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Manual da Cafeicultura - 2020 - 236p

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Produção – Portal do Cafeicultor
portaldocafeicultor@gmail.com
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O Criado no dia 23 de Junho de 2019, o Portal do Cafeicultor foidesenvolvido com o intuito de compartilhar informações,
disseminar conhecimentos e promover a troca de experiências
entre todos que são apaixonados e respiram a cafeicultura.
Com a missão de ser o maior portal de notícias e
entretenimento de café do Instagram, nossa página tem
crescido de maneira exponencial e conquistado a atenção de
todos os que admiram e são apaixonados por esse fruto!
Obrigado por apoiar o Portal do Cafeicultor e fazer parte do
grupo de pessoas que defendem e apoiam o avanço da
cafeicultura no Brasil e no mundo.
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Sabe-se que o café é hoje um dos principais produtos de
exportação do Brasil e também uma bebida consumida em
todo o planeta. Responsável por uma enorme geração de
riquezas e por movimentar a economia de diversos países, o
cultivo deste fruto passa por inúmeras etapas e tem um
sistema extremamente complexo de produção, o que necessita
de cuidados, práticas e estudos específicos.
Pensando nisso e, com a preocupação de levar o
conhecimento de forma clara e de fácil compreensão a todos
aqueles que estão inseridos no universo da cafeicultura,
desenvolvemos esse e-book incrível: O Manual da
Cafeicultura.
Portanto, saiba que tem em mãos um excelente material
didático e que terá agora a oportunidade de aprender e
compreender sobre toda a cadeia produtiva do café, bem como
sistemas de manejo, processamento e pós colheita.
Gostaríamos de deixar claro a todos os leitores deste e-book,
que todo o conteúdo e as informações presentes nesse
material estão devidamente referenciadas ao final da obra,
com os devidos créditos aos respectivos autores, de acordo
com as normas de referência da ABNT. Agradecemos a todos
pesquisadores que, sem suas intensas pesquisas e busca por
inovações na cafeicultura, nada disso seria possível.
Desejamos que você tenha uma boa leitura e um ótimo
aprendizado!
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CAPÍTULO 1 – LENDAS E ORIGEM DA CULTURA (PÁG 14)
- LENDAS DO CAFÉ
- OS PRIMEIROS CULTIVOS
- CHEGADA NO BRASIL
- TRAJETÓRIA PELO PAÍS
- AS GRANDES FAZENDAS DE CAFÉ
- A CRISE DE 29
- PANORAMA ATUAL
CAPÍTULO 2 – CLASSIFICAÇÃO MORFOLÓGICA, 
TAXONOMIA E FISIOLOGIA (PÁG 25)
- CLASSIFICAÇÃO TAXONÔMICA
- ESPÉCIES DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SUAS 
CARACTERÍSTICAS (ARÁBICA/CANEPHORA)
- MORFOLOGIA DO CAFEEIRO
- A PLANTA
- SISTEMA RADICULAR
- CAULE E RAMOS 
- FOLHAS
- CULTIVARES
- ECOFISIOLOGIA DA CULTURA
- DIMORFISMO DOS RAMOS
- FLORAÇÃO
- FENOLOGIA
CAPÍTULO 3 - NUTRIÇÃO MINERAL (PÁG 47)
- FUNÇÃO DOS MACRONUTRIENTES
- NITROGENIO 
- FÓSFORO
- POTÁSSIO 
- CÁLCIO
- MAGNÉSIO
- ENXOFRE
- FUNÇÃO DOS MICRONUTRIENTES
- ZINCO
- BORO
- COBRE
- FERRO
- MANGANES
- MOLIBDÊNIO
- SILÍCIO
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE MUDAS (PÁG 59)
- SEMEADURA DIRETA X INDIRETA 
- ESCOLHA DO LOCAL
- COBERTURA
- CANTEIRO
- PREPARO DO SUBSTRATO
- SEMENTES
- GERMINADORES
- TRANSPLANTE
- SEMEADURA DIRETA
- TRATOS CULTURAIS
- ACLIMATAÇÃO
- PLANTIO
- TÉCNICA PARA PRODUÇÃO DE MUDAS ENXERTADAS
CAPÍTULO 5 – IMPLANTAÇÃO DE LAVOURAS (PÁG 70)
- PLANEJAMENTO
- ESCOLHA DA ÁREA
- ESPAÇAMENTOS
- DEFININDO CULTIVARES
- PREPARO DA ÁREA E CORREÇÃO DO SOLO
- CORREÇÃO COM CALCÁRIO
- CORREÇÃO COM GESSO
- SUBSOLAGEM
- ABERTURA DE SULVOS E COVAS
- CORREÇAO E ADUBAÇÃO DE PLANTIO
- FECHAMENTO DOS SULCOS E COVAS
- PLANTIO
- ADUBAÇÃO DE PÓS PLANTIO
- MULCHING
CAPÍTULO 6 – CONDUÇÃO E MANEJO DA LAVOURA (PÁG 
86)
- CONDUÇÃO DA LAVOURA E TRATOS CULTURAIS
- MANEJO DO MATO (PLANTAS DANINHAS)
- AMOSTRAGEM DE SOLOS
- AMOSTRAGEM DE FOLHAS
- CALAGEM 
- GESSAGEM
- ADUBAÇÃO
- CULTURA INTERCALAR
- CONSÓRCIO CAFEEIRO E BRAQUIÁRIA
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CAPÍTULO 7 – PODAS EM CAFEEIROS (PÁG 106)
- PODAS E SUA IMPORTÂNCIA
- RECEPA
- DECOTE LENHOSO
- DECOTE HERBÁCEO
- ESQUELETAMENTO
- DESPONTE
- DESBROTAS
- ÉPOCA PARA REALIZAÇÃO DAS PODAS
- SAFRA ZERO
- ASPECTOS NUTRICIONAIS
CAPÍTULO 8 - DOENÇAS DO CAFEEIRO (PÁG 113) 
- FERRUGEM
- CERCOSPORIOSE
- RIZOCTONIOSE
- MANCHA DE PHOMA
- ANTRACNOSE
- ROSELINIOSE
- MANCHA AUREOLADA
- MANCHA MANTEIGOSA
- FUSARIOSE
- CAPÍTULO 9 - PRAGAS DO CAFEEIRO (PÁG 127)
- BICHO MINEIRO
- BROCA DO CAFÉ
- CIGARRAS 
- ÁCAROS (VERMELHO/BRANCO/MANCHA ANULAR)
- COCHONILHAS DAS RAÍZES
- COCHONILHAS DA PARTE AÉREA 
- LAGARTAS
- CARAMUJOS E LESMAS
- MOSCA-DAS-RAÍZES
- NEMATÓIDES 
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CAPÍTULO 10 DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS NO CAFEEIRO 
(PÁG 147)
- DISTÚRBIOS FISIOLÓGICOS 
- PROBLEMAS NO SISTEMA RADICULAR 
- PIÃO TORTO
- PIÃO BIFURCADO
- SISTEMA RADICULAR POUCO DESENVOLVIDO
- PROBLEMAS NA PARTE AÉREA
- AFOGAMENTO
- LESÃO POR CALOR
- DANOS MECANICOS
- ROLEAMENTO POR VENTO
- CANELA DE VENTO
- CANELA DE GEADA
- SUPERBROTAÇÃO
- FLORES ANORMAIS
- FAÍSCA ELÉTRICA (RAIO)
- ESCALDADURA PELA INSOLAÇÃO
- GRANIZO
- DESCOLORAÇÃO PELO FRIO
- FRIAGEM
- GEADA
- QUEIMA QUÍMICA 
- SECA
- VARIEGAÇÃO
CAPÍTULO 11 – DESENVOLVIMENTO DO FRUTO E 
COLHEITA (PÁG 157)
- AMADURECIMENTO 
- SENESCENCIA E SECA
- ESTAGIOS DE MATURAÇÃO DOS GRÃOS
- ETAPA PRÉ-COLHEITA
- AVALIAÇÃO DA MATURAÇÃO DOS FRUTOS NA LAVOURA
- COLHEITA
- COLHEITA MANUAL
- COLHEITA MECÂNICA
- COLHEDORAS
- COLHEITA MECÂNICA SELETIVA
- RECOMENDAÇÕES PARA MELHOR DESEMPENHO DAS 
COLHEDORAS
- DERRIÇADORAS
- DERRIÇADORAS MOTORIZADAS MANUAIS
- RECOMENDAÇÕES PARA MELHOR DESEMPENHO DA 
DERRIÇADORA MOTORIZADA MANUAL
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- PRÉ-LIMPEZA
- LIMPEZA
- LAVAGEM E SEPARAÇÃO
- AS MODALIDADES DE PREPARO DO CAFÉ 
(PROCESSAMENTO)
- PREPARO POR VIA SECA
- PREPARO POR VIA ÚMIDA
- CEREJA DESCASCADO
- CAFÉ DESPOLPADO 
CAPÍTULO 12 – PÓS-COLHEITA DO CAFÉ (PÁG 169)
- SECAGEM DO CAFÉ
- DESIDRATAÇÃO DO FRUTO
- SECAGEM EM TERREIROS
- TERREIRO DE LAMA ASFÁLTICA
- SECAGEM DO CAFÉ NATURAL
- SECAGEM DO CAFÉ DESCASCADO/DESPOLPADO
- SECAGEM EM TERREIROS SUSPENSOS
- CONSTRUÇÃO 
- SECAGEM NO PANO
- SECAGEM EM SECADORES MECÂNICOS
- ARMAZENAMENTO
- MÉTODO DE ARMAZENAMENTO CONVENCIONAL
- MÉTODO DE ARMAZENAMENTO A GRANEL
- ALTERAÇÕES NA QUALIDADE DO CAFÉ DURANTE O 
ARMAZENAMENTO
- PRAGAS NO ARMAZENAMENTO DOS GRÃOS
- BENEFICIAMENTO
-REBENEFICIAMENTO
CAPÍTULO 13 – QUALIDADE E CLASSIFICAÇÃO DE CAFÉ 
(PÁG 184)
- CLASSIFICAÇÃO POR TIPOS (DEFEITOS)
- PRETOS, VERDES E ARDIDOS (PVA)
- GRÃOS VERDE
- PRETO-VERDE E QUEBRADO
- GRÃOS BROCADOS
- CAFÉS ESPECIAIS
- PROCESSO DE TORRA DO CAFÉ
- FATORES QUE INTERFEREM NO ARMAZENAMENTO DO 
CAFÉ TORRADO
- QUALIDADE SENSORIAL DO CAFÉ
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- AVALIAÇÃO OLFATIVA
- GRUPOS AROMÁTICOS
- SENSAÇÕES GUSTATIVAS
- AVALIAÇÃO TÁTIL
- CONTAMINAÇÕES E DEFEITOS
- PROCESSO PÓS-EXTRAÇÃO
- MOAGEM DO CAFÉ
- DEGUSTAÇÃO – PROTOCOLO INTERNACIONAL SCAA
- CONCEITO DE TERROIR
-CAPÍTULO 14 - INDUSTRIALIZAÇÃO E 
COMERCIALIZAÇÃO DO CAFÉ (PÁG 211)
- CAFÉS FERMENTADOS- BARISMO
- MÉTODOS DE PREPAARO
- CONCURSOS DE QUALIDADE
- CULTIVO DE CAFÉ ORGÂNICO
- ARBORIZAÇÃO DE CAFEZAIS
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CAPÍTULO 1
LENDAS E ORIGEM DA 
CULTURA
A história do café é tão antiga, que pouco se sabe sobre o seu
surgimento e sua real descoberta. Das muitas lendas criadas em torno do
consumo desse grão, a mais aceita e difundida nos dias atuais conta sobre um
pastor chamado Kaldi, que vivia na Abissínia, hoje Etiópia, há cerca de mil
anos. Diz a lenda, que esse jovem pastor cuidava do seu rebanho de cabras
numa montanha árida de sua região, onde poucas plantas conseguiam
incrustar suas raízes nas rochas e pedras que lá existiam.
