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FILOSOFIA e ÉTICA parte 02 - 2020 1

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FILOSOFIA e ÉTICA – parte 02
Profa. Si lvânia Sottani
si lvania.sottani@estacio.br
A FILOSOFIA DE KANT
Para Kant, não existe bondade natural. Por natureza, diz Kant, somos 
egoístas, ambiciosos, destrutivos, agressivos, cruéis, ávidos de prazeres que 
nunca nos saciam e pelos quais matamos, mentimos, roubamos. 
É justamente por isso que precisamos do dever para nos tornarmos seres 
morais.
A FILOSOFIA DE KANT
Não somos seres morais apenas. Também somos seres naturais, submetidos à causalidade
necessária da Natureza. Nosso corpo e nossa psique são feitos de apetites, impulsos,
desejos e paixões. Nossos sentimentos, nossas emoções e nossos comportamentos são a
parte da Natureza em nós, exercendo domínio sobre nós, submetendo-se à causalidade
natural inexorável. Quem se submete a eles não pode possuir a autonomia ética.
A NATUREZA HUMANA
A Natureza nos impele a agir por interesse. Este é a forma natural do egoísmo que nos leva a 
usar coisas e pessoas como meios e instrumentos para o que desejamos. Além disso, o interesse 
nos faz viver na ilusão de que somos livres e racionais por realizarmos ações que julgamos terem 
sido decididas livremente por nós, quando, na verdade, são um impulso cego determinado pela 
causalidade natural. Agir por interesse é agir determinado por motivações físicas, psíquicas, 
vitais, à maneira dos animais.
Visto que apetites, impulsos, desejos, tendências, comportamentos naturais costumam ser 
muito mais fortes do que a razão, a razão prática e a verdadeira liberdade precisam dobrar 
nossa parte natural e impor-nos nosso ser moral. Elas o fazem obrigando-nos a passar das 
motivações do interesse para o dever. Para sermos livres, precisamos ser obrigados pelo dever 
de sermos livres. (....)
KANT E MORAL: o uso prático da Razão
Nossa razão não é somente teoria e conhecimento, mas também prática. A razão vai analisar 
nossas ações através da moral. Para Kant uma vida moral é possível se a razão estabelecer de 
forma racional a forma como devemos nos conduzir. A razão tem que criar leis morais objetivas, 
ou seja, que valham para ser aplicadas por qualquer ser racional. 
Seguindo esses argumentos Kant desenvolveu o Imperativo Categórico: 
“Age de tal maneira que o motivo da tua ação possa ser universal”, ou seja, minha ação vai ser 
moral se todas as pessoas puderem agir da mesma forma.
KANT E MORAL: o uso prático da Razão
No seu uso prático, a razão não deve atuar 
apenas a partir do sensível, mas a partir de 
princípios necessários e universais, os 
imperativos categóricos (princípios que são 
válidos para todo ser racional), libertos dos 
entraves subjetivos advindos da nossas 
experiências/sensibilidade. A MORAL, 
assim, deve ser guiada por determinações a 
priori, sem atender a inclinações 
particulares, e só é possível se existe 
LIBERDADE.
Um imperativo seria qualquer proposição 
que declara uma determinada ação como 
necessária.
Imperativos categóricos
O dever, afirma Kant, não se apresenta através de um conjunto de conteúdos fixos, que
definiriam a essência de cada virtude e diriam que atos deveriam ser praticados e evitados
em cada circunstância de nossas vidas. O dever não é um catálogo de virtudes nem uma
lista de “faça isto” e “não faça aquilo”. O dever é uma forma que deve valer para toda e
qualquer ação moral.
Essa forma não é indicativa, mas imperativa. O imperativo não admite hipóteses (“se…
então”) nem condições que o fariam valer em certas situações e não valer em outras, mas
vale incondicionalmente e sem exceções para todas as circunstâncias de todas as ações
morais. Por isso, o dever é um imperativo categórico. Ordena incondicionalmente. Não
é uma motivação psicológica, mas a lei moral interior." (Chauí)
Imperativos categóricos
Aquelas máximas que seriam aceitáveis como lei universal, podendo ser consideradas motivação 
adequada para a ação humana, seriam os imperativos categóricos, implicando em exigência 
absoluta e incondicional. Este não pode ser desobedecido, não importando as circunstâncias, 
sendo um fim em si mesmo, ou seja, nenhuma outra finalidade pode justificar a desobediência e 
o imperativo categórico não carece de qualquer outra justificação. É, pois, princípio da 
universabilidade.
Diferente dos imperativos hipotéticos, que tem aplicação quando desejamos atingir algum 
fim/finalidade determinados. O imperativo é hipotético pois, uma vez que o agente não tenha 
interesse em realizar aquele fim, ou não esteja disposto a ação necessária para realiza-lo, não 
existe qualquer obrigação de segui-lo. É, neste sentido, facultativo e condicionado a nossas 
inclinações.
KANT E MORAL: o uso prático da Razão
O grande desafio de Kant, que determinou o objetivo de seu trabalho, foi o de apresentar um 
sistema moral que pudesse escapar dos aspectos subjetivos do utilitarismo. A maximização do 
bem para os envolvidos, premissa utilitarista, é irrelevante do ponto de vista daqueles que 
preocupam-se com a maximização do bem, ou do resultado positivo, apenas para si mesmos, 
sem importar-se com as demais pessoas. Por isto, a fim de persuadir a ação moral deve ser base 
para julgamentos morais contra as outras pessoas, seria preciso ir além do nível dos imperativos 
hipotéticos, que são subjetivos, uma vez que dependem do fim que se almeja atingir. Era 
preciso buscar um sistema moral deontológico baseado no imperativo categórico e suas 
exigências, uma forma de sistema moral que estivesse para além da subjetividade e pudesse ser 
aplicado universalmente.
Imperativos categóricos
Ainda, sob as condições do imperativo categórico, devemos aceitar que o valor moral de uma 
ação deriva-se de sua máxima e não por suas consequências. Em outras palavras, para 
determinar a moralidade de uma ação devemos considerar os motivos do agente e não as 
consequências da ação promovida por ele. 
EXEMPLO: Delação premiada: entrego os demais envolvidos em um crime porque é moral fazer 
isso ou apenas com vistas a um uso utilitário (redução da minha pena)?
RISCO DO UTILITARISMO
UTILITARISMO – STUART MILL
"O utilitarismo é uma doutrina ética defendida principalmente por Jeremy Bentham e John 
Stuart Mill que afirma que as ações são boas quando tendem a promover a felicidade e más 
quando tendem a promover o oposto da felicidade.
Filosoficamente, pode-se resumir a doutrina utilitarista pela frase: Agir sempre de forma a 
produzir a maior quantidade de bem-estar (Princípio do bem-estar máximo).
Trata-se então de uma moral eudemonista, mas que, ao contrário do egoísmo, insiste no fato de 
que devemos considerar o bem-estar de todos e não o de uma única pessoa.
Antes de quaisquer outros, foram Jeremy Bentham (1748-1832) e John Stuart Mill (1806- 1873) 
que sistematizaram o princípio da utilidade e conseguiram aplicá-lo a questões concretas 
“sistema político, legislação, justiça, política econômica, liberdade sexual, emancipação 
feminina, etc."
IMPORTANTE: 
O utilitarismo, 
enquanto corrente 
filosófica, não 
prevê a busca por 
fins INDIVIDUAIS.
Assistir e debater o video sobre o nihilismo de Nietzsche, Stuart Mill Assistir ao 
vídeo:https://www.youtube.com/watch?v=1X7bAjRhLRU 
HEGEL
Nascido em 1770 na Alemanha, o filósofo Hegel desde sempre 
destacou-se em seus estudos, dedicando-se às ideias políticas e 
religiosas. Em meio a um contexto histórico que inclui a Revolução 
Francesa, em 1789, a obra do autor pode ser pensada, junto à de 
outros pensadores da época, influenciada pelos princípios que 
estavam às voltas de tal Revolução.
Hegel é considerado um dos precursores do Idealismo Alemão, que 
inclui ideias como liberdade, igualdade e fraternidade, valores 
defendidos através da Revolução Francesa.
Assim, os alemães elaboraram uma corrente filosófica que 
pudesse apontar as diferenças entre o que gostariam de viver 
(ideais) e a situação que realmente viviam na época. 
A HISTÓRIA É MOVIMENTO
Ética em HEGEL
"Hegel critica Rousseau e Kant por dois motivos:
1. Em primeiro lugar, por terem dado atençãoà relação sujeito humano-Natureza (a relação 
entre razão e paixões), esquecendo a relação sujeito humano-Cultura e História. 
2. Em segundo lugar, por terem admitido a relação entre a ética e a sociabilidade dos seres 
humanos, mas tratando-a a partir de laços muito frágeis, isto é, como relações pessoais 
diretas entre indivíduos isolados ou independentes, quando deveriam tê-la tomado a partir 
dos laços fortes das relações sociais, fixadas pelas instituições sociais (família, sociedade 
civil, Estado). As relações pessoais entre indivíduos são determinadas e mediadas por suas 
relações sociais. São estas últimas que determinam a vida ética ou moral dos indivíduos.
Ética em HEGEL
Somos, diz Hegel, seres históricos e 
culturais. Isso significa que, além de 
nossa vontade individual subjetiva (que 
Rousseau chamou de coração e Kant de 
razão prática), existe uma outra vontade, 
muito mais poderosa, que determina a 
nossa: a vontade objetiva, inscrita nas 
instituições ou na Cultura.
Ética em HEGEL
A vontade objetiva – impessoal, coletiva, social, pública – cria as instituições e a
moralidade como sistema regulador da vida coletiva por meio de mores, isto é, dos
costumes e dos valores de uma sociedade, numa época determinada. A moralidade é uma
totalidade formada pelas instituições (família, religião, artes, técnicas, ciências, relações
de trabalho, organização política, etc.), que obedecem, todas, aos mesmos valores e aos
mesmos costumes, educando os indivíduos para interiorizarem a vontade objetiva de sua
sociedade e de sua cultura." (Chauí)
Filosofia Política em Hegel
O indivíduo é sempre, portanto, SOCIAL.
