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O príncipe de Maquiavel

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O PRÍNCIPE - MAQUIAVEL
Mais de quatro séculos nos separam da época em que viveu Maquiavel. Muitos leram e comentaram sua obra, mas um número consideravelmente maior de pessoas evoca seu nome ou pelo menos os termos que aí tem sua origem. "Maquiavélico e maquiavelismo" são adjetivo e substantivo que estão tanto no discurso erudito, no debate político, quanto na fala do dia-a-dia. Seu uso extrapola o mundo da política e habita sem nenhuma cerimônia o universo das relações privadas. Em qualquer de suas acepções , porém , o maquiavelismo está associado a idéia de perfídia , a um procedimento astucioso, velhaco, traiçoeiro. Estas expressões pejorativas sobreviveram de certa forma incólumes no tempo e no espaço, apenas alastrando-se da luta política para as desavenças do cotidiano."
Assim , hoje em dia , na maioria das vezes, Maquiavel é mal interpretado. Maquiavel, ao escrever sua principal obra, O PRÍNCIPE, criou um "manual da política", que pode ser interpretado de muitas maneiras diferentes. Talvez por isso sua frase mais famosa: -"Os fins justificam os meios"- seja tão mal interpretada. Mas para entender Maquiavel em seu real contexto, é necessário conhecer o período histórico em que viveu. É exatamente isso que vamos fazer.
 
Painel histórico :
    Maquiavel viveu durante a Renascença Italiana , o que explica boa parte das suas idéias.
    Na Itália do Renascimento reina grande confusão. A tirania impera em pequenos principados, governados despoticamente por casas reinantes sem tradição dinástica ou de direitos contestáveis. A ilegitimidade do poder gera situações de crise instabilidade permanente, onde somente o cálculo político, a astúcia e a ação rápida e fulminante contra os adversários são capazes de manter o príncipe. Esmagar ou reduzir à impotência a oposição interna, atemorizar os súditos para evitar a subversão e realizar alianças com outros principados constituem o eixo da administração. Como o poder se funda exclusivamente em atos de força, é previsível e natural que pela força seja deslocado, deste para aquele senhor. Nem a religião nem a tradição, nem a vontade popular legitimaram e ele tem de contar exclusivamente com sua energia criadora. A ausência de um Estado central e a extrema multipolarização do poder criam um vazio, que as mais fortes individualidades têm capacidade para ocupar.
    Até 1494, graças aos esforços de Lourenço, o Magnífico, a península experimentou uma certa tranqüilidade.
    Entretanto, desse ano em diante, as coisas mudaram muito. A desordem e a instabilidade ficaram incontroláveis. Para piorar a situação, que já estava grave devido aos conflitos internos entre os principados, somaram-se as constantes e desestruturadoras invasões dos países próximos como a França e a Espanha. E foi nesse cenário conturbado, onde nenhum governante conseguia se manter no poder por um período superior a dois meses, que Maquiavel passou a sua infância e adolescência.
 
Biobibliografia:
 
    Maquiavel nasceu em Florença em 3 de maio de 1469, numa Itália "esplendorosa mas infeliz", segundo o historiador Garin. Sua família não mera aristocrática nem rica. Seu pai , advogado como um típico renascentista, era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu filho. Maquiavel com 12 anos, já escrevia no melhor estilo e, em latim.
    Mas apesar do brilhantismo precoce, só em 1498, com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda chancelaria. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional.
    Com a queda de soverine, em 1512, a dinastia Médici volta ao poder, desesperando Maquiavel, que é envolvido em uma conspiração, torturado e deportado. É permitido que se mude para São Cassiano, cidade pequena próxima de Florença, onde escreve sobre a Primeira década de Tito Lívio , mas interrompe esse trabalho para escrever sua obra prima: O Príncipe , segundo alguns , destinado a que se reabilitasse com os aristocratas, já que a obra era nada mais que um manual da política.
    Maquiavel viveu uma vida tranqüila em S. Cassiano. Pela manhã, ocupava-se com a administração da pequena propriedade onde está confinado. À tarde, jogava cartas numa hospedaria com pessoas simples do povoado. E à noite vestia roupas de cerimônia para conviver, através da leitura com pessoas ilustres do passado, fato que levou algumas pessoas a considerá-lo louco.
    A obra de Maquiavel é toda fundamentada em sua própria experiência, seja ela com os livros dos grandes escritores que o antecederam, ou sejam os anos como segundo chanceler, ou até mesmo a sua capacidade de olhar de fora e analisar o complicado governo do qual terminou fazendo parte.
    Enfim, em 1527, com a queda dos Médici e a restauração da república, Maquiavel que achava estarem findos os seus problemas, viu-se identificado por jovens republicanos como alguém que tinha ligações com os tiranos depostos. Então viu-se vencido. Esgotaram-se suas forças. Foi a gota d’água que estava faltando. A república considerou-o seu inimigo. Desgostoso, adoece e morre em junho.
    Mas nem depois de morto, Maquiavel terá descanso. Foi posto no Index pelo concílio de Trento, o que levou-o, desde então a ser objeto de excreção dos moralistas.
 
Separando a ética da política
    Maquiavel faleceu sem ter visto realizados os ideais pelos quais se lutou durante toda a vida. A carreira pessoal nos negócios públicos tinha sido cortada pelo meio com o retorno dos Médici e, quando estes deixaram o poder, os cidadãos esqueceram-se dele, "um homem que a fortuna tinha feito capaz de discorrer apenas sobre assuntos de Estado". Também não chegou a ver a Itália forte e unificada.
    Deixou porém um valioso legado: o conjunto de idéias elaborado em cinco ou seis anos de meditação forçada pelo exílio. Talvez nem ele mesmo soubesse avaliar a importância desses pensamentos dentro do panorama mais amplo da história, pois " especulou sempre sobre os problemas mais imediatos que se apresentavam". Apesar disso, revolucionou a história das teorias políticas, constituindo-se um marco que modificou o fato das teorias do Estado e da sociedade não ultrapassarem os limites da especulação filosófica.
    O universo mental de Nicolau Maquiavel é completamente diverso. Em São Casciano, tem plena consciência de sua originalidade e trilha um novo caminho. Deliberadamente distancia-se dos " tratados sistemáticos da escolástica medieval" e, à semelhança dos renascentistas preocupados em fundar uma nova ciência física, rompe com o pensamento anterior, através da defesa do método da investigação empírica.
 
"Princípios maquiavélicos"
    Maquiavel nunca chegou a escrever a sua frase mais famosa: "os fins justificam os meios". Mas com certeza ela é o melhor resumo para sua maneira de pensar. Seria praticamente impossível analisar num só trabalho , todo o pensamento de Nicolau Maquiavel , portanto, vamos analisá-lo baseados nessa máxima tão conhecida e tão diferentemente interpretada.
    Ao escrever O Príncipe, Maquiavel expressa nitidamente os seus sentimentos de desejo de ver uma Itália poderosa e unificada. Expressa também a necessidade ( não só dele mas de todo o povo Italiano ) de um monarca com pulso firme, determinado que fosse um legítimo rei e que defendesse seu povo sem escrúpulos e nem medir esforços.
    Em O Príncipe, Maquiavel faz uma referência elogiosa a César Bórgia, que após ter encontrado na recém conquistada Romanha , um lugar assolado por pilhagens , furtos e maldades de todo tipo, confia o poder a Dom Ramiro d'Orco. Este, por meio de uma tirania impiedosa e inflexível põe fim à anarquia e se faz detestado por toda parte. Para recuperar sua popularidade, só restava a Bórgia suprimir seu ministro. E um dia em plenapraça , no meio de Cesena, mandou que o partissem ao meio. O povo por sua vez ficou , ao mesmo tempo, satisfeito e chocado.
    Para Maquiavel , um príncipe não deve medir esforços nem hesitar, mesmo que diante da crueldade ou da trapaça, se o que estiver em jogo for a integridade nacional e o bem do seu povo.
    " sou de parecer de que é melhor ser ousado do que prudente, pois a fortuna( oportunidade) é mulher e, para conservá-la submissa, é necessário (...) contrariá-la. Vê-se , que prefere, não raramente, deixar-se vender pelos ousados do que pelos que agem friamente. Por isso é sempre amiga dos jovens, visto terem eles menos respeito e mais ferocidade e subjugarem-na com mais audácia".
    Para Maquiavel, como renascentista que era, quase tudo que veio antes estava errado. Esse tudo deve incluir os pensamentos e as idéias de Aristóteles. Ao contrário deste, Maquiavel não acredita que a prudência seja o melhor caminho. Para ele, a coerência está contida na arte de governar. Maquiavel procura a prática. A execução fria das observações meticulosamente analisadas, feitas sobre o Estado, a sociedade. Maquiavel segue o espírito renascentista, inovador. Ele quer superar o medieval. Quer separar os interesses do Estado dos dogmas e interesses da igreja.
    Maquiavel não era o vilão que as pessoas pensam. Ele não era nem malvado. O termo maquiavélico tem sido constantemente ml interpretado.
    "Os fins justificam os meios" .Maquiavel , ao dizer essa frase, provavelmente não fazia idéia de quanta polêmica ela causaria. Ao dizer isso, Maquiavel não quis dizer que qualquer atitude é justificada dependendo do seu objetivo. Seria totalmente absurdo. O que Maquiavel quis dizer foi que os fins determinam os meios. É de acordo com o seu objetivo que você vai traçar os seus planos de como atingi-los.
 