Enquanto Kaldi cuidava de seu rebanho, ele percebeu que
durante certas noites alguns de seus animais desapareciam atrás das
montanhas por algumas horas e voltavam agitados e cheios de energia. Ele
ficou apreensivo, seu maior temor era de que suas cabras estivessem
possuídas ou contaminadas com alguma maldição e, por isso numa certa noite
ele as seguiu, para averiguar o que estava acontecendo de fato. Ao chegar ao
outro lado das montanhas, se escondeu atrás de um arbusto enquanto
observava atentamente os seus animais.
Depois de um tempo, viu que as cabras devoravam e engoliam
com muito apetite pequenos frutos vermelhos de uma planta desconhecida.
Logo em seguida, segundo a lenda, as cabras e um velho bode começaram a
dançar agitadamente sob a luz da lua (SHIE, T. 2019.).
Lendas do café
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Após as cabras retornarem ao outro lado da montanha, Kaldi
recolheu rapidamente e experimentou alguns grãos. Sentiu em sua boca uma
agradável sensação doce e refrescante. E assim como seu rebanho, também
começou a dançar e a se sentir com muita energia.
Após ter passado por essa experiência, Kaldi decidiu
compartilhar essas constatações com outro monge, o qual decidiu
experimentar alguns dos frutos daquelas plantas. Primeiramente, ele os usou
em forma de infusão e percebeu que a bebida o ajudava a resistir ao sono
durante suas longas horas de leitura e oração. A história se espalhou
rapidamente e, logo todos quiseram provar da tão comentada bebida. De
acordo com evidências históricas, a primeira vez que o café foi
propositalmente cultivado aconteceu em monastérios islâmicos do Yemen.
Ainda hoje o café faz parte da vegetação natural da Etiópia. Foi
na Arábia, no entanto, que o grão começou a ter importância comercial. O
nome “café” teria sido originado – de acordo com outra lenda – da palavra
árabe gahwa, que significa vinho. Conhecido como “vinho da Arábia”, o café
desembarcou na Europa por volta de 1600, levado pelos turcos e daí em
diante, dominou o mundo. Nessa época, o grão era cultivado a sete chaves
pelos árabes.
Além dessa história do Kaldi, existem algumas lendas que dizem
que os monges antes de prepararem qualquer infusão com os grãos,
experimentaram os frutos do café, mas ficaram tão decepcionados pelo seu
sabor amargo que os atiraram ao fogo.
Logo um delicioso aroma impregnou o ambiente. Os monges
ficaram tão curiosos que usaram os grãos tostados para criar uma infusão, que
consideravam como uma dádiva divina porque os ajudava a ficar acordados
durante a noite de oração.
Outras lendas do café contam que o arcanjo São Gabriel deu
uma chávena do elixir escuro ao profeta Maomé que estava quase morrendo.
Graças a esta ajuda divina, Maomé derrotou 40 cavaleiros e criou o maior
império islâmico de todos os tempos (SHIE, T. 2019.).
MANUAL DA CAFEICULTURA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
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Um pouco próximo dos dias atuais, nos séculos XVI e XVII, reza
a lenda que o café foi introduzido na Itália. A bebida era consumida por muitos
muçulmanos e descrentes. Por possuir propriedades químicas capazes de
alterar o estado psíquico-interno do ser humano foi visto pelos cristãos como a
“bebida de satanás” e por isso estava sendo considerada como uma bebida
feita para os infiéis e pecadores. Com isso, rapidamente uma multidão de
sacerdotes italianos se reuniram e foram pedir insistentemente ao Papa
Clemente VIII, para que proibisse o consumo de café, pois era uma bebida
embriagadora, excitante e misteriosa, e criada pelo demônio para espalhar o
mal na terra. Antes de tomar sua decisão, diante de todos aqueles pedidos e
apelos para que se proibisse o consumo do “líquido do diabo”, o Papa pediu
para provar uma xícara de café da melhor qualidade e passou um tempo ali,
degustando aquela bebida, sentindo seus efeitos, e então foi aí que ele
chamou todos aqueles cristãos para o seu veredito final. Disse então que o
café seria liberado para o consumo de todos os fiéis e cristãos, pois a bebida
era deliciosa e seria uma pena deixar que “Satanás” apreciasse tal líquido
precioso sozinho. Ele abençoou o café e foi então que milhares de cafeterias
começaram a surgir e tomar conta de toda a Europa.
Essas são apenas algumas das dezenas de lendas e contos 
existentes acerca do surgimento e descobrimento do café. Infelizmente, não 
existem dados históricos que permitem dizer qual delas é realmente 
verdadeira, mas sabemos que muitas sociedades se formaram sob influência e 
crença nelas e por isso são tão faladas ainda nos dias atuais. (SHIE, T. 2019.)
MANUAL DA CAFEICULTURA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
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Os manuscritos mais antigos mencionando a cultura do café
datam de 575 no Yêmen, onde, consumido como fruto in natura, passa a ser
cultivado. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram
torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.
O café tornou-se de grande importância para os Árabes, que
tinham completo controle sobre o cultivo e preparação da bebida. Na época, o
café era um produto guardado a sete chaves pelos árabes. Era proibido que
estrangeiros se aproximassem das plantações, e os árabes protegiam as
mudas com a própria vida. As sementes podiam deixar o país fora do
pergaminho, uma vez que nessas condições a semente de café não brota.
A partir de 1615 o café começou a ser saboreado no Continente
Europeu, trazido por viajantes em suas frequentes viagens ao oriente. Até o
século XVII, somente os árabes produziam café. Alemães, franceses e
italianos buscavam desesperadamente uma maneira de realizar o plantio em
suas colônias.
No entanto, foram os holandeses que conseguiram as primeiras
mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botânico de Amsterdã, fato que
tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente, passando a
fazer parte definitiva dos hábitos dos europeus.
A partir destas plantas, os holandeses iniciaram em 1699,
plantios experimentais em Java. Essa experiência de sucesso trouxe lucro,
encorajando outros países a tentar o mesmo. A Europa maravilhava-se com o
cafeeiro como planta decorativa, enquanto os holandeses ampliavam o cultivo
para Sumatra, e os franceses, presenteados com um pé de café pelo
burgomestre de Amsterdã, iniciavam testes nas ilhas de Sandwich e Bourbon.
Com as experiências holandesas e francesas, o cultivo de café
foi levado para outras colônias européias. O crescente mercado consumidor
europeu propiciou a expansão do plantio de café em países africanos e a sua
chegada ao Novo Mundo. Pelas mãos dos colonizadores europeus, o café
chegou ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas. Foi por
meio das Guianas que chegou ao norte do Brasil. Desta maneira, o segredo
dos árabes se espalhou por todos os cantos do mundo. (DPASCHOAL, L. N.
2006.)
MANUAL DA CAFEICULTURA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
Os primeiros cultivos
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A chegada do café no Brasil aconteceu no norte do país, mais
precisamente em Belém, no ano de 1727. Foi trazido da Guiana Francesa para
o Brasil pelo Sargento-Mor Francisco de Mello Palheta a pedido do governador
do Maranhão e Grão Pará, que o enviou às Guianas com essa missão. Já
naquela época o café possuía grande valor comercial e por isso existia muito
interesse em se cultivar esse fruto.
Palheta aproximou-se da esposa do governador de Caiena,
capital da Guiana Francesa, conseguindo conquistar sua confiança. Assim,
uma pequena muda de café Arábica foi oferecida clandestinamente e trazida
escondida na bagagem desse brasileiro.
Devido às nossas condições climáticas, o cultivo de café se
espalhou rapidamente, com produção inicial voltada para o mercado
doméstico.
Em sua trajetória pelo Brasil o café passou pelo Maranhão,
Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Minas Gerais e logo foi
conquistando todo o território nacional.
