários. ................ 39 Tabela 9 - Diretrizes do PROSAB para uso agrícola de esgoto sanitários. ............... 40 Tabela 10 - Variáveis de qualidade e limites propostos para a água de reúso para fins urbanos. ................................................................................................... 41 SIGLAS CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana COMPERJ Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente COV Carga Orgânica Volumétrica DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio DZ Diretriz DQO Demanda Química de Oxigênio ETE Estação de Tratamento de Esgotos FBP Filtro Biológico Percolador INEA Instituto Estadualdo Ambiente OMS Organização Mundial da Saúde SDT Sólidos Dissolvidos Totais SST Sólidos em Suspensão Totais TAS Taxa de Aplicação Superficial TDH Tempo de Detenção Hidráulica UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket USEPA United States Environmental Protection Agency SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13 1. OBJETIVOS .............................................................................................. 15 1.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 15 1.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 15 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 16 2.1 Esgoto Sanitário .................................................................................................. 16 2.2 Composição dos esgotos sanitários ................................................................... 17 2.3 Tratamento dos Esgotos ..................................................................................... 20 2.3.1 Lodo Ativado ................................................................................................ 21 2.3.2 Filtro Biológico Percolador (Filtro Biológico Aeróbio) ................................... 23 2.4 Reúso de Águas Servidas ................................................................................... 25 2.5 Aspectos Legais .................................................................................................. 34 3. METODOLOGIA ....................................................................................... 43 3.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e Alegria ............. 44 3.2 Etapa 02 – Conhecimento dos programas de reúso das ETEs Alegria e Penha 45 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 46 4.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e Alegria ............. 46 4.2 Etapa 02 – Conhecimento dos programas de reúso das ETEs Alegria e Penha 51 5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................... 60 6. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 62 13 INTRODUÇÃO A água, recurso natural renovável de suma importância para o desenvolvimento do ecossistema é um fator vital para a população terrestre, indispensáveis às funções de nutrição, reprodução e proteção de organismos. Ela caracteriza os diversos ambientes, possui valor econômico que reflete diretamente nas condições socioeconômicas das diversas populações. A crise hídrica é causada por diversos fatores como: ocupação territorial desordenada, uso inadequado das águas, ineficiente coleta e tratamento das águas residuárias com o conseqüente lançamento de esgoto não tratado nos corpos de água, lançamento de resíduos sólidos, poluição atmosférica, ineficiência nos sistemas de drenagem, desperdício de água, falta de conscientização ambiental entre outros. Visto a importância vital da água e a crise hídrica presente, é fundamental encontrar alternativas que amenizem esta situação. Por isso o reúso de águas servidas, deve ser estudado e aplicado cada vez mais de forma a preservar os corpos de água. Ressalta-se que o reúso ainda propicia uma redução na captação de água de mananciais para diversos fins. A técnica de Reúso da água, cada vez mais é reconhecida como uma das opções mais inteligentes para a racionalização dos recursos hídricos, entretanto ela depende da aceitação popular, aprovação mercadológica, disponibilidade de recursos tecnológicos e financeiros e vontade política para que esta se torne efetiva. Porém atualmente no Brasil, ainda é uma técnica incipiente já que não é respaldada por uma legislação federal para este fim e não encontra apoio da população, em geral. O principal instrumento utilizado para aplicar a prática do reúso no Brasil é a Norma Brasileira - NBR 13.969/97(ABNT, 1997), que aborda parâmetros para dimensionamento de unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos dos tanques sépticos. Este instrumento, em seu item 5.6 aborda o tema reúso de efluentes com o título “Reúso Local”. Então, desde 1997, algumas legislações passaram a tratar o tema, inicialmente com o objetivo de acumular água de chuva e reutilizá-la. Somente em 2005, o 14 Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH implementou a Resolução CNRH nº 54(Brasil, 2005), que passou a definir modalidades de reúso, mas não apresentou parâmetros de qualidade de água. A partir de então, outros municípios, como Niterói, Campinas, Salvador, aplicaram novas legislações para o mesmo fim. Atualmente, a legislação mais recente sobre reúso de efluentes de Estação de Tratamento de Esgotos – ETE é a legislação municipal de São Paulo n° 16.174, publicada em abril de 2015. Sabe-se que no Brasil não há um bom relacionamento da população com o saneamento ambiental. Dessa forma, práticas de reúso de efluente tratado, nas mais diversas modalidades para uso não portável, se tornam ainda mais complicadas. Por desconhecimento dos riscos reais associados ao tema, a população não se envolve e inicialmente não aceita. Visto a importância do assunto, o presente estudo visa analisar as práticas de reúso já existentes para os efluentes de estações de tratamento de esgoto do município do Rio de Janeiro. 15 1. OBJETIVOS 1.1 Objetivo Geral O projeto tem como finalidade estudar a atual situação de reúso de efluentes no município do Rio de Janeiro, em particular os casos da ETE Penha e da ETE Alegria, que fornecem água de reúso para a Companhia Municipal de Limpeza Urbana – COMLURB e para obras do Projeto Porto Maravilha, respectivamente. 1.2 Objetivos Específicos Conhecer os aspectos legais pertinentes ao reúso de efluentes de ETE; Conhecer os fluxogramas instalados e em operação na ETE Penha e na ETE Alegria; Conhecer os projetos de reúso de efluente das ETEs Penha e Alegria; Realizar análise crítica em relação às práticas de reúso atuais nas duas estações estudadas. 