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Prévia do material em texto

doutrina e prática
(A visão do Delegado de Polícia)
doutrina e prática
(A visão do Delegado de Polícia)
Luiz Carlos Nóbrega Nelson
Márcio Adriano Anselmo
Márcio Alberto Gomes Silva
Rubens De Lyra Pereira
Ruchester Marreiros Barbosa
Tácio Muzzi
Vallisney de Souza Oliveira
Alesandro Gonçalves Barreto 
Benito A.G Tiezzi
Eduardo Mauat da Silva
Everton Ferreira de Almeida Férrer 
Francisco Sannini
Giovani Celso Agnoletto 
José Anchiêta Nery Neto 
Luís Flávio Zampronha
Série Doutrina e Prática
Organizadores
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CLAYTON DA SILVA BEZERRA
GIOVANI CELSO AGNOLETTO
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77
GIOVANI CELSO AGNOLETTO
Aluno especial do curso de Doutorado da Escola de Comunicação e 
Artes da Universidade de São Paulo – USP, no Programa de Ciências 
da Comunicação, é Mestre pelo Instituto Mauá de Tecnologia 
(área de meio-ambiente), pós graduado em Investigação Criminal 
pela Academia Nacional de Polícia – ANP-DF, pós graduado em 
Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda 
e Marketing - ESPM-SP, graduado em Direito pela Universidade 
Bandeirante - Uniban-SP e também, graduado em Comunicação 
Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM-SP.
Certificador Oficial do INEP e professor universitário desde 
1989, em diversas instituições de ensino superior e atualmente 
está vinculado à Academia Nacional de Polícia em Brasília, como 
Tutor de EAD, em disciplinas afetas a área de segurança pública. 
É Delegado de Polícia Federal, lotado no Estado de São Paulo, já 
atuou como Policial Civil na cidade de São Paulo é também O� cial da 
Reserva da arma de Infantaria do Exército Brasileiro.
CLAYTON DA SILVA BEZERRA
O autor é Doutorando em Ciências Jurídica e Sociais pela Universi-
dad Del Museo SocialArgentino - UMSA, Especialista em Direito 
e Processo Penal – AVM-Universidade CândidoMendes – 2008, 
Especialista em Direito Processual Civil – AVM Universidade Cân-
dido Mendes - 2004, MBA em Gestão – Fundação Getúlio Vargas 
- 2003, Tutor da Academia Nacional de Polícia - ANP, É Delegado 
de Polícia Federal, Integrante do Grupo de Estudos da criminalidade 
cibernética Organizada - da Academia Nacional de Polícia - ANP 
- Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Rio 
de Janeiro. Vice-Presidente da Federação Nacional dos Delegados de 
Polícia Federal. Coordenador Geral da Ação Social Federal Kids. Foi 
Gerente Operacional de Segurança Cibernética para a Copa das 
Confederações – FIFA 2013, Gerente Operacional de Segurança Ci-
bernética para Encontro Mundial da Juventude - 2013, Gerente do 
Projeto de Segurança Cibernética no evento da Organização das 
Nações Unidas – ONU, Rio+20 – junho – 2012 – GEPNet.
Série Pensamentos Acadêmicos
Compras pelo site:
www.policiacidada.com.br
Colaboradores
Prefácio: Edvandir Felix de Paiva - Presidente da Associação dos Delegados de Polícia Federal
Prefácio: Alexandre Garcia - Jornalista
C OM BAT E À S 
ORG A N I Z AÇ ÕE S 
C R I M I NO S A S
12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)(A visão do Delegado de Polícia)
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COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS
12.850/13, A LEI QUE MUDOU O BRASIL
ISBN 978-85-53020-02-7
9 7 8 8 5 5 3 0 2 0 0 2 7
Polícia
C i d a d ã
Polícia
C i d a d ã
Laminação Brilho
GIOVANI CELSO AGNOLETTO
Aluno especial do curso de Doutorado da Escola de Comunicação e 
Artes da Universidade de São Paulo – USP, no Programa de Ciências 
da Comunicação, é Mestre pelo Instituto Mauá de Tecnologia 
(área de meio-ambiente), pós graduado em Investigação Criminal 
pela Academia Nacional de Polícia – ANP-DF, pós graduado em 
Administração de Empresas pela Escola Superior de Propaganda 
e Marketing - ESPM-SP, graduado em Direito pela Universidade 
Bandeirante - Uniban-SP e também, graduado em Comunicação 
Social pela Escola Superior de Propaganda e Marketing - ESPM-SP.
Certificador Oficial do INEP e professor universitário desde 
1989, em diversas instituições de ensino superior e atualmente 
está vinculado à Academia Nacional de Polícia em Brasília, como 
Tutor de EAD, em disciplinas afetas a área de segurança pública. 
É Delegado de Polícia Federal, lotado no Estado de São Paulo, já 
atuou como Policial Civil na cidade de São Paulo é também O�cial da 
Reserva da arma de Infantaria do Exército Brasileiro.
CLAYTON DA SILVA BEZERRA
O autor é Doutorando em Ciências Jurídica e Sociais pela Universi-
dad Del Museo SocialArgentino - UMSA, Especialista em Direito 
e Processo Penal – AVM-Universidade CândidoMendes – 2008, 
Especialista em Direito Processual Civil – AVM Universidade Cân-
dido Mendes - 2004, MBA em Gestão – Fundação Getúlio Vargas 
- 2003, Tutor da Academia Nacional de Polícia - ANP, É Delegado 
de Polícia Federal, Integrante do Grupo de Estudos da criminalidade 
cibernética Organizada - da Academia Nacional de Polícia - ANP 
- Presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal no Rio 
de Janeiro. Vice-Presidente da Federação Nacional dos Delegados de 
Polícia Federal. Coordenador Geral da Ação Social Federal Kids. Foi 
Gerente Operacional de Segurança Cibernética para a Copa das 
Confederações – FIFA 2013, Gerente Operacional de Segurança Ci-
bernética para Encontro Mundial da Juventude - 2013, Gerente do 
Projeto de Segurança Cibernética no evento da Organização das 
Nações Unidas – ONU, Rio+20 – junho – 2012 – GEPNet.
AGRADECIMENTOS
Não poderíamos deixar de agradecer aos amigos de pro�ssão (Civil e Federal) 
que aceitaram o desa�o de escrever esta obra para mostrar ao mundo acadêmico o 
pensamento deste operador do Direito que é o Delegado de Polícia.
Muito também nos honra e envaidece, a especialíssima participação acadê-
mica do Excelentíssimo Dr. Vallisney De Souza Oliveira, Juiz Federal em Brasília, 
um pro�ssional respeitado pelos seus pares, admirado pelo seu zelo e dedicação e, 
sobretudo, um amigo.
Também queremos agradecer ao cartunista Hector Salas, que gentilmente 
cedeu a charge que ilustra esta publicação, temos certeza de que, embora tenha 
sido a primeira vez que esta coleção de conteúdo jurídico, tenha fugido a regra da 
formalidade e pela primeira vez incluiu uma charge, muito nos envaidece e torna a 
obra ainda maior! 
Obrigado Hector! 
 
Clayton da Silva Bezerra
Giovani Celso Agnoletto
COMBATE ÀS 
ORGANIZAÇÕES 
CRIMINOSAS
12.850/13 - A LEI QUE MUDOU 
O BRASIL
1a Edição - 2020 - Rio de Janeiro/RJ
Projeto gráfico e diagramação
Luiz Antonio Gonçalves
Capa
Luiz Antonio Gonçalves
Supervisão editorial
Clayton da Silva Bezerra
Giovani Celso Agnoletto
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
12.850 - A Lei que mudou o Brasil (Doutrina e Prática) / organizador: Clayton da Silva 
Bezerra / Giovani Celso Agnoletto. 1˚ ed. - São Paulo: Editora Posteridade, 2020
464 p:. 16x23 cm. (A visão do delegado de policia)
Inclui Bibliográfia
ISBN 978-85-53020-02-7
1. Processo penal. 2. Direito penal. I. Bezerra, Clayton da Silva. I. Agnoletto, Giovani Celso.
III. Série.
15-27089 CDU: 343.1(81)
Impresso no Brasil
APRESENTAÇÃO
Este sétimo livro da Coleção doutrina e prática a visão do Delegado de 
Polícia, traz a lume, vários artigos sobre a Lei no. 12.850 de 02 de agosto de 
2013, que dentreoutras coisas, de�niu o que vem a ser organização criminosa, 
fala sobre a investigação criminal e os meios de obtenção de prova, sobre as 
infrações penais correlatas e também sobre o procedimento criminal, alterou o 
Decreto-Lei no. 2.848, de 07 de dezembro de 1940 (código penal) e revogou 
a lei no. 9.034 de 03 de maio de 1995. Se pudéssemos resumi-la numa única 
frase: é a lei que mudou o Brasil.
Para nós policiais que nos dedicamos à prática investigativa cotidianamen-
te, temos muito a celebrar, desde o advento deste novo instituto jurídico, seja 
por que de�niu efetivamente questões antigas e controversas, como “quadrilha 
ou bando”, que tanto discutimos nos bancos escolares, substituindo por “asso-
ciação criminosa” e introduzindo o conceito de “organização criminosa (OR-
CRIM)”, seja por que introduziunovos instrumentos jurídicos (ou que trouxe 
novos parâmetros de utilização), de�nindo de maneira inequívoca a capacidade 
do Delegado de Polícia em celebrar acordos de colaboração premiada, institu-
tos como este, que já existiam de maneira esparsa em outras lei, como a previ-
são do artigo 41 da Lei de Entorpecentes: “(...) art. 41. O indiciado ou acusado 
que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na 
identi�cação dos demais co-autores ou partícipes do crime e na recuperação total ou 
parcial do produto do crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um ter-
ço a dois terços.”, porém, não havia uma clareza como se daria esta colaboração, 
alcance e a quais autoridades poderiam propô-la e principalmente, com relação 
a rati�cação pelo juízo. 
O instituto da “colaboração premiada” já existia no ordenamento jurídico 
brasileiro, mas não de maneira tão detalhada e especí�ca, como agora.
