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Análise das Práticas de Reúso

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 
Centro de Tecnologia e Ciências 
Faculdade de Engenharia 
 
 
 
 
 
Augusto César dos Santos Manhães 
Bruna Magalhães de Araujo 
 
 
 
 
 
 
Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de 
Tratamento de Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Alegria 
e ETE Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro 
2015 
 
 
Augusto César dos Santos Manhães 
Bruna Magalhães de Araujo 
 
 
 
 
Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de 
Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Alegria e ETE Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Orientadora: Ana Silvia Pereira Santos, D.Sc. 
 
Rio de Janeiro 
2015 
Projeto final de graduação submetido à 
avaliação do corpo docente do 
Departamento de Engenharia Sanitária e 
do Meio Ambiente, da Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro, como requisito 
para obtenção do grau de Engenheiro 
Civil. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autorizamos, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou 
parcial desse trabalho. 
 
 
_______________________________ ___________________ 
Assinatura Data 
 
_______________________________ ___________________ 
Assinatura Data 
 
 
 
 
Augusto César dos Santos Manhães 
Bruna Magalhães de Araujo 
 
Análise das Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de 
Esgoto do Município do Rio de Janeiro – ETE Alegria e ETE Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aprovado em 16 de dezembro de 2015 
Banca Examinadora: 
 
_________________________________________________ 
Professora Dra. Ana Silvia Pereira Santos, D. Sc. (orientadora) 
Faculdade de Engenharia – UERJ 
 
_________________________________________________ 
Professora Dra. Daniele Maia Bila, D. Sc. 
Faculdade de Engenharia – UERJ 
 
_________________________________________________ 
Engenheiro Fábio dos Santos Ambrósio 
Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE 
 
Rio de Janeiro 
2015 
Projeto final de graduação submetido à 
avaliação do corpo docente do 
Departamento de Engenharia Sanitária e 
do Meio Ambiente, da Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro, como requisito 
para obtenção do grau de Engenheiro 
Civil. 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Eu, Augusto César dos Santos Manhães agradeço primeiramente a Deus, por ter 
me capacitado permitindo que eu chegasse até aqui, apesar de todos os desafios e 
obstáculos enfrentados nessa jornada. Agradeço por tudo, pela força, fé e graça que 
Ele me concedeu para concluir mais esta etapa. 
À minha querida e amada mãe, Ana Luiza Santos dos Santos, falecida em 2014, 
por todo seu amor e ensinamentos, pelas dificuldades que enfrentou para que eu 
pudesse conquistar meus objetivos, pelas suas orações e por acreditar em mim nas 
horas em que a dor e cansaço me faziam desanimar e por tudo mais que eu não 
consigo expressar nesse texto. Tenho certeza que ela sonhou com este momento. 
Obrigado mãe. 
À minha avó, Marilda da Silva Santos, a segunda mãe que Deus me deu, que 
sempre batalhou muito para que eu estudasse e me tornasse uma pessoa de bem. 
Agradeço por todo seu carinho e ajuda. A senhora não tem ideia de como é 
importante para mim. 
Ao meu tio Alcemir, por todo incentivo e palavras de fé que me ajudaram e 
cooperaram para meu crescimento. 
Aos meus familiares, amigos da igreja e da vida, que mesmo sem saberem 
colaboraram para minha conquista. 
À professora Ana Silvia, por toda cooperação na elaboração deste trabalho. Sua 
orientação foi fundamental para que conseguíssemos concluir este tão grande 
objetivo. 
Aos meus antigos e atuais colegas de trabalho, em especial aos meus gerentes 
que entenderam a dura missão que é conciliar a longa jornada de trabalho com as 
muitas horas de estudo e ajudaram muito para que eu conseguisse subir mais este 
degrau. 
Aos amigos que a engenharia me concedeu. Obrigado pelo apoio e ajuda nas 
horas de estudo e por todo incentivo nos momentos em que a única vontade era de 
desistir. “Valeu galera”. 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Este projeto é dedicado a Celeste Nunes e Roberto Gutterres, meus pais, que 
sempre abriram mão de tudo por mim. Como eu gostaria que vocês estivessem 
presentes, para ver que vocês conseguiram. Até o último pulsar vocês direcionaram 
toda preocupação com o meu presente e futuro. Foram os responsáveis pela minha 
entrada na faculdade, educação, caráter e principalmente pelo amor que me foi 
dado, capaz de suprir cem vidas, amor este suficiente para impedir que a amargura 
tomasse conta de mim, depois da partida de vocês, até nas piores dificuldades. 
Seus conselhos, ensinamentos e vozes permeiam e ecoam em mim e em todos os 
meus passos, dia após dia. Minha gratidão e amor a vocês são impossíveis de 
colocar em um papel. 
Agradeço a minha irmã, que dentro de suas limitações e possibilidades, fez o seu 
melhor, assumiu responsabilidades duras demais para sua idade, me poupou no que 
foi possível e agüentou nossas diferenças. Agradeço a ela principalmente por ter me 
dado meus sobrinhos, que são minha fonte de alegria ao chegar em casa. 
Uma dedicação especial a todas as mães e pais que passaram por minha vida, 
assumindo papeis de extremo significado e importância. Minha mãe disse que Deus 
haveria de me recompensar por minhas perdas e ele recompensou, colocando 
vocês na minha vida, de certa forma, foi assim que ele se desculpou. Obrigada 
Leila, Monica, vovó Marlene, Vó Neide, Carlos Abrantes, Tio Paulo, Tio Renato, Tio 
Ozzy, Tio Serginho e Vô Armindo. E em especial a Tia São, que não apenas gerou 
minha melhor amiga, mas também é uma segunda mãe para mim, vibrando com as 
minhas conquistas e me levantando em cada tropeço dado. Tuquinha e Gerson 
vocês cuidaram da minha saúde mental e física em um momento em que eu estava 
um caco, colando pedacinho por pedacinho, sem ganharem absolutamente nada em 
troca, muito obrigado. 
Tia Belinha, pensar em você, enche meus olhos de lágrimas é preciso mais de 
uma vida para lhe agradecer. Você continuou minha formação como pessoa, cidadã 
e me tornou uma adulta. Deu-me todo amor e carinho, que só uma mãe sabe dar, 
não me deixou sozinha nem por um instante. É com imensa felicidade que agradeço, 
não teria conseguido sem você. 
 
 
A todos meus amigos, que me acompanham na alegria e na tristeza nas férias e 
nas provas, momento do qual é difícil me reconhecer. Vocês acompanham de perto 
e lutam por esse sonho junto comigo, Furt, Mabi, Juliana, Julinha, Marie, Mariah, 
Paula Maria, Pedro, Pet, kamila, Selma e Wagner, vocês são mais do que amigos, 
obrigada. Alethia, Bruno, Nathalia e Lory vocês não me deixam desistir, são 
incansáveis, me dão todo apoio, motivação, abrigo, o pouco dinheiro que possuem e 
até o computador vocês me emprestam para que eu consiga fazer o projeto, enfim, 
vocês dividem tudo o que tem comigo e se revezam para amenizar meus pesos. 
Como dizia Vinicius é impossível ser feliz sozinho. 
Minha orientadora nem imagina, mas uma das primeiras partes do meu 
agradecimento foi feita no dia 21 de outubro, após ter uma conversa com ela, neste 
dia, ficou nítido para mim a importância do professor. Obrigada Ana, à senhora não 
faz idéia da importância desse dia, onde tudo parecia nublado, a sua conversa foi 
capaz de trazer alento para o meu coração e esperança tamanha para fazer com 
que eu concluísse este projeto. Obrigada pelas suas aulas, por toda dedicação, 
paciência e por trocar seu almoço por uma coxinha. 
Agradeço a todo conhecimento adquirido através dos professores, principalmente 
a Ana, Rafael, Luigi, Luciano, Rodrigo e Mauricio. Entrar e sair da UERJ, foi uma 
conquista lutada cada segundo, estudar nessafaculdade foi um sonho realizado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“A civilização que confunde os relógios com o tempo, o crescimento com o 
desenvolvimento, e o que é grande com a grandeza, também confunde a natureza 
com a paisagem (…)” 
 
Eduardo Galeano 
 
 
RESUMO 
 
MANHÃES, Augusto César dos Santos; ARAUJO, Bruna Magalhães de. Análise das 
Práticas de Reúso dos Efluentes das Estações de Tratamento de Esgoto do 
Município do Rio de Janeiro – ETE Penha e ETE Alegria. 68f. Projeto Final 
(Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia, Universidade do 
Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Rio de Janeiro, 2015. 
 
O cenário de crise hídrica vivido no Brasil e no mundo tem induzido toda a 
sociedade a uma maior reflexão sobre a importância da água no cotidiano. O 
desperdício e a ausência da implementação de tecnologias capazes de otimizar o 
uso racional da água intensificam a demanda por um recurso hídrico de qualidade. 
Considerando este cenário, a utilização de água potável para finalidades que não 
exigem o alto grau de exigência do consumo humano deve, então, ser revista. Uma 
das alternativas para redução deste consumo consiste na implementação de 
processos de reúso, os quais ao longo dos anos vêm recebendo maior atenção. No 
Brasil, a prática do reúso com parâmetros adequados ao nível de exigência 
internacional ainda é muito incipiente, fato este intensificado pela ausência de uma 
legislação federal que norteie com os índices de qualidade adequados. Este projeto, 
portanto visa conceder uma maior visão sobre o tema de reúso com foco na cidade 
do Rio de Janeiro, em especial às aplicabilidades de limpeza urbana que utilizam 
efluentes tratados provenientes de estações de tratamento de esgotos (ETE’s), 
destacando os processos já implementados na ETE Alegria e ETE Penha, avaliando 
e identificando possibilidades de melhorias nos procedimentos. 
 
 
Palavras- chave: Reúso, esgoto sanitário, tratamento de esgoto, desinfecção 
 
 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
 
MANHÃES, Augusto César dos Santos; ARAUJO, Bruna Magalhães de. Analysis of 
Reuse Practices Effluent from sewage treatment plants in the city of Rio de Janeiro – 
STP Penha e STP Alegria. 68p. Final Project (Undergraduation in Civil Engineering) 
– School of Engineering, Rio de Janeiro State University (UERJ), Rio de Janeiro, 
2015. 
 