16 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Esgoto Sanitário O Esgoto sanitário é definido como o líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. (ABNT, 1986): Esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do uso de água para higiene e necessidades fisiológicas humanas (ABNT, 1986). Esgoto Industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de lançamento estabelecidos (ABNT,1986). As águas de infiltração representam toda água de origem do subsolo, indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações (TELLES & COSTA, 2010). Contribuição pluvial parasitária é a parcela do deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário (TELLES & COSTA, 2010). A ausência de tratamento do esgoto contribui para a proliferação de doenças parasitárias e infecciosas e contribui para a degradação da reserva hídrica O ideal é ter um sistema de esgotamento sanitário que atenda 100% das residências, comércio e indústria pelas redes coletoras, interceptores e emissários. Seu planejamento e construção devem ser eficientes e personalizados para cada localidade de acordo com seu porte, cultura, características físicas, dentre outros, de modo a oferecer um sistema esgotamento sanitário adequado para minimizar os impactos causados. No Brasil é predominante a utilização do sistema separador de esgotamento sanitário, separando desta forma as águas pluviais as quais seguem em linhas de drenagem independentes não contribuindo à vazãoafluente das ETE’s. Contrário a este modelo tem-se o sistema unitário, onde esgotos e águas pluviais seguem pelo mesmo sistema, sendo necessário que o dimensionamento da ETE considere a parcela que corresponde às águas pluviais. (VON SPERLING, 2014). Nas Figuras 1 e 2 podem-se observar desenhos esquemáticos do sistema separador e do sistema 17 unitário, destacando-se a presença da rede de águas pluviais na Figura 1 e sua ausência na Figura 2. Figura 1 - Desenho esquemático do sistema de esgotamento sanitário separador. Figura 2 - Desenho esquemático do sistema de esgotamento sanitário unitário. Fonte: Von Sperling, 2014. Define-se esgoto urbano como a água que possui impurezas de características orgânicas, enquanto que a água residuária industrial tem suas características de acordo com os produtos utilizados nos diversos processos. Importante ressaltar que esta definição pode sofrer alteração em função do número de habitantes, características econômicas dos centros urbanos, educação, comportamento e conscientização popular. (TELLES & COSTA, 2010) 2.2 Composição dos esgotos sanitários Segundo VON SPERLING (2014), os principais parâmetros físicos dos esgotos domésticos são temperatura, cor, turbidez e odor. A temperatura é um pouco superior à da água de abastecimento, varia conforme as estações do ano, porém comparada à temperatura do ar apresenta-se de forma mais estável. A temperatura ainda exerce considerável influência na atividade microbiana, na solubilidade dos gases e viscosidade do líquido. Ainda segundo VON SPERLING (2014), tratando de aspectos físicos, verifica-se que a cor do esgoto varia em função do seu estado de decomposição, onde o esgoto fresco possui uma cor ligeiramente cinza, enquanto o esgoto em um estágio mais avançado de decomposição, chamado de esgoto séptico, tem coloração cinza escuro ou preto. A turbidez dos esgotos é causada por uma grande variedade de 18 sólidos em suspensão. Os esgotos mais frescos ou que se encontram mais concentrados, normalmente também apresentam maior turbidez. O odor do esgoto fresco é oleoso e relativamente desagradável. O esgoto séptico é fétido em função da liberação de gás sulfídrico (H2S) e outros produtos em decomposição. Tratando de despejos industriais seus odores são característicos em função do efluente liberado após a produção (VON SPERLING, 2014). Em relação aos parâmetros microbiológicos, os principais microrganismos presentes no esgoto são: bactérias, fungos, protozoários, vírus e helmintos. Algumas bactérias são patogênicas e podem causar principalmente doenças intestinais. Porém estes microrganismos possuem papel fundamental na estabilização da matéria orgânica. Os fungos também são importantes na decomposição da matéria orgânica e podem se desenvolver em meios de pH baixo. Os protozoários se alimentam de bactérias, algas e outros microrganismos, e no tratamento biológico são importantes para manter o equilíbrio entre os grupos presentes nos esgotos. Os vírus além de causar doenças podem ser de difícil remoção no processo de tratamento de esgoto. Helmintos são animais superiores e seus ovos presentes nos esgotos também podem causar doenças (VON SPERLING, 2014). Ressalta-se que para avaliar a presença de fezes nos esgotos e, portanto sua capacidade de transmissão de doenças utiliza-se o parâmetro “indicadores de contaminação fecal”. Segundo JORDÃO & PESSÔA (2014), a origem dos esgotos permite que as características químicas sejam classificadas em dois grupos, sendo eles matéria orgânica e matéria inorgânica. Cerca de 70% dos sólidos no esgoto são orgânicos, geralmente formados por combinação entre carbono, hidrogênio e alguns contendo nitrogênio. Os grupos de substâncias orgânicas presentes nos esgotos têm em sua composição principalmente compostos de proteína, carboidratos, ureia, gorduras e óleos. Já em despejos industriais, além de outras substâncias, verifica-se a presença considerável de sulfatantes, fenóis e pesticidas. Segundo JORDÃO & PESSOA (2014), a forma mais utilizada para medição da quantidade de matéria orgânica presente no esgoto é através da determinação da Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Conhecer a quantidade de matéria orgânica presente no esgoto é fundamental para avaliação do seu grau de poluição, além de ser um parâmetro imprescindível no dimensionamento de ETEs e acompanhamento da eficiência do processo de tratamento. Quanto maior o grau de 19 poluição orgânica maior a DBO de um corpo d’água. Conforme ocorre a estabilização da matéria orgânica, verifica-se o decréscimo da DBO. Ainda, o nitrogênio e o fósforo se apresentam em concentrações relativamente altas no esgoto bruto e quando lançados no corpo d’água podem causar eutrofização, principalmente em corpos lênticos. Na Tabela 01, podem-se observar concentrações típicas de alguns constituintes presentes no esgoto bruto. As concentrações dos poluentes indicadas na Tabela 01 devem ser reduzidas para atendimento aos padrões de lançamento de efluentes em corpos d’água, de modo a causar o menor prejuízo ao ambiente. Dessa forma, procede-se o tratamento dos esgotos em unidades específicas para esse fim. Tabela 1 - Concentração típica de constituintes presentes no esgoto bruto Constituinte Esgoto bruto Sólidos em Suspensão Totais (SST) 200 - 400 mg/L Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) 500 - 700 mg/L Nitrogênio amoniacal 20 - 40 mg/L Nitrogênio total 35 – 70 mg/L Fósforo Total 5 - 25 mg/L Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) 350 - 400 mg/L Demanda Química de Oxigênio (DQO) 500 - 700 mg/L Escherichia Coli (NMP) Aprox.. 109 /100 mL Coliforme Termotolerantes (NMP) 105 – 108 /100 mL Coliforme Totais (NMP) 106 - 109 /100 mL Fonte: Jordão & Pessoa, 2014 e Bastos, 2003. 20 2.3 Tratamento dos Esgotos O tratamento de águas servidas se resume na busca eficiente da remoção de poluentes nelas contidas. O dimensionamento hidráulico-sanitário de ETEs se baseia em parâmetros normatizados e variam de acordo com a vazão a ser tratada, finalidade, nível de processamento requerido, parâmetros de qualidade do afluente e pretendidos para o efluente, além do local de lançamento ou reaproveitamento. O lançamento de efluentes em corpos d’água no Brasil fica condicionado à legislação federal pertinente, a saber, CONAMA 430/2011 (Conselho Nacional do Meio Ambiente) ou às legislações estaduais, caso existam. A CONAMA 430 (Brasil,2011) é pouco restritiva em relação aos parâmetros indicadores de matéria orgânica, sólidos e nutrientes e nem sequer menciona os indicadores de contaminação fecal. Já as legislações estaduais em muitos casos são bastante restritivas, como é o caso da DZ.215. R4 (Inea, 2007) estabelecida pelo Instituto Estadual do Ambiente (INEA). Somente para ilustração, ressalta-se que a CONAMA 430 (Brasil, 2011) determina concentração máxima efluente de DBO de até 120 mg/L e a DZ.215-R4 (Inea, 2007), em sua faixa mais restritiva, determina para o mesmo parâmetro, um concentração máxima de até 40 mg/L. Dessa forma, em muitos casos, há uma necessidade de se alcançar excelentes eficiências de remoção desses parâmetros. Alguns dos processos secundários de tratamento de esgotos, hoje em uso no Brasil e no mundo, alcançam esses desempenhos requeridos. Este é o caso do processo conhecido como Lodo Ativado e suas variantes, além dos processos de Filtração Biológica. No presente trabalho será dada ênfase somente ás tecnologias de Lodo Ativado Convencional e filtro biológico Percolador (FBP), já que essas são as tecnologias adotadas nas ETEs Alegria e Penha, respectivamente. 