Num espaço de tempo relativamente curto, a produção deste
fruto, passou de uma posição secundária para a de produto-base da economia
brasileira. Desenvolveu-se com total independência, ou seja, apenas com
recursos nacionais, sendo, assim, a primeira realização exclusivamente
brasileira que visou a produção de riquezas.
Por quase um século, o café foi a grande riqueza brasileira, e as
divisas geradas pela economia cafeeira aceleraram o desenvolvimento do
Brasil e o inseriram nas relações internacionais de comércio. A cultura do café
ocupou vales e montanhas, possibilitando o surgimento de cidades e
dinamização de importantes centros urbanos por todo o interior do Estado de
São Paulo, sul de Minas Gerais e norte do Paraná. Ferrovias foram
construídas para permitir o escoamento da produção, substituindo o transporte
animal e impulsionando o comércio inter-regional de outras importantes
mercadorias. O café trouxe grandes contingentes de imigrantes, consolidou a
expansão da classe média, a diversificação de investimentos e até mesmo
intensificou movimentos culturais. A partir de então o café e o povo brasileiro
passam a ser indissociáveis. (JANDAIA, 2015)
MANUAL DA CAFEICULTURA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
Chegada no Brasil
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A riqueza fluía pelos cafezais, evidenciada nas elegantes
mansões dos fazendeiros, que traziam a cultura européia aos teatros erguidos
nas novas cidades do interior paulista. Durante dez décadas o Brasil cresceu,
movido pelo hábito do cafezinho, servido nas refeições de meio mundo,
interiorizando nossa cultura, construindo fábricas, promovendo a miscigenação
racial, dominando partidos políticos, derrubando a monarquia e abolindo a
escravidão.
Além de ter sido fonte de muitas das nossas riquezas, o café
permitiu alguns feitos extraordinários. Durante muito tempo, o café brasileiro
mais conhecido em todo o mundo era o tipo Santos. A qualidade do café
santista e o fato de ser um dos principais portos exportadores do produto,
determinou a criação do Café Tipo Santos.
Implantado com o mínimo de conhecimento da cultura, em
regiões que mais tarde se tornaram inadequadas para seu cultivo, a
cafeicultura no centro-sul do Brasil começou a ter problemas em 1870, quando
uma grande geada atingiu as plantações do oeste paulista provocando
prejuízos incalculáveis.
Depois de uma longa crise, a cafeicultura nacional se
reorganizou e os produtores, industriais e exportadores voltaram a alimentar
esperanças de um futuro melhor. A busca pela região ideal para a cultura do
café se estendeu por todo o país, se firmando hoje em regiões do Estado de
São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Espírito Santo, Bahia e Rondônia. O café
continua hoje, a ser um dos produtos mais importantes para o Brasil e é, sem
dúvida, o mais brasileiro de todos. Hoje o país é o primeiro produtor e o
segundo consumidor mundial do produto. (JANDAIA, 2015)
MANUAL DA CAFEICULTURA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
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O primeiro cultivo de café do país ocorreu em 1727, no Pará.
Devido às condições climáticas tropicais do país, o cultivo de café não
encontrou grandes barreiras e dificuldades para se desenvolver.
O ponto de partida das grandes plantações foi o Rio de Janeiro,
com as matas da Tijuca tornando-se grandes cafezais. O café estende-se para
Angra dos Reis, Parati e chegou a São Paulo por Ubatuba. Em pouco tempo,
o vale do rio Paraíba se tornou a grande região produtora da lavoura cafeeira
no Brasil. Esta região com altitude e clima excelentes para o cultivo,
possibilitou o surgimento de uma área centralizadora de culturas e população.
Subindo pelo rio, o café invadiu a parte oriental da província de São Paulo e a
região da fronteira de Minas Gerais. Na época o Rio de Janeiro era o porto de
escoamento do produto e centro financeiro.
Entretanto, a cultura do café em áreas com declive acentuado e
o total descuido quanto à preservação do solo gerou uma erosão intensa. Por
este motivo, as terras se esgotaram rapidamente e a cultura cafeeira migrou
para um outro local, o oeste da província de São Paulo, centralizando-se em
Campinas e estendendo-se até Ribeirão Preto.
Campinas passou a ser então o grande polo produtor do país. As
culturas estendiam-se em largas superfícies uniformes, cobrindo a paisagem a
perder de vista, formando os famosos "mares de café". Na região, os cafezais
sofriam menos com esgotamento dos solos pela superfície plana da região,
que facilitava ainda a comunicação e o transporte e proporcionava uma
concentração da riqueza. Enquanto no Vale do Paraíba foi estabelecido um
sistema complexo de estradas férreas, nessa nova região foi implantada uma
boa rede de estradas rodoviárias e ferroviárias. Com este novo polo produtor,
o café mudou seu centro de escoamento, sendo toda a produção do oeste
paulista a enviada a São Paulo e depois exportada a partir do porto de Santos.
A cafeicultura no centro-sul do Brasil enfrentou problemas em
1870, quando uma grande geada atingiu as plantações do oeste paulista
provocando grandes prejuízos, e, mais tarde, durante a crise de 1929. No
entanto, após se recuperar das crises, a região se manteve como importante
centro produtor. Nela se destacam quatro estados produtores: Minas Gerais,
São Paulo, Espírito Santo e Paraná. Como a busca pela região ideal para a
cultura do café cobriu todo o país, a Bahia se firmou como polo produtor no
Nordeste e a Rondônia na região Norte. (CAFÉ, 2016)
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Tragetória pelo país
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As plantações de café foram fundadas em grandes propriedades
de monocultura existentes na época, onde trabalhavam escravos e,
posteriormente, substituídos por trabalhadores assalariados das grandes
fazendas de café.
Estas fazendas ficaram famosas por sua arquitetura típica e seus
equipamentos. Tanques em que o grão é lavado logo depois da colheita,
terreiros para secagem, máquinas de seleção e beneficiamento fazem parte
desse ambiente. A senzala dos escravos ou colônias de trabalhadores livres
finalizam a caracterização das fazendas cafeeiras. A fazenda de café, desde a
semente até a xícara, era um pequeno mundo, quase isolado.
O desenvolvimento da produção cafeeira esteve intimamente
relacionado com a quantidade de mão-de-obra disponível. Para incentivar a
produção de café, a administração do Estado de São Paulo fez da questão
imigratória o projeto central de suas atividades, estabelecendo um sistema que
oferecia auxílio formal à imigração européia, principalmente à italiana. Por
meio de um programa que cuidava da propaganda em seu país de origem, os
imigrantes eram trazidos desde seu domicílio na Europa até a fazenda de café.
A imigração ajudou na conquista de áreas ainda não exploradas, permitindo
rápido desenvolvimentodo Estado de São Paulo.
Com a mão-de-obra imigrante a cultura ganhou impulso e
durante três quartos de século, quase toda riqueza do país se concentrou na
agricultura cafeeira. O Brasil dominava 70% da produção mundial e ditava as
regras do mercado. Nessa época os fazendeiros de café se tornaram a elite
social e política, formando umas das últimas aristocracias brasileiras. A
opulência dos plantadores de café permitiu a construção dos grandes e
bonitos casarões das fazendas e de mansões na cidade de São Paulo e
financiou a industrialização no sudeste do país. (CAFÉ, 2016)
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As grandes fazendas de café
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A quebra na bolsa de Nova York em outubro de 1929 foi um
golpe para a estabilidade da economia cafeeira. O café, assim como a maioria
dos outros produtos agrícolas, não resistiu ao abalo sofrido no mundo
financeiro e o seu preço caiu bruscamente. As lavouras de café enfrentaram a
verdadeira crise do mercado.
Nesse processo, milhões de sacas de café estocadas foram
queimadas e milhões de pés de café foram erradicados, na tentativa de
estancar a queda contínua de preços provocada pelos excedentes de
produção.
Quando a economia mundial conseguiu se recuperar do golpe de
1929, o Sudeste do país voltou a crescer, desta vez com perspectivas
lastreadas na cafeicultura e na indústria, que assumia parcelas maiores da
economia. O café retomou sua importante posição nas exportações brasileiras
e, mesmo perdendo mercado para outros países produtores, o país ainda se
mantém como maior produtor de café do mundo.
Das suas épocas áureas, ainda nos restam as belas sedes das
fazendas coloniais, um extenso material técnico/científico, plantações
centenárias e o hábito nacional do famoso cafezinho. (LIMA, 2016)
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A crise de 29
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Atualmente o Brasil é o maior produtor mundial de café, sendo
responsável por 30% do mercado internacional, volume equivalente à soma da
produção dos outros seis maiores países produtores. É também o segundo
mercado consumidor, atrás somente dos Estados Unidos.
As áreas cafeeiras estão concentradas no centro-sul do país,
onde se destacam quatro estados produtores: Minas Gerais, São Paulo,
Espírito Santo e Paraná. A região Nordeste também tem plantações na Bahia,
e da região Norte pode-se destacar Rondônia. A produção de café arábica se
concentra em São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Bahia e parte do Espírito
Santo, enquanto o café robusta é plantado principalmente no Espírito Santo e
Rondônia. (GUIMARÃES, 2015).
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Panorama atual
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CAPÍTULO 2
TAXONOMIA, MORFOLOGIA 
E FISIOLOGIA
O cafeeiro pertence à família Rubiaceae que abrange mais de 10
mil espécies e são agrupadas em 630 gêneros. De acordo com a classificação
recente de Bridson e Verdcourt (1988) e Bridson (1994), os cafeeiros foram
reunidos em dois gêneros: o Psilanthus Hook e Coffea L., os quais diferem,
basicamente, por particularidades apresentadas nas estruturas florais. O
gênero Coffea é subdividido nos subgêneros Coffea, representado por mais de
100 espécies e Baracoffea, constituído por sete espécies. A maioria das
espécies do subgênero Coffea são oriundas da Ilha de Madagascar e Ilhas
vizinhas, enquanto uma quantidade menor de espécies é nativa da África
Continental, com destaque para as duas principais espécies de cafeeiro:
Coffea arabica L. e Coffea canephora Pierre.