Crítica ao liberalismo e ao individualismo, ao indivíduo atomizado. A consciência plena de mim 
só vem depois da consciência da coletividade.
Tudo em mim é socialmente construído. A própria expressão das minhas ideias só são 
expressadas pela linguagem, por exemplo, que é social, é da coletividade.
Família Sociedade Estado
O Estado é o ABSOLUTO, aquilo 
que une, de forma 
transformadora, as esferas 
subjetiva (Como a família) e a 
sociedade (o coletivo).
Eu sou Eu com os Outros, mas 
existe algo acima de todos nós.
RISCO: defesa dos estados totalitários
A razão para Hegel
OBRA IMPORTANTE: Fenomenologia do Espírito (1806)
Fenomenologia – ciência dos atos da consciência.
ZEITGEIST: A consciência/mentalidade de uma época
Importância do TEMPO: o homem é ser histórico
As ideias/verdades são sempre imutáveis e universais? NÃO
O ser está em constante DEVIR – o devir se dá pela dialética.
A dialética não é um método, mas a própria estrutura da realidade.
A razão para Hegel
A constante transformação do homem também se aplica ao conhecimento por ele produzido.
O conhecimento é processo histórico que não pode estar desvinculado das condições 
históricas que o determinaram. 
É também progressivo – não existem verdades eternas. 
A verdade está submetida à razão humana e a razão está submetida à história.
Hegel e a Dialética
Ao conhecer os conceitos do filósofo Hegel, é importante que você se lembre que a filosofia deste 
pensador está relacionada ao seu caráter dialético.
A dialética demonstra os movimentos complexos e dinâmicos da realidade, estando nos objetos e nos 
pensamentos. O mundo real e o pensamento estão assim ligados por uma lei da contradição. O 
movimento constante e contraditório constitui essencialmente a dialética. Para Hegel, tal movimento 
é composto por três fases:
• Em si –> Tese
• Para si –> Antítese
• Em si-para –> Síntese.
Deste modo, o movimento do mundo se dá de modo em que cada sujeito limita-se a si (em si, tese), 
mas busca superar-se. Assim, se transforma, sendo então para si (antítese). A partir de uma nova 
negação, ele irá buscar novamente um novo estado, em si-síntese.
Hegel e a Dialética
• A essência do real é a 
contradição ou o choque 
permanente dos contrários.
• TESE X ANTÍTESE: geram 
sempre novas sínteses.
• A história vai mudando, se 
transformando, nessa luta de 
contrários.
• Um movimento em espiral.
Hegel e a Dialética
Hegel e a Dialética
• A razão e as verdades seguem esse movimento: a racionalidade vai sempre tomando novas 
formas.
• A racionalidade posterior é sempre maior do que a racionalidade anterior.
• A história é portanto, um processo. A dialética é o motor desse processo.
• Gradualmente, vamos, então, expandindo a consciência. Do individual ao amplo, coletivo, 
social.
• Assim, harmonia entre o subjetivo e o objetivo. 
Hegel e a Dialética
O ESPÍRITO (consciência), vai se 
expandindo em três níveis:
Cada vez que a consciência vai se 
ampliando, o mundo vai mudando.
A CONSCIÊNCIA / IDEIA É O QUE DÁ 
FORMA AO MUNDO.
SER PARA SI – Espírito Subjetivo/Individual: a percepção de si, a consciência 
sensível, o que vamos adquirindo nas nossas experiências 
SER PARA O OUTRO – Espírito Objetivo: exteriorização do ser; há mais ao 
redor do indivíduo; percepção do Outro, da Coletividade, do Social; não 
estamos sós. A minha consciência dá sentido ao que está ao meu redor.
Ex.: A Cultura, a Moral, o Direito, a Política (instituições organizadas)
SER EM-SI-PARA – o espírito ABSOLUTO - Retorno à consciência de si, 
reinteriorização do mundo exterior pelo Ser. Uma consciência de si integrada 
aos outros; percebo que há algo maior do que EU. Maior do que apenas a 
justaposição entre eu e os outros.
IMPORTÂNCIA DA NEGATIVIDADE
Dialética é conflito; é negação do estado anterior; é superar esse estado em prol do próximo.
Ao compreender a Dialética em Hegel, devemos ter em mente que para o filósofo, toda a 
realidade é essencialmente “negativa”. Para o filósofo, a negatividade vem da natureza do 
mundo e do homem. Negar o estado anterior para criar um novo, trata-se de um processo 
constante, e é deste modo que as transformações mundiais acontecem.
Segundo Andery (2006), a negatividade seria então a matriz do processo de transformação 
contínua para toda a sociedade.
“No mundo, não há progresso uniforme: o aparecimento de cada condição nova envolve um 
salto; o nascimento do novo é a morte do velho” (Marcuse, 1978)
INTERSUBJETIVIDADE
Dialética do Senhor e do Escravo.
Supera a oposição entre sujeito e objeto para algo mais relacional.
Processo de constituição da identidade da consciência na luta pelo reconhecimento do OUTRO.
“A consciência-de-si é em-si e para-si quando e porque é em-si e para uma Outra, quer dizer, só é 
como algo reconhecido”
Inicialmente, uma consciência visa submeter a outra, apreendê-la como objeto. Porém, para ser 
reconhecida pela outra, precisa considera-la como sujeito. Assim, a outra consciência é ao mesmo 
tempo sujeito e objeto.
IDEAL: relação entre dois SUJEITOS
Dialética do Senhor e do Escravo
•O reconhecimento mútuo e recíproco ocorre quando os sujeitos 
apreendem o Outro como objeto possuidor de consciência.
•As relações morais explicam o papel do Outro na formação da consciência 
de um indivíduo. Ele só se torna um sujeito na medida em que é 
reconhecido como tal pelo outro, ou seja, pelas outras consciências.
•Para o que o reconhecimento do sujeito aconteça, ele não pode apreender 
o Outro apenas como objeto, mas também como consciência.
•Para Hegel o desenvolvimento da dialética se faz através do embate e da 
superação das contradições e a relação entre o Sujeito e o Outro também 
se dá de forma dialética.
•A consciência-de-si (sujeito) precisa ser uma Consciência para um Outro. A 
consciência-de-si só é algo se for assim reconhecida. 
HEGEL E A PSICOLOGIA
Hegel concebe o ser, a partir de seus pensamentos, em um sujeito que está sempre em 
movimento, estando em processo constante, que não retira quem ele é, mas é exatamente o 
processo contraditório que o orienta e desenvolve. 
O verdadeiro ser seria então um ser em movimento. Através de suas potências, o ser pode se 
desenvolver, apresentando então novas possibilidades. Algo negativo é deixado e inicia-se então 
a busca pelo novo. Assim ocorre o desenvolvimento do individuo e da históriapara o pensador.
CONEXÃO
Para a Psicologia, o indivíduo pode transformar-se, através de suas potências e possibilidades.
Algumas vertentes da Psicologia se utilizam de alguns recursos que se baseiam nesses conceitos. 
Deste modo, torna-se possível tratar o sujeito, que busca a psicoterapia ou a análise para seu 
desenvolvimento e resolução de conflitos.
HEGEL E A PSICOLOGIA
Assim, rompe-se, com Hegel, a ideia de que uma coisa só pode ser ela 
mesma e que, ao transformar-se, perde sua identidade para jamais 
ser recuperada. O ser é, fundamentalmente, um vir-a-ser, que 
mantém sua identidade, mas dentro de um processo contraditório de 
constante negação. Ou seja, constante movimento.
O modo como me apresento em determinado momento não é meu 
ser, mas meu modo temporal/histórico de existir.
Todo estado de existência deve ser ultrapassado. Nada é imutável ou 
definitivo.
HEGEL E A PSICOLOGIA
“Não há nada no céu e na terra que não contenha, ao mesmo 
tempo, o ser o nada”
Para que algo possa ser, deve passar a ser o que não é. 
Deve negar algo, abandoná-lo (NADA) para um novo SER.
Assim, todo ser contem em si o próprio ser e o seu oposto, o 
NADA. 
O terceiro momento da relação entre o ser e nada é o DEVIR.
Isso vale para todos os seres, inclusive para o CONHECIMENTO. 
SER
NADA
ÉTICA EM MARX
Baseia-se na crítica ao modo de produção 
capitalista e sua maneira de conceber, pensar, agir, 
organizar as relações homem-natureza-sociedade.
A afirmação fundante da ética marxista são as 
condições materiais da existência humana.
A ética marxista faz a crítica da totalidade das 
ações e relações que sustentam o estado de 
opressão e exploração humana, especificamente a 
exploração do trabalho.
ÉTICA EM MARX
A ética marxista parte da compreensão da 
realidade na sua dinâmica, contradições e 
interesses sociais, econômicos. Parte-se da 
constatação que o modo de produção 
capitalista, pela sua lógica interna de 
exploração e por suas implicações e mazelas 
históricas provoca a desumanização do 
homem e da sociedade, como a fome, as 
guerras, as legiões de refugiados, a exploração 
do trabalho, a produção destrutiva, a exclusão 
de grande parte dos seres humanos do 
processo de produção e apropriação das 
condições materiais fundamentais de 
existência.
MATERIALISMO HISTÓRICO
Não é a consciência que determina a vida 
material, mas a vida material que determina a 
consciência. 
▪todas as coisas naturais ou históricas não são 
fatos estáticos, acabados, mas em movimento.
▪todas as coisas naturais ou históricas 
construídos a cada momento, sempre em 
transformação, logo historicamente 
determinados.
▪são as condições materiais instituídas pela 
sociedade que propiciam ao ser humano sua 
consciência: pensar desta ou daquela maneira
O capitalismo 
transforma tudo 
em mercadoria
ÉTICA EM MARX
Assim, é a existência social dos homens que determina sua consciência, mas igualmente são os 
homens mesmos que transformam as circunstâncias.