   A contribuição de Nicolau Maquiavel para o mundo é imensa. Ensinou, através da sua obra , a vários políticos e governantes. Aliás, a obra de Maquiavel entrou para sempre não só na história, como na nossa vida cotidiana atual, já que é aplicável a todos os tempos.
    É possível perceber que "Maquiavel, fingindo ensinar aos governantes, ensinou também ao povo". E é por isso que até hoje, e provavelmente para sempre, ele será reconhecido como um dos maiores pensadores da história do mundo.
 
Algumas máximas maquiavélicas:
"Os fins justificam os meios"
"Não se pode chamar de "valor" assassinar seus cidadãos, trair seus amigos, faltar a palavra dada, ser desapiedado, não ter religião. Essas atitudes podem levar à conquista de um império, mas não à glória"
"Homens ofendem por medo ou por ódio"
"Assegurar-se contra os inimigos, ganhar amigos, vencer por força ou por fraude, faze-se amar a e temer pelo povo, ser seguido e respeitado pelos soldados, destruir os que podem ou devem causar dano, inovar com propostas novas as instituições antigas, ser severo e agradável, magnânimo e liberal, destruir a milícia infiel e criar uma nova, manter as amizades de reis e príncipes, de modo que lhe devam beneficiar com cortesia ou combater com respeito, não encontrará exemplos mais atuais do que as ações do duque."
"Um príncipe sábio deve observar modos similares e nunca, em tempo de paz, ficar ocioso""
"...Pois o homem que queira professar o bem por toda parte é natural que se arruíne entre tantos que não são bons."
"... vindo a necessidade com os tempos adversos, não se tem tempo para fazer o mal, e o bem que se faz não traz benefícios, pois julga-se feito à força, e não traz reconhecimento."
"Tendo o príncipe necessidade de saber usar bem a natureza do animal, deve escolher a raposa e o leão, pois o leão não sabe se defender das armadilhas e a raposa não sabe se defender da força bruta dos lobos. Portanto é preciso ser raposa, para conhecer as armadilhas e leão, para aterrorizar os lobos."
"Pelo que se nota que os homens ou são aliciados ou aniquilados"
I. Contextualização 
1. Antiguidade Clássica
1.1 Gregos: idéia da sociedade natural: homem é ser poítico: realiza-se pela vida na "polis"-vida em sociedade; o homem é um animal político. Polis: componente social e político. Como por exemplo em Aristóteles. 
1.1.1 Não há conceito de indivíduo: o cidadão grego representa a síntese do social e do político: concepção holística, perfeição física, moral e estética. 
1.1.2 Perspctiva dinâmica: movimento cíclico de dois termos 
1.1.3 Pensamento dualista: mundo das formas ideais vs mundo real (um pálido reflexo do mundo ideal) Em Platão e no platonismo. 
1.2 Helênicos: mantém a idéia da sociabilidade natural, mas a referência já não é a polis, mas a sociedade. 
1.2.1 Surge a concepção de indivíduo: homem como unidade distinta, dotada de valor próprio no seio da universalidade humana. 
1.2.2 Idéia do individualismo helênico: diferente do conceito de individualismo possessivo do pensamento moderno 
1.2.3 Individualismo associado ao universalismo 
1.3 Cristianismo primitivo: individualismo e universalismo se compõem na realização do projeto telelógico: a construção do reino de Deus, a salvação do homem e da humanidade. 
1.3.1 Homem: acentua-se a idéia das contradições; dualidade: humano vs divino; material vs espiritual; pecado vs graça
2. Pensamento Medieval
2.1 Dualismo das concepções cristãs: a Cidade dos Homens (autoridade política) e a Cidade de Deus (poder divino) 
2.2 Autoridade política: instrumento de Deus para a promoção da justiça e do bem: o seu exercício é humano, mas a sua origem e a sua finalidade são divinos.
2.2.1 Construir o Reino de Deus na Terra 
2.2.2 Conduzir à salvação, corrigindo, como castigo e remédio, a natureza decaída do homem 
2.2.3 Instituir e fortalecer a fé e a moral cristã 
2.3 Obediência: é obrigação civil de ordem divina. Soberanos também têm limites de poder. 
2.3.1 Homem medieval: deve obedecer ao governo terreno até o limite do governo divido, através da idéias de jsutiça. Define-se, assim, a diferença entre um suserano e um tirano. 
2.3.2 Suseranos também têm obrigações: seu poder não é ilimitado: são responsáveis perante Deus pela tarefa de instaurar o reinado da justiça e da piedade. 
2.4 Justiça é o que distingue tiranos dos suseranos legítimos 
2.4.1 Suserano medieval: é um juiz e não um legislador. 
2.5 Justiça: definida pela lei 
2.5.1 Lei: conjunto de cosstumes baseados no direito natural: inscritos pela fé no coração dos homens: consciência coletiva 
2.6 Ordem medieval: holística, tem natureza moral e religiosa. O conceito que melhor a define é o de comunidade e não de sociedade. 
2.6.1 Fragmentação do poder: não há Estado nacional com poder centralizado, mas grandes constelações de poderes locais autônomos, articulados em redes de suserania e vassalagem 
2.6.2 Sociedade hierárquica: papéis sociais são definidos por origem 
2.6.3 Estamentos: códigos distinos de direitos e deveres: relações contratuais: contratos comunitários que obrigam mutuamente cada categoria social conforme o seu estatuto específico 
3. Sociedade de Maquiavel (1469-1527)
3.1 Cristandade em decadência: conflitos entre o poder divino (Igreja) e o poder temporal (Estado) 
3.2 Processo de ascensão do capitalismo: mercantilismo 
3.3 Desenvolvimento do Estado Nacional: soberanos locais são absorvidos pelo fortalecimento das   monarquias e pela crescente centralização das instituições políticas (cortes de justiça, burocracias e exércitos) 
3.4 Estado absoluto: preserva a ordem de privilégios aristocráticos (mantendo sob controle as populações rurais), incorpora a burguesia e subordina o proletariado incipiente 
3.4.1 Inglaterra e França: consolidam poder central 
3.4.2 Itália não realiza unificação nacional: é um conglomerado de pequenas cidades- estado rivais, disputados pelo Papa, Alemanha, França e Espanha. 
4. Concepção de homem em Maquiavel
4.1 Racionalidade instrumental: busca o êxito, sem se importar com valores éticos 
4.4.1 Cálculo de custo/benefício: teme o castigo 
4.2 Natureza humana: 
4.2.1 Homem possui capacidades: força, astúcia e coragem 
4.2.2 Homem é vil, mas é capaz de atos de virtude 
4.2.3Mas não se trata da virtude cristã 
4.2.4 Não incorpora a idéia da socidabilidade natural dos antigos 
4.3 O homem não muda: não incorpora o dogma do pecado original: natureza decaída que pode se regenerar pela salvação divina. 
5. Concepção da História em Maquiavel
5.1 Perspectiva cíclica, pessimista, de inspiração platônica 
5.1.1 Tudo se degenera, se sucede e se repete fatalmente 
5.1.2 Todo princípio corrompe-se e degenera-se 
5.1.3 Isto só pode ser corrigido por acidente externo (fortuna) ou por sabedoria intrínseca (virtu) 
5.2 Não manifesta perspectiva teleológicaà humanidade não tem um objetivo a ser atingido 
5.2.1 A política não admite a teleologia cristã: o caminho da salvação, a construção do Reino de Deus entre os homens. 
5.2.2 Também não pensa a história sob a perspectiva dos modernos: não menciona a ideía do progresso à  estrutura cíclica 
6. Concepção de Política em Maquiavel
6.1 Política: pela primeira vez é mostrada como esfera autônoma da vida social 
6.1.1 Não é pensada a partir da ética nem da religião: rompe com os antigos e com os cristãos 
6.1.2 Não é pensada no contexto da filosofia: passa a ser campo de estudo independente 
6.2 Vida política: tem regras e dinâmica independtes de consideraçõs privadas, morais, filosóficas ou religiosas 
6.2.1 Política: é a esfera do poder por excelência 
6.2.2 Política: é a atividade constitutiva da existência coletiva: tem prioridade sobre todas as demais esferas 
6.2.3 Política é a forma de conciliar a natureza humana com a marcha inevitável da história: envolve fortuna e virtu. 
6.3 Fortuna: contingência própria das coisas políticas: não é manifestação de Deus ou Providência Divina 
6.3.1 Há no mundo, a todo momento, igual massa de bem e de mal: do seu jogo resultam os eventos (e a sorte) 
6.4 Virtu: qualidades como a força de caráter, a coragem militar, a habilidade no cálculo, a astúcia, a inflexibilidade no trato dos adversários 
6.4.1 Pode desafiar e mudar a fortuna: papel do homem na história 
7. Concepção de Estado em Maquiavel
7.1 Não define Estado: infere-se que percebe o Estado como poder central soberano que se exerce com exclusividade e plenitude sobre as questões internas externa de uma coletividade 
7.2 Estado: está além do bem e do mal: o Estado é 
7.2.1 Estado: regulariza as relações entre os homens: utiliza-os nos que eles têm de bom e os contém no que eles têm de mal 
7.2.2 Sua única finalidade é a sua própria grandeza e prosperidade 
7.2.3 Daí a idéia de "razão de Estado": existem motivos mais elevados que se sobrepôem a quaisquer outras considerações, inclusive à própria lei 
7.2.4 Tanto na política interna quanto nas relações externas, o Estado é o fim: e os fins justificam os meios 
8. "O Príncipe": não se destina aos governos legais ou constitucionais
8.1 Questão: como constituir e manter a Itália como um Estado livre, coeso e duradouro? Ou como adquirir e manter principados? 
8.2 A tirania é uma resposta prática a um problema prático 
8.3 "O Príncipe": não há considerações de direito, mas apenas de poder: são estratégias para lidar com criações de força 
8.4 Teoria das relações públicas: cuidados com a imagem pública do governante 
8.5 Teoria da cultura política: religião nacional, costumes e ethos social como instrumentos de fortalecimento do poder do governante 
8.6 Teoria da administração pública: probidade administrativa, limites à tributação e respeito à propriedade privada 
8.7 Teoria das relações internacionais: 
8.7.1 Exércitos nacionais permanentes, em lugar de mercenários 
8.7.2 Conquista, defesa externa e ordem interna 
8.7.3 A guerra é a verdadeira profissão de todo governante e odiá-la só traz desvantagens. 
    