The water crisis scenario lived in Brazil and in the world has induced the whole 
society to further reflection about the importance of water in everyday life. The 
wastage and the lack of implementation of technologies that optimize the rational use 
of water intensify the demand for a quality water resource. Considering this scenario, 
the use of drinking water for purposes that do not require the high degree of the 
human consumption requirement should be reviewed. One of the alternatives to 
reduce this consumption is to implement reuse processes, which over the years have 
been receiving more attention. In Brazil the practice of reused with adequate 
parameters at the international level of requirements is still very incipient, and this is 
intensified by the absence of a federal law to guide with the appropriate quality 
levels. This project therefore aims to give greater insight into the topic of reuse 
focusing on the city of Rio de Janeiro, especially to urban cleaning applicabilities, that 
use treated effluent from sewage treatment plants (STP’s), highlighting the processes 
already implemented in STP Alegria and STP Penha, assessing and identifying 
opportunities for improvements in procedures. 
 
 
 
 
Key words: Reuse, sewage, wastewater treatment, disinfection 
 
 
LISTA DE ILUSTRAÇÕES 
 
 
Figura 1 - Desenho esquemático do sistema de esgotamento sanitário separador. . 17 
Figura 2 - Desenho esquemático do sistema de esgotamento sanitário unitário. ..... 17 
Figura 3 - Desenho esquemático do processo de lodo ativado com ênfase para 
recirculação do lodo. ....................................................................................... 21 
Figura 4 - Desenho esquemático do processo de Filtro Biológico Percolador. ......... 24 
Figura 5 - Imagem de satélite da localização da ETE Alegria. .................................. 43 
Figura 6 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. ................................... 44 
Figura 7 - Fotografia aérea da ETE Alegria. .............................................................. 47 
Figura 8 - Efluente final de lançamento da ETE Alegria. ........................................... 48 
Figura 9 - Desenho esquemático operacional da ETE Penha desenhado no quadro 
da sala de cursos. ........................................................................................... 49 
Figura 10 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. ................................. 49 
Figura 11 - Efluente final de lançamento da ETE Penha. .......................................... 50 
Figura 12 - Fotografia da situação atual das obras do Porto Maravilha. ................... 52 
Figura 13 - Aparato de cloração do efluente secundário da ETE Alegria. ................. 53 
Figura 14 - Abastecimento do caminhão com água de reúso clorada ....................... 53 
Figura 15 – Fotografias da unidade de reúso da ETE Penha ................................... 55 
Figura 16 - Centro Operacional de Reúso da ETE Penha ........................................ 55 
Figura 17 - Abastecimento do caminhão de reúso da COMLURB na ETE Penha .... 56 
Figura 18 - Fotografia do caminhão com água de reúso, destinado à limpeza de 
ruas. ................................................................................................................ 57 
Figura 19 - Fotografia de uso inadequado da água de reúso por morador ............... 58 
Figura 20 - Aparato de cloração do efluente secundário da ETE Penha. .................. 59 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 - Concentração típica de constituintes presentes no esgoto bruto ............. 19 
Tabela 2 – Remoção (Casas Logarítmicas *) de Microrganismos segundo processo 
de tratamento. ................................................................................................. 29 
Tabela 3 – Percentagem de Redução de Organismos Patogênicos nos Processos de 
Filtro Biológico e Lodo Ativado. ...................................................................... 29 
Tabela 4 - Parâmetros de interesse no Reúso Industrial. ......................................... 31 
Tabela 5 - Classes de Reúso e Parâmetros de acordo com a NBR 13.969/(ABNT, 
1997)............................................................................................................... 36 
Tabela 6 - Critérios da U.S.E.P.A para água de reúso. ............................................. 37 
Tabela 7 - Diretrizes do OMS para uso agrícola de efluentes tratados de ETEs(1989-
2005) ,em relação aos aspectos microbiológicos. .......................................... 38 
Tabela 8 - Diretrizes do PROSAB para uso urbano de esgoto sanitários. ................ 39 
Tabela 9 - Diretrizes do PROSAB para uso agrícola de esgoto sanitários. ............... 40 
Tabela 10 - Variáveis de qualidade e limites propostos para a água de reúso para 
fins urbanos. ................................................................................................... 41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SIGLAS 
 
 
CEDAE Companhia Estadual de Águas e Esgotos 
CNRH Conselho Nacional de Recursos Hídricos 
COMLURB Companhia Municipal de Limpeza Urbana 
COMPERJ Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro 
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente 
COV Carga Orgânica Volumétrica 
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio 
DZ Diretriz 
DQO Demanda Química de Oxigênio 
ETE Estação de Tratamento de Esgotos 
FBP Filtro Biológico Percolador 
INEA Instituto Estadualdo Ambiente 
OMS Organização Mundial da Saúde 
SDT Sólidos Dissolvidos Totais 
SST Sólidos em Suspensão Totais 
TAS Taxa de Aplicação Superficial 
TDH Tempo de Detenção Hidráulica 
UASB Upflow Anaerobic Sludge Blanket 
USEPA United States Environmental Protection Agency 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13 
1. OBJETIVOS .............................................................................................. 15 
1.1 Objetivo Geral ..................................................................................................... 15 
1.2 Objetivos Específicos .......................................................................................... 15 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 16 
2.1 Esgoto Sanitário .................................................................................................. 16 
2.2 Composição dos esgotos sanitários ................................................................... 17 
2.3 Tratamento dos Esgotos ..................................................................................... 20 
2.3.1 Lodo Ativado ................................................................................................ 21 
2.3.2 Filtro Biológico Percolador (Filtro Biológico Aeróbio) ................................... 23 
2.4 Reúso de Águas Servidas ................................................................................... 25 
2.5 Aspectos Legais .................................................................................................. 34 
3. METODOLOGIA ....................................................................................... 43 
3.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e Alegria ............. 44 
3.2 Etapa 02 – Conhecimento dos programas de reúso das ETEs Alegria e Penha 45 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 46 
4.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e Alegria ............. 46 
4.2 Etapa 02 – Conhecimento dos programas de reúso das ETEs Alegria e Penha 51 
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................... 60 
6. REFERÊNCIAS ......................................................................................... 62 
 
13 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
A água, recurso natural renovável de suma importância para o desenvolvimento 
do ecossistema é um fator vital para a população terrestre, indispensáveis às 
funções de nutrição, reprodução e proteção de organismos. Ela caracteriza os 
diversos ambientes, possui valor econômico que reflete diretamente nas condições 
socioeconômicas das diversas populações. 
A crise hídrica é causada por diversos fatores como: ocupação territorial 
desordenada, uso inadequado das águas, ineficiente coleta e tratamento das águas 
residuárias com o conseqüente lançamento de esgoto não tratado nos corpos de 
água, lançamento de resíduos sólidos, poluição atmosférica, ineficiência nos 
sistemas de drenagem, desperdício de água, falta de conscientização ambiental 
entre outros. 
Visto a importância vital da água e a crise hídrica presente, é fundamental 
encontrar alternativas que amenizem esta situação. Por isso o reúso de águas 
servidas, deve ser estudado e aplicado cada vez mais de forma a preservar os 
corpos de água. Ressalta-se que o reúso ainda propicia uma redução na captação 
de água de mananciais para diversos fins. 
A técnica de Reúso da água, cada vez mais é reconhecida como uma das 
opções mais inteligentes para a racionalização dos recursos hídricos, entretanto ela 
depende da aceitação popular, aprovação mercadológica, disponibilidade de 
recursos tecnológicos e financeiros e vontade política para que esta se torne efetiva. 
Porém atualmente no Brasil, ainda é uma técnica incipiente já que não é 
respaldada por uma legislação federal para este fim e não encontra apoio da 
população, em geral. 
O principal instrumento utilizado para aplicar a prática do reúso no Brasil é a 
Norma Brasileira - NBR 13.969/97(ABNT, 1997), que aborda parâmetros para 
dimensionamento de unidades de tratamento complementar e disposição final dos 
efluentes líquidos dos tanques sépticos. Este instrumento, em seu item 5.6 aborda o 
tema reúso de efluentes com o título “Reúso Local”. 
Então, desde 1997, algumas legislações passaram a tratar o tema, inicialmente 
com o objetivo de acumular água de chuva e reutilizá-la. Somente em 2005, o 
14 
 
 
Conselho Nacional de Recursos Hídricos - CNRH implementou a Resolução CNRH 
nº 54(Brasil, 2005), que passou a definir modalidades de reúso, mas não apresentou 
parâmetros de qualidade de água. A partir de então, outros municípios, como Niterói, 
Campinas, Salvador, aplicaram novas legislações para o mesmo fim. Atualmente, a 
legislação mais recente sobre reúso de efluentes de Estação de Tratamento de 
Esgotos – ETE é a legislação municipal de São Paulo n° 16.174, publicada em abril 
de 2015. 
Sabe-se que no Brasil não há um bom relacionamento da população com o 
saneamento ambiental. Dessa forma, práticas de reúso de efluente tratado, nas mais 
diversas modalidades para uso não portável, se tornam ainda mais complicadas. Por 
desconhecimento dos riscos reais associados ao tema, a população não se envolve 
e inicialmente não aceita. 
Visto a importância do assunto, o presente estudo visa analisar as práticas de 
reúso já existentes para os efluentes de estações de tratamento de esgoto do 
município do Rio de Janeiro. 
 
15 
 
 
1. OBJETIVOS 
1.1 Objetivo Geral 
 
O projeto tem como finalidade estudar a atual situação de reúso de efluentes no 
município do Rio de Janeiro, em particular os casos da ETE Penha e da ETE 
Alegria, que fornecem água de reúso para a Companhia Municipal de Limpeza 
Urbana – COMLURB e para obras do Projeto Porto Maravilha, respectivamente. 
 