Este sétimo livro, sem dúvida alguma irá tratar o tema da “colaboração 
premiada”, inclusive em mais de um artigo, com visões diferentes, trazidas 
por colegas autores que vivenciam na prática a sua aplicação, mas apresenta 
também a você leitor, todos os demais institutos, como meio de obtenção de 
prova, dos quais nos utilizamos diariamente, em cada uma das delegacias 
deste país afora: a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou 
acústicos, a ação controlada, questões relacionadas ao acesso a registros de 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 6
ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de 
dados públicos ou privados e a informações eleitorais ou comerciais, inter-
ceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, afastamento dos sigilos 
�nanceiro, bancário e �scal,in�ltração, por policiais, em atividade de investi-
gação e cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e 
municipais na busca de provas e informações de interesse da investigação ou 
da instrução criminal.
Apresenta também, todo o processo legislativo pelo qual passou esta lei, no 
Congresso Nacional brasileiro, e ainda, um artigo bastante interessante, do ponto 
de vista do direito comparado, apresentando instituto similar, na Argentina.
Esperamos sinceramente que este livro seja de grande valia a todos os ope-
radores do direito, para nós do Conselho Editorial desta coleção, após o lança-
mento do primeiro título (Inquérito Policial) em outubro de 2015, nos senti-
mos envaidecidos pela citação feita em pelo menos duas ocasiões, no Supremo 
Tribunal Federal, a mais alta corte deste país. Em junho de 2017, os Ministros 
Marco Aurélio de Mello e Luis Edson Facchin, �zeram referências expressas ao 
Livro 04 “colaboração premiada”, em um julgamento de grande importância 
(decisão parte do plenário da corte, com relação à colaboração premiada da 
JBS), o que nos faz acreditar que estamos no caminho certo para levar à frente 
o desa�o de estabelecer e divulgar uma “doutrina policial”. 
Além desta obra (a sétima...), já foram publicados cinco livros da Coleção 
“pensamentos acadêmicos” e a “radio polícia cidadã” já uma realidade 
nos meios de comunicação, levando ao ar, diariamente, para o mundo inteiro 
através da internet, a visão do Delegado de Polícia, a nossa visão... o nosso 
pensamento!
Este sétimo livro “Lei 12.850 – A lei que mudou o Brasil. Doutrina e 
Prática (A visão do Delegado de Polícia) é o resultado do esforço acadêmico 
de vários estudiosos deste tema tão atual e inquietante como a “colaboração 
premiada”, grande vedete da Operação Lava-Jatoe que passou a fazer parte do 
linguajar comum de cada um de nós cidadãos brasileiros, principalmente do 
cidadão comum, sem formação jurídica.
Como nos demais títulos desta coleção, nós do Conselho Editorial bem 
como os autores, não pretendemos esgotar o tema, até mesmo porque, o 
assunto merece vários volumes, talvez muitos deles, seja para a lei propriamente 
e também para cada um dos institutos que a lei traz no seu texto... en�m, há 
7 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
uma inesgotável fonte de experiência a ser publicada, mesmo assim, este já é 
um ótimo começo.
Assim, apresentamos a você leitor, o sétimo livro de uma série de estu-
dos afetos ao trabalho daqueles que se interessam pela segurança pública e é, 
sobretudo, um relato prático do nosso dia-a-dia, é a forma como nós policiais 
e agora de outros pro�ssionais - todos estudiosos do direito, colaboramos com 
a justiça deste país.
Desde o terceiro volume, quando convidamos colegas operadores do direi-
to, mas que não são policiais, como advogados, por exemplo, tivemos a certeza 
de que apresentar uma visão acadêmica, séria e, sobretudo prática, do tema, só 
vem engradecer a obra, por isso, desta vez apresentamos a você leitor, a visão 
de um “juiz federal”, respeitado entre seus pares e admirado por seu zelo e 
dedicação.
O objetivo desta coleção é apresentar um trabalho moderno, atualizado e, 
sobretudo, escrito principalmente a partir da visão de um Delegado de Polícia, 
àqueles que operam diariamente no direito criminal, seja como participante 
ou até mesmo responsável pela formulação de políticas públicas na área de 
segurança pública, ou até mesmo para estudiosos deste tema, como docente ou 
até mesmo, para o acadêmico do direito, aquele que na essência, todos somos e 
nunca deixaremos de ser. 
EgonBittner um grande pesquisador de temas da área de segurança públi-
ca, nascido na antiga Tchecoslováquia eque emigrou para os Estados Unidos 
após a Segunda Guerra Mundial, a�rmou em um dos seus mais célebres traba-
lhos (Aspectos do trabalho policial,Editora da Universidade São Paulo - USP, 
2003) que ... é diferente escrever sobre a atividade desenvolvida pela polícia, com 
uma visão de dentro ou de fora da polícia, ou seja, escrever sobre a polícia sem ser 
policial, possivelmente irá ter uma visão diferente da realidade praticada... assim, 
mais uma vez, nós os coordenadores e todos os nossos colegas, nos esforçamos 
para trazer a visão de cada um a partir na nossa experiência cotidiana, espe-
ramos sinceramente que esta obra lhe seja útil e que a partir dele, você leitor, 
possa ver o trabalho policial, a partir dos nossos olhos...
Sabemos que nenhuma obra é perene, e certamente esta (até mesmo pela 
impressionante evolução do tema) não o será, mas o que se apresenta a leitura 
é de suma importância para os dias atuais e ainda permanecerá em discussão 
por muito tempo, certamente, até mesmo quando da futura revisão para novos 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 8
artigos, por isso, temos uma grande expectativa de que você leitor, irá apreciar 
bastante os novos e inquietantes temas que aqui são apresentados.
No primeiro livro desta coleção, “inquérito policial”, reconhecia-se e 
destacava-se a merecida importância deste instrumento para a justiça e para a 
sociedade (....e não menos importante, também é através de inquérito policial, que 
aquilo que não é dito, ou declarado como verdadeiro... após um profundo trabalho 
investigado... vem a tona como verdade real, e os verdadeiros culpados aparecem... 
e aqui, cabe uma das máximas antigas, que poucos acreditam: o bem prevalece!) 
tantoque foi escolhido para ser o primeiro título desta coleção.
Já no segundo título “Temas processuais penais da atualidade”, 
mais uma vez, até mesmo pela importância que se apresenta, e pela enorme 
responsabilidade que nos foi depositada, pelo sucesso desta coleção,escolhemos 
especialistas de diversas áreas de sua atuação, todos Delegados de Polícia, 
exercendo diuturnamente o trabalho de polícia judiciária, e com grande 
experiência na condução de investigações criminais e exercendo sua atividade 
nos mais diversos pontos deste imenso país.
No terceiro volume “Combate ao crime cibernético”, dada a relevância 
do tema, e o alto grau de “expertise” de estudiosos do Direito Cibernético no 
Brasil que nos últimos anos vem colaborando para fomentar discussões e para 
aprimorar a legislação sobre esta matéria, o Conselho Editorial pela primeira 
nesta coleção, convidou um pro�ssional de renome deste ramo da ciências 
jurídicas e que faz parte dos quadros da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), 
para contribuir com seus estudos e engrandecer esta publicação, e acertamos 
em cheio, com uma publicação oxigenada com a visão de um pro�ssional do 
Direito (embora não seja policial...).
No quarto volume “Colaboração Premiada”, pela primeira vez a Cole-
ção publica a obra de um “único autor”, mas que sozinho, representa não só 
uma instituição, mas traduziu, com seu trabalho à frente da Operação Lava 
Jato, o que a população brasileira anseia e procura, que é a busca da justiça. Esta 
obra, prefaciada pelo Juiz federal Sérgio Moro, foi um sucesso editorial, antes 
mesmo de ter sido impressa, o tema da “colaboração premiada” é objeto de 
uma de uma ADIN junto ao STF, que tenta obstaculizar – por parte do PGR 
– o trabalho realizado pelos Delegados de Polícia, com relação a celebração de 
acordos de colaboração premiada, por isso a obra nos é tão importante.
No quinto volume “Busca e Apreensão”, buscamos apresentar uma 
coletânea de artigos que buscaram apresentar uma das principais fontes de 
9 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
prova, senão a mais importante de todas, que é a busca e apreensão, em várias 
modalidades de crimes. Certamente, de longe é o título que melhor retrata 
a parte “prática” do trabalho policial, quando vamos a campo, seja nas ruas, 
aeroportos, residências, prédios comerciais, en�m, quando estamos em busca 
de encontrar provas, para fortalecer o conjunto probatório e efetivamente 
conseguir identi�car o autor a materialidade delitiva.
No sexto volume “Pedo�lia”,foi apresentado uma coletânea de artigos 
que buscaram tratar de maneira contundente e atual, os crimes de violência 
sexual contra crianças e adolescentes, que coloquialmente são apresentados e 
descritos de maneira coletiva como “pedo�lia”. Talvez um dos crimes mais 
perversos e cruéis pelas sequelas psicológicas que deixa nas suas vítimas e nos 
seus familiares. 
Buscamos também, para escrever o prefácio desta obra, outro amigo e 
colega de pro�ssão o Delegado de Polícia Federal Edvandir Paiva, Presidente 
da Associação Nacional de Polícia Federal (ADPF).
Como este é um tema amplo e de destaque na sociedade, buscamos 
a opinião de um importante pro�ssional dos meios de comunicação e 
conhecido pelo seu trabalho sério e combativo. Agradecemos ao jornalista 
Alexandre Garcia por ter aceito o nosso convite, o que muito contribui para 
o reconhecimento desta obra..
Na medida em que cresce a sensação de insegurança e de impunidade, saber 
o que faz a polícia judiciária no Brasil cresce enormemente em importância.
O cidadão comum quer saber também como são empregados os recursos, 
qual (ou quais) a (s) técnica (s) utilizadas, o grau de pro�ssionalismo de cada 
um dos pro�ssionais de segurança pública envolvidos, tudo isso aumenta a sua 
relevância e principalmente, como trabalha a polícia a serviço dos valores de 
uma sociedade democrática, identi�cando autores de delitos, produzindo um 
conjunto probatório valioso, en�m, para a sociedade que se a�ige diariamente, 
o que �ca de importante deste trabalho: resolver o crime, punir o responsável, 
colaborar com a justiça!
Esperamos sinceramente que vocês apreciem este trabalho de pesquisa e 
que os inspire e incentive a discutir o que aqui está proposto.
