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Educação e movimentos

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3 
 
Rita de Cássia Marques Costa 
Maria Nádia da Silva Sousa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS 
SOCIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1ª Edição 
Sobral/2017 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
Sumário 
Palavra do professor autor 
Sobre o autor 
Ambientação à disciplina 
Trocando ideias com os autores 
Problematizando 
 
UNIDADE I: MOVIMENTOS SOCIAIS: CONHECENDO OS ANTIGOS E 
NOVOS ATORES SOCIAIS 
Conceito de movimento social na bibliografia geral das ciências sociais 
UNIDADE II: EXCLUSÃO SOCIAL NA SOCIEDADE CAPITALISTA 
O início do processo de exclusão social 
Exclusão social e a nova desigualdade: ressignificando o conceito 
UNIDADE III: EDUCAÇÃO E MODERNIDADE: DIMENSÕES DA PRÁTICA 
EDUCATIVA 
Diferença entre pedagogia e educação 
Explicando melhor com a pesquisa 
Leitura Obrigatória 
Pesquisando com a Internet 
Saiba mais 
Vendo com os olhos de ver 
Revisando 
Autoavaliação 
Bibliografia 
Bibliografia Web 
Vídeos 
 
 
 
 
 
6 
 
Palavra do professor autor 
 
 O estudo da disciplina de movimentos sociais objetiva conhecer os 
principais movimentos sociais no Brasil e suas formas de atuação ao longo da 
história para compreensão de superação das demandas sociais. Na atualidade, 
o estudo dos movimentos sociais é compreendido por analistas como 
representações sociais através de ações mobilizadoras, de mudança social e 
de lutas de resistências. 
 A presença dos movimentos sociais é uma constante na história política 
do país, mas ela é cheia de ciclos, com fluxos ascendentes e refluxos. 
 Inicialmente, será de grande importância conhecer o conceito de 
movimentos sociais, estudar sobre as categorias teóricas utilizadas no Brasil 
dos anos 70 até os dias atuais. 
 Em seguida, daremos continuidade ao estudo sobre como se deu o 
processo da exclusão social numa sociedade capitalista, fazendo relação com 
o papel da educação para a inclusão social e formação da cidadania. 
 Por fim, abordaremos sobre a educação na modernidade e sua 
dimensão na prática para a construção do espírito ético e solidário. 
 Todo processo de estudo da disciplina será construído pelo diálogo e 
criatividade entre aluno e professor. Serão propiciados momentos prazerosos 
de estudo e pesquisa, no qual o aluno poderá aprofundar seus conhecimentos 
sobre os autores que fundamentam esse estudo. 
 A disciplina está fundamentada em estudos de Maria da Glória Gohn, 
Pedro Demo, dentre outros. 
 
 
 
 
 
7 
 
Sobre as autoras 
 
Rita de Cássia Marques Costa. Mestrado em 
Educação Brasileira. Linha de pesquisa: Movimentos 
Sociais, Educação Popular e Escola, no Eixo de Estudos 
Socioantropológicos e Políticos da Educação, pela 
Universidade Federal do Ceará-UFC (2009). Especialista 
em Docência na Saúde, pela Universidade Federal do Rio 
Grande do Sul – UFRGS (2015), Graduada em Pedagogia 
pela Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA/ Sobral - (2004). 
 
 
 
 
Maria Nádia da Silva Sousa- Especialista em 
Gestão e Organização da Escola - Universidade Norte do 
Paraná-UNOPAR (2017). Possui Graduação em 
Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará-UECE 
(2003). Atualmente é Secretária da Pró-Reitoria de Ensino 
de Graduação- PRODEG/Centro Universitário INTA-
UNINTA. Possui Curso Técnico em Secretariado Escolar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8 
 
Ambientação à disciplina 
Sabemos que os movimentos sociais têm sido considerados por vários 
analistas de organizações sociais como elementos de inovação e 
transformação social. Conforme Maria da Glória Gohn, os movimentos são 
elementos fundamentais na sociedade moderna, agentes construtores de uma 
nova ordem social e não agentes de perturbação da ordem, como as antigas 
análises conservadoras escritas nos manuais antigos, ou como ainda são 
tratados na atualidade por políticos tradicionais. 
Inicialmente, discutiremos nesse primeiro capítulo sobre o conceito de 
movimentos sociais nas ciências sociais e as primeiras abordagens entre os 
anos de 70 e 80 no Brasil. A perspectiva de estudo ajudará na compreensão do 
percurso histórico, das mudanças ocorridas no mundo e suas consequências 
sociais, políticas, econômicas e culturais. 
No segundo capítulo iremos abordar sobre a temática da exclusão social 
e o capitalismo. Iremos analisar os fenômenos socais e tentar analisar os 
mesmos na perspectiva da práxis. Compreender como se deu o processo de 
exclusão social ao longo da história e suas consequências em relação à 
educação brasileira. 
Sabemos que os processos educativos formais e não formais 
contribuem para uma análise do repensamento das práticas no trabalho, na 
escola, na convivência social, seja na relação da natureza com os demais 
seres humanos. 
Sendo assim, o papel do educador social é fundamental para o processo 
de inclusão, participação e integração das comunidades. 
A proposta agora é estudar sobre o papel do educador social na 
perspectiva da educação popular como mecanismo de facilitação para os 
processos de transformações sociais individuais e coletivos. 
Para esse estudo teremos como autores principais: Paugam, José de 
Souza Martins, Dalmo Dallari. 
 
 
9 
 
Trocando ideias com os autores 
 
Sugerimos que você leia o livro: Teoria dos 
Movimentos Sociais. Essa obra objetivou sistematizar as 
principais teorias e paradigmas; Realizar estudo 
comparativo entre teorias (semelhanças e diferenças); 
Apresentar o caso da América Latina e a inadequação de 
teorias correntes; Delinear tendências para o Brasil com 
base na globalização da economia, política e relações 
socioculturais. 
 
GOHN, Maria da Glória M. Teorias dos Movimentos Sociais. 2ª edição, 
edições Loyola, São Paulo, Brasil, 1997. 
 
Propomos a você também que leia a obra: 
Cidadania Pequena. Neste livro a autora relata Dados da 
Pesquisa Mensal de Emprego, em seu Suplemento de 
1996, mostra perfil muito preocupante, sobretudo se 
comparado a dados de 1987 (suplemento da Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílios): não teríamos 
evoluído. 
 
DEMO, Pedro. Cidadania pequena. 1ª edição, coleção: polêmicas do nosso 
tempo, Brasil, 2001. 
 
Guia de estudo: Logo após ler essas obras, faça uma relação entre ambas, 
produza um texto argumentativo, abordando os pontos que contribuíram para 
uma sociedade moderna que está em constantes mudanças. 
 
 
10 
 
Problematizando 
Os movimentos sociais nascem no universo dos processos de interação 
social dentro da “teoria do conflito e mudança social”. O homem como ser 
social, através dos processos de interação social acaba por não se adaptarem 
as estruturas, e isso acaba gerando desajustes e conflitos. Os movimentos 
nasciam neste universo e eram vistos como elementos destrutivos a ordem 
social vigente. 
 
Guia de estudo: o homem como um ser social, na sua interação, mas com 
características diferentes, com pensamentos divergentes. Percebemos 
conflitos constantemente, entretanto com objetivos comuns, nessa linha de 
pensamento, como você compreende a formação dos movimentos sociais? O 
que eles representam em sua vida? Compartilhe no ambiente virtual. 
 
 
 
 
11 
 
MOVIMENTOS SOCIAIS: 
CONHECENDO OS ANTIGOS E 
NOVOS ATORES SOCIAIS 
1 
 
Conhecimentos 
Aprofundar estudos teóricos sobre as lutas coletivas e sua trajetória no 
Brasil, aprofundando estudos nos campos da educação popular e 
Ciências Sociais. 
 
 
Habilidades 
Desenvolver o espírito crítico no aluno, aproximando teoria e prática, 
para compreensão das demandas sociais na vida societária. 
 
 
Atitudes 
Capacitar os alunos para atuarem em ações sociais no coletivo 
tornando-os sujeitos sociais ativos e autônomos. 
 
 
 
 
1213 
 
Conceito de movimento social na bibliografia geral das 
ciências sociais 
A temática sobre os movimentos sociais surge como objeto de estudo 
junto com o nascimento da própria sociologia, onde defende uma necessidade 
de uma ciência da sociedade que se dedicasse ao estudo dos movimentos 
sociais. 
 No século XX, a temática passa a ser vista no universo dos processos 
de interação social dentro da “teoria do conflito e mudança social”. As doutrinas 
do interacionismo simbólico norteamericano viram os movimentos como 
problemas sociais, um fator de disfunção e ordem. Elas se preocupavam em 
entender o comportamento dos grupos sociais. 
 O grande ponto de destaque nos estudos clássicos é a ênfase na 
abordagem sociopsicológica. Formou-se uma tradição de se explicar o 
comportamento coletivo das massas por meio da análise de reações dos 
indivíduos. O sujeito era visto dentro de uma macroestrutura social. A grande 
questão era sua inadaptação aquelas estruturas, gerando desajustes e 
conflitos. 
Os movimentos nasciam neste universo, vistos como elementos 
destrutivos a ordem social vigente. As ideias Durkheimnianas da anomalia 
social permeavam as análises. Estas foram construídas sob a ótica do 
funcionalismo, a partir da análise estrutural funcionalista. 
 Em relação à produção de estudos específicos sobre os movimentos 
sociais, observa-se grande parte de produção até os anos 60 no estudo do 
movimento operário, particularmente nas lutas sindicais. 
 Portanto, a temática dos movimentos sociais é uma área clássica de 
estudo da sociologia e da política, tendo lugar de destaque nas ciências 
sociais. Não se trata de um tema dos anos 60, 70, 80. Ganharam maior 
visibilidade a partir dessas décadas, mas são muito anteriores a elas, na vida 
real e na teoria. Entretanto, o conceito tem sofrido historicamente, uma série de 
alterações. Nos anos 50 e 60, abordavam os movimentos no contexto das 
 