Em relação a sua morfologia, é uma planta de longevidade
perene, com habitat terrestre e que pode medir de 2 a 5 metros de altura na
fase adulta, possuí também um sistema radicular esbranquiçado e em forma
cônica, onde 80% das raízes prevalecem nos primeiros 20 centímetros de
profundidade, nas chamadas raízes da placa superficial, ou raízes de
superfície. O seu caule é do tipo lenhoso, com tronco de cor verde na fase
juvenil e marrom quando adulto (CORRÊA et al., 2013).
Classificação taxonômica
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Suas folhas são bastante resistentes, com a presença de
domácias nas junções entre a nervura principal e as secundárias. A prefoliação
possuí característica valvar e posição caulinar. Possuí também filotaxia oposta
e nervação perinérvea, com constituição peciolada. Suas folhas apresentam
constituição simples e limbo de forma elíptica, com base acuminada, ápice
aristada e margem ondulada. Seu tamanho pode variar de 90 a 180 milímetros
na fase adulta. Sua superfície é sem pelos (glabras), com brilho acentuado na
face adaxial e fosca na face abaxial; com presença de aproximadamente 200
estômatos por milímetro quadrado, com consistência coriácea e presença de
estípulas persistentes.
Sua inflorescência é de posição axial e as flores em forma de
glomérulos. Possui simetria radial, sendo actinomorfa, é uma flor perfeita e
hermafrodita e diclamídea. A cor do cálice é verde e da corola branca. Sua
prefloração é imbricada de atitude infletida. Possuí 5 estames alternos de
inserção epipétalos. Coesão poliadelfos e construção homodínamo. Filete em
forma filiforme e antera extorsa. Deiscência dos estames longitudinal.
Somente um pistilo de construção aberta e coesão simples; estilete de
longevidade persistente e inserção terminal.
Seu estigma também é terminal. Ovário com dois lóculos de
inserção ínfera e placentação axial. Fruto indeiscente com duas lojas e do tipo
drupa com duas sementes (CORRÊA et al., 2013).
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Espécies de importância econômica e suas características
Coffea arabica e Coffea canephora
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O genêro botânico chamado Coffea, agrupa hoje mais de 100
diferentes espécies de plantas e, apesar dessa grande diversidade genética
apenas duas espécies possuem importância econômica relevante no mercado
mundial de cafés.
Uma delas é a espécie Coffea arabica, conhecida como café
arábica; é originária da Etiópia (África), crescendo no sub-bosque de Florestas
tropicais, altitudes de 900 a 2.000 m, teor de cafeína nos grãos inferior a 1,5%.
Sozinha, esta espécie representa cerca de 60% da produção mundial e 70%
da produção nacional de café. Atualmente, seu cultivo ocorre nas Américas do
Sul e Central, na África e leste da Ásia; no Brasil, 98% da produção concentra-
se nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Paraná e Bahia. É
apreciado pela sua qualidade de bebida e empregado na indústria do café
torrado e moído.
A outra espécie não menos importante, em função do alto teor de
cafeína e sólidos solúveis encontrado nos seus grãos e que representa
aproximadamente 38% da produção mundial de café, é a Coffea canephora.
Esta, por sua vez, origina-se do Congo (África) e é conhecida mundialmente
como café robusta. O termo “robusta”, é amplamente utilizado como referência
à espécie Coffea canephora, independentemente da variedade. “Robusta”
traduz-se como rusticidade e resistência, sobretudo à ferrugem, por isso o
motivo de seu nome. Seu cultivo, no mundo, ocorre na África Ocidental e
Central, Ásia, Américas, com destaque para o Brasil, em regiões quentes e
úmidas. Esta espécie compõe 30% da produção nacional de café. No Brasil,
seu cultivo ocorre geralmente em altitudes inferiores a 500 m, e temperaturas
médias de 22-26°C. Apenas Espírito Santo e Rondônia produzem 87% do café
robusta. (Ronchi, 2019.).
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Para que se possa entender a origem do nome conilon, em
primeiro lugar é importante dizer que existem inúmeras variedades de plantas
que compõem a espécie Coffea canephora. Por exemplo, duas importantes
variedades desta espécie são a “kouillou” e a “robusta”. A variedade robusta
apresenta, dentre outras características, folhas e internódios maiores que a
variedade kouillou e também maior importância econômica no mundo. A
variedade kouillou foi batizada com este nome, por ter sido encontrada pelos
franceses, em estado selvagem, em 1980, às margens do rio "Kouilou", no
Congo (África). No Brasil, com sua introdução no Espírito Santo, a variedade
kouillou passou a ser chamada de conilon, substituindo-se as letras "k" e "u"
por "c" e "n", respectivamente.
O conilon pertence ao grupo Guineano, e apresenta grande
variabilidade em relação ao porte, caules ramificados, folhas maduras com
comprimento e largura menores que às das demais variedades da espécie,
folhas novas de coloração bronze, frutos vermelhos ou amarelos quando
maduros e sementes de tamanhos variados (Fazuoli, 1986). Sozinha, a
variedade conilon responde por aproximadamente 30% da produção nacional
e 70% da produção capixaba de café. Seu principal destino é o mercado
interno, seja para industrialização como café solúvel ou para compor os
“blends” com o arábica, na indústria do torrado e moído.
Os apreciadores de um bom café sabem melhor que ninguém,
como a origem e o tipo de grão fazem toda a diferença na qualidade da
bebida. Os cafés arábica e robusta, os mais tradicionais comercializados no
Brasil e no mundo, são bem diferentes em vários aspectos e, por isso, vale a
pena conhecer um pouco melhor sobre cada um deles.
Por se tratarem de duas espécies diferentes de café, é natural
que o sabor também seja muito distinto. Assim, enquanto o arábica tem um
gosto mais adocicado e ligeiramente ácido, o café robusta é mais marcante e
amargo. O mesmo vale para o aroma, muito mais suave no arábica e mais
denso e pesado no robusta. Porém, é importante frisar que a diferenciação
nesses aspectos, muitas vezes, está ligada às condições geográficas da
produção, como o tipo de clima e solo. De forma geral, vale saber que os
grãos de café arábica possuem uma gama maior de notas de aroma e sabor, o
que oferece experiências sensoriais diversas ao consumidor. (Ronchi, 2019.).
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Os apaixonados por café sabem que a quantidade de cafeína
extraída de uma bebida depende, necessariamente, do método de preparo
escolhido, podendo variar bastante. É possível dizer que o café arábica e o
café robusta possuem diferenças consideráveis no teor de cafeína em seus
grãos antes do preparo. Enquanto o café arábica possui cerca de 1,2% de
cafeína, o robusta tem 2,2%, ou seja, quase o dobro de porcentagem. Como a
informação do sabor já sugeria, o café arábica possui maior teor de açúcar do
que o robusta, que reconhecidamente gera uma bebida mais amarga. Em
termos objetivos, o arábica tem entre 6 e 9% de açúcares, enquanto o robusta
não passa de 7%, mas com médias que variam entre 3 e 5%.
As plantas de arábica e robusta são muito diferentes, assim o
processo de produção também sofre variação. Os pés de café arábica são
sensíveis e demandam maiores cuidados dos produtores para garantir a
qualidade dos grãos. As árvores possuem formato triangular, estão mais
sujeitas às pragas e intempéries. Já os pés de robusta são bem resistentes,
tendo uma característica mais rústica e sendo extremamente produtivos nas
mais diversas situações.
Em termos gerais, o café arábica é mais apreciado e
reconhecido pelos apaixonados pela bebida. Não é à toa que os cafés com
classificação gourmet e especial são em sua maioria, quase sempre arábica.
Já o café robusta contém um sabor um pouco mais difícil de agradar. No
entanto, é muito usado em misturas “blends” e cafés solúveis devido ao seu
alto grau de solubilidade. (Ronchi, 2019.).
No quadro a seguir, você pode observar algumas das diferenças
mais expressivas entre essas duas espécies:
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MANUAL DA CAFEICULTURA: DO PLANTIO À PÓS-COLHEITA
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Fonte: Grão Gourmet, 2018.
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O cafeeiro é um arbusto de crescimento contínuo com
dimorfismo de ramos, que atinge 2 a 5 m de altura, conforme as condições
climáticas da região. Possui caule cilíndrico, lenho duro, branco amarelado e
dois tipos de ramos: ortotrópico (do grego orthós: reto, normal) e plagiotrópicos
(do grego plágios: oblíquo, transversal). Na espécie C. canephora a planta
apresenta vários caules ou multicaule, que necessita de poda para manter a
estrutura adequada da planta que possibilita a obtenção de maiores
produtividades e facilidades para efetuar os tratos fitossanitários. (FERRAZ,
2013.).
A raiz principal do cafeeiro é pivotante e amplamente ramificada
na camada superior do solo. A parte pivotante das raízes é pequena, grossa e
termina abruptamente, sem ultrapassar os primeiros 30 a 50 cm da superfície
do solo. Por isso, não é considerada uma planta com raiz pivotante típica. As
raízes axiais (4 a 8) saem da pivotante, se ramificam e crescem,
predominantemente, no sentido descendente até 3 m de profundidade, é na
realidade uma extensão da raiz pivotante. As raízes verticais por sua vez, se
distribuem no sentido horizontal sob a projeção do dossel, as quais mudam a
direção de crescimento para as camadas mais profundas, praticamente no
limite da projeção da copa. As raízes laterais superficiais também crescem
próximas e paralelas à superfície do solo e pode ultrapassar 2 m de
comprimento, o que significa que vão além da copa pelo menos em 0,8 m.