Por �m, retomando o que já foi dito no primeiro livro sobre o inquéri-
to policial, esperamos que esta obra também seja útil para todos os atores da 
“penosa” vida jurídica, de estudantes a magistrados, tornando claro o trabalho 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 10
de investigação policial presidida pelo Delegado de Polícia que nas palavras 
do Ministro Marco Aurélio Melo é o “primeiro garantidor da legalidade e da 
justiça” (HC 84548/SP). 
Lembrando as palavras do Delegado Federal Fábio Ricardo Ciavolih 
Mota “Ninguém quer o �m do Inquérito Policial, o que todos querem é O 
Inquérito Policial”
Palavras dos coordenadores
DEDICATÓRIA
“in memoriam”
 
“In memoriam” é uma expressão em latim que signi�ca “em memória” 
ou “em lembrança”. Costuma estar presente em obituários, epitá�os, citações 
e placas comemorativas, esta expressão é frequentemente vista ou impressa em 
obras de arte e livros, como forma de dedicatória a alguém que já faleceu.
Desde o início dos estudos que antecederam ao primeiro livro, muitos 
anos atrás, jamais havíamos pensado neste momento, mas infelizmente acon-
teceu e não podemos deixar de agradecer (ainda que postumamente, pois em 
vida, seu trabalho pro�ssional, acadêmico e sua trajetória como pai exemplar 
sempre serão reconhecidos).
O Conselho Editorial faz uma homenagem póstuma ao nosso colega o 
Delegado de Polícia Federal, Davi Aragão, dedicamos a você o nosso esforço 
intelectual e, que Deus ilumine o seu caminho!
Conselho Editorial
 
Prefácio - Edvandir Felix de Paiva
Quando ocorre um desastre aéreo, os órgãos responsáveis apuram as cau-
sas, não somente para de�nir culpados, mas principalmente para que estudos 
tornem a aviação civil mais segura, mediante o saneamento das falhas, a implan-
tação de rotinas e o desenvolvimento de mecanismos preventivos. Transportan-
do tal raciocínio para a investigação criminal, a Lei 12.850/2013 é produto da 
análise sobre um desastre denominado criminalidade organizada, em que há 
grupos atuando em setores que vão de presídios a palácios governamentais. 
Hoje, organizações criminosas comandam ações de dentro das unidades 
prisionais, nos diversos ramos de atuação - trá�co de armas e de drogas, roubos 
de cargas e assaltos a bancos - criando territórios inacessíveis ao poder público 
e à polícia e causando grave lesão à paz social. Noutro ponto, outros grupos 
criminosos comandam de dentro de órgãos públicos dilapidação do erário e 
desvio de recursos que deveriam chegar à população, para investimento na 
saúde, educação, saneamento público, estrutura viária, aeroportuária e �uvial, 
bem como segurança.
O potencial lesivo dessas ações foi multiplicado exponencialmente e 
demandou uma compilação, transformação e atualização no modo de repressão, 
de sorte que a denominada lei do crime organizado constitui um dos principais 
mecanismos no combate ao mais lesivo tipo de criminalidade que a�ige o país 
e o mundo, dado o fenômeno da globalização inclusive das práticas delituosas. 
Portanto, é extremamente oportuno que o sétimo livro da Coleção Doutrina e 
Prática – a visão do Delegado de Polícia se debruce sobre o tema.
A nova legislação trouxe a de�nição legal de organização criminosa e 
a correlata tipi�cação, resolvendo as recorrentes discussões doutrinárias e 
jurisprudenciais advindas de diplomas legais incompletos, evidenciadas 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 14
inclusive por decisão em que a Suprema Corte a�rmou não haver no Brasil um 
diploma legal que de�nisse e tipi�casse essa espécie de delito e que a Convenção 
de Palermo não supriria essa lacuna.
Trouxe também maior detalhamento dos instrumentos para investiga-
ção da criminalidade organizada como a colaboração premiada, ação contro-
lada, in�ltração policiale o acesso a registros, dados cadastrais, documentos 
e informações.
Sob o título “Combate às Organizações Criminosas – 12850/13, a 
lei que mudou o Brasil”, esta obra fundamental traz a análise de Delegados 
de Polícia e do Juiz Federal Valisney acerca dos aspectos teóricos e práticos que 
permeiam o assunto. A coleção se mantém �rme e �el à sua proposta inicial: 
oferecer aos alunos, pro�ssionais do Direito e interessados em geral a visão 
daqueles que manuseiam diariamente, em sua rotina de trabalho, os conceitos 
e institutos trazidos pelo legislador. Em outras palavras se trata da análise de 
quem vive e entende do assunto!
Neste livro, Benito Tiezzi faz um histórico. Márcio Anselmo contextua-
liza a aplicação da lei 12.850/2013 nas investigações desenvolvidas durante a 
Operação Lava Jato. Rubens Lyra e o atual adido policial do Brasil na Argenti-
na, Luiz Carlos Nóbrega, apresentam o estudo da legislação comparada, mais 
amplo feito pelo primeiro e uma mais especí�ca em relação ao ordenamento 
argentino, realizado pelo segundo.
Rubens Lyra, Ruchester Marreiros, Márcio Alberto, Alessandro Barreto, 
Francisco Sannini e Luiz Flávio Zampronha dissecam os instrumentos de in-
vestigação previstos naquele diploma legal. Marcio Anselmo, Eduardo Mauat 
e o Juiz Federal Valisney de Souza Oliveira analisam as questões doutrinárias 
e práticas do instituto da colaboração premiada, o qual, em que pese não seja 
uma inovação da lei do crime organizado, foi aperfeiçoado e minudenciado, se 
tornando fundamental para os trabalhos investigativos que vieram ao conheci-
mento e admiração de toda a sociedade nos últimos anos. Por �m, Tácio Muzzi 
15 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
fecha com chave de ouro com o tema da recuperação de ativos, intrinsecamente 
ligado à descapitalização das ORCRIM e a recomposição dos danos.
Seria ingênuo acreditar que não haverá mais tragédias, nem aéreas, 
tampouco as causadas pela criminalidade organizada. Porém, é justo desejar que 
elas sirvam de lições e que sejam objeto de estudos acadêmicos e de formulação 
de novas doutrinas. E que o legislador seja ungido por essas ideias e análises 
e produza novas leis como a 12.850/13, cuidando para que o ordenamento 
jurídico esteja sempre atualizado e e�caz a �m de permitir aos atores da 
persecução penal a resposta proporcional e imediata às ações dos grupos 
criminosos. Nesse contexto, os Delegados de Polícia são protagonistas e sua 
visão imprescindível. Aproveitemos as valiosas lições deste livro e aguardemos 
os próximos volumes da coleção! 
Edvandir Felix de Paiva
Delegado de Polícia Federal
Pós-Graduado em Ciências Penais, pelas Faculdades Anhanguera
Trabalhou na Delegacia de Polícia Federal em São José do Rio Preto/SP, na Corregedoria-
Geral de Polícia Federal e na Divisão de Repressão a Crimes Previdenciários
É o atual presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal 
Prefacio - Alexandre Garcia
A LEI DA ESPERANÇA
Na coleção Doutrina da Polícia Federal, este é o sétimo volume. Já foram 
lançadas outras obras que integram bibliogra�a recomendada pelo Superior Tri-
bunal de Justiça, já citados pelos menos três vezes no Supremo. Obras, por exem-
plo, sobre crime cibernético, pedo�lia, colaboração premiada, medidas protetivas 
da mulher (em edição). Este sétimo volume, sobre combate ao crime organizado, 
traz um tema mais popular, de maior apelo, de maior atualidade e talvez por isso 
tenham convidado um jornalista, um genérico, para esta apresentação.
O subtítulo deste livro registra sobre a Lei 12850/13: “a lei que mudou o 
país”. Mas o que realmente salva o país é a aplicação da lei; em consequência, 
também salvam o país os que aplicam a lei na origem, na investigação - e esses 
são os policiais. Os que, por vocação, desprendimento, altruísmo, patriotismo, 
decidem oferecer suas vidas, suas 24 horas do dia, ao serviço da lei e de seus 
concidadãos. Uma lei sozinha é apenas um papel escrito. Ela precisa de todos 
para tornar-se viva, in�uente, capaz de punir os que prejudicam os demais, 
descumprindo-a. Aplicar a lei gera respeito e força capazes de dissuadir os que 
tenham a intenção ou a tendência de delinquir. 
A Constituição (art.144) diz que Segurança Pública “é responsabilidade de 
todos”. Não deve ser fácil para as polícias cumprirem esse dever do estado num 
pais em que a cultura não faz com que se assuma essa responsabilidade constitu-
cional. Descumprindo a lei no varejo quotidiano, estamos, na verdade, enfraque-
cendo as regras que nos protegem. Certa vez, numa feira em Brasília, eu ouvia 
a peroração de um advogado que reclamava da falta de segurança pública, por 
ter-lhe sido furtado da residência um bujão de gás. Entrei na conversa fazendo 
uma pergunta: “Aquele BMW parado sob o sinal de estacionamento proibido é 
seu, doutor?” Ele teve que con�rmar e aproveitei: “Pois o senhor, que jurou cum-
prir a Constituição, está transgredindo e enfraquecendo a lei. E reclama que a lei 
não o protege?”. Ele �cou com a cara no chão, sem resposta. É essa cultura que 
enfraquece as leis e faz faltar o apoio popular ao trabalho da polícia.
Hoje, os resultados do combate ao crime organizado, em especial à cor-
rupção, trazem a esperança de recuperar a crença popular nas leis e o apoio aos 
que estão no front dessa guerra. O trabalho isento dos policiais federais tem 
promovido avanços sobre a praga da cultura da esperteza e do oportunismo 
egoísta que tanto nos prejudicam como nação. Os resultados têm feito surgir 
perguntas nas redes sociais: em que você é diferente daqueles que você conde-
na? Em que você é melhor que os criminosos que têm sido alvo do noticiário 
político-policial? No país em que a vizinhança saqueia um caminhão aciden-
tado, a gente �ca a desejar que a ação policial seja traduzida por o crime não 
compensa, e um dia consiga mudar esse descaso com a lei e a ordem social. 
Quando a polícia ostensiva entra em “greve” e pais, mães e �lhos menores 
saqueiam juntos um supermercado, �ca-se a perguntar por quantas décadas 
precisamos ainda repetir a palavra ordem, consagrada na Bandeira.