14 
 
mudanças sociais, vendo-os como fontes de conflitos e tensões, classificavam 
o movimento de forma dualista; religiosos seculares, reformistas 
revolucionários, violentos pacíficos. 
Na abordagem fundada no paradigma decorrente da teoria marxista, até 
os anos 50, o conceito de movimento social sempre esteve associado ao de 
luta de classes. Denominavam-se movimentos sociais; as guerras, os 
nacionalistas, as ideologias radicais, nazismo e fascismo. O principal sujeito 
desses movimentos era a classe trabalhadora, por isso a maioria dos estudos 
empíricos teve como objeto o movimento operário, os sindicatos e os partidos 
políticos. Não havia muita diferença entre movimento e organizações. 
 Na Europa, a onda dos chamados novos movimentos sociais (NMS), a 
partir dos anos 60, (de estudantes, de mulheres, pela paz, ecologia), deu 
origem ao novo paradigma da ação social e foi responsável pelo surgimento de 
abordagens que elegeram os movimentos sociais como tema central de 
investigação. Com enfoques metodológicos distintos, os pesquisadores 
criticaram as abordagens macroestruturais, que se detinham excessivamente 
na análise das classes sociais como categorias econômicas e criticaram os 
estudos clássicos marxistas, que só se preocupavam com as ações da classe 
operária e dos sindicatos deixando de lado as ações coletivas de outros atores 
sociais relevantes. 
É bom lembrar que muito antes da elaboração sistemática da teoria dos 
(NMS), no paradigma europeu, que surgiu no rastro da revisão das teorias 
marxistas, os movimentos sociais já tinham ganhado estatuto teórico de eixo 
temático na análise da realidade social na América. 
No final dos anos 70, e durante toda década dos anos 80, surge uma 
nova fonte de estudos sobre os (MS): dos países do Terceiro Mundo, que 
apresentaram novos atores, novas problemáticas e novos cenários 
sociopolíticos (mulheres, índios, negros, pobres). Mas a maioria dos estudos 
foram histórico descritivos. 
Chegamos então nos anos 80 com um panorama mundial das formas de 
manifestação de movimentos sociais bastante alterados. O desenvolvimento do 
 
15 
 
novo cenário passou por revoltas dos negros pelos direitos civis nos Estados 
Unidos, pela estruturação dos movimentos feministas, pela revolta contra as 
guerras e armas nucleares. 
Nos anos 90, altera-se todo o quadro sobre os (MS) tanto no ponto de 
vista das manifestações como na produção teórica. Na América Latina, 
deslocam as atenções para outro fenômeno social, as (ONGs). A categoria da 
ação social volta a ter centralidade nos estudos. No Brasil, as mudanças 
advindas com a globalização da economia e a institucionalização dos 
processos gerados no período da redemocratização levaram ao surgimento de 
um novo ciclo de movimentos e lutas, menos centrados na questão dos direitos 
e mais nos mecanismos de exclusão social. Os mecanismos de exclusão social 
e os obstáculos à construção de democracia, segundo os princípios da 
cidadania, foi outro tema que atraiu a tenção de analistas. 
A tendência predominante nos anos 90, na análise dos (MS), tem sido 
unir abordagens elaboradas a partir de teorias macrossociais a teorias que 
priorizavam aspectos micro da vida cotidiana. 
 
O que são movimentos sociais: questões conceituais 
Inicialmente, é preciso chamar atenção pelo entendimento sobre o que 
são Movimentos Sociais: são compreendidos como ações sociais coletivas de 
caráter sócio-político e cultural que desencadeiam distintas formas da 
população se organizar e expressar suas demandas (GOHN, 2003). Em sua 
maior expressão, são manifestadas por pressões diretas como mobilizações, 
marchas, concentrações até as pressões indiretas. 
Na atualidade, os principais movimentos sociais atuam por meio de 
rede sociais, locais, regionais, nacionais e internacionais, utilizando de novos 
meios de comunicação e informação, como a internet. Por isso, constroem 
práticas comunicativas, representando a construção de novos saberes, 
produtos dessa comunicabilidade. 
 
16 
 
Na realidade histórica os movimentos sempre existiram e sempre 
existirão, devido a sua força social organizada que unem as pessoas como 
campo de atividades e de experimentação social e estas, acabam se 
mostrando como fontes geradoras de criatividade e de inovações socioculturais 
(GOHN, 2003). 
Conforme a autora, citado por Touraine, assegurou que movimentos 
sociais são o coração, o pulsar da sociedade, eles expressam energias de 
resistência ao velho que os oprime e fontes revitalizadas para construção do 
novo. Energias sociais que antes dispersas são canalizadas e potencializadas 
por meios de suas práticas, o que Gohn chama de “Fazeres Propositivos” 
(2003,p.14). 
Entretanto, não pudemos ignorar que existem tipos de movimentos 
sociais conservadores, fundamentados muitas vezes, em xenofobias 
nacionalistas, religiosas, raciais, etc. A autora afirma que esse tipo de 
movimento social não querem as mudanças sociais emancipatórias, mas impor 
as mudanças segundo seus interesses particularistas, pela força, utilizando a 
violência como estratégia principal em suas ações. A intolerância existe e ela 
tem estado presente em movimentos fanáticos/religiosos. 
 
Xenofobia: Hostilidade; receio, medo ou rejeição direcionados a quem não faz 
parte do local onde se vive ou habita. 
 
Surgem também os movimentos nacionalistas, com suas ideologias 
não democráticas, geradoras de ódios raciais e atos terroristas. São 
movimentos construídos a partir de práticas limitadas e estreitas, destrutivas e 
que negam a ordem social. Não representa movimentos abertos a participação 
de qualquer cidadão porque existem códigos, crenças, valores e ideologias 
específicos deles. A autora demonstra como exemplo, o que ocorreu em 11 de 
setembro de 2001, nos Estados Unidos da América pelos terroristas. 
 
17 
 
Já os movimentos sociais progressistas atuam segundo uma agenda 
libertadora, realizam análises sobre a realidade social e constroempropostas. 
Agem em redes, articulam ações coletivas que atuam como resistência 
à exclusão e lutam pela inclusão social. Eles constituem e desenvolvem 
capacidades e poder de atores da sociedade civil organizada, no momento que 
criam sujeitos sociais para a ação em rede. As redes são estruturas da 
sociedade atual globalizada e informatizada. Elas se referem a um tipo de 
relação social e atuam segundo objetivos estratégicos, produzindo articulações 
com resultados relevantes para os movimentos sociais e para a sociedade civil 
em geral (GOHN, 2003). 
A autora explica que existem redes de diferentes tipos são elas: 
Sociabilidade: (encontradas em nosso cotidiano a partir das relações por 
laços familiares, de amizade, etc.); 
Redes locais: (presentes no associativismo civil local, produzidas pela 
territorialidade de um bairro ou comunidade, exemplo; associações 
comunitárias); 
Redes virtuais: via online (que tercem as relações do movimento 
antiglobalização, exemplo: redes temáticas específicas, como as das mulheres 
ou das entidades que atuam sobre questões de gênero); 
Redes socioculturais: (firmadas por heranças ou características étnicas, 
religiosas, ocorridas da tradição ou práticas sociais presentes); 
Redes geracionais: (de jovens e de idosos); 
Redes históricas: (que cultuam a memória de um líder, de um ator ou cantor 
famoso, etc.); 
 
18 
 
Redes de governança: (que tentam articular a experiência de inovações da 
gestão pública, como os Fóruns das prefeituras que adotam o orçamento 
participativo); 
 Redes de entidades afins, como as redes de (ONGs). 
Nesse novo milênio, os movimentos sociais estão retornando à cena e 
à mídia. Neles destacam-se quatro pontos: 
1-As lutas de defesas das culturas locais contra os efeitos assoladores 
da globalização, numa tentativa de reconstruir um novo padrão de civilidade, 
orientado para o ser humano e não para o mercado; 
2- Exigência pela ética na política e cuidado sobre a ação estatal/ 
governamental. Acaba orientando a população para prestarem mais atenção 
para o que deveria ser dela e que está sendo desviado; 
3- Os movimentos têm coberto áreas do cotidiano de difícil penetração 
por outras entidades e instituições do tipo partido políticos, sindicatos e igrejas, 
fortalecendo aspectos subjetivos das pessoas relativos a sexo, crenças e 
valores, etc.; 
4- Os movimentos construíram uma compreensão sobre a questão da 
autonomia, diferente do que existia nos anos 80. Conforme Maria da Glória 
Gohn (2003), atualmente, ter autonomia não é ser contra tudo e todos, ou estar 
isolado e de costas para o Estado, atuando no limite do instituído, e sim, ter 
autonomia é principalmente, ter planos estratégicos a partir de um projeto 
coletivo e pensar os interesses desse coletivo, envolvidos com uma 
autodeterminação. É termos metas e programas, com olhar crítico e com 
proposta de resolução para os problemas e conflitos envolvidos nas realidades, 
onde o grupo está inserido, com flexibilidade para provocar a inserção dos que 
ainda não participam e tem desejo de participar e de mudar as coisas da forma 
como estão. É tentar tornar universal as necessidades particulares, fazer 
política, vencendo os desafios dos localismos. Ter autonomia é privilegiar a 
cidadania, construindo-a, resgatando-a, onde foi contaminada. Por fim, ter 
 
19 
 
autonomia é ter pessoas capacitadas para representar os movimentos e 
negociações nos fóruns de debates. 
O novo associativismo 
Conforme Gohn (2003), o associativismo que mais predominou nos anos 
90, originou de mobilizações pontuais a partir de centros de militantes que 
defendem uma causa e seguindo as diretrizes de uma organização. Já as 
mobilizações de massa se fazem a partir do acolhimento a uma solicitação feita 
por alguma entidade plural, fundamentada em objetivos humanitários e a partir 
da realidade local, onde a mobilização acontece independente de laços 
anteriores de pertencimento, o que não ocorre com o associativismo de 
militância político ideológica. 
 
