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AULA HISTORIA DA EDUCAÇÃO

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Definição:
A Antiguidade Clássica é um período fundamental da História. Estudaremos esse longo período, do século VIII a.C. ao século VI d.C., que representa as bases para a compreensão da educação ocidental. Você perceberá que os mundos grego e romano, às margens do mar Mediterrâneo, têm muito a ver com nossa sociedade e com a Educação atual.
	
Propósito:
Você, que estudou História, já deve ter se perguntado: é tão importante assim olhar para o passado? Provavelmente, encontrou algumas respostas ao longo de sua vida escolar. Neste conteúdo, você verá como a Educação foi concebida pelas sociedades do período clássico. Além disso, analisaremos suas heranças e fundamentos como influência na Educação contemporânea.
Agora, destacaremos brevemente os ideais de três dos maiores pensadores da Filosofia clássica:
· SÓCRATES
Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) entendia a Filosofia como a procura da verdade, trilhando o caminho da sabedoria.
Com a famosa frase “Conhece a ti mesmo”, o filósofo ateniense impulsionou a busca das verdades universais: o caminho para a prática do bem e da virtude. Em resumo, ele almejava que as pessoas se livrassem das falsas certezas para alcançar a verdade própria do ser humano.
Assim, no século IV a.C., Sócrates criou a Maiêutica, método de ensino investigativo que se baseava nas interrogações para dar à luz o conhecimento.
Maiêutica
Esse método tinha duas etapas que destruíam as falsas verdades para criar a universal.
 São elas:
1ª etapa - De início, implantava-se a dúvida, de modo que o saber adquirido fosse interrogado para revelar as fraquezas e contradições na forma de pensar.
2ª etapa - Depois, estimulava-se a busca de novos conceitos, de novas opiniões, o pensamento por si mesmo, a fim de desvelar a verdade, livrando-se do falso conhecimento.
· PLATÃO
A teoria do conhecimento desenvolvida por Platão (429 a.C. – 348/347 a.C.) tem como base a convicção de que o mundo sensível em que vivemos é apenas um mundo aparente, incapaz de nos oferecer conhecimento verdadeiro.
Para chegarmos a esse tipo de conhecimento, necessitamos buscar o mundo inteligível, onde está a verdadeira essência das coisas. Assim, o conhecimento se dá a partir da ideia até a realidade.
Mito da Caverna
Para ratificar suas concepções intelectuais, Platão criou o Mito da Caverna, cuja história é a seguinte:
Prisioneiros acorrentados em frente a uma parede podiam ver apenas sombras. Quando um deles, enfim, se liberta, encontra uma realidade diferente. Impressionado, o preso volta para contar aos demais sobre o mundo que existia fora da caverna. A intenção dele era livrá-los da escuridão. Mas os outros prisioneiros não só se recusaram a acreditar no homem, como o mataram.
· ARISTÓTELES
Para Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.), somente na pólis, o homem se realizava plenamente em busca do bem supremo.
No entanto, essa realização não era definitivamente alcançada, pois não estava presa a um tempo específico, mas se refazia – inclusive como sensação –, à medida em que o homem decidia por novas determinações em seu ato constitutivo e reconstitutivo.
O Conhecimento segundo Aristóteles
Aristóteles propõe uma teoria do conhecimento praticamente inversa à teoria de Platão (que foi seu mestre) ao defender que a relação de nossos sentidos com o mundo visível nos possibilita a chegada ao conhecimento. As etapas desse processo de chegada ao conhecimento seriam as seguintes:
Para o pensamento aristotélico, o aprendizado era visto como uma prática política. Somente pelo entendimento do conceito de pólis seria possível compreender seu projeto de educação como canal capaz de desenvolver as condições necessárias para a segurança do regime e para a saúde do Estado. A Educação, para Aristóteles, deveria ocupar toda a vida do cidadão desde sua concepção.
Ao Estado, cabia:
1. Guiar os cidadãos à prática das virtudes.
2. Ocupar-se da educação dos jovens.
3. Estabelecer leis que promovessem a educação conforme a moral, voltada à vida política, o que estabelecia seu equilíbrio.
4. Tornar a educação um assunto público.
IMPORTANTE
Não estamos resumindo o pensamento destes filósofos. Além da impossibilidade de fazer isto em poucas linhas, nosso objetivo aqui não é este, mas despertar para a influência destes autores na Educação grega.
Educação grega
Não existia o modelo de escola como conhecemos na Grécia Clássica. O jovem cidadão estava constantemente aprendendo. A própria família tinha essa responsabilidade, conforme a tradição religiosa, e muitas atividades reuniam os gregos em comemoração: esses eram os momentos que faziam a Educação acontecer naturalmente.
O ensino das letras e dos cálculos demorou um pouco mais para se difundir, pois, na formação escolar, a preocupação recaía, prioritariamente, sobre a prática esportiva. 
Os gregos tratavam a educação como um processo de preparação para a vida social.
O homem era visto não só como um ser racional, mas como o centro do universo.
A busca pelo conhecimento e o estudo da natureza, do ser humano e das artes, da observação e da investigação do mundo levaram ao desenvolvimento da Filosofia, entendida como a formação do homem, de seu espírito e de sua alma. Assim como o aspecto intelectual, a educação pelas artes era fundamental para gerar esse homem. Esse processo era resumido pela palavra paideia, que não é possível traduzir em virtude de seus inúmeros significados.
Mas segue uma boa tentativa de Werner Jaeger: “[...] a essência de toda a verdadeira educação, [o] que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito, [o que] o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento. Jaeger, 1995.
A educação de cada pólis refletia a forma de organização e os ideais de cada sociedade.
Iremos especificar os pormenores da educação ateniense e da espartana a seguir:
· Educação ateniense
O principal objetivo da educação em Atenas era preparar integralmente o cidadão.
Aspectos gerais
Na pólis ateniense, a Ágora era o principal lugar de manifestação da opinião pública, adequado à cidadania cotidiana, onde o povo se reunia em assembleia para debater e deliberar sobre as questões de interesse da comunidade.
A Educação de Atenas tinha como finalidade preparar os futuros cidadãos para a política, ou seja, para a retórica, de modo que fossem capazes de se expressar oralmente, prontos para o diálogo e o convencimento.
Educação elementar
Até os sete anos de idade, a educação era responsabilidade das famílias e ocorria no espaço doméstico.
As crianças atenienses eram preparadas para o debate e a deliberação. Tinham um dia de estudos e de instrução para a cidadania.
Elas iam à palestra – local onde estudavam – duas vezes ao dia: de manhã, quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, após o almoço em casa, para o ensino da leitura e da escrita, que era acompanhado por um escravo, chamado de pedagogo.
Ensino Superior
A partir dos 16 ou 18 anos, o jovem se dedicava ao Ensino Superior. Esse foi o momento em que Sócrates, Platão e Aristóteles desenvolveram suas reflexões e teorias.
O ensino profissional desenvolvia-se no cotidiano, durante a própria execução do trabalho.
Educação por gênero
As meninas continuavam a ser educadas no ambiente familiar, especificamente no gineceu.
A educação masculina organizava-se em três níveis:
• Elementar (até os 13 anos);
• Secundário;
• Superior.
A partir da Educação Elementar, as crianças eram encaminhadas para aprender algum ofício ou continuavam estudando e frequentando os ginásios.
Inicialmente, esses lugares eram destinados apenas aos exercícios físicos, mas, com o tempo e as exigências da pólis, incluíram as práticas musicais e literárias.
Educação elementar
Até os sete anos de idade, a educação era responsabilidade das famílias e ocorria no espaço doméstico.
As crianças atenienses eram preparadas para o debate e a deliberação. Tinham um dia de estudos e de instrução para a cidadania.
Elas iam à palestra – local onde estudavam – duas vezes ao dia: de manhã, quando aprendiam música e ginástica, e à tarde, apóso almoço em casa, para o ensino da leitura e da escrita, que era acompanhado por um escravo, chamado de pedagogo.
Assim, a educação ateniense propiciou o surgimento e o desenvolvimento da Filosofia, que pode ser dividida em três fases:
· Período pré-socrático
Buscava-se explicar as questões da natureza e a origem do mundo.
· Período socrático
A reflexão residia sobre o homem. Este foi o momento em os filósofos clássicos estudados se destacaram.
· Período helenístico
A Filosofia ficou marcada pela visão cristã e por soluções individuais em detrimento do coletivo.
Educação Espartana
A educação em Esparta era mais voltada para a formação de soldados para as guerras.
· Educação por gênero
As mulheres também se preparavam fisicamente e eram criadas para viver de maneira saudável, a fim de conceber filhos sadios. A educação sexual fazia parte da instrução feminina a partir da puberdade e era de responsabilidade da mãe.
Em torno dos 20 anos, a moça recebia autorização do governo para casar e procriar e era estimulada a engravidar, pois, quanto mais filhos nasciam, mais soldados havia na cidade.
· Aspectos gerais
A estrutura da Educação espartana – chamada de agogê – foi organizada por Licurgo (800 a.C.-730 a.C.). O ensino era obrigatório e estava voltado à formação militar.
O poder político-militar norteou a Educação de Esparta, que, patrocinada pelo Estado, tinha como principal objetivo preparar os futuros soldados.
A prática educacional consistia em desenvolver as habilidades físicas para a formação do guerreiro, tais como força, bravura e obediência – virtudes necessárias à guerra.
· Educação elementar
Semelhante ao que ocorria em Atenas, até os sete anos, os meninos permaneciam em casa sob os cuidados das mães, que os treinavam de forma rigorosa.
Após esse período, o Estado assumia a educação: os jovens eram afastados da família e encaminhados para as casernas públicas, onde recebiam ensinamentos militares e treinavam: ginástica, saltos, natação, corrida, lançamentos de dardo e de disco.