No combate ao crime organizado, a PF tem feito a sua parte, junto com o 
Ministério Público e a Justiça Federal. E nisso mais uma vez a conspiração dos 
astros ajudou na medida em que boa parte do trabalho convergiu para um juiz 
muito especial. Saído de lições duramente aprendidas no processo do escândalo 
Banestado (Banco do Estado do Paraná, operações CC5), o juiz Sérgio Moro teve 
a humildade ir à Polícia Federal para frequentar aulas sobre lavagem de dinheiro, 
evasão de divisas e operações internacionais ilícitas, com todos os seus truques 
e meandros. Ficou ali, nos bancos escolares e a presença dele signi�cou a união 
entre a polícia, que faz o inquérito e o juiz que recebe a denúncia. A e�cácia do 
combate ao crime organizado está na razão direta do conhecimento que o julga-
dor tem da matéria e a proximidade do magistrado em relação ao inquérito.
O combate ao crime organizado não pode ser mais um ciclo, neste país 
ciclotímico. Tem que ser contínuo, até que haja uma mudança na cultura da 
esperteza e do oportunismo. Constante, sem perder o impulso que hoje estimu-
la os agentes da lei. Constante, independentemente dos governos que passam; 
constante, com a ética, a técnica e a inteligência – e, claro, também a força que, 
em nome da lei – garante esse trabalho. Até que os resultados se re�itam em 
mudanças de comportamento das pessoas, esse combate representa a Esperança 
no país enfraquecido pela diluição de valores.
Não ouso comentar sobre um livro eminentemente técnico, mas percebo 
sua extrema utilidade, como um vade-mecum sobre o combate às organiza-
ções criminosas, com tudo sobre investigação, sobre essa vedete do noticiário, 
que é a colaboração premiada e sobre o que interessa, além da punição dos 
criminosos: a recuperação dos ativos que o crime surrupiou. Um livro cuja 
utilidade não se limita aos que presidem e participam de inquéritos na Polícia 
Federal;é sem dúvida uma obra de estudo e consulta necessária para o Mi-
nistério Público e para os juízes, além, é claro, fonte para todos os operadores 
e estudiosos do Direito.
Um dos males do Brasil tem sido a impunidade e sempre se reclama dos 
legisladores a mudança de leis lenientes, que estimulam o crime. Mas também 
há esta lei de 2013 que pode salvar o país. A lei da Esperança.
 
 Alexandre Garcia
Alexandre Garcia é formado na PUC/RS, com primeiro lugar no ves-
tibular e em todo curso. Trabalhou no Jornal do Brasil por 10 anos e na 
TV Manchete. Foi subsecretário de imprensa da Presidência da República 
por 18 meses. Está na TV Globo há 30 anos. Comentarista no Bom Dia 
Brasil e DFTV. Ancora o programa Alexandre Garcia na GNews. Lecio-
nou jornalismo na PUC/RS e no UNICEUB em Brasília. Faz comentários 
diários em 270 emissoras de rádio e escreve semanalmente para 17 jornais. 
Cobriu três guerras: Líbano, Angola e Malvinas/Falklands. Condecorado 
pela Rainha Elisabeth com a Ordem do Império Britânico e é detentor de 
20 condecorações nacionais.
EPIGRAFE
aiu um avião?!... aparecem os “especialistas” em queda de avião...
Copa do mundo?!... surgem os especialistas em futebol...
Manifestações de rua?! materializam-se os especialistas em manifestações...
Alta da in�ação?!... instantaneamente os especialistas em economia...
Baixa da in�ação, ajuste �scal, impeachment?!... especialistas em política...
Maioridade penal, liberação de drogas, refugiados, sim, também temos 
especialistas; e por aí afora... 
E como não poderia deixar de ser, quando se discute “segurança pública”, 
também há uma oportunidade única para aqueles que se autodenominam 
“especialistas em segurança pública”, mas que na verdade, em sua maioria ou 
quase a totalidade, são oportunistas!
O inquérito policial – atacado e criticado por muitos desses especialistas 
– é o principal instrumento utilizado para se chegar à justiça no Brasil, senão 
o único!
A luta fundamental pelo poder é a batalha pela construção de signi�cado 
na mente das pessoas, o que explica em grande medida a luta desenfreada desses 
“especialistas” em criticar a polícia e o trabalho policial, sobretudo, o inquérito.
É possível haver um trabalho investigativo sério, com cadeia de custódia 
probatória preservada, com organização temporal, com exposição crítica e 
técnica dos fatos, com sigilo, com ciência, com tecnicidade... se não houver um 
inquérito?
Todos aqueles que colaboraram para que esta obra existisse são policiais! 
Se não somos especialistas, ao menos somos aqueles que fazem do inquérito a 
razão da nossa existência e lutamos para que este instrumento �que melhor, 
buscando aprimorar e melhorar a cada dia que entramos em uma Delegacia em 
qualquer parte deste vasto país.
Nós, os policiais, quando acordamos cedo (ou por vezes, nem dormimos), 
para ir às ruas e realizar o trabalho que escolhemos por vocação e por orgulho 
de pertencer a uma instituição policial, certamente podemos resumir em três 
palavras o nosso dia-a-dia e a nossa expectativa: 
força, coragem e honra!
Há justiça sem polícia?
C
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DA LEI 12.850/2012 ............................................................................................ 25
Benito Tiezzi
CAPÍTULO 2
A INVESTIGAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS .............................................. 111
Luís Flávio Zampronha
CAPÍTULO 3
COLABORAÇÃO PREMIADA .............................................................................................. 137
Márcio Adriano Anselmo
CAPÍTULO 4
SIMPLIFICANDO OS ACORDOS DE COLABORAÇÃO ............................................... 195
Eduardo Mauat da Silva
CAPÍTULO 5
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS EM AEROPORTOS
A aplicação da Lei 12.850/13 - Aeroporto internacional de 
São Paulo – Guarulhos - Estudo de Caso .............................................................................. 231
Giovani Celso Agnoletto
CAPÍTULO 6
COLABORAÇÃO PREMIADA E QUESTÕES PROCESSUAIS ........................................ 257
Vallisney de Souza Oliveira
CAPÍTULO 7
AÇÃO CONTROLADA .......................................................................................................... 273
Rubens de Lyra Pereira
SUMÁRIO
CAPÍTULO 8
ACESSO REGISTROS
A função requisitória e mandamental da polícia 
Judiciária na busca de dados bancários, �nanceiros 
e �cais na investigação criminal ............................................................................................. 293
Ruchester Marreiros Barbosa
CAPÍTULO 9
INTERCEPTAÇÃO
A QUEBRA DO SIGILO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS ................................ 321
Marcio Alberto
CAPÍTULO 10
ACESSO A DADOS EM CELULAR: 
NECESSIDADE DE AUTORIZAÇÃO JUDICIAL ............................................................. 335
Alesandro Gonçalves Barreto
Everton Ferreira de Almeida Férrer
José Anchiêta Nery Neto
CAPÍTULO 11
INFILTRAÇÃO POLICIAL 
INFILTRAÇÃO DE AGENTES REPRESENTA AVANÇO NAS 
TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO CRIMINAL ................................................................... 351
Francisco Sannini Neto
CAPÍTULO 12
RECUPERAÇÃO DE ATIVOS: ESTRATÉGIAS E DESAFIOS ........................................ 377
Tácio Muzzi
CAPÍTULO 13
A LEI DE CRIME ORGANIZADO E OPERAÇÃO LAVA JATO ...................................... 393
Márcio Adriano Anselmo
CAPÍTULO 14
CRIME ORGANIZADO: CONCEITO E EXEMPLOS NO 
DIREITO COMPARADO ......................................................................................................... 413
Rubens De Lyra Pereira
CAPÍTULO 15
BREVES COMPARATIVOS ENTRE A LEI DE CRIME ORGANIZADO DO BRASIL E A 
LEI DE DELITOS COMPLEXOS 
DA ARGENTINA ............................................................................................433
Luiz Carlos Nóbrega Nelson
apítulo 1 – HISTÓRICO DA LEI 12.850/2012
Benito Tiezzi1
Em 23 de maio de 2006 a então Senadora Serys Marly Slhessarenko, 
natural de Cruz Alta – RS, apresentou o Projeto de Lei do Senado cuja 
ementa descrevia: “Dispõe sobre a repressão ao crime organizado e dá 
outras providências.” A proposição foi denominado PLS no 150 de 2006.
A justi� cação da parlamentar foi no sentido de “disciplinar a investigação 
criminal, os meios de obtenção de prova e o procedimento judicial aplicável ao 
referido crime, sem desrespeito às garantias do devido processo legal, tampouco 
às atribuições constitucionais dos órgãos envolvidos na persecução criminal.”
Nos seus argumentos salientou que “a proposta diverge de outras inicia-
tivas legislativas que escolheram o verbo “associar” como núcleo do tipo penal 
em construção. Ora, não nos parece que as idéias participantes do vocábulo 
“associar” sejam su� cientemente explícitas para a compreensão mais abrangen-
te do fenômeno delitivo que mereça o nomen iuris de “crime organizado” (não 
obviamente de “organização criminosa”, que possui um sentido mais sociológi-
co do que jurídico-penal). O fato criminoso a ser descrito não se resume à mera 
reunião, agregação, partilha ou divisão de alguma coisa, ou seja, na conduta de 
união, em si mesma, de um certo número de pessoas, mas sim na ação prece-
dente de promover, constituir, � nanciar, cooperar ou integrar essa associação.”
Também esclarecia:
Antes de tudo, é mister que se explicitem os verbos que constituem 
o núcleo do tipo penal, os quais retratam condutas humanas que 
evidenciam a aludida prática criminosa. Para tanto, recorreu-se a 
cinco verbos que também são desprovidos de carga de ilicitude, mas 
que adquirem tal característica quando postos em conexão com os 
outros elementos da composição típica. Promover quer dizer “ser a 
causa de, gerar, provocar”; constituir signi� ca “ formar, organizar, 
criar”; � nanciar designa a idéia de “sustentar os gastos (de, com), 
prover o capital necessário para; custear, bancar”; cooperar representa 
“atuar, juntamente com outros para um mesmo � m, contribuir com 
1 Delegado de PolíciaCivil do Distrito Federal
C
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 26
trabalho, esforços, auxílio, colaborar”; e integrar exprime o conceito 
de “ incluir-se um elemento no conjunto, formando um todo coerente, 
incorporar-se, integralizar”.
