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Habitação coletiva é uma das soluções para o essencial adensamento das grandes 
cidades. Por isso, é fundamental pensar os conjuntos habitacionais no que diz respeito 
à inserção no tecido urbano, assim como a contribuição para o seu crescimento e 
desenvolvimento. Integram essas questões a implantação e sua relação com o entor-
no, as relações entre espaços comuns e interiores das unidades, a incorporação das 
demandas e necessidades dos moradores, entre outras. Nos antecedentes deste 
estudo, a equipe buscou adotar as considerações aqui colocadas como partido para 
dar forma ao objeto do concurso, que consiste em um módulo em “L” correspondente 
a dois conjuntos e uma área intersticial na quadra 105 de Sol Nascente, em Ceilân-
dia/DF, cujo projeto deverá ser replicado para outros cinco módulos em “L”. 
O território de intervenção se encontra em franco desenvolvimento e ainda está 
pouco consolidado. Buscamos qualidade arquitetônica e espacial a essa proposta 
de habitação coletiva, de maneira que o conjunto funcione como catalisador do teci-
do urbano que está surgindo. Afinal, construir conjuntos habitacionais também signi-
fica construir cidade. A proposta aqui apresentada garante autonomia no que diz 
respeito à forma e funcionalidade, de modo que as diferentes inserções das lâminas 
residenciais não afetem especificidades de insolação e de ventos. Para isso, foi pensa-
da uma planta com adaptabilidade para diferentes lotes de implantação.
A simplicidade do projeto ao propor duas lâminas similares que respondem a materia-
lização do módulo em “L” possibilita sua replicação e garante otimização da infraes-
trutura ao priorizar economia e racionalidade na construção. A escala do conjunto e as 
relações visuais que são criadas pela proposta aqui colocada garantem qualidade de 
vida para as famílias ao propor uma geometria que define e conforma a paisagem 
urbana local enquanto configura espaços de sociabilidade tanto próximos quanto 
internos aos prédios.
Considerando as normas vigentes e os índices urbanísticos locais, a aplicação de alto 
potencial construtivo garantiu a densidade demográfica, sem comprometer a quali-
dade das moradias, resultando num programa locado em duas lâminas que juntas 
totalizam 128 unidades habitacionais de dois e três dormitórios, além das unidades 
comerciais no térreo. Esta prerrogativa do projeto está de acordo com o compromisso 
da Codhab de erradicar o déficit habitacional no Distrito Federal. A implantação do 
módulo foi pensada a partir de um eixo central que associa todas as unidades habita-
cionais e cria um gradiente de espaços que vai do público ao semi-público, criando 
um interstício de convivência entre os apartamentos, configurado pelos pátios. É a 
partir desse passeio central que se dão os acessos sociais às edificações, sendo criada 
uma oportunidade para as relações de vizinhança, o que promove convívio social 
entre os moradores. Sendo assim, a proposta se apresenta não somente compacta e 
inclusiva, mas também humana, contemplando o necessário para o conceito de uma 
habitação coletiva que além de abrigar, contribui para a constituição de uma urbani-
dade mais justa.
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Perspectiva geral do conjunto desde o leste.
Com a possibilidade da verticalização, 
a reestruturação da massa permite a 
manutenção de um alto Coeficiente de 
Aproveitamento com menos ocupa-
ção de solo. Com isso, as calçadas 
públicas ganham respiro e os blocos 
paralelos se afastam.
A fim de prover generosas ventilação 
e iluminação às unidades habitaciona-
is, a massa é repartida longitudinal-
mente. O resultado é um interstício 
onde acontece a circulação vertical e 
ocorrem pátios reservados, potenciais 
áreas de convívio.
Aberturas transversais realizadas no 
pavimento térreo das edificações, 
onde se fará o ajuste à topografia 
específica, unem os diversos interstíci-
os. Deste modo os blocos se conectam 
fisicamente através dos fluxos 
gerados e visualmente a partir da 
linearidade das fachadas.
Partimos da ideia de um edifício que 
não se desenvolve de forma isolada, 
mas como um sistema urbano. Por 
isso, olhamos para o conjunto como 
um todo. Entendemos a necessidade 
da melhor utilização possível do lote, 
então define-se como parâmetro a 
aproximação ao máximo Coeficiente 
de Aproveitamento possível.