21 2.3.1 Lodo Ativado De acordo com JORDÃO & VOLSCHAN (2009), o processo de lodo ativado é constituído por duas unidades: Tanque de aeração e decantador secundário. No tanque de aeração ocorre a decomposiçãoaeróbia do substrato orgânico solúvel e a formação de flocos biológicos para posterior sedimentação no decantador secundário. Através da recirculação dos sólidos sedimentados no decantador secundário, uma elevada concentração de biomassa é mantida no tanque de aeração, possibilitando a maior permanência da biomassa no sistema e com isso maior garantia de elevada eficiência na remoção da matéria orgânica. Uma parcela dos sólidos sedimentáveis é removida do processo, o que caracteriza a produção excedente de lodo, denominada lodo secundários em excesso, ou simplesmente lodo em excesso ou lodo de descarte. Na Figura 03 pode-se observar o desenho esquemático do fluxograma do processo de lodo ativado. Figura 3 - Desenho esquemático do processo de lodo ativado com ênfase para recirculação do lodo. Fonte: Jordão & Volschan, 2009. Ressalta-se que o fluxograma convencional apresentado na Figura 03 deve ser precedido por remoção de sólidos grosseiros e areia em etapa comumente denominada Tratamento Preliminar. Ainda, o decantador primário convencional pode ser substituído por primário quimicamente assistido ou reator UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket. Por fim, o sistema pode ausentar a etapa primária, caracterizando o processo de aeração prolongada. 22 Para o dimensionamento hidráulico do processo de lodo ativado convencional, deve- se adotar os parâmetros determinados pela NBR 12.209(ABNT, 2011) que estão descritos abaixo: Tanque de aeração (sistema convencional): Idade do lodo: 4 a 15 dias; Relação alimento/microrganismo (A/M): 0,20 a 0,70kg DBO5 aplicado SSVTA. Decantador secundário convencional: Taxa de aplicação superficial para sistema convencional de lodo ativado: 28m³/m². d (para idade do lodo inferior a 18 dias, ou relação A/M superior a 0,15 kg DBO /kg SSVTA.d); Tempo de detenção Hidráulica (TDH) para vazão média: igual ou superior a 1,5 h. Somente para fins de esclarecimento, idade do lodo representa o tempo médio que uma partícula em suspensão permanece sob aeração. É também conhecida como tempo médio de residência dos organismos ou tempo médio de retenção celular. Já o tempo de detenção hidráulica é o tempo que uma partícula leva para entrar e sair do reator. A relação A/M é a quantidade de alimento (substrato) em relação à quantidade de microrganismos presentes no tanque de aeração, representada pelo parâmetro Sólidos em Suspensão Voláteis – SSV. Por fim, a Taxa de Aplicação Superficial, representa a máxima vazão a ser aplicada por unidade de área superficial do decantador. Assim, o sistema de lodo ativado apresenta muito bom desempenho em relação à remoção de matéria orgânica e quando combina câmaras anóxica e anaeróbia ao tanque de aeração, pode também apresentar elevada eficiência de remoção de nitrogênio e fósforo. Porém, em relação à remoção de organismos patogênicos, a tecnologia não apresenta bom desempenho. Dessa forma, com baixa requisição de área, mas elevada demanda de energia elétrica, o processo pode alcançar até 95% de eficiência de remoção de DBO, segundo JORDÃO E PESSÔA (2014). 23 2.3.2 Filtro Biológico Percolador (Filtro Biológico Aeróbio) Segundo JORDÃO & VOLSCHAN (2009), a filtração biológica constitui por um processo no qual a matéria orgânica é estabilizada biologicamente pela ação de organismos aeróbios que apresentam capacidade de aderência a um meio suporte inerte, que pode ser pedra britada (brita n°4), ou um meio estruturado de plástico, ou um meio randômico de peças plásticas. Trata-se, portanto de um processo biológico do tipo “biofilme” ou “biomassa aderida”. A tecnologia não depende da retenção de sólidos que caracteriza o processo físico de filtração de águas e sim da percolação e do escoamento gravitário dos esgotos, em sentido descendente, através dos espaços vazios existentes no meio suporte. Conforme os esgotos são aplicados na superfície da unidade, e descrevem a trajetória em direção ao fundo, entram em contato com a biomassa aderida (biofilme) ao meio suporte, sendo a parcela solúvel da matéria orgânica decomposta aerobiamente. O biofilme cresce à medida que o oxigênio e o substrato orgânico são disponibilizados, até o momento em que, na ausência destes, a biomassa se desprende do meio suporte, formando o floco biológico, para posterior remoção no decantador secundário. Segundo SANTOS (2005), durante o processo, as placas de biofilme se desprendem do meio suporte devido ao grau de estabilização, à tensão de cisalhamento causada pelo gradiente de velocidade de escoamento do líquido entre os vazios, e à indisponibilidade de oxigênio para os microrganismos aeróbios mais próximos ao meio suporte. Por fim, JORDÃO & PESSOA (2014), ainda reportam o desprendimento dos flocos biológicos em função também dos gases acumulados produzidos na camada anaeróbia (camada interna do biofilme mais próxima ao meio suporte), provocando a “explosão” de toda a massa biológica agregada ao meio suporte. A disponibilidade de oxigênio para o processo aeróbio é devido ao gradiente de temperatura entre o interior do reator e o ambiente externo. O processo de filtração biológica aeróbia deve ser precedido de tratamento primário por decantação primária convencional, físico-química ou reator UASB, e seguido de unidade de decantação secundária, como pode ser observado na Figura 04. 24 Figura 4 - Desenho esquemático do processo de Filtro Biológico Percolador. Fonte: Jordão & Volschan, 2009. De acordo com a NBR 12209(ABNT, 2011), os FBP podem ser classificados em alta e baixa carga, podendo também adotar material suporte de pedra ou de plástico. Assim, de acordo com a Norma, FBP que utilizam pedra britada ou seixo rolado devem apresentar meio suporte com altura máxima de 3m e obedecer às seguintes recomendações: Filtros de alta taxa: A carga orgânica volumétrica não pode exceder 1,2kg DBO5/m³.d e a taxa de aplicação hidráulica deve incluir a vazão de recirculação e esta não deve exceder a 50m³/m². d da superfície livre. Filtros de baixa taxa: A carga orgânica volumétrica não pode exceder 0,3kg DBO5/m³.d e a taxa de aplicação hidráulica deve incluir a vazão de recirculação e esta não deve exceder a 5m³/m².d da superfície livre. Ainda segundo a Norma, o FBP que utiliza material de enchimento plástico deve ter meio suporte com altura inferior a 12m e obedecer às seguintes limitações: A carga orgânica volumétrica não deve exceder 3 kg DBO5/m³.d. A taxa de aplicação hidráulica deve incluir a vazão de recirculação e estar compreendida entre 10m³/m².d e 75m³/m².d da superfície livre do leito. Para maiores esclarecimentos, a Carga orgânica volumétrica (COV) é a quantidade (massa) de matéria orgânica aplicada diariamente ao reator, por unidade de volume do mesmo. Já a taxa de aplicação superficial (TAS) é definida como a quantidade de vazão afluente aplicada no reator por uma unidade de área (área superficial do reator). É importante lembrar que para cálculo da carga orgânica volumétrica, deve-se adotar a concentração de DBO afluente ao filtro. Parte da carga orgânica já foi removida no tratamento primário. 