Estas raízes se ramificam horizontalmente, mas podem avançar em outras
direções, assim como parte delas pode crescer, também, no sentido
descendente como fazem as raízes verticais. Este conhecimento é
fundamental para orientar as adubações durante o crescimento das mudas e,
posteriormente, das plantas adultas em produção. (FERRAZ, 2013.).
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Morfologia do cafeeiro
A planta
Sistema radicular
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As raízes alimentadoras são curtas, com diâmetros inferiores a
1,0 m, esbranquiçadas e possuem pelos absorventes, numa extensão de 3 a 5
m da ponta das mesmas. Essas raízes respondem pela absorção de 75% das
necessidades de água e nutrientes organominerais, as quais diferem das
demais por não serem estruturas permanentes, mas que se renovam. A
intensidade da regeneração dessas raízes varia com a fenologia e as
condições ambientais, dependendo da partição de assimilados entre os drenos
da planta. A manutenção da estrutura permanente e, principalmente, da sua
força como dreno de carboidratos, comparativamente às demandas relativas
dos demais órgãos da planta. (FERRAZ, 2013.).
O cafeeiro apresenta dimorfismo de ramos, que se caracteriza
por diferenciação das gemas que dão origem aos ramos e que, em alguns
casos é permanente, podendo-se propagar as diferentes formas de ramos pela
reprodução vegetativa.
O tronco do cafeeiro tem diâmetro médio de 7 a 10 cm, lenho
duro, branco amarelado, de onde saem ramos opostos e cruzados,
denominados ramos plagiotrópicos, laterais ou produtivos. Eventualmente,
podem originar também, ramos ortotrópicos ou “ladrão”, os quais crescem
paralelos ao caule.
Os ramos laterais primários são longos, flexíveis e possui
ramificações de ordem superior - secundárias e terciárias, em quantidade
variável conforme a cultivar. Os ramos produtivos surgem, normalmente, a
partirdo 6º e ou 11º par de folhas do caule, de uma única gema que se
destaca do conjunto de cinco a seis gemas seriadas, presentes nas axilas
foliares. Acima da gema seriada existe uma única gema localizada,
denominada cabeça-de-série. A perda desses ramos não é renovada, pois,
como afirmado anteriormente, há somente uma gema cabeça-de-série em
cada axila foliar. (FERRAZ, 2013.).
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Caule e ramos
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Os ramos plagiotrópicos formam-se aos pares a partir do tronco,
dispostos de forma “oposta e cruzada”, nos quais estão inseridas folhas, flores,
frutos e também ramos com características produtivas de ordem superior. As
gemas seriadas e cabeça-de-série dos ramos produtivos são vegetativas, mas
podem evoluir para gemas reprodutivas ou formar ramos laterais de ordem
superior. As gemas dos ramos laterais originam flores se houver indução e
evocação do meristema, após redução do fotoperíodo – horas de luz - inferior
a 13 e 14 horas com tendência de diminuir, como se verifica a partir de
meados do mês de dezembro.
As folhas do cafeeiro possuem pecíolo curto, lâmina elíptica ou
elípticolanceolada, glabra, verdeluzidia na página superior ou adaxial e verde
clara na página inferior ou. As margens foliares são ligeiramente onduladas,
medindo 90 a 180 m de comprimento e 30 a 70 m de largura; nervação
reticulada, nervura mediana desenvolvida, com 9 a 12 nervuras secundárias
de ambos os lados, recurvadas, salientes na página inferior; bordas inteiras,
levemente onduladas. As folhas são opostas e cruzadas no caule (ramo
ortotrópico e ladrão), enquanto nos ramos plagiotrópicos são opostas e no
mesmo plano, as quais quando novas apresentam coloração bronzeada ou
verde clara. A coloração das folhas novas é uma importante característica para
a identificação de cultivares e de linhagens dentro das cultivares. (FERRAZ,
2013.).
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Folhas
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Durante quase 70 anos de ininterruptas pesquisas com genética
e melhoramento do cafeeiro, foram desenvolvidas dezenas de cultivares e
linhagens de café e acumulou-se extenso conhecimento sobre suas
características e comportamento nas diversas regiões brasileiras. Avalia-se
hoje, que mais de 90% dos estimados 4 bilhões de cafeeiros cultivados no
Brasil, sejam provenientes desses trabalhos.
Algumas cultivares fazem parte da história da cafeicultura
nacional tendo-se constituído nos alicerces da nossa produção durante
décadas. Da mesma forma, outros são a base da cafeicultura de países,
especialmente da América Central, como os cultivares Bourbon Vermelho,
Caturra Vermelho, Caturra Amarelo e Catuaí Vermelho. Houve sempre
destaque especial para o desenvolvimento de material de alta produtividade e
rusticidade, que fosse adaptado às mais diversas condições climáticas e se
destacasse pelas características específicas, resultando em múltiplas opções
para as variadas situações da cafeicultura nacional.
As cultivares de porte baixo como Catuaí Amarelo e Catuaí
Vermelho modificaram sistemas de produção, que permitiram a utilização de
novas áreas para a cafeicultura, aumentando a lucratividade e mesmo
viabilizando seu cultivo em regiões outrora improdutivas, como extensas áreas
dos cerrados em São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
Mesmo cultivares de porte alto como linhagens de Mundo Novo e
Acaiá também têm tido bastante êxito nessas regiões. O cultivo de material
com resistência à ferrugem - Icatu Vermelho, Icatu Amarelo, Icatu Precoce,
Obatã e Tupi - representa considerável economia para o produtor, diminui a
poluição ambiental, bem como os riscos para a saúde dos agricultores e
consumidores. Obatã e Tupi, de porte baixo, são especialmente indicados para
plantios adensados ou em renque, atendendo às mais modernas tendências
da cafeicultura brasileira. (FERRAZ, 2013.).
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Cultivares
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O porta-enxerto Apoatã é um tipo de café robusta (Coffea
canephora), selecionado para resistência aos nematóides, sobretudo para
viabilizar o retorno da cafeicultura às regiões da Alta Paulista, Noroeste e Alta
Araraquarense. Sua importância socioeconômica é evidente, considerando-se
que Apoatã pode também ser cultivado no oeste do estado de São Paulo e no
Vale do Ribeira, como pé franco, produzindo assim matéria-prima para atender
diretamente à indústria de café solúvel.
Veja a seguir algumas das principais e mais utilizadas cultivares
no atual cenário da cafeicultura no país:
Bourbon Amarelo: Por ser mais precoce que Mundo Novo,
Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo, o cultivar Bourbon Amarelo, apesar de
menos produtivo que os anteriores, poderá ser indicado para plantio quando
se deseja: a) Uma colheita precoce, em parte da lavoura, o que possibilita
melhor utilização de mão-de-obra e máquinas agrícolas. b) Produzir café em
regiões de maior altitude ou mais frias, onde a maturação do Mundo Novo e
principalmente do Catuaí se torna muito tardia, coincidindo com novo
florescimento, o que prejudica a produção do ano seguinte. c) Obter café de
qualidade de bebida superior, sobretudo visando ao mercado de "cafés
gourmet" ou atender a demandas especiais.
Mundo Novo: As diversas linhagens do cultivar Mundo Novo
possuem elevada capacidade de adaptação, produzindo bem em quase todas
as regiões cafeeiras do Brasil. É preferencialmente indicado para plantios
largos (3,80-4,00m x 0,80-1,00m). Em razão de seu grande vigor vegetativo, o
espaçamento para o sistema adensado com esse cultivar deverá ser maior
que o normalmente utilizado com cultivares de porte baixo. Por ter ótima
capacidade de rebrota, são especialmente indicados para os sistemas em que
se utiliza a recepa ou o decote para reduzir a altura das plantas. Dentre as
linhagens de Mundo Novo, IAC 376-4, IAC 379-19, IAC 464-12 e IAC 515-20
são as que melhor se adaptam ao plantio adensado, caso o cafeicultor faça
opção a este sistema de cultivo. (FERRAZ, 2013.).
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Acaiá: As linhagens do cultivar Acaiá também têm boa
capacidade de adaptáção às diversas regiões cafeeiras do Brasil e podem ser
especialmente indicadas para o plantio adensado, pois apresentam ramos
laterais curtos e maturação uniforme. O espaçamento 2,00 x 0,50m tem sido
muito utilizado em plantios adensados e 4,00 x 0,50m nos que permitem
mecanização. Outra característica que o diferencia são as sementes, maiores
que as do Mundo Novo e suas linhagens. É um cultivar especialmente
indicado quando se pretende utilizar colheita mecânica.
Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo: As linhagens dos cultivares
Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo têm ampla capacidade de adaptação,
apresentando produtividade elevada na maioria das nossas regiões cafeeiras
ou mesmo em outros países. De baixa estatura, permitem maior densidade de
plantio, tornam mais fácil a colheita e mais eficientes os tratamentos
fitossanitários. Esses cultivares já produzem abundantemente logo nos dois
primeiros anos de colheita. Por isso, necessitam de cuidadoso programa de
adubação.
Icatu Vermelho e lcatu Amarelo: Esses cultivares têm sido
plantados em quase todas as regiões cafeeiras do Brasil. Trata-se de material
de porte alto, muito vigoroso e de excelente capacidade de rebrota quando
submetido à poda. O espaçamento para o plantio é semelhante ao indicado
para o 'Mundo Novo', cujas linhagens não admitem plantios muito adensados
(não deve ser inferior a 3,00m entre linhas e de 0,80 a 1,00m entre plantas),
dependendo da região. Embora algumas linhagens se mostrem bem
adaptadas a regiões de altitude,outras constituem-se em boa opção para
regiões mais baixas e quentes que, no geral, são marginais para o plantio de
outros cultivares. Tem resistência variável à ferrugem.
lcatu Precoce: Por apresentar maturação precoce, lcatu Precoce
(IAC 3282) é indicado para o plantio em regiões de maior altitude, desde que
observadas condições especiais de manejo. Poderá ser utilizado também em
espaçamentos adensados. Trata-se de um cultivar de grande uniformidade,
frutos amarelos e excelente qualidade de bebida. Tem resistência variável à
ferrugem.