1.2 Objetivos Específicos 
 
 Conhecer os aspectos legais pertinentes ao reúso de efluentes de ETE; 
 Conhecer os fluxogramas instalados e em operação na ETE Penha e na ETE 
Alegria; 
 Conhecer os projetos de reúso de efluente das ETEs Penha e Alegria; 
 Realizar análise crítica em relação às práticas de reúso atuais nas duas 
estações estudadas. 
16 
 
 
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
2.1 Esgoto Sanitário 
 
O Esgoto sanitário é definido como o líquido constituído de esgotos doméstico e 
industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial parasitária. (ABNT, 1986): 
 Esgoto doméstico é o despejo líquido resultante do uso de água para higiene 
e necessidades fisiológicas humanas (ABNT, 1986). 
 Esgoto Industrial é o despejo líquido resultante dos processos industriais, 
respeitados os padrões de lançamento estabelecidos (ABNT,1986). 
 As águas de infiltração representam toda água de origem do subsolo, 
indesejável ao sistema separador e que penetra nas canalizações (TELLES & 
COSTA, 2010). 
 Contribuição pluvial parasitária é a parcela do deflúvio superficial 
inevitavelmente absorvida pela rede de esgoto sanitário (TELLES & COSTA, 
2010). 
A ausência de tratamento do esgoto contribui para a proliferação de doenças 
parasitárias e infecciosas e contribui para a degradação da reserva hídrica O ideal é 
ter um sistema de esgotamento sanitário que atenda 100% das residências, 
comércio e indústria pelas redes coletoras, interceptores e emissários. Seu 
planejamento e construção devem ser eficientes e personalizados para cada 
localidade de acordo com seu porte, cultura, características físicas, dentre outros, de 
modo a oferecer um sistema esgotamento sanitário adequado para minimizar os 
impactos causados. 
No Brasil é predominante a utilização do sistema separador de esgotamento 
sanitário, separando desta forma as águas pluviais as quais seguem em linhas de 
drenagem independentes não contribuindo à vazãoafluente das ETE’s. Contrário a 
este modelo tem-se o sistema unitário, onde esgotos e águas pluviais seguem pelo 
mesmo sistema, sendo necessário que o dimensionamento da ETE considere a 
parcela que corresponde às águas pluviais. (VON SPERLING, 2014). Nas Figuras 1 
e 2 podem-se observar desenhos esquemáticos do sistema separador e do sistema 
17 
 
 
unitário, destacando-se a presença da rede de águas pluviais na Figura 1 e sua 
ausência na Figura 2. 
Figura 1 - Desenho esquemático do sistema de 
esgotamento sanitário separador. 
 
Figura 2 - Desenho esquemático do sistema de 
esgotamento sanitário unitário. 
 
 
Fonte: Von Sperling, 2014. 
 
Define-se esgoto urbano como a água que possui impurezas de características 
orgânicas, enquanto que a água residuária industrial tem suas características de 
acordo com os produtos utilizados nos diversos processos. Importante ressaltar que 
esta definição pode sofrer alteração em função do número de habitantes, 
características econômicas dos centros urbanos, educação, comportamento e 
conscientização popular. (TELLES & COSTA, 2010) 
 
2.2 Composição dos esgotos sanitários 
 
Segundo VON SPERLING (2014), os principais parâmetros físicos dos esgotos 
domésticos são temperatura, cor, turbidez e odor. A temperatura é um pouco 
superior à da água de abastecimento, varia conforme as estações do ano, porém 
comparada à temperatura do ar apresenta-se de forma mais estável. A temperatura 
ainda exerce considerável influência na atividade microbiana, na solubilidade dos 
gases e viscosidade do líquido. 
Ainda segundo VON SPERLING (2014), tratando de aspectos físicos, verifica-se 
que a cor do esgoto varia em função do seu estado de decomposição, onde o 
esgoto fresco possui uma cor ligeiramente cinza, enquanto o esgoto em um estágio 
mais avançado de decomposição, chamado de esgoto séptico, tem coloração cinza 
escuro ou preto. A turbidez dos esgotos é causada por uma grande variedade de 
18 
 
 
sólidos em suspensão. Os esgotos mais frescos ou que se encontram mais 
concentrados, normalmente também apresentam maior turbidez. 
O odor do esgoto fresco é oleoso e relativamente desagradável. O esgoto séptico 
é fétido em função da liberação de gás sulfídrico (H2S) e outros produtos em 
decomposição. Tratando de despejos industriais seus odores são característicos em 
função do efluente liberado após a produção (VON SPERLING, 2014). 
Em relação aos parâmetros microbiológicos, os principais microrganismos 
presentes no esgoto são: bactérias, fungos, protozoários, vírus e helmintos. Algumas 
bactérias são patogênicas e podem causar principalmente doenças intestinais. 
Porém estes microrganismos possuem papel fundamental na estabilização da 
matéria orgânica. Os fungos também são importantes na decomposição da matéria 
orgânica e podem se desenvolver em meios de pH baixo. Os protozoários se 
alimentam de bactérias, algas e outros microrganismos, e no tratamento biológico 
são importantes para manter o equilíbrio entre os grupos presentes nos esgotos. Os 
vírus além de causar doenças podem ser de difícil remoção no processo de 
tratamento de esgoto. Helmintos são animais superiores e seus ovos presentes nos 
esgotos também podem causar doenças (VON SPERLING, 2014). Ressalta-se que 
para avaliar a presença de fezes nos esgotos e, portanto sua capacidade de 
transmissão de doenças utiliza-se o parâmetro “indicadores de contaminação fecal”. 
Segundo JORDÃO & PESSÔA (2014), a origem dos esgotos permite que as 
características químicas sejam classificadas em dois grupos, sendo eles matéria 
orgânica e matéria inorgânica. Cerca de 70% dos sólidos no esgoto são orgânicos, 
geralmente formados por combinação entre carbono, hidrogênio e alguns contendo 
nitrogênio. Os grupos de substâncias orgânicas presentes nos esgotos têm em sua 
composição principalmente compostos de proteína, carboidratos, ureia, gorduras e 
óleos. Já em despejos industriais, além de outras substâncias, verifica-se a 
presença considerável de sulfatantes, fenóis e pesticidas. 
Segundo JORDÃO & PESSOA (2014), a forma mais utilizada para medição da 
quantidade de matéria orgânica presente no esgoto é através da determinação da 
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO). Conhecer a quantidade de matéria 
orgânica presente no esgoto é fundamental para avaliação do seu grau de poluição, 
além de ser um parâmetro imprescindível no dimensionamento de ETEs e 
acompanhamento da eficiência do processo de tratamento. Quanto maior o grau de 
19 
 
 
poluição orgânica maior a DBO de um corpo d’água. Conforme ocorre a 
estabilização da matéria orgânica, verifica-se o decréscimo da DBO. 
Ainda, o nitrogênio e o fósforo se apresentam em concentrações relativamente 
altas no esgoto bruto e quando lançados no corpo d’água podem causar 
eutrofização, principalmente em corpos lênticos. 
Na Tabela 01, podem-se observar concentrações típicas de alguns constituintes 
presentes no esgoto bruto. 
As concentrações dos poluentes indicadas na Tabela 01 devem ser reduzidas 
para atendimento aos padrões de lançamento de efluentes em corpos d’água, de 
modo a causar o menor prejuízo ao ambiente. Dessa forma, procede-se o 
tratamento dos esgotos em unidades específicas para esse fim. 
 
Tabela 1 - Concentração típica de constituintes presentes no esgoto bruto 
Constituinte Esgoto bruto 
Sólidos em Suspensão Totais (SST) 200 - 400 mg/L 
Sólidos Dissolvidos Totais (SDT) 500 - 700 mg/L 
Nitrogênio amoniacal 20 - 40 mg/L 
Nitrogênio total 35 – 70 mg/L 
Fósforo Total 5 - 25 mg/L 
Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) 350 - 400 mg/L 
Demanda Química de Oxigênio (DQO) 500 - 700 mg/L 
Escherichia Coli (NMP) Aprox.. 109 /100 mL 
Coliforme Termotolerantes (NMP) 105 – 108 /100 mL 
Coliforme Totais (NMP) 106 - 109 /100 mL 
 
Fonte: Jordão & Pessoa, 2014 e Bastos, 2003. 
20 
 
 
2.3 Tratamento dos Esgotos 
 
O tratamento de águas servidas se resume na busca eficiente da remoção de 
poluentes nelas contidas. O dimensionamento hidráulico-sanitário de ETEs se 
baseia em parâmetros normatizados e variam de acordo com a vazão a ser tratada, 
finalidade, nível de processamento requerido, parâmetros de qualidade do afluente e 
pretendidos para o efluente, além do local de lançamento ou reaproveitamento. 
O lançamento de efluentes em corpos d’água no Brasil fica condicionado à 
legislação federal pertinente, a saber, CONAMA 430/2011 (Conselho Nacional do 
Meio Ambiente) ou às legislações estaduais, caso existam. A CONAMA 430 
(Brasil,2011) é pouco restritiva em relação aos parâmetros indicadores de matéria 
orgânica, sólidos e nutrientes e nem sequer menciona os indicadores de 
contaminação fecal. Já as legislações estaduais em muitos casos são bastante 
restritivas, como é o caso da DZ.215. R4 (Inea, 2007) estabelecida pelo Instituto 
Estadual do Ambiente (INEA). 
Somente para ilustração, ressalta-se que a CONAMA 430 (Brasil, 2011) 
determina concentração máxima efluente de DBO de até 120 mg/L e a DZ.215-R4 
(Inea, 2007), em sua faixa mais restritiva, determina para o mesmo parâmetro, um 
concentração máxima de até 40 mg/L. 
Dessa forma, em muitos casos, há uma necessidade de se alcançar excelentes 
eficiências de remoção desses parâmetros. Alguns dos processos secundários de 
tratamento de esgotos, hoje em uso no Brasil e no mundo, alcançam esses 
desempenhos requeridos. Este é o caso do processo conhecido como Lodo Ativado 
e suas variantes, além dos processos de Filtração Biológica. No presente trabalho 
será dada ênfase somente ás tecnologias de Lodo Ativado Convencional e filtro 
biológico Percolador (FBP), já que essas são as tecnologias adotadas nas ETEs 
Alegria e Penha, respectivamente. 
21 
 
 
2.3.1 Lodo Ativado 
 
De acordo com JORDÃO & VOLSCHAN (2009), o processo de lodo ativado é 
constituído por duas unidades: Tanque de aeração e decantador secundário. No 
tanque de aeração ocorre a decomposiçãoaeróbia do substrato orgânico solúvel e a 
formação de flocos biológicos para posterior sedimentação no decantador 
secundário. Através da recirculação dos sólidos sedimentados no decantador 
secundário, uma elevada concentração de biomassa é mantida no tanque de 
aeração, possibilitando a maior permanência da biomassa no sistema e com isso 
maior garantia de elevada eficiência na remoção da matéria orgânica. 
Uma parcela dos sólidos sedimentáveis é removida do processo, o que 
caracteriza a produção excedente de lodo, denominada lodo secundários em 
excesso, ou simplesmente lodo em excesso ou lodo de descarte. Na Figura 03 
pode-se observar o desenho esquemático do fluxograma do processo de lodo 
ativado. 
 