 A primeira indagação é saber quem poderia realizar tais ações. A 
�gura criminosa não descreve pessoa determinada, com características 
próprias para ser o sujeito ativo do crime organizado. Qualquer um 
pode, em tese, atuar no crime organizado, e não apenas pessoalmente, 
mas também através de interposta pessoa. Nada impede, portanto, 
que alguém possa agir às ocultas, colocando-se por detrás do operar 
criminoso. O que não se admite é que uma pessoa isolada baste para 
a con�guração típica. Trata-se, no caso, de fm1014t2-200306987 12 
um crime plurissubjetivo que exige o número mínimo de cinco pessoas. 
Assim, no momento em que houver a convergência de vontades entre 
cinco ou mais pessoas para a constituição do crime organizado, o tipo 
dar-se-á por consumado. 
Note-se que o “promover”, o “constituir”, o “�nanciar”, o 
“cooperar” e o “ integrar” só passam a ter relevância típica quando se 
vinculam a um determinado objeto, qual seja, uma associação que 
não prescinde de algumas características próprias: a) ser constituída 
de cinco ou mais pessoas. Essa pluralidade de pessoas, como dissemos, 
é inafastável; b) apresentar estrutura organizacional estável e 
hierarquizada, bem como divisão de tarefas entre seus integrantes. 
É imprescindível que a associação possua um mínimo de organização 
de pessoas e de meios e tenha uma certa estabilidade, isto é, tenha 
a duração temporal necessária para a realização de sua �nalidade, 
ou, dito de melhor forma, revele ser algo autônomo que ultrapasse 
um acordo de vontades meramente ocasional; c) ter caráter tanto 
lícito quanto ilícito, pois nada obsta que a forma de estruturação da 
associação siga as regras exigíveis para a sua constituição legal. Isso 
permitirá que sejam reprimidas as atividades criminosas perpetradas 
por meio de empresa juridicamente construída. 
Sabe-se, ainda, que crime organizado, para que possa atingir 
seu escopo, emprega determinados modos de execução. Há um espectro 
muito amplo de modus operandi. Freqüentemente, vale-se da violên-
cia, da força intimidativa, da manobra fraudulenta, do trá�co de 
in�uência ou mesmo de atos de corrupção. Infelizmente, não há como 
negar a estreita ligação entre o crime organizado e a corrupção. 
27 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
Os incisos I a XVI do art. 2° da proposição relacionam os vários 
delitos que o crime organizado pode empreender. No que se refere aos 
crimes contra a administração pública, crimes contra o sistema �nan-
ceiro e crimes contra a ordem econômica ou tributária, entendemos 
melhor limitar os tipos que ensejam a atuação do crime organizado. 
É que várias �guras típicas incluídas entre os crimes contra a admi-
nistração pública, como também o art. 4º da Lei 7.492, de 1986, 
e mesmo os crimes contra as relações de consumo, não traduzem as 
formas mais reprováveis de associação criminosa. Em contrapartida, o 
projeto não ignora diversas condutas que, por sua natureza, devem ser 
equiparadas ao crime organizado (vide art. 2º, §§ 1º e 2º). 
Com relação aos meios de obtenção de prova, entendemos que a 
interceptação das comunicações telefônicas e a quebra dos sigilos �nan-
ceiro, fm1014t2-200306987 13 bancário e �scal já estão disciplina-
dos em legislações especí�cas (Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, 
e Lei Complementar nº 105, de 10 de janeiro de 2001), as quais, 
indubitavelmente, oferecem um melhor tratamento da matéria. Não 
haveria razão, portanto, para desconsiderar o marco legal em vigor. 
Daí recorrermos à remessa para a legislação especí�ca (art. 3º, II e V). 
No que se refere à colaboração premiada, o projeto manteve-se 
�el à idéia de que a extinção da punibilidade ou a redução da pena 
devem partir do Poder Judiciário. A nosso sentir, a�gura-se inconsti-
tucional a proposta de atribuir tal competência ao órgão acusador. Isso 
implicaria verdadeiro esvaziamento de poder, função e atividade do 
órgão judicial, com �agrante desrespeito à garantia de que “a lei não 
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito” 
(art. 5º, XXXV, da CF) e, no âmbito processual, afronta à cláusula do 
devido processo legal (art. 5°, LIV, da CF). 
A proposta não hesita, ainda, em suprimir o instituto da “ in-
�ltração policial” do direito brasileiro (art. 2º, V, da Lei nº 9.034, 
de 3 de maio de 1995), porque viola o patamar ético-legal do Estado 
Democrático de Direito, sendo inconcebível que o Estado-Administra-
ção, regido que é pelos princípios da legalidade e da moralidade (art. 
37, caput, da CF), admita e determine que seus membros (agentes po-
liciais) pratiquem, como co-autores ou partícipes, atos criminosos, sob 
o pretexto da formação da prova. Se assim fosse, estaríamos admitindo 
que o próprio Estado colaborasse, por um momento que seja, com a 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 28
organização criminosa na execução de suas tarefas, o que inclui até 
mesmo a prática de crimes hediondos. Muito melhor será que o Esta-
do-Administração, localizando uma organização criminosa, ao invés 
de in�ltrar nela seus agentes, debele essa organização, seja de forma 
imediata ou retardada (através de ação controlada). 
Não bastassem as razões constitucionais, éticas, legais e lógicas já 
destacadas, ainda é possível opor outros argumentos de ordem prática 
contra a “ in�ltração de agentes”. A situação mais grave será o desres-
peito a qualquer limite jurisdicional imposto à atuação dos agentes in-
�ltrados. Imagine-se, por exemplo, quando o agente in�ltrado estiver 
na presença de criminosos e lhe for ordenada a prática de um crime (v. 
g., o homicídio de um tra�cante preso pela organização rival). Nessa 
situação, o agente não terá como escolher entre cometer e não cometer 
o crime (limite imposto judicialmente), pois, se não obedecer aos inte-
grantes da organização, poderá simplesmente ser executado. É isso que 
o Estado pretende de seus agentes? É isso que podemos esperar de um 
Estado Democrático de Direito? É isso que podemos denominar por 
“moralidade pública”? 
Resta destacar que os mais experientes policiais já são conhecidos 
dos criminosos, logo, as pessoas escolhidas para essa difícil missão, de 
escolher entre a própria “ ida” ou o desrespeito aos limites judiciais 
de�nidos para a sua atuação, serão policiais recém ingressos na carreira, 
sem qualquer experiência e ainda com bases ético-pro�ssionais não 
solidi�cadas, o que, não resta dúvida, poderá propiciar o surgimento 
de “agentes duplos”. 
Quanto ao acesso a dados cadastrais, registros, documentos e 
informações, o projeto pautou-se pela estrita obediência aos preceitos 
constitucionais, notadamente ao art. 5º, X, XI e XII, da CF. Em 
que pese inexistir garantia absoluta em nosso ordenamento jurídico, 
caberá ao órgão judicial ponderar, no caso concreto, o con�ito entre 
os direitos individuais e o interesse coletivo. Tal responsabilidade não 
poderia �car a cargo do órgão policial ou do Ministério Público, cujas 
funções, na persecução criminal, são bem outras. A fórmula adotada 
é, seguramente, a mais adequada para evitar devassas injusti�cadas e 
medidas afoitas (art. 3º, parágrafo único). 
29 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
Em termos do procedimento penal, o art. 18 da proposição prevê 
que o interrogatório do acusado preso poderá ser realizado no estabe-
lecimento prisional em que se encontrar, em sala própria, desde que 
estejam garantidas a segurança do juiz, auxiliares e demais partici-
pantes, a presença do defensor e a publicidade do ato, assegurando-se, 
ainda, o direito de entrevista reservada, por tempo de até trinta mi-
nutos, do acusado com seu defensor. 
A matéria relativa ao direito de apelar em liberdade foi disci-
plinada em consonância com o princípio da presunção de nãoculpa-
bilidade (art. 5º, LVII, da CF).Ao contrário do texto legal em vigor, 
sobre o qual pairam fortes dúvidas de inconstitucionalidade (“o réu 
não poderá apelar em liberdade”, art. 9º da Lei nº 9.034, de 1995), 
preferimos uma redação mais equilibrada e compatível com o referido 
princípio constitucional, atribuindo ao juiz o dever de justi�car a 
necessidade da prisão provisória antes do trânsito em julgado da con-
denação (art. 25).
Na mesma data de sua propositura, o projeto de lei recebeu o seguin-
te despacho: “À Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania em decisão 
terminativa onde poderá receber emendas por um período de cinco dias úteis, 
após sua publicação e distribuição em avulsos.”
Em 07 de novembro de 2007, o Relator da matéria, o então Senador 
Aloizio Mercadante, oferece parecer onde, analisando a matéria, dispõe:
É, certamente, louvável a preocupação dos ilustres autores das 
Emendas com o aperfeiçoamento do PLS nº 150, de 2006. 
No que concerne à exclusão do número mínimo de integrantes 
para que se con�gure uma organização criminosa, tal como pretende 
a Emenda nº 25, a nosso sentir, haveria confronto com o texto 
da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado 
Transnacional, promulgada pelo Decreto Presidencial nº 5.015, de 
12 de março de 2004, cujo art. 2º, alínea a, de�ne Grupo criminoso 
organizado como um grupo estruturado de três ou mais pessoas, 
existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito 
de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na presente 
Convenção, com a intenção de obter, direta ou indiretamente, um 
benefício econômico ou outro benefício material. 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 30
A Emenda nº 26 propõe alterar o § 1º do art. 2º para prever 
que, nas mesmas penas do caput, incorrerá o agente que, por meio 
de organização criminosa, intimide ou in�uencie qualquer funcio-
nário público e não apenas aqueles envolvidos na apuração de crimes 
relativos à atuação de organizações criminosas. De fato, parece-nos 
inapropriada a restrição constante da redação atual do PLS. Apresen-
tamos, assim, subemenda, nos termos propostos pelo Senador Marconi 
Perillo, com alguns ajustes redacionais. 