25 O material suporte utilizado no Filtro biológico Percolador (FBP) deve ser inerte e rígido e conforme já mencionado, os meios mais usados são pedra britada ou plástico. A pedra britada é mais comumente utilizada e pode ser indicada tanto para baixa como alta carga. Em comparação com o meio plástico, a pedra possui menor superfície específica (em torno de 50 m²/m³), menor índice de vazio (por volta de 50%) e maior peso específico (de 800 a 1400 kg/m³). O meio plástico vem sendo gradativamente mais adotado, porém é mais indicado para alta carga, possui maior custo e apresenta superfície específica em torno de 80 a 500 m²/m³, índice de vazios acima de 90% e peso específico entre 30 a 80kg/m³ (SANTOS, 2005). Assim os FBP possuem elevada eficiência, alcançando em torno de 90% de remoção de matéria orgânica e cada tipo (alta ou baixa taxa) apresenta vantagens e desvantagens. Os de baixa carga apresentam operação simples, sem necessidade de recirculação, elevada eficiência de remoção de DBO e possibilidade de nitrificação, porém ocupam maior área e volume e apresentam maior possibilidade de incidência de insetos e odor. Os de alta carga demandam recirculação, apresentam leve redução de eficiência e não nitrificam, porém ocupam menor área e apresentam menor possibilidade de incidência de insetos e odor. Ressalta-se que unidades preenchidas com meio plástico apresentam ainda maior redução de área, pelo fato de poderem adotar profundidades de até 12m. Os efluentes dos processos tanto de lodo ativado como de filtração biológica apresentam boa qualidade para lançamento em corpos d’água receptores de acordo com as exigências legais brasileiras, porém normalmente requerem tratamento adicional quando se tem o objetivo de reúso, mesmo o Brasil não apresentando legislação nacional para tal prática. 2.4 Reúso de Águas Servidas A poluição dos corpos d’água gerada pela contribuição indevida de águas servidas urbanas tem grande responsabilidade na escassez de água utilizável no planeta. A medida que ocorrem o aumento populacional, intensificação das atividades industriais e agrícolas e diversificação do grau de exigência da sociedade verifica-se por conseguinte o agravamento desta escassez. O consumo total de 26 água nos últimos 100 anos foi multiplicado por 10 saltando da ordem de 500 para 5.000 km³/ano (JORDÃO & PESSÔA, 2014). Tratando-se da conservação e do uso racional da água identificam-se três tipos de programas e ações: os de natureza econômica, social e tecnológica. Como exemplificação do primeiro pode-se citar o Programa Nacional de combate ao Desperdício de Água, do Ministério das Cidades. Este programa tem por objetivo geral promover o uso racional da água de abastecimento público nas cidades brasileiras, em benefício da saúde pública, do saneamento ambiental e da eficiência dos serviços. Tem por objetivos específicos definir e implementar um conjunto de ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes para uma efetiva economia dos volumes de água demandados para consumo nas áreas urbanas, consolidados em publicações técnicas e cursos de capacitação (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015). As campanhas das empresas concessionárias de saneamento, bem como Prefeituras e serviços autônomos de água e esgoto, em benefício da economia do uso de água enquadram-se nas medidas de natureza social. A implementação de dispositivos para a captação e utilização de água de chuva é um dos exemplos de ação de natureza tecnológica, além do Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB) que teve dentre outras atividades uma atuação direcionada à pesquisa tecnológica em relação ao uso racional da água chegando a publicar dois livros resultantes dos trabalhos desenvolvidos pela sua rede cooperativa de pesquisas. Uma das principais ações de uso racional da água no mundo trata-se da reutilização de águas servidas após tratamento adequado. Dessa forma, o reúso de águas servidas ou simplesmente reúso, como nomenclatura genérica adotada para esta atividade implica na sua inserção no quadro de aproveitamento de recursos hídricos em seu nível macro ou localizado, conforme o caso, mas visando sempre a otimização deste aproveitamento (JORDÃO & PESSOA, 2014). TELLES & COSTA (2010) definem o reúso como o aproveitamento do efluente após uma extensão de seu tratamento, com ou sem investimentos adicionais. Ressalta-se que a prática de reúso é um tem emergente no Brasil e, portanto algumas barreiras ainda devem ser transpostas, como a aceitação do público, mesmo sendo tecnicamente possível e financeiramente viável. 27 As principais aplicações de reúso têm sido em: Irrigação de áreas cultiváveis; Aspersão de áreas de parques e campos esportivos; Reúso industrial; Uso domiciliar e comercial como água não potável; Uso público; Uso na construção civil; Reúso nas atividades do setor de saneamento; Reservação para fins recreacionais. No Brasil, a prática de reúso, ainda incipiente, tem sido realizada principalmente nos serviços urbanos de lavagem de ruas e de veículos de limpeza urbana, na construção civil e nos serviços de saneamento em geral, como por exemplo, a desobstrução de galerias pluviais e/ou redes de coleta de esgotos. Na área industrial, esta prática tem sido mais comum, até por questões de minimização de custos. Por fim, na agricultura e áreas florestais, o reúso vem ganhando força na região sudeste por imposição da escassez hídrica, porém na região nordeste é prática comum, pela histórica baixa disponibilidade de recursos hídricos. Ainda, o reúso local, em residências, hotéis, prédio públicos e outras edificações, também vem sendo introduzido no cenário nacional. Dessa forma, uma classificação das origens das águas reusadas vem sendo realizada através de cores, tais como: Águas azuis – são as águas proveniente do aproveitamento da água de chuva; Águas negras – são as águas proveniente dos vasos sanitários, onde há contaminação por fezes; Águas cinzas – são as águas oriundas de lavatórios, boxes de chuveiros e banheiras, pias de cozinha, tanques e máquinas de lavar. Ressalta-se que algumas definições excluem dessa categoria as águas provenientes das pias de cozinha pelo fato de apresentar elevadas quantidades de óleo; Águas amarelas – representam urina proveniente de mictórios ou de vasos sanitários projetados para efetuar a segregação da mesma. 28 As águas cinza são as mais propícias para o reúso, com destaque para edificações, pois possibilitam considerável economia de água potável e redução na contribuição de esgoto para a rede coletora. De forma mais abrangente também possibilitam redução no consumo de energia elétrica, pois minimizam a contribuição para estações de tratamento de esgoto. Porém, há que se ressaltar que neste caso, existe a necessidade de uma rede dupla de fornecimento de água de reúso e água potável, além de tratamento adequado, encarecendo a instalação e dificultando a operação dos sistemas. A utilização de águas cinza pode ser feita principalmente em descargas de vasos sanitários, lavagem de automóveis, redes de combate à incêndio, água para caldeira, uso em jardins, dentre outros. É importante que a distribuição desta água seja previamente considerada em projeto e que a sua qualidade final esteja de acordo com o uso e aplicação pretendidos. Atualmente muitos edifícios estão implanto o conceito de reutilização através de sistemas para aproveitamento desta água cinza, possibilitando inclusive algumas certificações prediais. Essa é uma das exigências para a certificação do Green Building e pode ser encontrada nas instalações do Hotel Windsor em Copacabana, no Município do Rio de Janeiro. Saúde Pública A principal preocupação com a prática do reúso reside na proteção da saúde pública. Este é na verdade o ponto mais importante a ser considerado para garantir uma água segura em relação ao seu uso final. A qualidade da água utilizada e seu objetivo específico de reúso estabelecem os níveis de tratamento recomendados, seus critérios de segurança e os custos de operação e manutenção envolvidos. É sabido que mesmo os efluentes tratados em nível secundários ainda apresentam elevadas concentrações de organismos patogênicos. Dessa forma, uma regra geral para o reúso, independente do tipo, tem sido a desinfeção dos efluentes para garantia da minimização dos riscos de proliferação de doenças. Na Tabela 2 é mostrada a remoção típica de microrganismos no processo de lodos ativadose na tabela 3 a percentagem de redução de organismos patogênicos no Filtro biológico e Lodos Ativados. 