O novo associativismo é mais propositivo, operativo e menos 
reivindicativo e mais estratégico. O conceito básico que fundamenta esse tipo 
de associativismo é o de Participação Cidadã, compreendida por um conceito 
amplo de cidadania que não se restringe ao direito ao voto, mas constrói o 
direito à vida do ser humano como um todo. Existe também outro conceito, de 
cultura cidadã, finalizado em valores éticos universais, impessoais. Uma 
concepção democrática que visa fortalecer a sociedade civil apontando 
caminhos para a construção de uma nova realidade sem desigualdades e 
respeitando as diversas realidades culturais. Veja o que diz a citação a seguir: 
 
A Participação Cidadã envolve direitos e deveres diferente da 
concepção neoliberal de cidadania que exclui os direitos e só 
destaca os deveres, vendo o cidadão como um mero cliente de 
um mercado ou um usuário de um serviço prestado. Os 
deveres na perspectiva cidadã articulam-se a ideia de 
civilidade, a concepção republicana de cidadão (GOHN, 2003, 
p. 18). 
 
A comunidade é tratada como sujeito ativo construtor dos programas e 
participante na própria intervenção social das políticas públicas. Para que 
aconteça a participação cidadã, os sujeitos de um território necessitam de uma 
 
20 
 
organização e mobilização com ideários mesmos em sua unidade e 
diversidades possam ser articulados. 
Ainda nos anos 90, surgiram outros novos conceitos, gerados no interior 
de outros movimentos sociais, como a cidadania planetária, sustentabilidade 
democrática, participação cidadã, etc. (cf. Sousa Santos, 2000; Scherer-
Warrem, 1999; Gohn, 2001). Esses conceitos indicam que se devem respeitar 
as diferenças culturais, os valores, hábitos e comportamentos, de grupos e 
indivíduos, pertencentes a uma sociedade globalizada pela economia e pelas 
diversas interações midiáticas dadas pela TV, internet e outros. 
 
Categorias teóricas utilizadas na produção brasileira a partir 
dos anos 70. 
 
 Vamos mostrar nesse momento, um mapeamento das produções 
bibliográficas brasileiras dos movimentos urbanos no final do século XX. Um 
dado muito importante que apontamos é que a maioria dos estudos realizados 
nos anos 80 e 90 houve declínio do interesse pelo estudo dos movimentos em 
geral e principalmente pelos populares. 
 
 Mudanças substanciais na política em plena República no Brasil 
provocam contradições da sociedade e fazem com que os profissionais das 
áreas sociais (educadores, sociólogos, antropólogos e outros) tenham 
interesse pela temática. 
 
 Já nos anos 90, a centralidade da maioria dos estudos passa a serem as 
redes de (ONGs) e os mecanismos institucionais da democracia participativa. 
 
 No final dos anos 70, no Brasil, os novos movimentos sociais, 
movimentos populares urbanos, ganham peso. Era representações ligadas a 
igreja católica articulada com a teologia da libertação. Tinham um jeito diferente 
de se articular, de organizar a comunidade local. A categoria trabalhada era 
autonomia como uma estratégia política por detrás dos movimentos populares. 
 
21 
 
 Matrizes de socialismo libertário do século passado, assim como o 
anarquismo, estavam embutidas e geravam concepções contraditórias. O 
anarquismo foi um movimento de revolta do passado pré-industrial contra o 
presente, que rejeitava a tradição, a religião e a igreja, o Estado e a burocracia 
e defendia as causas do progresso, da ciência e da tecnologia. Acreditavam 
nos processos educacionais como mola propulsora do progresso. Retomava 
propostas do iluminismo e rejeitava qualquer autoridade, pregando o socialismo 
libertário. 
A abordagem do paradigma marxista enfatiza mais os aspectos 
estruturais e analisa questões de reprodução da força de trabalho, do consumo 
coletivo, da importância estratégica dos movimentos para mudanças no próprio 
estado capitalista. A relação dos movimentoscom o Estado era vista em 
termos de incompatibilidade e aversão. 
As mudanças na conjuntura da política no início dos anos 80 vieram a 
alterar o panorama. No campo popular começou a questionar o caráter novo 
dos movimentos populares. No campo das práticas, iniciou-se o interesse por 
outros tipos de movimentos sociais, tais como o das mulheres, os ecológicos, 
os dos negros, índios, etc. eles ganharam expressão nesta época, embora já 
fossem lutas antigas. 
A exibição desses novos estudos delimitou duas novidades: uma nova 
concepção para o novo e uma divisão paradigmática. O novo passou a ser 
referência para movimentos que suas necessidades estavam pautadas no 
campo dos direitos sociais tradicionais (a vida, alimento, moradia...), para a 
igualdade e liberdade. 
O denominador comum nas análises dos novos movimentos sociais no 
Brasil foi à abordagem culturalista, em sobrepondo a marxista, presente com 
maior força na análise dos movimentos populares. Toda a ênfase estava na 
identidade dos novos atores políticos. O dilema aqui passou a ser outro; 
enfatizar mais o aspecto das mudanças socioculturais ou as transformações 
políticas que os movimentos poderiam gerar (GOHN, 2005). 
 
22 
 
Conforme a autora, no inicio da década de 80, novos tipos de 
movimentos foram criados, fruto da conjuntura política econômica da época. 
Foram os movimentos dos desempregados e das diretas já, que se definiam no 
campo da ausência do trabalho e na luta pela mudança do regime político 
brasileiro, relativas ao plano moral, da ética na política. O das diretas já, por 
exemplo, surgiu no momento de pico de um ciclo de protestos, contra o regime 
militar e a política excludente de desemprego que demarcou um novo ciclo de 
protestos. 
Abordagens nos anos 70 e 80 no Brasil até a atualidade 
 
No final da década de 70 e partir da década de 80, os movimentos 
sociais populares ficaram famosos e representaram articulações dos grupos de 
oposição ao regime militar, especificamente pelos movimentos de base cristã, 
sob a inspiração da Teologia da Libertação (GOHN, 2003). 
 
Inicialmente, houve uma diminuição das manifestações nas ruas que 
eram visíveis aos movimentos populares nas cidades. Alguns analistas 
detectaram que eles estavam em crise por não mais existir o regime militar. 
São diversas as causas das desmobilizações. É fato que nos anos 70 e 80, os 
movimentos cooperaram para as aquisições de novos direitos sociais, que 
foram inscritos em leis da Nova Constituição Brasileira de 1988. 
 
A partir de 1990, ocorreram outras formas de organização popular, mais 
institucionalizadas, como a constituição de Fóruns Nacionais de Luta pela 
Moradia, pela Reforma Urbana, pela Participação Popular, etc. Esses fóruns 
colocaram a prática de encontros nacionais gerando diagnósticos dos 
problemas sociais e criando estratégias de resoluções. 
 
Outro fato que marcou os anos 90, em relação ao organizativo, foi à 
criação da Central dos Movimentos Populares, que estruturou vários 
movimentos populares em nível nacional, como exemplo, a luta pela moradia. 
 
 
23 
 
A ética pela política foi um movimento ocorrido nos anos 90 e teve 
grande importância histórica, porque contribuiu, para a destruição do processo 
democrático, de um Presidente da República por atos de corrupção, o que 
nunca havia acontecido no país. Ele também contribuiu para o ressurgimento 
do movimento dos estudantes com o novo perfil de atuação, as “caras 
pintadas”. 
 
À medida que as políticas neoliberais avançaram surgiram outros 
movimentos sociais como: contra reformas estatais, a Ação da Cidadania 
contra a fome, movimentos de desempregados, etc. 
 
 Surgiram outros movimentos no contexto de crescimento da economia 
informal. Muitas ações apareceram como respostas às crises socioeconômicas, 
agindo mais nos grupos de pressão do que nos movimentos sociais 
estruturados. Conforme Gohn (2003), os atos e manifestações pela paz, contra 
a violência urbana também são exemplos dessa categoria. Se antes, a paz se 
sobrepõe a guerra, hoje ela é almejada como necessidade ao cidadão/cidadã 
comum, em seu cotidiano. 
 
Também os grupos de mulheres foram organizados nos anos 90, em 
função da sua participação política, criando redes de conscientização de seus 
direitos e frentes de lutas contra discriminações. O movimento dos 
homossexuais também ganhou impulso. Os jovens geraram inúmeros 
movimentos culturais, especialmente na área da música, destacando temas de 
protesto. 
 
Enfatizamos três outros movimentos sociais importantes na década de 
90: dos indígenas, dos funcionários públicos e especialmente das áreas de 
educação e saúde, e dos ecologistas. 
 
No início deste milênio há ainda um movimento que está em 
crescimento, que é o movimento contra a violência urbana, especialmente nos 
grandes centros urbanos. Representam o alvoroço da Sociedade Civil na área 
da segurança pública, na busca de proteção à vida do cidadão no cotidiano. 
 
24 
 
Conforme a autora, pesquisas de opinião pública estão demonstrando 
que a segurança está passando a ser o principal item de demanda da 
população, maior do que o medo do cidadão ficar desempregado. Os 
movimentos contra a violência, nos centros urbanos, são mais focalizados, pois 
partem de grupos e ações localizadas, motivados por perdas de entes 
queridos, passam a criar redes e mobilizam as associações comunitárias dos 
bairros. 
 