Por isso, a ética marxista não parte de conceitos abstratos, especulativos, mas das condições 
materiais de vida dos indivíduos humanos, ou seja, os conceitos éticos, filosóficos como a 
liberdade, a consciência, a responsabilidade humana, a emancipação só podem ser entendidos 
pela compreensão da base material social e histórica na qual surgem.
Portanto, a ética, do ponto de vista marxista, é uma investigação crítica, racional, imanente do 
processo histórico-social de produção e reprodução das ações humanas, na sua totalidade, no 
sentido de descobrir, elucidar os fundamentos materiais, sociais e históricos que condicionam e 
determinam suas ações humanas concretas, efetivas.
Burguesia X Proletariado
burguesia
proletariado
RELAÇÕES DE:
Dependência 
(base para o topo)
Exploração
(topo para a base)
A distribuição desigual dos meios de produção
BURGUESIA X PROLETARIADO 
LUTA DE CLASSES
A luta de classes, na perspectiva materialista da 
história, relaciona-se diretamente à mudança 
social, à superação dialética das contradições 
existentes. Daí a luta de classes ser considerada 
o Motor da História, a responsável pelas 
transformações sociais. 
LUTA DE CLASSES
São os homens que transformam as circunstâncias materiais e históricas. Mas, quem seria esse 
homem? Eles encontram no trabalhador o homem concreto, histórico, social, aquele que vive e 
sofre toda forma de alienação, opressão e exploração. É este homem que, na sua efetiva 
condição de desumanização, tem a missão histórica de ser sujeito da auto-emancipação e da 
emancipação humana universal. 
A ética marxista é uma ética de classe, forjada sob o ponto de vista da classe trabalhadora. A 
transformação do homem e da sociedade não se efetivará como aspiração e sonho sem base 
concreta, mas como possibilidade histórica real no sentido de avançar para além das 
determinações e condicionamentos do modo de produção capitalista, mediante concepções 
teóricas e ações concretas específicas como a educação revolucionária da classe trabalhadora.
CONSCIÊNCIA DE CLASSE
Contudo, para que os explorados possam empreender a luta de classes, é preciso que tenham o 
que Marx chamava de consciência de classe, ou seja, que se percebam como partes (indivíduo) 
de um todo (classe). Dessa forma, a consciência de classe possibilita a união dos grupos mais 
explorados na sociedade em diferentes instituições (partidos políticos, sindicatos, movimentos 
sociais) buscando a transformação do quadro de exploração, que é, a seu ver, estrutural no 
sistema capitalista.
LEITURA RECOMENDADA:
“A ética marxista: aproximações conceituais, perspectivas políticas e educacionais”
Antonio Carlos Souza - https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651032/17342
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/rfe/article/view/8651032/17342
PRÁXIS x ALIENAÇÃO
É um conceito central no pensamento de Marx. A Práxis não se confunde com a prática. A Práxis 
é a união da interpretação da realidade (teoria - conhecimento científico) à prática (realização 
efetiva, atividade), em outras palavras, é a ação consciente do sujeito na transformação de si 
mesmo e do mundo que o cerca. 
É por meio da práxis que se dá o combate à ALIENAÇÃO, permitindo não apenas interpretar o 
mundo, mas transformá-lo. Como mostrado na famosa canção de Geraldo Vandré ? “quem sabe 
faz a hora, não espera acontecer?.”
“Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diferentes maneiras; o que importa é 
transformá-lo”. (Karl Marx)
ÉTICA EM MARX
“superação do estado atual de coisas” (MARX; ENGELS, 2002, p. 32) e da 
construção de um novo modo de produção, de novas relações sociais, de 
uma nova sociedade, “da emancipação humana universal” (MARX, 2004, p. 
89). 
“É ético o que serve para destruir a velha sociedade exploradora, para unir 
os trabalhadores em classe, produtora da nova sociedade”. Se consideramos 
que são os homens que produzem, sob determinadas condições 
objetivamente dadas, a realidade, os complexos valorativos que tais homens 
erigem e constituem são igualmente frutos de suas aspirações, perspectivas 
teóricas e práticas. Daí que, uma análise ética, nesta perspectiva, não se 
restringe a abstrações, imaginações e, portanto, a reflexão ética produz 
teorias, conceitos, mas parte de ações concretas, da “práxis” como categoria 
central da filosofia que se concebe ela mesma não só como interpretação 
do mundo, mas também como guia de sua transformação
ÉTICA EM MARX
A Crítica às Visões Transcendentais / Religião:
• interferência da religião no processo de construção e desenvolvimento histórico material e espiritual 
do ser humano;
• a consideração da religião como um dos esteios em que se apoia a ordem social e política dominante, 
isto é, sua relação com os poderes econômicos e políticos estabelecidos; 
• as causas históricas que explicam as razões pelas quais as condições e relações sociais tornam a 
religião indispensável à existência humana; 
• a influência social da religião e a sua relaçãocom a classe trabalhadora; 
• a prática moral de natureza religiosa como expressão do individualismo; 
• a crítica à ineficácia do discurso cristão do amor, da fraternidade universal.
A Crítica às Visões Transcendentais / Religião:
Do ponto de vista das relações entre o homem e a divindade, a religião se caracteriza: pelo 
sentimento de dependência do homem com respeito a Deus; pela garantia de salvação dos males 
terrenos que a religião oferece ao homem no outro mundo. Esta caracterização aplicada, sobretudo, 
ao cristianismo significa: a afirmação de Deus como verdadeiro sujeito e a consequente negação da 
autonomia do homem; a transposição da verdadeira libertação do homem para um mundo 
transcendente, ultraterreno, que somente se pode alcançar depois da morte. (SÁNCHEZ VÁZQUEZ 
1998, p. 70)
Dentre as críticas à ética de fundamento religioso, Marx e Engels se referem especificamente do 
cristianismo, devido a sua influência social, o seu caráter mistificador, de ocultação da exploração 
humana. Ao invés da atitude de denúncia e proposta de superação da exploração, a religião apela 
para o além-transcendental para proclamar a ressignificação e a conformidade do presente. Assim, a 
paciência, a aceitação, a humildade, diante do sofrimento presente transforma-se em virtude e na 
mediação necessária para a salvação futura. Ou seja, o oposto da luta de classes.
Marx denuncia que “os princípios sociais do cristianismo pregam a necessidade de uma classe 
dominante e outra oprimida e para esta última só tem o desejo piedoso de que a primeira seja 
generosa” (MARX; ENGELS, 1976, p. 95).
A Crítica às Visões Transcendentais / Religião:
A religião é uma das formas de opressão espiritual que pesa em toda a parte sobre as massas 
populares esmagada pelo seu perpétuo trabalho para outros, pela miséria e pelo isolamento. A 
impotência das classes exploradas na luta contra os exploradores também gera tão 
inevitavelmente a fé em uma vida melhor além-túmulo, como a impotência dos selvagens na 
luta contra a natureza gera a fé em deuses, diabos, milagres, etc. Àquele que toda a vida 
trabalha e passa miséria a religião ensina a humildade e a paciência na vida terrena com a 
esperança da recompensa celeste. E àqueles que vivem do trabalho alheio a religião ensina a 
beneficência na vida terrena, propondo-lhes uma justificação muito barata para toda sua 
existência de exploradores e vendendo-lhes a preços módicos bilhetes para a felicidade celestial. 
“A religião é o ópio do povo”, afirma Marx.
Ética: Ruptura com o Capitalismo
Neste sentido, só podemos falar de progresso histórico se a este acompanhar 
um progresso moral. No modo de produção capitalista isto não ocorre, pois não 
há correspondência entre o desenvolvimento técnico-científico e sua 
apropriação material, pois numa mesma sociedade nem todos os indivíduos 
participam da produção e apropriação dos bens produzidos. 
Assim, o progresso histórico realiza-se mediante a exploração, a opressão nas 
relações sociais. Por isso, é impossível para o modo de produção capitalista 
criar as condições de adequação entre progresso histórico-social e progresso 
moral.
O marxismo defende, como moral do futuro, a moral da classe trabalhadora, 
pois esta classe, pela sua consciência e ação, pode abolir a alienação humana, 
pois é a classe a vivê-la e a sofrê-la na sua forma mais perversa. Só a classe 
trabalhadora pode libertar a sociedade e o homem libertando-se a si próprio, 
criando novos valores. Mas a classe trabalhadora não é identificada como um 
ser eticamente superior, mas aquela classe social que, elevada à desumanização 
mais extrema, tem uma missão histórica. O proletariado pode e deve libertar-
se a si mesmo. Ora, ele não se pode libertar sem abolir as suas próprias 
condições de vida
ÉTICA EM MARX
E, se a história é um movimento de superação, então é preciso superar o egoísmo e o 
individualismo capitalista, onde reina a hostilidade, a indiferença dos homens entre si, onde há a 
exploração humana por parte da classe dominante sobre os trabalhadores. A superação deste 
estado, como necessidade histórica, se dará no movimento revolucionário de fundamentação 
socialista, com a prática de novas relações sociais e produtivas. Então cessa a luta pela 
existência individual [...] As condições de vida que cercam ao homem e que até agora o 
dominavam passam, a partir desse instante, sob seu domínio e seu mando, e o homem, ao 
converter-se em dono e senhor de suas próprias relações sociais, se converte, pela primeira vez, 
em senhor consciente e efetivo da natureza.(ENGELS, 1976, p. 265-266).
NIETZSCHE
Nietzsche coloca em suspeita de nossas maneiras de pensar, agir e sentir.
A verdade nada mais é o que um valor, dentre outros, que nos orientam. A verdade pode nos 
induzir a erros e a atitudes não-éticas.
AFINAL, PARA QUE SERVE A VERDADE? 
A QUEM ELA SERVE?
