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Psicologia do Pensamento e linguagem AULA 15 inteligência Me. Clystine Abram Oliveira Gomes CONCEITOS CENTRAIS DA PSICOLOGIA DO PENSAMENTO sobre INTELIGÊNCIA Conceitos de inteligência Segundo Sternberg (2010, p. 474), “Em um artigo recente, pesquisadores identificaram aproximadamente 70 definições de inteligência”. Inteligência Capacidade para aprender com a experiência, utilizando processos metacognitivos para incrementar a aprendizagem e a capacidade para adaptar-se ao meio ambiente. Pode necessitar de diferentes adaptações no âmbito de contextos sociais e culturais (Sternberg, 2010). INTELIGÊNCIA É a capacidade que, através diversas competências, nos permite uma adaptação bem sucedida ao meio. A Inteligência implica várias competências: • Resolver problemas. • Aprender com a experiência. • Adaptação a novas situações. Diferentes Tipos de Inteligência Inteligência Prática – capacidade para resolver problemas através da manipulação de objetos; está presente na invenção, fabrico e uso de objetos, estando na base de respostas concretas aos problemas do quotidiano. Inteligência Teórica ou Conceptual – envolve o recurso da linguagem e de outros sistemas simbólicos e manifesta-se nas capacidades de compreensão, raciocínio, resolução de problemas e tomadas de decisão. Inteligência Social – é um tipo de inteligência que se manifesta na vida em sociedade e na resolução de problemas interpessoais. Inteligência Emocional – é a capacidade para ter equilíbrio das emoções e ser um facilitador na resolução dos problemas. Origem da palavra inteligência Do latim intelligentia, oriundo de intelligere, em que o prefixo inter significa “entre”, e legere quer dizer “escolha”. O verbo latim – legere – também significa “ler”. Seu significado original é a capacidade de escolha de uma pessoa entre as várias possibilidades ou opções que lhe são apresentadas. História das teorias da inteligência Galton, um dos pioneiros da avaliação psicológica moderna, começou a investigar a inteligência e as diferenças de habilidade mental nos indivíduos. Galton publicou Hereditary Genius (1869), defensor da teoria do caráter hereditário dos traços físicos e mentais dos indivíduos. Acreditava nas teorias darwinianas e procurava evidenciar a hereditariedade da superdotação (altas habilidades). Ele partiu da hipótese de que a configuração da cabeça, herdada geneticamente, está relacionada ao tamanho do cérebro e relacionada à inteligência. A Origem da Inteligência Teorias Inatistas Ambientalistas Conceito de Inteligência A inteligência é um dom A inteligência é adquirida Papel da Hereditariedade A inteligência é determinada geneticamente O papel da hereditariedade é irrelevante Papel do meio ambiente A influência do meio é reduzida O meio determina a inteligência O desenvolvimento das investigações e os novos conhecimentos deram lugar às: Teorias Interacionistas: A inteligência resulta da interação entre um contributo da hereditariedade com o meio, os fatores sociais. Hereditariedade Inteligência Meio A primeira escala para medir inteligência. Uma comissão francesa sobre educação solicitou em 1904 que Alfred Binet criasse um instrumento para identificar crianças mentalmente abaixo do padrão de normalidade. A Escala de Binet-Simon, criada em 1905 com ajuda de Théodore Simon, foi a primeira métrica de inteligência. Revisão da escala de Binet Estudos de Lewis Terman e sua equipe da Universidade de Stanford (1916) revisaram a escala, posteriormente Willian Stern incorporou aos testes de Binet um novo esquema de teste baseado no “quociente de inteligência”. Quociente de Inteligência (QI) visa determinar a relação entre a idade mental (IM) e a idade cronológica (IC). Para calcular o QI, divide-se a idade mental, obtida por uma bateria de testes, pela idade cronológica, multiplicando o resultado por 100. QI = IM/IC x 100 CATEGORIAS Podem ser úteis no diagnóstico, desde que se recorra a outros meios de observação e avaliação. Perigos: As pessoas podem ficar rotuladas, o que pode afetar o seu futuro enquanto estudantes e profissionais. 80-89 • LENTIDÃO 90-109 • INTELIGÊNCIA MÉDIA 110-119 • INTELIGÊNCIA SUPERIOR 120-140 • INTELIGÊNCIA MUITO SUPERIOR A aplicação destes testes é muito polémica: Piaget (MAISTO, 2004) Inteligência é uma atividade biológica que tem características fundamentais como: assimilação, acomodação e adaptação. Em suas palavras: “a inteligência é, por definição, a adaptação às situações novas e é, então, uma construção contínua das estruturas”. Introduziu a concepção do intelecto. Em 1978 desenvolveu testes que tentavam acessar não o que a criança sabia (o produto), mas como sabia ou pensava (o processo), ou como os indivíduos obtêm e aproveitam informações para resolver problemas e adquirir conhecimento. A ideia de Piaget se mostrava muito diferente da abordagem inicial do teste de QI (comparar a idade cronológica com a idade intelectual). Fatores da inteligência ambientais e hereditários Perspectivas sobre a Inteligência Spearman Gardner Spearman “inteligência geral” ou “g” Para fundamentar sua teoria sobre a Inteligência humana, Charles Sperman recorreu a