E o que aconteceu com os movimentos populares que nos anos 70 e 80, 
sumiram? Não, sempre foram heterogêneos em termos de temáticas e 
demandas. O que integra o universo de suas demandas são as carências 
socioeconômicas. Nos anos 90, eles criaram e desenvolveram redes com 
outros sujeitos sociais (no campo sindical, campo político partidário, campo 
religioso, campo das ONGs). Os movimentos populares criaram e fortaleceram 
a construção de redes sociais. 
 
Ocorreram alterações profundas no cotidiano da dinâmica interna dos 
movimentos populares. Saíram do nível das reivindicações para um nível mais 
operacional, propositivo, incorporando novas práticas. Seus discursos 
alteraram em função da mudança da conjuntura. Ajudaram a construir novos 
caminhos de participação, não se tratando mais de ficarem em oposição ao 
Estado. Como exemplo temos os Fóruns e a institucionalização de espaços 
públicos importantes, como os diferentes conselhos, criados nas esferas 
municipais, estaduais e nacional. 
 
A autora assinala que, 
 
Resulta desse processo uma identidade diferente, construída a 
partir da relação com o outro, e não centrada exclusivamente 
no campo dos atores populares. Esse outro estava presente 
nos relacionamentos desenvolvidos com novas formas de 
associativismo emergente, interações compartilhadas com 
ONGs e a participação das políticas públicas (GOHN, 2003, p. 
24). 
 
 
25 
 
Ainda fazendo parte dos movimentos populares urbanos, a luta pela 
moradia continuou a ter a importância. Uma parte dela tornou-se 
institucionalizada, atuando no plano jurídico, obtendo resultados importantes 
como o estatuto da Cidade. Outra parte migrou com suas assessorias para as 
ONGs, participando de projetos institucionais, por exemplo, projetos de 
reurbanização. Uma terceira parte inovou suas práticas seguindo o modelo de 
movimento popular rural: realizando ocupações, não mais de áreas vazias, mas 
ocupando prédios públicos e privados, ociosos ou abandonados, nas áreas 
centrais das grandes cidades. 
 
A quarta categoria de luta pela moradia foi representada pelos 
moradores de rua, vivendo sob pontes, marquises, praças. Esses moradores 
aumentaram significativamente nos anos 90, em termos de número e locais de 
ocupação. Trabalhar em favor da organização de moradores de rua é muito 
difícil, porque eles mudam muito de locais e não têm trabalho fixo. 
 
Conforme Gohn (2003), muitos desses moradores foram angariados 
pelo MST (Movimento dosTrabalhadores Rurais Sem Terra) para fazer parte 
dos seus acampamentos e ocupações rurais. O MST é o mais famoso dentre 
os 20 movimentos sociais populares rurais do Brasil na atualidade. Os 
movimentos rurais tiveram, nos anos 90, mais visibilidade e importância política 
que os movimentos sociais populares urbanos. 
 
Outro movimento que teve sua importância foi o popular da saúde, com 
representações em Conferências Nacionais de Saúde e nos Conselhos de 
saúde no qual existia a representação dos usuários. Ainda, existiram os 
movimentos dos transportes, das creches da educação, ambientalistas, dentre 
outros. 
 
A partir dos movimentos citados e analisados, observamos que o perfil 
dos movimentos sociais foi alterado pela própria mudança da conjuntura 
política, na qual se redefiniram em função das mudanças. Foram vítimas dessa 
conjuntura que através das políticas neoliberais, acabaram que enfraquecendo 
os setores organizados. 
 
26 
 
 
Por esse motivo os movimentos dos anos 90, passaram a atuar em rede 
e em parceria com outros atores sociais dentro da institucionalidade redefinido 
suas relações para continuarem atuando em busca da igualdade e inclusão 
social. 
 
 
 
 
27 
 
EXCLUSÃO SOCIAL NA 
SOCIEDADE CAPITALISTA 
2 
 
 
Conhecimento 
 
Desenvolver no aluno a partir dos estudos teóricos, uma análise histórica dos 
processos sociais ligados à pobreza, trabalho e exclusão. 
 
 
 
Habilidades 
 
Preparar os alunos para o enfrentamento das situações sociais vigentes em 
nosso País como possibilidade de construção da civilidade humana. 
 
 
Atitudes 
 
Provocar o espírito de participação e cidadania ativa ligada a noção dos 
direitos, como possibilidade para alcançar patamares mínimos de uma 
sociedade mais justa e igual. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
O início do processo de exclusão social 
 
 Atualmente, existem muitas discussões sobre exclusão social, as suas 
causas e suas consequências relativas aos processos de transformações 
econômicas, sociais e políticas. Hoje a problemática da exclusão é colocada e 
debatida no seu conceito, como se esta, fosse uma situação recente da 
atualidade, só que a temática da exclusão, pertence a vários períodos da nossa 
história, vem desde a antiguidade, representada pelo humanismo, passando 
pela burguesia mercantil, depois pela revolução industrial onde surgem as 
classes trabalhadoras e daí, caímos no capitalismo, no neoliberalismo e no 
processo de globalização econômica. Todo este percurso histórico reflete o 
problema das desigualdades e da busca dos direitos da humanidade. 
Desde a antiguidade, já se buscava a consciência dos valores humanos, 
até mesmo, na época do humanismo, esses valores foram distorcidos e os 
trabalhadores sofreram humilhações e exclusões. Foi sob a inspiração dos 
valores humanos fundamentais que ocorreram as revoluções burguesas, nos 
séculos XVII e XVIII, onde acreditaram que através da imposição de limitações 
ao poder pessoal dos governantes e a eliminação de privilégios da nobreza, 
dariam lugar a uma nova ordem social justa, uma sociedade de pessoas livres 
e iguais. O que não aconteceu, pois houve uma tremenda distorção em relação 
à liberdade e igualdade dos direitos do cidadão. Para quem era nascido na 
pobreza, esses não tiveram direitos sobre esta liberdade e igualdade. A marca 
da sociedade do século XVIII foi à supremacia absoluta para a riqueza material, 
privilégios políticos e sociais para os detentores do poder e egoísmo em lugar 
de fraternidade e solidariedade, criando distâncias enormes entre o pobre e o 
rico. 
A aprovação da declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, 
além de representar um grito de protesto representou também, a rejeição do 
individualismo egoísta e do materialismo disfarçado implantado no fim do 
século XVIII, onde utilizaram o rótulo do liberalismo, mas na verdade só 
cuidaram da liberdade dos privilegiados economicamente. 
 
30 
 
Só que através dessas transformações econômicas, a própria sociedade 
começa a questionar como está a humanidade dentro desse perfil conflituoso, 
e então começa a buscar com muita clareza a dignidade da pessoa humana. 
Desse modo, os valores essenciais na vida do homem foram colocados em 
primeiro plano. Dalmo Dallari (1998) afirma que, “é no contexto dos conflitos 
entre as diferenças econômicas, políticas e sociais, que nasce a necessidade 
de mudanças em uma determinada realidade de uma sociedade”. 
Já no século XVIII, houve a marca do capitalismo, que formou uma 
sociedade destrutiva e excludente. 
Só que a economia capitalista continuou forte e provocou um processo 
de conflitos, fazendo aparecer o Estado de bem-estar social. Esse Estado 
benfeitor possibilitou, principalmente na Europa Central, a oferta de serviços 
públicos, garantia de empregos e redistribuição de renda. Mas existiu uma 
contradição no Estado de bem-estar; ao atender os interesses dos burgueses, 
a fim de impedir a eclosão das constantes crises no modelo capitalista, 
possibilitou também, a organização dos trabalhadores na Europa. No Brasil 
esta situação foi bem mais diferente. 
Surge então o neoliberalismo, onde o Estado deixa de intervir na 
economia e no social transferindo a responsabilidade para a sociedade civil e o 
desemprego surge como consequência normal desse processo econômico. 
Com o surgimento da globalização da economia, tudo piora em relação 
aos direitos humanos. O (FMI) e o Banco Mundial realizam acordos 
internacionais. Esta globalização parece supor uma posição de igualdade entre 
todos (países, empresas e indivíduos), mas tudo é uma grande ilusão. Ela 
influenciou bastante para o crescimento da desigualdade entre países, tanto os 
emergentes como os de primeiro mundo, fazendo surgir uma “nova pobreza”, 
sendo o desemprego sua face mais visível. 
Sendo assim, existem três elementos teoricamente distintos, mas que se 
relacionam e se reforçam para produzir o desemprego, sua precarização e as 
quedas dos salários e consequentemente a desigualdade e a exclusão, são 
 
31 
 
eles: o processo de reestruturação produtiva, o neoliberalismo e o processo de 
globalização. 
 Estamos tentando explicar toda esta polêmica em torno da exclusão na 
contemporaneidade, baseada não numa visão conceitual ligada ao modismo 
que está sendo tão usado atualmente, mas numa visão mais realista, onde o 
conceito estará ligado à própria prática vivencial da humanidade, onde Demo 
(2002) citado por Paugam, explica esta polêmica da seguinte forma “o sucesso 
da noção de exclusão é (...), em parte, ligado à tomada de consciência coletiva 
de uma ameaça que pesa sobre franjas cada vez mais numerosas e mal 
protegidas da população” (PAUGAM, 1996, p.15). 
A exclusão passa a ser um fenômeno típico da atual fase do capitalismo 
(globalização neoliberal), onde o setor social não consegue se integrar no 
desenvolvimento capitalista. 
Na educação, o processo de exclusão também está presente, onde o 
capitalismo provoca a promoção da educação para a qualificação do trabalho. 
A cartilha neoliberal indica a reorientação do modelo educacional, onde a 
educação passa a ser vista como um bem a ser consumido, baseada numa 
proposta de mercantilização da educação, comprometendo o desenvolvimento 
político ideológico da humanidade, promovendo a total ignorância e submissão. 
Uma nação que se submete às decisões das maiores potências 
mundiais, haja visto que o sistema educacional não passa de um produto de 
importação de sociedades dominantes, do que um resultado de um 
desenvolvimento originário e relativo a seu povo, logo, a educação é uma 
condição necessária, mas, não suficiente para o desenvolvimento e para a 
cidadania. 
Exclusão social e a nova desigualdade: ressignificando o 
conceito 
José de Souza Martins (1997) comenta que a discussão em torno da 
exclusãosocial nesta atualidade, expressa uma rotulação de conceitos, que ao 
invés da palavra expressar uma prática rica, ela acaba induzindo a uma prática 
 