29 Tabela 2 – Remoção (Casas Logarítmicas *) de Microrganismos segundo processo de tratamento. Microrganismo Lodos Ativados Coliformes fecais 0 – 2 Salmonella 0,5 – 2 Mycobaterium tuberculosis 0 – 1 Shigella 0,7 – 1 Giardia lamblia 2 Ovos de helmintos <0,1 Vírus entéricos 0,6 – 2 (*) 1 log = remoção de 90%; 2 log = remoção de 99%; 3 log = remoção de 99,9%; 6 log = remoção de 99,9999% Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. Tabela 3 – Percentagem de Redução de Organismos Patogênicos nos Processos de Filtro Biológico e Lodo Ativado. Parâmetro Filtro Biológico Lodo Ativado Vírus entéricos 90 - 95 90 - 99 Bactérias 90 - 95 90 - 99 Protozoários 50 - 90 50 Hemlintos 50 - 95 50 - 99 Fonte: Jordão & Pessoa, 2009. É possível observar que existe uma relação entre riscos à saúde e ao meio ambiente, qualidade final da água reusada e custos. À medida que se deseja maior qualidade e maior proteção à saúde, maiores são os custos de implantação do processo de reúso, de modo que um objetivo de maior proteção à saúde resulta em menor risco (JORDÃO & PESSÔA, 2014). Um bom entendimento sobre isso permite associar aos países mais desenvolvidos e industrializados, uma prática de reúso que percorra o alcance de padrões de qualidade extremamente exigentes, levando à necessidade de elevados investimentos e consequentemente baixíssimos riscos. Ao passo que países em desenvolvimento que já iniciaram a prática de reúso, vêm adotando tecnologias mais 30 simples, que são compatíveis com os seus recursos econômicos, portanto alcançando um risco controlado. De maneira geral, a prática de reúso de águas servidas é classificada em reúso industrial, urbano e agrícola/florestal, sendo que todos eles devem obedecer critérios de qualidade de forma a minimizar os riscos. Reúso Industrial É sabido que os custos elevados da água industrial no Brasil, particularmente nas regiões metropolitanas, têm estimulado o setor a implantar sistemas de reúso de água que viabilizem a maximização da eficiência no uso dos recursos hídricos. Essa atividade tende a se ampliar diante das novas legislações associadas aos instrumentos de outorga e cobrança pela utilização dos recursos hídricos, tanto na captação da água como no despejo de efluentes, conforme previsto na Política Nacional de Recursos Hídricos, Lei Federal Brasileira n° 9433 de 1997. Assim, podem-se citar como principais benefícios da aplicação do reúso no setor industrial, os seguintes: Maximização da eficiência na utilização dos recursos hídricos; Benefícios referentes à imagem ambiental da empresa relacionada à adoção de postura proativa com o meio ambiente; Garantia na qualidade da água tratada; Viabilização de um sistema “fechado”, com descarte mínimo de efluentes; Credenciamento da empresa para futuros processos de certificação ambiental; e Independência do sistema público e de suas instabilidades, garantindo o abastecimento contínuo da indústria. A água na indústria pode possuir várias aplicações: Como matéria prima, fluido auxiliar de diversas atividades, meio de transporte, agente de limpeza, geração de energia elétrica, como fluido de aquecimento e, ou, resfriamento. Com isso a qualidade para as diversas aplicações pode ser requerida de acordo com seu uso. Os efeitos de alguns poluentes normalmente presentes na água de reúso podem ser observados na Tabela 4. 31 Tabela 4 - Parâmetros de interesse no Reúso Industrial. Parâmetros Efeitos principais Alcalinidade Afeta a estabilidade do pH Amônia Interfere com a formação de cloro residual livre, favorece o crescimento microbiológico Cálcio e Magnésio Incrustação Sulfeto de hidrogênio Corrosão, geração de odors Ferro Incrustação e manchas Qualidade microbiológica da água Possibilidade de entupimentos Nitratos Favorece o crescimento de microorganismos PH Pode afetar reações químicase as solubilidade Fósforo Incrustação, favorece o crescimento de microorganismos Matéria orgânica residual Favorece o crescimento de microorganismos, formação de crostas, limo, e escuma Sílica Incrustação Sulfatos Corrosão Sólidos em suspensão Deposição, crescimento microbiológico Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. Cada tipologia de indústria leva a um efluente com características específicas e a sua adequação ao reúso deve considerar além da obrigatória atenção à qualidade, também os efeitos potenciais à saúde dos usuários nas instalações do parque industrial. 32 Reúso Urbano A água usada é um recurso valioso, se considerado que a maioria dos usos não requer a qualidade de água potável. Uma vez utilizada, a mesma pode ser tratada e reusada, reduzindo desta forma a pressão sobre mananciais, colaborando para sua preservação e para o aumento da disponibilidade de água doce (ANDERSON, et al., 2001). Usos como irrigação de áreas verdes, jardins, parques, praças, cemitérios, faixas decorativas em estradas, cinturões verdes, lavagem de pisos em edifícios públicos e privados, lavagem e desobstrução de dutos, sistemas decorativos aquáticos, compactação de solo e controle de poeira na construção civil, são aplicações que não necessitam da alta qualidade de água potável e desta forma podem ser atendidas com efluente devidamente tratado considerando a exigência de cada utilização. Como abordado anteriormente, as águas cinza possuem grande potencial de reaproveitamento. Considerando este fato, a separação e direcionamento para tratamento e reúso local implicariam em reduções de até 40% da demanda doméstica (FLORENCIO, BASTOS, AISSE, 2006). O que é fortalecido pela boa aceitação da população para o uso destas águas em descargas de vasos sanitário. Os usos urbanos não potáveis possuem riscos menores e em áreas urbanas devem ser considerados a primeira opção de reúso. Porém, quando ocorre contato direto com o público são necessários cuidados especiais para evitar contaminação, como, por exemplo, em jardins, hotéis, áreas turísticas, dentre outros. Os problemas relacionados ao reúso urbano não potável são principalmente os custos elevados para implantação e operação de sistemas duplos de distribuição e riscos de ocorrência de conexões cruzadas nos sistemas. No entanto existem muitos países que exercem a prática do reúso urbano não potável, como por exemplo, Fukuoka no Japão, onde muitos sistemas operam com duas redes de distribuição de água, sendo uma com esgoto doméstico tratado a nível terciário, que é utilizado em descargas e irrigação de árvores urbana além de aplicações industriais (FLORENCIO, BASTOS, AISSE, 2006). 