Serviços ecossistêmicos prestados pelo rio Barra Nova no trecho urbano de Caicó

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Serviços ecossistêmicos prestados pelo rio Barra Nova no trecho urbano de Caicó/RN
Área temática (Biodiversidade e serviços ecossistêmicos)
Ana Clara Damasceno Souza Costa, UFRN, clarasouza.lama@gmail.com;
Ana Caroline Damasceno Souza, UFRN, carolsouza.geo@gmail.com;
Diógenes Félix da Silva Costa, UFRN, diogenesgeo@gmail.com.
Introdução
Desde as primeiras civilizações, as comunidades procuravam se estabelecer próximos a locais com maior disponibilidade hídrica. A água tem muitos usos, entre eles irrigação, abastecimento público, usos industriais, produção de energia elétrica e lazer. Esses benefícios diretos e indiretos obtidos pelo homem a partir dos ecossistemas são denominados “serviços ecossistêmicos”. Grandes partes destas funções ambientais estão sendo perdidas, devido à inserção do homem no ambiente natural, modificando-o do ponto de vista ambiental, ecológico e paisagístico (PRADO, 2004). Destaca-se ainda que estes importantes ecossistemas ainda prestam uma série de serviços para o bem estar das comunidades humanas que vivem nas suas margens (OLIVEIRA et al., 2016). O objetivo deste trabalho é identificar e classificar os serviços ecossistêmicos prestados pelo trecho urbano do Rio Barra Nova situado em Caicó/RN.
Materiais e Métodos 
O local a ser estudado é um recorte da Microbacia Hidrográfica do Rio Barra Nova (RN/PB) que está inserida na sub-bacia do Rio Seridó e englobada na Bacia Hidrográfica do Piancó-Piranhas-Açu. Considerado o maior município da microbacia, Caicó-RN possui 67.747 habitantes (IBGE, 2017), situada no interior do estado a 282 km de Natal, capital do estado, o trecho urbano do Rio Barra Nova neste município tem uma área de aproximadamente 2,5 km de extensão, com 05 bairros e a área central da cidade situados nas suas margens (bairros Acampamento, Paraíba, Soledade, João XXIII, Barra Nova e Centro). Realizou-se a identificação e análise dos bens e serviços ecossistêmicos através da seguinte sequência de atividades: 1) identificação dos bens e serviços in situ através das técnicas check list ad hoc e entrevistas semiestruturadas; 2) classificação dos serviços ecossistêmicos de acordo com a Common International Classification of Ecosystem Services – CICES, onde foram pesquisados serviços de provisão, manutenção e regulação e culturais, partindo do geral para o particular, sendo divididas cada um dos três serviços em “seção”, “divisão”, “grupo”, “classe”, “tipo de classe” e “exemplos". Por fim, procedeu-se a integração destas informações utilizando um sistema de diagramas.
Resultados e Discussão
Nos serviços ecossistêmicos de provisão, estão presentes o grupo biomassa e água. No grupo biomassa, na divisão nutrição, classe animais está presente a criação de bovinos, equinos, galinhas; na classe plantas encontra-se plantação de capim para alimentar o gado, ambas atividades às margens do rio. No grupo água, classe água doce tem como exemplo a irrigação da plantação de capim e dessedentação animal. Nos serviços de manutenção e regulação, na divisão mediação de fluxos, grupo fluxo de massa, classe estabilização de massa e controle de taxas de erosão, existe a estabilização dos ecossistemas devido a plantação de capim e a mata ciliar que equilibra este processo no leito do rio; na divisão manutenção das condições físicas, químicas e biológicas, divide-se o grupo regulação climática, a classe regulação climática local, encontra-se a regulação do microclima local, pois o Rio Barra Nova promove a amenidade da temperatura e aumento da umidade devido às plantas. E os serviços ecossistêmicos culturais, divididos em interações físicas e intelectuais com o ecossistema, a qual divide-se em interações intelectuais e representativas, destacando as classes estética o qual apresenta paisagem cênica, e a classe herança cultural onde os primeiros moradores trabalhavam próximo ao rio e criaram laços com o lugar, como classe educacional, por ter duas instituições de ensino a aproximadamente 150m do rio, os alunos são levados para contextualização dos assuntos escolares com a realidade vivenciada por eles. Há algumas décadas, este ecossistema prestava serviços voltados ao lazer, pesca e consumo da água pela população local, mas com a urbanização desordenada, e falta de tratamento do esgoto (FERNANDES, 2014; SOUZA, et al., 2017), o cenário observado atualmente é preocupante, pois estão presentes a poluição visual, o mau cheiro, apresentando o descaso por parte dos órgãos competentes.
Conclusão
Diante do que foi exposto, torna-se urgente a valoração dos serviços que ainda são prestados pelo ecossistema, reforçando que um rio tem inúmeros significados, simbolismos, percepções, representações, mas que devido a interferência negativa do homem no ambiente, foram perdidas algumas de suas funcionalidades. É necessário que a sociedade e os órgãos públicos reconheçam a importância da preservação da natureza e pratique uma gestão sustentável, permitindo a provisão contínua dos serviços por eles gerados. 
Referências
FERNANDES, R.K.C. Análise da ocupação das margens do Rio Barra Nova no trecho urbano de Caicó – RN. Monografia (Bacharel em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó, Caicó, 2014.
OLIVEIRA, A.M.; COSTA, D.F.S.; ARAÚJO, W.S.; SILVA, E.E.S. Análise dos serviços ecossistêmicos em reservatórios da Região Nordeste Semiárida do Brasil. REGNE, v. 2, n. especial, p.1447-1458, 2016.
PRADO, R.B. Geotecnologias aplicadas à análise espaço-temporal do uso e cobertura da terra e qualidade da água do reservatório de Barra Bonita, SP, como suporte à gestão de recursos hídricos. 2004. 172 f. Tese (Doutorado) - Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos. 2004.
SOUZA, A.C.D.; SOUZA, A.C.D.; FERNANDES, R.K.C.; COSTA, D.F.S. Análise ambiental do trecho urbano do rio Barra Nova no município de Caicó/RN. In: XVII Simpósio Brasileiro de Geografia Física Aplicada, 2017, Campinas/SP. Anais... Campinas/SP: Instituto de Geociências, 2017. v. 1. p. 921-925.