Porém, no que se refere à segunda alteração proposta por esta 
Emenda, entendemos desnecessária a inserção do termo “explosivo” no 
§ 2º do art. 2º do PLS nº 150, de 2006, haja vista a redação atual já 
contemplar “ instrumentos destinados ao crime organizado”, os quais 
certamente os abrangem. 
Entre os crimes enumerados no parágrafo único do art. 1º do 
PLS nº 150, de 2006, consta o crime contra empresas de transporte de 
valores ou cargas e receptação de bens ou produtos que constituem pro-
veito auferido por esta prática criminosa. O Senador Marconi Perillo 
tem razão ao a�rmar que o bem jurídico a merecer tutela da futura 
lei não é a empresa em si, mas o transporte de valores ou cargas. Apre-
sentamos, porém, subemenda, uma vez que o dispositivo a ser alterado 
é o inciso IX do art. 2º do PLS e não o inciso VIII, conforme constante 
da Emenda nº 27. 
Por meio da Emenda nº 28, pretende-se incluir entre os meios 
de obtenção de prova a quebra do sigilo de correspondência. Ocorre 
que o art. 5º, XII, da Constituição Federal determina ser inviolável 
o sigilo da correspondência. A violação dessa garantia constitucional 
em relação a pessoas que sequer se encontram sob custódia de um es-
tabelecimento penal e com estrita �nalidade de reunir provas não se 
justi�ca. A própria Constituição excepciona esse direito tão-somente 
nos casos de decretação de estado de defesa e de sítio (art. 136, § 1º, I, 
b, e art. 139, III). 
As Emendas nº 29, 30 e 32, do Senador Pedro Simon, preten-
dem regulamentar o instituto da colaboração premiada, ressaltando a 
atuação do Ministério Público, o qual deverá, inclusive, formular a 
proposta. Vale lembrar que, no direito brasileiro, tem prevalecido, em 
termos de colaboração premiada, a redução da pena, admitindo-se, em 
caráter excepcional, o perdão judicial (art. 1º, § 5º, da Lei nº 9.613, 
31 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
de 1998; art. 13 da Lei nº 9.807, de 1999; art. 32, § 3º da Lei nº 
10.409, de 2002). As Emendas referidas, diferentemente, privilegiam 
a discricionariedade do órgão acusador, cuja constitucionalidade pode, 
inclusive, ser contestada. Por exemplo, propõe-se que a sentença �cará 
vinculada aos termos do acordo celebrado entre o investigado e o Minis-
tério Público (Emenda nº 29). Isso, a nosso ver, contraria os princípios 
constitucionais da individualização da pena, da independência e do li-
vre convencimento do magistrado (arts. 5º, XLVI e XXXV, e 93, IX, da 
CF). Parece-nos mais adequado que o debate sobre este e outros aspectos 
da colaboração premiada sejam objeto de um projeto de lei especí�co. 
Quanto à alteração de�nitiva da identidade civil do colabora-
dor, tal como preconizada pela Emenda nº 31, já existe essa previsão 
no ordenamento jurídico vigente. A Lei nº 9.807, de 13 de julho de 
1999, estabelece normas para a organização e a manutenção de pro-
gramas especiais de proteção a vítimas e a testemunhas ameaçadas, 
institui o Programa Federal de Assistência a Vítimas e a Testemunhas 
Ameaçadas e dispõe sobre a proteção de acusados ou condenados que 
tenham voluntariamente prestado efetiva colaboração à investigação 
policial e ao processo criminal. 
O art. 16 da citada Lei altera o art. 57 da Lei nº 6.015, de 31 
de dezembro de 1973 (Lei de Registros Públicos), para disciplinar o 
procedimento a ser seguido pelo juiz no caso de alteração de nome em 
razão de fundada coação ou ameaça decorrente de colaboração com a 
apuração de crime. 
No que tange à realização do interrogatório por meio de video-
conferência (Emenda nº 33), essa possibilidade já foi inserida no texto 
do projeto por meio da Emenda nº 10-CCJ. O mesmo ocorre com a 
Emenda nº 35, pois o texto �nal aprovado nesta Comissão também já 
faz referência, de forma genérica, a “órgãos de inteligência brasilei-
ros”, retirando a menção expressa e restritiva ao Sistema Brasileiro de 
Inteligência – SISBIN (conforme Emenda nº 11-CCJ). 
Quanto à possibilidade de con�sco (Emenda nº 34), cumpre es-
clarecer que ela dispensa previsão expressa no projeto, uma vez que 
o art. 91 do Código Penal – que determina a perda em favor da 
União de produto ou proveito do crime – é aplicável tanto a crimes de 
sua Parte Especial quanto aos tipi�cados em legislação extravagante. 
Além disso, o PLS nº 150, de 2006, prevê a possibilidade de o juiz 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 32
“decretar, no curso da investigação ou da ação penal, a apreensão ou 
seqüestro de bens, direitos ou valores do acusado, ou existentes em seu 
nome, objeto dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma 
dos arts. 125 a 144 do Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 
– Código de Processo Penal” (art. 22, caput). 
Por �m, a Emenda nº 36 sugere a alteração do art. 288 do 
Código Penal para caracterizar o crime de quadrilha ou bando pela 
associação de três ou mais pessoas, para o �m de cometer infração penal 
e não apenas crime, conforme o ordenamento vigente. Vale lembrar 
que mesmo o texto original do PLS nº 150, de 2006, já contemplava 
a alteração nos termos sugeridos pela Emenda.
Em seu voto, o Relator pugna pela “rejeição das Emendas nºs 25 e 28 a 
36 – PLEN, e pela aprovação das Emendas nºs 26 e 27 – PLEN, apresentadas 
ao PLS nº 150, de 2006, na forma das seguintes submendas:”
SUBMENDA À EMENDA Nº 26 – PLEN 
Dê-se ao § 2º do art. 2º do PLS nº 150, de 2006, a seguinte redação: 
“Art. 2º............................................... 
........................................................... 
§ 2º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – por meio de organização criminosa: 
a) frauda licitações em qualquer de suas modalidades, ou concessões, 
permissões e autorizações administrativas; 
b) intimida ou in�uencia testemunhas ou funcionários públicos 
responsáveis pela apuração de infração penal; 
c) impede ou di�culta a apuração de crimeque envolva organização 
criminosa. 
II – �nancia campanhas políticas destinadas à eleição de candidatos 
com a �nalidade de garantir ou facilitar as ações de organizações 
criminosas.”
33 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
SUBMENDA À EMENDA Nº 27 – PLEN 
Dê-se ao inciso IX do art. 2º do PLS nº 150, de 2006, a seguinte 
redação:
 
“Art. 2º .....................................................
.................................................................. 
IX – contra o transporte de valores ou cargas e a receptação dolosa 
dos bens; 
.................................................................................................”
Votado o parecer do Relator, a Comissão de Constituição, Justiça e Cida-
dania, em Reunião Ordinária realizada nesta data, após as adequações redacio-
nais sugeridas pelo Relator, Senador Aloizio Mercadante, na alínea b, inciso I, 
§ 2º, do art. 2º, constante da Subemenda à Emenda nº 26, de Plenário, decide 
pela aprovação das Emendas nºs 26-PLEN e 27-PLEN, na forma das Submen-
das-CCJ, e pela rejeição das Emendas nºs 25-PLEN e 28-PLEN a 36-PLEN.
A proposição permaneceu na Comissão de Constituição, Justiça e Cidada-
nia do Senado até que, em face do acolhimento, pelo Plenário, do Requerimen-
to nº 334, de 2009, de autoria do então Saudoso Senador Romeu Tuma, apre-
sentado por ocasião do anúncio da matéria na Ordem do Dia de 31 de março 
de 2009, a matéria retornou à CCJ para nova análise, nos termos do art. 279, 
inciso II, do Regimento Interno do Senado Federal, tendo-se por justi�cação, 
segundo o autor, a necessidade de substituir-se, no corpo da proposição, nota-
damente nos dispositivos atinentes ao denominado “procedimento criminal”, a 
expressão “investigação” por “inquérito policial”.
Em novo parecer, o Relator, ainda o então Senador Aloizio Mercadante, 
revisa integralmente o PLS 150 de 2006 e, em sua análise, dispõe:
Embora a Convenção das Nações Unidas contra o Crime 
Organizado (Convenção de Palermo) ofereça, em seu art. 3º, com 
as remissões aos arts. 2º, 5º (notadamente, o número 3 da alínea “b” 
do parágrafo 1), 6º (em especial, as alíneas “a” e “b” do parágrafo 2), 
8º e 23, meios para o legislador arrolar infrações penais que sirvam 
de supedâneo para a tipi�cação – autônoma, frise-se -- do crime de 
organização de facção criminosa, convenci-me da pertinência da 
tese esposada pela Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 34
à Lavagem de Dinheiro – ENCCLA, quanto à conveniência de o 
legislador �xar um critério objetivo, que é o da 4 prática de “ infração 
grave”, assim entendido o ato que “constitua infração punível com uma 
pena de privação de liberdade, cujo máximo não seja inferior a quatro 
anos ou com pena superior” (art. 2º, parágrafo único, alínea “b”, da 
Convenção de Palermo, incorporada à ordem jurídica nacional por 
via do Decreto nº 5.015, de 2004). 
Destarte, reconsiderando minha posição anterior, opto por 
não distinguir um rol de infrações penais porque o que importa é 
a tipi�cação da conduta de constituir uma organização criminosa, 
crime contra a paz e/ou a ordem pública, e que não está atrelado às 
espécies de infrações para as quais a organização é constituída. Bem 
lembrou aqui, perante esta Comissão, a Juíza Federal Salise Monteiro 
Sanchotene, Presidente do Grupo Jurídico da ENCCLA, a título de 
ilustração, que o crime de estelionato contra a Previdência Social não 
estaria no rol da proposição, e que esse delito pode ser praticado por 
organização criminosa destinada a isso. 
Assim, entendo ser melhor estabelecer o critério limitativo de 
aplicação do tipo de organização criminosa com base na duração 
máxima da pena. A alteração, além de conferir maior coerência ao 
sistema, que dá tratamento mais grave aos crimes que o legislador 
assim considerou, ao de�nir suas penas, facilita a aplicação da lei 
pela inexistência de elenco detalhado de crimes e obsta modi�cação, 
pelo juiz, da classi�cação do delito para “quadrilha ou bando”, ante 
eventual alegação dos réus de ser numerus clausus o arrolamento 
estabelecido ou imprecisa a tipi�cação. 
