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DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 1 SIMULADO 02 Caderno de Comentários DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 2 DIREITO PENAL 01 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA No que tange aos princípios do direito penal, julgue as afirmativas a seguir: I - Em se tratando de réu reincidente no crime de furto, sendo de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode aplicar o princípio da insignificância, excluindo a tipicidade material da conduta. II - Em se tratando de réu reincidente no crime de furto, sendo de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode determinar a substituição da pena privativa de liberdade pela pena restritiva de direitos. III - Em se tratando de réu reincidente no crime de furto, sendo de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode aplicar o regime inicial aberto, em exceção à regra prevista no art. 33, §2°, “c”, CP. IV – Nas infrações cometidas no contexto de violência doméstica e familiar, o princípio da insignificância não poderá incidir nos crimes praticados contra a mulher, mas poderá ser invocado se se tratar de contravenções penais. V - São princípios que visam solucionar o conflito aparente de normas: especialidade, subsidiariedade, fragmentariedade e consunção. Estão corretas as afirmativas: a) I e IV b) II e III c) II e V d) IV e V e) III e IV COMENTÁRIO I – (RESPONDE TAMBÉM A II e III) A reincidência, por si só, não impede que o juiz reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, na prática, observa-se que, na maioria dos casos, o STF e STJ negam a aplicação do princípio da insignificância caso o réu seja reincidente ou já responda a outros inquéritos ou ações penais. (Info 793). Diante disso, o STF, em posições inovadoras, passou a permitir a substituição da DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 3 PPL pela PRD, bem como a aplicação do regime aberto, em exceção à regra do CP, aos reincidentes por crime de furto, em que o valor da coisa furtada é insignificante. (Novidade jurisprudencial)! STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a pena restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II, do CP. Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, afastando o óbice do art. 44, II, do CP: Art. 44. As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: (...) II – o réu não for reincidente em crime doloso. Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por restritiva de direitos, afastando a proibição do art. 44, II, do CP. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018 (Info 913). Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo ele sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da proporcionalidade STF. 1ª Turma. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 23/4/2019 (Info 938). V – INCORRETA – Súmula 589, STJ: S. 589-STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou nas contravenções penais contra a mulher no âmbito das relações domésticas”. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 4 V – INCORRETA Ocorre conflito aparente de normas, quando diante de um fato, se revela possível, em tese, a aplicação de mais de um tipo legal. São os princípios para solucionar o conflito aparente de normas: especialidade, subsidiariedade, consunção ou absorção e alternatividade (não há fragmentariedade). RESPOSTA: B 02 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Assinale a alternativa incorreta: a) O erro de tipo permissível inescusável é aquele que recai sobre a situação de fato, excluindo a culpabilidade dolosa, mas permitindo a punição do agente a título de culpa. b) O erro sobre o nexo causal subdivide-se em erro sobre nexo causal em sentido estrito e dolo geral. Nas duas hipóteses, o agente responde pelo delito na forma consumada. c) Em se tratando de erro provocado por terceiro, somente responderá pelo crime este terceiro, não punindo, em nenhuma hipótese, aquele que fora provocado. d) Para a Teoria Estrita da Culpabilidade, as descriminantes putativas têm natureza jurídica de erro de proibição. Desse modo, se inevitável, isenta de pena, se evitável diminui a pena de 1/6 a 1/3. e) É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. COMENTÁRIO LETRA C – INCORRETA (GABARITO) Não necessariamente responderá pelo crime somente aquele que provocou o erro, sendo certo que, se o agente provocado agir com negligência, ele também deverá ser responsabilizado. LETRA A e E – CORRETAS DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 5 Art . 20 - O erro sobre e l emento const i tut ivo do t ipo l egal de cr ime exc lui o dolo , mas permite a punição por cr ime culposo, se previs to em le i . Descr iminantes putat ivas § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente just i f i cado pe las c i r cunstâncias , supõe s i tuação de fato que, se exis t i sse , tornaria a ação l eg í t ima. Não há isenção de pena quando o erro der iva de culpa e o fato é puníve l como cr ime culposo. LETRA B – CORRETA O erro sobre o nexo causal subdivide-se em: (1) Erro em erro sobre nexo causal em sentido estrito: a conduta, que se desenvolve num só ato, provoca o resultado desejado, porém com nexo diverso. (2) Dolo geral: A conduta, que se desenvolve em dois atos, provoca o resultado desejado, porém com nexo diverso. Se estivermos diante de um crime de homicídio, por exemplo, em ambas as hipóteses, o agente responderá por homicídio doloso consumado (e não tentativa de homicídio doloso em concurso com homicídio culposo), pois há perfeita congruência entre a sua vontade e o resultado naturalístico pretendido. LETRA D - CORRETA Para a teoria Normativa pura, extrema ou estrita, as descriminantes putativas sempre caracterizam erro de proibição (1) se inevitável (escusável) � isenta de pena (2) se evitável (inescusável) � diminui a pena de 1/6 a 1/3. RESPOSTA: C 03 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Assinale a alternativa correta: a) Atos reflexos, coação moral irresistível e estado de inconsciência são causas de exclusão da conduta, de modo que, se tais circunstâncias estiverem presentes, sequer haverá crime. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 6 b) Apesar de o commodus dicessus configurar uma alternativa inerente à legítima defesa, autorizando o agente a repelir a injusta agressão,é possível adotá-la, excepcionalmente, quando o agente estiver diante de uma situação de estado de necessidade. c) Ocorre legítima defesa sucessiva quando há legítima defesa real contra legítima defesa putativa. d) Não é possível falar em legítima defesa real contra legítima defesa real, mas é admissível legítima defesa putativa em face de legítima defesa putativa. e) O consentimento do ofendido, a depender da construção do tipo incriminador diante do qual é analisado, pode apresentar-se como causa supralegal de exclusão da ilicitude ou causa de exclusão da tipicidade. COMENTÁRIO LETRA A – INCORRETA A coação moral irresistível não exclui a conduta, mas sim a culpabilidade. É a coação física irresistível que exclui a conduta. LETRA B – INCORRETA Commodus dicessus significa fuga do local. Sendo assim, trata-se de uma alternativa inerente ao estado de necessidade, e não à legitima defesa. Isso porque, no estado de necessidade, estamos diante de uma colisão de interesses legítimos e a fuga configura a melhor alternativa para evitar o sacrifício de algum bem jurídico. Apesar disso, parte da doutrina entende que, excepcionalmente, é possível invocar o commodus dicessus (fuga do local) na legítima defesa, quando a injusta agressão partir de um inimputável. LETRA C e D – INCORRETAS “A leg í t ima de fesa sucess iva ocorre quando alguém reage contra o 6equis de l eg í t ima de fesa. Esse t ipo de l eg í t ima de fesa é poss íve l pois o 6equis sempre representa uma agressão in justa. Por outro lado, não é poss íve l fa lar em leg í t ima de fesa real rec íproca e 6 equis l eg í t ima de fesa 6 equis i t rec íproca, pois ausente o 6 equis i t e obje t ivo da injusta agressão”. (MASSON, Cleber . Dire i to penal parte geral esquematizado. Volume 1. 