A história do pensamento humano é a história da negação da vida, porque tenta criar 
VERDADES. É a história da construção de um modelo de Homem que não existe. Ou seja, crítica 
ao ANTROPOCENTRISMO. 
NIETZSCHE
Nietzsche propôs uma nova abordagem 
sobre a genealogia moral, a formação 
histórica dos valores morais. As concepções 
morais são elaboradas pelos homens, a 
partir de interesses humanos. E as religiões 
têm papel fundamental nisso, pois impõem 
valores humanos como sendo produtos da 
“vontade de Deus”. Ele chegou à conclusão 
de que não existem noções absolutas de 
bem e mal. Afinal, se os valores morais são 
produto histórico-cultural, logo, também 
são mutáveis.
Desespero, Mats Eriksson
NIETZSCHE
A grande crítica de Nietzsche às éticas socrática, kantiana e 
cristã, é a de que estas são “morais de rebanho”. O conceito 
de ética universal coincide com os preceitos de uma religião 
que tenta controlar as paixões e assim, homogeneizar os 
homens. A individualidade, tão valorizada por Nietzsche, 
acaba sendo diluída no meio do rebanho.
Nietzsche busca a “transmutação de todos os valores”, 
questionando o conceito de bem e mal em busca de novos 
valores “afirmativos da vida”, como a vontade, a criatividade 
e o sentimento estético.
NIETZSCHE
A moral racionalista foi erguida com finalidade repressora e 
não para garantir o exercício da liberdade; a moral 
racionalista transformou tudo o que é natural e espontâneo 
nos seres humanos em vício, falta, culpa, e impôs a eles, 
com os nomes de virtude e dever, tudo o que oprime a 
natureza humana.
Paixões, desejos e vontade referem-se à vida e à expansão 
de nossa força vital, portanto, não se referem, 
espontaneamente, ao bem e ao mal, pois estes são uma 
invenção da moral racionalista; a moral racionalista foi 
inventada pelos fracos para controlar e dominar os fortes, 
cujos desejos, paixões e vontade afirmam a vida, mesmo na 
crueldade e na agressividade. Por medo da força vital dos 
fortes, os fracos condenaram paixões e desejos, 
submeteram a vontade à razão, inventaram o dever e 
impuseram castigos para os transgressores.
NIETZSCHE
FORTES
FRACOS
Transgredir normas e regras estabelecidas é 
a verdadeira expressão da liberdade e 
somente os fortes são capazes dessa 
ousadia. Para disciplinar e dobrar a vontade 
dos fortes, a moral racionalista, inventada 
pelos fracos, transformou a transgressão em 
falta, culpa e castigo; a força vital se 
manifesta como saúde do corpo e da alma, 
como força da imaginação criadora. Por isso, 
os fortes desconhecem angústia, medo, 
remorso, humildade, inveja.
NIETZSCHE
A moral dos fracos é atitude preconceituosa e covarde dos que temem a saúde e a vida, invejam 
os fortes e procuram, pela mortificação do corpo e pelo sacrifício do espírito, vingar-se da força 
vital; a moral dos fracos é produto do ressentimento, que odeia e teme a vida, envenenando-a 
com a culpa e o pecado, voltando contra si mesma o ódio à vida; a moral dos ressentidos, 
baseada no medo e no ódio à vida (às paixões, aos desejos, à vontade forte), inventa uma outra 
vida, futura, eterna, incorpórea, que será dadacomo recompensa aos que sacrificarem seus 
impulsos vitais e aceitarem os valores dos fracos.
A moral seria, então, uma criação dos fracos para minar a VIDA e sua POTÊNCIA nos fortes. 
Ou seja, uma estratégia psicológica de dominação.
NIETZSCHE
O poder que se estabeleceu no mundo é o poder da fraqueza.
A ideia de mal ou ruim surge para atender aos interesses da 
MORAL DOMINANTE, dos que se julgam superiores.
A moral dos senhores se afirma a partir de si mesma: EU sou 
bom, EU sou belo, EU sou forte. Automaticamente, cria os 
conceitos do que é RUIM, MAL, ERRADO.
Se o OUTRO é mal, logo, eu sou BOM.
SUPER HOMEM: o homem que cria a si próprio, superando-se e 
superando a MORAL. Ele se abre para a invenção de SI.
NIETZSCHE
“A sociedade, governada por 
fracos hipócritas, impõe aos 
fortes modelos éticos que os 
enfraqueçam e os tornem 
prisioneiros dóceis da 
hipocrisia da moral vigente; é 
preciso manter os fortes, 
dizendo-lhes que o bem é tudo 
o que fortalece o desejo da 
vida e o mal tudo o que é 
contrário a esse desejo.” 
(Chauí)
NIETZSCHE
VONTADE DE POTÊNCIA
A vida é Vontade de Potência, mas não se 
pode restringi-la apenas à vida orgânica; ela 
está presente em tudo, desde reações 
químicas mais simples até à complexidade da 
psiquê humana (e é é no ser vivo que a 
vontade de potência pode se expressar com 
mais força). Ela é aquela que procura 
expandir-se, superar-se, juntar-se a outras e 
se tornar maior. Tudo no mundo é Vontade 
de Potência porque todas as forças procuram 
a sua própria expansão. Neste campo de 
instabilidade e luta, jogo constante de forças 
instáveis, a permanência é banida junto com 
a identidade: neste mundo reina a diferença. 
Força como superação, como constante ir 
para além dos próprios limites.
VONTADE DE POTÊNCIA
Se, em física, potência é a capacidade de realizar trabalho; na filosofia, Vontade de Potência é a 
capacidade que a Vontade tem de efetivar-se. Nietzsche argumenta que o homem não pode e não 
quer apenas conservar-se ou adaptar-se para sobreviver, só um homem doente desejaria isso; ele 
quer expandir-se, dominar, criar valores, dar sentidos próprios. Isto significa ser ativo no mundo, criar 
suas próprias condições de potência. É um efetivar-se no encontro com outras forças.
Para Nietzsche, a Potência é aquilo que quer na Vontade. E o que é a potência? É um eterno dizer-
sim. A potência se afirma na vontade quando diz “Sim” ao devir. É a afirmação pura de sua própria 
efetivação, a alegria provém da afirmação. E o sentido é o resultado destas forças.
É necessário ao homem moderno apropriar-se de sua Vontade de Potência para poder voltar a criar 
valores. Fazer experimentações, estabelecer novas hierarquias, ultrapassar os valores de seu tempo. 
Só assim poderá superar a si mesmo e livrar-se da camisa de força que a sociedade colocou em si há 
séculos. Só a Vontade de Potência permite uma análise imanente capaz de entender o mundo sem 
ceder para explicações metafísicas e capaz de dar novos sentidos, superando os atuais.
NIETZSCHE
MÁ CONSCIÊNCIA: instintos reprimidos que não podem se exteriorizar e então fazem o homem 
voltar-se contra si mesmo.
Eu devo: CULPA. 
MÁ CONSCIÊNCIA
A culpa e a má consciência são consequências diretas do ressentimento e inversão dos valores.
A cultura existiria primariamente para dobrar o homem, moldar sua consciência, criar um ponto de 
apoio onde ele poderia subir e superar-se. Contudo, ela permitiu que a erva daninha da má 
consciência crescesse e se espalhasse. A dor, antes externa e parte do processo se tornou algo interno 
e motivo de vergonha. O homem é um animal que foi quebrado, sua cultura é pesada demais para ele 
carregá-la em seus ombros; como um camelo ele se esforça para levar consigo sua moral, seus 
deveres, suas leis e suas responsabilidades.
Não há contrato social, apenas uma guerra interna dos instintos que antes se exteriorizavam. A 
doença da má consciência é uma desordem fisiológica. Seu resultado? O “cidadão de bem”: cômodo, 
conciliado, obediente, vão, sentimental, cansado. A pré-história preocupou-se com o adestramento 
das forças reativas; na história, inverteram-se os valores, preponderaram a fraqueza e a desordem. 
Resultado: o homem se tornou um plano que fracassou, uma promessa não cumprida. Ele se arrasta 
no tempo esperando redenção.
https://razaoinadequada.com/2014/09/12/genealogia-da-moral-culpa-ma-consciencia-e-coisas-afins/
MÁ CONSCIÊNCIA
Todos os instintos que não se descarregam para fora voltam-se para dentro – isto é o que chamo de 
interiorização do homem: é assim que no homem cresce o que depois se denomina sua ‘alma’. Todo o 
mundo interior, originalmente delgado, como que entre duas membranas, foi se expandindo e se 
estendendo, adquirindo profundidade, largura e altura, na medida em que o homem foi inibido em sua 
descarga para fora” – Nietzsche, Genealogia da Moral, segunda dissertação, § 16
A sociedade exige o amansamento da fera, a expansão dos instintos não tem mais vazão. É o 
momento da introjeção. Olhando para a vida com rancor, como uma mentira, estas forças 
viram-se contra si mesmas. O homem escoa agora todos os seus instintos, toda sua 
agressividade, para dentro. A força é interiorizada e se torna dor; a dor é interiorizada e se 
torna culpa.
Bicho-homem interiorizado, acuado dentro de si mesmo, aprisionado no ‘Estado’ para fins de domesticação, 
que inventou a má consciência para se fazer mal” – Nietzsche, Genealogia da Moral, segunda dissertação, §
22
NIETZSCHE
Niilismo Negativo: Aqui, nega-se o mundo em nome de outros valores. Mas o niilista engana a si próprio, ele nunca diz negar o mundo, pelo contrário, ele se diz afirmando 
Deus, uma utopia, o que quer que seja. Divisão de dois mundos, um debaixo: sensível, mutável, corporal, imperfeito, temporal; outro supra-sensível: imutável, ordenado, 
perfeito, atemporal. O niilista negativo cria outros mundos para poder suportar este. Se esta ordem terrena o faz sofrer, ele diz: “Deus é misterioso, escreve por linhas tortas“. 