32 
 
pobre, onde alguns teóricos da exclusão desenvolvem uma luta vazia em torno 
dos significados, sem raiz na prática dos que lutam pela vida, “uma ação que 
se reduz ao discurso que não se nutre do vivido”. Que a ideia de exclusão é 
pobre e insuficiente, onde se discute a exclusão e deixa de se discutir as 
formas de pobres, as formas indecentes de inclusão. 
Consequentemente, surge uma conceituação rotuladora, onde os 
militantes envolvidos na batalha pedagógica pela luta da igualdade social, 
através de seu idealismo, não derivam os conceitos da práxis, mas procuram 
fazer da práxis a realização dos conceitos, provocando uma “coisificação 
conceitual”. 
 Para conceituar exclusão, o autor, tenta fazer uma leitura da realidade 
reflexiva, sem pré-julgamentos e sem arrogância. Pretendem descobrir os 
significados ocultos e ocultados, os mecanismos invisíveis da produção de 
miséria, do sofrimento e das privações. Em seu livro, Exclusão Social e a Nova 
Desigualdade, tem o objetivo de nos propor a ideia de que a reflexão crítica é 
que situa o nosso agir no processo histórico, e que sem isso, a ação se torna 
um equívoco. 
 Adota uma linha de trabalho baseado numa perspectiva sociológica 
política, antieconomicista, onde provoca uma reflexão política entre sociedade 
e o Estado, defendendo que este é o âmbito de reivindicação de exigências 
dos direitos sociais, das vítimas da exclusão. 
 Colocam em discussão dois pontos; o primeiro, que não existe exclusão 
e o segundo, o que chamam de exclusão, são dolorosas situações de 
ajustamento econômico, social e político, decorrentes da mesma. E essas 
vítimas através dos conflitos, proclamam pelo seu inconformismo, sua revolta e 
seu mal-estar. A própria população está construindo, uma alternativa 
includente, que provoca a necessidade de resolver, de criticar. Falamos das 
necessidades radicais, desenvolvida pelo sociólogo francês Henri Lefebvre, 
que explica: “são necessidades que derivam das contradições insuportáveis, 
ajustando-as de acordo com as necessidades do homem e não as 
conveniências do capital”. 
 
33 
 
 Martins defende a fetichização da ideia de exclusão, onde todos os 
problemas sociais passam a ser atribuídos mecanicamente a exclusão. Sendo 
assim, esta, passa a ser um momento de percepção que cada um pode ter e 
traduzir em privação; privação de emprego, de participação do mercado de 
consumo, de bem-estar, de direitos, de liberdade, de esperança, é o que 
chamamos vulgarmente de pobreza. 
Fetichismo: Ocultismo. Culto aos objetos tidos como poderosos e/ou 
sobrenaturais; Ação de estar do lado de alguém, contra uma terceira pessoa, 
sem se importar com a verdade. 
 
 Hoje, esta privação é mais do que econômica, existe nela certa 
dimensão moral, onde a nova pobreza já não oferece alternativa a ninguém, 
onde o valor do trabalho mudou e vai sendo desmoralizado, deixando de ser de 
integração positiva na sociedade atual. É o que o autor chama de inclusão 
marginal. 
 As políticas econômicas atuais, no Brasil, com o modelo neoliberal, 
implicam esta inclusão, que não são políticas de exclusão. Cria-se então, uma 
sociedade dupla, como se fossem dois mundos que se excluem 
reciprocamente; parecidos na competição, mas não são parecidos nas 
oportunidades. Uma nova sociedade não mais gerada pelo aparecimento das 
classes sociais, pois resulta no fim das possibilidades de ascensão social. Esse 
momento da passagem de exclusão para o momento de inclusão está se 
transformando em um modo de vida e está criando uma grande massa de 
população sobrante. 
 Além da inclusão marginal, produz também a reinclusão ideológica no 
imaginário da sociedade de consumo. Surge o que o autor chama de “estado 
de drogado”, o moderno colonizado, o homem que já não sabe ser um 
verdadeiro igual, mas que se sente feliz porque pode imitar os ricos e os 
poderosos, confundindo o falso com o verdadeiro, pensando que nisso está à 
igualdade. Esta é uma sociedade da imitação, do falso novo, que não mais 
cede lugar a invenção, a criação, a revolução, prevalecendo à perda da 
capacidade de cultivar a inteligência crítica. 
 
34 
 
 Martins (1970) coloca que, esse “estado de drogado” está se 
proliferando facilmente como substituto manipulável e mercantilizado do sonho. 
 Ele defende que é aí que se revela o que de fato deve ser objeto de 
crítica e de combate por parte daqueles que não perderam a dimensão da 
humanidade do homem, como o grande projeto dos que tem sede de justiça. 
 Sendo assim, a compreensão da realidade social exige das ciências 
sociais um esforço permanente de crítica dos conceitos utilizados nas análises 
da sociedade. Espera-se que, frente às alterações que estas realidades sociais 
vêm sofrendo ao longo do tempo, façam emergir novos conceitos que melhor 
se relacionem às mudanças, dando lugar à forma como os problemas sociais 
se manifestam ou nos fatores que os determinam. 
 
O papel do educador social na condução do processo de 
inclusão, integração e participação das comunidades. 
 
O contexto político-social e econômico do Brasil no final dos anos 80, 
influenciado pela política social europeia, impôs ao Brasil situações 
desconfortáveis e comprometedoras de seu processo de desenvolvimento 
social. É que neste período, nosso país começa a apresentar complexas 
feições características da globalização com consequências negativas para a 
sociedade. É que o processo de globalização tem o poder de provocar 
diferentes situações de desigualdades sociais. Tal processo tem afetado as 
mobilizações e organizações sociais no cotidiano da realidade dos movimentos 
sociais, contribuindo para a ampliação das desigualdades e exclusões sociais, 
associadas à perda dos direitos sociais e trabalhistas. 
 
Com isso, está ocorrendo um crescente aumento de projetos voltados 
para o atendimento aos múltiplos aspectos das condições de vida da 
população brasileira. Entretanto, um significativo contingente de atores sociais 
tem se utilizado dessa realidade política e social, para desenvolver ações que 
favorecem poucas interferências na transformação da sociedade. Porém, 
muitas vezes, esses projetos sociais revelam interesses de classes, 
 
35 
 
beneficiando aos grupos sociais favorecidos e negligenciam aos interesses 
comunitários. Assim reforça a continuidade das práticas, a reprodução das 
desigualdades e manutenção do poder dominante. 
 Nesta compreensão, o educador social engajado na luta pelas 
transformações da realidade concreta, exerce papel fundamental na construção 
de novos caminhos históricos, atuando sobre as causas que originam os 
problemas, buscando medidas preventivas, atentando para a elaboração de 
projetos sociais que respondam às necessidades do coletivo, a partir do 
comprometimento dos sujeitos sociais em busca de objetivos comuns que, ao 
longo do processo histórico, consiga erradicar as desigualdades e as exclusões 
sociais existentes. Somente assim, justificam-se as preocupações com a 
ampliação do índice de ONGs, associações diversas. Caso contrário nada de 
novo ocorrerá no cenário brasileiro. 
 Logo, a atuação dos projetos sociais deve assumir a forma de uma 
atuação preventiva, e para tal, deve atuar sobre as causas. Pensando na 
atuação social com esta orientação, no sentido de prevenção e erradicação das 
desigualdades e desvantagens nas nossas sociedades, devemos ter bastante 
cuidado e estar atentos aos objetivos e instrumentos para a realização dos 
projetos sociais. 
Sendo assim, os projetos sociais podem ser indutores de novas políticas 
públicas e são frequentes as intervenções da política social, que têm em suas 
atuações a preocupação em resolver e integrar a dimensão dos direitos sociais, 
a fim de reduzir as situações de carênciae atuações inclusivas de integração 
social, políticas que tenta proporcionar ao beneficiário, meios que lhe permitam 
reinserir-se na sociedade, seja pela participação no mercado de trabalho ou em 
outras formas de participação, voltadas para o atendimento às necessidades 
coletivas. 
Ao mesmo tempo em que a sociedade civil, com sua heterogeneidade, 
vem se fortalecendo e desenvolvendo novas formas de organizações (não 
governamentais, redes, entre outras), torna-se protagonista da ação social, 
atuando de forma direta nas questões sociais e também participando 
 