II. O Príncipe 
       Em sua obra "O Príncipe", Nicolau Maquiavel mostra a sua procupação em analisar acontecimentos ocorridos ao longo da história, de modo a compará-los à atualidade de seu tempo 
       "O Príncipe" consiste de um manual prático dado ao Príncipe Lorenzo de Médice como um presente, o qual envolve experiência e reflexões do autor. Maquiavel analisa a sociedade de maneira fria e calculista e não mede esforços quando trata de como obter e manter o poder. 
       A obra é dividida em 26 capítulos, que podem ser agregados em cinco partes, a saber: 
*capítulo I a XI: análise dos diversos grupo de pricipados e meios de obtenção e manutenção destes; 
*capítulo XII a XIV: discussão da análise militar do Estado; 
*capítulo XV a XIX: estimativas sobre a conduta de um Príncipe; *capítulo XX a XXIII: conselhos de especial intersse ao Príncipe; 
*capítulo XXIV a XXVI: reflexão sobre a conjuntura da Itália à sua época 
      Na primeira parte (cap.I a XI), Maquiavel mostra, através de claros exemplos, a importância do exército, a dominação completa do novo território através de sua estadia neste; a necesidade da eliminação do inimigo que no país dominado encontrava-se e como lidar com as leis pré-existentes à sua chegada; o consentimento da prática da violência e de crueldades, de modo a obter resultados satisfatórios, onde se encaixa perfeitamente seu tão famoso postulado de que "os fins justificam os meios" como os pontos mais importantes.
       Já na segunda (cap.XII ao XIV), reflete sobre os perigos e dificuldades que tem o Príncipe com suas tropas, compostas de forças auxiliares, mistas e nacionais, e destaca a importância da guerra para com o desenvolvimento do espírito partriótico e nacionalista que vem a unir os cidadãos de seu Estado, de forma a torná-lo forte. 
        Do capítulo XV ao XIV, vê-se a necessidade de uma certa versatilidade que deve adotar o governante em relação ao seu modo de ser e de pensar a fim de que se adapte às circunstâncias momentâneas-"qualidades", em certas ocasiões, como afirma o autor, mostram-se não tão eficazes quanto "defeitos", que , nesse caso, tornam-se próprias virtudes; da temeridade dele perante a população à afeição, como medida de precaução à revolta popular, devendo o soberano apenas evitar o ódio; da utilização da força sobeposta à lei quanto disso dependeram condições mais favorárveis ao seu desempenho; e da sua boa imagem em face aos cidadãos e Estados estrangeiros, de modo a evitar possíveis conspirações. 
       Em seguida, constata-se um questionamento das utilidade das fortalezas e outros meios em vistas fins de proteção do Príncipe; o modo em que encontrará mais serventia em pessoas que originalmente lhe apresentavam suspeitas em contrarpatida às primeiras que nele depositavam confiança; como deve agir para obter confiança e maior estima entre seus súditos; a importância da boa escolha de sesu ministros; e uma espécie de guia sobre o que fazer com os conselhos dados, estes, raramente úteis, quando se considera o interesse oculto de quem os dá. 
      Na última parte, que abrange os três capítulos finais, Maquiavel foge de sua análise propriamente "maquiavélica" na forma de um apelo à família real, de modo que esta adote resoluções em favor da libertação da Itália, dominada então pelos bárbaros. 
      Terminada a breve exposição dos principais temas abordados no livro "O Príncipe" aqui sintetizado, conclui-se ser tamanha a complexidade organizacional de um Estado, que se recorre a todo e qualquer meio, justo ou injusto, da república à tirania, par ter-se como consequência não um país justo no sentido próprio da palavra- ao menos não se julga, habitualmente, haver uma possibilidade de fazer-se justiça com relação a todos os integrantes de uma sociedade ou grupo de extensão considerável, já que os interesses são os mais variados-,mas estável, governável e próprio de orgulho por suas partes e, principalmente, de respeito perante aos demais países/nações, o que certamente propiciaria um meio sadio e mais tranquilo de viver-se, tanto ao Príncipe quanto aos seus seguidores. 
  
III. Comentários sobre a primeira década de Tito Lívio 
       "Discursos", como também é conhecida a referida obra, foi escrito por Maquiavel quatro anos após haver concluído "O Príncipe", o que justifica suas perceptíves semelhanças com o primeiro. No entanto,o que o distingue de "O Príncipe" é a análise detalhada da república, em que o autoro claramente se coloca em favor desta, a apontar suas principais características observadas no decorrer da história e modos de melhorá-la, ou de ao menos mantê-la. Assim, pode-se considerar Maquiavel como sendo, indubitavelmente, um pensador indutivo-utiliza-se de inúmeros exemplos históricos com o fim de sustentar suas afirmações. No entanto, seu propósito não é sempre impecavelmente atingido, mesmo porque a realidade não segue regras e é, portanto, muito mais complexa do que se pode teorizar.
       A obra é começada com a citação da origem das cidades, que podem estabelecer-se devido a um grupo de cidadãos juntar-se a visar maior segurança; a estrangeiros que querem assegurar o território conquistado, a estabelecer, ali, colônias; ou mesmo a fim de exaltar-se a glória do Príncipe.
       As repúblicas nascem com o surgimento das cidades e, assim, constituem três espécies, que são: a monarquia, aristocracia e despotismo. Três que podem evoluir para o despotismo, oligarquia e anarquia, respectivamente. É claro, neste ponto, o pessimismo de como a sociedade é vista por Maquiavel: é a dialética de dois termos, que trata da sucessão entre ascendência e decadência, a formar um ciclo vicioso. Maquiavel acredita, ainda, que todos princípios corrompem-se e degeneram-se, a ser possível ser corrigido somente via acidente externo (fortuna) ou por sabedoria intrínseca (virtu).
       A voltar-se às espécies de repúblicas, chega-se à conclusão de que a sua melhor forma seria o equilíbrio, dito como ser a "justa medida", segundo Aristóteles. Tal equilíbrio pode manter-se através das próprias discordâncias entre o povo e o Senado, já que estes, em conjunto, representam e lutam pelos interesses gerais do Estado.
      O Estado é, então, definido como o poder central soberano; é o monopólio do uso legítimo da força, como diria Weber. As leis são estabelecidas nas práticas virtuosas da sociedade e com o cuidado de não repetir o que não teve de êxito. Por isso, é dito que não há nada pior do que a deixar ser desrespeitada. Se isso ocorrer, tornar-se clara a falha do exercício do poder de quem a corrompe. Em contrapartida, em se tratando de Estado, tudo é válido, desde a violação de leis e costumes e tudo mais que for necessário para atingirem-se as consequências visadas: os fins justificam os meios.
       Nessa visão de poder do Estado, é clara a importância da religião, pois em nome dela são feitas valer muitas causas em favor do Estado. A religião é, sob a visão de Maquiavel, um instrumento político-é usada de modo a justificar interesses os mais peculiares e, também, como conforto à população, que anda sempre em busca de ideais, a estar disposta até mesmo a conceder sua vida em busca destes.
       O êxito de uma república, consoante o autor, pode ser estrategicamente obtido através da sucessão dos governantes. Se se intercalar os virtuosos com os fracos, o Estado poderá manter-se. Mas, se, diferentemente, dois ruins sucederem-se, ou apenas um, mas que seja duradouro, a ruina do Estado será inevitável, já que, desse modo, o segundo governo não poderá utilizar-se dos bons frutos do governo anterior. Destarte, cita a importância das república, já que nela os próprios cidadãos escolhem seus governantes, de modo a aumentar a chance de ter-se, consecutivamente, bons governos.
       Com relação à política de defesa, onde há pessoas e não um exército, é notada um clara incompetência por parte do soberano, pois é de sua exclusiva competência formar um exército próprio para a defesa da nação. É, também, de extrema importância saber-se a hora própria para instituir-se a ditadura, que, em ocasiões excepcionais, é necessária a fim de tomarem-se decisões rápidas, a dispensar, assim, consultar as tradicionais instituições do Estado. Constudo, ela deve-se instituir por período limitado, de modo a não se corromper e deve existir até quando o motivo o qual a fez precisar-se for eliminado. Após uma análise teórica e comparativa-em termos históricos-é colocada ainda a importância da fortuna, a qual tem contingência própria e o poder de mudar os fatos. Assim, o autor define o papel do homem na história: desafiá-la.
      Com base na teoria do equilíbrio, conclui-se, então, que o ideal é que se estabeleça um meio termo entre as formar de governo a serem adotadas, a observar-se que a combinação das já existentes pode mostrar-se muito mais eficiente. A forma que se é administrado um Estado deve adaptar-se ao seu contingente populacional, e não as pessoas às suas leis.
Nicolau Maquiavel e "O Príncipe": uma breve introdução
 