Se o homem sofre aqui na terra ele diz: “Deus, tenha piedade de nós“. A vontade se torna doente, remete a mundos fora deste. “Não amem o mundo nem o que nele há. Se 
alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” [1Jó 2:15]. Este mundo é ruim, portanto, o niilista deve provavelmente ser o escolhido de Deus (um deus dos fracos, 
oprimidos, que sofrem), esta é a figura do ressentimento;
Niilismo Reativo: o homem capitalista não nega o niilismo negativo ele dá um passo adiante: a morte de Deus. Ah, somos todos ateus! Deus morreu porque nosso cotidiano 
não é mais guiado pelos preceitos divinos. Sim, matamos Deus e ele mereceu, mas agora o homem é sagrado. Viva os direitos do homem! De que adianta? O além agora é o 
futuro, “no dia da revolução todos serão redimidos“. Trabalhe por um mundo melhor, sirva à sociedade, faça o bem para os seus filhos. A ciência dará todas as respostas. Enfim,
ainda somos religiosos, o homem matou a verdade fora deste mundo, mas ainda acredita numa verdade metafísica neste mundo, um mundo melhor por vir. Perspectiva do 
futuro que tira o homem do tempo, do presente. O homem apenas aguarda.
Niilismo Passivo: aos poucos, a vontade de potência se esgota no niilismo, ela vaza, escoa, procura afirmar-se em outros lugares. O homem cada vez mais doente tem cada vez 
menos capacidade de afirmar-se. O niilismo passivo é o dos últimos dos homens (Zaratustra, parte IV). “Onde está o mar para que eu possa me afogar?“, o mar secou! As 
figuras anteriores tinham uma vontade de nada mas o niilista passivo passa para o nada de vontade, estamos chegando perto do fim… É aquele que prefere extinguir-se 
passivamente. A chama se apaga, surge a escuridão sem fim. Mortos-vivos, não encontram vida dentro de si (mesmo ela estando lá), mas ainda se movem… perdidos… 
entorpecidos…
Niilismo Ativo: “O homem é uma criação recente cujo fim talvez esteja próximo” (Foucault). Quando as forças de negação atingem o seu limite, elas chegam do outro lado. O 
niilismonega a si mesmo, há um rompimento. Encontramos então alguém que quer perecer, ser ultrapassado, morrer, sim, e para isso ele faz da vontade de potência uma 
negação das próprias forças reativas. Se destruir ativamente! Destruir o niilismo dentro de si! Como podemos acelerar a roda do devir? Negando as forças de negação. O que 
vem depois do homem moderno? O que está além do homem? Não foi Nietzsche quem matou Deus, foi o homem moderno, Nietzsche é o filósofo da morte do homem! Para 
que? Para criar novos valores! Só é escapar destes valores humano, demasiado humanos, criando novos; o maior perigo do homem, no fim das contas, sempre foi o próprio 
homem, criar é sempre ir para além do homem!
https://razaoinadequada.com/filosofos-essenciais/nietzsche/4-formas-de-niilismo/
https://razaoinadequada.com/2015/11/11/niilismo-negativo-platonismo-e-cristianismo/
https://razaoinadequada.com/filosofos-essenciais/nietzsche/ressentimento/
https://razaoinadequada.com/2015/11/25/niilismo-reativo-a-falsa-morte-de-deus/
https://razaoinadequada.com/2013/05/03/deus-esta-morto/
https://razaoinadequada.com/2016/02/17/niilismo-passivo-nada-de-vontade/
https://razaoinadequada.com/2016/03/02/niilismo-ativo-transvaloracao-de-todos-os-valores/
https://razaoinadequada.com/filosofos-essenciais/foucault/
https://razaoinadequada.com/2014/03/08/nietzsche-o-alem-do-homem-ou-o-super-homem/
FREUD E A ÉTICA
“De fato, tanto a palavra ética quanto o termo moral dizem respeito às tentativas históricas –
sempre precárias e provisórias – que as várias culturas empreendem para regular 
especialmente as relações sociais, visando uma vida boa e justa, tanto para os indivíduos como 
para a comunidade em seu todo. Todavia, se admitirmos que a palavra ética evoca a 
necessidade humana da Lei, de recriar no mundo da cultura uma regularidade instituída para 
viabilizar a convivência humana, sem que isso implique ser fiadora dos códigos morais que se 
cristalizam numa determinada comunidade histórica, então poderíamos falar de uma psicanálise 
freudiana que se coloca certamente do lado do desejo, mas não contra a Lei, de uma psicanálise 
que critica o moralismo, mas não a Ética ou pelo menos certa concepção de Ética.
O que fazer com os nossos desejos de vida e de morte diante das interdições de nossa cultura? 
O Mal-Estar na Civilização. 
FREUD E A ÉTICA
Seu principal objetivo era o de desvendar a gênese da consciência 
moral e dos sentimentos éticos nos indivíduos e na sociedade. 
Segundo ele, tais sentimentos não são naturais ou inerentes ao 
espírito humano, como pensaram alguns filósofos; são criados a 
partir da convivência em comunidade e se justificam a partir da 
necessidade de domínio das forças da natureza e da agressividade 
humana, tendo como função regular os relacionamentos entre os 
homens - uma necessidade da ordem da sobrevivência da espécie.
Sustenta a ideia que a civilização e a neurose têm a mesma origem, a 
saber, a renúncia pulsional. Uma das implicações dessa hipótese é 
pensar que os conflitos éticos vividos pelos pacientes são na 
realidade conflitos pulsionais que podem, portanto, ser tratados em 
análise.
FREUD E A ÉTICA
Do ponto de vista do inconsciente, mentir, matar, 
roubar, seduzir, destruir, temer, ambicionar são 
simplesmente amorais, pois o inconsciente desconhece 
valores morais. Inúmeras vezes, comportamentos que a 
moralidade julga imorais são realizados como 
autodefesa do sujeito, que os emprega para defender 
sua integridade psíquica ameaçada (real ou imaginaria). 
Se são atos moralmente condenáveis, podem, porém, 
ser psicologicamente necessários.
De fato, a psicanálise encontra duas instâncias ou duas 
faces antagônicas no inconsciente: 
1. o id, em busca da satisfação
2. O superego, interiorizado pelo sujeito, que absorve 
os valores de sua sociedade.
FREUD E A ÉTICA
Nossa psique é um campo de batalha inconsciente entre desejos e censuras. 
O id desconhece as fronteiras da sociedade, enquanto o superego só 
conhece suas barreiras. Vencedor, o id é violência que destrói os outros. 
Vencedor, o superego é violência que destrói o sujeito. A batalha interior só 
pode ser decidida em nosso proveito por uma terceira instância: a 
consciência.
No caso específico da ética, a psicanálise mostrou que uma das fontes dos 
sofrimentos psíquicos, causa de doenças e de perturbações mentais e físicas, 
é o rigor excessivo do superego, ou seja, de uma moralidade rígida que 
produz um ideal do ego irrealizável, torturando psiquicamente aqueles que 
não conseguem alcançá-lo, por terem sido educados na crença de que esse 
ideal seria realizável.
Fonte: https://sigifreud.wordpress.com/2013/11/13/a-etica-e-a-pscicanalise/
https://sigifreud.wordpress.com/2013/11/13/a-etica-e-a-pscicanalise/
FREUD E A ÉTICA
Quando uma sociedade reprime os desejos inconscientes de tal modo que não possam 
encontrar meios imaginários e simbólicos de expressão, quando os censura e condena de tal 
forma que nunca possam manifestar-se, prepara o caminho para duas alternativas igualmente 
distantes da ética: ou a transgressão violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos, ou a 
resignação passiva de uma coletividade neurótica, que confunde neurose e moralidade.
Em outras palavras, em lugar de ética, há violência; por um lado, violência da sociedade que 
exige dos sujeitos padrões de conduta impossíveis de serem realizados e, por outro lado, 
violência dos sujeitos contra a sociedade, pois somente transgredindo e desprezando os valores 
estabelecidos poderão sobreviver. Em suma, sem a repressão da sexualidade, não há sociedade 
nem ética, mas a excessiva repressão da sexualidade destruirá, primeiro, a ética e, depois, a 
sociedade.
Fonte: https://sigifreud.wordpress.com/2013/11/13/a-etica-e-a-pscicanalise/
https://sigifreud.wordpress.com/2013/11/13/a-etica-e-a-pscicanalise/
FREUD E A ÉTICA
O que a psicanálise propõe é uma nova moral sexual que 
harmonize, tanto quanto for possível, os desejos inconscientes, 
as formas de satisfazê-los e a vida social. Essa moral, 
evidentemente, só pode ser realizada pela consciência e pela 
vontade livre, de sorte que a psicanálise procura fortalecê-las 
como instâncias moderadoras do id e do superego.
Somos eticamente livres e responsáveis não porque possamos 
fazer tudo quanto queiramos, nem porque queiramos tudo 
quanto possamos fazer, mas porque aprendemos a discriminar 
as fronteiras entre o permitido e o proibido, tendo como 
critério ideal a ausência da violência interna e externa.
Fonte: https://sigifreud.wordpress.com/2013/11/13/a-etica-e-a-pscicanalise/
https://sigifreud.wordpress.com/2013/11/13/a-etica-e-a-pscicanalise/
FREUD E A ÉTICA
de acordo com a proposta freudiana, os indivíduos só são capazes de aderir às normas éticas e 
de viver em civilização porque contam com um aparelho psíquico capaz de organizar as pulsões 
que devem ser renunciadas, procurando dar-lhes outros destinos possíveis. Psiquicamente, a 
ética é descrita por Freud (1939) como uma limitação da pulsão e está, desse modo, na origem 
de certas patologias psíquicas. Os dois principais meios para lidar com a pulsão que deve ser 
renunciada são o recalque, que freqüentemente aparece relacionado aos processos patológicos, 
e a sublimação, relacionada com os processos saudáveis e criativos.