Figura 3 - Desenho esquemático do processo de lodo ativado com ênfase para recirculação do 
lodo. 
 
Fonte: Jordão & Volschan, 2009. 
Ressalta-se que o fluxograma convencional apresentado na Figura 03 deve ser 
precedido por remoção de sólidos grosseiros e areia em etapa comumente 
denominada Tratamento Preliminar. Ainda, o decantador primário convencional pode 
ser substituído por primário quimicamente assistido ou reator UASB – Upflow 
Anaerobic Sludge Blanket. Por fim, o sistema pode ausentar a etapa primária, 
caracterizando o processo de aeração prolongada. 
22 
 
 
Para o dimensionamento hidráulico do processo de lodo ativado convencional, deve-
se adotar os parâmetros determinados pela NBR 12.209(ABNT, 2011) que estão 
descritos abaixo: 
 Tanque de aeração (sistema convencional): 
 Idade do lodo: 4 a 15 dias; 
 Relação alimento/microrganismo (A/M): 0,20 a 0,70kg DBO5 aplicado 
SSVTA. 
 
 Decantador secundário convencional: 
 Taxa de aplicação superficial para sistema convencional de lodo 
ativado: 28m³/m². d (para idade do lodo inferior a 18 dias, ou relação 
A/M superior a 0,15 kg DBO /kg SSVTA.d); 
 Tempo de detenção Hidráulica (TDH) para vazão média: igual ou 
superior a 1,5 h. 
Somente para fins de esclarecimento, idade do lodo representa o tempo médio 
que uma partícula em suspensão permanece sob aeração. É também conhecida 
como tempo médio de residência dos organismos ou tempo médio de retenção 
celular. Já o tempo de detenção hidráulica é o tempo que uma partícula leva para 
entrar e sair do reator. 
A relação A/M é a quantidade de alimento (substrato) em relação à quantidade 
de microrganismos presentes no tanque de aeração, representada pelo parâmetro 
Sólidos em Suspensão Voláteis – SSV. 
Por fim, a Taxa de Aplicação Superficial, representa a máxima vazão a ser 
aplicada por unidade de área superficial do decantador. 
Assim, o sistema de lodo ativado apresenta muito bom desempenho em relação 
à remoção de matéria orgânica e quando combina câmaras anóxica e anaeróbia ao 
tanque de aeração, pode também apresentar elevada eficiência de remoção de 
nitrogênio e fósforo. Porém, em relação à remoção de organismos patogênicos, a 
tecnologia não apresenta bom desempenho. Dessa forma, com baixa requisição de 
área, mas elevada demanda de energia elétrica, o processo pode alcançar até 95% 
de eficiência de remoção de DBO, segundo JORDÃO E PESSÔA (2014). 
 
23 
 
 
2.3.2 Filtro Biológico Percolador (Filtro Biológico Aeróbio) 
 
Segundo JORDÃO & VOLSCHAN (2009), a filtração biológica constitui por um 
processo no qual a matéria orgânica é estabilizada biologicamente pela ação de 
organismos aeróbios que apresentam capacidade de aderência a um meio suporte 
inerte, que pode ser pedra britada (brita n°4), ou um meio estruturado de plástico, ou 
um meio randômico de peças plásticas. Trata-se, portanto de um processo biológico 
do tipo “biofilme” ou “biomassa aderida”. A tecnologia não depende da retenção de 
sólidos que caracteriza o processo físico de filtração de águas e sim da percolação e 
do escoamento gravitário dos esgotos, em sentido descendente, através dos 
espaços vazios existentes no meio suporte. 
Conforme os esgotos são aplicados na superfície da unidade, e descrevem a 
trajetória em direção ao fundo, entram em contato com a biomassa aderida (biofilme) 
ao meio suporte, sendo a parcela solúvel da matéria orgânica decomposta 
aerobiamente. O biofilme cresce à medida que o oxigênio e o substrato orgânico são 
disponibilizados, até o momento em que, na ausência destes, a biomassa se 
desprende do meio suporte, formando o floco biológico, para posterior remoção no 
decantador secundário. 
Segundo SANTOS (2005), durante o processo, as placas de biofilme se 
desprendem do meio suporte devido ao grau de estabilização, à tensão de 
cisalhamento causada pelo gradiente de velocidade de escoamento do líquido entre 
os vazios, e à indisponibilidade de oxigênio para os microrganismos aeróbios mais 
próximos ao meio suporte. Por fim, JORDÃO & PESSOA (2014), ainda reportam o 
desprendimento dos flocos biológicos em função também dos gases acumulados 
produzidos na camada anaeróbia (camada interna do biofilme mais próxima ao meio 
suporte), provocando a “explosão” de toda a massa biológica agregada ao meio 
suporte. 
A disponibilidade de oxigênio para o processo aeróbio é devido ao gradiente de 
temperatura entre o interior do reator e o ambiente externo. O processo de filtração 
biológica aeróbia deve ser precedido de tratamento primário por decantação primária 
convencional, físico-química ou reator UASB, e seguido de unidade de decantação 
secundária, como pode ser observado na Figura 04. 
24 
 
 
Figura 4 - Desenho esquemático do processo de Filtro Biológico Percolador. 
 
Fonte: Jordão & Volschan, 2009. 
 
De acordo com a NBR 12209(ABNT, 2011), os FBP podem ser classificados em 
alta e baixa carga, podendo também adotar material suporte de pedra ou de plástico. 
Assim, de acordo com a Norma, FBP que utilizam pedra britada ou seixo rolado 
devem apresentar meio suporte com altura máxima de 3m e obedecer às seguintes 
recomendações: 
 Filtros de alta taxa: A carga orgânica volumétrica não pode exceder 1,2kg 
DBO5/m³.d e a taxa de aplicação hidráulica deve incluir a vazão de 
recirculação e esta não deve exceder a 50m³/m². d da superfície livre. 
 Filtros de baixa taxa: A carga orgânica volumétrica não pode exceder 0,3kg 
DBO5/m³.d e a taxa de aplicação hidráulica deve incluir a vazão de 
recirculação e esta não deve exceder a 5m³/m².d da superfície livre. 
Ainda segundo a Norma, o FBP que utiliza material de enchimento plástico deve 
ter meio suporte com altura inferior a 12m e obedecer às seguintes limitações: 
 A carga orgânica volumétrica não deve exceder 3 kg DBO5/m³.d. 
 A taxa de aplicação hidráulica deve incluir a vazão de recirculação e estar 
compreendida entre 10m³/m².d e 75m³/m².d da superfície livre do leito. 
Para maiores esclarecimentos, a Carga orgânica volumétrica (COV) é a 
quantidade (massa) de matéria orgânica aplicada diariamente ao reator, por unidade 
de volume do mesmo. Já a taxa de aplicação superficial (TAS) é definida como a 
quantidade de vazão afluente aplicada no reator por uma unidade de área (área 
superficial do reator). É importante lembrar que para cálculo da carga orgânica 
volumétrica, deve-se adotar a concentração de DBO afluente ao filtro. Parte da 
carga orgânica já foi removida no tratamento primário. 
25 
 
 
O material suporte utilizado no Filtro biológico Percolador (FBP) deve ser inerte 
e rígido e conforme já mencionado, os meios mais usados são pedra britada ou 
plástico. A pedra britada é mais comumente utilizada e pode ser indicada tanto para 
baixa como alta carga. Em comparação com o meio plástico, a pedra possui menor 
superfície específica (em torno de 50 m²/m³), menor índice de vazio (por volta de 
50%) e maior peso específico (de 800 a 1400 kg/m³). O meio plástico vem sendo 
gradativamente mais adotado, porém é mais indicado para alta carga, possui maior 
custo e apresenta superfície específica em torno de 80 a 500 m²/m³, índice de vazios 
acima de 90% e peso específico entre 30 a 80kg/m³ (SANTOS, 2005). 
Assim os FBP possuem elevada eficiência, alcançando em torno de 90% de 
remoção de matéria orgânica e cada tipo (alta ou baixa taxa) apresenta vantagens e 
desvantagens. Os de baixa carga apresentam operação simples, sem necessidade 
de recirculação, elevada eficiência de remoção de DBO e possibilidade de 
nitrificação, porém ocupam maior área e volume e apresentam maior possibilidade 
de incidência de insetos e odor. Os de alta carga demandam recirculação, 
apresentam leve redução de eficiência e não nitrificam, porém ocupam menor área e 
apresentam menor possibilidade de incidência de insetos e odor. Ressalta-se que 
unidades preenchidas com meio plástico apresentam ainda maior redução de área, 
pelo fato de poderem adotar profundidades de até 12m. 
Os efluentes dos processos tanto de lodo ativado como de filtração biológica 
apresentam boa qualidade para lançamento em corpos d’água receptores de acordo 
com as exigências legais brasileiras, porém normalmente requerem tratamento 
adicional quando se tem o objetivo de reúso, mesmo o Brasil não apresentando 
legislação nacional para tal prática. 
 