Mas é certo, também, que pode haver caráter transnacional, foco 
das preocupações da Convenção de Palermo, em delitos para os quais 
a legislação interna preveja pena máxima inferior a quatro anos. Cito 
aqui o caso do crime tipi�cado no art. 206 do Código Penal, com a 
rubrica de “aliciamento para �m de emigração”, que se enquadraria 
no gênero convencional de “trá�co de migrantes”. Ocorre, porém, que 
a pena máxima prevista no indigitado dispositivo codi�cado para a 
infração ali tipi�cada é de três anos. Dessa maneira, uma organiza-
ção criminosa voltada para a emigração ilegal de trabalhadores não 
seria considerada como tal, mas como quadrilha ou bando e, portan-
to, sujeita a pena menor do que a prevista nesta proposição. 
35 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
Pelo exposto, acredito que a melhor formulação para o parágrafo 
único do art. 1º (que passaria a ser § 1º pela razão adiante apresen-
tada) seria a seguinte: 
§1º Considera-se organização criminosa a associação, de três ou 
mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão 
de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática 
de crimes cuja pena máxima seja igual ou superior a quatro anos ou 
que sejam de caráter transnacional. 
Corolário da reforma do parágrafo único do art. 1º, com a 
supressão do inciso XIX -- “outros crimes previstos em tratados ou 
convenções internacionais de que o Brasil seja parte” --, é a inserção 
de um novo parágrafo que assegure a observância do disposto no inciso 
expungido e, outrossim, dê conta da adequada aplicação da cláusula 
constitucional de extraterritorialidade da lei penal, nos termos do 
inciso V do art. 109 da Constituição Federal. Desta forma, teríamos, 
ainda no art. 1º, o seguinte parágrafo: 
§2º Esta lei se aplica também aos crimes previstos em tratado 
ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o 
resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciproca-
mente. 
Tomando por referência o piso da pena restritiva de liberdade 
para o delito de “associação para o trá�co”, prevista no art. 35 da Lei 
nº 11.343, de 2006, julgo oportuno reduzir o mínino da sanção penal 
de cinco para três anos, em observância à técnica de sistematicidade. 
Como a pena do delito em exame deve ser aplicada “sem prejuízo das 
penas correspondentes aos demais crimes praticados”, estou convencido 
da adequação técnica de se �ncar como ponto de partida uma pena 
razoável, cominada tão-somente para a associação organizada em 
si, e, após, acrescentarem-se causas de aumento, conforme o per�l da 
organização. 
Em decorrência, modi�cações precisariam ser levadas a cabo no 
corpo do art. 2º, com maior modulação das causas de aumento de 
pena, fazendo-se uso dos fatores assinalados em quantidade �xa ou 
em limites. Daí resulta meu entendimento de que o fato de haver em-
prego de arma de fogo deve ser causa de aumento da pena �xada já na 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 36
quantidade máxima do limite previsto no § 3º do art. 2º, o que faz 
com que essa particularidade deve ser gravada em dispositivo especí�-
co, deslocado do atual § 3º, o qual seria renumerado. 
O § 4º do art. 2º, igualmente, considerado o tratamento sistêmico 
da matéria, precisaria ser alterado, trocando-se a causa de aumento de 
pena por circunstância agravante, dado que, consoante o disposto no 
art. 62, inciso I, do Código Penal, o exercício de direção de atividade 
criminosa agrava a pena quando essa é calculada pela autoridade 
judicial. 
Passo agora aos reparos que merecem ser feitos no § 3º, que, em 
virtude do desdobramento a que me referi acima, terá nova numera-
ção. A causa de aumento de pena deve ser mudada: “de um terço até a 
metade” seria cambiado para “de um sexto até dois terços”. A mudan-
ça é feita para guardarproporcionalidade com as causas de aumento 
previstas no Código Penal, além de dar maior amplitude ao grau de 
elevação, possibilitando que o juiz individualize adequadamente a 
pena, conforme a realização concreta das causas de aumento. 
O inciso I do referido parágrafo deve ser suprimido. Com efeito, 
a quantidade de participantes estipulada não se baseia em nenhum 
critério objetivamente de�nido. Não se consegue justi�car por que 
uma organização constituída por dez pessoas seria menos lesiva que 
outra constituída por quinze ou vinte pessoas. 
As hipóteses – concurso de agente público responsável pela repres-
são criminal – e – colaboração de criança e adolescente – não guar-
dam relação alguma entre si. Portanto, devem ser desmembradas em 
dois incisos autônomos. Mas, neste passo, é preciso ter em mente que o 
concurso de funcionário público, em sentido genérico, previsto no inci-
so III do §3º, já agasalha o “agente público responsável pela repressão 
criminal”. Como não há nenhuma diferenciação na gravidade do au-
mento de pena entre o inciso II e inciso III, é bastante que se considere 
apenas a hipótese mais ampla. 
Os incisos IV e V, que adiciono ao parágrafo, cuidam de causas 
de aumento que levam em conta a irradiação territorial da atuação 
da organização criminosa por força de conexões internas e externas, o 
que acarreta maior e mais dispendioso desempenho do poder público 
na persecução e punição dos meliantes, com mobilização de distintas 
circunscrições e jurisdições e articulação de vários Estados nacionais. 
37 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
Proponho nova redação para o § 6º desse mesmo artigo. O obje-
tivo seria, neste caso, dar tratamento à matéria de forma equivalente 
àquela adotada pelo Senado Federal no PLS nº 138, de 2007 (PL nº 
1396, de 2007, na Câmara dos Deputados), de autoria do Senador 
Demóstenes Torres. 
Já no art. 3º, advogo a supressão, em seu inciso I, da expressão 
“do investigado ou acusado”. A uma, porque é desnecessária; a duas, 
porque, com a supressão, se alcança harmonização em todo o artigo, 
posto que os incisos seguintes apenas enumeram as técnicas sem in-
formar o destinatário ou agente. No inciso II, substituo o vocábulo 
“ interceptação” por “captação”, que, tecnicamente, é considerado mais 
apropriado e deve, portanto, ser empregado (art. 11, inciso I, alínea 
“a”, da Lei Complementar nº 95, de 1998). Inciso IV: proponho, nesse 
ponto, a ampliação das bases acessíveis em termos compatíveis com o 
que já foi discutido nesta Comissão, quando da apreciação do PLS nº 
140, de 2007, relatado pelo Senador Jarbas Vasconcellos, sendo autor 
o Senador Demóstenes Torres. 
Rati�co, após muito re�etir, minha posição favorável à manu-
tenção do instituto da “ in�ltração policial”. Durante os debates, 
tornaram-se evidentes as resistências a esse recurso de investigação. A 
própria autora, Senadora Serys Slhessarenko, ao justi�car a proposi-
ção, defendera a supressão do inciso V do art. 2º, da Lei nº 9.034, 
de 3 de maio de 1995, acrescentado pela Lei nº 10.217, de 2001, 
aduzindo, na oportunidade, que a in�ltração violaria “o patamar 
ético-legal do Estado Democrático de Direito, sendo inconcebível que 
o Estado-Administração, regido que é pelos princípios da legalidade e 
da moralidade (art. 37, caput, da CF), admita e determine que seus 
membros (agentes policiais) pratiquem, como coautores ou partícipes, 
atos criminosos, sob o pretexto da formação da prova. Se assim fosse 
– prossegue a representante do Estado do Mato Grosso – estaríamos 
admitindo que o próprio Estado colaborasse, por um momento que 
seja, com a organização criminosa na execução de suas tarefas, o que 
inclui até mesmo a prática de crimes hediondos. Muito melhor será 
que o Estado-Administração, localizando uma organização crimino-
sa, ao invés de in�ltrar nela seus agentes, debele essa organização, seja 
de forma imediata ou retardada (através de ação controlada).” 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 38
Mais ainda tenho a mencionar como motivo de preocupação em 
torno dessa questão. A Senadora Serys Slhessarenko e o Senador Ro-
meu Tuma chamaram a atenção, em especial, para o problema da 
segurança pessoal do agente policial in�ltrado que se apresente recal-
citrante quando instado a praticar determinada ação delituosa por 
membros da organização criminosa. 
Observo, inicialmente, em face das alegações de inconstitucio-
nalidade, que o inciso V do art. 2º da Lei nº 9.034, de 1995, não 
foi, até o presente momento, objeto de qualquer impugnação, em sede 
de controle concentrado de constitucionalidade, perante o Supremo 
Tribunal Federal, mesmo já tendo sido o referido diploma legal sub-
metido ao crivo da revisão judicial pela Suprema Corte (v. ADI nº 
1.570, de 2004). A in�ltração policial também está prevista no art. 
53, inciso I, da Lei nº 11.343, de 2006, cuja constitucionalidade 
segue irretocável. 
Estamos aqui naquela situação em que, valendo-me de metáfora, 
se torna necessária a inoculação de uma vacina produzida a partir 
de veneno para sanar um mal maior. Sem dúvida alguma, esta será 
uma decisão difícil a ser tomada, cum granum salis, no curso de uma 
investigação. Deve ser evitada a todo custo, mas não há de ser descar-
tada. A in�ltração pode ser, de acordo com a situação se apresente, 
inevitável, levando a que o juiz tenha de decidir por autorizá-la, de 
forma “circunstanciada, motivada e sigilosa”. Repito: a autorização 
judicial deverá ser pormenorizada, o que, certamente, implicará esti-
pulação dos limites, na atuação do agente in�ltrado, do que venha a 
ser estrito cumprimento de dever legal, para efeito de consideração de 
exclusão de antijuridicidade, nos termos da legislação penal. Ademais, 
não é crível que se venha a encetar a in�ltração sem liame com a ação 
controlada, o que, com efeito, permitiria obstar movimentos do agente 
in�ltrado se constrangido pelos membros da organização criminosa. 
Todavia, por cautela, julgo conveniente introduzir neste capítulo toda 
uma seção que venha a dispor sobre um rito a ser rigorosamente obser-
vado, se necessária a in�ltração. Tecerei considerações detalhadas um 
pouco mais adiante. 
