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INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE CURSO DE INICIAÇÃO DOCENTE Docente: Luciane Szatkoski Resenha crítica do texto: Função social da Escola: qual o lugar do pedagógico, do político e do trabalho. Jeannete F. Pouchain Ramos, Adriana Antero Leite, Luciano de A. Filgueiras Filho O artigo tem a pretensão de contribuir com a reflexão sistemática e cotidiana na construção do projeto pedagógico da escola municipal. Para isso, os autores reconstroem alguns elementos da história da escola, buscando perceber nos projetos formativos a função social da escola brasileira em diferentes momentos, para então, discutirem a função pedagógica, política e do trabalho e a relação entre eles. A ação educativa tem por finalidade a humanização do homem através da identificação dos elementos culturais acumulados historicamente. A escola, no seu projeto pedagógico, deve selecionar e sistematizar os elementos culturais que devem fazer parte do currículo, bem como a forma de organizá-los através de conteúdo, tempos e espaços e propiciar a todos os seus alunos a apropriação crítica desses saberes. A função pedagógica, através da apropriação crítica do saber sistematizado, deve contribuir para a formação de um sujeito cônscio de seus direitos e deveres, capaz de conviver socialmente e de intervir nos processos históricos da sua comunidade e da sociedade como um todo. Para que isso aconteça, deve partir da valorização do saber espontâneo do aluno e os conhecimentos vinculados à sua realidade social. É através do currículo que a escola deve substituir os princípios de homogeneidade, segmentação, sequencialidade e conformidade pelos de diversificação, finalização, reflexividade e eficácia e estar pautado nas necessidades humanas. Dessa maneira a escola irá proporcionar uma nova relação do estudante com o conhecimento e com os professoras, desenvolvendo criticamente e politicamente o indivíduo. O projeto pedagógico da escola não deve evitar uma análise mais profunda pois quando isso acontece, aceitam-se as aparências de um currículo e certas formas de organizar a experiência dos alunos comuns e iguais para todos, é fácil aceitar a ideologia da igualdade de oportunidades, confundir as causas com os efeitos, aceitando a classificação social como consequência das diferenças individuais em capacidades e esforços. Na construção espacial do sistema escolar, o currículo é o núcleo e o espaço central mais estruturante da função da escola. Por causa disso, é o território mais cercado, mais normatizado. Mas também o mais politizado, inovado, ressignificado. (ARROYO, M. 2013. p.13) Ao considerar a dimensão pedagógica e da escola é importante enfatizar que o conteúdo do saber sistematizado caminha junto com o desenvolvimento da consciência crítica e da politização na formação do educando. Cumprindo seu papel político, a escola, pode, a partir da reflexão dos problemas sociais que cercam a escola, suscitar o debate e discutir tais problemas, estimulando nos estudantes a consciência crítica, a participação, a organização e a intervenção política na sociedade, inclusive avançando para compreender e questionar, diante das mazelas sociais, o atual modo de produção. Intimamente ligada à função social e política da escola é a dimensão democrática que confere a todos o direito de participar nas discussões, elaboração e avaliação do projeto pedagógico, de eventos, de ações etc. Assimilando assim, as regras gerais de convivência social. A respeito disso, outro autor que justifica a importância da participação democrática na escola, diz que: Provocar a reconstrução crítica do pensamento e da ação dos alunos/as exige uma escola e uma aula onde se possa experimentar e viver a comparação aberta de pareceres e a participação real de todos na determinação efetiva das formas de viver e sentir democraticamente na sociedade, a construir e respeitar o delicado equilíbrio entre a esfera dos interesses e necessidades individuais e as exigências da coletividade. (PÉREZ GÓMEZ, A. I. 1998, p. 12) A criação de espaços alternativos de participação para os segmentos da escola além dos que já existem, tais como grêmio estudantil e conselho escolar, na perspectiva de ampliar as discussões na dimensão pedagógica, administrativa e financeira é ponto fulcral na busca pela democratização. Outro ponto destacado no texto, é a relação da escola com o trabalho. Apresenta-se duas concepções de pensamento, o marxismo e o positivismo, para melhor compreensão do trabalho enquanto objetivo social da educação. Na concepção liberal, a função social da escola está restrita e relacionada à produção de habilidades e geradora de capacidades de trabalho e de produção, através do escamoteamento das relações desiguais de produção e da divisão social em classes, ao mesmo tempo que amplia o currículo perdendo sua essência. O projeto liberal na escola, está posto para uma classe social, a burguesa, se contrapondo diretamente à educação popular e legitimando as diferenças sociais. O pensamento marxista, defendido pelos autores, propõe compreender o trabalho como base excelente da educação, discutindo o trabalho enquanto conteúdo e forma. O primeiro se explicita no estudo das formas de trabalho, por exemplo; a partir do trabalho na escola e, a forma, com a produção de objetos materiais úteis e necessários a coletividade. Em síntese, trabalho ligado à transformação e a prática social. Há muitas disputas sobre a função da escola, na correlação de forças sociais, políticas e culturais. É preciso estudar a realidade atual e refletir em torno do currículo, viabilizando a compreensão e a intervenção crítica e criativa desta realidade, utilizando o conhecimento, como ferramenta de análise para compreender, o verdadeiro sentido das influências de socialização. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ARROYO, M. Currículo, território em disputa. 5.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013. Jeannete F. Pouchain Ramos, Adriana Antero Leite, Luciano de A. Filgueiras Filho. Função social da Escola: qual o lugar do pedagógico, do político e do trabalho. PÉREZ GOMÉZ, A. I. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experiência. In: GIMENO SACRISTÁN, J. PÉREZ GOMÉZ, A. I. Compreender e transformar o ensino. 4. Ed. Porto Alegre: Artmed, 1998.