As unidades comerciais, locadas no térreo, 
apresentam alturas de pé-direito diferen-
tes, o que possibilita a adaptabilidade da 
proposta ao terreno. Suas entradas estão 
voltadas para as vias de circulação e tem 
relação direta com as vagas públicas já 
previstas. Os eixos centrais do módulo em 
“L”, assim como a praça, estão na mesma 
cota, o que garante acesso e livre circulação 
de pessoas de mobilidade reduzida, assim 
como facilita o acesso às unidades adapta-
das (PcD) também locadas no térreo. Os 
pátios intersticiais se somam à praça 
articuladora do eixo de implantação, que 
abriga equipamentos infantis e de exercíci-
os ao ar livre.
Vista aérea da praça e dos terraços. Vista dos pátios internos e do sistema de circulação vertical.
1. Unidades comerciais
2. Apartamentos adaptados (PcD)
3. Bicicletários e paraciclos
4. Acesso de veículos ao subsolo
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5. Vagas PcD
6. Parquinho
7. Academia ao ar livre
Planta do Pavimento Térreo
Esc. 1/5
Vista geral do conjunto
O estacionamento no subsolo foi resolvido como um anel de circula-
ção que preserva uma porção de terra no seu centro, possibilitando a 
permeabilidade dos pátios internos, o que contribui para o conforto 
térmico e para a qualidade estética da proposta. Para garantir a livre 
circulação de veículos no subsolo, optou-se pela estrutura de concreto 
moldado in loco e vedação em blocos cerâmicos revestidos para toda a 
edificação. Essa opção possibilitou também espaços livres e amplos 
nas unidades comerciais. A entrada do estacionamento pela cota mais 
baixa reduz o volume de escavação e economiza na dimensão das 
rampas.
O morador tem acesso à parte da cobertura do prédio, onde é possível 
utilizar uma área de terraços para secagem de roupas ou lazer. Para 
romper a monotonia que é criada por muitos projetos de interesse 
social, as esquadrias assumem diferentes posições em cada pavimen-
to. Para intensificar esse dinamismo, venezianas que correm externa-
mente às esquadrias compõem a fachada aleatoriamente, sendo cons-
tantemente reorganizadas pelo uso cotidiano do edifício.
Vista dos pátios internos desde a circulação entre as unidades.
3.106,00B1
Lote AL (m²) AC (m²) AP (m²)* CA TO TP*
7.547,75 530,76 1,86 0,59 0,17
3.106,00B2
* Somam-se a estas a captação e retenção de águas pluviais como 
medidas de compensação (Decreto nº 35.363 de 24/04/2014).
Coeficientes Urbanísticos
7.547,75 466,61 1,86 0,59 0,15
Planta de Cobertura
Esc. 1/2
Planta de Subsolo
Esc. 1/2
Planta de Pavimento Tipo
Esc. 1/5
Corte (indicado)
Esc. 1/5
As vistas dos ambientes de longa permanência são voltadas para as vias públicas e podem usufruir, além da vista ampla, de boa 
iluminação e ventilação naturais. Pensando no clima quente e seco da região, os outros ambientes também desfrutam de conforto 
térmico adequado, já que cada bloco utiliza a circulação vertical como acesso direto às unidades, em contraposição a corredores 
que confinam a circulação horizontal e prejudicam a iluminação natural dos apartamentos. O sistema de escadas pré-moldadas 
aqui posposto funciona como elemento referencial e de apoio à construção do conjunto, facilitando o trabalho no canteiro de 
obras por configurar uma forma segura de circulação de pessoas e transporte de materiais durante a construção. Os pátios inters-
ticiais, livres de corredores longitudinais, possibilitam ao morador observar e participar da dinâmica que essa decisão projetual 
provoca ao intercalar cheios e vazios no módulo proposto. O encadeamento de fluxos, tanto de passagemquanto visuais, dentro 
do gradiente de espaços, traz unidade ao conjunto e possibilita o sentimento de pertencimento dessa comunidade a esse lugar.
Planta Tipo A
Esc. 1/1
61,25m² . 36 unid./bloco
Planta Tipo B
Esc. 1/1
66,55m² . 24 unid./bloco
Planta Tipo C (PcD)
Esc. 1/1
61,25m² . 4 unid./bloco (5%)
10+
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4
2
0
Os estudos realizados durante o processo de projeto garantiram 
que os ambientes das unidades habitacionais usufruam de 
iluminação natural adequada tanto nos ambientes de longa 
permanência quanto nos de menor permanência. Com isso, 
possibilitamos economia e qualidade de vida aos moradores.