Após ter ouvido as judiciosas advertências do Presidente do STF, 
Sua Excelência o Ministro Gilmar Mendes, admito que reparos, 
de larga monta, devem ser feitos também no art. 4º, que trata da 
“colaboração premiada”. 
39 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
Devemos examinar o instituto com muito cuidado. A�nal, ainda 
é incipiente a experiência brasileira com o plea bargain, essa interes-
sante prática do direito anglo-saxão. De fato, desde a vigência da Lei 
nº 9.807, de 1999, na qual foram dispostos procedimentos relativos 
aos réus colaboradores, muito se tem discutido a respeito de variados 
aspectos ligados à sua aplicação. 
Assinalo, primeiramente, que deveria ser reconhecida a possibi-
lidade de concessão dos benefícios ex o�cio, pelo magistrado. Vem de 
longa data essa tradição no direito brasileiro, não sendo razoável que 
o juiz deixe de aplicar os benefícios quando o acusado colaborou efe-
tivamente e esse fato é reconhecido pelo juiz na sentença. Ademais, a 
leitura da Lei nº 9.807, de 1999, permite-nos observar que já há pre-
visão da concessão do perdão judicial de o�cio (art. 13). Portanto, com 
o �m de preservar o avanço atingido por referida norma, creio ser de 
importância permitir que a autoridade judicial conceda tais benefí-
cios sem a necessidade de provocação das partes. Havendo provocação, 
é de todo conveniente que a postulação seja formulada conjuntamente, 
de maneira a deixar assente a aquiescência do Ministério Público com 
o benefício requerido. 
De outra parte, não haveria sentido facultar ao magistrado conce-
der o perdão judicial e não permitir a substituição da pena. A possibili-
dade de substituição da pena é relevante para dar maior amplitude aos 
benefícios e, em consequência, maior e�cácia à colaboração. 
O termo “alternativamente”, constante da parte �nal do caput 
do art.4º, foi retirado para que reste claro que os benefícios dispostos 
na parte inicial do artigo serão arbitrados pelo juiz de acordo com a 
efetividade e e�cácia da colaboração. A redação anterior permitia a 
interpretação de que o cumprimento de quaisquer dos incisos daria o 
direito ao réu colaborador de obter o grau máximo de benefícios. Não 
se quer com isso exigir que as hipóteses previstas nos incisos ocorram 
de forma cumulativa, mas sim que a dosimetria do benefício leve em 
conta o grau de e�cácia da colaboração. Reportando-me a alterações 
já levadas a efeito nos arts. 7º e 13, pelas Emendas nº 5 e 7- CCJ (v. 
Parecer nº 264, de 2007), os incisos I e III são modi�cados e o inciso 
II aditado, tão-somente para �ns de padronização, substituindo-se a 
expressão “crime organizado” por “organização criminosa”. 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 40
O parágrafo único desse artigo é, após pequenos ajustes redacio-
nais e agregação da variável “e�cácia da colaboração”, transformado 
em § 1º, por conta dos que lhe devem seguir. 
O § 2º que ora se insere traz como proposta uma cláusula de me-
lhoramento do benefício deferido, permitindo ao juiz, por provocação 
do Ministério Público, reconhecer a posteriori que a colaboração pres-
tada foi mais completa e e�ciente do que inicialmente se acreditava, 
no momento da celebração do acordo, e que, portanto, tratamento 
ainda mais bené�co deve ser admitido para o colaborador. 
O § 3º leva em conta a possibilidade de o resultado da colabora-
ção não ser imediato. Eventualmente, pode ser demorado o interregno 
entre a colaboração e a fruição no procedimento das informações re-
colhidas. Por outro lado, o prazo processual penal para o oferecimento 
da denúncia tem limitação temporal. Esta alteração possibilita que a 
colaboração continue sendo prestada, sem que o Ministério Público 
�que obrigado ao cumprimento do prazo de quinze dias (réu solto) 
previsto no Código de Processo Penal. Evita-se, assim, uma denúncia 
precipitada, sem todos os elementos de convicção, preocupação exter-
nada perante a Comissão pelo Presidente do STF, Ministro Gilmar 
Mendes. Quanto ao prazo de denúncia em caso de réu preso (cinco 
dias, pelo CPP), se essa prisão se dever apenas ao inquérito no qual 
está ocorrendo a colaboração, esse prazo não se aplica, ou seja, a prisão 
não seria mantida por seis meses sem oferecimento da denúncia (res-
salvado o caso de o réu estar preso por outro motivo). 
Trata o § 4º da hipótese de um acordo de imunidade seme-
lhante ao acordo de leniência previsto nos arts. 35-B e 35-C da Lei 
nº 8.884, de 1994. A propositura da ação penal �ca sobrestada 
pelo prazo da colaboração. Se a colaboração for realmente efetiva, 
superior àquelas que dariam margem à simples redução de pena, 
não sendo o colaborador o líder da organização criminosa, e sendo 
ele o primeiro a prestar colaboração, o benefício concedido poderá 
consistir em não ser denunciado. Esse acordo de sobrestamento esteve 
previsto nos arts. 32, §2º e 37, IV, da Lei nº 10.409, de 2002, sendo 
bom salientar que este instituto é derivado do princípio da oportuni-
dade da ação penal, típico do sistema acusatório instituído pelo art. 
129, I da Constituição Federal. 
41 12.850/13 - A LEI QUE MUDOU O BRASIL
O § 5º introduz regra de exceção pertinente à exigência, como 
norma geral, de primariedade para o �m de concessão de benefício 
de redução de pena ou progressão de regime. É que o requisito pode 
restringir muito a aplicação do instrumento da colaboração porque, 
não raro, o colaborador já tem passagens na justiça criminal e é rein-
cidente. É preciso ter claro que a colaboração não visa apenas bene�-
ciar o réu, em relação ao delito que praticou. Seu objetivo principal é 
otimizar a justiça criminal como um todo, na medida em que permite 
a apuração e a prova de outros crimes graves, o desbaratamento da 
criminalidade sistêmica, o estancamento da contumácia, bem como a 
recuperação de bens e valores, o que pode só poderá acontecer se a cola-
boração não �car limitada ao processo e ao delito que o réu cometeu. 
Note-se que a regra do § 5º não se confunde com a do § 2º: nessa – o 
§ 2º -- há colaboração desde o início, enquanto que o § 5º prevê be-
nefício para colaboração prestada após a sentença ter sido prolatada. 
Tendo em vista a adoção do sistema acusatório pelo Brasil, o juiz 
não deve intervir na negociação entre as partes, a não ser para garantir 
os direitos fundamentais do réu. É o que procuro deixar explícito no 
§ 6º do art. 4º. Não obstante, os §§ 7º e 8º destacam o poder judicial 
de supervisão das tratativas para veri�cação de ocorrência de vício de 
vontade, de forma, ilegalidade ou lesão a direito fundamental do réu. 
Quanto ao § 9º, embora reconheça o seu potencial de suscitar po-
lêmicas, creio que deva ser adicionado. Este parágrafo visa explicitar 
a possibilidade de retratação do acordo de colaboração, com a salva-
guarda do direito fundamental à não-autoincriminação. 
Como mencionei, o acordo é inicialmente submetido ao controle 
dos §§7º e 8º. Posteriormente, e é disso que trata o § 10, o juiz avalia-
rá a efetividade e a e�cácia da colaboração, de forma a analisar se os 
termos do acordo foram cumpridos pelo colaborador, passando a fazer 
jus aos benefícios acordados. 
Se o colaborador for excluído do processo por perdão judicial ou 
acordo de sobrestamento, ainda assim poderá ser ouvido como testemu-
nha, isto é, com a obrigação de dizer a verdade (cf. art. 203 e seguintes 
do Decreto-Lei nº 3.689, de 1941 – Código de Processo Penal), sem 
que se subtraia ao juízo a prerrogativa de avaliar a credibilidade do 
depoimento, em razão de estar a testemunha envolvida no delito. 
COMBATE ÀS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS 42
Os §§ 12, 14, 15 e 16 visam a assegurar a observância do art. 5º, 
inciso LV, da Constituição Federal, que garante aos acusados em geral 
o exercício do contraditório e a ampla defesa. Cumpre-se, igualmente, 
o disposto no art. 133 da Constituição Federal, que diz que o advo-
gado é indispensável à administração da Justiça. Particularmente, no 
que tange ao § 16, vale registrar que a sua previsão elimina qualquer 
discussão em torno da revelação de nome de colaborador, facilitan-
do-se sobremaneira o propósito de auxílio à prestação jurisdicional. 
Evidentemente, quando colaborador concordar, sua identidade po-
derá ser revelada, não subsistindo a necessidade de previsão expressa 
na lei. Por essas razões suprimo o art. 19 do texto consolidado. Con-
sequentemente, se torna dispensável o art. 20, pois o sistema adotado 
no processo penal é do livre convencimento motivado e é tranquilo o 
entendimento da jurisprudência no sentido de que a “chamada de 
corréu” não é, por si só, prova su�ciente para condenação. 
Ainda no art. 4º, com o § 13, busca-se dar maior segurança jurí-
dica ao ato, tanto para os intervenientes – os agentes públicos – quanto 
para o colaborador. Além disso, facilita-se a recuperação da prova em 
juízo e o exercício da defesa. 
As relevantes contribuições do Procurador-Geral da República, 
Antônio Fernando de Souza, permitiram-me apresentar, nos arts. 4º 
a 8º, um procedimento bastante minudente sobre a colaboração pre-
miada, levando, contudo, em consideração, exigências do princípio 
da publicidade e do amplo direito de defesa, a partir de decisões do 
Supremo Tribunal Federal. 
No art. 5º, as alterações são singelas. No inciso II acrescento a 
expressão “ imagem” ao elenco das informações pessoais que devem ser 
preservadas; nos incisos III e VI faço ajustes redacionais por necessida-
de de atualização ortográ�ca. 
A modi�cação que é feita no caput do art. 9º, embora simples (in-
clusão da expressão “ou administrativa”), é de amplo efeito. A inclusão 
tem por objetivo facultar à autoridade administrativa, em especial à 
Receita Federal e aos Fiscos Estaduais, retardar os procedimentos de 
�scalização de forma a garantir maior efetividade à investigação. 
Justi�ca-se a nova redação dada ao § 1º do art. 9º. A ação con-

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