Nicolau Maquiavel(1469-1527) foi escritor, diplomata, e pensador político, nascido e falecido em Florença. De origem relativamente modesta, conseguiu fazer carreira pública, após a expulsão dos Medici, em 1494.Executou missões junto a diversos Estados italianos, progredindo rapidamente na carreira. Embora nunca fosse nomeado oficialmente embaixador, dirigiu freqüentemente negociações de grande responsabilidade.
Foi particularmente importante a missão que desempenhou junto a César Bórgia, durante as conquistas deste na Romanha, em 1502.De regresso a Florença, desempenhou o cargo de segundo secretário, sob o governo de Soderini. Percebendo o perigo que representavam as tropas mercenárias, empregadas habitualmente por Florença e por outros Estados italianos, organizou, em 1506 e 1507, com a aprovação de Soderini, uma milícia nacional. Dois anos depois, a força por ele organizada com cidadãos florentinos participou do término vitorioso do assédio de Pisa, que Maquiavel supervisionou indiretamente. Todavia, quando os Medici ameaçaram os florentinos de dirigir contra a cidade tropas espanholas, a milícia foi dividida, sofrendo grave desastre em Prato, em 1512, e a entrega daquela posição defensiva acarretou a queda de Florença e a fuga de Soderini.
Preso por algum tempo em 1513 e torturado, Maquiavel recebeu depois ordem de se retirar para sua propriedade, perto de San Casciano, na Toscana. Devido a sua íntima conexão com o regime republicano deposto, não conseguiu recuperar sua preeminência política. Todavia, desempenhou por breves períodos alguns cargos menos importantes e recebeu dos Medici diversos favores, em reconhecimento por sua atividade literária, que se intensificou consideravelmente após a queda do governo republicano. Ocorrendo nova expulsão dos Medici, regressou a Florença, mas adoeceu gravemente, morrendo pouco depois.
Sua obra mais famosa, O Príncipe, escrita de 1513 a 1516, foi publicada postumamente, em 1532.A obra reflete seus conhecimentos da arte política dos antigos, bem como dos estadistas de seu tempo, e expressa claramente a mentalidade da época. Formulando uma série de conselhos ao príncipe, o autor expôs uma norma de ação autoritária, no interesse do Estado. Deste modo, Maquiavel ilustrou a política renascentista de constituição de Estados fortes, com a superação da fragmentação do poder, que caracterizara a idade média.
As obras de Maquiavel foram, a princípio, bem recebidas, mas durante o período agitado que se seguiu à Reforma incorreram no anátema de ambas as partes em luta. Em 1559, o pontífice incluiu-as no Índex. Por outro lado, denegridas sistematicamente, aquelas obras passaram a ser consideradas, nos países mais diversos, expressão do cinismo político, advindo daí o sentido pejorativo de termos como maquiavélico e maquiavelismo.
 
Análise de "O Príncipe"
 
