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projeto de prática - análise do discurso

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO
LICENCIATURA LETRAS – PORTUGUÊS (CALENDÁRIO S)
ANDRÉA AMARAL PERRONE BOLSARINI (RA 8042350)
PROJETO DE PRÁTICA
ANÁLISE DO DISCURSO: UM EXERCÍCIO
CAMPINAS
MAIO DE 2018
CLARETIANO CENTRO UNIVERSITÁRIO
LICENCIATURA LETRAS – PORTUGUÊS (CALENDÁRIO S)
ANDRÉA AMARAL PERRONE BOLSARINI
PROJETO DE PRÁTICA:
ANÁLISE DO DISCURSO: UM EXERCÍCIO
Projeto de Prática apresentado como requisito de avaliação na Disciplina Linguística: Pragmática, Análise do Discurso e Filosofia da Linguagem sob orientação da Professora Marília Valencise Magri.
CAMPINAS
MAIO DE 2018
SUMÁRIO
1.	ATIVIDADE PROPOSTA	4
2.	ANÁLISE DO DISCURSO	5
3.	A CHARGE DO CARTUNISTA CARLOS LATUFF : PROFESSOR É PROFISSÃO EM EXTINÇÃO NO BRASIL	6
4.	CONCLUSÃO	8
5.	REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO	8
1. ATIVIDADE PROPOSTA
A Análise do Discurso é um campo de estudos que, em diálogo com áreas avizinhadas do saber, tem como objeto de análise produção de efeitos de sentido, realizada por sujeitos sócio-históricos e que utilizam da materialidade da linguagem para fazer significar. Diante disso, analise a charge a seguir e faça o que se pede:
Figura 1: CHARGE BRASIL 247 – FONTE: https://latuffcartoons.wordpress.com/tag/professores/ - 
Com base no referencial estudado, confeccione um breve texto no qual, por meio da análise da charge apresentada:
Defina a concepção de discurso. Você deve responder: o que é discurso e como a instauração desse objeto vem romper com a tradição dos estudos linguísticos feitos anteriormente ao surgimento da Análise do Discurso? Para aprofundar sua reflexão, leia o texto indicado na bibliografia desta proposta. Elabore um comentário pessoal a respeito da temática explicitada na charge. Traga sua opinião sobre o assunto, elencando os argumentos necessários à defesa da sua tese.
Bibliografia proposta:
GREGOLIN, M. R. Análise do discurso e mídia: a (re)produção de identidade. Revista do Programa de Mestrado em Comunicação Mídia e Consumo, São Paulo, ESPM, v. 6, n. 16, Comunicação e narrativas, 2009. 
2. ANÁLISE DO DISCURSO
Desde o início das reflexões dos homens sobre a linguagem, diversos olhares foram lançados sobre ela na tentativa de compreendê-la. Ferdinand Saussure, no início do Século XX, criou a base da Linguística Estrutural e durante muito tempo essa foi a perspectiva dominante para o estudo da linguagem, entretanto, novos olhares começaram a se desenvolver a partir do momento que alguns fenômenos linguísticos não conseguiam mais ser explicados pela visão saussureana.
A Análise do Discurso (AD), disciplina que se desenvolveu por volta de 1960 na França, e que passou a observar o falante e o contexto de uso das línguas é um desses novos olhares criados a partir da Linguística Estrutural. Ela surge a partir do momento em que linguistas passam a observar o homem, a enunciação, a sociedade, o texto e o discursos.
A AD não se limita a um estudo puramente linguístico, isto é, analisar apenas a parte gramatical da língua, a palavra, a frase. Ela leva em conta aspectos e conceitos que são externos à língua, mas que fazem parte de uma abordagem discursiva e que nela se refletem: o contexto imediato da situação de comunicação, elementos históricos, sociais, culturais e ideológicos (BRANDÃO apud FIGARO et al, p. 21, 2012).
Na AD o uso da linguagem exige dos seus usuários, além do saber linguístico, um saber que envolve aspectos históricos-ideológicos-sociais que são adquiridos tanto pela escolarização, quanto pela vida cotidiana, dessa forma, a linguagem não é mais concebida apenas como um sistema de regras formais com os estudos discursivos, ela é pensada em sua prática, atribuindo valor ao trabalho com o simbólico, com a divisão política dos sentidos, visto que o sentido é móvel e instável.
Nessa ótica a linguagem não é um simples instrumento de comunicação ou de transmissão de informações, mas um lugar de conflitos e confrontos, de interação social, onde os sujeitos desempenham papel fundamental na constituição dos significados. A linguagem é heterogênea, abrigando vários sentidos, ideias, valores e crenças, que podem inclusive, serem semanticamente opostos
A Análise do Discurso
não trata da língua, não trata da gramática, embora todas essas coisas lhe interessem. Ela trata do discurso. E a palavra discurso etimologicamente, tem em si a ideia de curso, de percurso, de correr por, de movimento. O discurso é assim palavra em movimento, prática de linguagem [...] não trabalha com a língua enquanto sistema abstrato, mas com a língua no mundo, com maneiras de significar, com homens falando, considerando a produção de sentidos enquanto parte de suas vidas, seja enquanto sujeitos, seja enquanto membros de uma determinada forma de sociedade (ORLANDI, apud QUADROS, 2008, p. 23).