Eles também aprendiam a suportar a fome, o frio, a dormir com desconforto e a vestir-se de forma despojada. Além disso, estudavam as armas e manobras militares, com o propósito de se tornar hábeis, perspicazes e com autodomínio.
A disciplina era um valor, e o respeito dos guerreiros a seus superiores era primordial. Assim, a educação moral espartana valorizava a obediência, a aceitação dos castigos e o respeito aos mais velhos, bem como privilegiava a vida comunitária. ARANHA, 2000, p. 51
Para compreender a Educação no Império Romano, necessitamos buscar alguns elementos entre aqueles conhecidos como seus grandes pensadores: poetas, filósofos e historiadores.
Destacaremos três destes ilustres personagens:
· HORÁCIO
Horácio (65 a.C. - 27 a.C.) Além de sua importância como poeta, pois trouxe muito da filosofia grega para Roma através de sua poesia, Horácio (65 a.C. - 27 a.C.) presenciou o nascimento do Império Romano, sendo contemporâneo de Julio Cesar, Marco Antonio, Cleópatra e Otaviano Augustus.
De sua vasta obra, que influenciou o pensamento romano, podemos destacar uma frase que será reconhecida como a marca do filósofo: Sapere aude! Ouse saber!
Séculos mais tarde, Immanuel Kant, um dos fundadores do pensamento contemporâneo, traduziu a frase como: “Tenha coragem de pensar por si mesmo”.
· SÊNECA
Sêneca (4 a.C - 65 d.C.) Vivenciou eventos fundamentais na sociedade romana, foi preceptor de Nero na sua infância e seu conselheiro até se tornar imperador. Como filósofo, advogado, dramaturgo e homem público, Sêneca é considerado um dos mais importantes autores do império. Além de vasta obra, deixou como herança sua preocupação ética: coerência entre aquilo que pensava e escrevia com aquilo que vivia. Também defendia o conceito de igualdade natural entre os homens – vivia em constante combate à escravidão, tão comum em seu tempo.
· FLÁVIO JOSEFO
Josefo (37d.C. – 100 d.C.) Foi um historiador judeu, tornado cidadão romano. Ele testemunhou eventos fundamentais de seu tempo, todos registrados em suas obras: a expansão definitiva do Império Romano sobre a Palestina, a destruição do Templo de Jerusalém (70 d.C.) e o nascimento do Cristianismo. Vivendo permanentemente dividido, não só como historiador, mas como homem público, deixou relatos fundamentais daquele período, que ainda hoje são fontes preciosas.
Neste contexto, podemos falar em Educação Romana.
Educação romana
Na fase latina da Educação romana, havia resistência à influência helenística. Os pequenos camponeses do Lácio protegiam-se das inovações estrangeiras pelo respeito a uma tradição ancestral, de acordo com a qual a finalidade da educação era prática e social.
Esperava-se que se proporcionasse à criança o saber necessário para o exercício de sua profissão de soldado ou de proprietário rural.
“Nesse período, a educação da criança era de responsabilidade da família, do pater familias [...]. Isso significa que, desde os primeiros tempos da cidade, a autonomia da educação paterna era uma lei do Estado – o pai é dono e artífice de seus filhos.” Manacorda, 2006, p. 74.
No século II a.C., o pater familias concedeu à mãe os direitos sobre a educação de seus filhos durante a primeira infância, incluindo as meninas, que também aprendiam os elementos iniciais do alfabeto. A criança crescia em casa, com os colegas, entre os brinquedos e as aprendizagens básicas.
A mulher adquiriu uma autoridade desconhecida na Antiguidade grega. Essa tradição permaneceu por muito tempo, inclusive no século I d.C., conforme destaca Manacorda (2006, p. 75):
“Quintiliano também atribui à mãe a tarefa de ensinar aos filhos os primeiros elementos do falar e do escrever”. Manacorda, 2006, p. 74.
Resumindo, então, a formação da criança na Roma Antiga:
· Por volta dos sete anos de idade, o pai deveria proporcionar ao filho a educação moral e cívica, baseada na tradição, bem como na aprendizagem de noções jurídicas e de conceitos estabelecidos na Lei das XII Tábuas, a fim de desenvolver sua consciência histórica e o patriotismo. Para isso, a Educação romana compreendia, também, os exercícios físicos e militares.
· Em torno de 16 anos, finalmente livre da infância, o jovem dava início à aprendizagem da vida pública, militar ou política, acompanhado do pai ou, se necessário, de um parente e, até mesmo, de um escravo instruído, com o objetivo de se inserir na sociedade. Durante cerca de um ano, antes de cumprir o serviço militar, adquiria conhecimentos de Direito, de prática pública e da Eloquência (baseada diretamente nos estudos gregos em Retórica).
Influência grega na Educação romana
No início da República, o crescimento do comércio e a expansão de Roma propiciaram transformações na organização da sociedade. Inclusive, aos poucos, consolidou-se outro modelo de educação mais coerente com o novo momento vivido pelos romanos. 
ESCRAVO PEDAGOGO
ESCRAVO MESTRE
ESCRAVO LIBERTUS
“Provavelmente, a evolução histórica foi do escravo pedagogo e mestre da própria família ao escravo mestre das crianças de várias famílias e, enfim, ao escravo libertus, que ensina na sua própria escola.” Manacorda, 2006, p. 78.
· E quem eram esses escravos?
A maioria deles veio da Grécia conquistada pelos romanos.
Em Roma, os escravos gregos ensinaram a própria língua e transmitiram sua cultura aos romanos. Além disso, os etruscos (povo da Etrúria, uma terra antiga da Península Itálica) também foram influenciados pelos gregos, com quem aprenderam o alfabeto.
De modo gradual, a Educação tornou-se um ofício praticado, inicialmente, por escravos no interior da família e, em seguida, por libertos na escola.
Professor punido | Disponível em: https://goo.gl/Y56b6H.
Nesse período, os mestres eram mais desprezados do que estimados e, muitas vezes, lembrados pelos castigos corporais e pela pobreza. Apesar de sua severidade, é comum encontrarmos relatos de revoltas por parte dos alunos, que até os agrediam fisicamente.
Em seguida, foram criadas as cátedras de Retórica nas grandes cidades. Alémdisso, houve favorecimento e promoção da instituição de escolas municipais de gramática e de retórica nas províncias.
Então, pela primeira vez, os romanos desenvolveram um sistema de ensino: um organismo centralizado que coordenava inúmeras instituições escolares espalhadas por todas as províncias do império, constituídas em caráter oficial pela intervenção do Estado.
IMPORTANTE
Observamos a influência grega e etrusca sobre a origem de uma forma de educação não familiar, mas institucionalizada na escola. Logo, a cultura grega converteu-se em patrimônio comum dos povos do Império Romano e, depois, foi repassada durante muito tempo à Europa medieval e moderna, chegando, assim, à nossa época.
A herança da antiguidade clássica
É provável que você já tenha identificado os elementos que marcam a influência da Educação Clássica sobre nós. No entanto, gostaríamos de destacar alguns pontos sobre isto, pois é importante que você possa posicionar-se frente a eles e, assim, repensar a prática educativa que conhece e aquela que assumirá como sua.
· MUNDO INTELIGÍVEL (PLATÃO)
É preciso conhecer as formas, a verdade e a razão de tudo o que existe no mundo sensível. Tudo o que nasce e desaparece não pode ser considerado o ser de maneira plena. Neste mundo, tudo é instável, pois se transforma com o tempo. A verdade é o lugar para onde devemos retornar, pois viemos dela, das formas inteligíveis e das essências.
· EDUCAÇÃO: MISSÃO
A instrução deve culminar na formação do cidadão e da cidade dos justos. Por isso, é necessário haver equilíbrio entre as três almas presentes no homem: animal, passional e intelectual. O intelecto (razão) tem de dominar as paixões e os instintos.
· PRÁTICA DIALÉTICA
Embora nossa legislação educacional, nos últimos anos, tenha passado por muitas alterações, é fácil perceber que alguns dos pontos definidos como essenciais por Platão estão presentes ainda hoje. Sim, a dialética ainda permanece nos discursos, mas é fundamental para que haja, verdadeiramente, Educação.
· O MITO DA CAVERNA
Provavelmente você já percebeu, mas é importante destacar que não há nada mais emancipador para o ser humano que a Educação. Ela que permite ao homem “ter coragem de pensar por si mesmo” (uma conclusão também romana). Moral da história: a educação liberta, ilumina os que estão no mundo das sombras e leva à verdade.
· FORMAÇÃO CIDADÃ
Outro ponto em que esta influência é perceptível corresponde à preocupação da formação do cidadão. Ou melhor: a Educação é uma prática social, no seio da pólis. Portanto, representa uma prática política.
A educação era, portanto, uma condição da pólis e não podia ser negligenciada. Para Aristóteles, a política era a ciência mais importante, e, apenas por meio da educação, o homem desenvolvia a prática do bem-estar comum. Mas, para que a educação alcançasse seus objetivos, era necessário um conjunto de atividades pedagógicas e coordenadas, que visassem a uma cidade perfeita e a um cidadão feliz.
O filósofo grego também deixou de herança o método peripatético, que discutia as questões filosóficas mais profundas, relacionadas à metafísica, à Física e à Lógica.
· EDUCAÇÃO ROMANA
A crítica a esse modelo de educação se fez presente e partiu de dentro da própria sociedade, que, por meio de seus importantes pensadores ou filósofos, não só condenou como também externou proposições a respeito da escola. Veremos uma dessas colocações a seguir.
"A memorização e a repetição marcaram fortemente essa escola inicial. Certamente, o tédio de tal didática, o medo das varas e dos chicotes, e os conteúdos muito distantes da vida diária e dos interesses reais dos jovens e da sociedade não encorajaram a frequência aos estudos.