FLD(%)
Cozinha e lavanderia de unidade Tipo A. Estar e jantar de unidade Tipo A.
Com relação ao interior das habitações, todos os ambientes atendem 
as exigências mínimas do Programa Minha Casa Minha Vida, da Norma 
de Desempenho (NBR 15175) e da Norma de Acessibilidade atualizada 
(NBR 9050). Os blocos são formados por duas lâminas de apartamentos 
e abrigam 128 unidades habitacionais. As dimensões das unidades 
resultam da modulação baseada no sistema construtivo adotado, o 
que garante viabilidade econômica, otimiza o processo de construção 
e assegura a uniformidade do conjunto.
A circulação interna das moradias colabora para o cotidiano doméstico 
ao facilitar o fluxo de passagem. A sala, por sua vez, ocupa um ambiente 
próprio dentro da hierarquia espacial, o que traz privacidade e confor-
to para uma habitação de dimensões mínimas. A vista da cozinha para 
os pátios internos e a presença de jardineiras na janelas de parte das 
unidades, onde o morador pode plantar um jardim ou cultivar uma 
pequena horta, contribui para a qualidade de vida. A planta proposta 
facilita ventilação cruzada e iluminação natural a praticamente todos os 
ambientes, favorecendo o aspecto sustentável da edificação. Além 
disso, as áreas molhadas dos apartamentos são concentradas, o que 
significa racionalidade e economia na construção. 
Painéis solares para 
aquecimento de água
Telha metálica 
termoacústica 
Jardineiras em
concreto
Guarda-corpos em
gradil modulado
eletrofundido
Vedações em bloco 
cerâmico modular
Esquadrias em alumínio, vidro 
transparente e vidro aramado 
(bandeira inferior).
Laje em painel treliçado 
revestido 
Sistema pilar-viga de 
concreto moldado
in loco
Venezianas corrediças 
em alumínio com 
pintura eletrostática
Paraciclos 
Papeleira
Calçadas em placas
de concreto pré-
fabricado
Janelas basculantes
com vidro translúcido
Laje de concreto 
impermeabilizada 
moldada in loco
Reservatórios inferiores 
para águas pluviais e 
públicas
Exaustão do sistema de 
ventilação do 
estacionamento
Parede de contenção 
em concreto armado
Sistema de circulação 
vertical em concreto 
pré-moldado
Identificação do
bloco
Elemento vazado em 
concreto
Reservatórios de água 
fria em polietileno
Energia. O uso de painéis solares para aquecimen-
to de água, assim como a preparação para a 
instalação de fotovoltáicas e a utilização predomi-
nante de iluminação natural nas unidades são 
soluções que reduzem o consumo energético da 
edificação. Também são previstas a iluminação com 
LED das áreas comuns, instalação de sensores e 
temporizadores e medição de consumo energético 
individualizada.
Materiais. A utilização de sistemas modulares e 
pré-fabricados otimiza o processo construtivo, 
diminui o desperdício e, consequentemente, os 
custos da obra. Contribui também para a diminui-
ção de resíduos, facilitando sua gestão. Aconselha-
se a utilização de materiais de produção local, o que 
reduz deslocamentos e diminui a pegada de 
carbono da edificação, além de valorizar a indústria 
regional. 
Social. O eixo central congrega interstícios que 
funcionam como espaços de lazer e integração ao 
longo do conjunto, estimulando as relações de 
vizinhança e contribuindo para a construção do 
sentimento de pertencimento dos moradores. A 
presença dos bicicletários e paraciclos incentiva a 
utilização de transporte alternativo, o que também 
contribui para o aspecto sustentável da proposta.
Ventilação. A opção pelo sistema de circulação 
pontual, em oposição aos corredores longitudinais, 
confinados ou não, garante maior iluminação e 
ventilação naturais a praticamente todos os 
ambientes das unidades habitacionais, sem perda 
de privacidade. Todas as unidades são dotadas de 
ventilação cruzada, potencializada pela presença 
do interstício central do bloco. 
Água. A utilização de água pluvial coletada e 
armazenada em cisternas garante o abastecimento 
das áreas comuns do conjunto e a irrigação das 
áreas vegetadas. A medição individualizada auxilia 
na redução do consumo pelas unidades e a 
retenção de parte da água em poços de infiltração 
auxilia na prevenção de enchentes e recarga de 
lençóis freáticos.
Corte Perspectivado
Sem escala

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