9ª edi ção. Pg. 456 e 457). LETRA E – CORRETA O consentimento do ofendido, a depender da construção do tipo incriminador DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 7 diante do qual analisado, pode apresentar-se como: a) Causa de exclusão da tipicidade: se o tipo penal exige o dissenso da vítima, enquanto um dos 7equisite7 objetivos formais necessários à completude da figura incriminadora, é claro que o válido consentimento do ofendido exclui a tipicidade. Ex.: crimes de violação de domicílio – art. 150 do CP (se alguém permite ou tolera que terceiro ingresse em sua casa, ausente estará a tipicidade da conduta) e estupro – art. 213 do CP (se a mulher consente na relação sexual, inexiste tipicidade); b) Causa supralegal de exclusão da ilicitude: o consentimento do ofendido, for a essas hipóteses em que o dissenso da vítima constitui 7equisite da figura típica, pode excluir a ilicitude, se praticado em situação justificante. Ex.: aquele que realiza tatuagens no corpo de terceiros pratica conduta típica de lesões corporais (art. 129 do CP), muito embora lícita, se verificado o consentimento do ofendido; aquele que inutiliza coisa de terceiro, ainda que a pedido deste, pratica conduta típica de dano (art. 163 do CP), muito embora lícita, se presente o consentimento da vítima. RESPOSTA: LETRA E 04 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Considerando os institutos da culpa, dolo, tentativa e consumação, analise os itens a seguir: I – Para a teoria da representação, não há distinção entre dolo eventual e culpa consciente, pois a antevisão do resultado leva à responsabilização do agente a título de dolo. II – Se o motorista praticar o crime com dolo eventual, poderá ser preso em flagrante, ainda que preste integral socorro à vítima. III – Não se admite tentativa em crime culposo. IV – Quanto às teorias da tentativa, o Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou a teoria Voluntaristística. V – No que tange às teorias que diferenciam os atos preparatórios dos atos executórios, a Teoria Objetivo-Formal prevê que há tentativa quando o agente, de modo inequívoco, exterioriza sua conduta no sentido de praticar a infração penal. Está correto o que se afirma em: DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 8 a) I e II b) I e III c) II e III d) IV e V e) I, II, III e IV COMENTÁRIO I – CORRETA A culpa consciente não pode ser confundida com o dolo eventual: Enquanto na culpa consciente o agente prevê o resultado e o afasta, no dolo eventual o agente prevê o resultado e assume o risco de sua ocorrência. “Podemos destacar quatro teorias a respeito do dolo: Teoria da vontade; Teoria do assentimento, Teoria da representação e Teoria da probabilidade. Segundo a teoria da vontade, dolo seria tão somente a vontade livre e consciente de querer praticar a infração penal, isto é, de querer levar a efeito a conduta prevista no tipo penal incriminador. Já a teoria do assentimento diz que atua com dolo aquele que, antevendo como possível o resultado lesivo com a prática de sua conduta, mesmo não o querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo. Aqui o agente não quer o resultado diretamente, mas o entende como possível e o aceita. Para a teoria da representação, podemos falar em dolo toda vez que o agente tiver tão somente a previsão do resultado como possível e, ainda assim, decidir pela continuidade de sua conduta. Para os adeptos dessa teoria, não se deve perquirir se o agente havia assumido o risco de produzir o resultado, ou se, mesmo o prevendo como possível, acreditava sinceramente na sua não ocorrência. Para a teoria da representação, não há distinção entre dolo eventual e culpa consciente, pois a antevisão do resultado leva à responsabilização do agente a título de dolo. Segundo a teoria da probabilidade, conforme as lições de José Cerezo Mir, “se o sujeito considerava provável a produção do resultado estaremos diante do dolo eventual. Se considerava que a produção do resultado era meramente possível, se daria a imprudência consciente ou com DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 9 representação. ” (GRECCO, Rogério. Curso de Direito Penal parte geral. Volume 1. 2017. Páginas 318 e 319). II – CORRETA Nos crimes de trânsito, além da hipótese de o sujeito assinar o termo de compromisso (TC), não se imporá a prisão em flagrante, nem se exigirá fiança, se o agente prestar pronto e integral socorro à vítima. Todavia, haverá sim prisão em flagrante se o delegado de polícia entender que houve dolo eventual, pois neste caso se aplica o Código Penal e não o Código de Trânsito Brasileiro. III – INCORRETA “Parte da doutrina, contudo, aceita a possibilidade de tentativa nos crimes culposos, quando da ocorrência da chamada culpa imprópria (culpa por extensão, por assimilação, por equiparação), quando o agente, nos casos de erro evitável nas descriminantes putativas, atua com dolo, mas responde pelo resultado causado com as penas correspondentes ao delito culposo”. Além disso, parte da doutrina entende ser possível tentativa nos crimes preterdolosos quando a parte frustrada é a parte dolosa: “Tradicionalmente, entende-se que havendo culpa no resultado mais grave, o crime não admite tentativa. Modernamente, no entanto, vem se defendendo o seguinte: quando a tentativa recai sobre o crime antecedente, ou seja, naquele para o qual havia a vontade (dolo) e este não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente, mas há um consequente culposo, portanto, crime preterdoloso, é possível falar-se na tentativa.” (GRECCO, Rogério. Curso de Direito Penal parte geral. Volume 1. 2017. Páginas 351-353) IV – INCORRETA Existem 2 principais teorias fundamentadores acerca da punição da tentativa: 1 – Teoria subjetiva (voluntarística ou monista): leva em consideração, para justificar a punição da tentativa, fundamentalmente, a vontade criminosa, desde que nítida, podendo ela estar presente e identificada tanto na preparação quanto na execução. Leva-se em conta apenas o desvalor da ação, não importando, para a punição, o desvalordo resultado. Como o objetivo é punir aquele que manifesta vontade contrária ao direito, nem sempre deve o juiz atenuar a pena; DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 10 2 – Teoria objetiva (realística ou dualista): o objetivo da punição da tentativa volta-se ao perigo efetivo que o bem jurídico corre, o que somente se configura quando os atos executórios, de caráter unívoco, têm início, com idoneidade, para atingi-lo. É a teoria adotada pelo art. 14, II, do Código Penal brasileiro. Leva-se em consideração tanto o desvalor da ação quanto o desvalor do resultado. A redução da pena torna-se, então, obrigatória, uma vez que somente se poderia aplicar a pena igual à que seria cabível ao delito consumado se o bem jurídico se perdesse por completo – o que não ocorre na figura da tentativa. NUCCI. Guilherme de Souza. Código Penal Comentado V – INCORRETA De acordo com a Teoria Objetivo Formal, defendida por Frederico Marques, ato executório é aquele que inicia a realização do núcleo do tipo. Argumenta-se que esta teoria acarreta uma insuficiente intervenção do Estado que espera para punir o agente apenas quando estiver muito próximo da consumação, excluindo atos que, apesar de anteriores à execução do núcleo, são importantes na consecução do delito. RESPOSTA: A 05 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Sobre o concurso de crimes, à luz da legislação vigente e da jurisprudência dos Tribunais Superiores, assinale a alternativa incorreta. a) No caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido a um deles não necessariamente deverá abranger o outro. b) Leonardo, ao longo de três anos, praticou estupro de vulnerável contra sua enteada Fernanda de 6 anos, por diversas vezes, não se sabendo, contudo, quantas vezes ao todo foram praticados os estupros. Nesse caso, em havendo o reconhecimento da continuidade delitiva, deve incidir o patamar mínimo de exasperação, ou seja, 1/6 da pena, por ser o entendimento mais favorável ao réu. c) De acordo com entendimento do STJ, para configurar a continuidade delitiva, além dos requisitos objetivos e subjetivos, os crimes devem ser da mesma espécie, não sendo DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 11 necessário que estejam capitulados no mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico. d) Walter, mediante emprego de arma de fogo, anunciou o assalto dentro da farmácia Pague Menos, roubando os pertences de seis vítimas que estavam no local. No dia seguinte, Walter foi até a farmácia, e de arma em punho, anunciou o roubo, subtraindo para si os pertences de dez vítimas que estavam no local. Nessa situação, em caso de condenação, Walter terá a pena exasperada apenas pela continuidade delitiva, desprezando-se o concurso formal existente nos dois fatos. e) De acordo com a jurisprudência do STJ, é possível, de forma excepcional, reconhecer a continuidade delitiva, ainda que os crimes tenham sido praticados com intervalo de tempo maior que 30 (trinta) dias, desde que preenchidos os demais requisitos de ordem objetiva e subjetiva. COMENTÁRIO LETRA B – INCORRETA (GABARITO) A jurisprudência do STJ é no sentido de que, demonstrando que houve a prática de diversos crimes, mas sem que se saiba a exata quantidade, deve incidir o patamar máximo. PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO PRÓPRIO. INADEQUAÇÃO. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. DOSIMETRIA. CULPABILIDADE ACENTUADA. VÍTIMA DE TENRA IDADE. ELEMENTAR DO TIPO PENAL. BIS IN IDEM CONFIGURADO. QUANTUM DE AUMENTO PELA CONTINUIDADE DELITIVA. MOTIVAÇÃO IDÔNEA DECLINADA. IMPRECISÃO QUANTO AO NÚMERO DE ATOS SEXUAIS. PRESCINDIBILIDADE. CRIANÇA SUBMETIDA À PRÁTICA DE INÚMEROS ABUSOS SEXUAIS. FRAÇÃO DE 2/3 JUSTIFICADA. REFORMATIO IN PEJUS. INOCORRÊNCIA. WRIT NÃO CONHECIDO. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO. (…) omissis (…) 5. A exasperação da pena do crime realizado em continuidade delitiva será determinada, basicamente, pelo número de infrações penais cometidas, parâmetro este que especificará no caso concreto a fração de aumento, dentro do intervalo legal de 1/6 a 2/3. Nesse diapasão, esta Corte Superior de Justiça possui o entendimento consolidado de que, em se tratando de aumento de pena referente à continuidade delitiva, aplica-se a fração de 1/6 pela prática de 2 infrações; 1/5, para 3 infrações; 1/4 para 4 infrações; 1/3 para 5 infrações; 1/2 para 6 infrações e 2/3 para 7 ou mais infrações. 6. Nos crimes sexuais envolvendo vulneráveis, torna-se bastante complexa a prova do exato número de crimes cometidos. Tal imprecisão, contudo, não deve levar o aumento da pena ao patamar mínimo. Especialmente quando o contexto apresentado nos autos DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 12 evidencia que os abusos sexuais foram praticados por diversas vezes e de forma constante, até por que perpetrados pelo próprio pai, em ambiente de convívio familiar, sendo impossível precisar a quantidade de ofensas sexuais. Por conseguinte, mostra-se apropriado o aumento da pena na proporção máxima de 2/3. (…) omissis (...) (HC 439.164/ES, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 20/03/2018, DJe 26/03/2018) (grifei) LETRA A – CORRETA Em caso de concurso formal de crimes, o perdão judicial concedido para um deles não necessariamente deverá abranger o outro. O fato de os delitos terem sido cometidos em concurso formal não autoriza a extensão dos efeitos do perdão judicial concedido para um dos crimes, se não restou comprovada, quanto ao outro, a existência do liame subjetivo entre o infrator e a outra vítima fatal. Ex: o réu, dirigindo seu veículo imprudentemente, causa a morte de sua noiva e de um amigo; o fato de ter sido concedido perdão judicial para a morte da noiva não significará a extinção da punibilidade no que tange ao homicídio culposo do amigo. STJ. 6ª Turma. REsp 1.444.699-RS, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 1/6/2017 (Info 606). LETRA C - CORRETA - Este é o posicionamento do STJ. RECURSO ESPECIAL. PENAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL E ESTUPRO. ARTS. 217- A E 213, AMBOS C/C O 226, II, TODOS DO CP. CONTINUIDADE DELITIVA. CRIMES DA MESMA ESPÉCIE. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS. LAPSO TEMPORAL. PERÍODO SUPERIOR A 2 ANOS. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça compreende que, para a caracterização da continuidade delitiva, é imprescindível o preenchimento de requisitos de ordem objetiva (mesmas condições de tempo lugar e forma de execução) e subjetiva (unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos), nos termos do art. 71 do Código Penal. Exige-se, ainda, que os delitos sejam da mesma espécie. Para tanto, não é necessário que os fatos sejam capitulados no mesmo tipo penal, sendo suficiente que tutelem o mesmo bem jurídico e sejam perpetrados pelo mesmo modo de execução. 2. Para fins da aplicação do instituto do crime continuado, art. 71 do Código Penal, pode- se afirmar que os delitos de estupro de vulnerável e estupro, descritos nos arts. 217-A e 213 do CP, respectivamente, são crimes da mesma espécie. (…) (REsp 1767902/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 13/12/2018, DJe 04/02/2019) LETRA D – CORRETA DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 13 Esta é a posição tanto do STF como do STJ, de que havendo concurso de concurso de crimes, ou seja, concurso formal em concurso com crime continuado, prevalecerá apenas o aumento referente a continuidade delitiva AGRAVO REGIMENTAL NO HABEAS CORPUS. CRIMES DE FURTO EM CONTINUIDADE DELITIVA (ART. 71 DO CÓDIGO PENAL - CP). CONCURSO FORMAL (ART. 71 DO CP) COM O DELITO DE CORRUPÇÃO DE MENORES. CUMULAÇÃO DE AUMENTOS. DELITO DE CORRUPÇÃO DE MENORES NÃO INTEGRANTE DO NEXO DE CONTINUIDADE DELITIVA DOS DEMAIS DELITOS. SUBSTITUIÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR DUAS RESTRITIVAS DE DIREITOS. PENA SUPERIOR A 1 ANO. DISCRICIONARIEDADE DO JULGADOR. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO. 1. Nos termos da jurisprudência desta Corte, em sintonia com a do STF, havendo concursoformal entre dois delitos cometidos em continuidade delitiva, somente incidirá um aumento de pena, qual seja, a relativa ao crime continuado. Todavia, tal regra não tem aplicabilidade nas hipóteses em que um dos crimes não faça parte do nexo da continuidade delitiva do outro delito, embora cometidos em concurso formal, tal como ocorre com o delito de corrupção de menores - de espécie diversa -, o qual não integra a continuidade delitiva relativa ao outro delito - de roubo majorado. (AgRg no HC 396.946/SC, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 05/02/2019, DJe 14/02/2019) LETRA E – CORRETA Embora a jurisprudência ordinária do STJ seja firme no sentido de que não preenche o lapso temporal para configurar a continuidade delitiva, os crimes praticados com intervalo maior que 30 (trinta) dias, aquela Corte também sedimentou que de forma excepcional é possível superar tal lapso temporal e reconhecer a continuidade delitiva, atendidas as peculiaridades do caso. (...) RECEPTAÇÃO QUALIFICADA (SEIS VEZES). CONTINUIDADE DELITIVA. RECONHECIMENTO DA FICÇÃO JURÍDICA. CABIMENTO. LAPSO TEMPORAL SUPERIOR A TRINTA DIAS. EXCEPCIONALIDADE. PRECEDENTES. INSURGÊNCIA PARCIALMENTE PROVIDA. (…) omissis (...) 5. A figura prevista no art. 71 do CP é ficção jurídica criada para beneficiar o criminoso que, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie que, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras, os subsequentes podem ser considerados como continuação do primeiro, aplicando-se a pena de um só dos crimes, se idênticas (crime continuado homogêneo), ou a mais grave, se diversas (crime continuado heterogêneo), aumentada, em qualquer hipótese, de 1/6 a 2/3 (crime continuado DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 14 próprio). 6. Sem a necessidade de incursão nos aspectos probatórios mas, apenas, efetuando nova valoração jurídica dos fatos assentados pelas instâncias ordinárias, verifica-se que os delitos cometidos pelo agravante foram derivados de desígnios idênticos, em um mesmo contexto em que se formou o conluio de vontades para a prática dos delitos, que seguiam um mesmo modus operandi. 7. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça já assentou o entendimento segundo o qual é possível, excepcionalmente, admitir-se a continuidade delitiva, ainda que superado o lapso temporal de 30 (trinta) dias entre um crime e outro. 8. No caso, cometidos seis delitos da mesma espécie (receptação qualificada), em semelhantes condições de tempo (seis condutas em exatos 5 meses), local (entorno do Distrito Federal) e maneira de execução (adquiriam os automóveis objeto de estelionato praticado contra locadora de veículos e conduziam ao Detran para retirar o documento fraudado), torna-se evidente o preenchimento dos requisitos objetivos e subjetivos exigidos para a aplicação da ficção jurídica do crime continuado, devendo incidir, na espécie, a regra do art. 71, caput, do CP, aplicando-se a pena de um só dos crimes, acrescida de fração condizente com a quantidade de infrações. (…) omissis (...) (AgRg no AREsp 961.169/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 12/06/2018, DJe 20/06/2018) RESPOSTA: B 06 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA De acordo com o Código Penal e a jurisprudência dos Tribunais Superiores, analise as alternativas abaixo: I – A jurisprudência do STJ admite a aplicação do instituto do arrependimento posterior no crime de homicídio culposo na direção do veículo. II- O arrependimento posterior constitui causa obrigatória de redução de pena, se preenchidos os requisitos legais, independentemente de aceitação da vítima. Por possuir natureza objetiva, estende-se aos demais corréus. III - A desistência voluntária e o arrependimento eficaz não são admitidos nos crimes unissubsistentes. IV - Indivíduo que tenta roubar uma pessoa que não possui bens incorre em crime impossível. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 15 V - Em relação ao crime impossível, é correto afirmar que o Ordenamento Jurídico Brasileiro adotou a Teoria objetiva mitigada, pois exige absoluta ineficácia ou propriedade para configurar crime impossível. Estão corretas as seguintes afirmativas: (A) I, II e III (B) II, III e IV (C) II, III e V (D) I, IV e V (E) II, IV e V COMENTÁRIO I – INCORRETA Não se aplica o instituto do arrependimento posterior (art. 16 do CP) para o homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 302 do CTB) mesmo que tenha sido realizada composição civil entre o autor do crime a família da vítima. Para que seja possível aplicar a causa de diminuição de pena prevista no art. 16 do CP é indispensável que o crime praticado seja patrimonial ou possua efeitos patrimoniais. O arrependimento posterior exige a reparação do dano e isso é impossível no caso do homicídio. STJ. 6ª Turma. REsp 1.561.276-BA, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 28/6/2016 (Info 590). II – CORRETA O benefício do arrependimento posterior comunica-se aos coautores e partícipes que não tenham participado da restituição da coisa ou da reparação do dano. Uma vez reparado o dano integralmente por um dos autores do delito, a causa de diminuição de pena do arrependimento posterior, prevista no art. 16 do CP, estende-se aos demais coautores. Processo STJ. 6a Turma. REsp 1.187.976-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 7/11/2013. CAVALCANTE. Marcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência – Dizer o Direito. 6ª Edição. 2019. Editora Juspodvm, página 817 III – CORRETA Crimes unissubsistentes são aqueles que se consumam com a prática de um único ato. Dessa forma, é possível dizer que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são incompatíveis com os crimes unissubsistentes. Não é DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 16 possível abandonar a execução do crime (desistência voluntária) ou praticar um novo ato que impeça a consumação do crime (arrependimento eficaz) quando o crime já se consumou. IV – INCORRETA Se o crime praticado em face da pessoa sem bens fosse um furto, estaríamos diante de um crime impossível. Isso porque, o crime de furto tem como bem jurídico tutelado o patrimônio, logo, se uma pessoa não possui patrimônios, há impropriedade absoluta do objeto e, consequentemente, crime impossível. Hipótese diversa é o crime de roubo. O crime de roubo é um crime complexo, unidade jurídica que se completa pela reunião de dois tipos penais: furto e constrangimento ilegal. Dessa forma, tutela-se, a um tempo só, o patrimônio e a liberdade individual da vítima (há constrangimento + subtração de bens). Assim, mesmo que a vítima não possua bens para serem subtraídos, ela sofreu constrangimento quanto à sua liberdade individual, motivo pelo qual não estamos diante da hipótese de crime impossível. V – CORRETA Existem 3 teorias acerca da punibilidade do crime impossível: 1) Teoria Subjetiva � o crime impossível deve ser punido com a pena da tentativa 2) Teoria Objetiva � crime impossível não merece punição. 2.1) Teoria Objetiva Pura � para configurar crime impossível, basta que o meio seja relativamente ineficaz ou o objeto seja relativamente impróprio. 2.2) Teoria Objetiva mitigada � para configurar o crime impossível, exige que a ineficácia do meio ou impropriedade do objeto sejam absolutas. 3) Teoria Sintomática � o crime impossível só deveria ser punido quando se tratasse de um sintoma da periculosidade do agente. RESPOSTA: C 07 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Sobre a Teoria da Pena, assinale a alternativa correta. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 17 a) As causas interruptivas da prescrição comunicam-se a todos os concorrentes do crime e a todos os crimes conexos que sejam objeto do mesmo processo. b) Conforme a jurisprudência do STJ, a reincidência interrompe a prescrição da pretensão punitiva do Estado. c) A suspensão condicional da pena (sursissimples) pode ser concedida ao reincidente em crime doloso quando as circunstâncias judiciais favoráveis indicarem que a suspensão é suficiente. d) Para a concessão do benefício do livramento condicional, é necessário, além do cumprimento dos requisitos estampados no art. 83 do Código Penal, que o sentenciado tenha cumprido uma parte de sua pena no regime semiaberto ou aberto, consoante entendimento dos Tribunais Superiores. e) De acordo com a recente alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019, a prática de falta grave nos últimos 24 meses impede a concessão do benefício do livramento condicional. COMENTÁRIO LETRA A - CORRETA (GABARITO) Art. 117 - O curso da prescrição interrompe-se: § 1º - Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. LETRA B – INCORRETA - Súmula 220, STJ “Súmula 220. A reincidência não influi no prazo da prescrição da pretensão punitiva”. LETRA C – INCORRETA Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2 (dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que: I - O condenado não seja reincidente em crime doloso; II - A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício; III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste Código. § 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão do benefício. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 18 § 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão. LETRAS D e E – INCORRETAS A concessão do livramento condicional independe do regime prisional de cumprimento de pena. Não há na legislação penal qualquer determinação no sentido de que o cumprimento de pena no regime semiaberto ou aberto seja condição indispensável para a concessão do benefício em comento. Em decorrência dessa premissa, pode ser concedido o livramento ainda que o apenado se encontre no regime fechado. Nesse sentido: HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. 1. LIVRAMENTO CONDICIONAL. CUMPRIMENTO PRÉVIO DE PENA NO REGIME INTERMEDIÁRIO. DESNECESSIDADE. [...] 1. Inexiste na legislação penal qualquer dispositivo que exija o cumprimento de pena no regime intermediário antes de se conceder ao apenado o livramento condicional, razão pela qual não poderia o Magistrado negar o benefício com base nesse fundamento. [...] (STJ. HC 182.496/SP, DJ 17.05.2012). Além disso, fique atento à recente alteração promovida pela Lei nº 13.964/2019 (Pacote Anticrime), que inseriu novos requisitos para a concessão do livramento condicional: Art. 83. III - comprovado: a) bom comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honest ANTES DA LEI 13964/19 DEPOIS DA LEI 13964/19 III - comprovado comportamento SATISFATÓRIO durante a execução da pena, bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto III - comprovado: a) BOM comportamento durante a execução da pena; b) não cometimento de falta grave nos últimos 12 meses; c) bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído; e d) aptidão para prover a própria subsistência mediante trabalho honesto; RESPOSTA: LETRA A DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 19 08 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Em relação aos crimes previstos na parte especial do Código Penal, analise as afirmativas abaixo: I - A qualificadora do homicídio funcional, prevista no art. 121, §2º, VII do CP, protege tanto as autoridades descritas no art. 142 a 144 a CF/88, no exercício de sua função ou em decorrência dela, quanto seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneos até 3º grau, incluindo os filhos adotivos, quando o crime for praticado em função da condição de ser agente da segurança pública. II - Há crime de latrocínio quando o homicídio se consuma, ainda que o agente não realize a subtração de bens da vítima. III - De acordo com o entendimento do STF e da doutrina majoritária, em havendo uma única subtração, porém com duas ou mais mortes, haverá concurso formal impróprio de latrocínios. IV - Os Tribunais Superiores entendem que a causa de aumento de pena no crime de furto, quando praticado durante o repouso noturno, aplica-se tanto ao furto simples quanto ao furto qualificado. V – O crime de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum é considerado crime hediondo. Estão corretas as afirmativas: (A) I e II (B) I e IV (C) II, III e IV (D) II, IV e V (E) IV e V COMENTÁRIOS I – INCORRETA A qualificadora do homicídio funcional não pode ser aplicada quando a vítima se tratar de filho adotivo do agente de segurança pública. Isso porque o dispositivo é expresso ao dizer “parentes consanguíneos”, assim, estender a interpretação aos filhos adotivos seria uma analogia in malam partem, vedada no ordenamento jurídico brasileiro. II – CORRETA - Esse é o enunciado da Sumula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 20 III – INCORRETA - Este é o entendimento do STJ (e não do STF!!!). Para o STJ � em havendo pluralidade de vítimas e um único bem subtraído no latrocínio, temos concurso formal impróprio de latrocínios. (STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015 e STJ. 6ª Turma. HC 185.101/SP, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 07/04/2015) Para o STF e Doutrina majoritária � em havendo pluralidade de vítimas e um único bem subtraído no latrocínio, o agente responderá por um único crime de latrocínio (Info 855) O que fazer se foi atingido um único patrimônio, mas houve pluralidade de mortes? Carlos e Luiza estão entrando no carro quando são rendidos por João, assaltante armado, que deseja subtrair o veículo. Carlos acaba reagindo e João atira contra ele e Luiza, matando o casal. João foge levando o carro. Haverá dois crimes de latrocínio em concurso formal de ou um único crime de latrocínio? STJ: concurso formal impróprio. STF e doutrina majoritária: um único crime de latrocínio. STJ. 5ª Turma. HC 336.680/PR, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 17/11/2015. STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855). CAVALCANTE. Marcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência – Dizer o Direito. 