O autor inicia com uma breve dedicatória do livro ao "Magnífico Lourenço de Médicis". Em seguida, começa a tratar de um assunto se estende por grande parte da obra: os principados. Vale ressaltar a definição de Estado segundo Maquiavel:"...todos os governos que tiveram e têm autoridade sobre os homens...e são ou repúblicas ou principados..."(cap. I).Em seguida, o autor propõe-se a examiná-los com profundidade, de acordo com suas características, inicialmente os hereditários e os mistos. Sobre estes, é interessante ressaltar de sua análiseque estes são os menos tangíveis de dominação por parte de um usurpador qualquer e também os de maior capacidade de conservação de poder, devido a força existente no comando de um príncipe de uma linhagem de comando já tradicional. A respeito dos principados mistos, pode-se dizer que sejam um desdobramento, uma continuação, de um Estado já existente, "... Estados, que conquistados, são anexados a um Estado antigo..."(cap. III, número 3). Sobre estes, Maquiavel tem por ponto central a forma de controle, que pode ser fácil ou problemática. Nesse caso, aponta algumas soluções, tais como: eliminação da linhagem de nobres que os dominava e não alteração da organização de leis e impostos preexistente, instalação de colônias ou a mudança do novo dominador para o local conquistado. Mas deve ficar bem claro que o ponto central de apoio a um novo Estado dominante é que os povos dominados (e também seus vizinhos) o apoiem. Aliás, na questão das leis, o autor dedica um capítulo da obra para tratar apenas desse assunto, apontando a maneira com que se deve governar as cidades ou principados que, antes da conquista, tinham leis próprias. A partir daqui, o autor inicia a utilização de diversos exemplos para ilustrar as características que propõe a descrever a partir daqui. Neste caso dos principados mistos, um nome bastante comentado é o de Luís XII.
Maquiavel, a seguir, ilustra o porquê do reino de Dario, ocupado por Alexandre o Grande, não se revoltou contra seus sucessores após sua morte, contrastando este caso com territórios ocupados pela França. A grande explicação reside na forma de organização da monarquia: no reino de Dario, existe apenas uma figura central e de maior importância no poder, o príncipe, e todos os outros são servos; já nos reinos governados pela França, "...O rei...é posto em meio a uma multidão de senhores de linhagem antiga, reconhecidos e amados pelos súditos..."(cap. IV, no. 3), o que não cria uma figura central forte e, cujo poder, não possa ser contestado.
Retomando o assunto dos principados, este agora são diferenciados pela forma com que foram conquistados, contrastando "Os principados conquistados com as próprias armas e qualidades pessoais"(cap. VI) e "Os principados conquistados com as armas e virtudes de outrem"(cap. VII).No primeiro, cita os exemplos de Moisés, Teseu, entre outros, que por virtude própria tornaram-se príncipes. Já no segundo, o autor transcorre a respeito de César Borgia, filho do papa Alexandre VI, cujas conquistas foram impulsionadas pelo poder da posição de seu pai e, depois, por alianças com pessoas de punho mais firme que ele, como Remirro de Orco. Já em "Dos que conquistaram o principado com malvadez"(cap. VIII), é tratado o fato de se atingir o principado através de "...atos maus ou nefandos..."(no. 1).Vale destacar a forma que Maquiavel propõe da maneira como devem discorrer as injúrias ao povo, segundo ele "...todas de uma só vez, para que, durando pouco tempo, marquem menos..."(no. 8).Também é interessante a maneira com que os benefícios ao povo devem ser proporcionados:"...pouco a pouco, para serem melhor saboreados..."(no. 8).
Por fim, tem-se os principados civil e eclesiástico. O principado civil é aquele em que um cidadão comum torna-se príncipe de sua pátria pelo favor de compatrícios. Segundo Maquiavel, "...se chega a este principado graças ao favor do povo ou dos nobres"(cap. IX, no. 1).Partindo desse princípio, denota-se que, para a chegada do cidadão comum ao principado é necessário conquistar a simpatia de uma destas facções, que o levará a atingir seus objetivos. Já os principados eclesiásticos são mantidos pelas tradições da religião e tem uma força tão grande que mantém seu próprio príncipe no governo, independente da sua maneira de viver ou comportamento. O autor afirma que "...somente estes principados são seguros e felizes..."(cap. XI, no. 1) devido às condições que o domínio religioso oferece  a estes príncipes, Estados e súditos: os príncipes detém o Estado, mas não o defendem, pois não há risco deste lhe ser tirado; e os súditos, mesmo não sendo governados, não se importam e nem pensam numa separação de seu príncipe. Entre as explicações destes principados, o autor discorre a respeito da forma "Como medir as forças de todos os principados", que trata basicamente de um assunto: a partir de que momento a força de um príncipe é tão grande a ponto de não precisar da ajuda de outros para se defender.
Depois da discussão a respeito dos principados, o autor entra em uma parte que pode ser considerada intermediária na obra. Discorre sobre as milícias e exércitos, os quais afirma serem as bases principais de sustentação do poder, ao lado de boas leis, e ambos têm uma forte ligação entre si. A respeito dos tipos de milícias, podem ser de quatro tipos:  próprias, mercenárias, auxiliares ou mistas. As mercenárias e auxiliares são de nenhuma utilidade e transmitem grande perigo, devido ao vínculo praticamente ausente com os que defendem. Deve-se sempre fugir destas milícias pois a verdadeira vitória só é saboreada se conquistada com as próprias armas, sem levar em conta o prestígio alcançado entre os soldados e súditos desta maneira. Sobre os deveres do príncipe para com seus exércitos, Maquiavel afirma que a arte da guerra deve ser sempre exercitada, tanto com ações como mentalmente, para que o Estado esteja sempre preparado para uma emergência inesperada e, também, para que seus soldados o estimem e possam ser de confiança.
Depois da discussão das milícias, Maquiavel inicia a terceira e última parte de sua obra: a discussão sobre como devem ser as características da personalidade dos príncipes, inicialmente pelas quais são louvados ou vituperados. 
Da leitura do texto, se conclui que os príncipes não devem tentar reunir todas as qualidades consideradas boas, pois a sensibilidade humana não permite que sejam todas distintas e acrescentem muito a opinião dos súditos a seu respeito, mas se concentrar em absorver aquelas que lhe garantam a manutenção do Estado. Mas a questão a qual o autor mais se atém é que o príncipe deve evitar de todas as maneiras adquirir duas delas: o ódio e o desprezo de seus súditos.
Dentre as qualidades apontadas estão a generosidade, que deve se balanceada pela parcimônia, a economia. O príncipe deve ser generoso, mas não muito, pois pode-se adquirir má fama entre aqueles que não forem beneficiados por esta generosidade, além de atentar para o detalhe de que geralmente, quando alguém ganha, outros perdem, e isso pode gerar o ódio ao príncipe, o que deve ser evitado a qualquer custo. Tão antagônicas quanto as características apontadas acima estão a crueldade e a piedade. Aliás, as considerações a este respeito tornaram fizeram boa parte da fama de Maquiavel, com suas afirmações em relação a ser temido ou amado. Ele afirma que, na impossibilidade de reunir ambas características, ou de ter que renunciar a um deles, é melhor ser temido, pois trair a alguém a quem se teme é bem mais difícil do que a quem se ama. No entanto, ao passo que não se conquista o amor, deve-se evitar o ódio, respeitando os bens e as mulheres dos súditos. Um ponto de destaque é no que diz respeito a postura do príncipe para com seus exércitos: não deve se importar com a fama de cruel para com eles pois "...Sem esta fama, nunca se mantém um exército unido nem disposto a qualquer combate..."(cap. XVII, no. 4).Quanto a palavra do príncipe, afirma que este deve procurar mantê-la mas, quanto isto não for  possível, deve-se usar artifícios para "...confundir a mente dos homens..."(cap. XVIII, no. 1) pois estes, "...No final, superaram os que sempre agiram com lealdade". Segundo Maquiavel, o "...príncipe prudente não pode, nem deve, manter a palavra dada, quando lhe for prejudicial"(cap. XVIII, no. 3).
O capítulo mais extenso da obra discute "Como evitar o desprezo e o ódio". O ódio surge quando se perdem bens e honra, pois assim os súditos passam a viver insatisfeitos. Já o desprezo surge quando o príncipe é considerado volúvel, superficial, efeminado,pusilânime, indeciso, características que ele deve evitar a qualquer custo. Em suas atitudes devem ser vistas boas qualidades como coragem, força e certeza, para que nunca tenha que voltar atrás em uma decisão.Com isso, o príncipe adquire boa reputação, e o surgimento de uma conspiração contra sua pessoa torna-se difícil pela admiração de seus súditos por ele. Refletindo sobre isso, também se faz necessário destacar a necessidade de se agradar tanto ao povo como aos nobres, como já foi dito anteriormente no assunto dos principados, porque conspirações podem surgir de qualquer um dos lados. E para isso, não são  necessárias apenas boas ações, mas também as más, pois para agradar um grupo podem ser necessárias ações corruptas, negativas, benéficas partindo-se do princípio de agradar os súditos. E, para finalizar a discussão à respeito das características do príncipe, Maquiavel trata das atitudes que este deve proceder para ser admirado, entre eles grandes realizações e
exemplos raros, além de grandes demonstrações de política interna e externa e de amizade ou inimizade verdadeiras. 
Encerrada esta discussão, Maquiavel escreve mais diversas considerações, que poderiam ser considerados apêndices, a respeito de diversos assuntos que cercam o príncipe. Entre eles, estão considerações sobre a utilidade de fortalezas e outras coisas cotidianas, secretários, aduladores, influências da fortuna sobre os homens e à respeito da Itália. No que diz respeito às fortificações, deve construí-las e armar parte de seus súditos para sua própria segurança, caso tenha medo de seu povo, mas em caso contrário, deve abandoná-las. Sobre os secretários, são de difícil escolha. Os de melhor caráter são os que pensam sobretudo no príncipe, sem procurar útil para si próprio em todas as ações que comete. Aduladores:"...Os homens...com dificuldade, defendem-se desta peste..."(cap. XXIII, no. 1).Evita-se as adulações fazendo com que os homens compreendam que não se ofende ao príncipe se dizerem a verdade à respeito do que lhes for perguntado. No tocante da fortuna, se ela "...muda e os homens obstinam-se em suas atitudes, estes terão sucesso enquanto os dois elementos estiverem de acordo e, quando discordarem, eles fracassarão..."(cap. XXV, no. 9).Maquiavel, sobre a Itália, escreve dois capítulos de sua obra: "Porque os príncipes da Itália perderam seus Estados" e "Exortação para retomar a Itália e libertá-la dos bárbaros", que expõem motivos e soluções para questões de sua pátria, a partir de tudo que discutiu-se no livro. 
"O Príncipe" de Nicolau Maquiavel
Caído em desgraça em 1512, aos 43 anos de idade, depois de ter prestado por quinze anos seus serviços ao Conselho dos Dez, órgão da Senhoria da República de Florença, encarregado da Guerra e das Relações Exteriores, preso e torturado, Nicolau Maquiavel (1469-1527) foi forçado a retirar-se para a herdade da sua família, a Villa Macchiavelli, num lugar chamado de San Casciano Val di Pesa. O escritório dele então tornou-se uma usina de textos sobre idéias políticas que espalharam a fama dele pelo mundo inteiro. 
O gênese do "O Príncipe" 
Apesar do abatimento e do vexame por ter sido supliciado ele não se deprimiu por muito tempo. Como escreveu ao seu amigo, o embaixador Francisco Vettori (carta de 10/12/1513), com quem mantinha ativa correspondência, decidiu-se por abraçar profundamente às letras. Ele freqüentara as potências do seu tempo, conhecera monarcas poderosos, arcebispos, cardeais e o próprio papa, além de um número significativo de tiranos e de condottiere, capitães-de-aventura, como se chamavam os chefes mercenários. Vira de perto a ascensão e queda de muitos deles. Como por igual apreciava os letrados, tais como o historiador Francisco Guicciardini (+ 1540), seu amigo, e um dos maiores escritores políticos da sua época, ninguém melhor do que ele para associar a prática à teoria. 
Depois de passar o dia convivendo com os aldeãos e os freqüentadores da taverna, à noite Maquiavel, trajando-se com boas roupas, recolhia-se para a sua biblioteca para "encontrar-se com os grandes", isto é, pôr-se a ler os autores clássicos: Tucídides, Cícero, Júlio César, Tácito, Tito Lívio, e tantos outros mais, imaginando dialogar com eles todos. Portanto, sua obra política resultou dessa simbiose entre o empírico (a experiência dele como diplomata) e o conhecimento histórico acumulado (os livros da política greco-romana). Na construção dele do Cosmo Político, Deus estava banido, pois o que ele quis retratar era o império dos homens, um cenário mais próximo da selva do que dos espaços divinos. 
Método e intenções
	