FREUD E A ÉTICA
A Pulsão e a Sublimação
A “Pulsão é o processo dinâmico que consiste numa pressão ou força que faz o organismo 
tender para um objetivo. Segundo Freud, uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal. 
O seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional.
É no objeto ou graças a ele que a pulsão pode atingir suas metas. Também a Pulsão é vista como 
pressão ou força. Esta é concebida como um fator quantitativo econômico, uma exigência de 
trabalho imposta ao aparelho psíquico […]. Um conceito-limite entre o psiquismo e o somático.
Quando não recalcada, essa pulsão encontra o seu destino na sublimação. Isso pode ser 
simplesmente uma libertação pela distração daenergia pulsional não recalcada. Ou pode ser 
apenas um mecanismo de defesa do ego.
FREUD E A ÉTICA
Em o Mal-Estar na Civilização (1930), Freud discute a renúncia pulsional que temos de 
fazer como seres humanos, para que a civilização possa sobreviver. Ele se pergunta: “o que 
pedem eles da vida, e o que desejam nela realizar? Esforçam-se para obter felicidade, 
querem ser felizes e assim permanecer” (FREUD, v.XXI, p.94). Freud nos ensina que para 
sobreviver nesse mal-estar, cada um deve encontrar sua própria “Regra de ouro”.
Alguns exemplos de sublimação como mecanismo de defesa são muito claros: Estou com 
raiva, logo, eu saio e vou cortar lenha. Acabo com uma pilha de lenha e passo a descontar 
minha raiva na lenha e ninguém mais sai ferido ou prejudicado.
Uma pessoa que tem necessidade obsessiva pode ser um empreendedor de um negócio 
bem sucedido. Um marido que tem desejos extraconjugais pode se ocupar com reparações 
domésticas e situação comezinhas enquanto sua esposa estiver fora da cidade.
Vejo a sublimação como o mais útil e construtivo dos mecanismos de defesa do ego, por 
conseguir levar a energia de algo que é potencialmente prejudicial e transformar em algo 
bom é útil. Freud acreditava que as maiores conquistas da civilização foram feitas pela via 
da sublimação.
FREUD E A ÉTICA
RECALQUE
Freud, em seu artigo de 1915, se pergunta: “Por que uma moção pulsional deveria ser vítima de 
semelhante destino (recalcamento)?” Entendemos que a resposta cabível é: Porque o caminho em 
direção à satisfação pode acabar produzindo mais desprazer do que propriamente prazer.
No que tange à satisfação da pulsão, sempre temos que levar em conta a “economia” presente no 
processo. Assim, se levar em conta a presença das instâncias psíquicas, poderemos notar que aquilo 
que dá prazer em algum lugar, bem como pode vir a ser extremamente desprazeroso em outro.
Qual seria a “condição para o recalque”?
Desta forma, fica estabelecida a “condição para o recalque”: é preciso que a potência do desprazer 
seja maior do que o prazer da satisfação. “Devemos compreender que o recalque está a serviço da 
satisfação pulsional e não contra ela”.
FREUD E A ÉTICA
O ‘mal-estar’ dos indivíduos, quando não a neurose, a doença, a hipocrisia, a revolta, em outras 
palavras, o conflito ético decorre do fato que os impasses entre pulsão e cultura são estruturais 
e não conjunturais, o que revela a intransponível situação de desamparo psíquico em que se 
encontra o sujeito num mundo sem deus e assujeitado às exigências da Cultura.
Mesmo com todas as limitações da liberdade do sujeito (determinismo do inconsciente, forças 
pulsionais incontroláveis, exigências culturais excessivas), a psicanálise freudiana não é fiadora 
de uma moral conformista. O Ego ‘deve’ advir onde havia Id ou Superego, o que coloca a 
psicanálise na seqüela do pensamento iluminista: crença na autonomia da razão para investigar 
o mundo da physis e do ethos; a reivindicação do indivíduo ao prazer e à felicidade, a despeito e 
à revelia das exigências morais da tradição e da coletividade; a crença no universalismo da 
natureza humana. Essas não são apenas as características da Ética da modernidade, mas 
também da Ética freudiana (Rouanet, 1993, p.96ss).
FREUD - O fenômeno religioso
A religião funciona também para o psiquismo humano como função paterna, castradora, inibidora, punitiva e
reguladora. Desta forma, não é nada estranho que emerjam comportamentos morais rígidos interligados às práticas e aos
ideais religiosos.
Assim, Freud, no artigo os atos obsessivos e as práticas religiosas (1907) faz uma analogia entre as práticas obsessivas
e os cerimoniais religiosos (FREUD, 1906/2006, p. 110). Ou seja, a construção da ética e da moral também jornadeia
pelos caminhos da religião, no sentido de acolher o sujeito para que o mesmo tenha algum direcionamento
comportamental e, inconscientemente destine as suas energias pulsionais para atitudes e comportamentos
socialmente aceitos. A esse mecanismo de escoar as energias pulsionais para fins aparentemente mais elevados Freud
deu o nome de sublimação (FREUD, 1910/ 2006, p. 42).
SARTRE
Uma filosofia da existência consequente com seus 
pressupostos e seus propósitos – como é o caso de Sartre –
deve obrigatoriamente considerar as implicações recíprocas 
entre ontologia, história, ética e política.
Precedência da existência em relação à essência
CONCEITOS CENTRAIS:
• existência
• liberdade 
• responsabilidade.
SARTRE - LIBERDADE
LIBERDADE:
Sartre construiu um sistema filosófico defendendo a criatura 
humana naquilo que mais a dignifica: a sua liberdade de ser. Mas 
seu conceito de liberdade não traduz exatamente aquilo que o 
senso comum entende por tal questão. A liberdade para Sartre 
tem um sentido ontológico, isto é, o homem é intrínseca e 
ontologicamente livre. A liberdade surge como uma 
necessidade: “o homem está condenado a ser livre” – afirma 
Sartre. Contudo, não se trata de uma liberdade abstrata, ou de 
absoluta transcendência; a liberdade desponta na origem de 
uma consciência que está inserida no mundo e comprometida 
com ele por uma relação indissolúvel , ou seja, que está “em 
situação”.
SARTRE - LIBERDADE
Relação da liberdade com a responsabilidade:
“É pela liberdade humana que os valores vêm ao mundo: o homem inventa os seus próprios valores. 
Não há, a priori, valores inscritos num céu inteligível, NÃO há um imperativo categórico 
universalmente válido, nem uma lei ética geral que determine as suas escolhas. O que há, é a decisão 
humana de criá-los. Na sua liberdade de escolha, portanto, reside o único fundamento no qual o 
homem pode se apegar. Não faz sentido para Sartre, o que os moralistas nomeiam como “valores 
universalmente válidos e logicamente necessários”. É ele que escolhe seus próprios valores. Com isso, 
Sartre abre a assustadora possibilidade de uma moral variável.”
Leitura complementar - ÉTICA E LIBERDADE EM SARTRE: 
http://www.paradigmas.com.br/index.php/revista/edicoes-11-a-20/edicao-13/217-etica-e-liberdade-em-sartre
http://www.paradigmas.com.br/index.php/revista/edicoes-11-a-20/edicao-13/217-etica-e-liberdade-em-sartre
SARTRE – imperativos morais?
Em primeiro lugar, vejamos o que significa moral para Sartre. “ Chamaremos de moral ao conjunto 
de imperativos, valores e critérios axiológicos que constituem os lugares comuns de uma classe, de um 
ambiente social ou de uma sociedade inteira”. Tais imperativos porém - apesar de manter com o 
homem um nexo de ligação externa assegurando seu caráter de alteridade - são, também a forma 
pela qual o homem se afirma como um sujeito de interioridade, autônomo e que tem por si mesmo 
o domínio das circunstâncias externas. O caráter de alteridade fica camufladamente substituído pela 
autonomia, ou seja, construímos uma falsa moral autônoma, mantendo de forma velada o aspecto 
heterônomo desta mesma moral Dessa forma, os imperativos e os valores - que nada mais são do 
que imperativos afetivos ligados à imperativos práticos - nos surgem como fórmulas tranqüilizadoras, 
estreitamente ligadas às possibilidades: “deves, logo podes”, afirma a moral kantiana que, com seu 
caráter formal e universal, negligencia, por um lado, as características contingentes da realidade 
humana em situação, e por outro, deixa encoberto nesta fórmula, que tal possibilidade, aí afirmada, 
retorna e recai incondicionalmente sobre o dever interiorizado. Este aspecto incondicional da 
possibilidade não leva em consideração o meu ser passado, as minhas vivências anteriores, nem as 
minhas reais possibilidades; estes ficam falazmente suplantados pelo imperativo do dever, cujo 
cumprimento fará de mim um sujeito de interioridade.
SARTRE – imperativos morais?
Sem dúvida alguma, tais aspectos normativos são 
bastante confortáveis e tranquilizadores, pois 
aliviam a responsabilidade pela escolha 
livremente assumida diante de determinada 
situação. Isto é, opto por certas atitudes porque as 
leis, os costumes, os valores impostospela 
sociedade assim me “obrigam”, logo não posso ser 
responsabilizado pelas consequências que 
advieram da minha escolha. 
Mas o fato não-desvelado é que sou eu que 
significo tais imposições como valores que deverão 
nortear as minhas decisões. É a minha consciência 
sempre significante que dá o sentido de valor às 
coisas do mundo, que em si mesmo não têm valor 
algum.
SARTRE
A vida não tem sentido algum 
antes de darmos sentido a ela, 
não há nada anterior ao ser que 
possa definir o que ele será.
O homem não pode apenas SER. 
Ele precisa FAZER-SE. Noção de 
PROJETO: o homem só existe na 
medida em que se realiza.
Não faz sentido perguntar sobre 
o sentido da vida. O homem tem 
que CRIAR esse sentido.
SARTRE
EXISTENCIALISMO ATEU: 
não há um criador que 
tenha predeterminado a 
essência de cada pessoa.