36 
 
ativamente de políticas públicas, formando um ambiente que produz efeitos 
educativos. 
 Já no contexto educacional, dentro de uma perspectiva pedagógica de 
estruturação, mobilização e conscientização da comunidade torna-se 
fundamental, a presença do educador social. Ele se apresenta como 
interventor da realidade com seus problemas, daí sua importância nesta ação. 
O educador social favorece ao desenvolvimento de uma consciência crítica de 
caráter intencional para a produção de impactos e iniciativas e sua ação deve 
ser permeada pelos valores humanistas. São esses valores que, atualmente, 
estão sendo priorizados pela comunidade comprometida com a construção da 
sociedade justa e igualitária. 
Desse modo, o ambiente social, político e cultural vai implicando na 
geração sempre mais, de processos educativos. Firma-se então, que na 
sociedade estão presentes novos processos educativos informais, 
espontâneos, difusos, envolvendo práticas de socialização. 
Por fim, a análise dos fenômenos sociais deve ser consistentemente 
bem alicerçada num conjunto sólido de conceitos, acompanhada de reflexão 
crítica sobre adequação desses projetos sociais sob os fenômenos analisados, 
devendo este trabalho social ser reavaliado e reajustado a nossa realidade, de 
forma continuada, exigindo uma constante revisão de sua práxis para que 
possam proporcionar bons resultados. O êxito, neste sentido, será alcançado 
em face da possibilidade concreta de realizar mudança e transformação social. 
A Pedagogia Social está referenciada como uma política que atua numa 
formação para atuação na área social na intervenção, propiciando a criação de 
ações orientadas e intencionais. O objeto da Pedagogia Social é a própria 
intervenção na realidade social, numa análise da sociedade e do indivíduo. A 
expansão da ação da pedagoga social ocorre na educação não formal, é o 
conjunto de processos, meios e instituições específicas, organizadas em 
função de objetivos explícitos de formação e instrução que não estão 
diretamente vinculados à obtenção de graus próprios do sistema educativo 
 
37 
 
formal. É diferente da escola, mas é uma ação com planejamento e com 
intenção e organização para o aprendizado. 
No Brasil, um exemplo é a Educação Popular que em 1960, na qual o 
educador Paulo Freire com a Educação de Jovens e Adultos teve notável 
influência com as campanhas de alfabetização e formação política. 
Então, se nos anos 1960 e 1970, os movimentos populares foram 
marcados pela luta de contestação ao sistema contra a concentração de 
riqueza, de poder, de injustiça, do autoritarismo, os anos 1980 trazem à cena 
agentes sociais com nova natureza, nova lógica. Surgem lutas específicas de 
mulheres, jovens, negros, ecologistas, todos em defesa da conquista de suas 
identidades culturais e da igualdade dos direitos; lutas que apontam para um 
modelo de democracia, que permita a convivência com as diferenças e redução 
de desigualdades. Já os anos 1990, caracterizaram-se pela exacerbação do 
eu, do desejo, da subjetividade, da descrença política, do recuo aos 
movimentos sociais, favorecendo o surgimento do liberalismo e o 
fortalecimento do capitalismo. 
Para alguns estudiosos na atualidade, a tarefa mais importante da (EP) 
é a de reconstituir criticamente a linguagem popular para a libertação. O 
problema expresso diante de tal ação comunicativa é que muitas das suas 
deformações, obstáculos para o sucesso dos diálogos, existem porque ocorrem 
numa sociedade desigual e estas deformações advêm de mecanismos que 
legitimam a dominação, impedindo a problematização dos discursos interativos. 
Os processos educativos, sejam formais ou não formais, contribuem 
para o repensar das relações de trabalho, seja no processo de convivência 
social, seja na produção de sua sobrevivência e afirmação, seja na relação 
com a natureza ou com os demais seres humanos, o homem elabora 
conhecimento, processa educação, aprende e desenvolve capacidades. 
 
 
38 
 
 
 
39 
 
EDUCAÇÃO E MODERNIDADE: 
DIMENSÕES DA PRÁTICA 
EDUCATIVA 
3 
Conhecimentos 
Conhecer as modalidades da prática educativa (informal, não formal e formal) 
para formação profissional do educador nessa atualidade com um olhar 
ampliador no campo profissional, abrangendo além dos conteúdos teóricos e 
práticos, valores e atitudes para viver e se desenvolver. 
 
Habilidades 
Preparar o aluno para atuar como educador nas diversas dimensões 
educativas nos múltiplos contextos da prática social do pedagogo com 
capacidade para realizar ações competentes. Formar um profissional 
qualificado para atender as demandas socioeducativas do tipo formal, informal 
e não formal. 
 
Atitudes 
Provocar no aluno uma formação pedagógica para construção de sujeitos 
autônomos, solidários e participativos, com atitudes transformadoras, tomando 
agentes educativos conforme a instância que operem, atuando com novas 
metodologias e linguagens. 
 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
Diferença entre pedagogia e educação 
 
 A pedagogia está ligada aos processos educativos, aos métodos, 
maneiras de ensinar, tendo um significado mais amplo: é uma diretriz 
orientadora da ação educativa. O pedagógico refere-se a finalidades da ação 
educativa. A pedagogia se ocupa do estudo sistemático da educação, ou seja, 
do ato educativo, da prática educativa. Estabelece-se pelos processos 
formativos. Ocorrem nas instituições, na família, trabalho, rua, e meios de 
comunicação. Por isso, existem diferentes manifestações e modalidades de 
prática educativa (formal informal e não formal). 
 A educação informal são ações e influências exercidas pelo meio, pelo 
ambiente sociocultural, através das relações dos indivíduos e grupos que não 
estão ligadas a uma instituição, nem são intencionais e organizadas. Já a 
educação não formal, é realizada em instituições educativas fora dos marcos 
institucionais, mas com certo grau de sistematização e estruturação. A 
educação formal compreende as instituições de formação, escolares ou não, 
onde há objetivos explícitos, é sistematizada e intencional e organizada. 
 Sendo assim, se existem várias práticas educativas, existem também, 
várias pedagogias: a pedagogia familiar, sindical, social, escolar, etc., mas a 
pedagogia trabalha com a educação intencional, aquela que há sempre uma 
intervenção voltada para fins desejáveis do processo de formação. 
A partir da complexidade em nossa sociedade e das diversas ações 
educativas o conceito de educação torna-se ampliado afetando a própria 
pedagogia. Em vários âmbitos da sociedade surge a necessidade de 
disseminar saberes, conhecimentos, modos e atitudes, levando a diversas 
práticas pedagógicas. 
Numa visão funcionalista, a educação é compreendida como algo que se 
transmite que se repete e que é imutável, dando uma ideia que a educação 
será sempre a mesma para uma mesma sociedade. A educação tem de fato 
 
42 
 
uma função adaptadora, existindo um vínculo de fato, entre o ser humano que 
se educa e o meio natural e social. 
Mas a educação também é uma prática ligada à produção e reprodução 
da vida social, e o acontecer educativo corresponde à ação e ao resultado de 
um processo de formação de sujeitos a partir das exigências impostas num 
determinado contextosocial. 
“Conforme Demo (1999), citado por Dewey (1979: 83), a educação não é 
preparação para vida é a própria vida”. É representada como uma constante 
reconstrução de nossas experiências vividas. 
Para a concepção culturalista, a educação é uma atividade cultural 
dirigida para formação das pessoas a partir da transmissão de bens culturais, 
ou seja, um modo de ser subjetivo da cultura. 
Já a concepção ambientalista joga o meio externo como toda força de 
atuação sobre o indivíduo. Conforme Demo, na compreensão do sociólogo 
Durkheim, é a sociedade que propicia valores, ideias e regras, as quais o 
espírito do educando deve submeter-se. 
Outra corrente ambientalista é a do behaviorismo, na qual o homem é 
um ser moldável ao meio externo, a partir de estímulos externos o homem se 
desenvolve e seu comportamento é controlado. 
Na concepção interacionista, a educação é compreendida da seguinte 
forma: o ser humano se desenvolve biologicamente e psiquicamente na 
interação com o ambiente, onde homem e meio interagem. 
Encontramos diversas formas de compreensão da educação, umas 
colocam o ideal educativo fora do indivíduo outras identificam com o 
desenvolvimento individual. Mas essas definições se movem em torno de uma 
visão individualista e liberal de educação. 
O processo educativo é um fenômeno social, em suas contradições e 
lutas sociais e nos embates da práxis social é que vai se formando o ideal de 
 
43 
 
formação da humanidade. Nesse sentido, a tarefa educativa se reflete em 
superar a antinomia entre fins individuais e fins sociais. 
A educação está inserida no processo de desenvolvimento pessoal e de 
relação interpessoal, mas também, inserida no conjunto das relações sociais, 
econômicas, políticas, culturais numa determinada sociedade. Esse vínculo da 
prática educacional com prática social faz com que a educação fique 
subordinada aos interesses dos grupos sociais e daí tende a representar 
interesses dominantes e ser transmissora das ideologias que responde a esses 
interesses. Torna-se uma expressão de determinadas formas de organizações 
das relações sociais em nossa sociedade. 
Partindo da concepção crítico-social sobre a educação, é compreendida 
como um conjunto de processos formativos que acontecem no meio social, 
podendo ser intencional ou não, sistematizado ou não, institucionalizado ou 
não. 
Quando nos referimos à intencionalidade da educação estamos nos 
referindo a uma prática social para potencializar a atividade humana, tornando-
a mais rica, produtiva, visando o desenvolvimento a partir dos processos de 
transmissão e apropriação dos conhecimentos, valores, habilidades, técnicas, 
organizadas para esse fim. A família, a escola, as instituições e grupos sociais 
fazem parte dessa educação intencional. 
Existem outros sentidos da educação: a educação como instituição 
social que corresponde à estrutura organizacional e administrativa; a educação 
como processo, que corresponde à ação educadora suas condições e modos 
pelos quais os sujeitos podem se educar. Indica a atividade formativa nas 
várias instâncias, com objetivos e conteúdos definidos; e a educação produto, 
onde a educação tem o sentido de caracterizar os resultados obtidos de ações 
educativas. 
 