	
	
O método empregado por ele não se diferenciava das lições da escolástica: após uma afirmação inicial, segue-se uma série de considerações que confirmavam o enunciado, sempre fazendo menção à sabedoria dos antigos, às lições que os estadistas daqueles outros tempos, conscientemente ou não, deixaram como herança a ser resgatada. Tal como os artistas da sua época que recolhiam os vestígios dos grandes escultores, pintores e arquitetos do mundo clássico, inspirando-se neles para moldar ou erguer suas obras-primas, o mesmo devia ser feito com as ações extraordinárias dos antepassados ilustres. 
Enche então páginas e mais páginas de exemplos retirados dos tempos da Grécia, da República ou do Império Romano, ou ainda de acontecimentos ocorridos mais recentemente nos reinos da França, Espanha, ou nas outras cidades italianas, para ilustrar e esclarecer seus pontos de vista. 
Havia um tanto de ironia e soberba no fato de Maquiavel, banido e afastado de tudo, um homem que fracassara, quer dar aulas aos príncipes (isto é, a qualquer chefe de estado), desejando soprar-lhes no ouvido receitas de artimanhas e truques de sobrevivência. Mas assim foi, porque, antes de tudo, a situação da Itália o exasperava. 
Como ele confessou, na falta de outros cabedais para presentear as altezas, sem "cavalos, armas ou tecidos de ouro, pedras preciosas", que tanto as agradam, só lhe restou deixar-lhes "o conhecimento das ações dos grandes", lançando-se como "um dos mestres de um pensamento novo" (Claude Lefort – Le travail de l´ouvre Machiavel, Paris, 1986). 
Portanto, torna-se claro no seu prefácio que ele não se dirigiu ao povo, às massas diríamos hoje, mas aos chefes-de-estado, aos líderes de partido, ou candidatos a tal. Eles é quem faziam a história. Do mesmo modo que muitos deles já dispunham de um manual de falcoaria, da arte da caça, ou ainda da estratégia, passariam a dispor doravante, devido ao engenho de Maquiavel, de uma arte da política. Viu-se ele deste modo como um instrutor de águias e não de cordeiros, o mundo dele era a selva dos fortes, lugar onde Deus não estava presente. 
"O Príncipe", dedicado a Lourenço de Médici (+ 1519), duque de Urbino, é curto. São 26 capítulos, ou lições, que chegam, dependendo da edição, a mais ou menos umas cem páginas. Tornou-se um dos manuais de política mais editados, traduzidos e lidos no mundo inteiro. Depois da "Comédia" de Dante (+ 1327), é a mais universalmente famosa obra escrita por um italiano. 
Das formas de governo de conquista
"não existe modo mais seguro para conservar tais conquistas, senão a destruição. E quem se torne senhor de uma cidade acostumada a viver livre e não a destrua, espere ser destruído por ela..." ("O Príncipe", cap. V). 
Ao invés de reproduzir a conhecida forma encontrada na filosofia política dos antigos, que separava os regimes em Monarquia (o governo de um só), Oligarquia (o governo de um grupo) e Democracia (o governo de muitos), Maquiavel identifica apenas dois tipos de regime: as repúblicas (o governo em comum) ou os principados (em geral governo de um homem só que pode exercê-lo por herança, por indicação, ou pela força). A instabilidade maior acomete o principado "novo", porque a chegada repentina ao poder de um senhor desconhecido sempre termina por desgostar os que antes estavam no governo sem que ele tenha ainda a adesão ou a bem querença do povo. 
Agrega-se a isso o fato da nova ordem terredobradas dificuldades em estabilizar-se quando implantada num território estranho, com outra língua e costumes. A melhor e mais segura maneira de dominar uma região conquistada – como ensinaram os romanos - é ir habitá-la ou colonizá-la. A ocupação militar direta, insiste Maquiavel, é instável e muito custosa: a "guarda armada é inútil". Há, pois, regras de dominação que devem ser seguidas sem as quais o príncipe facilmente perde o que conseguiu pelas armas. Não há da parte dele nenhuma censura no fato de haver a invasão de um país. O florentino acha "natural e comum o desejo de conquistar" e, quando há sucesso na empreitada, poucos príncipes são censurados por isso. 
Repúblicas 
Governo da coisa pública (administrado por um conselho, um senado, consulado ou podestá). 
Principados(*)
Governados por um só (que o recebeu por herança, indicação ou tomado à força). 
(*) Maquiavel faz referência igual aos principados eclesiásticos, aqueles dirigidos diretamente pela Igreja Católica e por seus bispos, pois a Santa Sé, naqueles tempos, também exercia poder temporal. 
Da estrutura e essência dos governos
Em geral, os governos dividem-se em dois tipos. Num deles o príncipe é um chefe absoluto, sendo que os que o cercam são seus servidores, praticamente seus servos (é o que imperava no mundo oriental). No outro, o príncipe um tanto que compartilha sua autoridade com uma gama diversa de nobres, aparecendo como um presidente de uma confederação de barões e duques, tendo por vezes que conviver com um parlamento. 
Na primeira situação é tal como se dá no jogo de xadrez: basta dar um xeque-mate no rei que tudo desaba, a partida estará ganha. Derrubando-se o príncipe absoluto, um déspota oriental por exemplo, tudo cai nas mãos do agressor. A antiga criadagem simplesmente muda de senhor e se põem às ordens do vitorioso, como aconteceu com os sátrapas persas de Dario (+ 330 a.C.) em relação a Alexandre o Grande ( + 323 a.C.). 
Na outra, no sistema que predominava na Europa, pode ser mais fácil a vitória, mas é mais difícil assegurar o controle do reino porque cada barão irá resistir ao seu modo ao ocupante, independentemente do rei estar aprisionado ou morto. 
Seja como for, a melhor maneira de conservar um estado dominado, sem precisar destruí-lo inteiramente, é permitir que ele mantenha suas próprias leis e costumes, preocupando-se apenas em criar um núcleo colaboracionista que auxilie no domínio e na arrecadação dos tributos. Deste modo, o ódio e o rancor da população ocupada é atenuado ou volta-se primeiramente contra os que ajudam o invasor e não contra o próprio conquistador. Maquiavel aponta que aqueles que viveram em liberdade são os que menos se conformam com a perda dela, portanto a situação mais segura para o ocupante é destruí-los completamente. 
Formas de governo 
Autoridade absoluta (ou despótica) - O príncipe exerce o poder diretamente, seus ministros e funcionário são seu servos. 
Autoridade mitigada - O príncipe governa por meio de conselhos, parlamentos ou assembléias de nobres. 
O Príncipe e as novas conquistas 
"não haver coisa mais difícil para cuidar, nem mais duvidosa a conseguir, nem mais perigosa a manejar, que se tornar chefe e introduzir novas ordens." ("O Príncipe", cap. VI)l. 
Quando se trata da fundação de um novo principado, a situação de sucesso depende muito de dois fatores: Virtu i Fortuna, a virtude e a boa sorte do príncipe. A implantação do novo regime deve muito à ocasião, ao príncipe saber aproveitar bem as oportunidades que surgem a sua frente, saber navegar quando as correntes estão a seu favor. 
O maior desafio que um príncipe se depara na fundação de uma nova ordem das coisas deriva do fato que ele tem contra si todos aqueles que eram beneficiados na situação anterior, contado a seu crédito apenas com os simpatizantes ainda tímidos, que não sabem ou não puderam ainda sentir-se beneficiados pela nova situação. Os que são contra ele são muito fortes ainda e os que lhe acompanham não tem certeza do sucesso do empreendimento e tendem facilmente a desistir. Exatamente por isso, Maquiavel afirmou (cap. VI), numa sentença que se tornou célebre, que "somente os profetas armados venceram" enquanto que o destino dos profetas desarmados é o fracasso. (*) 
Profeta desarmado - É historicamente derrotado visto que quando não mais acreditam nas profecias – o povo é volúvel - ele não tem meios que se manter no poder. 
Profeta armado - É o que vence, pois quando o desencanto ocorre, o povo se desilude, ele consegue mantê-lo na crença pela força das armas. 
Por igual pode-se chegar à cabeça do estado por graças da boa fortuna, como é o caso daqueles que caem na simpatia de um poderoso que o torna representante local dos seus interesses. Mesmo não sendo dotado de nenhuma legitimidade que não seja a vontade do seu patrão, ele consegue ficar a cavaleiro das coisas se demonstrar astúcia (o terceiro grande elemento maquiavélico de sucesso de um príncipe, além da virtude e da fortuna), de saber jogar as facções locais umas contra as outra para que ele possa reinar soberano sobre elas. Governar é também a arte de fazer amigos, de ter aliados, de se fazer amar ou temer pelo povo, "de vencer pela força ou pela fraude", de manter-se no poder a qualquer custo. 