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Obatã e Tupi: São cultivares de porte baixo, resistentes à
ferrugem e preferencialmente indicados para plantios adensados ou em
renque (2,00-3,00m x 0,50-0,80m). Suas sementes são maiores que as dos
cultivares Catuaí Vermelho e Catuaí Amarelo e há vários anos vêm sendo
distribuídas experimentalmente pelo IAC a muitos cafeicultores e instituições
de pesquisa. Têm apresentado excelentes produções e grande rusticidade,
razão pela qual seu plantio tem-se expandido rapidamente.
Apoatã: Trata-se de material pertencente à Coffea canephora e
indicado como porta-enxerto para qualquer um dos cultivares de café arábica
recomendados para o plantio. As mudas enxertadas são indicadas para áreas
infestadas com os nematóides Meloidogyne exigua, M. incognita e M.
paranaensis. Cafeeiros enxertados poderão também ser plantados em áreas
isentas de nematóides, muitas vezes com significativo ganho de produtividade
e rusticidade em relação aos mesmos cultivares não enxertados. Por ser um
cultivar vigoroso, produtivo, rústico, de sementes graúdas, pouca porcentagem
de moca, além da resistência aos nematóides das raízes e à ferrugem das
folhas, o Apoatã está sendo empregado como um cultivar de café robusta para
o oeste do Estado de São Paulo (Alta Paulista, Noroeste e Alta Araraquarense)
e Vale do Ribeira, em regiões com altitudes inferiores a 500m e temperaturas
médias superiores a 220C, com perspectivas bastante promissoras.
Arara: Essa cultivar apresenta formato de copa mais compacto e
de maior diâmetro que os Sarchimores comuns, como por exemplo, o Tupi e
Obatã. Possui ramificação secundaria abundante, grossa, bifurcada e alto grau
de enfolhamento. Os frutos são amarelos e as sementes de formato oblongo.
Apresenta alta produtividade, percentagens de sementes tipo moca em níveis
baixíssimos (1%). Apresenta também alta tolerância à seca, bebida de boa
qualidade e ciclo de maturação dos frutos tardio, e altamente resistente à
ferrugem do cafeeiro, segundo resultados dos ensaios de comportamento.
Essa variedade vem se colocando entre as mais recomendadas e plantadas
nos últimos anos. Agora, sua indicação é reforçada, pela sua característica de
boa qualidade de bebida por ela produzido, atingindo altas pontuações em
concursos.
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Topazio: Muito encontrado em Minas Gerais, a variedade Topázio
é o cruzamento entre as variedades Mundo Novo e Catuaí Amarelo. Seu
cultivo é estável por conta do grande poder de adaptabilidade do grão. O
resultado disso são plantações abundantes e de alta qualidade. Trata-se de
um café bastante saboroso e se sabor suave e complexo. Conta com um
aroma intenso e cítrico e finalização agradável. É um café muito utilizado para
cafés gelados. A cultivar Topázio possui porte baixo, como o das cultivares
Catuaí, com altura por volta de 2m e diâmetro médio de copa de 1,8m, aos
sete anos. Tem excelente produtividade e elevado vigor vegetativo, não
exibindo depauperamento precoce depois de elevadas produções. O número
de ramificações secundárias é abundante. A angulação dos ramos produtivos
é pouco mais aberta que a das cultivares Catuaí, o que permite maior aeração
e insolação no interior da planta. A maturação de frutos é intermediária às
cultivares Catuaí e Mundo Novo em época e uniformidade. Os frutos são de
coloração amarela e as folhas, quando novas, são, predominantemente, de cor
bronze-escuro (Figura 23), marcador genético que as difere das cultivares
Catuaí que apresentam brotos verdes.
Catucai - Resultado do cruzamento das variedades Icatu e
Catuaí, a variedade Catucaí é mais uma que se divide em Vermelho e
Amarelo. Semelhante ao Catuaí, a bebida de um café dessa variedade
também apresenta doçura natural. Suave e de acidez média, o café apresenta
também sabor cítrico e frutado. O aroma marcante é mais uma característica
do café de alta qualidade, que pode ser também utilizado para blends por ser
bem encorpado. Em geral, as cultivares do grupo Catucaí apresentam
resistência moderada à ferrugem-do-cafeeiro, o que significa que as plantas
podem ser infectadas, mas os danos causados, geralmente, são pequenos,
não havendo grande queda de folhas. Além disso, a ferrugem pode ser
facilmente controlada por meio de pulverização com fungicidas à base de
cobre, triazóis, estrobirulinas ou pela combinação desses produtos. De modo
geral, as cultivares do grupo Catucaí apresentam boa capacidade de rebrota,
elevado vigor vegetativo e alta produtividade. (FERRAZ, 2013.).
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A ecofisiologia é a área da ciência que estuda, quantifica e avalia
a diversidade fisiológica em relação ao ambiente e seu impacto na ecologia
dos organismos. A interpretação fisiológica é feita considerando aspectos
evolutivos junto de dados comportamentais, morfológicas, ecológicas e
fisiológicas.
Os elementos climáticos que influenciam no processo de
produção do café são, principalmente, a temperatura, os níveis de
precipitação, velocidade e direção dos ventos, umidade relativa do ar e uma
série de outros fatores. As temperaturas do ar, tanto altas como baixas,
influenciam o crescimento, os processos fisiológicos e a produtividade do
cafeeiro. Para se conseguir produtividade ótima, a temperatura do ar também
deve ser ótima.
O café arábica é uma planta de clima tropical úmido e
temperaturas amenas. As temperaturas médias anuais do ar mais favoráveis
ao cultivo do café arábica estão entre 18 e 22°C, a ideal entre 19 e 21°C,
desde que sejam regiões livres ou pouco sujeitas a geadas. As regiões que
possuem temperatura média anual inferior a 18°C e superior a 23°C são
consideradas inaptas/inadequadas para o café arábica. Se for cultivado em
condições de temperaturas médias elevadas, acima de 23°C, apresentará
frutos com desenvolvimento e maturação demasiadamente precoces. Esse
fato acarretará em vários inconvenientes, inclusive a perda da qualidade do
produto, pois sua colheita e secagem irão ocorrer precocemente em estação
muito quente e úmida. Temperaturas do ar elevadas na fase de florescimento
dificultam o pegamento das floradas e provocam a formação de “estrelinhas”,
ou seja, de flores abortadas, o que implica na quebra de produção,
principalmente nos anos em que a estação seca se mostra mais longa ou
atrasada. Temperaturas médias anuais muito baixas, inferiores a 18°C
provocam atrasos demasiados no desenvolvimento dos frutos, cuja maturação
pode sobrepor-se ou ultrapassar a florada seguinte, prejudicando a vegetação
e a produção do cafeeiro. A geada, para o café, significa a morte dos tecidos
vegetais que ocorre quando a temperatura do limbo foliar for igual ou menor
que –3,5°C. Quanto às exigências hídricas do cafeeiro, torna-se difícil
estabelecer um padrão ótimo anual de precipitação pluvial, pois depende
também de outros fatores, principalmente da distribuição dessas chuvas ao
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Ecofisiologia da cultura
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longo do ano. Porém, precipitaçõesanuais acima de 1.200mm são suficientes
para o café. O cafeeiro, para vegetar e frutificar, normalmente, necessita
encontrar umidade suficiente no solo durante o período vegetativo e de
frutificação. Na fase de colheita e abotoamento da planta, julho-setembro, a
umidade do solo pode reduzir bastante e aproximar-se do ponto de murcha
permanente, em alguns casos, sem maiores problemas à cafeicultura.
O café arábica tolera bem e pode ser beneficiado por
deficiências hídricas de até 150 mm/ano, principalmente se estas coincidirem
com o período de dormência da planta, não se estendendo até a fase de
floração e início da frutificação. (FERRAZ, 2013.).
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O café é um arbusto de crescimento contínuo que apresenta um
característico dimorfismo dos ramos: Ramos ortotrópicos – crescem
verticalmente e Ramos plagiotrópicos- crescem lateralmente numa inclinação
que varia de 45 a 90º em relação ao eixo principal. Os ramos laterais,
denominados primários começam a aparecer na muda a partir do 6º ao 10º nó,
crescendo continuamente e simultaneamente ao eixo principal. Ramos laterais
secundários ou de ordem superior, podem aparecer no cafeeiro adulto, mas
com crescimento defasado em relação ao ramo primário. Os ramos
ortotrópicos e plagiotrópicos originam-se de gemas diferencialmente
determinadas. Na axila de cada folha, nos eixos verticais, existe uma série
linear ordenada de cinco a seis gemas, as gemas seriadas, e isolada, acima
desta série, uma outra gema, chamada cabeça-de-série, que se forma na
planta a partir do 8º ao 10º nó ou mesmo a partir do 6º nó. As gemas cabeça-
de-série dão origem unicamente a ramos laterais, ao passo que as seriadas
eventualmente desenvolvem-se em ramos verticais, ou ladrões. Sob altas
temperaturas as gemas seriadas brotam espontaneamente, formando ramos
verticais, o que dá à planta aspecto entouceirado. (FERRAZ, 2013.).
Segundo (FERRAZ, 2013.), a flor, por definição, é o órgão
reprodutor das angiospermas, grupo de plantas ao qual o cafeeiro pertence.
Essa estrutura dá origem ao fruto, protegendo o desenvolvimento da semente
e permitindo que ela, futuramente, se desenvolva.
O florescimento conhecido por florada ou floração é um período
que vai desde o nascimento até a queda das flores. O número de florações
varia de região pra região, com poucas floradas nas regiões de latitudes
médias, com época seca definida, até várias floradas ao longo do ano, nas
regiões equatoriais chuvosas. Esse processo fisiológico divide-se em 4 etapas:
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Dimorfismo dos ramos
Floração
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Iniciação – Produção do estímulo floral (indução), formação da gema, e
definição floral (genética) irreversível (evocação), formando o botão da flor;
Diferenciação – Formação das células modificadas que diferenciam as partes
florais, com os botões crescendo entre 4 a 8 mm;
Dormência – Período de inatividade com duração variável;
Abertura da flor – Completo crescimento e diferenciação das partes florais.