2.4 Reúso de Águas Servidas 
 
A poluição dos corpos d’água gerada pela contribuição indevida de águas 
servidas urbanas tem grande responsabilidade na escassez de água utilizável no 
planeta. A medida que ocorrem o aumento populacional, intensificação das 
atividades industriais e agrícolas e diversificação do grau de exigência da sociedade 
verifica-se por conseguinte o agravamento desta escassez. O consumo total de 
26 
 
 
água nos últimos 100 anos foi multiplicado por 10 saltando da ordem de 500 para 
5.000 km³/ano (JORDÃO & PESSÔA, 2014). 
Tratando-se da conservação e do uso racional da água identificam-se três tipos 
de programas e ações: os de natureza econômica, social e tecnológica. 
Como exemplificação do primeiro pode-se citar o Programa Nacional de combate 
ao Desperdício de Água, do Ministério das Cidades. Este programa tem por objetivo 
geral promover o uso racional da água de abastecimento público nas cidades 
brasileiras, em benefício da saúde pública, do saneamento ambiental e da eficiência 
dos serviços. Tem por objetivos específicos definir e implementar um conjunto de 
ações e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, 
concorrentes para uma efetiva economia dos volumes de água demandados para 
consumo nas áreas urbanas, consolidados em publicações técnicas e cursos de 
capacitação (MINISTÉRIO DAS CIDADES, 2015). 
As campanhas das empresas concessionárias de saneamento, bem como 
Prefeituras e serviços autônomos de água e esgoto, em benefício da economia do 
uso de água enquadram-se nas medidas de natureza social. 
A implementação de dispositivos para a captação e utilização de água de chuva 
é um dos exemplos de ação de natureza tecnológica, além do Programa de 
Pesquisas em Saneamento Básico (PROSAB) que teve dentre outras atividades 
uma atuação direcionada à pesquisa tecnológica em relação ao uso racional da 
água chegando a publicar dois livros resultantes dos trabalhos desenvolvidos pela 
sua rede cooperativa de pesquisas. 
Uma das principais ações de uso racional da água no mundo trata-se da 
reutilização de águas servidas após tratamento adequado. Dessa forma, o reúso de 
águas servidas ou simplesmente reúso, como nomenclatura genérica adotada para 
esta atividade implica na sua inserção no quadro de aproveitamento de recursos 
hídricos em seu nível macro ou localizado, conforme o caso, mas visando sempre a 
otimização deste aproveitamento (JORDÃO & PESSOA, 2014). TELLES & COSTA 
(2010) definem o reúso como o aproveitamento do efluente após uma extensão de 
seu tratamento, com ou sem investimentos adicionais. 
Ressalta-se que a prática de reúso é um tem emergente no Brasil e, portanto 
algumas barreiras ainda devem ser transpostas, como a aceitação do público, 
mesmo sendo tecnicamente possível e financeiramente viável. 
27 
 
 
As principais aplicações de reúso têm sido em: 
 Irrigação de áreas cultiváveis; 
 Aspersão de áreas de parques e campos esportivos; 
 Reúso industrial; 
 Uso domiciliar e comercial como água não potável; 
 Uso público; 
 Uso na construção civil; 
 Reúso nas atividades do setor de saneamento; 
 Reservação para fins recreacionais. 
 
No Brasil, a prática de reúso, ainda incipiente, tem sido realizada principalmente 
nos serviços urbanos de lavagem de ruas e de veículos de limpeza urbana, na 
construção civil e nos serviços de saneamento em geral, como por exemplo, a 
desobstrução de galerias pluviais e/ou redes de coleta de esgotos. Na área 
industrial, esta prática tem sido mais comum, até por questões de minimização de 
custos. Por fim, na agricultura e áreas florestais, o reúso vem ganhando força na 
região sudeste por imposição da escassez hídrica, porém na região nordeste é 
prática comum, pela histórica baixa disponibilidade de recursos hídricos. 
Ainda, o reúso local, em residências, hotéis, prédio públicos e outras edificações, 
também vem sendo introduzido no cenário nacional. Dessa forma, uma classificação 
das origens das águas reusadas vem sendo realizada através de cores, tais como: 
 
 Águas azuis – são as águas proveniente do aproveitamento da água de 
chuva; 
 Águas negras – são as águas proveniente dos vasos sanitários, onde há 
contaminação por fezes; 
 Águas cinzas – são as águas oriundas de lavatórios, boxes de chuveiros e 
banheiras, pias de cozinha, tanques e máquinas de lavar. Ressalta-se que 
algumas definições excluem dessa categoria as águas provenientes das pias 
de cozinha pelo fato de apresentar elevadas quantidades de óleo; 
 Águas amarelas – representam urina proveniente de mictórios ou de vasos 
sanitários projetados para efetuar a segregação da mesma. 
28 
 
 
As águas cinza são as mais propícias para o reúso, com destaque para 
edificações, pois possibilitam considerável economia de água potável e redução na 
contribuição de esgoto para a rede coletora. De forma mais abrangente também 
possibilitam redução no consumo de energia elétrica, pois minimizam a contribuição 
para estações de tratamento de esgoto. Porém, há que se ressaltar que neste caso, 
existe a necessidade de uma rede dupla de fornecimento de água de reúso e água 
potável, além de tratamento adequado, encarecendo a instalação e dificultando a 
operação dos sistemas. 
A utilização de águas cinza pode ser feita principalmente em descargas de vasos 
sanitários, lavagem de automóveis, redes de combate à incêndio, água para 
caldeira, uso em jardins, dentre outros. É importante que a distribuição desta água 
seja previamente considerada em projeto e que a sua qualidade final esteja de 
acordo com o uso e aplicação pretendidos. Atualmente muitos edifícios estão 
implanto o conceito de reutilização através de sistemas para aproveitamento desta 
água cinza, possibilitando inclusive algumas certificações prediais. Essa é uma das 
exigências para a certificação do Green Building e pode ser encontrada nas 
instalações do Hotel Windsor em Copacabana, no Município do Rio de Janeiro. 
Saúde Pública 
A principal preocupação com a prática do reúso reside na proteção da saúde 
pública. Este é na verdade o ponto mais importante a ser considerado para garantir 
uma água segura em relação ao seu uso final. 
A qualidade da água utilizada e seu objetivo específico de reúso estabelecem os 
níveis de tratamento recomendados, seus critérios de segurança e os custos de 
operação e manutenção envolvidos. 
É sabido que mesmo os efluentes tratados em nível secundários ainda 
apresentam elevadas concentrações de organismos patogênicos. Dessa forma, uma 
regra geral para o reúso, independente do tipo, tem sido a desinfeção dos efluentes 
para garantia da minimização dos riscos de proliferação de doenças. 
Na Tabela 2 é mostrada a remoção típica de microrganismos no processo de 
lodos ativadose na tabela 3 a percentagem de redução de organismos patogênicos 
no Filtro biológico e Lodos Ativados. 
29 
 
 
Tabela 2 – Remoção (Casas Logarítmicas *) de Microrganismos segundo processo de tratamento. 
Microrganismo Lodos Ativados 
Coliformes fecais 0 – 2 
Salmonella 0,5 – 2 
Mycobaterium tuberculosis 0 – 1 
Shigella 0,7 – 1 
Giardia lamblia 2 
Ovos de helmintos <0,1 
Vírus entéricos 0,6 – 2 
(*) 1 log = remoção de 90%; 2 log = remoção de 99%; 3 log = remoção de 99,9%; 6 log = remoção de 
99,9999% 
Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. 
Tabela 3 – Percentagem de Redução de Organismos Patogênicos nos Processos de Filtro Biológico 
e Lodo Ativado. 
Parâmetro Filtro Biológico Lodo Ativado 
Vírus entéricos 90 - 95 90 - 99 
Bactérias 90 - 95 90 - 99 
Protozoários 50 - 90 50 
Hemlintos 50 - 95 50 - 99 
 
Fonte: Jordão & Pessoa, 2009. 
 
É possível observar que existe uma relação entre riscos à saúde e ao meio 
ambiente, qualidade final da água reusada e custos. À medida que se deseja maior 
qualidade e maior proteção à saúde, maiores são os custos de implantação do 
processo de reúso, de modo que um objetivo de maior proteção à saúde resulta em 
menor risco (JORDÃO & PESSÔA, 2014). 
Um bom entendimento sobre isso permite associar aos países mais 
desenvolvidos e industrializados, uma prática de reúso que percorra o alcance de 
padrões de qualidade extremamente exigentes, levando à necessidade de elevados 
investimentos e consequentemente baixíssimos riscos. Ao passo que países em 
desenvolvimento que já iniciaram a prática de reúso, vêm adotando tecnologias mais 
30 
 
 
simples, que são compatíveis com os seus recursos econômicos, portanto 
alcançando um risco controlado. 
De maneira geral, a prática de reúso de águas servidas é classificada em reúso 
industrial, urbano e agrícola/florestal, sendo que todos eles devem obedecer critérios 
de qualidade de forma a minimizar os riscos. 
Reúso Industrial 
É sabido que os custos elevados da água industrial no Brasil, particularmente 
nas regiões metropolitanas, têm estimulado o setor a implantar sistemas de reúso de 
água que viabilizem a maximização da eficiência no uso dos recursos hídricos. Essa 
atividade tende a se ampliar diante das novas legislações associadas aos 
instrumentos de outorga e cobrança pela utilização dos recursos hídricos, tanto na 
captação da água como no despejo de efluentes, conforme previsto na Política 
Nacional de Recursos Hídricos, Lei Federal Brasileira n° 9433 de 1997. Assim, 
podem-se citar como principais benefícios da aplicação do reúso no setor industrial, 
os seguintes: 
 Maximização da eficiência na utilização dos recursos hídricos; 
 Benefícios referentes à imagem ambiental da empresa relacionada à adoção 
de postura proativa com o meio ambiente; 
 Garantia na qualidade da água tratada; 
 Viabilização de um sistema “fechado”, com descarte mínimo de efluentes; 
 Credenciamento da empresa para futuros processos de certificação 
ambiental; e 
 Independência do sistema público e de suas instabilidades, garantindo o 
abastecimento contínuo da indústria. 
A água na indústria pode possuir várias aplicações: Como matéria prima, fluido 
auxiliar de diversas atividades, meio de transporte, agente de limpeza, geração de 
energia elétrica, como fluido de aquecimento e, ou, resfriamento. Com isso a 
qualidade para as diversas aplicações pode ser requerida de acordo com seu uso. 
Os efeitos de alguns poluentes normalmente presentes na água de reúso podem ser 
observados na Tabela 4. 
 