6ª Edição. 2019. Editora Juspodvm, página 834 IV – CORRETA Causa de aumento do § 1º pode ser aplicada tanto para furto simples como qualificado É legítima a incidência da causa de aumento de pena por crime cometido durante o repouso noturno (art. 155, § 1º) no caso de furto praticado na forma qualificada (art. 155, § 4º). Não existe nenhuma incompatibilidade entre a majorante prevista no § 1º e as qualificadoras do § 4º. São circunstâncias diversas, que incidem em momentos diferentes da aplicação da pena. Assim, é possível que o agente seja condenado por furto qualificado (§ 4º) e, na terceira fase da dosimetria, o juiz aumente a pena em 1/3 se a subtração ocorreu durante o repouso noturno. A posição topográfica do § 1º (vem antes do § 4º) não é fator que impede a sua aplicação para as situações de furto qualificado (§ 4º). STF. 2ª Turma. HC 130952/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 13/12/2016 (Info 851). STJ. 6ª Turma. HC 306.450-SP, Rel. Min. Maria Thereza deAssis Moura, julgado em 4/12/2014 (Info 554) (CAVALCANTE. Marcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência – Dizer o Direito. 6ª Edição. 2019. Editora Juspodvm, página 834). DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 21 V – CORRETA A Lei 13.964/2019 inseriu no rol de crime hediondos o crime de furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. Art. 1º: Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: IX, Lei 8.072/90 - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A) RESPOSTA: LETRA D 09 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Assinale a alternativa correta: a) No crime de extorsão mediante sequestro (art. 159, CP), há previsão expressa de delação premiada determinando diminuição da pena do participante que relevar o crime à autoridade, permitindo a libertação do sequestrado ou a recuperação do produto proveito do crime. b) A ameaça de causar um “mal espiritual” contra a vítima pode ser considerada como “grave ameaça” para fins de configuração do crime de extorsão. c) O crime de estelionato somente de procede mediante representação, salvo se a vítima for criança ou adolescente, pessoa com deficiência mental ou idoso com mais de 60 anos de idade. d) No entendimento jurisprudencial do STJ, o chamado “estelionato judicial” é considerado conduta típica, punível na forma do art. 171 do CP. e) O delito do estelionato será absorvido pelo o de roubo quando o agente, dias após roubar um veículo e os objetos pessoais dos seus ocupantes, preenche um cheque da vítima e tenta sacar o valor nele contido. COMENTÁRIOS LETRA A – INCORRETA - O art. 159 § 4º do CP não contempla a colaboração premiada que conduza à recuperação do produto ou proveito do crime, mas somente quando possibilitar a liberação do sequestrado. Art . 159 - Sequestrar pessoa com o f im de obter , para s i ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate : § 4º - Se o cr ime é comet ido em concurso , o concorrente que o denunciar à autor idade, fac i l i tando a l iber tação do sequestrado, t erá sua pena reduzida de um a DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 22 dois t erços . LETRA B – CORRETA Configura o de l i to de extorsão (art . 158 do CP) a conduta do agente que submete v í t ima à grave ameaça espir i tual que se reve lou idônea a atemorizá- la e compel i - la a real izar o pagamento de vantagem econômica indevida. STJ. 6ª Turma. REsp 1.299.021-SP, Rel . Min. Roger io Schie t t i Cruz, ju lgado em 14/2/2017 (Info 598). Segundo Cleber Masson: “De fato , o que é r idí culo para uma pessoa pode const i tuir -se em grave ameaça para outrem. Certamente um ateu irá zombar daquele que ordenar a entrega de sua carte ira, sob pena de após sua morte queimar no fogo do inferno. Por outro lado, uma pessoa superst i c iosa poderá ceder à exigênc ia de um fe i t i c e i ro , entregando- lhe dinheiro depois de ouvir que se não obedecê - lo t erá contra s i rogada uma praga. ” (MASSON, Cleber . Dire i to penal . Vol . 2. Parte Espec ia l . 10ª ed. , São Paulo : Método, 2017, p. 431) LETRA C – INCORRETA CUIDADO COM A ALTERAÇÃO LEGISLATIVA PROMOVIDA PELA LEI 13.964/2019!!! Art. 171, § 5º Somente se procede mediante representação, salvo se a v í t ima for : I - a Administração Públ i ca , dire ta ou indire ta; (LEI 13964/19) II - cr iança ou adolescente ; (LEI 13964/19) III - pessoa com def i c i ênc ia mental ; ou (LEI 13964/19) IV - maior de 70 anos de idade ou incapaz. (LEI 13964/19) LETRA D – INCORRETA - O STJ entende que o “estelionato judicial” é conduta atípica! O este l ionato judic ia l const i tuir ia no uso do processo judic ia l para aufer ir lucros ou vantagens indevidas, mediante f raudem ardi l ou engodo, ludibr iando a just i ça . A jurisprudência entende que es ta conduta é penalmente at ípi ca e não conf igura o de l i to do art . 171 do CP. Assim, não conf igura cr ime de “este l ionato judic ia l” a conduta de fazer af i rmações poss ive lmente fa lsas , com base em documentos também t idos por adulterados , em ação judic ia l . Isso porque a CF/88 assegura à parte o acesso ao Poder Judic iár io . O processo tem natureza dialé t i ca , poss ibi l i tando o exerc í c io do contradi tór io e a interposi ção de recursos cabíve is , não se podendo fa lar , no caso , em “indução a erro” do magis trado. Desse modo, ver i f i ca-se a at ipi c idade penal da conduta de invocar causa de pedir remota inexistente para alcançar consequências jur ídicas pretendidas, mesmo que a DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 23 parte ou seu procurador tenham c iênc ia da i l eg i t imidade da demanda. Assim, o chamado “este l ionato judic ia l” pode ense jar infrações c iv i l e administrat iva, mas não conf igura cr ime. Vale ressal tar que o indiv íduo poderá responder por eventual i l i c i tude dos documentos que embasaram o pedido judic ia l , sendo isso , contudo, um cr ime autônomo (ex. : fa ls idade documental) , que não se confunde com a imputação de es te l ionato judic ia l . STJ, 5ª Turma, HC 435818/SP, julgado em 03/05/2018 STJ, 6ª Turma, RHC 88623/PB, julgado em 13/03/2018. CAVALCANTE. Marcio André Lopes . Vade Mecum de Jurisprudência – Dizer o Dire i to . 6ª Edição. 2019. Editora Juspodvm, página 840 LETRA E – INCORRETA - Hipótese de inaplicabilidade do princípio da consunção com o furto/roubo O del i to de es te l ionato não será absorvido pe lo de roubo na hipótese em que o agente , dias após roubar um ve í culo e os obje tos pessoais dos seus ocupantes , entre e l es um talonário de cheques , v isando obter vantagem i l í c i ta , preenche uma de suas fo lhas e , dire tamente na agênc ia bancária, t enta sacar a quantia ne la lançada. A fals i f i cação da cártula não é mero exaurimento do cr ime antecedente . Isso porque há divers idade de des ígnios e de bens jur ídicos l esados . Dessa forma, inapl i cáve l o pr inc ípio da consunção. STJ. 5ª Turma. HC 309.939-SP, Rel . Min. Newton Trisot to (Desembargador convocado do TJ-SC), ju lgado em 28/4/2015 (Info 562). GABARITO – LETRA B 10 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Em relação aos crimes contra a dignidade sexual, assinale a alternativa correta: a) A prática de conjunção carnal, seguida de atos libidinosos, praticadas no mesmo contexto fático e contra a mesma vítima, configura a prática de crime único. b) Aquele que se masturba em frente a uma pessoa específica, pois esta lhe desperta impulso sexual, responde pelo crime de estupro, na forma do art. 215 do CP. c) Aquele que divulga, publica, disponibiliza ou vende, por qualquer meio, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de sexo, nudez ou pornografia, responde pelo crime previsto no art. 218-C do CP, mesmo que haja consentimento da vítima maior e capaz. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 24 d) O STJ entende que o estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal da prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima e experiência sexual anterior. No entanto, em existindo relacionamento amoroso entre agente e a vítima, a conduta será atípica. e) Nos crimes contra a dignidade sexual, o contato físico entre o autor e a vítima é indispensável para consumar o delito. COMENTÁRIO LETRA A – CORRETA: “A prática de conjunção carnal seguida de atos libidinosos (sexo anal, por exemplo) gera pluralidade de delitos? Antes da Lei 12.015/09 entendia-se que o agente, nesse caso, praticava duas condutas (impedindo reconhecer-se o concurso formal) gerando dois resultadosde espécies diferentes (incompatíveis com a continuidade delitiva). Contudo, com a novel Lei, percebe-se na doutrina (e na jurisprudência) a saudável discussão entre duas correntes: 1 a) desde logo defendemos que o crime de estupro passou a ser de conduta múltipla ou de conteúdo variado. Praticando o agente mais de um núcleo, dentro do mesmo contexto fático, não desnatura a unidade do crime (dinâmica que, no entanto, não pode passar imune na oportunidade da análise do art. 59 do CP). A mudança é benéfica para o acusado, devendo retroagir para alcançar os fatos pretéritos (art. 2°, § único, do CP). 2a) Vicente Greco Filho ensina que a alteração legislativa tornou o crime do art. 213 daqueles em que a alternatividade ou cumulatividade são igualmente possíveis e que precisam ser analisadas à luz dos princípios da especialidade, subsidiariedade e da consunção, incluindo-se neste o da progressão. Vemos, nas diversas violações do tipo, delito único se uma conduta absorve a outra ou se é fase de execução da seguinte, igualmente violada. Se não for possível ver nas ações ou atos sucessivos ou simultâneos nexo causal, teremos, então, delitos autônomos. Para referido mestre, não é possível aplicar a regra da continuidade delitiva no caso de conjunção carnal seguida de outro ato sexual, vez que a reunião dos fatos diversos em apenas um tipo penal não tem o condão de unificar sua natureza. Posta a divergência, ROGÉRIO GRECO ficou com primeira corrente, assim rebatendo os (sedutores) argumentos da segunda: "Com todo o respeito que merece o ilustre professor da Faculdade de Direito de São Paulo, não podemos concordar com suas posições. Como dissemos, o delito de estupro, com a nova redação que lhe foi dada pela Lei 12.015, de 15 de agosto de 2009, prevê, tão somente, um tipo misto alternativo, e não um tipo híbrido, misturando-se DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 25 alternatividade com cumulatividade, como induz o renomado autor. (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Páginas 508 e 509) LETRA B – INCORRETA - A Lei 13718/2018 introduziu um novo tipo penal no rol de crimes contra a dignidade sexual: importunação sexual (art. 215-A). Art. 215-A. Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato não constitui crime mais grave. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Rogério Sanches ressalta que a diferença entre o crime de importunação sexual e a prática de ato obsceno (tipificado como contravenção penal), reside no fato de que, neste, não há vítima específica, ao passo que, naquele, o agente age visando pessoa específica. (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Páginas 514) LETRA C – INCORRETA - A Lei 13718/2018 introduziu um novo tipo penal no rol de crimes contra a dignidade sexual: importunação sexual (art. 218-C). Art. 218-C. Oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018) Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato não constitui crime mais grave LETRA D – INCORRETA Súmula 593 do STJ: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 26 LETRA E – INCORRETA Contato físico entre autor e vítima não é indispensável para configurar o delito A conduta de contemplar lascivamente, sem contato físico, mediante pagamento, menor de 14 anos desnuda em motel pode permitir a deflagração da ação penal para a apuração do delito de estupro de vulnerável. Segundo a posição majoritária na doutrina, a simples contemplação lasciva já configura o “ato libidinoso” descrito nos arts. 213 e 217-A do Código Penal, sendo irrelevante, para a consumação dos delitos, que haja contato físico entre ofensor e ofendido. STJ. 5ª Turma. RHC 70.976-MS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em 2/8/2016 (Info 587). RESPOSTA: A 11 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Com relação aos crimes contra a Administração Pública, analise as afirmativas abaixo: I - No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da entrega da vantagem indevida ao agente. II - O peculato próprio é aquele previsto no art. 312, caput, do Código Penal e se refere ao peculato apropriação e ao peculato desvio. III – No peculato culposo, se a reparação do dano for feita antes da sentença irrecorrível, gera extinção da punibilidade. Porém, se feita após a sentença irrecorrível, gera apenas a diminuição de pena. IV - De acordo Com a jurisprudência do STJ, para configurar o crime de corrupção ativa e o crime de corrupção passiva, é necessária a comprovação de que a vantagem indevida está vinculada à prática de “ato de ofício” por parte do funcionário público. V - O desvio de recursos públicos da verba parlamentar para pagamento de pensão alimentícia ao filho configura o crime de emprego irregular de verbas ou rendas públicas, na forma no art. 315 do CP. Está correto o que se diz em: a) I e II b) II e III DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 27 c) II e IV d) III, III e IV e) III, IV e V COMENTÁRIO I – INCORRETA No crime de concussão, a situação de flagrante delito configura-se no momento da exigência da vantagem indevida (e não no instante da entrega). Isso porque a concussão é crime FORMAL, que se consuma com a exigência da vantagem indevida. Assim, a entrega da vantagem indevida representa mero exaurimento do crime que já se consumou anteriormente. Ex: funcionário público exige, em razão de sua função, vantagem indevida da vítima; dois dias depois, quando a vítima entrega a quantia exigida, não há mais situação de flagrância considerando que o crime se consumou no momento da exigência, ou seja, dois dias antes. STJ. 5ª Turma. HC 266.460-ES, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 11/6/2015 (Info 564). II – CORRETA “O caput do art. 312 pune o que a doutrina chama de peculato próprio, cuja ação material do agente consiste na apropriação ou desvio de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo.” O peculato próprio é aquele previsto no art. 312, caput, do CP e se refere ao peculato apropriação e ao peculato desvio. Nesta hipótese o agente apropria-se da coisa porque tem sua posse em razão do cargo. Já o peculato impróprio é aquele previsto no art. 312, §1º CP e se refere ao peculato furto. Neste caso o agente subtrai a coisa porque não tem sua posse, mas a subtração também deve ser facilitada pelo exercício da função. Desse modo, é possível concluir que em ambos os casos o funcionário deve ter cometido o crime em razão da facilidade que o cargo lhe proporciona, caso contrário o fato configurará crime comum (furto ou apropriação). (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Página 828) III – CORRETA Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA28 § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Peculato culposo § 2º - Se o funcionário concorre culposamente para o crime de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. § 3º - No caso do parágrafo anterior, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de metade a pena imposta. IV – INCORRETA Corrupção passiva não exige a comprovação de que a vantagem indevida esteja vinculada à prática de “ato de ofício” por parte do funcionário público. O crime de corrupção passiva consuma-se ainda que a solicitação ou recebimento de vantagem indevida, ou a aceitação da promessa de tal vantagem, esteja relacionada com atos que formalmente não se inserem nas atribuições do funcionário público, mas que, em razão da função pública, materialmente implicam alguma forma de facilitação da prática da conduta almejada. Ao contrário do que ocorre no crime de corrupção ativa, o tipo penal de corrupção passiva não exige a comprovação de que a vantagem indevida solicitada, recebida ou aceita pelo funcionário público esteja causalmente vinculada à prática, omissão ou retardamento de “ato de ofício”. A expressão “ato de ofício” aparece apenas no caput do art. 333 do CP, como um elemento normativo do tipo de corrupção ativa, e não no caput do art. 317 do CP, como um elemento normativo do tipo de corrupção passiva. Ao contrário, no que se refere a este último delito, a expressão “ato de ofício” figura apenas na majorante do art. 317, § 1.º, do CP e na modalidade privilegiada do § 2.