 
 
44 
 
A educação não formal e a construção da cidadania 
De forma genérica, a educação não formal era vista como processos 
educativos para alcançar a participação de indivíduos e grupos em áreas de 
extensão rural, animação comunitária, treinamento vocacional, planejamento 
familiar, etc.. 
Em 1990, ela se destacou devido às mudanças na economia, na 
sociedade e no mundo do trabalho. Começou a dar importância aos processos 
de aprendizagem coletiva, aos valores culturais, exigindo de novas habilidades 
para além da sala de aula. 
Nesse cenário, o modelo desenhado pela Organização das Nações 
Unidas (ONU), adotado para área da educação, passou a vigorar com toda 
força. O poder do conhecimento aparece em pauta, e não mais o da economia. 
Exige-se agora, o domínio das habilidades básicas como: comunicar-se bem, 
domínio das máquinas e habilidade de gestão, de gerir sua carreira, os 
conflitos, sua vida. Cobra-se um perfil de trabalhador criativo, que compreenda 
os processos e incorpore novas ideias, que tenha autoestima e assuma 
responsabilidades e seja cidadão ativo. 
Os cursos entram para fazer parte do modelo econômico vigente, na 
nova sociedade globalizada, que priorizam o interesse do capital internacional 
em detrimento do desenvolvimento nacional. Nesse cenário, o resultado é uma 
sociedade competitiva, individualista e violenta. Uma educação que requer 
reciclagem, aperfeiçoamento, atualização e especialização emergindo mais nas 
áreas do terceiro setor que é constituído por organizações sem fins lucrativos e 
não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público. 
É nesse sentido que a educação não formal ganha importância, porque 
envolve a aprendizagem política dos direitos dos indivíduos. Ela capacita os 
indivíduos para o mundo do trabalho por meio da aprendizagem de habilidades 
e potencialidades. Favorece a organização coletiva dos indivíduos. 
Os espaços onde se desenvolve a atuação da educação não formal são 
dos mais variados; no bairro, nas associações, nas organizações, nas igrejas, 
 
45 
 
sindicatos e nos partidos políticos e Organizações Não Governamentais 
(ONGs). 
Existem dois campos de atuação da educação não formal, um que 
abrange a área da educação popular e educação de jovens e adultos 
destinados a transmitir conhecimentos diferentes dos planejados nas escolas e 
o outro que abrange a educação voltada para o processo de participação social 
não voltado para educação de conteúdos. 
Na educação não formal a cidadania é o objetivo principal, e se 
caracteriza por seu caráter voluntário, promovem a socialização, a 
solidariedade, visa desenvolvimento humano, político, social e econômico, 
preocupa-se com a mudança social, favorecem a participação descentralizada, 
proporcionam projetos de intervenção e a aprendizagem se dá pela prática 
social através de vivências de situações problema. 
Ao estudarmos a educação não formal, desenvolvida nos grupos sociais 
organizados ou movimentos sociais devemos atentar para as questões 
metodológicas e os modos de funcionamento. Sistematizar a metodologia 
contida nos processos de aprendizagem irá depender da nossa capacidade, 
enquanto educadores, de entender e ouvir os sujeitos pensantes e falantes. 
Precisamos estar prontos para escutar as falas e também o silêncio que 
acompanha aquela fala. Devemos desenvolver capacidades e habilidades no 
campo da linguística, captar conteúdos motivacionais, ideológicos e 
emocionais. 
Dessa forma, se queremos pensar dialeticamente a educação temos que 
refletir sobre o homem como ser histórico e suas relações sociais, ou seja, 
considerar o homem como conjunto das relações sociais. 
A dialética concebe o homem como ser histórico: portanto, toma como 
referência o homem concreto que age sobre si e que se relaciona e age sobre 
seu meio. Esta linha de análise deixa claro que o processo educativo é 
entendido como atividade que exige por parte do educando grande esforço e 
um trabalho disciplinado e metódico. Evidencia-se que a ação educativa é 
política e não neutra. Cabe ao educador não se opor à vida do grupo social 
 
46 
 
onde o educando se insere, mas se mostra como aprendiz e confere maior 
rigor lógico ao saber popular. 
Educar para solidariedade: o homem como problema ético 
O problema da solidariedade refere-se à justiça e que as raízes da 
injustiça estão fixadas tanto em atitudes pessoais como em estruturas injustas. 
Dessa forma, a luta pela justiça tem relação em muitos aspectos, com a 
educação para a cultura da solidariedade. Gostaria de inserir a ideia de 
educação como humanização, socialização e singularização. 
É necessáriae urgente a construção de novos valores, de uma nova 
ética. É imprescindível um impulso ético para a construção do bem comum. 
Será considerada a reflexão crítica sobre os valores, os ideais e os estilos de 
vida dominantes. A cultura da solidariedade é totalmente inversa à 
homogeneização. Pelo contrário, tem um projeto alternativo que busca a 
diversidade cultural endógena, com identidade e autonomia complementares. 
Representa uma chamada para a sensibilização da problemática global 
do desenvolvimento: pobreza, injustiça, degradação ambiental, todo tipo de 
conflito. O objetivo da educação é formar pessoas adultas, solidárias e abertas 
para o mundo plural e a formação profissional deve vir depois de tudo isso. 
O objetivo da aprendizagem é o crescimento pessoal do indivíduo 
mediante a intervenção social e como esse indivíduo assume os sistemas de 
valores. Os valores são independentes dos bens, ou seja, não precisam 
encarnar nas coisas reais. São criações humanas e só existem e se realizam 
no homem e pelo homem. 
Os trabalhos em educação falam sobre eixos transversais, a 
transversalidade. Alguns compreendem que a transversalidade está no âmbito 
da ética, ou seja, dos valores básicos para a vida e a convivência – a educação 
de valores. Define-se como ética o comportamento moral do homem na 
sociedade, ética como ciência da moral. Portanto, ética e moral se relacionam. 
 
47 
 
Não existe direito sem obrigação e não há nem direito e nem obrigação 
sem uma norma de conduta. A noção de direito moral introduz também, a 
obrigação moral. Ter direito moral em face de alguém significa que há outro 
indivíduo que tem obrigação moral para comigo. 
Os valores não são algo abstrato que se aprendem, eles estão inseridos 
em contextos reais, na interação humana. Toda educação de valores deve 
estar em relação dinâmica com a realidade das pessoas. 
Muito acostumados a um sistema educativo que privilegia os conteúdos 
conceituais em detrimento dos procedimentos das atitudes, para se trabalhar 
na educação para solidariedade, será necessário articular o desenvolvimento 
de capacidades críticas e analíticas. 
 Devemos entender a educação como um direito e não como instrumento 
de desenvolvimento econômico e social e nem é preparação para o mercado 
de trabalho, mesmo que possa contribuir para formação profissional. Ela é 
movimento de humanização, de socialização, de subjetivação. A educação é 
um instrumento importante para a luta pelo direito, pela paz, contra a 
discriminação, exploração e degradação do ser humano. 
A globalização neoliberal atual impõe princípios contraditórios aos 
direitos dos cidadãos. Estes só podem ser conquistados por meio de lutas por 
uma sociedade e por um mundo solidário na educação, o processo de exclusão 
também está presente, onde o capitalismo provoca a promoção da educação 
para a qualificação do trabalho. A cartilha neoliberal indica a reorientação do 
modelo educacional, onde a educação passa a ser vista como um bem a ser 
consumido, baseada numa proposta de mercantilização da educação, 
comprometendo o desenvolvimento político ideológico da humanidade, 
promovendo a total ignorância e submissão. 
É importante destacar que os excluídos: pobres, minorias, comunidades 
indígenas, etc. não devem ser somente beneficiados da educação, devem 
participar ativamente por meio do debate público. A exclusão está na realidade 
social de nosso país, onde a sociedade se coloca autoritária e hierarquizada 
em relação aos direitos do homem. 
 
48 
 
Esse processo que chamamos de exclusão não cria mais pobres, cria 
uma sociedade paralela que é includente do ponto de vista econômico e 
excludente do ponto de vista social, moral e político. A nossa sociedade está se 
constituindo em sociedade dupla, duas humanidades: humanidade constituídas 
de integrados (ricos e pobres) e outra, de sub-humanidade, incorporada do 
trabalho precário, no trambique, das privações. Toda exclusão é a negação do 
humano. 
 Não basta falar dos Direitos Humanos, devemos ter disposição para 
respeitar e fazê-los respeitar. Através da educação para solidariedade e para 
os direitos humanos os excluídos adquirem consciência dos direitos e 
começam a lutar por eles. Devemos ensinar para que as pessoas 
compreendam melhor o sentido do mundo, da vida humana, das relações com 
os outros e consigo mesmo. É respeitando o direito ao sentido que a educação 
contribuirá para construção de um mundo solidário. 
A contribuição dos Movimentos Sociais para construção de 
políticas públicas educacionais 
Os movimentos sociais vêm desempenhando um papel muito importante 
na articulação entre o Estado e a sociedade civil, através da luta por direitos, 
na construção das políticas públicas e os seus desdobramentos no âmbito da 
Educação Básica. 
Neste sentido, buscamos comprovar que o princípio da equidade e da 
formação de sujeitos de direitos, vocalizado pelos novos movimentos sociais a 
partir das lutas e de suas transformações que receberam maior impulso desde 
a promulgação da Constituição Federal de 1988, se institui como pressuposto 
fundamental da educação em direitos humanos (PEREIRA, 2015). 
Conforme Pereira (2015) é importante demonstrar os princípios da 
educação em direitos humanos preconizados no Plano Nacional de Educação 
em Direitos Humanos (PNEDH), como a principal política indutora dos direitos 
humanos nos contextos educacionais, na qual foi proposto um conjunto de 
ações programáticas que norteiam a transversalidade das ações, dos 
 