(*) O termo "profeta" deve ser compreendido como o fundador de um estado, de uma religião ou um reformador social, não necessariamente como um conquistador. 
O Príncipe, o crime e a política 
"Não se pode, ainda, chamar virtude o matar os seus concidadãos(...) tais modos podem conquistar o poder, mas não a glória." ("O Príncipe", cap. VIII) 
Há ainda uma "terceira via", além da virtude e da boa sorte, para galgar-se ao poder num estado: o crime. É o caso de muitos tiranos que, apoiados pelas milícias, deslocam por meios sangrentos (em conspirações ou golpes seguidos de assassinatos) os antigos mandantes e assumem o poder para si. 
Para Maquiavel, que circulou por muito tempo pelas cortes, não há nenhuma sansão a fazer desde que a porção de maldade inicialmente utilizada para ascender não mais se repita. A vilania e o crime, por vezes, são degraus para chegar-se ao topo, mas depois de nele instalado recomenda-se ao príncipe desfazer-se da escada suja de sangue que ele teve que galgar. As "maldades negativas", ou maldades verdadeiramente ruins, por assim dizer, são aquelas que não cessam nunca, "que aumentam ao invés de extinguirem". 
É sempre melhor, aconselhou, praticar a ofensa de uma só vez, de imediato, enquanto que os benefícios devem ser feitos aos poucos. O mal, tal como um purgante, deve ser aplicado instantaneamente, todo de uma só vez pela goela abaixo, enquanto que o bem deve ser ministrado aos poucos, como se fora uma iguaria, apreciada colher a colher. O mesmo se dá com as injúrias. Para ele, o mal – inerente ao homem - é um instrumento da política que somente deve ser condenado se aplicado de modo exagerado ou fora de propósito, prejudicando o bom andamento do governo, trazendo-lhe instabilidade. Há, pois um mal "bom", o que impõe a ordem, e um mal "ruim", o que gera desordem a largo prazo. 
O mesmo diz ele da guerra. Não se pode evitar uma batalha, apenas consegue-se postergá-la. E quanto mais tempo se demora em entrar na refrega é pior. Enquanto existir a humanidade haverá guerras, a questão é tirar o melhor proveito possível delas. Este tipo de disposição, indiferente ao apelo pacifista do cristianismo, é que levou seus críticos a dizerem que o florentino estava a serviço de Lúcifer (*) 
(*) Shakespeare, pela voz de Ricardo III, seu mais famoso vilão, quando ainda Duque de Gloster, num monólogo, associa claramente o florentino aos tipos sem piedade: "Sim, eu posso matar, matar, enquanto rio (...) Ao camaleão posso emprestar cores, muito mais do que Proteu mudar de formas, a própria escola do sanguinário Maquiavel servir de mestre." (in "Henrique VI", 3ª parte, ato III, cena II).Do mal - É "positivo" quando aplicado de um só vez, como um choque. É "negativo" quando se estende por muito tempo, tornando-seinsuportável ( algo como "terrorismo de Estado"). 
Da Guerra - É inevitável. É melhor declará-la logo do que mais tarde. Pode se contornar, mas nunca se evita uma guerra. 
O Príncipe e o Povo
"...a um príncipe é preciso ter o povo como amigo, pois, de outro modo, não terá possibilidades na adversidade." ( "Príncipe", cap. IX) 
Um principado também pode ser constituído pelo povo( uma democracia) ou pelos grandes (uma oligarquia). O povo procura escolher para dirigi-lo um príncipe da sua estima que cuide em não oprimi-lo e impeça com sua autoridade que os grandes o façam. O objetivo do povo é sempre mais honesto do que o dos grandes, ele apenas não deseja ser espoliado ou humilhado pelos ricaços e demais poderosos. Além do mais parece ser mais fácil para um príncipe conviver com a hostilidade dos grandes, porque são poucos, do que ter contra si o povo inteiro. 
Seja como for escolhido, pela gente comum ou pelos fidalgos, o príncipe sempre tem que ter em mente garantir a amizade do povo, ganhando-o para si, bastando para tanto adotar medidas de proteção dos seus cidadãos. Entre outras razões, isto é importante porque é a amizade do povo, e somente ela, é que poderá garanti-lo em caso de adversidade. Se o líder se mantêm ativo, com coragem, sustentado sua posições com bravura, o povo o acompanhará. 
É certo que o inimigo sempre hesitará em atacar uma cidade, tendo que submetê-la a sitio por um bom tempo, se a população que a habita é fiel e quer bem ao seu governante. Mais tarde ou mais cedo ele se verá obrigado a recuar, batendo em retirada com vergonha. Todavia, é bom levar em conta que se são muitos os que se oferecem para tudo no tempo de paz, quando os ventos da guerra começam a soprar e o cheiro da morte atinge os muros da cidade, certamente bem poucos serão então encontrados. 
O Príncipe e o Exército
"Os principais fundamentos que o Estado têm, tanto os novos como os antigos ou misto, são as boas leis e as boas armas"("O Príncipe", cap. XII) 
Era costume naqueles tempos as cidades ou reinos italianos recorrerem às tropas de aluguel. Para tanto, contratavam um condottiere (um condutor de homens), um chefe mercenário, igualmente chamado como capitano di ventura, capitão-de-aventuras, que trazia consigo, devido a sua fama de valentão, um bando de homens armados sujeito às suas ordens, cujos serviços ele colocava à disposição. 
O Condottiere ( Paolo Ucello)
Maquiavel os considerava uma desgraça para o estado, pois eram destituídos de qualquer espírito cívico e não tinha nenhuma identificação com a bandeira que abraçavam. Eram tropas "desunidas, ambiciosas, indisciplinadas, infiéis... vis entre os inimigos", queriam o soldo quando impera a paz, mas fugiam quando o perigo de verdade se aproxima. 
Evidentemente que ele tinha em mente como exemplo de excelência o corpo de legionários do tempo da antiga Roma, formado pelo sal da terra do Lácio, homens que lutavam com ardor patriótico e que ergueram bem alto, na glória, as águias imperiais. Para ele foi a recorrência às armas mercenárias que colocaram a Itália a perder. 
Ainda que os soldados assalariados combatessem nas pequenas guerras travadas entres as cidades, havia muito de simulação. Um condottiere encenava cercar uma cidade enquanto um outro, ao serviço dos sitiados, não atacava-lhe o acampamento. Por vezes, tudo não passava de um faz-de-conta patrocinado pelo infeliz contratante. 
Havia ainda um outro agravante em se manter na dependência dos soldados da fortuna. Se o patrão deles era derrotado, voltavam-se contra ele e terminavam por saquear a cidade que juraram defender. Se fosse vitorioso, acabava prisioneiro deles, pois os louros haviam sido alcançados pelo chefe dos aventureiros e não por seu empregador. 
Esta é uma das razões do príncipe dever estar sempre com a cabeça voltada para a guerra. Necessita praticar a caça como exercício ao tempo em que a usa como momento para o estudo da geografia local a fim de melhor conhecer o país, suas defesas naturais e suas deficiências mais gritantes. O domínio da topografia é um meio caminho para o bom sucesso das armas, seguido de leituras da história para estudar como os grandes se comportavam nas batalhas, examinando as causas das vitórias e das derrotas deles. 
Quando os valentes exércitos estrangeiros assaltaram o país, quando Carlos VIII, rei da França, atacou a Itália, em 1494, foi um salve-se quem puder, um fiasco completo. Os bandos mercenários se puseram a correr. 
Além disso, um comandante de aluguel sempre é um perigo ás instituições. Se tiver alguma qualidade ele inevitavelmente desejará algum dia vir a tomar o poder, abatendo o patrão e usurpando-lhe o principado, como se deu em várias oportunidades da história recente do país. Tudo isso contribuiu para que a Itália se visse "percorrida por Carlos VIII, saqueada por Luís XII (ambos reis da França), violentada por Fernando (rei da Espanha) e desonrada pelos suíços", que a reduziram "à escravidão e à desonra". 
Os estados verdadeiramente livres (*) só se mantém assim tendo suas próprias tropas, contando com sua gente, apelando para os seus, formando os quadros de oficiais junto aos seus cidadãos e nunca confiando numa espada de aluguel. E quem tem boas armas, tem sempre ao seu lado bons amigos. 
Enquanto a Itália não resolvesse esse problema dificilmente ela poderia se livrar do jugo dos bárbaros (isto é, dos reis estrangeiros que a assaltavam). 