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Fonte: O Autor, 2020.
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A quantidade de flores que surgem em uma florada, depende do
número de nós (pontos de onde partem novos ramos e folhas) dos ramos
laterais formados na estação de crescimento anterior (setembro a maio).
Justificando a importância de ter muitas folhas no cafeeiro, evitando queda até
a próxima florada.
A fase de iniciação tem início provável entre janeiro e fevereiro. A
diferenciação ocorre até julho, quando tem início a dormência. Essa fase de
inatividade coincide com o inverno do sudeste brasileiro, estação seca e fria, e
nela ocorre a maturação dos botões, que acabam por atingir o mesmo grau de
desenvolvimento, mesmo sendo iniciados em tempos diferentes, por isso a
importância dessa fase. Com o início das chuvas ou uma queda brusca de
temperatura, os botões voltam ao crescimento até a abertura das flores.
A natureza fisiológica da bienalidade da produção do cafeeiro
pode ser explicada pela concorrência entre as funções vegetativas e
reprodutivas. Nos anos de grande produção, o crescimento dos frutos absorve
a maior parte da atividade metabólica da planta, reduzindo o desenvolvimento
vegetativo. Como, no café arábica, o fruto se desenvolve nas partes novas dos
ramos do ano anterior, há, consequentemente, menor produção. O
crescimento dos ramos novos depende da quantidade de frutos em
desenvolvimento, e o volume de produção é proporcional ao vigor vegetativo,
ao número de nós e gemas florais formadas na estação vegetativa anterior.
São seis fases fenológicas distintas, sendo duas vegetativas e
quatro reprodutivas que ocorrem em dois anos consecutivos. Veja a seguir as
etapas da fenologia do cafeeiro:
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Fenologia
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1° fase – Vegetação e formação de gemas foliares: é uma
condição fotoperiódica, ocorrendo de setembro a março, em dias longos.
2° fase – Indução, desenvolvimento, maturação e dormência das
gemas florais: ocorre em dias curtos, de abril a agosto, também uma condição
fotoperiódica. As gemas maduras entram em dormência no final e ficam aptas
para se transformarem em botões florais e florescer após um choque hídrico
na terceira fase. Essa fase se completa quando o somatório de
evapotranspiração potencial (EP) acumula cerca de 350mm a partir do início
de abril. Nos dois meses finais, julho a agosto, as gemas entram em
dormência e produzem um par de folhas pequenas, que separam o primeiro do
segundo ano fenológico.
3° fase – Florada e expansão dos frutos: compreende o segundo
ano fenológico, de setembro a dezembro. Após um choque hídrico, por chuva
ou irrigação, as gemas maduras intumescem, transformam-se em botões
florais e florescem após cerca de uma semana. Em seguida, vêm as fases de
frutos chumbinhos e expansão rápida. Um estresse hídrico nessa fase pode
prejudicar o crescimento dos frutos, resultando em peneira baixa.
4° fase – Granação dos frutos: ocorrência de janeiro a março do
ano seguinte, quando há formação dos grãos. Um estresse hídrico pode
prejudicar a granação, produzindo frutos mal granados que causam os defeitos
preto, verde e ardido, como também causar chochamento de grãos.
5° fase – Maturação dos frutos: ocorrência de abril a junho,
dependendo da precocidade da cultivar e da acumulação de energia solar, ou
seja, do somatório de EP, em torno de 700 m, após a florada.
6° fase – Senescência: ocorrência em julho-agosto. Muitos ramos produtivos,
geralmente terciários e quaternários, secam e morrem, limitando o crescimento
do cafeeiro, é a chamada autopoda. (FERRAZ, 2013.).
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CAPÍTULO 3
NUTRIÇÃO MINERAL
Pela realização da fotossíntese, os vegetais fazem reservas de
energia para posterior uso em seus processos vitais, captando energia
luminosa, fixando-a em carboidratos, a partir de gás carbônico (CO2) do ar e
água. Ao mesmo, tempo retiram do ambiente, principalmente do solo,
elementos químicos considerados essenciais aos processos metabólicos.
Quando se fala em nutrição de plantas, também é importante
conhecer os conceitos de extração e de exportação de nutrientes. Entende-se
por extração a quantidade de nutrientes que a planta, no caso o cafeeiro, retira
do solo e fica contida em todas as suas partes (raízes, caule, ramos, folhas,
flores e frutos). Sendo o termo exportação de nutrientes - a parte da extração
que deixa o local como componente de partes vegetais, como frutose troncos,
no caso de podas. Em alguns casos, os nutrientes exportados podem ser
devolvidos parcialmente, como, por exemplo, ao se utilizar da palha (casca
dos frutos de café, após beneficiamento), nas lavouras, como adubo orgânico.
Quanto maior a exportação de nutrientes de um local de produção, maior será
a necessidade de reposição para atender as contínuas demandas da cultura.
As deficiências nutricionais, bem como os excessos (toxidez),
geralmente ocorrem de forma gradativa, no início imperceptíveis, para um
diagnóstico visual, portanto ocultas, até atingirem níveis em que os sintomas,
já visíveis, passam a caracterizar, respectivamente, “fome” ou toxidez, a esta
altura às vezes irreversíveis, nas partes afetadas. (Mesquita, Carlos Magno de et
al. 2016.).
Nutrição mineral
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Deve-se salientar que, muitas vezes, quando a planta chega a
apresentar os sintomas de deficiência ou de excesso de algum nutriente, a
produção pode já ter sido comprometida. Também, é comum, em condições de
campo, haver mais de um sintoma de deficiência e/ou excesso, simultâneos,
dificultando a definição sobre qual (ais) dele(s) está (ão) atuando na
caracterização do problema.
Os distúrbios nutricionais tendem a ocorrer de forma
generalizada na lavoura ou talhão. Diferentemente, se a ocorrência se der de
forma aleatória, por meio, por exemplo, de crescimento reduzido, folhas
amareladas, em plantas isoladas, sugere problemas nas raízes (nematoídes,
pião torto). Se esses mesmos sintomas se derem em reboleiras, poderão ser
um indício da existência de problemas nas raízes, originados das mudas ou de
plantio incorreto, associados, ou não, a locais do terreno com rochas ou
pedregulhos na camada subsuperficial, depressões com acúmulo da água,
pragas ou doenças, etc.
Os frutos, como órgãos que atuam como dreno principal da
planta, têm a preferência no atendimento das demandas nutricionais para a
sua expansão (fase de crescimento rápido) e granação. Quando, por um
motivo qualquer (seca, falta do nutriente no solo, acidez, raízes pouco
desenvolvidas), a ascendência da seiva é diminuída, resulta em prejuízos para
essa e outras partes da planta, ocorrendo um déficit nutricional. Este fato se
deve ao carreamento preferencial de nutrientes para os frutos, como um
“esforço” natural da planta em salvar suas sementes, para preservação da
espécie.
Se o fluxo de seiva em direção às folhas não se normalizar a
tempo, elas cairão, prematuramente, por carência de fotoassimilados, restando
às raízes e aos ramos a tarefa de nutrir esses frutos com suas reservas.
Sobrevindo o esgotamento, com consequente seca de ponteiros ou die-back,
com prejuízos não só na safra em curso (frutos chochos e má granação),
como também nas futuras, devido à morte das raízes e ramos, por exaustão
das reservas, com depauperamento da planta. (Mesquita, Carlos Magno de et al.
2016.).
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Assim como é crucial entender e compreender a
fisiologia/morfologia do cafeeiro, ter conhecimento sobre a nutrição mineral é
importantíssimo para que seja possível obter sucesso nos manejos e na
produção.
Por definição, macronutriente corresponde a cada um dos
diversos elementos químicos que um ser vivo necessita absorver em grande
quantidade para sobreviver e desenvolver-se, nesse caso, as plantas de café.
Apresentaremos a seguir e falaremos sobre os macronutrientes:
N (nitrogênio), P (fósforo), K (potássio), Ca (cálcio), Mg (magnésio) e S
(enxofre) (REZENDE, J. 2016).
O nitrogênio é um nutriente altamente exigido e o que mais se
acumula no cafeeiro.
Uma adubação nitrogenada adequada é fundamental tanto para
o crescimento das estruturas da planta (folhas, caule, ramos e raízes), como
também para o florescimento e a granação dos frutos. O fornecimento deste
elemento, tem também influência direta na produtividade.
Em doses excessivas, principalmente em lavouras localizadas
em altitude mais elevada, ele estimula um crescimento vegetativo intenso, em
detrimento da produção, além de acarretar atraso no amadurecimento dos
frutos e redução na qualidade da bebida do café. Além disso, apresenta
também folhas com coloração verde-escuro e em grandes quantidades.
Podemos dizer que o nitrogênio é um nutriente móvel na planta,
com isso, os sintomas surgem inicialmente nas folhas mais velhas, que
apresentam clorose uniforme, com amarelecimento inclusive das nervuras,
evoluindo para necrose e até podendo ocasionar na queda das folhas. Plantas
pouco enfolhadas e com folhas menores que o normal apresentam também
frutos menores do que os normais, que podem chegar a cair com maior
facilidade.
Quando em índices de deficiência na planta, prejudica a florada
e, em grau muito elevado, em plantas com alta carga pendente, provoca o
secamento dos ramos da ponta para a base. (REZENDE, J. 2016).
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Função dos macronutrientes
Nitrogênio
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O fósforo é um nutriente que assim como o nitrogênio, assume
funções fundamentais no metabolismo da planta. Ele participa dos processos
como fotossíntese, síntese de aminoácidos, respiração e diversos outros.