testes de inteligência e a cálculos matemáticos de correlação (análise estatística que ele próprio criou). Os Testes de Inteligência eram compostos por vários subtestes, incidindo em áreas ou competências diferentes. Verificou que as pessoas mais bem sucedidas num subteste obtinham bons resultados em outros subtestes (correlação positiva entre resultados de subtestes). A correlação não era perfeita. Admitiu a intervenção de fatores especificos (fatores S), mas com menos influência do que o fator G nos resultados finais. Concepção Multifatorial da Inteligência de Thurstone. Utilizando o método fatorial com uma maior variedade de subtestes, identificou diferenças de desempenho que o levaram a desvalorizar o fator G e a destacar a existência de 7 capacidades ou aptidões mentais básicas. Assim seria possível uma pessoa obter resultados elevados numa área e obter baixo rendimento em outras. Thurstone Propôs a substituição da escala de QI (quociente de inteligência) por um perfil das capacidades intelectuais que mostrassem os níveis atingidos pelos sujeitos em cada uma das sete capacidades básicas. Cattell A Teoria Gf-Gc (inteligência fluida e cristalizada) iniciada por Cattell foi desenvolvida e aprimorada por um de seus estudantes Horn. identificaram dois fatores principais explicando as habilidades intelectuais que eles rotularam de inteligência fluida (gf) e inteligência cristalizada (gc). Segundo AARM (2006, p.61) e Schelini (2006), a inteligência cristalizada são as habilidades mais globais, como informações e conhecimentos que são adquiridos pelo indivíduo por meio das experiências de vida e da educação. São as capacidades exigidas na solução da maioria dos problemas cotidianos, sendo conhecida como “inteligência social” ou “senso comum”. A inteligência fluida é o poder mental que é essencialmente inato. Está associada a componentes não verbais, pouco dependentes de conhecimentos previamente adquiridos e da influência de aspectos culturais. Gardner Os estudos de Gardner não se baseiam em testes de inteligência. Gardner estuda sujeitos com características especiais: por exemplo, crianças talentosas em raciocínio matemático, mas com dificuldades de aprendizagem da linguagem. A diferença relativamente a Thurstone tem a ver com o fato de não se basear na análise fatorial (o que implicaria a utilização de testes psicométricos) e sobretudo com o fato de defender que as inteligências múltiplas são tipos de intelecto separados. Sternberg Teoria Triárquica da Inteligência caracteriza a inteligência como uma capacidade composta por habilidades analítico-abstratas, práticas e criativas que nos ajudam a resolver vários problemas. Assinalaa capacidade para, através da lógica e do raciocínio, resolver problemas e avaliar estratégias para resolver problemas. É uma inteligência de tipo analítico. Os elementos integrantes da inteligência componencial incluem a capacidade de adquirir, reter, recuperar e transferir informações, de planear ações e tomar decisões, de resolver problemas abstratos e concretos, baseando-se no raciocínio lógico e analítico e de transformar ideias em desempenhos.* Teoria Triárquica da Inteligência Sternberg 1) Inteligência componencial – capacidades mentais enfatizadas pela maioria das teorias de inteligência; 2) Inteligência experimental – capacidade de se adaptar a novas tarefas, empregar novos conceitos, ter ideias novas e pensar de forma criativa 3) Inteligência contextual – capacidade de capitalizar seus pontos fortes e compensar seus pontos fracos. Teoria Triárquica da Inteligência Sternberg Designa a capacidade para resolver novos problemas rapidamente, tem perícia. A capacidade de reconhecer os aspetos centrais de um problema com o qual se confrontam pela primeira vez, têm intuição. Se encontram soluções originais e apropriadas revelam criatividade. Encontrar soluções para problemas novos – pensamento divergente; Resolver problemas de modo rápido e eficiente – pensamento convergente. Teoria Triárquica da Inteligência Sternberg Designa a capacidade de adaptação ao contexto sociocultural, às circunstâncias em que os indivíduos vivem. É o tipo de inteligência próprio das pessoas com uma assinalável dose de senso comum e que sabem funcionar adequadamente no interior do seu meio habitual. Para Sternberg Uma compreensão adequada da inteligência implica a interação destas três dimensões (componencial, experiêncial e contextual). Sternberg não partilha da ideia de Gardner segundo a qual há várias inteligências separadas umas das outras. Para Sternberg, algumas das inteligências de Gardner são meramente talentos que as pessoas possuem de forma diferenciada. Considera que se deve dar importância aos tipos de inteligência que não variam ou variam pouco em diferentes culturas. Teoria da Inteligência emocional de Daniel Goleman Cinco traços reconhecidos como fatores que contribuem para a inteligência emocional: 1) Conhecer as próprias emoções. 2) Administrar as próprias emoções. 3) Utilizar as emoções para se motivar. 4) Reconhecer as emoções de outras pessoas. 