º do mesmo dispositivo. STJ. 6ª Turma. REsp 1.745.410-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Laurita Vaz, julgado em 02/10/2018 (Info 635). V – INCORRETA - A hipótese descrita na assertiva constitui crime de peculato, e não crime de emprego irregular de rendas ou verbas públicas. Só configuraria este, caso o agente transferisse o a verba pública para outra finalidade, também pública. Vejamos os julgados abaixo: STF - Info 849 - 2016 DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 29 O Ministério Público ofereceu denúncia contra o Senador Renan Calheiros pelas seguintes condutas: • o denunciado teria desviado recursos públicos da chamada verba indenizatória (destinada a despesas relacionadas ao exercício do mandato parlamentar) para pagar pensão alimentícia à filha. Com isso, teria praticado peculato (art. 312 do CP). • além disso, ele teria inserido e feito inserir, em documentos públicos e particulares, informações diversas das que deveriam ser escritas, com o propósito de alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante (sua capacidade financeira para custear despesas da referida pensão). Isso porque o parlamentar, ao prestar contas dos valores recebidos a título de verba indenizatória, teria apresentado notas fiscais fictícias, ou seja, de serviços que não teriam sido prestados. Ademais, ele teria apresentado livros-caixa de suas atividades como pecuarista com informações supostamente falsas. Por conta desses fatos, foi denunciado pelos crimes de falsidade ideológica (art. 299) e de uso de documento falso (art. 304). Quanto ao art. 312 do CP, a denúncia foi recebida porque o STF entendeu estarem presentes indícios de autoria e materialidade minimamente suficientes. No que tange aos arts. 299 e 304 do CP, a denúncia foi rejeitada em virtude de os delitos imputados estarem prescritos. STF. Plenário. Inq 2593/DF, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 1º/12/2016 (Info 849). Inf. 813 – 2ª T. STF – 2016: Desvio de recursos de convênio e sua aplicação em finalidade diversa Secretária de Estado que desvia verbas de convênio federal que tinha destinação específica e as utiliza para pagamento da folha de servidores não pratica o crime de peculato (art. 312 do CP), mas sim o delito de emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315) RESPOSTA: B 12 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Tendo em vista os crimes previstos na parte especial, assinale a alternativa correta: DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 30 a) De acordo com as escusas absolutórias prevista no Código Penal, o agente será isento de pena se praticar os crimes patrimoniais, sem violência ou grave ameaça, contra cônjuge, irmão, tio ou sobrinho com quem coabita. b) A ação penal nos crimes contra a dignidade sexual é pública condicionada e somente procede-se mediante representação da vítima ou de quem tenha qualidade para intentá- la. c) O crime de furto por meio de explosivo é considerado majorado pela nova disposição legal. d) O crime de roubo com emprego de explosivo é considerado qualificado pela nova disposição legal. e) O crime de roubo com emprego de arma branca foi descriminalizado pela nova sistemática legal. COMENTÁRIO LETRA A – INCORRETA Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo: I - Do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; II - De ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. Art. 182 - Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: I - Do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; II - De irmão, legítimo ou ilegítimo; III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. LETRA B – INCORRETA – novidade legislativa!!! Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada. (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) Parágrafo único. (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018) LETRAS C e D – INCORRETAS - novidade legislativa!!! Furto mediante o uso de explosivo � furto qualificado Roubo mediante o uso de explosivo � causa de aumento de pena Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 31 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. § 6o - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) § 7º - A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º - A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) II - Se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se avítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - Se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - Se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – Se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 32 2018) I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) LETRA E – CORRETA A lei 13.654/2018 alterou as causas de aumento de pena do roubo e passou a prever que somente haverá aumento de pena quando a violência ou ameaça for exercida através do emprego de arma de fogo. Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 2º-A - A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) I – Se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) II – Se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) RESPOSTA: E 13 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Assinale a alternativa correta: a) Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça somente será crime, em tese, se o suicídio se consumar ou, ainda, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal leve ou grave. b) Aquele que provoca o aborto com o consentimento da gestante, responde como partícipe do crime de autoaborto, previsto no art. 124 do CP, em razão da aplicação da Teoria Monista. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 33 c) A lesão corporal praticada no âmbito de violência doméstica (art. 129, § 9º do CP) só se aplica às lesões corporais cuja a vítima é do sexo feminino. d) O crime de omissão de socorro se caracteriza pela conduta de deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, ainda que o agente peça socorro à autoridade pública. e) O crime de abandono de incapaz somente se configura se o dever de cuidado do autor para com o incapaz decorre de relação familiar. COMENTÁRIO LETRA A – INCORRETA Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de suicídio resul ta l esão corporal de natureza grave . Parágrafo único - A pena é duplicada: LETRA B – INCORRETA - A gestante que consentiu com o aborto responde pelo crime de autoaborto, na forma do art. 124 do CP, e aquele que realizou o aborto responde pelo art. 126 do CP, tratando-se de uma exceção à teoria monista. Art. 126. Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena- reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. “As duas condutas trazidas pelo tipo só podem ser praticadas diretamente pela mulher grávida. Para nós, o crime é próprio, admitindo o concurso de agentes, inclusive na forma de coautoria (por exemplo, gestante e seu marido, juntos, realizam manobras abortivas). É especial, no entanto, pois o coexecutor (marido) será punido em tipo diverso (art. 126) e com pena independente, verdadeira exceção pluralista à teoria monista (mesmo fenômeno que explica o corrupto responder pelo art. 317 e o corruptor pelo art. 333, ambos do CP). CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Página 101) LETRA C – INCORRETA “A qualificadora do §9º do art. 129 aplica-se também Às lesões corporais cometidas contra homem no âmbito das relações domésticas.” - STJ, 5ª Turma. RHC 27622/RJ, julgado em 07/08/2012. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 34 LETRA D – CORRETA A assertiva deixou claro que era possível o agente prestar socorro sem colocar sua vida em risco. Assim sendo, é certo que ele não poderia escolher pedir a ajuda mediata (da autoridade pública). Nos ensinamentos de Rogério Sanches: “Duas são as formas de praticar o crime: a} o agente, deixando de atender ao que determinado pela norma, não presta auxílio pessoal à vítima (assistência imediata); b) ou, quando sem condições de prestá-lo, não solicita socorro à autoridade pública (assistência mediara). O pedido de socorro, portanto, deve ser dirigido à autoridade competente (pessoa que representa o Poder Público), sem demora, isto é, logo que o agente encontre a vítima na situação de perigo descrito pelo tipo. Uma assistência tardia será apenas uma assistência aparente (simulada), equivalendo a uma omissão do pedido. Cabe observar , porém, que não compete ao agente a esco lha entre uma ou outra forma de ass is t ênc ia , pois , sendo poss íve l a pres tação pessoal , não pode pre fer ir a mediara {subsidiár ia) . O artigo limita o dever de agir (socorrer), ao estabelecer a seguinte condição: "quando possível fazê-lo sem risco pessoal". Justifica-se a limitação porque o contrário consistiria em negar o estado de necessidade, aplicável a qualquer infração penal e que permite o sacrifício de um bem jurídico para a preservação de outro de valor equivalente ou superior. Do exposto, fica claro que a omissão passa a ser penalmente relevante apenas e tão somente quando ao agente: a) for possível prestar o socorro; b) sem risco pessoal (físico), concreto e iminente. O risco meramente patrimonial ou moral não exclui a tipicidade, podendo, conforme o caso, justificar a conduta do omitente se presente o estado de necessidade, por exemplo. (CUNHA, Rogér io Sanches . Manual de Dire i to Penal parte espec ia l , vo lume único . 