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Capítulo 1: Parte 4 1 A célula vegetal Até agora descrevemos em linhas gerais uma célula eucariótica animal; e as células dos vegetais superiores como seriam? Estas também são eucariotas e assemelham-se, em sua estrutura básica, às células animais, porém apresentam algumas diferenças fundamentais, adaptadas às funções específicas por elas desenvolvidas, figura 1.15. 1 - presença de parede celular: além da membrana plasmática, as células das plantas contêm uma ou mais paredes rígidas que lhes dão forma constante e protegem o citoplasma contra agressões mecânicas e contra a ruptura por desequilíbrio osmótico. A estrutura da parede celular é constituída basicamente por celulose e proteínas. 2 - presença de plastos: uma das principais características das células das plantas é a presença dos plastos, que são organelas maiores do que as mitocôndrias e, como elas, delimitadas por duas unidades de membrana. Quando estas organelas não contêm pigmentos, são chamadas leucoplastos. As que contêm pigmentos são os cromoplastos, dos quais os mais importantes são os cloroplastos, ricos em clorofila, principal pigmento fotossintético. CLOROPLASTOS Estrutura – constituída por estruturas chamadas Tilacóides onde se encontra o pigmento clorofila e outros pigmentos fotossintéticos. Os tilacóides são finos "sacos" achatados presentes no interior dos cloroplastos (em procarióticos fotossintetizantes ocorrem, às vezes, como extensões da membrana plasmática), estão dispostos em unidades chamados de grana. Cada granum (a unidade) aparece como uma pilha de moedas, sendo que cada moeda representa um tilacóide. Algumas membranas dos tilacóides podem estender-se de um grana a outro. A região do cloroplasto que circunda os tilacóides é denominada estroma, figura 1.16. Capítulo 1: Parte 4 2 Fig. 1.15 – Célula eucariótica vegetal esquemática, com suas organelas. MP: Membrana plasmática; R: Ribossomos; N: Núcleo; RER: Retículo endoplasmático rugoso; M: mitocôndrias, V: Vacúolos; CG: Complexo de Golgi; C: Cloroplastos; PC: Parede Celular. Função – é o local onde se realiza o fenômeno da fotossíntese. A fotossíntese representa o caminho pelo qual praticamente toda a energia penetra na biosfera. Sem a existência desse fluxo de energia proveniente do sol e canalizado através dos cloroplastos (nas células eucarióticas), a vida nesse planeta se extinguiria por completo. Capítulo 1: Parte 4 3 As plantas convertem energia solar (luminosa) numa forma química utilizável, através do processo fotossintético. Os produtos da fotossíntese são carboidratos formados a partir de CO2 e H2O. Esses produtos da síntese fotossintética são importantes para os vegetais por duas razões: (1) é a fonte de energia para o vegetal, ou seja, podem ser quebrados pela respiração para liberar a energia necessária para os processos vitais; (2) esses carboidratos podem ser modificados de várias formas para compor diversos tipos moleculares importantes biologicamente (proteínas, lipídeos, etc). Além da importância para o próprio vegetal, todos os organismos vivos que utilizam o oxigênio na respiração são dependentes deste processo. A importância da fotossíntese ainda deve ser ressaltada, pois o carvão e óleo fósseis que usamos hoje representam produtos fotossintéticos de milhares de anos atrás. Plantas, algas e cianobactérias são produtores que obtém sua energia do sol. A cada ano esses organismos produzem bilhões de toneladas desse alimento e suprem as reações químicas que sustentam a vida. Os consumidores também obtêm sua energia direta ou indiretamente do produto fotossintético, uma vez que se alimentam dos vegetais (produtores) ou de animais (que foram alimentados pelos produtores). A única exceção são alguns tipos de bactérias e certos organismos que vivem em fontes termais e/ou mares profundos e que metabolizam o enxofre para seus requerimentos