 
31 
 
 
Tabela 4 - Parâmetros de interesse no Reúso Industrial. 
Parâmetros Efeitos principais 
Alcalinidade Afeta a estabilidade do pH 
 
Amônia Interfere com a formação de 
cloro residual livre, favorece o 
crescimento microbiológico 
 
Cálcio e Magnésio Incrustação 
 
Sulfeto de hidrogênio 
 
Corrosão, geração de odors 
Ferro Incrustação e manchas 
 
Qualidade microbiológica da água Possibilidade de entupimentos 
Nitratos Favorece o crescimento de 
microorganismos 
PH Pode afetar reações químicase 
as solubilidade 
Fósforo Incrustação, favorece o 
crescimento de 
microorganismos 
Matéria orgânica residual Favorece o crescimento de 
microorganismos, formação de 
crostas, limo, e escuma 
Sílica Incrustação 
Sulfatos Corrosão 
Sólidos em suspensão Deposição, crescimento 
microbiológico 
 
Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. 
 
Cada tipologia de indústria leva a um efluente com características específicas e a 
sua adequação ao reúso deve considerar além da obrigatória atenção à qualidade, 
também os efeitos potenciais à saúde dos usuários nas instalações do parque 
industrial. 
 
32 
 
 
Reúso Urbano 
A água usada é um recurso valioso, se considerado que a maioria dos usos não 
requer a qualidade de água potável. Uma vez utilizada, a mesma pode ser tratada e 
reusada, reduzindo desta forma a pressão sobre mananciais, colaborando para sua 
preservação e para o aumento da disponibilidade de água doce (ANDERSON, et al., 
2001). 
Usos como irrigação de áreas verdes, jardins, parques, praças, cemitérios, 
faixas decorativas em estradas, cinturões verdes, lavagem de pisos em edifícios 
públicos e privados, lavagem e desobstrução de dutos, sistemas decorativos 
aquáticos, compactação de solo e controle de poeira na construção civil, são 
aplicações que não necessitam da alta qualidade de água potável e desta forma 
podem ser atendidas com efluente devidamente tratado considerando a exigência de 
cada utilização. 
Como abordado anteriormente, as águas cinza possuem grande potencial de 
reaproveitamento. Considerando este fato, a separação e direcionamento para 
tratamento e reúso local implicariam em reduções de até 40% da demanda 
doméstica (FLORENCIO, BASTOS, AISSE, 2006). O que é fortalecido pela boa 
aceitação da população para o uso destas águas em descargas de vasos sanitário. 
Os usos urbanos não potáveis possuem riscos menores e em áreas urbanas 
devem ser considerados a primeira opção de reúso. Porém, quando ocorre contato 
direto com o público são necessários cuidados especiais para evitar contaminação, 
como, por exemplo, em jardins, hotéis, áreas turísticas, dentre outros. 
Os problemas relacionados ao reúso urbano não potável são principalmente os 
custos elevados para implantação e operação de sistemas duplos de distribuição e 
riscos de ocorrência de conexões cruzadas nos sistemas. No entanto existem muitos 
países que exercem a prática do reúso urbano não potável, como por exemplo, 
Fukuoka no Japão, onde muitos sistemas operam com duas redes de distribuição de 
água, sendo uma com esgoto doméstico tratado a nível terciário, que é utilizado em 
descargas e irrigação de árvores urbana além de aplicações industriais 
(FLORENCIO, BASTOS, AISSE, 2006). 
33 
 
 
Reúso Agrícola 
O consumo da água na agricultura irrigada é bastante elevado em relação aos 
outros tipos de uso. Dados revelam que o consumo de água na agricultura brasileira 
é em torno de 61% da água doce total (CHRISTOFIDIS, 2001). Em função do 
crescimento e expansão do agronegócio no território nacional existe uma previsão 
de aumento considerável deste percentual de consumo do setor. Desta forma a 
utilização de fontes alternativas de água para suprir a demanda da agricultura é 
altamente desejável, possibilitando inclusive realocação dos recursos hídricos 
utilizados para outros setores da economia. De acordo com PHILLIPI Jr. et al (2004), 
uma redução de 10% na água utilizada na agricultura pode gerar um aumento de 
60% na oferta do recurso para o uso doméstico. 
Grande parte das águas residuária oriundas dos sistemas de tratamento de 
esgoto possuem considerável potencial para utilização na irrigação agrícola, 
possibilitando menor utilização da água apropriada ao consumo de primeira 
necessidade do homem. 
Considerando que a utilização de esgotos sanitários tratados na irrigação seja 
feita de maneiracontrolada, os benefícios são grandes, pois além de reduzir a 
demanda por água potável, também é uma maneira de pós-tratamento dos efluentes 
pelo sistema solo-planta, que atua absorvendo e retendo nutrientes, poluentes e 
organismos patogênicos remanescentes (BOUWER e CHANEY, 1974 apud 
FLORENCIO, BASTOS, AISSE, 2006). Este sistema atua como reator renovável, 
onde esgotos passam a ser fonte de energia e não problemas ambientais 
(PAGANINI, 1997). Os efluentes tratados, quando lançados diretamente em corpos 
hídricos, ainda geram determinada poluição, porém quando utilizados na irrigação 
tornam-se fonte de água e conforme suas características químicas também 
fornecem nutrientes, principalmente o nitrogênio. Essa presença de nutrientes no 
efluente permite com que o mesmo seja considerado um recurso de expressivo valor 
econômico, pois reduz a necessidade de utilização de fertilizantes minerais nas 
plantações. 
Apesar de inúmeras vantagens na utilização de efluentes tratados para o 
processo de irrigação, são necessários cuidados e controles com todos os 
dispositivos do sistema, de maneira que possa ser minimizada principalmente a 
veiculação de doenças aos trabalhadores do cultivo e à população que consome o 
34 
 
 
produto agrícola. Além disto, é importante monitorar o solo e as plantas para evitar, 
por exemplo, processo de obstrução dos poros do solo dificultando o fluxo de 
soluções e outros tipos de alterações no mesmo. 
2.5 Aspectos Legais 
 
Embora a prática de reúso já seja aplicada no Brasil, principalmente em regiões 
de escassez hídrica, não existe por enquanto uma legislação nacional que defina os 
padrões de qualidade e critérios recomendados para as diversas atividades de 
reúso. É sabido que o reúso de água residuária tratada pode colocar em risco a 
saúde de usuários e operadores de sistemas, em função da qualidade do efluente e 
da tipologia de reúso. Assim, países desenvolvidos, com recursos financeiros e 
tecnológicos, buscam minimizar o risco, com a desvantagem do custo elevado. Já 
no caso do Brasil, busca-se um risco aceitável, dentro das condições financeiras e 
tecnológicas de um país em desenvolvimento. 
Atualmente, em relação aos aspectos legais, no Brasil existe a Resolução CNRH 
n° 54(Brasil, 2005), do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, que 
apenas limita as modalidades de reúso; a CNRH 121 (Brasil, 2010) que estabelece 
diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso direto não potável da água na 
modalidade agrícola e florestal definida na CNRH 54 (Brasil, 2005); e a Norma 
Brasileira - NBR 13.969 (ABNT, 1997) que aborda tratamento complementar de 
tanque séptico e em seu item 5.6, denominado “Reúso Local”, indica alguns 
parâmetros e modalidades de reúso. 
Nos âmbitos municipal e estadual, algumas legislações já foram implementadas, 
como é o caso da Lei Municipal Niterói/RJ 2.856/2011 que estimula a instalação de 
sistema de coleta e reutilização de águas servidas em edificações públicas e 
privadas; da Lei Estadual de São Paulo CRH 156/2013 que estabelece diretrizes 
para o reúso direto de água não potável proveniente de ETEs de sistemas públicos 
para fins urbanos; da Lei Municipal Campinas/SPSVDS/SMS 2014 que estabelece 
modalidades, diretrizes e critérios gerais para a prática de reúso não potável da 
água das ETEs de Sistema Públicos do município; e por fim, da Lei municipal de 
São Paulo n° 16.174 de 2015, que determina regramento e medidas para fomento 
ao reúso de água para aplicações não potáveis, oriundas do polimento do efluente 
35 
 
 
final do tratamento de esgoto, de recuperação de água de chuva, da drenagem de 
recintos subterrâneos e de rebaixamento de lençol freático; além de outras. 
Tanto no estado do Rio de Janeiro como no município, não há regulamentação 
para a prática de reúso de efluente de ETE, portanto serão apresentados no 
presente trabalho, valores de referência abordados na NBR 13.969(ABNT, 1997), 
nos Guidelines for Water Reuse da Agência de Proteção Ambiental Americana 
USEPA (2004), nas Diretrizes da Organização Mundial da Saúde, OMS (1989) e nas 
recomendações de estudos realizados pelo Programa de Pesquisa em Saneamento 
Básico apresentados por JORDÃO & PESSOA (2014). 
A NBR 13.969(ABNT, 1997), em seu item 5.6 (Reúso Local) tem o objetivo de 
regulamentar a possibilidade de reúso dos efluentes tratados de tanques sépticos e 
respectivas unidades de tratamento complementar. Esta prevê usos possíveis para 
esses efluentes e estabelece as classes de reúso e os respectivos padrões de 
qualidade a serem seguidos, de acordo com a Tabela 5. Somente como informação 
adicional, segundo JORDÃO & PESSÔA (2014), a classificação de reúso e seus 
respectivos padrões de qualidade não deveriam constar na NBR 13.969(ABNT, 
1997), pois a responsável pela elaboração desta, a Associação Brasileira de Normas 
Técnicas – ABNT extrapolou seus objetivos, sendo indicado que a mesma promova 
a revisão desse documento e elabore uma norma específica para padrões de 
qualidade de água reusada. 
36 
 
 
Tabela 5 - Classes de Reúso e Parâmetros de acordo com a NBR 13.969/(ABNT, 1997). 
Classes Finalidade 
Turbidez 
uT 
CF 
NMP/100 ml 
SDT 
Mg/l 
Cloro Res. 
Mg/l 
pH 
1 
Lavagem de carros e 
outros usos que 
requerem o contato 
direto do usuário com 
a água, com possível 
aspiração de 
aerossóis pelo 
operador, incluindo 
chafarizes. 
5 200 200 0,5-1,5 6-8 
2 
Lavagem de pisos, 
calçadas e irrigação 
de jardins, 
manutenção de lagos 
e canais para fins 
paisagísticos, exceto 
chafarizes. 
5 500 - >0,5 - 
3 
Reúso nas descargas 
de vasos sanitários 
10 500 - - - 
4 
Reúso nos pomares, 
cereais, forragens, 
pastagens para gados 
e outros cultivos 
através de 
escoamento 
superficial ou por 
sistema de irrigação 
pontual . 
- 5000 - - - 
 
Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. 
 