(*) Entenda-se que o termo "liberdade" daquela época estava circunscrito ao direito reclamado pelas cidades-republicanas de se verem livres da ingerência externa bem como a independência política quanto ao autogoverno republicano. O direito que elas tinham de ter o governo que melhor entendessem (Q.Skinner – Os Fundações do Pensamento Político Moderno, vol I, S.P., 1996). 
O Príncipe e seus Dilemas
[ a doutrina do maquiavelismo]
"...é necessário ,a um príncipe que queira se manter , aprender o poder não ser bom e usar ou não da bondade, segundo a necessidade." ( "O Príncipe", cap. XV) 
Deve um príncipe ser liberal ou contido? Mão aberta ou sovina? O perigo do príncipe mostrar-se liberal é que ele termina por esbanjar dinheiro, o que conduz ao aumento dos impostos e taxas. Por vezes, o que por primeiro se apresenta como a política mais simpática, acaba se revertendo em prejuízo. É melhor, pois, gastar pouco para não ter que assaltar o bolso dos súditos. Um governante pródigo só se sustenta se dissipar o dinheiro dos outros, dos inimigos. É mais sábio levar a fama de miserável, de sovina, do que incorrer no pecado de ser dilapidador dos recursos públicos. 
O mesmo ocorre quando ele se mostra indeciso em ser amado ou temido. Neste ponto Maquiavel é categórico: é melhor levar a fama de cruel e manter os súditos unidos, do que ser um governante piedoso que deixa a desordem imperar no seu sitio. Ele não tem duvida em assegurar que - se o príncipe não consegue ser amado e temido ao mesmo tempo - o melhor e mais seguro é ser temido. E isso se deve a natureza dos homens em geral: todos estão ao lado do governante quando sopram ares bons e as coisas navegam a contento. Basta, todavia, uma mudança do quadro, para todos se revoltarem. Pobre do príncipe que acredita nas palavras do povo! Logo, em tempos sombrios, todas as juras são esquecidas, todos os votos sagrados rompidos, e o príncipe se vê acuado. Somente o temor a ele o mantém, porque "o receio de castigo jamais se abandona". 
A conseqüência deste seu raciocínio é que um soberano bom, íntegro, honesto, mantenedor da palavra, necessariamente não significa que ele será um bom governante. Bem ao contrário, uma tolerância excessiva, a negativa em empregar a violência, poderá fazer periclitar o estado, risco que um príncipe rude e perverso jamais incorre. 
O que se deve evitar acima de tudo é atrair o ódio. E isso o príncipe consegue não expropriando os bens alheios nem ofendendo a honra dos súditos, visto que "os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio". Qualquer um tolera melhor que lhe matem umparente seu do que lhe roubem o patrimônio. 
Igual conselho se aplica à palavra dada, visto que o príncipe só deve sustentar uma promessa, mantendo o que disse ou confirmando sua assinatura ou jura, se for necessário aos interesses gerais do seu governo. Passado o motivo que o forçou a tomar aquele compromisso, geralmente num momento de perigo, o melhor a fazer é esquecer tudo. 
A obrigação maior dele é vencer e manter o estado, não importando os meios utilizados para tanto: os meios justificam os fins. Se ele tiver sucesso nisso sempre será louvado e honrado por todos, porque o que importa é a aparência e o resultado final da sua política e não os pecados que incorreu ou os métodos de que ele se socorreu para mantê-la. 
Deve, sim, cultivar a ferocidade de um leão e a astúcia de uma raposa (Leone i Volpe), ao tempo em que procura engrandecer-se frente ao seu povo por meio de grandes feitos, arrancando-lhe admiração com exemplos de ousadia, ainda que incorra em "piedosa crueldade". 
Nestas condições, o príncipe deve temer conspirações? Ora se o povo, mantido contente e satisfeito, lhe é benévolo, dificilmente uma cabala de inimigos prospera. Se agrada a gente miúda e não desgosta os grandes, poucas coisas o perderão. 
Dilemas do Príncipe - Deve ser liberal ou contido?
Conselhos de Maquiavel - É perigoso ser liberal. Ser gastador significa aumentar os impostos do povo, o que gera descontentamento. Melhor a fama de sovina do que a de pródigo. 
Dilemas do Príncipe - Ser amado ou temido?
Conselhos de Maquiavel - Na impossibilidade de ser ambas as coisas, é melhor ser temido, pois é o medo do castigo quem mantém o povo quieto. 
Dilemas do Príncipe - Deve ou não sustentar a palavra dada?
Conselhos de Maquiavel - Se uma promessa resulta em algo incômodo aos interesses do estado, é melhor esquecer o que se jurou cumprir. 
Dilemas do Príncipe - Deve ou não temer uma conspiração?
Conselhos de Maquiavel - Somente se for odiado pelo povo e cair em desgraça junto aos poderosos da cidade. 
O Príncipe Libertador
Chega-se assim ao fim do livro, ao capitulo derradeiro, o XXVI. É então que o leitor se surpreende e se comove. Até aquele momento o que leu pareceu-lhe obra de um cínico, um interesseiro sem escrúpulos, um oportunista amoral atrás de resultados políticos imediatos, alguém comprometido apenas com a "verdade eficaz", incapaz de defender uma idéia nobre. Um incrédulo que entendia a religião ou a moral apenas no que elas têm a contribuir para a ordem social e a estabilidade do governo e que enxergava a humanidade por detrás das lentes da desconfiança e da ironia. Um pervertido discípulo de Lúcifer, um prodigioso cérebro a serviço do engano e da trapaça que se abeberara das piores receitas das ações dos estadistas de outros tempos para ajudar os déspotas e tiranos a melhor dominarem o povo. 
Eis que, na mais surpreendente reviravolta da literatura política que se conhece, neste derradeiro capítulo surge um outro Maquiavel. Um Maquiavel que deixa de ser maquiavélico para assumir-se como um patriota desesperado e apaixonado. Num repente tudo muda, ele não está difundindo a palavra do Diabo, mais sim está a espera de um Messias. O titulo do capitulo diz tudo: Exortação para procurar tomar a Itália e libertá-la das mãos dos bárbaros. 
Vendo a sua terra natal assolada, pasto da rapinagem estrangeira, ele se indigna não haver no país inteiro nenhum homem-forte capaz de - centralizando o poder e fortalecendo o estado - vir a por cabo naquela situação de vergonha e humilhação. Lá estava ela, a pátria inerte, "batida, espoliada, lacerada, invadida", totalmente desgraçada. Falta-lhe um salvador. Um príncipe que, seja lá com que meios, forme um exército próprio, convocando a brava gente itálica para compô-lo, bom a pé ou a cavalo, que bem comandado venha a expulsar os "bárbaros" do seu sagrado solo. 
Com isso, Maquiavel retomou as expectativas que Dante tivera dois séculos antes dele quando prognosticou a vinda futura de um líder, um Duce, que esmagaria o Papado e o Rei Estrangeiro (*), livrando a Itália da desordem. Com essa reviravolta inesperada, ele terminou alinhando-se entre os grandes escritores patriotas de todos os tempos. Para Leo Strauss, Maquiavel viu-se como um Moisés trazendo os novos mandamentos: um decálogo para libertar o povo do cativeiro estrangeiro, sendo que "O Príncipe" teria a função do cajado emancipador abrindo a passagem para que os itálicos, escapando do faraó opressor, reconquistassem a liberdade perdida. 
(*) "Dio, anciderá la fuia com quel gigante che com lei delinqüe", Comédia, Purgatorio, Canto 33,43. 
Exortação de Maquiavel a Lourenço de Médici, duque de Urbino
"Não se deve, pois, deixar passar a ocasião, a fim de que a Itália conheça, depois de tanto tempo, um seu redentor. Nem posso exprimir com que amor ele seria recebido em todas aquelas províncias que tem sofrido por essas invasões estrangeiras, com que sede de vingança, com que obstinada fé, com que piedade, com que lágrimas. Quais portas se lhe fechariam? Qual italiano lhe negaria o seu favor?... A todos repugnam o bárbaro domínio. 
Tome, portanto, a vossa ilustre casa esta incumbência com aquele ânimo e com aquela esperança com que se abraçam as causas justas, a fim de que, sob sua insígnia, esta pátria seja nobilitada e sob seus auspícios se verifique aquele dito de Petrarca:" 
"Virtude contra Furor/Tomará Armas e Faça o Combate Curto/Que o Antigo Valor/Nos Itálicos Corações Inda não é Morto". 
Bibliografia
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(*) Nota sobre "O Príncipe": Existem diversas edições de "O Príncipe", além daquela da Civilização Brasileira, consta a da L&PM, do Círculo do Livro, da Paz e Terra, da Martins Fontes, da Edipro, da Ática, do Campus,da Martin Claret, da Ícone Editora, da UnB-Universidade de Brasília, da Ediouro, da Rideel, da Germape, da AB Editora, etc.
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