energéticos. Pigmentos fotossintéticos Os pigmentos que participam da fotossíntese incluem as clorofilas, os carotenóides e as focobilinas. A clorofila é o principal pigmento usado na fotossíntese. Um pigmento pode ser definido como qualquer substância que absorva luz. Diferentes pigmentos absorvem diferentes comprimentos de onda nas mesmas intensidades. As plantas são na maioria verdes. Isto porque suas folhas refletem a maior parte da luz verde incidente. Se há reflexão, a maior parte da luz verde não está sendo absorvida ou usada. A clorofila, principal pigmento vegetal utilizado na fotossíntese, absorve luz primariamente nas regiões azul, violeta e vermelha do espectro. Além das clorofilas, existem duas outras classes de pigmentos que podem estar envolvidos na captação de energia luminosa na fotossíntese: os carotenóides e as ficobilinas. Os carotenóides são pigmentos lipossolúveis vermelhos, alaranjados ou amarelados que podem ser encontrados em todos os cloroplastos e também em associação com a clorofila a nas cianófitas. Na folha verde, a cor dos carotenóides é mascarada pelas clorofilas, que se encontram em maior quantidade. Em alguns tecidos há predominância da cor dos carotenóides, como nos tomates maduros ou em pétalas de flores amareladas. A terceira classe de pigmentos acessórios, as ficobilinas, encontrada nas algas azuis, nos cloroplastos das algas vermelhas e em alguns outros grupos de algas eucarióticas. Ao contrário dos carotenóides, as ficobilinas são hidrossolúveis. Cada molécula de clorofila tem um átomo de magnésio localizado no centro de uma estrutura em anel (anel porfirínico) que é excitado pela luz. Há também uma longa cauda fitol na molécula, formada por uma grande cadeia hidrofóbica (de caráter lipídico), figura 1.17. 3 - vacúolos citoplasmáticos: as células das plantas também contêm, com freqüência, vacúolos citoplasmáticos muito maiores do que os que aparecem no citoplasma das células animais. Os vacúolos das células vegetais podem ocupar a maior parte do volume celular, reduzindo-se o citoplasma funcional a uma delgada faixa na periferia da célula. 4 - presença de amido: ao contrário das células eucariotas animais, que utilizam o glicogênio como reserva energética, nas células das plantas o material de reserva é o amido. Capítulo 1: Parte 4 4 5 - presença de plasmodesmos: células vegetais possuem tubos com 20-40 nm de diâmetro ligando células vizinhas. Estas conexões são chamadas plasmodesmos e estabelecem canais para o trânsito livre de todo o tipo de moléculas. As células animais não apresentam plasmodesmos. Apenas células de certos tecidos se comunicam pelas junções comunicantes, que permitem trânsito restrito de íons e moléculas com menos de 1.200 dáltons. Fig. 1.16 - Esquema mostrando a localização do cloroplasto no interior da célula vegetal. Capítulo 1: Parte 4 5 Fig. 1.17 – Molécula de clorofila (a e b) mostrando a parte porfirínica contendo Magnésio(Mg) ao centro e a cauda lipídica. (http://146.83.41.80/curso/fivegf/clorofila.gif) O FENÔMENO DA OSMOSE EM CÉLULAS VEGETAIS: ao se colocar uma célula vegetal "murcha" em água pura, em que a concentração de soluto é nula, há entrada de água na célula até o máximo que ela pode conter, o que a torna túrgida. Porém a célula não estoura como acontece com a célula animal por causa da presença da parede celular que envolve a célula e é muito resistente. Colocando-se essa célula túrgida numa solução hipertônica ela perderá água para o meio e se a concentração do meio externo for muito alta ocorrerá que, a célula de tanto perder água provocará a separação da membrana plasmática da parede celular. Esse processo denomina-se plasmólise e é característico das células vegetais. O processo inverso é a deplasmólise, onde a célula plasmolizada, ao ser colocada em água pura, ou de baixa concentração, volta a ficar túrgida.
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