[...] em Roma, encontramo-nos, pela primeira vez, perante uma crítica fundamental da escola pelo que ela é, e não pelos acidentes de sua vida diária – assistimos, enfim, ao nascimento de uma consciência crítica sobre a escola e a educação." Manacorda, 2006, p. 93-94.
Percepções gerais sobre o atual modelo de ensino
Precisamos superar a visão de que a escola não tem conseguido educar porque estamos muito mal posicionados na classificação mundial de desempenho. Devemos assumir nossa responsabilidade, como sociedade, para realizarmos uma educação plena.
Dentre os inúmeros passos que podemos dar, além de oferecer formação acadêmica de qualidade, é preciso investir esforços para termos um relacionamento sadio e respeitoso entre escola e sociedade e entre professores e alunos.
Se quisermos resumir a importância da Educação Clássica para o desenvolvimento das práticas educacionais atuais, seja em seu período específico ou através da herança deixada a nós, devemos nos concentrar na valorização e no respeito ao conhecimento, ou seja, há algo a ser aprendido.
Daí o grande papel da Filosofia naquele contexto. Assim, formar o cidadão, nos tempos clássicos da Grécia e de Roma ou atualmente, é permitir a ele o acesso ao conhecimento e às condições para posicionar-se frente a este mesmo conhecimento e, consequentemente, frente à sociedade em que vive.
Definição
ducação na Europa Ocidental no período da Idade Média (entre os séculos V e XV). Legados medievais na forma de pensar a Educação: Artes Liberais, “monopólio” do campo educacional pelo clero, influência árabe para a cultura europeia, método de ensino da Escolástica e aparecimento das universidades.
Propósito
emonstrar que a base da Educação ocidental é fortemente influenciada pelas tradições educacionais desenvolvidas na Idade Média, em especial o papel da Igreja e a formação moral do sujeito, marca recorrente ainda na maneira como a Educação é vista e empreendida no Brasil e no mundo.
Objetivos
Identificar as principais características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média
Descrever a importância das artes liberais para a formação dos sujeitos na Idade Média
Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental
Determinar a importância da Escolástica para as escolas urbanas e universidades na Baixa Idade Média
Introdução
Como você imagina a Idade Média?
Castelos e princesas, lembrando as histórias infantis?
Lutas de espadas e as ações da Igreja, como nos filmes e séries?
Professores que explicam que a Idade Média era a Idade das Trevas?
Essas visões construídas fazem parte do nosso cotidiano e têm relação com os iluministas, que queriam se afirmar contra o pensamento da Igreja. Além disso, há o Romantismo, que idealizou as figuras do cavaleiro e da donzela e, por fim, o cinema e a literatura contemporânea que veem com certo fascínio a Idade Média.
tarefa de resumir a Idade Média a esses conceitos é difícil, pois um milênio não é representado por uma coisa só. De fato, esse olhar europeu só tem sentido se pensamos nos legados medievais. As sociedades atuais são frutos de influências europeias e do seu auge, que gerou o colonialismo e o imperialismo. Esse período fez com que as instituições europeias e suas diversas formações dessem base às nossas estruturas sociais, políticas e, principalmente, educacionais.
A Idade Média concentra os fundamentos da moral ocidental, marcados pela tradição judaico-cristã da Igreja. As referências da Antiguidade foram reconstruídas e marcam nossa forma de ver o mundo. Apesar de ter sido reconhecida de maneira pejorativa como apenas um período de transição, uma época de trevas, a Idade Média apresenta práticas que fazem parte de nosso cotidiano mesmo que nós não percebamos.
Nosso objetivo, portanto, é demonstrar que as tais trevas tinham intelectuais importantes, debates vigorosos, além de disputas entre grupos sociais para organizar e manter a Educação.
1º Módulo
Identificar as principais características da transição da Educação entre a Antiguidade e a Idade Média
Contexto
A Idade Média é um período marcado pelo surgimento de um novo tipo de intelectual na Europa Ocidental: os padres cristãos. Esse grupo foi o principal responsável por manter uma Educação formal (escolas) na Europa entre os séculos V e XV. Os primeiros ainaugurarem esse novo pensamento são conhecidos como membros da Patrística.
A Igreja Cristã foi a única instituição que atravessou todo o período de transição da Antiguidade para a Idade Média.
m meados do século III, o Império Romano apresentava graves sinais de crise econômica e política. Na busca de reformulações que permitissem sua permanência, foram procuradas novas formas de governo – chega-se a ter quatro imperadores de uma só vez.
Outra tentativa foi a organização das mensagens e preceitos religiosos que dessem sentido à nova construção imperial. Quando o Imperador Constantino se converteu ao cristianismo, houve um movimento que pode ser interpretado como uma tentativa de coesão pela religião.
Mesmo assim, após a fragmentação do Império Romano Ocidental, a Educação foi creditada à Igreja, já que valorizava os princípios educacionais herdados da Antiguidade para ocupação dos seus quadros e para sua pregação.
Constantino, primeiro imperador cristão, foi canonizado pela Igreja Ortodoxa.
Scriptorium - Copiste au travail. Bibl. nat. de France, manuscrit français n°9198, f. 19.
A Igreja, por meio de seus membros, transmitiu uma mistura das culturas antigas (greco-romana) cristianizadas. Sua pregação era levada às praças, para o cotidiano dos reis, para todos que ouviam a Igreja, fazendo com que a Educação fosse difundida por meios não formais. No entanto, sua estrutura de manutenção era formal, organizada em centros de formação desses clérigos.
O saber antigo preservou-se nos livros que os mosteiros e as igrejas agasalharam carinhosamente (NUNES, 2018). 
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Curiosidade histórica
O clero impulsionou fundamentalmente o fenômeno de latinização nos séculos IV e V, o que representou o embrião das línguas neolatinas, fio condutor que fez possível também a transmissão de elementos culturais da Antiguidade Clássica até a Baixa Idade Média.
Conceitos
essa época, a Igreja Católica foi muito importante para o desenvolvimento da ciência e para a preservação da cultura. Além disso, foi fundamental na manutenção da Educação. Os monges copistas foram responsáveis pela armazenagem do saber, pois copiavam e guardavam os registros escritos. Assim, toda a produção de conhecimento nas civilizações antigas – principalmente dos sábios gregos – foi preservada e retomada no período do Renascimento.
Mesmo com a expansão do cristianismo, ainda na Antiguidade, bem como nos séculos subsequentes, os jovens romanos e cristãos frequentavam as mesmas escolas, liam os mesmos textos, recebiam a mesma instrução. O ensino da cultura clássica era necessário, sobretudo para aqueles oriundos das classes médias e altas, que formariam os quadros das carreiras administrativas.
Por conta dessa característica, a cultura clássica influenciava os principais intelectuais da Igreja de forma intensa.
O modelo educacional da Igreja era uma cópia do modelo do Império Romano.
A arte da transição é um bom exemplo dessa mistura. De um lado, a forma é romana, de outro, o discurso é cristão. Repare nesta imagem. A Bíblia e a cruz, o pergaminho em grego e as roupas da nobreza.
As obras clássicas foram adotadas, seus pensadores reconhecidos, sua forma de educar valorizada, mas os objetivos e formas universalistas foram abandonados e substituídos por elementos cristãos
Por outro lado, a cultura romana também foi muito influenciada pelo catolicismo. As pinturas, as esculturas e os livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas apresentavam cenas bíblicas, pois essa era uma forma didática de transmitir o evangelho a uma população quase toda formada por iletrados. Assim como os romanos faziam com seus monumentos e afrescos, a Igreja repaginou e permaneceu com sua utilização.
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Curiosidade histórica
Gregório (papa entre os anos 590 e 604) criou o canto gregoriano – outra forma de disseminar as informações e os conhecimentos religiosos por meio de um instrumento simples e interessante da tradição romana: a música.
Correntes filosóficas medievais
Pode-se dividir, de forma generalista, a Idade Média, no que diz respeito à Educação, em duas linhas principais:
Agostinho de Hipona
Patrística
Pretende expor racionalmente a doutrina religiosa, com destaque para Agostinho de Hipona.
Tomás de Aquino
Escolástica
Predominante nos espaços escolares durante o Renascimento Carolíngio e readaptada a partir do racionalismo cristão e de Tomás de Aquino.
O termo patrística foi criado para designar os primeiros intelectuais da Igreja Romana, como Justino, Tertuliano, Orígenes, Atenágoras, Clemente. No entanto, dedicaremos nosso olhar a um membro tardio, mas fundamental para a Educação na Idade Média: Agostinho de Hipona
A Patrística se configurou como uma corrente de pensamento fundada pelos padres da Igreja Católica que procuravam estabelecer uma concepção racional dos fundamentos dos dogmas da fé cristã e uma resposta às suas perspectivas antagônicas, que eles denominavam de heresias.
Educação
base do pensamento educacional na Idade Média é o neoplatonismo cristão. Essa corrente filosófica misturava traços da leitura de Platão e princípios diversos filosóficos do Mediterrâneo, como estoicismo, e os preceitos da religião cristã.
O nome mais importante para a Educação formulada para a Igreja e para além dela é o bispo africano Agostinho de Hipona (354-430). Ele estruturou seu pensamento como os demais membros da Patrística, isto é, combinando elementos da fé a princípios filosóficos de nomes importantes da cultura clássica, como Platão (428 a.C.-347 a.C.) e Plotino (204 d.C.-270 d.C.).
A influência de Agostinho de Hipona no campo educacional foi notória na Idade Média com suas obras:
· A doutrina cristã
A obra que mais influenciou a Educação medieval, servindo de guia para os estudos dos intelectuais cristãos, bem como de ideário e planejamento para as escolas desse período. Para Agostinho, o lugar de aprendizagem era a Bíblia. 