33 Reúso Agrícola O consumo da água na agricultura irrigada é bastante elevado em relação aos outros tipos de uso. Dados revelam que o consumo de água na agricultura brasileira é em torno de 61% da água doce total (CHRISTOFIDIS, 2001). Em função do crescimento e expansão do agronegócio no território nacional existe uma previsão de aumento considerável deste percentual de consumo do setor. Desta forma a utilização de fontes alternativas de água para suprir a demanda da agricultura é altamente desejável, possibilitando inclusive realocação dos recursos hídricos utilizados para outros setores da economia. De acordo com PHILLIPI Jr. et al (2004), uma redução de 10% na água utilizada na agricultura pode gerar um aumento de 60% na oferta do recurso para o uso doméstico. Grande parte das águas residuária oriundas dos sistemas de tratamento de esgoto possuem considerável potencial para utilização na irrigação agrícola, possibilitando menor utilização da água apropriada ao consumo de primeira necessidade do homem. Considerando que a utilização de esgotos sanitários tratados na irrigação seja feita de maneiracontrolada, os benefícios são grandes, pois além de reduzir a demanda por água potável, também é uma maneira de pós-tratamento dos efluentes pelo sistema solo-planta, que atua absorvendo e retendo nutrientes, poluentes e organismos patogênicos remanescentes (BOUWER e CHANEY, 1974 apud FLORENCIO, BASTOS, AISSE, 2006). Este sistema atua como reator renovável, onde esgotos passam a ser fonte de energia e não problemas ambientais (PAGANINI, 1997). Os efluentes tratados, quando lançados diretamente em corpos hídricos, ainda geram determinada poluição, porém quando utilizados na irrigação tornam-se fonte de água e conforme suas características químicas também fornecem nutrientes, principalmente o nitrogênio. Essa presença de nutrientes no efluente permite com que o mesmo seja considerado um recurso de expressivo valor econômico, pois reduz a necessidade de utilização de fertilizantes minerais nas plantações. Apesar de inúmeras vantagens na utilização de efluentes tratados para o processo de irrigação, são necessários cuidados e controles com todos os dispositivos do sistema, de maneira que possa ser minimizada principalmente a veiculação de doenças aos trabalhadores do cultivo e à população que consome o 34 produto agrícola. Além disto, é importante monitorar o solo e as plantas para evitar, por exemplo, processo de obstrução dos poros do solo dificultando o fluxo de soluções e outros tipos de alterações no mesmo. 2.5 Aspectos Legais Embora a prática de reúso já seja aplicada no Brasil, principalmente em regiões de escassez hídrica, não existe por enquanto uma legislação nacional que defina os padrões de qualidade e critérios recomendados para as diversas atividades de reúso. É sabido que o reúso de água residuária tratada pode colocar em risco a saúde de usuários e operadores de sistemas, em função da qualidade do efluente e da tipologia de reúso. Assim, países desenvolvidos, com recursos financeiros e tecnológicos, buscam minimizar o risco, com a desvantagem do custo elevado. Já no caso do Brasil, busca-se um risco aceitável, dentro das condições financeiras e tecnológicas de um país em desenvolvimento. Atualmente, em relação aos aspectos legais, no Brasil existe a Resolução CNRH n° 54(Brasil, 2005), do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, que apenas limita as modalidades de reúso; a CNRH 121 (Brasil, 2010) que estabelece diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável da água na modalidade agrícola e florestal definida na CNRH 54 (Brasil, 2005); e a Norma Brasileira - NBR 13.969 (ABNT, 1997) que aborda tratamento complementar de tanque séptico e em seu item 5.6, denominado “Reúso Local”, indica alguns parâmetros e modalidades de reúso. Nos âmbitos municipal e estadual, algumas legislações já foram implementadas, como é o caso da Lei Municipal Niterói/RJ 2.856/2011 que estimula a instalação de sistema de coleta e reutilização de águas servidas em edificações públicas e privadas; da Lei Estadual de São Paulo CRH 156/2013 que estabelece diretrizes para o reúso direto de água não potável proveniente de ETEs de sistemas públicos para fins urbanos; da Lei Municipal Campinas/SPSVDS/SMS 2014 que estabelece modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso não potável da água das ETEs de Sistema Públicos do município; e por fim, da Lei municipal de São Paulo n° 16.174 de 2015, que determina regramento e medidas para fomento ao reúso de água para aplicações não potáveis, oriundas do polimento do efluente 35 final do tratamento de esgoto, de recuperação de água de chuva, da drenagem de recintos subterrâneos e de rebaixamento de lençol freático; além de outras. Tanto no estado do Rio de Janeiro como no município, não há regulamentação para a prática de reúso de efluente de ETE, portanto serão apresentados no presente trabalho, valores de referência abordados na NBR 13.969(ABNT, 1997), nos Guidelines for Water Reuse da Agência de Proteção Ambiental Americana USEPA (2004), nas Diretrizes da Organização Mundial da Saúde, OMS (1989) e nas recomendações de estudos realizados pelo Programa de Pesquisa em Saneamento Básico apresentados por JORDÃO & PESSOA (2014). A NBR 13.969(ABNT, 1997), em seu item 5.6 (Reúso Local) tem o objetivo de regulamentar a possibilidade de reúso dos efluentes tratados de tanques sépticos e respectivas unidades de tratamento complementar. Esta prevê usos possíveis para esses efluentes e estabelece as classes de reúso e os respectivos padrões de qualidade a serem seguidos, de acordo com a Tabela 5. Somente como informação adicional, segundo JORDÃO & PESSÔA (2014), a classificação de reúso e seus respectivos padrões de qualidade não deveriam constar na NBR 13.969(ABNT, 1997), pois a responsável pela elaboração desta, a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT extrapolou seus objetivos, sendo indicado que a mesma promova a revisão desse documento e elabore uma norma específica para padrões de qualidade de água reusada. 36 Tabela 5 - Classes de Reúso e Parâmetros de acordo com a NBR 13.969/(ABNT, 1997). Classes Finalidade Turbidez uT CF NMP/100 ml SDT Mg/l Cloro Res. Mg/l pH 1 Lavagem de carros e outros usos que requerem o contato direto do usuário com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo chafarizes. 5 200 200 0,5-1,5 6-8 2 Lavagem de pisos, calçadas e irrigação de jardins, manutenção de lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes. 5 500 - >0,5 - 3 Reúso nas descargas de vasos sanitários 10 500 - - - 4 Reúso nos pomares, cereais, forragens, pastagens para gados e outros cultivos através de escoamento superficial ou por sistema de irrigação pontual . - 5000 - - - Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. A agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA) divulgou em nível federal e estabeleceu seus Guidelines for water reuse em 1992, revisado em 2004. As recomendações da U.S.E.P.A são detalhadas para vários tipos de reúso, conforme tabela 6, sugerindo também outros parâmetros de controle, respectivos processos de tratamento e os usos da água reutilizada. No entanto pelas particularidades, cada estado que pratica reúso deve definir regulamentação específica. Estas recomendações são consideradas mais brandas que as do estado da Califórnia, Water Recucling criteria (Califórnia, 2000), por exemplo. Entretanto ainda que mais brandas que as normas da Califórnia, são igualmente muito exigentes. 