11ª edição. 2019. Página 160) LETRA E – INCORRETA - Não exige que a relação de cuidado decorra de Poder Familiar. “Cuida-se de crime próprio, figurando como autor do abandono apenas aquele que tem a vítima sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, estando, desse modo, obrigado a zelar pelo bem-estar do incapaz (garantidor). ” (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Página 151) RESPOSTA: D DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 35 14 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Assinale a alternativa correta: a) A conduta de solicitar dinheiro a pretexto de influir em órgão do Ministério Público, nos termos do Código Penal, configura o crime de exploração de prestígio. b) O crime de denunciação caluniosa consiste em imputar a alguém, que sabe ser inocente, a prática de crime, pois, se a imputação for de prática de contravenção penal, restará configurado apenas um crime contra a honra. c) O crime de exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, do CP) somente é processado mediante queixa, ainda que haja o emprego de violência. d) O crime de favorecimento pessoal consiste na prestação de auxílio a criminoso, destinado a tornar seguro o proveito do crime. e) Usar de grave ameaça com o fim de favorecer interesse próprio, contra autoridade que é chamada a intervir em processo judicial configura o crime de fraude processual. COMENTÁRIO LETRA A – CORRETA (GABARITO) Exploração de prestígio Art. 357 - Solicitar oureceber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha: Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das pessoas referidas neste artigo. LETRA B – INCORRETA Em relação ao crime de denunciação caluniosa, devemos observar as seguintes peculiaridades: 1. O crime de denunciação caluniosa estará configurado quando a imputação recair sobre crime ou contravenção penal. A única diferença é que, se se tratar de contravenção penal, haverá causa de diminuição de pena. 2. O crime de denunciação caluniosa exige alguma movimentação por parte das autoridades policiais, consumando-se o crime com a iniciação das diligências investigativas. Assim, a mera conduta de imputar crime a alguém que sabe ser inocente, configura o crime de calúnia e não o crime de denunciação caluniosa. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 36 Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 2000) Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa. § 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto. § 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção. LETRA C – INCORRETA Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: § único - Se não há emprego de violência, somente se procede mediante queixa. LETRA D – INCORRETA Favorecimento pessoal Art. 348 - Auxiliar a subtrair-se à ação de autoridade pública autor de crime a que é cominada pena de reclusão. Favorecimento real Art. 349 - Prestar a criminoso, fora dos casos de co-autoria ou de receptação, auxílio destinado a tornar seguro o proveito do crime: LETRA E – INCORRETA Coação no curso do processo Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral. RESPOSTA: A 15 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 37 Assinale a alternativa correta: a) A importação de colete à prova de balas, sem prévia autorização do Comando do Exército, configura o crime de contrabando. b) O crime de descaminho é um crime material, de modo que a ação penal só pode ser proposta após constituição definitiva do crédito tributário. c) O crime de resistência não se configura se a oposição do agente, mediante violência ou grave ameaça, não obstar a execução do ato legal do funcionário público. d) Considera-se funcionário público, para efeitos penais, quem exerce múnus público, assim entendido o ônus ou encargo para com o poder público, como no caso do curador. e) Para configurar o crime de desacato, é dispensável que a ofensa seja proferida na presença do funcionário público, podendo ser praticada através do telefone ou da imprensa, por exemplo. COMENTÁRIO LETRA A – CORRRETA Configura crime de contrabando (art. 334-A do CP) a importação de colete à prova de balas sem prévia autorização do Comando do Exército. STJ. 6ª Turma. RHC 62.851-PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/2/2016 (Info 577). “A importação do colete à prova de balas não se enquadra em nenhum tipo penal previsto no Estatuto do Desarmamento. Aquele que poderia gerar algum tipo de dúvida seria justamente o art. 18. Ocorre que colete à prova de balas não pode ser considerado acessório. Isso porque, a palavra “acessório” mencionada no art. 18 é acessório de arma de fogo, ou seja, algo que se complementa, que se agrega à arma de fogo para melhorar seu funcionamento ou desempenho. Ex.: silenciador. O colete à prova de balas é uma proteção contra armas de fogo, e não um acessório desta. ” (CAVALCANTE. Marcio André Lopes. Vade Mecum de Jurisprudência – Dizer o Direito. 6ª Edição. 2019. Editora Juspodvm, página 863) LETRA B – INCORRETA O descaminho é crime tributário FORMAL. Logo, para que seja proposta ação penal por descaminho não é necessária a prévia constituição definitiva do crédito tributário. Não se aplica a Súmula Vinculante 24 do STF. O crime se consuma com a simples conduta de iludir o Estado quanto ao pagamento dos tributos devidos quando da importação ou DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 38 exportação de mercadorias. STJ. 6ª Turma. REsp 1.343.463-BA, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 20/3/2014 (Info 548). - STF. 2ª Turma. HC 122325, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/05/2014. LETRA C – INCORRETA Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio: Pena - detenção, de dois meses a dois anos. § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa: Pena - reclusão, de um a três anos. LETRA D – INCORRETA “Dessa forma, para os efeitos penais, considera-se funcionário público não apenas o servidor legalmente investido em cargo público, mas também o que exerce emprego público, ou, de qualquer modo, uma função pública, ainda que de forma transitória, v.g., o jurado, os mesários eleitorais etc. Porém, não se pode confundir função pública com encargo público (munus publícum), hipótese esta não abrangida pela expressão "funcionário público". Aliás, nesta esteira de raciocínio, temos a sempre atual lição de HUNGRIA: "É preciso, porém, não confundir função pública com múnus público. Assim não são exercentes de função pública os tutores ou curadores dativos, os inventariantes judiciais, os síndicos falimentares (estes últimos estão sujeitos a lei penal especial) etc." (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Página 809) LETRA E – INCORRETA É pressuposto do crime que a ofensa seja praticada na presença do servidor vítima, isto é, que o ofendido esteja no local do ultraje, vendo, ouvindo ou de qualquer outro modo tomando conhecimento direto do que foi dito. Assim, deixa de haver desacato {mas apenas delito contra a honra), insulto por telefone (RT 377/238); imprensa (RT 429/352); por escrito, em Razões de recurso (RT 534/324) etc. (CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal parte especial, volume único. 11ª edição. 2019. Página 902) RESPOSTA: A DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA 39 DIREITO PROCESSUAL PENAL 16 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Considerando as disposições preliminares do Código de Processo Penal, a lei processual penal admitirá: I. Interpretação Extensiva II. Aplicação Analógica III. Costumes IV. Suplemento dos princípios gerais de direito. Estão corretos: a) I, II, III b) II, III, IV c) I, I, IV d) I, II, IV e) I e IV, apenas. COMENTÁRIO I – CORRETA / II – CORRETA / III – ERRADA / IV - CORRETA Art. 3o A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem como o suplemento dos princípios gerais de direito. RESPOSTA: D 17 – EXCLUSIVO@DEDICACAODELTA Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial deverá, exceto: a) Dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais. b) Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, e após liberá-los aos peritos criminais. c) Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstâncias. DEDICAÇÃO DELTA DELEGADO/PA
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