Além disso, para ele, Deus era o único mestre. Os professores, na realidade, nada ensinavam, apenas despertavam em seus alunos a busca pelo conhecimento.
Agostinho idealizou a Educação como um processo por meio do qual o “homem exterior”, material, mutável e mortal cedia espaço para o “homem interior”, espiritual, imutável e imortal. Essa transformação se dava à medida que o homem se aproximava e se familiarizava com Cristo: a Verdade, a Palavra de Deus que se fez homem (MELO, 2002, p. 67).
Assim, fica claro que o Bispo de Hipona acreditava que a aprendizagem se dava por intermédio de Deus, uma vez que Ele permitia que se captassem as coisas da verdade essencial.
· De Magistro
Em De Magistro, Agostinho dedica-se a explicar a postura do mestre (professor). A estrutura é de um diálogo filosófico entre Agostinho, no papel de mestre, sendo questionado por um discípulo chamado Adeodato. Um dos elementos centrais da obra é a forma como a Educação pode ser atingida e para que ela serve. A proposta é mostrar que o conhecimento pelo conhecimento, como muito era pensado e visto na tradição romana, não levaria a lugar algum.
Assim, o único mestre possível era Jesus, e a Salvação era atingir o mundo real, abandonar a ilusão e as dificuldades desse mundo. O professor seria, portanto, um guia, alguém que deveria mostrar que as paixões e prazeres desse mundo são insignificantes diante do peso e da beleza da Salvação efetiva.
 Esse sentido pode parecer religioso, mas ainda é recorrente na maneira do senso comum interpretar a Educação em nossos dias. A percepção de que o conhecimento deve formar o sujeito para que ele se torne um ser melhor, aqui possui sentido religioso; mas podemos pensar no âmbito da moral. A Educação como o caminho de formação do ser humano, incutindo valores sociais necessários é, sem dúvida, parte do legado agostiniano.
Um dos legados é a ideia de que religião e Educação podem ser tratadas como elementos indissociáveis, isto é, a formação educacionale a formação religiosa podem e devem ser feitas com base nos mesmos instrumentos e para o mesmo fim. Veja que as escolas de matriz religiosa, por exemplo, continuam fortemente reconhecidas no nosso cotidiano. Além disso, os pastores, padres e afins assumem funções didáticas com seus fiéis nas pregações e nas homílias, demonstrando a proximidade, que bebe, sem dúvida, na tradição inaugurada por Agostinho.
Vimos que para Agostinho o conhecimento era advindo de Deus, mas para quem se destinava os ensinamentos?
Quem eram os alunos?
Quem estudava, nesse momento, era a elite.
Essa escola servia para formar novos quadros de clérigos, mas acabava também servindo à elite local.
Resumo
Neste vídeo, veremos um resumo dos principais tópicos deste módulo, com foco no principal representante da corrente filosófica Patrística: Agostinho de Hipona.
Figuras relevantes
· Constantino
 Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo.
Primeiro imperador romano a professar a religião cristã.
· PAPA GREGÓRIO
Criador do canto gregoriano.
· Agostinho de Hipona
Representante da corrente Patrística que influenciou fortemente a Educação medieval.
· TOMAS DE AQUINO
Representante da corrente Escolástica, com influências na Filosofia e Teologia.
· PAULO DE TARSO
Disseminou a religião entre os gentios.
· JERONIMO DE ESTRIDÃO
Traduziu a Bíblia para a primeira versão em latim, chamada de Vulgata.
· CIRILO DE ALEXANDRIA
Alcançou multidões com suas pregações, expandido a doutrina cristã.
Introdução
oa parte do conhecimento originário da Antiguidade foi preservado graças ao papel desempenhado pelos mosteiros e igrejas, que reproduziram manuscritos clássicos e elaboraram manuais e enciclopédias. Depois da Patrística, uma nova geração de bispos se notabilizou por escrever, defender e disseminar a Educação, como Marciano Capela, Cassiodoro, Boécio, Isidoro de Sevilha e Beda.
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Curiosidade histórica
No século IV, houve o aparecimento do códice, que levou ao desaparecimento do papiro – formato de pergaminho. Tal invenção teve consequências psicológicas fundamentais, pois permitiu dispensar um escravo leitor quando havia necessidade de se tomar nota. Podia-se estudar o texto com uma das mãos e escrever com a outra, ou seja, ler e escrever simultaneamente, o que reforçou a prática da leitura mental. Também ofereceu a facilidade de copiar um texto ou comparar vários exemplares ao mesmo tempo.
evemos lembrar que o pensamento de Agostinho é referência na orientação dos estudos nessa fase, o que significa que continuamos com a figura dos mestres e dos discípulos, com a relação pessoal e com a Educação como um caminho para a Salvação. Por outro lado, os conhecimentos do mundo antigo permanecem vivos e presentes.
O modelo patrístico é um dos mais longos e presentes. Por isso, neste segundo módulo, estudaremos seu modelo “curricular”. As aspas não são à toa, pois seria anacronismo imaginar a existência de um currículo escolar nesse momento. Porém, há conteúdos que são centrais para a Educação ao longo de toda Idade Média e um legado que ainda nos influencia atualmente.
As Sete Artes Liberais
uando falamos em Educação no período em questão, notamos a prevalência do modelo chamado de Sete Artes Liberais, que foi criado por Marciano Capela. Essa divisão é marcada por três artes da alma (Trivium), inspiradas por Deus, e quatro artes humanas (Quadrivium), como veremos a seguir.
Trivium
A capacidade de bem falar, bem escrever e bem argumentar é atribuída à Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo.
Dialética
Exercício filosófico do convencimento, o ponto preciso para se atingir a verdade. É uma das grandes bases de relação entre o exercício da cultura greco-romano e a religião.
Retórica
Exercício do bem falar, da praça pública, e lida com estilo, com o envolvimento.
Gramática
Exercício de escrever, dominar os aspectos do que já havia sido escrito, reproduzir e construir a escrita com perfeição. O latim era uma língua entendida como sagrada.
Quadrivium
As artes humanas tinham relação direta com a mão humana, trabalhos artesanais e com a interpretação do mundo.
Aritmética
Representa a interpretação do mundo, a base matemática de explicação das coisas. Ela fez com que muitos clérigos virassem contadores, ou controladores dos reinos. Os números são seu principal objeto.
Geometria
Era usada nos exercícios de medida, normalmente voltados à prática e à interpretação da prática, como construção de moinhos, rodas de transportes e construções como igrejas e muralhas. Envolve também a medida de distâncias, rios e trajetos diversos.
Música
Muitos não sabem, mas existiam escalas e teoria musical na Idade Média. No entanto, é importante destacar que, para a Igreja, só era música aquilo que tinha as escalas corretas, tocadas nos ambientes corretos e com o objetivo de aproximar o homem de Deus. Músicas de festa e cantos de guerra eram duramente recriminados.
Astronomia
A mais contestada das artes. Muitos defendiam que era perigosa por ser confundida com relações pagãs, pois era responsável pelas colheitas, marcação de datas e calendários e ainda efeitos
Todas as artes eram adaptações ordenadas de estudos que já existiam no mundo grego. De alguma forma, é como se tivessem criado um currículo.
O homem comum aprendia o quadrivium, mas o trivium era para aqueles que gostariam de assumir uma outra condição, de líderes, de próximos à Igreja.
Ao passo que as instituições escolares oficiais e a dos mestres particulares (literatores) iam sumindo, a Igreja passou a adotar medidas para garantir a formação dos pretendentes ao sacerdócio, com o objetivo de promover a instrução básica indispensável para o ofício do ministério sacerdotal. A fase inicial desse ensino era realizada nas escolas paroquiais, enquanto o nível superior nas episcopais/catedralícias.
ambém devemos destacar as escolas monásticas. Estas se originaram a partir dos mosteiros, ainda sem a adesão dos estudos filosóficos. A regra agostiniana, por exemplo, recomenda muitas horas de estudo, enquanto a Regula Monachorum, de São Jerônimo, sugere instruir-se com os filósofos segundo a sua utilidade religiosa. Por fim, os mosteiros beneditinos, na prática, podem ser avaliados como “escola”, afinal, a própria Regra de São Bento indica duas noções pedagógicas em seu capítulo 30:
“Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas próprias e os que cometem faltas serão punidos com muitos jejuns ou refreados com ásperas varas, acris verberibus”.
São Bento.
É importante informar que a cultura intelectual estava monopolizada pela Igreja. Isso fazia da Educação um campo feito de sacerdotes para sacerdotes, com os conteúdos orientados às necessidades do culto. Desse modo, nas escolas paroquiais, episcopais e, especialmente, nas monásticas – diga-se de passagem, na realidade, as únicas existentes –, lecionava-se as denominadas Sete Artes Liberais.
Você sabe por que 7 é um número tão importante para o cristianismo?
O numeral é a referência da perfeição, são as idades do mundo, é marca do escolhido.
Trivium
A capacidade de bem falar, bem escrever e bem argumentar é atribuída à Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo.
Dialética
Exercício filosófico do convencimento, o ponto preciso para se atingir a verdade. É uma das grandes bases de relação entre o exercício da cultura greco-romano e a religião.
Retórica
Exercício do bem falar, da praça pública, e lida com estilo, com o envolvimento.
Gramática
Exercício de escrever, dominar os aspectos do que já havia sido escrito, reproduzir e construir a escrita com perfeição. O latim era uma língua entendida como sagrada.
Quadrivium
As artes humanas tinham relação direta com a mão humana, trabalhos artesanais e com a interpretação do mundo.
Aritmética
Representa a interpretação do mundo, a base matemática de explicação das coisas. Ela fez com que muitos clérigos virassem contadores, ou controladores dos reinos. Os númerossão seu principal objeto.