37 Tabela 6 - Critérios da U.S.E.P.A para água de reúso. Tipos de reúso Limites recomendados Reúso Urbano: Todos os tipos de irrigação de áreas jardinadas (campos de golfe, parques, cemitérios, lavagem de carros, descargas de banheiros, combate a incêndios, sistemas comerciais de ar condicionado, e outros usos com acesso a exposição semelhante à água . Represas de uso recreacional: Contato secundário (como pesca e remo), ou contato primário quando permitido. pH=6 a 9 DBO ≤10 mg/L Turbidez ≤ 2Ut CF- Não detectável Cloro Residual ≥1 mg/L Irrigação com acesso restrito, proibido ou pouco frequente: gramados, áreas florestadas. Represas paisagísticas: em que o contacto primário não é permitido Reúso na construção civil: compactação do solo. Controle de poeira, lavagem de agregado e preparo de concreto pH=6 a 9 DBO ≤30 mg/L SST≤30 mg/L CF≤200/100mL Cloro Residual ≥1 mg/L Reúso agrícola - Plantação de alimentos que não são processados industrialmente: Irrigação de superfície ou por aspersão de quaisquer alimentos, incluindo aqueles que podem ser consumidos crus pH=6 a 9 DBO ≤10 mg/L Turbidez ≤ 2Ut CF- Não detectável Cloro Residual ≥1 mg/L Reúso agrícola - plantação de alimentos processados industrialmente: irrigação de superfície de pomares e vinhedos Reúsoagrícola - Plantação de não alimentos: pasto para gado, leiteiro, forragem, fibras, grãos Reúso industrial: Torres de resfriamento Uso em pântanos, terras úmidas, habitat de vida selvagem pH=6 a 9 DBO ≤30 mg/L SST≤30 mg/L CF≤200/100mL Cloro Residual ≥1 mg/L Recarga de aqüíferos Variável em local e uso Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade 38 A organização Mundial de Saúde – OMS divulgou e estabeleceu seus Guidelines for use of wastewater in agricuture and aquaculture em Genova publicado em 1989 , com suas categorias e parâmetros apresentados na tabela 7. São diretrizes mais adequadas a países em desenvolvimento, aceitando-se que a qualidade microbiológica de efluentes tratados usados em irrigação de culturas consumidas cruas, bem como em campos esportivos ou parques públicos, nos casos em que existem grupos de trabalhadores, ou consumidores, ou público exposto, possa ser igual ou inferior 1.000 NMP CF/100 ml, como média geométrica, e indicam que lagoas de estabilização em série podem alcançar esta qualidade microbiológica, em regiões de clima quente. Tabela 7 - Diretrizes do OMS para uso agrícola de efluentes tratados de ETEs(1989-2005) ,em relação aos aspectos microbiológicos. Categoria Uso agrícola Público exposto CF≤100mL (a) Ovos de helmintos (b) A Irrigação de culturas ingeridas cruas, campos de esporte e parques. Trabalhadores, consumidores, público <=1000 <=1 B Irrigação de culturas não ingeridas cruas, como cereais, para a indústria, pastos, forragens e árvores(c). Trabalhadores Não se recomenda <=1 C Irrigação de culturas da categoria “B” se os trabalhadores e o público e não ficam expostos. Nenhum Não se aplica Não se aplica Fonte: WHO(1989) Observações: (a) Média geométrica; durante o período de irrigação <= 200 CF/100 mL quando se tratar de gramados públicos onde o público tem contato direto ; (b) Média aritmética, espécies de nematoides específicos; (c) no caso de árvores frutíferas, a irrigação deve ser suspensa duas semanas antes da colheita. https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade 39 Por fim, BASTOS & BEVILACQUA (2006) estudaram e propuseram diretrizes para alguns tipos de reúso no Programa de Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB), hoje extinto. As tabelas 8 e 9 , apresentam respectivamente estas diretrizes para reúso urbano e agrícola. Tabela 8 - Diretrizes do PROSAB para uso urbano de esgoto sanitários. Categoria Limites recomendados Observações Usos irrestritos (irrigação de campos de esporte, parques, jardins cemitérios, e etc.), usos ornamentais e paisagísticos em áreas com acesso irrestrito ao público, limpeza de ruas e outros usos com exposição similar. CF≤200/100mL Ovos de helmintos≤1/L Não há restrição de DBO, DQO e SST; o efluente deve apresentar uma qualidade estética não objetável. Usos restritos (parque, canteiros de rodovias, e etc), usos ornamentais e paisagísticos em áreas com acesso controlado ou restrito ao público abatimento de poeira em estradas vicinais, usos na construção (compactação do solo, abatimento da poeira , etc.) CF≤10.000/100mL Ovos de helmintos≤1/L Não há restrição de DBO, DQO e SST; o efluente deve apresentar uma qualidade estética não objetável Uso predial (descarga de toaletes) CF≤1.000/100mL Ovos de helmintos≤1/L Para efluentes com concentração de DBO e NO3 inferiores a 30 e 50 mg/L respectivamente, e potencial de oxi – redução≥ 45Mv, não é esperada a geração de odores no sistema de armazenamento. Fonte: Bastos & Bevilacqua, 2006. https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade 40 Tabela 9 - Diretrizes do PROSAB para uso agrícola de esgoto sanitários. Categoria Limites recomendados Observações Irrigação irrestrita (irrigação superficial ou por aspersão de qualquer cultura, inclusive culturas alimentícias consumidas cruas CF≤1.000/100mL Ovos de helmintos≤1/L CF≤1000/100mL No caso de irrigação por gotejamento de culturas que se desenvolvem distantes do nível do solo ou técnicas hidropônicas em que o contato com a parte comestível da planta seja minimizado Irrigação restrita (irrigação superficial ou por aspersão de qualquer cultura não ingerida crua; inclui culturas alimentícias e não alimentícias, forragens, pastagens e árvores; inclui também hidroponia) CF≤10.000/100mL Ovos de helmintos≤1/L CF≤10000/100mL No caso de barreiras adicionais de proteção ao trabalhador. É facultado o uso de efluentes primários e secundários de técnicas de tratamento com reduzida capacidade de remoção de patógenos desde que associado a irrigação subsuperficial (nesse caso não se aplicam limites) Fonte: Bastos & Bevilacqua, 2006. Observações: CF – Média geométrica durante o período de irrigação; nematóides - Média aritmética durante o período de irrigação. Ainda de acordo com JORDÃO & PESSÔA (2014) com a ausência de uma legislação que norteie e afirme os padrões de qualidade para o reúso, as práticas adotadas no momento procuram considerar as diversas utilizações da água. As mais exigentes tentam guiar-se pelos padrões norte americanos e as outras mais flexíveis contemplam os aspectos econômicos. Uma regulamentação ideal precisaria abordar os padrões de qualidade a serem obedecidos de acordo com o uso pretendido, aspectos de tratamento complementar, quando necessário, recomendações quanto ao monitoramento da água de reúso, quanto a sua reservação e outros pontos de especificidade da própria reutilização. Desta forma se faz necessário a existência de normas específicas que regulamentem o reúso de forma eficiente e segura, evitando os riscos de https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade 41 contaminação da água por bactérias, vírus, protozoários, micro poluentes orgânicos e inorgânicos e metais pesados. Alguns pesquisadores vêm apresentando propostas de protocolos e diretrizes para a prática do reúso, como é o caso de CUNHA (2008) que propôs indicadores mais relevantes da qualidade da água de reúso de acordo com as preocupações de cada um dos usos urbanos escolhidos (Tabela 10) e SOUSA (2008) que apresentou um conjunto de diretrizes para implantação de sistemas de reúso de água em condomínios. Tabela 10 - Variáveis de qualidade e limites propostos para a água de reúso para fins urbanos. Variável Limites Coliformes termotolerantes Não detectável Sólidos Dissolvidos Totais <500mg/L DBO <10 mg/L Óleos e Graxas Virtualmente ausentes Turbidez <5 uT Cloro Residual 1 a 5mg/L Odor Não objetável Fonte: Cunha, 2008. SOUSA (2008) elaborou uma proposta de diretrizes para reúso em condomínios e apresentou um protocolo em forma de itens a serem estudados para o projeto e implantação das instalações necessárias. Esse protocolo leva em consideração: Aplicações da água de reúso somente para fins não potáveis: descargas em vasos sanitários; regas de jardim; lavagem de piso e ruas; usos ornamentais e reserva de incêndios. Levantamento sócio econômico do público-alvo do empreendimento: Verificar o grau de instrução e conhecimento sobre a prática de conservação e reúso de água,; verificar aceitação e interesse do público empreendedor. 