A agência de Proteção Ambiental Americana (USEPA) divulgou em nível federal 
e estabeleceu seus Guidelines for water reuse em 1992, revisado em 2004. As 
recomendações da U.S.E.P.A são detalhadas para vários tipos de reúso, conforme 
tabela 6, sugerindo também outros parâmetros de controle, respectivos processos 
de tratamento e os usos da água reutilizada. No entanto pelas particularidades, cada 
estado que pratica reúso deve definir regulamentação específica. Estas 
recomendações são consideradas mais brandas que as do estado da Califórnia, 
Water Recucling criteria (Califórnia, 2000), por exemplo. Entretanto ainda que mais 
brandas que as normas da Califórnia, são igualmente muito exigentes. 
37 
 
 
Tabela 6 - Critérios da U.S.E.P.A para água de reúso. 
Tipos de reúso Limites recomendados 
Reúso Urbano: Todos os tipos de irrigação 
de áreas jardinadas (campos de golfe, 
parques, cemitérios, lavagem de carros, 
descargas de banheiros, combate a 
incêndios, sistemas comerciais de ar 
condicionado, e outros usos com acesso a 
exposição semelhante à água . 
Represas de uso recreacional: Contato 
secundário (como pesca e remo), ou 
contato primário quando permitido. 
pH=6 a 9 
DBO ≤10 mg/L 
Turbidez ≤ 2Ut 
CF- Não detectável 
Cloro Residual ≥1 mg/L 
 
Irrigação com acesso restrito, proibido 
ou pouco frequente: gramados, áreas 
florestadas. 
Represas paisagísticas: em que o 
contacto primário não é permitido 
Reúso na construção civil: compactação 
do solo. Controle de poeira, lavagem de 
agregado e preparo de concreto 
pH=6 a 9 
DBO ≤30 mg/L 
SST≤30 mg/L 
CF≤200/100mL 
Cloro Residual ≥1 mg/L 
 
Reúso agrícola - Plantação de alimentos 
que não são processados 
industrialmente: Irrigação de superfície ou 
por aspersão de quaisquer alimentos, 
incluindo aqueles que podem ser 
consumidos crus 
pH=6 a 9 
DBO ≤10 mg/L 
Turbidez ≤ 2Ut 
CF- Não detectável 
Cloro Residual ≥1 mg/L 
 
Reúso agrícola - plantação de alimentos 
processados industrialmente: irrigação 
de superfície de pomares e vinhedos 
Reúsoagrícola - Plantação de não 
alimentos: pasto para gado, leiteiro, 
forragem, fibras, grãos 
Reúso industrial: Torres de resfriamento 
Uso em pântanos, terras úmidas, habitat de 
vida selvagem 
pH=6 a 9 
DBO ≤30 mg/L 
SST≤30 mg/L 
CF≤200/100mL 
Cloro Residual ≥1 mg/L 
Recarga de aqüíferos Variável em local e uso 
 
Fonte: Jordão & Pessoa, 2014. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
38 
 
 
A organização Mundial de Saúde – OMS divulgou e estabeleceu seus Guidelines 
for use of wastewater in agricuture and aquaculture em Genova publicado em 1989 , 
com suas categorias e parâmetros apresentados na tabela 7. São diretrizes mais 
adequadas a países em desenvolvimento, aceitando-se que a qualidade 
microbiológica de efluentes tratados usados em irrigação de culturas consumidas 
cruas, bem como em campos esportivos ou parques públicos, nos casos em que 
existem grupos de trabalhadores, ou consumidores, ou público exposto, possa ser 
igual ou inferior 1.000 NMP CF/100 ml, como média geométrica, e indicam que 
lagoas de estabilização em série podem alcançar esta qualidade microbiológica, em 
regiões de clima quente. 
 
Tabela 7 - Diretrizes do OMS para uso agrícola de efluentes tratados de ETEs(1989-2005) ,em 
relação aos aspectos microbiológicos. 
Categoria 
Uso agrícola Público 
exposto 
CF≤100mL 
(a) 
Ovos de helmintos 
(b) 
A 
Irrigação de 
culturas 
ingeridas cruas, 
campos de 
esporte e 
parques. 
Trabalhadores, 
consumidores, 
público 
 
<=1000 <=1 
B 
Irrigação de 
culturas não 
ingeridas cruas, 
como cereais, 
para a indústria, 
pastos, 
forragens e 
árvores(c). 
Trabalhadores Não se 
recomenda 
<=1 
C 
Irrigação de 
culturas da 
categoria “B” se 
os 
trabalhadores e 
o público e não 
ficam expostos. 
Nenhum Não se 
aplica 
Não se aplica 
 
Fonte: WHO(1989) 
Observações: (a) Média geométrica; durante o período de irrigação <= 200 CF/100 mL quando se 
tratar de gramados públicos onde o público tem contato direto ; (b) Média aritmética, espécies de 
nematoides específicos; (c) no caso de árvores frutíferas, a irrigação deve ser suspensa duas 
semanas antes da colheita. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
39 
 
 
Por fim, BASTOS & BEVILACQUA (2006) estudaram e propuseram diretrizes 
para alguns tipos de reúso no Programa de Pesquisas em Saneamento Básico 
(PROSAB), hoje extinto. As tabelas 8 e 9 , apresentam respectivamente estas 
diretrizes para reúso urbano e agrícola. 
 
Tabela 8 - Diretrizes do PROSAB para uso urbano de esgoto sanitários. 
Categoria Limites 
recomendados 
Observações 
Usos irrestritos 
(irrigação de campos de esporte, 
parques, jardins cemitérios, e etc.), 
usos ornamentais e paisagísticos 
em áreas com acesso irrestrito ao 
público, limpeza de ruas e outros 
usos com exposição similar. 
CF≤200/100mL 
 
Ovos de 
helmintos≤1/L 
Não há restrição de DBO, 
DQO e SST; o efluente 
deve apresentar uma 
qualidade estética não 
objetável. 
Usos restritos 
(parque, canteiros de rodovias, e 
etc), usos ornamentais e 
paisagísticos em áreas com acesso 
controlado ou restrito ao público 
abatimento de poeira em estradas 
vicinais, usos na construção 
(compactação do solo, abatimento 
da poeira , etc.) 
CF≤10.000/100mL 
 
Ovos de 
helmintos≤1/L 
Não há restrição de DBO, 
DQO e SST; o efluente 
deve apresentar uma 
qualidade estética não 
objetável 
Uso predial 
(descarga de toaletes) 
CF≤1.000/100mL 
 
Ovos de 
helmintos≤1/L 
Para efluentes com 
concentração de DBO e 
NO3 inferiores a 30 e 50 
mg/L respectivamente, e 
potencial de oxi –
redução≥ 45Mv, não é 
esperada a geração de 
odores no sistema de 
armazenamento. 
 
Fonte: Bastos & Bevilacqua, 2006. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
40 
 
 
Tabela 9 - Diretrizes do PROSAB para uso agrícola de esgoto sanitários. 
Categoria Limites 
recomendados 
Observações 
Irrigação irrestrita 
(irrigação superficial ou por 
aspersão de qualquer cultura, 
inclusive culturas alimentícias 
consumidas cruas 
CF≤1.000/100mL 
 
Ovos de 
helmintos≤1/L 
CF≤1000/100mL 
No caso de irrigação por 
gotejamento de culturas 
que se desenvolvem 
distantes do nível do solo 
ou técnicas hidropônicas 
em que o contato com a 
parte comestível da 
planta seja minimizado 
Irrigação restrita 
(irrigação superficial ou por 
aspersão de qualquer cultura não 
ingerida crua; inclui culturas 
alimentícias e não alimentícias, 
forragens, pastagens e árvores; 
inclui também hidroponia) 
CF≤10.000/100mL 
Ovos de 
helmintos≤1/L 
CF≤10000/100mL 
No caso de barreiras 
adicionais de proteção ao 
trabalhador. É facultado o 
uso de efluentes 
primários e secundários 
de técnicas de 
tratamento com reduzida 
capacidade de remoção 
de patógenos desde que 
associado a irrigação 
subsuperficial (nesse 
caso não se aplicam 
limites) 
 
Fonte: Bastos & Bevilacqua, 2006. 
Observações: CF – Média geométrica durante o período de irrigação; nematóides - Média aritmética 
durante o período de irrigação. 
 