Geometria
Era usada nos exercícios de medida, normalmente voltados à prática e à interpretação da prática, como construção de moinhos, rodas de transportes e construções como igrejas e muralhas. Envolve também a medida de distâncias, rios e trajetos diversos.
Música
Muitos não sabem, mas existiam escalas e teoria musical na Idade Média. No entanto, é importante destacar que, para a Igreja, só era música aquilo que tinha as escalas corretas, tocadas nos ambientes corretos e com o objetivo de aproximar o homem de Deus. Músicas de festa e cantos de guerra eram duramente recriminados.
Astronomia
A mais contestada das artes. Muitos defendiam que era perigosa por ser confundida com relações pagãs, pois era responsável pelas colheitas, marcação de datas e calendários e ainda efeitos
Todas as artes eram adaptações ordenadas de estudos que já existiam no mundo grego. De alguma forma, é como se tivessem criado um currículo.
O homem comum aprendia o quadrivium, mas o trivium era para aqueles que gostariam de assumir uma outra condição, de líderes, de próximos à Igreja.
Ao passo que as instituições escolares oficiais e a dos mestres particulares (literatores) iam sumindo, a Igreja passou a adotar medidas para garantir a formação dos pretendentes ao sacerdócio, com o objetivo de promover a instrução básica indispensável para o ofício do ministério sacerdotal. A fase inicial desse ensino era realizada nas escolas paroquiais, enquanto o nível superior nas episcopais/catedralícias.
ambém devemos destacar as escolas monásticas. Estas se originaram a partir dos mosteiros, ainda sem a adesão dos estudos filosóficos. A regra agostiniana, por exemplo, recomenda muitas horas de estudo, enquanto a Regula Monachorum, de São Jerônimo, sugere instruir-se com os filósofos segundo a sua utilidade religiosa. Por fim, os mosteiros beneditinos, na prática, podem ser avaliados como “escola”, afinal, a própria Regra de São Bento indica duas noções pedagógicas em seu capítulo 30:
“Cada idade e cada inteligência deve ser tratada segundo medidas próprias e os que cometem faltas serão punidos com muitos jejuns ou refreados com ásperas varas, acris verberibus”.
São Bento.
É importante informar que a cultura intelectual estava monopolizada pela Igreja. Isso fazia da Educação um campo feito de sacerdotes para sacerdotes, com os conteúdos orientados às necessidades do culto. Desse modo, nas escolas paroquiais, episcopais e, especialmente, nas monásticas – diga-se de passagem, na realidade, as únicas existentes –, lecionava-se as denominadas Sete Artes Liberais.
Você sabe por que 7 é um número tão importante para o cristianismo?
O numeral é a referência da perfeição, são as idades do mundo, é marca do escolhido.
Comparar aspectos da Reforma Carolíngia e da Educação islâmica na Europa Ocidental
Introdução
gora vamos falar da segunda grande reforma da Educação na Idade Média: a Escolástica. Muitos manuais de História da Educação citariam Tomás de Aquino e a recuperação de textos aristotélicos, um movimento chamado de racionalismo cristão. Mas falta uma peça desse quebra-cabeça, pois, é claro, que não foi uma mudança repentina a ideia de mudar o caminho filosófico que seguíamos e, com isso, a Educação.
A Escolástica é um movimento que vem de diversas influências. Optamos por duas delas:
Reforma Carolíngia
Termo histórico inventado para mostrar como importantes mudanças da Educação na corte de Carlos Magno foram iniciadas e abriram caminho para a Escolástica.
Influência dos muçulmanos
Maomé não trouxe só outra religião. A partir da sua fundação, um novo mundo, um novo sistema de governo e uma nova forma de ver a Educação foram criados. O tamanho e o poder dessa presença foram tão grandes que fizeram com que eles dominassem norte da África, sul da Europa e partes importantes da Ásia. Mas não era pela espada, era uma expansão que tinha muito comércio e cultura.
Contexto: Império carolíngio x Islamismo
ssas duas culturas desempenharam importante papel na História da Educação e a junção dessas influências possibilitam a compreensão do surgimento da Escolástica. A seguir, identificaremos o ponto de vista dessas culturas tão diferentes e muito importantes para o desenvolvimento da Educação.
eremos, a seguir, como cada cultura, cristã e islâmica, se desenvolveu, além de suas influências na Educação durante a passagem da Alta Idade Média para a Baixa Idade Média.
Cultura cristã x islâmica
Será que é possível comparar as duas culturas? Sim, é. Vamos perceber as características de um modelo e de outro e, dessa forma, mostrar como a Escolástica bebe desta relação.
Erudição
Islamismo
Essa cultura teve dois tipos de escola: elementar e superior. Na escola elementar, o foco do ensino era o Alcorão, que possui um conteúdo interdisciplinar, pois aborda, além da questão religiosa, assuntos sobre direito, política, sociedade e noções básicas sobre ciências. Já no ensino superior, além da abordagem religiosa, havia várias áreas do saber, como a Química e a Erontologia, estudo do sexo, e a Medicina – inclusive com o desenvolvimento de cirurgias.
A erudição se manifestava pela tradução de intelectuais de diversas religiões e partes do mundo para o árabe, permitindo que suas ideias circulassem.
Cristianismo
O que dá legitimidade a algum elemento, ou seja, o que deixa algo reconhecido de forma viva e valorizada? Mostrar que existem antecessores importantes e pares poderosos. Esse é um traço da cultura escolar construída. O tempo todo afirma-se por meio de herdeiros de santos, herdeiros de intelectuais, pares de reis, bispos, ou seja, criando uma rede, que é valorizada ao dizer que um estudou com o outro e isso foi tônica durante o Renascimento Carolíngio.
A pregação é feita sempre usando as Sagradas Escrituras, mas nunca apenas elas. Primeiramente, o pregador mostra como é erudito e busca as palavras de um clérigo importante que tenha comentado sobre a mesma passagem.
Escrita
O sentimento de que o mundo falava árabe era comum aos cronistas que, ao andar pelo mundo, sempre encontravam alguém que conhecia o idioma. A expansão do islamismo teve diversos desafios, mas um dos maiores foi integrar povos tão diversos. Os muçulmanos não impunham a sua religião, no entanto, davam vantagens a quem se convertia.
Mesmo para grupos tão diferentes, todos os que buscavam a conversão precisavam escrever e falar em árabe. O entendimento era de que o Alcorão não era uma revelação só pela mensagem, mas na forma. O árabe era a língua em que a mensagem se manifestou.
Assim, durante a aquisição das primeiras letras, nas escolas fundamentais, a instrução aos jovens começava pelo mesmo caminho: ensino da língua e domínio da escrita árabe.
Para mostrar e difundir este olhar sobre a Educação, não basta uma revisão superficial do texto bíblico, que já tinha sido modificado no decorrer dos séculos. Era preciso ir além. Assim, duas inovações foram seguidas. A primeira foi a adoção de uma escrita de melhor qualidade. Dessa forma, os clérigos carolíngios generalizam o uso da minúscula carolíngia, espécie de letra menor e mais elegante, que foi utilizada nos séculos precedentes. Essa mudança tornou os livros mais manuseáveis e legíveis.
A segunda mudança, também na época carolíngia, foi a adoção do hábito de separar as palavras e as frases umas das outras com um novo sistema de pontuação em oposição ao modo antigo de escrita que o ignorava completamente.
Essas duas alterações, acrescidas de uma melhor organização dos scriptoria favoreceu a popularização da escrita.
Língua
O crescimento de seu domínio e o despertar do interesse de governos gerava uma ampla circulação de pessoas, que desejavam conhecer e dominar a língua e os ensinamentos. O reino do Gana, por exemplo, vai aos principais intelectuais pedir ajuda para se converter. Turcos e mongóis, que surgem como inimigos da religião e do domínio muçulmano, acabam sendo convertidos pelos seus líderes à nova religião.
Professores e intelectuais eram contratados nas cidades maiores e circulavampelo mundo muçulmano dedicados a ensinar a língua e outros fundamentos da cultura e da religião. Esse interesse se dava pelo que representava seus conhecimentos. Sua expansão fazia com que o mundo conhecesse seus domínios de medicina, leis, navegação etc. As trocas constantes e intensas geraram uma rica dinâmica comercial e cultural. Não é exagero dizer que, durante a Idade Média, o mundo muçulmano representava os mais importantes centros de cultura, pesquisa e comércio, atraindo vários povos.
Outra forma de divulgação das obras antigas é a perpetuação de um conhecimento regular das regras do latim, que faz com que a gramática e a retórica sejam as principais disciplinas da erudição carolíngia. Vale lembrar que estamos em um período em que a língua latina evolui de maneira distinta em cada região. Nesse momento, os eclesiásticos carolíngios adotam uma decisão que conduziu o futuro linguístico da Europa. Eles admitiam que as línguas faladas pelas populações se distanciavam irrevogavelmente do latim clássico, a ponto de aconselharem que os sermões fossem traduzidos para as distintas línguas vulgares.
De um lado, havia uma multiplicidade de línguas vernáculas faladas localmente pela população e, de outro, uma língua erudita, aquela do texto sagrado e da Igreja, incompreensível para os fiéis.
Escolas
A instrução básica ocorria em centros formados dentro das mesquitas. Deveria ser ensinado a todos uma formação básica no idioma e alguns rudimentos de filosofia/religião islâmica.
Os estudos avançados eram realizados em centros maiores conhecidos como “Casas de Cultura” chamados por muitos de embriões das universidades medievais. Esses espaços reuniam escritos, sábios de regiões diversas e o ensino era marcado pelo ecletismo. Só poderiam participar muçulmanos ou povos dos livros – salvo quando cristãos e muçulmanos estavam em conflito.