Pelo fato de ser um elemento de alta mobilidade na planta, os
sintomas de deficiência começam a surgir nas folhas mais velhas, que,
inicialmente perdem o brilho e, depois de algum tempo podem até mudar de
cor na ponta e no meio, passando do verde ao amarelo-brilhante, amarelo-
róseo, vermelho-escuro e marrom-arroxeado.
Um modo bastante característico dos sintomas de fósforo é a
necrose em forma triangular, podendo ser irregular, que segue toda a largura
do limbo foliar, desde a sua extremidade, e avança no sentido do pecíolo. Em
casos em que não ocorre a queda da folha, a necrose pode atingir toda a sua
extensão. Outro sintoma são os baixos índices de crescimento da planta,
como decorrência de um sistema radicular pouco desenvolvido (REZENDE, J.
2016).
Esse é o segundo macronutriente mais acumulado no cafeeiro e
assim como os outros citados anteriormente, também tem função crucial na
fotossíntese, respiração celular e circulação da seiva no sistema da planta.
A sua exigência é maior em plantas mais velhas. Nos frutos, para
os quais é translocado das folhas adjacentes, o potássio é acumulado em
grande quantidade, por isso recomenda-se tanto que a palha de café seja
utilizada nas lavouras, pelo fato dela ser rica com esse elemento. É uma forma
de minimizar a exportação do nutriente, através dos frutos de café, com
economia nos gastos com a adubação.
Quando em doses excessivas, este macronutriente pode
acarretar deficiência induzida de magnésio e também de cálcio, e não é raro
disto ser constatado, principalmente em adubações feitas sem base em
resultados de análises de solos.
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Fósforo
Potássio
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Pelo fato do potássio ser um nutriente móvel na planta, as folhas
mais velhas são as primeiras a apresentarem os sintomas característicos,
como um amarelecimento das pontas e margens, que, posteriormente, secam
e adquirem uma cor amarronzada ou preta. Próximo das áreas necrosadas,
podem ser observados pequenos contornos amarelos. As folhas com sintomas
de deficiência se destacam facilmente dos ramos, e, em casos de deficiência
acentuada, os ramos com frutos podem secar da ponta para a sua base.
Quando analisamos os frutos, os baixos níveis de potássio
resultam em chochamento dos mesmos. Além disso, ele tem a capacidade de
regulação da abertura e no fechamento dos estômatos, portanto na perda de
água pelas folhas, o seu adequado suprimento possibilita ao cafeeiroresistir
mais nos períodos secos. A sua essencialidade, se estende também na
resistência ao frio, por conferir maior concentração em solutos na planta, como
resultado de uma maior eficiência na fotossíntese. (REZENDE, J. 2016).
O macronutriente cálcio, tem papel muito importante em diversas
partes da planta. Ele participa do desenvolvimento radicular, é constituinte da
parede celular, sendo diretamente relacionado com os grãos de pólen e
crescimento do tubo polínico e em muitos outros fatores.
Sua importância fundamental, está no período de implantação
das lavouras, devendo ser colocado ao alcance das raízes, uma vez que a sua
absorção por elas se dá por interceptação, já que é um nutriente imóvel no
solo.
A presença do cálcio nas camadas mais profundas de solo
possibilita às raízes do cafeeiro um maior aprofundamento, assegurando à
planta maior resistência à seca. Sendo importante também na maior retenção
de folhas, desenvolvimento das gemas, maturação dos frutos e na formação
de proteínas. A forma mais comum de fornecer cálcio ao cafeeiro é por meio
da calagem. No entanto, deve-se atentar a este processo, pois calagens
excessivas podem resultar em deficiência de ferro, manganês, zinco e boro.
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Cálcio
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Outras alternativas de fonte de cálcio são os superfosfatos
simples, superfosfatos triplos, termofosfatos, entre outros.
Pelo fato de ser um nutriente praticamente imóvel na planta, os
primeiros sintomas de deficiência de cálcio surgem nas folhas novas, com
crescimento desuniforme, paralisação do crescimento apical, raízes com
aparência gelatinosa e amarelecimento ao longo do limbo foliar. Tal
amarelecimento pode avançar entre as nervuras em direção ao centro, porém
as nervuras e seu entorno permanecem verdes (REZENDE, J. 2016).
O magnésio é um nutriente que tem grande facilidade de
translocação pela planta. É componente na formação de clorofila, sendo
considerado o pigmento responsável pela coloração verde de ramos e frutos
novos e também das folhas do cafeeiro. Tem também a função de catalisador
na transferência de fosfatos e auxilia no transporte das reservas, superando
até mesmo o potássio nessa função. Alta dose de cálcio e ou potássio pode
induzir à deficiência de magnésio, devido ao antagonismo causado pela
absorção deste.
Ao contrário do que observamos no nitrogênio, potássio e
fósforo, que têm alta mobilidade na planta, os sintomas de deficiência de
magnésio se iniciam nas folhas mais velhas e também naquelas mais
próximas dos frutos, com o aparecimento de uma clorose internerval,
(amarelecimento apenas entre as nervuras). As manchas cloróticas podem
evoluir para um tom pardo, com quedas prematuras das folhas.
A deficiência de magnésio, por reduzir a taxa de fotossíntese,
tem reflexão também no baixo crescimento geral da planta. A seca de ponteiro,
comumente atribuída à falta de nitrogênio, potássio e boro, associada à alta
carga, pode ser também uma consequência da deficiência de magnésio.
(REZENDE, J. 2016).
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Magnésio
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Este é um elemento bastante importante pelo fato ser
constituinte de aminoácidos, por apresentar funções estruturais em proteínas e
em diversas funções metabólicas do cafeeiro. Participa também da síntese de
clorofila e é fundamental ao desenvolvimento das raízes. Quando ele é
absorvido, é posteriormente, transportado para a parte aérea via xilema, sendo
reduzido o seu movimento no sentido contrário, daí a sua pouca redistribuição
na planta.
A sua carência em solos está associada ao baixo teor de matéria
orgânica (fonte de nitrogênio e também do referido nutriente). Podemos
encontrar o enxofre no sulfato de amônio e superfosfato simples, portanto a
utilização continuada de fertilizantes formulados de alta concentração pode
induzir, ao longo do tempo, à deficiência, mesmo em solos que inicialmente
continham este macronutriente em boa quantidade. É também encontrado no
gesso, sendo a gessagem recomendada para correção neste caso.
Os sintomas de deficiência, surgem inicialmente nas folhas mais
jovens, que tomam coloração verde-clara (amarelo citrina), passando para
uma clorose generalizada (toda a planta), com desfolhamento e encurtamento
dos internódios. Além disso, o tamanho das folhas pode ficar menor e com
enrolamento das bordas.
Quando em excesso, este nutriente reduz o crescimento, altera o
formato da folha e surge também um amarelecimento internerval, podendo
ocasionar a queima de folhas (REZENDE, J. 2016).
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Enxofre
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Os micronutrientes, por definição, são aqueles necessários para
a manutenção da planta. Mesmo que sejam requeridos em pequenas
quantidades, são muito importantes principalmente pela ação de catalisadores
que atuam no metabolismo e, por isso, devemos nos atentar as
recomendações e níveis desses elementos no sistema solo/planta.
A classe dos micronutrientes compreende os seguintes
elementos: B (boro), Cl (cloro), Cu (cobre), Fe (ferro), Mn (manganês), Mo
(molibdênio), Zn (zinco) e Si (silício) (REZENDE, J. 2016).
O micronutriente zinco é extremamente essencial ao cafeeiro
sendo aquele com maior capacidade de limitar a produção. Suas funções
estão diretamente relacionadas às áreas de crescimento da planta e também
tem importante papel na germinação do tubo polínico, influenciando o
pegamento da florada e tamanho dos frutos. Pelo fato de ser um cátion, fica
fortemente retido pelo complexo de troca no solo, principalmente nos argilosos
e intemperizados, o que limita a sua absorção. Além desses fatores, ele
também atua na transformação de carboidratos, na síntese de triptofano, que é
um aminoácido precursor da biossíntese da auxina.
Os sintomas de deficiência, surgem primeiramente nas folhas em
expansão, que se tornam estreitas e retorcidas, mais conhecidas como
rosetas. As nervuras se desenvolvem mais que o parênquima, provocando
saliências no limbo foliar. Na região entre as nervuras sobressai um fundo
amarelo pálido, sendo que, nas laterais da nervura principal, a cor verde se
mantém. A clorose das folhas pode evoluir também para manchas púrpuras.
A deficiência de zinco é uma das mais agravantes e limitantes
para a cultura do café, pelo fato de atingir diretamente o pegamento da florada
e tamanho dos frutos. Quando em excesso, o zinco provoca também clorose
nas folhas (REZENDE, J. 2016).
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Função dos micronutrientes
Zinco
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Juntamente com o zinco, o boro é o micronutriente que mais tem
capacidade de limitar a produção de um cafeeiro. Ele se encontra na matéria
orgânica (maior fornecedora do elemento para as plantas), e a sua falta pode
se dar em função da lixiviação (chuvas excessivas), do efeito de calagem
excessiva, como também em decorrência de doses excessivas de adubos
nitrogenados, podendo ser agravada nos períodos secos do ano. Este
elemento, tem direta atuação na formação da parede, elongação e divisão
celular, portanto muito exigido nas regiões de intenso crescimento, como o
ápice do ramo ortotrópico, a ponta dos ramos laterais e os meristemas
radiculares.
Pelo motivo de limitar o crescimento das raízes, a planta passa a
ter menor tolerância à seca. Na florada, a importância do boro se dá por sua
influência na germinação do grão de pólen e no crescimento do tubo polínico.
Quando em deficiência, um sintoma muito comum é a morte das
gemas apicais dos ramos e do ápice do cafeeiro, seguida da brotação de
várias outras gemas logo abaixo, dando o aspecto de um leque. Como no

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