Na bibliografia indicada para esta atividade Gregolin (2007) demonstra a importância da AD para a compreensão de sentidos produzidos em textos midiáticos, onde são considerados diferentes gêneros textuais, verbais e não verbais e nos convida refletir como se dá a relação do sujeito com essa intensa rede de discursos e a formação de sua identidade. Fica claro neste texto que o discurso é o espaço onde a língua e a ideologia se conectam. 
O discurso é ao mesmo tempo, uma ação e um objeto, uma prática social, que descreve a realidade, ao mesmo tempo que a constrói, ou seja, todo discurso nasce em outro e se relaciona com outros. Tudo o que se diz tem relação com o que já foi dito.
3. A CHARGE DO CARTUNISTA CARLOS LATUFF : PROFESSOR É PROFISSÃO EM EXTINÇÃO NO BRASIL
Levando-se em conta os textos propostos nos ciclos 2 e 3 desta disciplina e no texto proposto para essa atividade, para se fazer uma análise discursiva sobre a charge proposta, Figura 1, primeiramente deve-se levar em consideração os seguintes aspectos 
a. O gênero textual charge:
A charge é um gênero textual que alia as linguagens verbal e não verbal. Geralmente são utilizadas para denunciar e criticar as mais diversas situações do cotidiano relacionadas com a política e a sociedade.
De acordo com Pilla e Quadros (2009), o discurso de humor gráfico presentes nas charges é uma narrativa eloquente que, ao usar recursos expressivos, possibilita uma leitura para além dos elementos superficiais do texto auxiliando o leitor na construção de novos e outros significados. 
Todo o processo de elaboração das charges tem por base ou fonte de inspiração outros textos e discursos, principalmente notícias veiculadas por jornais impressos e outros meios de comunicação, portanto as charges não estão isentas de influências sócio-históricas. 
Geralmente as charges expressam a opinião de quem as desenha ou do veículo que as publica. 
b. O autor da charge;
Carlos Henrique Latuff de Sousa, além de cartunista, é um dos principais ativistas políticos de esquerda do Brasil. Possui charges publicadas em diversos países, com temas ligados aos direitos humanos e à cidadania.
c. O site onde ela foi divulgada;
O Site Brasil 247 foi criado em 2011 pelo jornalista Leonardo Attuch, com foco em política, economia e temas de interesse nacional. Possui um viés político de esquerda.
d. O Contexto histórico da sua publicação – Greve de Professores;
A charge foi publicada quando professores da rede pública do Rio de Janeiro decretaram greve em 2014, alegando que os acordos firmados com o fim de greve de 2013 (que durou 5 meses) não foram cumpridos.
e. Animais em extinção;
Segundo o Ministério do Meio Ambiente e o Instituto Chico Mendes existem mais de 1000 espécies ameaçadas de extinção no Brasil. São considerados animais em extinção aqueles que podem desaparecer em consequência de inúmeros fatores, desde os naturais até por ações humanas.
Pode-se perceber que várias leituras podem ser feitas nesta charge. Vários enunciados são trabalhados nela. A associação das falas da professora grevista e do professor que fala sobre as espécies em extinção além de poder ser interpretada como uma crítica ao Estado, que não cumpriu com os acordos estabelecidos anteriormente, também pode serassociada a um sentimento da própria professora em greve: que o professor está em extinção, pois não possui condições de trabalho decentes ou são mau remunerados, logo, por esses motivos deixarão de existir.
A charge também apresenta em seu discurso as ideologias de seu autor e do site que a publica, ambos buscam mudanças no país através da militância política.
Esta charge é um bom exemplo de que este gênero textual não está isento de influências sócio-históricas e exige que seu leitor trabalhe com diversos mecanismos cognitivos, memória discursiva, e vivência cotidiana para sua interpretação.
O conteúdo dessa charge permanece atual, sua publicação foi há 4 anos, entretanto, recorrentemente nos deparamos com notícias de professores que lutam por melhores salários e condições de infraestrutura e apoio pedagógico para exercer a profissão. Além desses fatores vemos que a violência tem crescido em sala de aula o que acaba por desanimar muitas pessoas a seguir a carreira acadêmica.
4. CONCLUSÃO
Conclui-se, através da análise desta charge que o discurso nasce em outro e se relaciona com outros e que a Análise do Discurso é muito importante para o entendimento da linguagem.
5. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
BERTO, F. de F. Linguística IV. Batatais, SP: Claretiano, 2015.
FIGARO et al. Comunicação e Análise do discurso. 1ª ed. - São Paulo: Contexto, 2012
GREGOLIN, M. R. Análise do discurso e mídia: a (re)produção de identidade. Revista do Programa de Mestrado em Comunicação Mídia e Consumo, São Paulo, ESPM, v. 6, n. 16, Comunicação e narrativas, 2009. 
PILLA, A.; QUADROS, C. B. Charges: uma leitura orientada pela Analise do Discurso de linha francesa”. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXXII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. 4-7 setembro de 2009 – Curitiba, PR –. http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2009/resumos/R4-2082-1.pdf. - acesso em abril/maio 2018
https://latuffcartoons.wordpress.com/tag/entrevista/ - acesso em abril/maio 2018

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