As escolas cristãs eram organizadas principalmente nos mosteiros. A partir dos oito anos, as crianças seguiam para esses locais e, ao completarem 18 anos, poderiam escolher se seguiriam a vida eclesiástica ou não. No período do governo Franco de Carlos Magno, surgem as primeiras escolas nas cidades, com profissionais que ofereciam seus serviços como professores particulares. Esses locais eram reconhecidos como escolas menores. Elas eram depreciadas pelas grandes escolas monacais e, por isso, tratadas com desdém, como escolinhas ou Escolástica. Em pouco tempo, esses professores e as escolas dos centros urbanos motivaram uma importante mudança no pensamento medieval.
Podemos dizer que os francos salvaram a cultura ocidental?
Claro que não! Há outros povos importantes. Quer conhecer mais? Leia o texto Os visigodos no Explore +.
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Curiosidade histórica
Muitos imaginam que somente os homens escreviam e que as mulheres estavam fora desse processo, mas não era bem assim. Alcuíno, conselheiro de Carlos Magno, é também o conselheiro de Gisele, irmã de Carlos Magno e abadessa de Chelles. Ela foi estimulada a desenvolver uma vida intelectual e uma intensa atividade de cópia de manuscritos em seu mosteiro. Uma grande aristocrata da Aquitânia, Dhuoda, longe da corte, transmitiu saber, no começo do século IX, ao seu filho Bernardo, duque de Septimânia, redigindo para ele um manual educativo.
Abadessa de Chelles.
Desenvolvimento da Educação na cultura islâmica
povo árabe foi, de alguma forma, aquele que reinseriu a cultura clássica no Ocidente. Esse fato foi possível em virtude, do entendimento que tiveram da ciência grega, o que não se caracterizou como imitação. Dessa maneira, ao inserir seus elementos religiosos e científicos, acabaram difundindo elementos gregos que tinham sido remodelados. O ensino árabe também recebeu forte influência das escolas gregas e romanas.
Escola Islâmica.
Em parte, isso se deu pelo ensinamento de Maomé que mandou que seu povo fosse atrás do conhecimento não importando onde tivesse que chegar. Trilhando esse princípio, filósofos e sábios árabes edificaram uma grande civilização que incorporou a cultura e o conhecimento de outros povos. Foi dessa maneira que os árabes transmitiram grande conhecimento à Europa, como ocorreu, por exemplo, com a bússola, o astrolábio, o papel e a pólvora (PILETTI; PILETTI, 2012, p. 51-52).
A religião islâmica se expandiu para além das fronteiras do mundo árabe. Em 711, consolidava seu domínio na península Ibérica, dominando uma parte importante deste território, como mostra o mapa a seguir.
Expansão do Islã na península Ibérica.
A expansão muçulmana cessa com a vitória de Carlos Martel em Poitiers. Ainda que os carolíngios sejam exaltados por essa vitória, não devemos imaginar anos de conflito na relação entre cristãos e muçulmanos. Depois da expansão no século VIII, os séculos seguintes foram marcados pela intensa troca comercial entre esses povos. Como sabemos, o comércio leva bem mais que seus produtos. Dessa forma, elementos da cultura árabe-islâmica se difundiram e influenciaram o pensamento cristão.
Durante o domínio muçulmano na península Ibérica, os cristãos que permaneceram em suas regiões aprenderam a falar e escrever em árabe e nas línguas locais. Essa troca permitiu que tradutores recuperassem textos da Grécia Clássica – Aristóteles, principalmente –, que só existiam, até então, em árabe para as línguas conhecidas, fundamentando o caminho para o racionalismo cristão no século XII.
Normalmente, imaginamos um mundo de conflito, em especial quando começam os movimentos das Cruzadas, em 1095, mas a relação de troca no mundo mediterrânico foi intensa. Em um primeiro momento, os textos gregos traduzidos para o árabe ajudam a consolidar os espaços culturais muçulmanos conhecidos como casas de cultura. Depois, esses mesmos materiais foram traduzidos do árabe para as línguas românticas (início das línguas modernas).
Desenvolvimento da Educação na cultura cristã
s reformas realizadas por Carlos Magno e seus conselheiros foram importantes. A principal delas foi a reforma da escrita. A nova escrita, minúscula carolíngia, é clara, normalizada, elegante, mais fácil de ler e escrever. Podemos dizer que foi a primeira escrita europeia. Numa intensa atividade de cópia de manuscritos nos scriptoria monásticos, reais e episcopais, Alcuíno introduziu uma nova preocupação com a clareza e a pontuação.
Exemplo de minúscula carolíngia.
Carlos Magno também buscou corrigir o texto da Bíblia. Esse cuidado de correção, que animará a grande atividade de exegese bíblica no Ocidente Medieval, é uma preocupação importante que concilia o respeito pelo texto sagrado original e a legitimidade das emendas devidas ao progresso dos conhecimentos e da instrução.
A renascença carolíngia impõe-se ainda hoje, sobretudo pela riqueza de sua ilustração, as iluminuras.
Alguns evangeliários ou saltérios (salmos) são obras de arte carolíngia. O gosto pelo texto dos salmos, que atravessará a Idade Média, fez nascer na Europa um atrativo pela poesia bíblica que dura até hoje.
Rumo à Escolástica
A Educação urbana, considerada menor, que passou a se organizar e se difundir a partir da Reforma Carolíngia, é fortalecida com o crescimento das cidades. Assim, aumentaram as trocas comerciais e culturais com o mundo muçulmano. A soma destes dois fatores criou um terreno fértil para outra cultura educacional.
Por isso, o movimento intelectual conhecido como Escolástica, que marca a mudança do pensamento educacional medieval, só pode ser compreendido a partir do entendimento deste novo mundo.
Figuras relevantes
MADMÉ- O profeta dos muçulmanos. Como portador da mensagem, lidera o processo político-religioso de fundamentar a umma – união dos seguidores do profeta – sua ação praticamente unifica a península Arábica e, com suas propostas, fundamenta os pilares da nova religião.
CARLOS MAGNO - Foi coroado pelo papa em Roma e aclamado como imperador. Manteve uma apurada política de vitórias militares e não se afastou dos ideais políticos francos, deixando o reino para todos seus filhos.ALCUINO - Foi importante conselheiro de Carlos Magno, fundamentando a organização das principais escolas do reino, tanto para formar nobres como para organizar os mosteiros – femininos e masculinos.
ALFARABI - Filósofo e teólogo que fundamenta um movimento aristotélico no mundo muçulmano, atuando na aproximação entre as questões políticas e filosóficas. O conhecimento é algo integrado.
AVERROIS - Filósofo que fundamentava seu olhar em Aristóteles, estudou Teologia, Medicina, Direito, Filosofia e Matemática. Sua grande contribuição foi por seus comentários às obras de Aristóteles, que foram de suma importância para o Renascimento na Europa medieval.
Introdução
A Escolástica não é algo fácil de entender. Para facilitar a compreensão, veja algumas chaves de explicação:
Ela é um movimento relacionado ao crescimento do comércio e dos centros urbanos na Europa e, consequentemente, marcado pela disputa de intelectuais.
Ela muda o lugar de Deus. Sim! Se Deus era algo a ser alcançado, agora Ele está dentro de cada um de nós e alcançá-lo é uma operação racional.
O papel da Educação nisso é preparar o sujeito para que ele possa ativar sua centelha divina, seu lugar de razão e mergulhar em si para poder alcançar a Deus e explicar o mundo.
Neoplatonismo x Neoaristotelismo
e um lado, temos uma tradição histórica, monástica, que bebe nos chamados pais da Igreja, com uma forma reconhecida e reafirmada: o modelo neoplatônico. Do outro lado, aparecem os movimentos urbanos e as novas tendências educacionais recebidas pelo mundo árabe. As cidades se tornam um local de debates públicos e valorização da razão. Lembrando que é uma razão cristianizada.
Filosoficamente, esses modelos têm questões fundamentais com a Educação:
Neoplatonismo
Herdeiro da Patrística, partindo especialmente de Agostinho – Deus deve ser sentido, ele não precisa de uma explicação racional. Precisamos de mestres para conduzir os sujeitos pela prática, pela repetição de nomes da Igreja para alcançar Deus. Como Deus é tudo, inclusive todo o conhecimento, a busca por Ele é um exercício constante de alcançar a verdade em algum lugar.
Neoaristotelismo
Herdeiro da Escolástica, em especial de Tomás de Aquino – Deus deve ser explicado. Todo homem tem uma essência, um caminho racional que explica tudo. Essa essência, no caso dos homens, é divina. Logo, Deus não está em um lugar que deva ser alcançado, mas deve ser buscado dentro de cada um. Se minha capacidade de pensar e entender o mundo é centelha divina e a razão é divina, é divino fomentar o conhecimento e o racionalismo. Deus deve ser conhecido.
Veja, a seguir, uma comparação entre essas duas correntes filosóficas.
O professor Rodrigo Rainha explica as principais diferenças entre Patrística e Escolástica.
Mas por que isso acontece? Vamos ver o contexto.
século XIII europeu, caracterizado pelo crescimento urbano e comercial, foi também, no ambiente citadino, o século da Europa escolar e universitária. Assistiu-se, a partir do século XII, beneficiadas pelos burgueses, a multiplicação das escolas urbanas. Por extensão, criou-se uma fundação capital para o ensino na Europa, o nascimento mais extraordinário e que introduziu uma tradição ainda viva atualmente: a das “escolas superiores”, também chamadas de universidades.
Essas escolas superiores ganharam, ao término do século XII, a denominação de stadium generale (escola geral), que significava uma condição superior e uma instrução de traço enciclopédico. As universidades, localizadas em regiões de grande presença de organização de ofícios urbanos, aparelharam-se em corporação como os outros ofícios e adotaram a terminação “universidade”, que expressava corporação. Tal vocábulo foi usado pela primeira vez em Paris, no ano de 1221, para indicar o grupo de mestres e de estudantes parisienses (universitas magistrorum et scholarium).