49 
 
programas e dos projetos de promoção dos direitos humanos nas políticas 
públicas do poder executivo. 
A certeza da pluralidade de interesses e o oferecimento das condições 
necessárias à participação social dos sujeitos 
“[...] faz com que os movimentos sociais emergidos e 
mobilizados ajudem a mudar o centro de gravidade 
sociopolítico, de uma democracia política estruturada a partir 
do Estado para uma democracia mais participativa, mobilizada 
a partir do poder da sociedade civil.” (RAMÍREZ, 2003, p. 55) 
 
Em relação à construção de políticas públicas, vale destacar que em 
1996 o Brasil lançou o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH I), 
contendo as diretrizes para atuação do Poder Público no âmbito dos direitos 
humanos, cujo principal objetivo era a garantia dos direitos civis e políticos; 
relançado em 2002, o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH II) 
outorga as demandas dos movimentos sociais, contemplando os direitos 
econômicos, sociais e culturais. 
Os eixos orientadores estabelecidos no Programa Nacional de Direitos 
Humanos obedecem à seguinte divisão: 
Interação democrática entre Estado e sociedade civil; 
Desenvolvimento e Direitos Humanos; Universalizar Direitos 
em um Contexto de Desigualdades; Segurança Pública, 
Acesso à Justiça e Combate à Violência; Educação e Cultura 
em Direitos Humanos; Direito à Memória e à Verdade. 
(BRASIL, 2010, p. 9-10) 
 
Logo, a implementação desses eixos promove a ações com vistas à 
promoção do direito à igualdade, combate à discriminação e a promoção da 
equidade, igualmente encontra respaldo nas propostas de ações 
governamentais relativas à educação, conscientização e mobilização contidas 
no Plano Nacional de Políticas para as Mulheres de (2004), no Programa Brasil 
sem Homofobia de (2004), no Plano Nacional de Educação em Direitos 
Humanos de (2006), e no Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com 
Deficiência de (2011), gestados de maneira articulada com ativistas, 
 
50 
 
inaugurando o reconhecimento por parte do Estado brasileiro das 
reivindicações dos movimentos sociais por cidadania, transformando diversas 
iniciativas pontuais em políticas de Estado (PEREIRA, 2015). 
Contudo, foi necessário alterar as práticas educativas, a produção de 
conhecimento, a cultura e a legislação, como instrumentos necessários ao 
exercício de todos os direitos e liberdades fundamentais dosgrupos sociais 
historicamente discriminados e excluídos das políticas públicas. 
Conforme Pereira (2015), em 2010 houve uma alteração do Plano, a 
terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH – III) que 
resume as principais exigências dos movimentos sociais, reunindo as 
resoluções aprovadas nas conferências territoriais, estaduais e nacional, 
realizadas desde 2003, pelo Governo Federal, em articulação com os governos 
municipais, estaduais, os movimentos sociais e a sociedade civil, nos 27 
estados da Federação. 
Nestas conferências foram idealizadas as diretrizes que nortearam a 
concepção de políticas públicas nas seguintes áreas temáticas consideradas 
prioritárias, tais como: direitos humanos, segurança pública, educação, saúde, 
igualdade racial, direitos da mulher, juventude, crianças e adolescentes, 
pessoas com deficiência, idoso e meio ambiente. 
O processo educativo é responsável diretamente, pelos direitos sobre os 
indivíduos que pretende formar, na medida em que difunde valores, ideais e 
concepções do homem e da sociedade. Sendo assim, o Eixo “Educação e 
Cultura em Direitos Humanos” é definido como prioritário, constituindo-se como 
tarefa importante da educação em direitos humanos para fazer valer os 
princípios e as diretrizes do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos 
(PNEDH) e promover processos educativos para a formação de uma cultura 
pautada no respeito aos direitos, no reconhecimento as diferenças e 
implementação da cultura da paz. Veja a citação a seguir: 
O Governo Federal convocou, em 2010, a 1ª Conferência 
Nacional de Educação (Conae), reunindo representantes da 
sociedade civil organizada dos 27 estados brasileiros, tendo 
como temática “Construindo o Sistema Nacional Articulado: O 
 
51 
 
Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação”. 
Esta Conferência aprovou diretrizes, metas e ações para a 
política nacional de educação, na perspectiva da inclusão, 
igualdade e diversidade, com o objetivo de se constituir como 
subsídio para a construção do novo Plano Nacional de 
Educação (PNE 2011-2020), atualmente em fase de 
elaboração. (BRASIL, 2010b) 
 
Existe o estreito vínculo entre educação e participação política e em 
todos os textos oficiais, a educação é assumida como elemento central para a 
construção de uma cultura alicerçada nos ideais e valores da democracia, da 
inclusão social e da formação de sujeitos de direitos. (ARROYO, 1996). 
Sendo assim, A LDB (9.394/96) recomendou, para todos os níveis de 
ensino, a formação ética e a formação para a cidadania “[...] inspirada nos 
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por 
finalidade o pleno desenvolvimento do educando” (BRASIL, 1996, art. 2º). 
Estes documentos preconizam, sob o ponto de vista normativo, o objetivo de 
promover e cultivar uma educação pautada em princípios éticos identificados 
com a noção universalista de Direitos Humanos. (CARVALHO, 2008) 
A partir da LDB, em 1997 surgem os Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCN), cujo escopo consistia em estruturar as disciplinas dos ensinos: 
fundamental e médio, no qual, este documento sugere que sejam incorporadas 
nas propostas educacionais problemáticas sociais, sob a forma de Temas 
Transversais, não se constituindo como novas disciplinas, mas assuntos 
necessários à formação de cidadãos e cidadãs. Designou a promoção de uma 
educação orientada pelos princípios éticos proclamados pelos direitos 
humanos, cujas diretrizes gerais foram posteriormente incorporadas ao Plano 
Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNDEH). 
Oficialmente lançado em (2006), depois de ter sido submetido ao olhar e 
aceitação da sociedade civil organizada, o (PNEDH) passa a constituir-se como 
marco legal da educação em direitos humanos no Brasil, confirmando a adesão 
do Estado brasileiro ao Programa Mundial de Educação em Direitos Humanos 
(PMEDH), compreendendo processos de educação formal e não formal com 
vistas à formação de uma cultura de respeito à dignidade dos seres humanos. 
 
52 
 
Conforme Pereira (2015), a partir dessa concepção, a educação em 
direitos humanos deve favorecer o conhecimento destes direitos e de suas 
garantias no curso da evolução social e histórica da sociedade, bem como dos 
instrumentos nacionais e internacionais que concedem sua concretização. 
Portanto, os conteúdos devem estar comprometidos com a revisão de valores, 
atitudes e comportamentos, capazes de formar os sujeitos para o exercício 
competente da cidadania. 
No eixo Educação Básica, o Plano destaca a “[...] necessidade de 
concentrar esforços, desde a infância, na formação de cidadãos, com atenção 
especial às pessoas e segmentos sociais historicamente excluídos e 
discriminados.” (BRASIL, 2009, p. 32) 
 Segundo Pereira (2015), a escola como local onde a educação em 
direitos humanos deve se instalar para a formação da cidadania promovendo a 
equidade e da formação de sujeitos de direito, como espaço social privilegiado 
onde se definem a ação institucional pedagógica e a prática e vivência dos 
direitos humanos. O tema da educação em direitos humanos proclama, 
portanto, uma perspectiva mais ampliada do que significa educar. 
Portanto, a consciência deste direito não se faz espontaneamente, é por 
meio da educação que o sujeito se reconhecerá como protagonista de direitos, 
e será através do processo educacional que se preparará para o exercício da 
cidadania, imprescindível para uma participação mais efetiva na condução dos 
destinos do seu país. 
Atualmente, diante do contexto político e econômico que estamos 
vivenciando em nosso país, é mais do que necessário disseminar a educação 
em direitos humanos junto aos professores, escolas, intensificando o 
oferecimento de cursos que priorizem a abordagem deste tema em sala de 
aula, promovendo a transversalidade desta temática no currículo das unidades 
escolares, e a produção de materiais educativos específicos para a abordagem 
dos direitos humanos, para que algum tipo de repercussão se efetive em sua 
prática pedagógica e para que possamos vivenciar efetivamente, uma 
democracia ativa e cidadã. 
 
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Pereira (2015, p.37), afirma que “Os ideais emancipatórios inscritos na 
reivindicação por direitos protagonizados pelos novos movimentos sociais 
produziram um impacto significativo no cenário das mudanças sociais em curso 
na contemporaneidade”, que no Brasil geraram políticas públicas importantes e 
que as legislações educacionais têm enfatizado a formação para o exercício da 
cidadania como essencial para a construção de uma sociedade democrática, 
justa e igualitária. , mas que ainda existe um enorme distanciamento entre os 
marcos jurídicos de proteção e promoção dos direitos humanos e a contínua e 
permanente realidade de violações aos direitos humanos. 
Ainda precisamos transformar a realidade escolar para que ela se torne 
mais inclusiva, configurando-se como um espaço decisivo para construção de 
relações sociais pautadas na compreensão de que o reconhecimento e o 
respeito às diversidades concebem grandes oportunidades de aprendizado e 
possibilidades de transformações sociais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
54 
 
Explicando melhor com a pesquisa 
 
Sugerimos a leitura do artigo: movimentos sociais e participação popular: luta 
pela conquista dos direitos sociais. Este artigo tem como objetivo resgatar o 
reconhecimento histórico dos movimentos sociais e da participação popular 
como elementos fundamentais na conquista. 
 
Propomos também a leitura do artigo: Desafios dos movimentos sociais hoje no 
Brasil / Challenges of social movements in Brazil today. : Este artigo recupera 
fragmentos do processo de construção da cidadania no Brasil, nas últimas três 
décadas, destacando a participação da sociedade civil organizada. 
 
Guia de estudo: Após a leitura dos artigos propostos, faça uma relação entre 
eles,

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