42 Estudo dos tipos de tratamentos mais adequados conforme aplicação desejada: Tratamento compatível com a qualidade dos efluentes brutos e com os requisitos de qualidade para os usos previstos e verificar os requisitos de qualidade da água de reúso. Verificação das características necessárias para os sistemas de reservação e redes de distribuição tanto da água potável como da água de reúso: Reservação da água de reúso, redes duplas de distribuição de água (potável e de reúso), implantar a rede de água potável acima da rede de água de reúso; redes duplas de coleta de esgoto, em caso de reúso de águas cinza somente; sinalização adequada dos reservatórios, redes de distribuição, e torneiras com saída para água de reúso; adoção de tubulação de cores diferentes para a rede de água potável e a rede de água de reúso. Restrições de acesso ao sistema de reúso. Levantamento dos perigos e pontos críticos de controle (PCC). Identificação dos pontos críticos de controle (PCC). 43 3. METODOLOGIA A metodologia do presente trabalho teve como base um amplo entendimento em relação à prática de reúso de águas servidas que vem sendo adotada em todo mundo e principalmente no Brasil, bem como aspectos legais aplicáveis. Para isso, foram adotadas como objeto de estudo duas ETEs que aplicam o reúso de efluentes para fins não potáveis no município do Rio de Janeiro: ETE Alegria e ETE Penha, operadas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro - CEDAE. As ETEs Alegria e Penha estão localizadas nos bairros do Caju, próximo ao porto e Penha, às margens da Av. Brasil, respectivamente. Imagens de satélite da localização de ambas podem ser observadas nas Figuras 5 e 6. Figura 5 - Imagem de satélite da localização da ETE Alegria. Fonte: Google Maps, acesso em novembro 2015-11-06. 44 Figura 6 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. Fonte: Google Maps, acesso em novembro 2015-11-06. Assim, além de intensa revisão bibliográfica, a metodologia foi desenvolvida em duas etapas, a saber: 3.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e Alegria Como já foi dito anteriormente, para cada finalidade de reúso há um padrão de qualidade adequado a ser atendido. Desta forma é de fundamental importância ter conhecimento sobre o efluente resultante dos tratamentos nessas Estações em questão, sendo necessário o entendimento dos fluxogramas adotados em ambas. Ressalta-se no presente trabalho não foi questionada e/ou avaliada a prática de reúso exercida pela CEDAE. Somente os dados operacionais foram coletados diretamente com operadores, nas visitas técnicas realizadas pelos autores. 45 3.2 Etapa 02 – Conhecimento dos programas de reúso das ETEs Alegria e Penha A etapa dois consistiu em pesquisar os programas de reúso aplicados nas ETE’s Alegria e Penha com o objetivo de compreender melhor o atual panorama das práticas de reúso que estão sendo empregadas no Município do Rio de Janeiro. Para isso, foi necessária a realização de visitas técnicas às Estações de Tratamento, de forma a estabelecer diálogos com os operadores; de visitas às feiras livres atendidas pelo sistema de reúso resultante da parceria entre a Companhia Municipal de Limpeza Urbana – COMLURB e CEDAE; além da busca de materiais disponíveis nos websites da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Governo do Estado, da COMLURB, e da CEDAE. 46 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados do trabalho de maneira análoga à metodologia serão apresentados em duas etapas, a saber: 4.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e Alegria ETE Alegria Segundo o memorial descritivo da ETE Alegria, disponibilizado no website da Secretaria de obras do Estado do Rio de Janeiro o Sistema Alegria de esgotamento sanitário, do qual faz parte a ETE, abrange uma área contribuinte esgotável total de 8.634 ha. A Estação, em operação desde 2008, foi dimensionada em sua totalidade para tratar na etapa final a vazão média de 5,0 m³/s de esgotos no grau de tratamento secundário, beneficiando uma população estimada em torno de 2.500.000 habitantes. No estágio atual está implantado todo tratamento preliminar e primário para vazão média de 5,0 m³/s, enquanto que no tratamento secundário, 95% das obras civis estão concluídas para 5,0 m³/s. Em relação às montagens eletromecânicas, estas foram concluídas somente para vazão de 2,5 m3/s. O fluxograma completo da fase líquida da ETE Alegria é composto por gradeamento e caixa de areia, perfazendo o tratamento preliminar; decantador primário que corresponde à etapa primária; lodo ativado convencional com tanque de aeração por ar dissolvido e decantador secundário compondo a etapa secundária. Todas essas etapas, exceto à preliminar, podem ser visualizadas na Figura 7. 47 Figura 7 - Fotografia aérea da ETE Alegria. A vazão atual de operação é de 2,5 m3/s da Estação de Tratamento de Esgotos da Alegria e beneficia uma população em torno de 1.250.000 habitantes. Os esgotos coletados e tratados na Estação da Alegria, a nível secundário, são lançados no Canal do Cunha (Figura 8), com redução da carga orgânica em torno de 95%. Ressalta-se que antes da Estação Alegria estes esgotos eram lançados “In Natura” na baia da Guanabara. 48 Figura 8 - Efluente final de lançamento da ETE Alegria. Em relação à qualidade dos efluentes, segundo informações da área técnica de operação da Estação, o efluente atende aos padrões de lançamento estabelecidos pela legislação pertinente, DZ INEA 215. R4 (Inea, 2007). ETE Penha A ETE Penha, segundo RAMOS et al (2005), funcionou durante muitos anos, com duas tecnologias distintas de tratamento secundário: lodo ativado convencional e filtração biológica. Entretanto ha aproximadamente 10 anos, segundo a operação técnica da Estação, os filtros biológicos encontram-se desativados. Pode-se observar na Figura 9, o desenho esquemático operacional da ETE Penha, desenhado no quadro da sala de cursos, fotografado em visita técnica realizada em novembro de 2015. Já na fotografia da Figura 10, podem ser observadas as unidades que compõem a ETE Penha em imagem de satélite. Somente a título de informação e curiosidade, a ETE Penha encontra-se em operação desde 1940, sendo essa, umas das primeiras unidades de maior porte implantadas com essa tecnologia no Brasil (JORDÃO & PESSÔA, 2014). E de acordo com RAMOS et al (2005) a capacidade máxima da Estação era de 1200 L/s em 2005, entretanto devido a ligações clandestinas e crescimento urbano desordenado acredita-se que essa vazão atualmente possa chegar a 1600L/s, 49 segundo operadores. Essa vazão atualmente é de difícil quantificação, pois o equipamento que fazia está medição não está funcionando. Figura 9 - Desenho esquemático operacional da ETE Penha desenhado no quadro da sala de cursos. Figura 10 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. Filtro Biológicos Percoladores Decantadores Primários Tratamento Preliminar Decantadores Secundários Tanque de Aeração Fonte: Google Maps, acesso em novembro 2015-11-06. Assim, a vazão atual de operação encontra-se em torno de 1600L/s com concentração média de DBO afluente de 330 mg/L. Em relação à qualidade dos 50 efluentes, segundo informações da área técnica de operação da Estação, o efluente, assim como o da ETE Alegria, atende aos padrões de lançamento estabelecidos pela legislação pertinente, DZ INEA 215.R4(Inea, 2007). Na Figura 11, pode-se observar a qualidade do efluente em canal que deságua
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