Manuscrito medieval mostrando uma reunião de doutores na Universidade de Paris. BNF, Français 1537, fol. 27v.
Modelo bolonhês
Apenas os alunos constituíam juridicamente a universitas.
Modelo parisiense
Mestres e estudantes compunham uma única comunidade.
Somente o exemplar parisiense chegou aos dias atuais.
As universidades
A primeira universidade foi a de Bolonha, ainda que tenha sido regulamentada pelo papa apenas em 1252. Desde 1154, o Imperador Frederico Barba Ruiva conferira prerrogativas aos mestres e aos estudantes de Bolonha. Só para entendermos, há várias associações de mestres que transformavam as cidades em polos de atração de alunos. Esses alunos eram famosos pelas bebedeiras, festas e pelo conhecimento, mas estas escolas não eram reconhecidas como nada diferente do que um centro de cultura.
Universidade Escolástica.
(VOLTOLINA, Laurentius. Liber ethicorum des Henricus de Alemannia. The Yorck Project (2002) 10.000 Meisterwerke der Malerei (DVD-ROM))
A partir do final do século XII, principalmente ao longo do XIII, vemos a consolidação de uma instituição, com regras e cátedras (cadeiras) reconhecidas pelo papa. Seu modelo era semelhante ao de um mosteiro, mas, ao invés de um abade, havia um rector (reitor). Além disso, o reconhecimento do título passa a ter uma cerimônia em que o mestre, representando ser o portador do conhecimento, dá a outorga ao aluno, transformando-o em um novo portador do dom.
Para entender isso melhor, olhe para os cerimoniais de formatura que ainda existem hoje. Todos ainda se baseiam na tradição e sua reprodução. O magnífico reitor outorga o grau – não mais por Deus, mas pelo Estado e pela instituição – colocando o aluno na condição de membro da Universitas.
A Universidade de Bolonha é um exemplo. Podemos ver processos parecidos destas duas fases – organização e status formal de universidade – igualmente em Paris:
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Mestres e estudantes de Paris ganham privilégios do Papa Celestino III.
As novas universidades não nasceram do nada. São filhas das escolas que se formaram desde Carlos Magno, mas seu modo de pensar e operar, sua formalização, dependeu do novo momento político, vivido no século XIII. As universidades são campos abertos para novas ideias. Não à toa, são espaços vitais da Escolástica e do pensamento aristotélico.
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Curiosidade histórica
A Bula Universitas Parens Scientiarum conferida à Universidade de Paris pelo Papa Gregório IX continha um elogio famoso a respeito da instituição universitária e da Teologia, que se tornara na universidade, segundo expressão do Padre Chenu, uma “ciência”.
Fundamento aristotélico da Escolástica
Dois grandes nomes se destacam na corrente Escolástica. São eles:
Aristóteles
De certo modo, foi o principal teórico das universidades do século XIII e, especialmente, da Universidade de Paris. Apesar de seus textos já terem sido traduzidos para o latim há muitos séculos, foi a partir do século XIII que se destacaram nessas traduções oriundas do árabe para línguas vernáculas a sua metafísica, sua ética e sua política. Assim, podemos afirmar que houve um aristotelismo medieval por volta de 1260-1270, pois suas ideias estavam presentes em quase todo o ensino universitário.
Tomás de Aquino
Foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas universidades. No entanto, aproximadamente em 1270, o aristotelismo recuou por causa da condenação de tradicionalistas, como Estêvão Tempier, e pelos ataques de mestres mais “modernos”, que opunham a ele ideias mais místicas e menos racionalistas, tais como os franciscanos João Duns Escoto (1266-1308) e Guilherme de Ockham (1285-1347), além do dominicano Meister Eckhart (1260-1328).
O legado da ação intelectual, especialmente a universitária, do século XIII, foi a série de métodos e de textos que foram categorizados como Escolástica, inicialmente no século XII, e, mais profundamente, nas universidades no século XIII.
Escolástica deriva do desenvolvimento da Dialética, uma das artes que compõem o Trivium, “a arte de argumentar por perguntas e respostasnuma situação de diálogo”. O fundador da Escolástica é Anselmo de Cantuária (1033-1109), para quem a Dialética é o procedimento principal da sustentação da reflexão ideológica. O objetivo da Dialética é a inteligência da fé, cuja fórmula ficou famosa desde o período medieval: fé em busca de entendimento (fides quaerens intellectum).
Esse método era baseado em três etapas:
1
Quaestio
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma questão.
2
A disputatio
Discussão do questionamento entre mestres e alunos.
3
A Determinatio
Resolução do problema por parte do mestre.
Vale lembrar que, no século XII, no programa das universidades, havia um exercício cujo fim era a demonstração do talento intelectual dos mestres. Nessas oportunidades, duas vezes ao ano, os discentes propunham ao mestre uma questão de qualquer temática. O renome e o status dos mestres, muitas vezes, se faziam em cima de sua competência de replicar a esses assuntos.
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Curiosidade histórica
No século XIII, o filósofo que promoveu a transição real do platonismo para uma forma mais sofisticada de Filosofia foi Tomás de Aquino (1225-1274): o grande nome da Escolástica. Sua obra-prima, Summa Theologica (1485), é o maior exemplo desse método de aprendizagem.
Escolástica ampliou-se quando Tomás de Aquino introduziu ao método elementos da Filosofia de Aristóteles. Historicamente, na Idade Média latina, a partir da segunda metade do século XIII e no século XIV, a Filosofia apresentava-se de duas formas distintas. Vejamos:
Filosofia articulada à Teologia
Sob a regência normativa da Teologia – ou, como diria Tomás de Aquino, subalternada a essa ciência –, tal Filosofia era oficialmente praticada nas Faculdades de Artes das universidades. Esse era o degrau necessário para atingir a Faculdade de Teologia.
Filosofia voltada à tradição antiga
Esta Filosofia retomava, pela mediação do ideal de vida filosófica – renascido em terras do Islã –, a tradição antiga do exercício de filosofar como fonte do mais alto prazer e da felicidade.
As universidades foram fundadas a partir das disciplinas disponíveis nas faculdades. Existiam quatro faculdades que faziam parte de todas as universidades:
Direito
Elaboração de um problema, ou seja, na exposição de uma questão.
Teologia
Estudo da exegese bíblica e da fundamentação filosófica de Deus.
Medicina
Dava à Medicina uma aparência mais livresca e teórica do que experimental e prática.
Artes
Onde se lecionavam as Artes, principalmente as do Quadrivium.
Mas vale lembrar que, acima de todas elas, no que tange ao status e ao reconhecimento social, impunha-se a faculdade suprema: a de Teologia.
Com muita frequência, uma faculdade prevalecia por sua importância sobre as outras da universidade. Nesse sentido:
 Bolonha foi prioritariamente uma Faculdade de Direito;
 Paris foi uma Faculdade de Teologia.
 Montpellier foi uma Faculdade de Medicina.
Representação dos jograleses – prática comum entre os estudantes durante o período. Fonte: Livro Germânico de Música – ilustrado por Heinrich von Meißen.
avia uma hierarquia pelo lugar no curriculum e pela reputação entre uma faculdade de base propedêutica. Na prática, a Faculdade de Artes foi frequentemente dominada pelas disciplinas que hoje chamaríamos de científicas. Do ponto de vista social, a faculdade foi povoada por estudantes mais jovens, mais turbulentos, menos ricos, e só uma minoria deles prosseguia seus estudos em uma faculdade superior (Direito, Teologia e Medicina).
Assista ao vídeo a seguir, que trata das universidades e suas características na Idade Média.
Entrevista com o professor Rodrigo Rainha sobre as quatro faculdades existentes na Idade Média, e a comparação entre as universidades medievais e atuais.
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Figuras relevantes
Vamos conhecer alguns dos sujeitos que foram apresentados ao longo deste módulo.
ANSELMODE CANTUARIA - A proximidade com a península Ibérica e as traduções de Aristóteles acabam por transformar Anselmo no fundador da Escolástica.
TOMAS DE AQUINO- Principal nome da Escolástica, foi um dos grandes introdutores do pensamento aristotélico nas universidades.
FREDERICO BARBA RUIVA - Imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Morreu partindo para as Cruzadas antes mesmo de lutar.
DUNS ESCOTO - Filósofo escocês que seguiu a Escolástica e explicou a origem filosófica de Deus.
GUILHERME DE OKKAM - Defendia que a única forma de atingir a verdade era a adoção da razão para chegar a fé.
URBANO II - Papa que “convocou” a primeira Cruzada.
Finalizamos nossa jornada sobre a Educação na Idade Média estudando os elementos que a Igreja Católica resgatou da Antiguidade e as características das escolas romanas e do Trivium e Quadrivium e a readequação desses princípios da cultura clássica pela Patrística, com destaque para Agostinho de Hipona, o Renascimento Carolíngio e o contraponto da cultura do Islã e sua influência na Europa medieval até chegarmos nas universidades e o método da Escolástica com destaque para Tomás de Aquino.
Devemos pensar a Educação como um evento que pode assumir formas e maneiras diversas dependendo dos diferentes grupos humanos e suas correspondentes etapas de organização. Dessa forma, a Educação resulta em intencionalidade, bem como em imposição para alcançar seus propósitos, procurando que seus elementos cheguem a todas as partes que compõem a sociedade, como modo de se legitimar, buscando, assim, determinar uma série de valores e práticas particulares. No nosso caso, o período medieval.
EDUCAÇÃO E RENASCIMENTO
Conceituar modernidade para a História
Introdução
Quantas vezes escutamos, em nosso dia a dia, o uso da expressão moderno se referindo a algo novo ou diferente? Mas, de onde vem exatamente essa ideia sobre o que é moderno?