Visão Antideterminista
Visão Antideterminista
O fundamento do movimento intencional não é o Eu, não é um ser e sim o Nada, uma vez que a 
única realidade que posso designar como consciência é o movimento para as coisas e para-si. 
Ora, nesse caso, a conduta interrogante também se refere a uma interrogação radical acerca do 
que sou, porque o campo das respostas não é o campo do ser constituído ou da realidade dada, 
mas sim o campo dos possíveis, aquele em que o que posso ser se constitui fora de mim, e 
mesmo longe de mim.
POSSIBILIDADES:
Todas as possibilidades nascem e crescem no futuro, e é no futuro que descobriremos se elas se 
podem realizar ou se frustrar, se eram promessas ou sonhos. E isso porque nenhuma delas está 
determinada a realizar-se: tornar-se-ão realidades na medida em que minhas escolhas e minhas 
ações puderem fazê-las reais, num processo em que me tenho que haver com a adversidade das 
coisas
SARTRE- Responsabilidade
LIBERDADE E RESPONSABILIDADE
Deste ponto de vista, a atividade moral apresenta, 
segundo Sartre, dois aspectos: um aspecto relativo 
que supõe o homem-no-mundo, em situação e um 
aspecto absoluto que tem origem no próprio 
homem, e que diz respeito às decisões por ele 
tomadas em sua relação com o outro em função de 
sua situação. O absoluto surge, portanto como 
produto do relativo, e não ao contrário. É pela 
situação que o homem escolhe o absoluto que vai 
direcionar a sua escolha. Não há valores 
prescritos, nem receitas pré-determinadas. A cada 
momento e em cada situação ele inventa suas 
soluções e decide, pela sua liberdade, o caminho a 
seguir, tornando-se, assim, o único responsável 
pelas decisões escolhidas. E é essa 
responsabilidade que Sartre coloca em questão em 
sua conceituação filosófica.
SARTRE- Responsabilidade
Está implicada a interrogação constante pelo ser desse sujeito que não é, precisamente porque 
será o que fizer de si de acordo com suas escolhas e suas condutas, então a precedência da 
existência, enquanto experiência constituinte da realidade humana, só pode ser de caráter 
ético.
Mas precisamente porque esse processo de realização é consciente, precisamente porque o 
sujeito é consciente de si como de algo que ele ainda não é, mas que precisa vir-a-ser, 
precisamente porque, não sendo determinado, esse sujeito tem de inventar a cada momento o 
seu ser, isto é, o significado que julga dever atribuir ao fato de existir, por tudo isso é que esse 
processo de tornar-se sujeito pela sucessão de suas escolhas estará sempre na dependência de 
um projeto existencial pautado por escolhas morais.
Mundo objetivo e Subjetividade
A realidade de cada sujeito existente se constitui a partir da facticidade, isto é, de um contexto 
de realidade objetiva, formado por fatos que o sujeito não pode escolher nem mudar.
REALIDADE OBJETIVA:
Ao nascer, encontro um mundo histórico já constituído que não escolhi e que não posso mudar. 
São determinações naturais (se nasci no deserto ou no litoral, em país frio ou tropical) e 
históricas (econômicas, sociais, familiares) que influirão decisivamente sobre minhas 
possibilidades e, portanto, sobre minhas escolhas. Não há dúvida de que elas estão, de certa 
forma, condicionadas por fatores sobre os quais não tenho qualquer poder. Em que isso pode 
ser entendido como limitação ou restrição de minha liberdade?
Mundo objetivo e Subjetividade
Com efeito, não posso mudar os fatos, mas o sentido que lhes 
atribuo depende de mim. 
Se o fato está fora do alcance da minha liberdade, o sentido que 
posso lhe atribuir – a maneira como o assumo para mim – está na 
esfera de minhas escolhas livres. E como é o sentido atribuído aos 
fatos que vai orientar minha conduta, permanece a 
responsabilidade pelas consequências da opção por este ou 
aquele sentido.
Sendo o sujeito uma consciência que representa os fatos para si, 
conferindo-lhes significação humana e subjetiva, a determinação 
só pode ocorrer por via da mediação da subjetividade singular.
Mundo objetivo e Subjetividade
Desse modo, escolha subjetiva e determinação objetiva não 
se configuram como visões mutuamente exclusivas, mas 
devemos supor entre elas uma relação de reciprocidade que 
vem a ser propriamente a dialética do subjetivo e do 
objetivo.
Sartre nos mostra um sujeito que se constitui ao mesmo 
tempo por meio da interiorização da exterioridade e da 
exteriorização da interioridade. O ser objetivo, o 
inteiramente constituído ou a mera exterioridade não 
comportariam a atividade necessária ao fazer-se do sujeito, 
ainda que este fazer-se inclua a passividade inerente ao ser 
feito. Precisamente, faço-me com o que fazem de mim 
porque atividade e passividade não estão em oposição 
analítica, mas são dialeticamente opostos.
Não há ato humano (moral, político e histórico) que não se 
defina pelas duas dimensões, opostas e necessariamente 
presentes
Mundo objetivo e Subjetividade
A filosofia da existência é uma filosofia da ação e não da contemplação, porque é uma filosofia 
do processo de subjetivação e não da essência do sujeito. Se o processo de subjetivação, que 
não é outra coisa senão a trajetória existencial de formação do sujeito, é sempre um processo 
em que as escolhas se sucedem a partir da liberdade vivida nas situações históricas, então é 
coerente qualificar esse processo de moral, tendo em vista as opções e as eleições de valores 
que o constituem.
Todo indivíduo está inserido na História ou no espírito objetivo tal como se manifesta 
determinadamente; e todo indivíduo é uma história, que em princípio pode ser desvelada e 
narrada como formação da subjetividade singular. 
Mundo objetivo e Subjetividade
Deveria ficar evidente que uma ética da existência histórica não pode ser prescritiva, não pode 
constituir-se como um conjunto de normas fundadas em um princípio, ainda que tal princípio 
seja a razão imanente. Primeiramente porque qualquer prescrição é incompatível com a 
precedência da existência em relação à essência. Em segundo lugar, porque, a partir da visão 
dialética das relações entre o singular e o universal, não se pode aceitar que a ação particular e 
subjetiva simplesmente se submeta à norma geral e dessa tire inteiramente o seu sentido. 
Sempre pareceu óbvio que, se a moral supõe a responsabilidade, tem de supor também a 
liberdade. O existencialismo de Sartre, ao recolocar a questão, radicalizou a noção de liberdade 
e com isso levou às últimas consequências a ética da responsabilidade. 
LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E O OUTRO:
O ser humano é liberdade. O ser humano, que existe, nada mais é do que seu próprio projeto 
livremente escolhido, um sujeito que organiza objetos a seu redor como tentativa de realizar 
intentos livremente escolhidos. Com a entrada do Outro, essa liberdade sofre limitação.
A concepção de mim mesmo depende, pois, da relação estabelecida com os Outros. Por estar 
em conexão com as infinitas possibilidades dos outros-livres, temos uma infinita e inesgotável 
fonte de propriedades a serem reveladas. Com o olhar do outro, pois, o homem já não é dono 
da situação. É dono, mas a situação passa a ter possibilidades inesperadas, não desejadas pelo 
homem. Essa imprevisibilidadecaracteriza, para Sartre, a condição de “Ser-no-meio-do-mundo-
para-outro” 
EXEMPLOS: Vergonha e Orgulho – dependentes do olhar do Outro.
LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E O OUTRO:
LIBERDADE E O OUTRO:
“O olhar do Outro me faz experimentar a minha existência; me desperta para o fato de que há 
consciências para as quais eu existo” (1997: 360). Assim, pensar a indispensável existência do Outro 
para a formação do Mim implica evitar o solipsismo e prescindir do recurso à Deus. Essa relação Eu-
Outro vai constituir, pois o projeto do sujeito, cuja busca se dá através de um processo dialético por 
vezes angustiante.
“Sartre não se cansa de acentuar que a noção de liberdade originária envolve uma responsabilidade 
radical, e que a solidão em que é feita a escolha não isenta o sujeito do compromisso com a 
universalidade, isto é, com os outros. A invenção do valor imanente a cada ato de escolha, decorrente 
da inexistência de valores prévios determinantes da conduta humana, faz com que a liberdade não se 
dissocie nunca da responsabilidade pela afirmação de valores e critérios em cada ato livre”.
LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E O OUTRO:
LIBERDADE, RESPONSABILIDADE E O OUTRO:
A noção sartreana de responsabilidade faz do homem um ser inteiramente comprometido com 
o mundo no qual está inserido, pois, segundo tal noção, esse homem, ao escolher suas 
condutas, ao apresentar ao mundo suas ações e suas possibilidades, está apresentando a 
imagem do homem como ele julga que deve ser; uma imagem por ele escolhida e construída 
sobre valores por ele mesmo fundados e consciente ainda, de que o que é possível para ele, em 
sua liberdade, é possível também para todos os outros homens. Logo suas escolhas 
comprometem toda a humanidade e ele se torna com isso, não somente responsável por si, 
mas também responsável pela humanidade inteira.
SARTRE – Angústia
ANGÚSTIA
ausência de fundamento da própria 
existência enquanto contínuo processo 
de escolha, constante exercício de 
liberdade, orientado pelo projeto 
existencial, que não é outra coisa senão 
a projeção de possibilidades que 
orientam precariamente o sujeito em 
direção a si mesmo. 
Angústia é um sentimento associado ao 
desamparo e ao desespero em que se 
encontra o homem no ato de decidir sua 
ação. 
Agir implica liberdade
Liberdade implica responsabilidade
Responsabilidade implica angústia 
SARTRE – Angústia
ANGÚSTIA
o homem, como ser consciente, está sempre querendo preencher o "nada" que é a sua essência 
buscando transformar-se em vez de permanecer perpetuamente num estado em que as 
possibilidades estão sempre irrealizadas.