Ainda de acordo com JORDÃO & PESSÔA (2014) com a ausência de uma 
legislação que norteie e afirme os padrões de qualidade para o reúso, as práticas 
adotadas no momento procuram considerar as diversas utilizações da água. As mais 
exigentes tentam guiar-se pelos padrões norte americanos e as outras mais flexíveis 
contemplam os aspectos econômicos. 
Uma regulamentação ideal precisaria abordar os padrões de qualidade a serem 
obedecidos de acordo com o uso pretendido, aspectos de tratamento complementar, 
quando necessário, recomendações quanto ao monitoramento da água de reúso, 
quanto a sua reservação e outros pontos de especificidade da própria reutilização. 
Desta forma se faz necessário a existência de normas específicas que 
regulamentem o reúso de forma eficiente e segura, evitando os riscos de 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
https://pt.wikipedia.org/wiki/Desigualdade
41 
 
 
contaminação da água por bactérias, vírus, protozoários, micro poluentes orgânicos 
e inorgânicos e metais pesados. 
Alguns pesquisadores vêm apresentando propostas de protocolos e diretrizes 
para a prática do reúso, como é o caso de CUNHA (2008) que propôs indicadores 
mais relevantes da qualidade da água de reúso de acordo com as preocupações de 
cada um dos usos urbanos escolhidos (Tabela 10) e SOUSA (2008) que apresentou 
um conjunto de diretrizes para implantação de sistemas de reúso de água em 
condomínios. 
 
Tabela 10 - Variáveis de qualidade e limites propostos para a água de reúso para fins urbanos. 
Variável Limites 
Coliformes termotolerantes Não detectável 
 
Sólidos Dissolvidos Totais <500mg/L 
 
DBO <10 mg/L 
 
Óleos e Graxas Virtualmente ausentes 
Turbidez <5 uT 
Cloro Residual 1 a 5mg/L 
Odor Não objetável 
 
Fonte: Cunha, 2008. 
 
SOUSA (2008) elaborou uma proposta de diretrizes para reúso em condomínios 
e apresentou um protocolo em forma de itens a serem estudados para o projeto e 
implantação das instalações necessárias. Esse protocolo leva em consideração: 
 Aplicações da água de reúso somente para fins não potáveis: descargas em 
vasos sanitários; regas de jardim; lavagem de piso e ruas; usos ornamentais e 
reserva de incêndios. Levantamento sócio econômico do público-alvo do empreendimento: Verificar 
o grau de instrução e conhecimento sobre a prática de conservação e reúso 
de água,; verificar aceitação e interesse do público empreendedor. 
42 
 
 
 Estudo dos tipos de tratamentos mais adequados conforme aplicação 
desejada: Tratamento compatível com a qualidade dos efluentes brutos e com 
os requisitos de qualidade para os usos previstos e verificar os requisitos de 
qualidade da água de reúso. 
 Verificação das características necessárias para os sistemas de reservação e 
redes de distribuição tanto da água potável como da água de reúso: 
Reservação da água de reúso, redes duplas de distribuição de água (potável 
e de reúso), implantar a rede de água potável acima da rede de água de 
reúso; redes duplas de coleta de esgoto, em caso de reúso de águas cinza 
somente; sinalização adequada dos reservatórios, redes de distribuição, e 
torneiras com saída para água de reúso; adoção de tubulação de cores 
diferentes para a rede de água potável e a rede de água de reúso. 
 Restrições de acesso ao sistema de reúso. 
 Levantamento dos perigos e pontos críticos de controle (PCC). 
 Identificação dos pontos críticos de controle (PCC). 
43 
 
 
3. METODOLOGIA 
 
A metodologia do presente trabalho teve como base um amplo entendimento em 
relação à prática de reúso de águas servidas que vem sendo adotada em todo 
mundo e principalmente no Brasil, bem como aspectos legais aplicáveis. Para isso, 
foram adotadas como objeto de estudo duas ETEs que aplicam o reúso de efluentes 
para fins não potáveis no município do Rio de Janeiro: ETE Alegria e ETE Penha, 
operadas pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro - 
CEDAE. 
 
As ETEs Alegria e Penha estão localizadas nos bairros do Caju, próximo ao porto 
e Penha, às margens da Av. Brasil, respectivamente. Imagens de satélite da 
localização de ambas podem ser observadas nas Figuras 5 e 6. 
Figura 5 - Imagem de satélite da localização da ETE Alegria. 
 
 
 Fonte: Google Maps, acesso em novembro 2015-11-06. 
44 
 
 
Figura 6 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. 
 
 
 Fonte: Google Maps, acesso em novembro 2015-11-06. 
 
Assim, além de intensa revisão bibliográfica, a metodologia foi desenvolvida em 
duas etapas, a saber: 
 
3.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e 
Alegria 
 
Como já foi dito anteriormente, para cada finalidade de reúso há um padrão de 
qualidade adequado a ser atendido. Desta forma é de fundamental importância ter 
conhecimento sobre o efluente resultante dos tratamentos nessas Estações em 
questão, sendo necessário o entendimento dos fluxogramas adotados em ambas. 
Ressalta-se no presente trabalho não foi questionada e/ou avaliada a prática de 
reúso exercida pela CEDAE. Somente os dados operacionais foram coletados 
diretamente com operadores, nas visitas técnicas realizadas pelos autores. 
45 
 
 
3.2 Etapa 02 – Conhecimento dos programas de reúso das ETEs 
Alegria e Penha 
 
A etapa dois consistiu em pesquisar os programas de reúso aplicados nas ETE’s 
Alegria e Penha com o objetivo de compreender melhor o atual panorama das 
práticas de reúso que estão sendo empregadas no Município do Rio de Janeiro. 
Para isso, foi necessária a realização de visitas técnicas às Estações de Tratamento, 
de forma a estabelecer diálogos com os operadores; de visitas às feiras livres 
atendidas pelo sistema de reúso resultante da parceria entre a Companhia Municipal 
de Limpeza Urbana – COMLURB e CEDAE; além da busca de materiais disponíveis 
nos websites da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Governo do Estado, da COMLURB, 
e da CEDAE. 
46 
 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
 
Os resultados do trabalho de maneira análoga à metodologia serão apresentados 
em duas etapas, a saber: 
 
4.1 Etapa 01 – Entendimento dos fluxogramas das ETEs Penha e 
Alegria 
 
ETE Alegria 
Segundo o memorial descritivo da ETE Alegria, disponibilizado no website da 
Secretaria de obras do Estado do Rio de Janeiro o Sistema Alegria de esgotamento 
sanitário, do qual faz parte a ETE, abrange uma área contribuinte esgotável total de 
8.634 ha. A Estação, em operação desde 2008, foi dimensionada em sua totalidade 
para tratar na etapa final a vazão média de 5,0 m³/s de esgotos no grau de 
tratamento secundário, beneficiando uma população estimada em torno de 
2.500.000 habitantes. No estágio atual está implantado todo tratamento preliminar e 
primário para vazão média de 5,0 m³/s, enquanto que no tratamento secundário, 
95% das obras civis estão concluídas para 5,0 m³/s. Em relação às montagens 
eletromecânicas, estas foram concluídas somente para vazão de 2,5 m3/s. 
O fluxograma completo da fase líquida da ETE Alegria é composto por 
gradeamento e caixa de areia, perfazendo o tratamento preliminar; decantador 
primário que corresponde à etapa primária; lodo ativado convencional com tanque 
de aeração por ar dissolvido e decantador secundário compondo a etapa 
secundária. Todas essas etapas, exceto à preliminar, podem ser visualizadas na 
Figura 7. 
47 
 
 
 
Figura 7 - Fotografia aérea da ETE Alegria. 
 
 
A vazão atual de operação é de 2,5 m3/s da Estação de Tratamento de Esgotos 
da Alegria e beneficia uma população em torno de 1.250.000 habitantes. Os esgotos 
coletados e tratados na Estação da Alegria, a nível secundário, são lançados no 
Canal do Cunha (Figura 8), com redução da carga orgânica em torno de 95%. 
Ressalta-se que antes da Estação Alegria estes esgotos eram lançados “In Natura” 
na baia da Guanabara. 
48 
 
 
 
Figura 8 - Efluente final de lançamento da ETE Alegria. 
 
 
Em relação à qualidade dos efluentes, segundo informações da área técnica de 
operação da Estação, o efluente atende aos padrões de lançamento estabelecidos 
pela legislação pertinente, DZ INEA 215. R4 (Inea, 2007). 
ETE Penha 
A ETE Penha, segundo RAMOS et al (2005), funcionou durante muitos anos, 
com duas tecnologias distintas de tratamento secundário: lodo ativado convencional 
e filtração biológica. Entretanto ha aproximadamente 10 anos, segundo a operação 
técnica da Estação, os filtros biológicos encontram-se desativados. Pode-se 
observar na Figura 9, o desenho esquemático operacional da ETE Penha, 
desenhado no quadro da sala de cursos, fotografado em visita técnica realizada em 
novembro de 2015. Já na fotografia da Figura 10, podem ser observadas as 
unidades que compõem a ETE Penha em imagem de satélite. 
Somente a título de informação e curiosidade, a ETE Penha encontra-se em 
operação desde 1940, sendo essa, umas das primeiras unidades de maior porte 
implantadas com essa tecnologia no Brasil (JORDÃO & PESSÔA, 2014). E de 
acordo com RAMOS et al (2005) a capacidade máxima da Estação era de 1200 L/s 
em 2005, entretanto devido a ligações clandestinas e crescimento urbano 
desordenado acredita-se que essa vazão atualmente possa chegar a 1600L/s, 
49 
 
 
segundo operadores. Essa vazão atualmente é de difícil quantificação, pois o 
equipamento que fazia está medição não está funcionando. 
Figura 9 - Desenho esquemático operacional da ETE Penha desenhado no quadro da sala de cursos. 
 
 
Figura 10 - Imagem de satélite da localização da ETE Penha. 
Filtro Biológicos 
Percoladores
Decantadores 
Primários
Tratamento 
Preliminar
Decantadores 
Secundários
Tanque de 
Aeração
 
 
Fonte: Google Maps, acesso em novembro 2015-11-06. 
 
Assim, a vazão atual de operação encontra-se em torno de 1600L/s com 
concentração média de DBO afluente de 330 mg/L. Em relação à qualidade dos 
50 
 
 
efluentes, segundo informações da área técnica de operação da Estação, o efluente, 
assim como o da ETE Alegria, atende aos padrões de lançamento estabelecidos 
pela legislação pertinente, DZ INEA 215.R4(Inea, 2007). Na Figura 11, pode-se 
observar a qualidade do efluente em canal que deságua

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