É importante analisarmos mais detalhadamente o conceito de moderno para compreendermos como ele interfere na Educação que conhecemos. Moderno e seu derivado, modernidade, não são apenas palavras; são conceitos e, por isso, podem ter múltiplos significados.
Invenção da sociedade ocidental
Neste vídeo, os professores Flávia Miguel e Rodrigo Rainha debatem conceitos importantes para a construção do entendimento sobre o Ocidente e a modernidade. Vamos assistir!
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Origens
A origem da ideia de moderno como novo surge de uma construção histórica. Tradicionalmente, os historiadores convencionaram dividir a História em eras para melhor compreendê-la e ensiná-la. Essa proposta, que chamamos de linha do tempo, foi muito utilizada como método de estudo, sobretudo no século XIX, pelos positivistas.
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Nesse recurso, vemos que a História começa na Idade Antiga com o aparecimento da escrita. Isso se fundamenta na premissa da tradição europeia de que povos sem escrita não teriam história, por isso, Pré-História.
Essa concepção justifica, por exemplo, o estudo dos povos indígenas e africanos ter sido relegado durante tanto tempo.
Após a Idade Antiga, surgiu a Idade Média, considerada a Idade das Trevas. Esse termo surge no período renascentista, já na Idade Moderna. Os historiadores desse período não viam um valor na Idade Média, entendendo-a simplesmente como uma fase entre a cultura clássica e a moderna. Daí a visão, equivocada, de que a Idade Média havia sido um período de estagnação e obscurantismo.
O Moderno surge em oposição ao Medieval. O Novo e o Velho. Essa ideia se populariza, e temos ainda dificuldade em compreender que o moderno é algo concebido em seu próprio tempo. Nesse caso, seguindo a convenção, entre os séculos XV e XVIII.
Moderno
novo
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Medieval
velho
Embora ainda utilizemos o recurso da linha do tempo - que atualmente possui diversos usos, desde histórico até biográfico – é sempre importante fazê-lo de forma crítica, entendendo que representa apenas convenções.
Um período histórico não começa e termina com um único evento, por mais importantee significativo que ele seja. O conhecimento e a cultura são frutos de um acúmulo, que ocorre ao longo dos séculos. Temos, portanto, em nosso modo de viver, contemporâneo, diversos legados de períodos anteriores, dos quais alguns são notórios enquanto outros são menos evidentes.
Como exemplo, podemos citar a nossa percepção estética, que é claramente derivada da cultura clássica, greco-romana. Com certeza gostos, culturas e ideais de beleza se alteram, porém de modo lento e sempre deixando resquícios.
Clique nas duas esculturas abaixo.
Qual delas chamou sua atenção de forma mais imediata?
Essa construção estética que observamos foi articulada durante a Idade Moderna, período em que parte da sociedade ocidental como conhecemos se estruturou.
Veja como Deus pode ser retratado de formas diversas.
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Idade Antiga
Os fenômenos do mundo e da vida humana eram explicados pela mitologia. Havia deuses que se encarregavam de manter a ordem da Terra e seu funcionamento.
Imagem de Apollo da Antiguidade.
Idade Média
Os deuses deram lugar a um único Deus cristão, em torno do qual o mundo medieval se organizava culturalmente.
A Imagem de Deus Esculpida na Igreja de Vitória em Portugal.
Idade Moderna
O saber científico começa a ganhar espaço.
Iluminura do racionalismo medieval, considerado o movimento pai da modernidade.
Idade Contemporânea
Consolida o saber científico.
O homem que produz conhecimento, aqui representado por Copérnico e a tensão entre as tradições religiosas e Deus.
Período Moderno
A Idade Moderna foi um período de intensos questionamentos e rupturas. Não que, subitamente, tudo se fez novo e tudo que era ultrapassado tenha desaparecido. Mas, aos poucos, surgem novas formas de ver o mundo, novas maneiras de explicar aquilo que se vive.
O ser humano é questionador por natureza; e esse desejo de aprender, sobre si e sobre o ambiente em que vive fortalece e consolida a criação de instituições escolar. Em cada tempo histórico, esse aprendizado teve um fundamento, uma forma de organização.
Importante
Perceba que o fato da Ciência começar a se estruturar como fonte de conhecimento na modernidade não faz, de forma alguma, com que a questão religiosa seja deixada de lado ou esquecida. A religião, em geral, e o cristianismo, em particular, assumem novos papéis na ordem social que se altera progressivamente.
Consolidação do moderno
Dois elementos foram fundamentais para que a Idade Moderna se consolidasse:
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Família
Escola
Se antes apenas as crianças de origem nobre eram alvo de alguma educação estrutural, agora também se começa a educar fora da nobreza. Um dos principais estudiosos da questão familiar, Philippe Ariès (1914-1984), afirma que:
Abre aspas
Os pais não se contentavam mais em pôr filhos no mundo, em estabelecer apenas alguns deles, desinteressando-se dos outros. A moral da época lhes impunha proporcionar a todos os filhos (no fim do século XVII, até mesmo às meninas), e não apenas ao mais velho, uma preparação para a vida.
(ARIÈS,1986, p.277)
Fecha aspas
Essa estrutura familiar, que se tornou uma das características da modernidade, fez com que surgisse outro conceito que modificaria definitivamente as relações sociais: a infância. Retomando Ariès (1986), no medievo não havia uma grande separação entre as idades, e as crianças eram tratadas como pequenos adultos.
Até então, não houvera grande preocupação com as crianças, seu desenvolvimento, aprendizado ou bem-estar. A mortalidade infantil no medievo era acentuada, a mobilidade social, improvável. Se o destino de uma criança era repetir – se tivesse sorte – o ofício de seu pai, a educação formal, letrada, não fazia sentido.
Foram a modernidade e a retomada do letramento como algo a ser apreciado que modificaram, pouco a pouco, esse cenário. A criança deixou de ser um “adulto em miniatura” e tornou-se um indivíduo com necessidades próprias e sobre o qual ampliam-se as expectativas familiares.
A modificação da forma como a infância era entendida reflete uma alteração no comportamento social, e a escola, elaborada a partir de então, traduz essa mudança. O sentido de aprendizado passa a se estruturar em torno de uma proposta didática que, por sua vez, constitui o cerne de diversas disciplinas e saberes organizados.
Agora vamos conhecer um pouco mais sobre Educação e Modernidade com o Professor Rodrigo Rainha:
Veremos, a seguir, como esses saberes se conformam a partir da perspectiva de movimentos caros à modernidade: o Renascimento, a Reforma e a Contrarreforma.
Reconhecer a Educação no Renascimento
Renascimento
O Renascimento, movimento intelectual ocorrido no final da Idade Média e durante a Idade Moderna, é um tema que tem sido exaustivamente estudado. Não só pela sua importância na concepção da história intelectual do Ocidente, mas também pelas rupturas que provocou na organização do conhecimento até então estabelecido.
Quando falamos em Renascimento, imaginamos a arte do período e seus representantes, como Michelangelo e Leonardo da Vinci.
Essa é a face mais popular do movimento e tem sido constantemente recuperada em filmes e obras literárias de ficção. Não que esse aspecto seja irrelevante; longe disso, a questão estética e cultural é um dos fundamentos da ideologia renascentista. Contudo, é preciso desfazer o equívoco de que esse é o principal aspecto de toda a movimentação intelectual gerada pelos cientistas, artistas e filósofos do período.
Dica
Assista ao filme O Mercador de Veneza, baseado na obra de William Shakespeare, que apresenta uma narrativa envolvente, instigante e ainda nos ambienta na Veneza renascentista. Quer saber mais e conhecer o texto original? Acesse o Explore+ e leia o livro digital.
Renascimento e Arte
Neste vídeo os professores Rodrigo Rainha e Flávia Miguel debatem conceitos importantes para a construção do entendimento sobre a Arte no Renascimento. Vamos assistir!
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O Renascimento não é apenas um. Por ser multifacetado, ele pode ser pensado em aspectos distintos (comercial, urbano, científico e cultural), os quais estão interligados e juntos compõem um quadro de mudanças extraordinárias e de grande movimentação intelectual que marcaria definitivamente o campo da Educação.
A dinâmica do Renascimento é expressa em um movimento de rupturas e continuidades. Por um lado, há a retomada de valores clássicos que passaram a ser discutidos e aperfeiçoados, não só do ponto de vista estético – a arte renascentista recupera em grande medida a arte clássica –, mas também do ponto de vista político e filosófico.
É necessário atentar para a ideia de retomada que tão frequentemente se utiliza ao discutir esse momento. Essa “retomada de valores” não é, sob nenhuma circunstância, uma mera transposição. Historicamente, não é possível fazer uma transposição sem alteração de um período histórico para outro.
Um bom exemplo é a transformação das tecnologias e como elas impactam o mundo. Se antes os livros eram belos e coloridos feitos nos scriptoria, com a prensa de Gutenberg sua produção foi acelerada e houve o aumento de leitores.
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Saiba mais
Vamos utilizar o pensamento do filósofo Heráclito de Éfeso, que viveu no século V a.C., para compreendermos melhor essa impossibilidade. Ele afirmava que uma pessoa jamais se banharia duas vezes no mesmo rio, pois suas águas nunca são as mesmas; estão sempre fluindo. Da mesma forma, a humanidade muda todos os dias: suas ideias, concepções, gostos e opiniões são impermanentes. Em essência, o pensamento de Heráclito traduz a ideia de mutação constante.
Quando se recuperam valores ou modos de pensar que existiram no mundo clássico greco-romano, eles são adaptados ao pensamento moderno, ou seja, a um tempo diferente daquele em que foram originalmente concebidos. Portanto, por mais que o pensamento renascentista traga para a modernidade conceitos clássicos, como a ideia de cidadão, ele

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