Essa liberdade traz consigo a angústia, já que o homem está condenado porque sem diretrizes 
absolutas e deve, pois, sofrer a agonia da tomada de decisão e a angústia de suas possíveis 
consequências. Para Sartre, age de má fé aquele que tenta fugir da angústia fingindo que não é 
livre. Negar a liberdade é, aos olhos do filósofo, uma tomada de posição covarde, a fim de 
fugir da angústia da escolha, e achar o repouso e a segurança na confortável ilusão de ser uma 
essência acabada. O homem não pode desculpar sua ação dizendo que está forçado por 
circunstâncias ou movido pela paixão ou determinado de alguma maneira a fazer o que faz.
SARTRE
A sujeição aos determinismos (MORAL) também 
é uma forma de escolher.
Não importa o que me foi dado, o importante é o 
que eu faço com o que recebi.
“O homem está condenado a ser livre.”
MODERNIDADE LIQUÍDA
As SOCIEDADES são formadas por uma rede de instituições destinada a garantir: 
• repetição de rotinas 
• padrões de conduta aceitáveis 
• justiça e conforto para todos os membros da sociedade 
• guiar nossa conduta de sorte que possamos nos sentir seguros em nossa relações recíprocas, 
ajudar-nos uns aos outros, cooperar e derivar nossa de convivência prazer não corrompido pelo 
medo ou pela desconfiança. 
• Para isso, as instituições devem limitar as escolhas individuais (qualidade e quantidade) 
MODERNIDADE LIQUÍDA
Como fazer isso se essas sociedades não 
conseguem manter sua forma por muito 
tempo – nem se espera que o façam?
SOCIEDADES LÍQUIDAS: 
Se dissolvem mais rápido que o tempo que 
leva para moldá-las e estabelecê-las. 
MODERNIDADE LIQUÍDA
VIVEMOS NUMA ERA PÓS-MODERNA??
O período que se seguiu ao fim da Segunda Guerra Mundial foi palco de mudanças rápidas e 
profundas de inúmeras características nas nossas relações sociais, instituições dos Estados, 
construções culturais e várias outras configurações do mundo social que se construiu durante o 
período que se denominou de “moderno”.
Para alguns estudiosos das disciplinas que se dedicam ao estudo desses fenômenos, essas 
mudanças foram tão significativas que eles acreditam que é preciso falar agora da superação ou 
do fim do período moderno, ou da pós-modernidade, por assim dizer. Essa transição teria 
ocorrido em função da quebra de certos paradigmas que seriam pilares de sustentação da 
Modernidade de um ponto de vista sócio-histórico. Esses pilares seriam as narrativas e 
ideologias fundadoras de explicações sobre o mundo social moderno que fundamentavam ações 
e perspectivas que agora já não mais se sustentam.
MODERNIDADE LIQUÍDA - BAUMAN
Entre os teóricos que tratam da modernidade tardia, ou da pós-modernidade, o sociólogo 
polonês Zygmunt Bauman é uma referência absoluta.
Em suas obras, Bauman cunha o termo “modernidade líquida” para tratar da fluidez das 
relações em nosso mundo contemporâneo. O conceito de modernidade líquida refere-se ao 
conjunto de relações e dinâmicas que se apresentam em nosso meio contemporâneo e que se 
diferenciam das que se estabeleceram no que Bauman chama de “modernidade sólida” pela sua 
fluidez e volatilidade. 
Agora, nada é prédeterminado ou irrevogável.
ERA DAS INCERTEZAS
MODERNIDADE LIQUÍDA - BAUMAN
Quando se chega à modernidade líquida, toda 
estrutura social montada em torno da relativa 
fixidez moderna dilui-se. Para Bauman, as 
relações transformam-se, tornam-se voláteis na 
medida em que os parâmetros concretos 
de “classificação” dissolvem-se. Trata-se 
da individualização do mundo, em que o sujeito 
agora se encontra “livre”, em certos pontos, 
para ser o que conseguir ser mediante suas 
próprias forças. A liquidez a que Bauman se 
refere é justamente essa inconstância e 
incerteza que a falta de pontos de referência 
socialmente estabelecidos e generalizadores 
gera.
São esses padrões, códigos e regras a que podíamos nos 
conformar, que podíamos selecionar como pontos estáveis 
de orientação e pelos quais podíamos nos deixar depois 
guiar, que estão cada vez mais em falta. Isso não quer dizer 
que nossos contemporâneos sejam livres para construir seu 
modo de vida a partir do zero e segundo sua vontade, ou 
que não sejam mais dependentes da sociedade para obter 
as plantas e os materiais de construção. Mas quer dizer que 
estamos passando de uma era de 'grupos de referência' 
predeterminados a uma outra de 'comparação universal', 
em que o destino dos trabalhos de autoconstrução 
individual (…) não está dado de antemão, e tende a sofrer 
numerosa e profundas mudanças antes que esses trabalhos 
alcancem seu único fim genuíno: o fim da vida do indivíduo. 
(BAUMAN, 2001)
A pós-modernidade passou a ser 
vista, então, como o momento 
histórico em que há uma crise 
das grandes narrativas (com 
suas normas e valores a 
conformar os sujeitos).
Exemplos: fim de grandes 
tradições, da religião, do 
trabalho previsível, da ideia 
clássica de família, crises da 
ciência, etc. 
COMO DEFINIR A ÉTICA NESSE 
CONTEXTO?
MODERNIDADE LIQUÍDA - BAUMAN
• Dificuldade de lidarmos com a liberdade: “a libertação é uma bênção ou uma maldição?” 
• Necessidade de uma crítica social que saiba trabalhar com as duas características de nossa 
situação: inexistência de um telos e desregulamentação e privatização das tarefas e deveres. 
• Realocação do discurso ético/político do quadro da “sociedade justa” para o dos “direitos 
humanos” – os indivíduos têmo direito de permanecerem diferentes e de escolherem à 
vontade seus próprios modelos de felicidade e de modo de vida adequado. 
• O indivíduo é o pior inimigo do cidadão: a individuação consiste em transformar a 
“identidade” humana de um “dado” em uma “tarefa” e de encarregar os atores da 
responsabilidade de realizar esta tarefa e das consequências (e do efeitos colaterais) de sua 
realização. 
OU SEJA: as questões éticas agora recaem sobre o indivíduo?
Risco da CULPABILIZAÇÃO INDIVIDUAL
PÓS-VERDADE
A “pós-verdade” despontou para a fama graças 
ao Dicionário Oxford, editado pela universidade britânica, 
que anualmente elege uma palavra de maior destaque na 
língua inglesa. Oxford definiu a acepção e mostrou a 
evolução do termo, observando que ele não foi cunhado 
neste annus horribilis da história humana, mas seu uso 
cresceu 2.000% nele no ano de 2016.
Na definição britânica, “pós-verdade” é um adjetivo “que se 
relaciona ou denota circunstâncias nas quais fatos objetivos 
têm menos influência em moldar a opinião pública do que 
apelos à emoção e a crenças pessoais”.
PÓS-VERDADE
Não seria então, exatamente, o culto à mentira, mas a indiferença com a verdade dos fatos. Eles 
podem ou não existir, e ocorrer ou não da forma divulgada, que tanto faz para os indivíduos. 
Não afetam os seus julgamentos e preferências consolidados.
Relação com MÍDIA e POLÍTICA:
Se é assim, se a notícia é o que o veículo quer que ela seja, se a “verdade” é tão relativa e 
subjetiva quanto qualquer opinião, por que o espanto com a explosão da “pós-verdade”? O 
cidadão comum posiciona-se sobre um terreno movediço de informações, cada vez mais 
instável, e precisa angustiadamente da segurança das certezas.
EXEMPLOS: Eleição Trump, Brexit, Armas Químicas... E a Política no Brasil?
PÓS-VERDADE
Relação com as Fake News
• No Facebook, os conteúdos mais curtidos e compartilhados têm maior alcance e disseminação, não 
importando se é uma notícia real ou uma informação falsa
• Quando as pessoas compartilham apenas informações que confirmam suas crenças, elas se isolam 
em um ambiente restrito (as bolhas virtuais), sem contato com pessoas que pensam diferente delas
• Por meio do histórico de navegação, o feed de notícias do Facebook traz mais informações que 
combinam com seu ponto de vista e reforçam suas crenças, reduzindo o alcance de ideias divergentes
• Um quadro de radicalização política ajuda a difundir notícias falsas. Para disseminar sua visão de 
mundo, muitas pessoas compartilham informações sem se preocupar com a veracidade ou checar a 
fonte
• Com tudo isso, se chegou à paradoxal situação de que as pessoas já não acreditam em nada e ao 
mesmo tempo são capazes de acreditarem em qualquer coisa
Referências:
TEXTOS:
SILVA, F. L. Sartre e a Ética. Disponível em https://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/78/Art02.pdf
Sobre Pós-Verdade - A arte de manipular multidões https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/22/opinion/1503395946_889112.html
Camila Junqueira; Nelson Ernesto Coelho Junior. Considerações acerca da ética e da consciência moral nas obras de Freud, Klein, 
Hartmann e Lacan - http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382005000100009
Vincenzo Di Matteo. Os discursos éticos de Freud. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372006000100009
VÍDEOS:
• AULA 10: Café Com Nietzsche Tópicos Nietzschianos com Scarlett Marton
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=1X7bAjRhLRU&feature=youtu.be
• Marilena Chauí: Sociedade autoritária, ética e violência no Brasil
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=YB3SnE4RMos
• Especial Nietzsche Viviane Mosé Café Filosófico Exibido dia 29 03 2009) avi
Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=0sZXdZrT5bc
https://www.saocamilo-sp.br/pdf/bioethikos/78/Art02.pdf
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/22/opinion/1503395946_889112.html
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382005000100009#II
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-11382005000100009
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372006000100009
https://www.youtube.com/watch?v=1X7bAjRhLRU&feature=youtu.be
https://www.youtube.com/watch?v=YB3SnE4RMos
https://www.youtube.com/watch?v=0sZXdZrT5bc

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