5) Administrar relacionamentos. Testes de inteligência Podem ser aplicados individuais e em grupos (Teste Califórnia de Maturidade Mental –TCMM para crianças). Os testes de inteligência não devem ser usados para rotular as pessoas, e sim para compreendê-las. A inteligência não é uma habilidade única, ela é composta de várias funções. Baterias de inteligência (avaliação global) Ex.: WISC IV / WAIS III / WASI Extremos da inteligência segundo Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) Deficiência mental A Funcionamento intelectual geral significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos: comunicação, cuidados pessoais, habilidades sociais, desempenho na família e comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho. Fatores biomédicos da deficiência mental Problemas metabólicos (ex.: fenilcetonúria); Síndromes genéticas e anomalias cromossômicas (ex.: síndrome de Down); Síndromes endocrinológicas (ex.: hipotireoidismo); Síndromes morfológicas (ex.: microcefalia); Síndromes neurológicas (ex.: distrofia muscular); Doenças infecciosas; Intoxicação; Traumatismos crânio encefálicos; Tumores. Fatores sociais: Extrema privação ambiental e ausência de interação social e familiar. Fatores comportamentais: Comportamentos potencialmente causais, tais como a síndrome da criança maltratada, seviciada, abusada, golpeada ou negligenciada. Tanto os aspectos emocionais podem estar envolvidos como os traumas craniencefálicos decorrentes. Fatores educacionais: Estão associados ao não atendimento das exigências de apoio e suporte que certas crianças necessitam para o seu desenvolvimento intelectual e das habilidades adaptativas. Assim, uma criança que nasceu surda, por exemplo, mas não tem suas necessidades educacionais atendidas, pode acabar por apresentar deficiência mental, apesar de ter nascido sem qualquer déficit mental. Extremos da inteligência segundo Associação Americana de Deficiência Mental (AAMR) Superdotados” – Altas habilidades Pessoas que apresentam capacidades mentais excepcionais, avaliadas por pontuações em testes padronizados de inteligência. as causas da superdotação são desconhecidas. Características: precocidade, prodígio e genialidade. Características de pessoas com altas habilidades Precocidade: aplica-se a crianças que desenvolvem certa habilidade de maneira prematura, anterior ao tempo previsto para a grande maioria das crianças, o que pode acontecer em qualquer área do conhecimento como música, literatura, matemática ou linguagem. Prodígio: o termo “criança prodígio” é empregado para o desenvolvimento de alguma característica rara ou extrema, que não se enquadraria no curso normal do desenvolvimento natural. O exemplo mais usado é o pianista Wolfgang Amadeus Mozart que começou a tocar piano com apenas três anos. Genialidade: é o termo reservado para pessoas cuja habilidade gerou contribuições extraordinárias para a história da humanidade. É o caso de estudiosos como Einstein, Gandhi, Freud, Portinari e do próprio Mozart (Ferrari, 2016). Características do aluno com altas habilidades 1 – Aprende fácil e rapidamente. 2 – É original, imaginativo, criativo, não convencional. 3 – Está sempre bem informado, inclusive em áreas não comuns. 4 – Pensa de forma incomum para resolver problemas. 5 – É persistente, independente, autodirecionado (faz coisa sem que seja mandado). 6 – Persuasivo, é capaz de influenciar os outros. 7 – Mostra senso comum e pode não tolerar tolices. 8 – Inquisitivo e cético, está sempre curioso sobre o como e o porquê das coisas. 9 – Adapta-se com bastante rapidez a novas situações e a novos ambientes. 10 – É esperto ao fazer coisas com materiais comuns. 11 – Tem muitas habilidades nas artes (música, dança, desenho etc.). 12 – Entende a importância da natureza (tempo, Lua, Sol, estrelas, solo etc.). 13 – Tem vocabulário excepcional, é verbalmente fluente. 14 – Aprende facilmente novas línguas. 15 – Trabalhador independente. 16 – Tem bom julgamento, é lógico. 17 – É flexível e aberto. 18 – Versátil, tem múltiplos interesses, alguns deles acima da idade cronológica. 19 – Mostra sacadas e percepções incomuns. 20 – Demonstra alto nível de sensibilidade e empatia com os outros. 21 – Apresenta excelente senso de humor. 22 – Resiste à rotina e à repetição. 23 – Expressa ideias e reações, frequentemente de forma argumentativa. 24 – É sensível à verdade e à honra. (MEC, 2007) Alto Habilidosos Cognitivos: 1- Vocabulário avançado; 2- Perfeccionismo; 3- Críticos; 4- Contestadores; 5- Não gostam de rotina; 6- Grande interesse por temas abordados por adultos; 7- Facilidade de expressão; 8- Desafia professor e colegas; 9- Conseguem monopolizar atenção de professor e colegas; 10-Preferem geralmente trabalhar de forma individual. Por causa da falta de estímulo recebido em casa e na escola, essas crianças podem apresentar: 1- Baixo rendimento escolar, por falta de interesse nos conteúdos ministrados pelas escolas. 2- Decepção e frustração por não se sentirem atendidos nem compreendidos. 3- Desinteresse nos estudos. 4- Comportamento inadequado. Muitas vezes confundido com: hiperativos, com crianças com distúrbios comportamentais ou déficit de concentração. Podem apresentar problemas de ordem emocional e social.
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