Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APOSTILA CND - Curso Normal à Distância (21) 3347-3030 / 2446-0502 Apostila de Didática de Ciências Apostila de Didática de Ciências 2 SUMÁRIO Introdução 03 1- A importância de ensinar Ciências 05 2-Mudanças no Ensino de Ciências no Brasil . 2-1 Como está a Educação Científica no Brasil? 9 11 3-O que ensinar e como ensinar Ciências na Escola? 15 4- Conteúdos curriculares no ensino de Ciências 4-1Caracterização dos seres vivos 4-1-1Como surgiu a vida na Terra 24 25 31 5-Como entender a diversidade das adaptações dos seres vivos? 5-1 As adaptações morfológicas 5-2 As adaptações fisiológicas 5-3 Classificação dos seres vivos 5-4 Nomeando os seres vivos 5-4-1Os seres unicelulares e as características da célula 5-4-2 Os fungos 36 36 39 40 44 47 48 6- Conhecendo melhor o reino animal 6-1 O que os vertebrados têm em comum e em que diferem? 6-2 Os animais invertebrados 51 54 59 7- A riqueza do reino vegetal 68 8- O dinâmico equilíbrio da vida 8-1- Como os seres vivos se relacionam entre si e com o ambiente 8-2 Os ecossistemas 74 74 79 9 - Para ajudar a vencer o medo da Física e da Química 9-1 - As transformações físicas e químicas no cotidiano 9-2 - Forças que atuam sobre a matéria 9-3 - Pressão, densidade e flutuação dos corpos 9-4- As transformações da matéria e da energia e suas aplicações tecnológicas 9-5 - Os fenômenos físicos e químicos na natureza 9-6- Os estados de agregação da matéria 9-7- Apresentando o átomo 9-8- As reações químicas 9-9- A Química na alimentação e na saúde 9-9-1 A química e a alimentação saudável 9-9-2 A química, os medicamentos e a saúde 87 87 93 96 100 103 107 110 114 117 119 122 Referências Bibliográficas e Bibliografia 127 3 INTRODUÇÃO Caro aluno, cara aluna. Que bom estarmos juntos! Este material vai acompanhá-lo em mais uma etapa de sua trajetória de formação. Neste módulo vamos tratar de temas relacionados ao ensino de Ciências desde a Educação Infantil até os anos iniciais do Ensino Fundamental. É inegável a fascinação que os seres vivos exercem sobre crianças e também sobre os adultos. A curiosidade e a afeição que os animais despertam fazem com que esta temática desperte o interesse dos alunos em qualquer nível de escolaridade. Mas não são apenas os animais que atraem a atenção dos estudantes. Todos querem entender a chuva, os ventos, os terremotos e tantos outros fenômenos naturais que impactam a vida humana e por isso mesmo estão sempre presente nas conversas cotidianas, nos telejornais, no cinema e nos diversos meios de comunicação de que dispomos hoje. E quem não quer saber como se processam as imagens na TV? Como se produz a eletricidade? Por que um determinado produto químico é capaz de tirar manchas com eficiência? Esses são apenas alguns exemplos dos inúmeros questionamentos que diariamente chegam às salas de aula em função das experiências concretas vivenciadas pelas crianças nas mais diversas situações de aprendizagem formal e informal, que se processam dentro da escola e também fora dela. 4 A revolução digital tornou as informações e o volume crescente de conhecimentos cada vez mais acessíveis ao público em geral. Mesmo assim, não podemos assegurar que a um volume maior de informações científicas corresponda um maior conhecimento por parte da população. Para entendermos melhor esta diferença, precisamos compreender um pouco mais as raízes históricas que fazem com que o avanço do ensino de Ciências no Brasil ainda hoje seja considerado um grande desafio. Por mais que tenhamos internalizado o discurso pedagógico atual, que enfatiza o papel social da Ciência e justifica o ensino das noções científicas desde os primeiros anos da Educação Básica, temos que admitir que os conceitos científicos têm sido apenas superficialmente abordados, especialmente nos anos iniciais, justamente quando deveríamos explorar ao máximo a curiosidade, o interesse e o potencial criativo das crianças. Assim poderiam, desde cedo, desenvolver habilidades como a capacidade de observação, questionamento, levantamento de hipóteses e argumentação crítica, fundamentais não apenas no contexto escolar, mas, sobretudo, na vida em sociedade. Para favorecer o estudo nosso material de Didática das Ciências será dividido entre dois módulos. A princípio abordaremos capítulos ligados ao processo didático em Ciências refletindo sobre a importância de ensinar Ciências, as mudanças ocorridas no Brasil no ensino de Ciências e a necessidade de melhoras e aprimoramento na formação de professores e no trabalho com o aluno. Buscamos também abordar temas sobre o quê e como ensinar. Os quatro últimos capítulos abrangem os conteúdos curriculares no ensino de Ciências de forma a instrumentalizá-lo, através de um 5 aprofundamento no conteúdo, a realizar a transposição didática e a mediação pedagógica essenciais a nossa profissão. Vamos à ação? 1 .A IMPORTÂNCIA DE ENSINAR CIÊNCIAS A ciência é uma construção humana coletiva da qual participam a imaginação, a intuição e a emoção. Já estudamos no material de outros componentes curriculares do nosso curso , que não há "conhecimento neutro", ou seja o que ensinamos está marcado pelo contexto em que é elaborado Isso significa então que : não existem a neutralidade e a objetividade absolutas: fazer ciência exige escolhas e responsabilidades humanas”. (VALLE, 2004, p. 7, citado por CORREIA). A influência da ciência e da tecnologia em nossas vidas e a rapidez com que surgem as inovações nesses campos, vem despertando um intenso debate acerca do ensino de Ciências, justificando ainda mais a inserção das noções científicas nos currículos escolares, desde os primeiros anos de escolarização. A educação escolar possui um papel insubstituível como provedora de conhecimentos básicos e habilidades cognitivas e operativas necessárias para a participação na vida social e no que significa o acesso à Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar a importância da educação escolar para a formação de futuros cientistas e cidadãos críticos e atuantes na própria comunidade Identificar os conhecimentos das Ciências como facilitadores da articulação de saberes Refletir sobre a construção do conhecimento, já que a comunidade científica sofre a influência do contexto social, histórico e econômico em que está inserida, entendendo esse conhecimentocomo não neutro. Avaliar a questão da não neutralidade do conhecimento http://www.meuartigo.brasilescola.com/educacao/por-que-ensinar-ciencias-na-escola-fundamental.htm 6 cultura, ao trabalho, ao progresso e à cidadania. (LIBÂNEO, citado por WEISSMANN, 1984, p. 16). De acordo com Fumagalli (1998), três argumentos reforçam a necessidade do ensino de Ciências para as crianças: a) o direito das crianças de aprender Ciências; b) o dever social da escola fundamental, como sistema escolar, de distribuir conhecimentos científicos à população; c) o valor social do conhecimento científico. O imaginário social julga que os conhecimentos científicos são difíceis e que os conceitos científicos não estão acessíveis a todos os cidadãos. Eles seriam inerentes ao ofício do cientista. Como tentar desmistificar essa imagem? É necessário, desde os primeiros anos de escolarização, discutir com as crianças o valor do acesso aos conhecimentos científicos e a importância da luta pela democratização desse acesso. O que fazer para diminuir o distanciamento entre os sujeitos que produzem o conhecimento cientificamente aceito e validado pela comunidade acadêmica e aqueles que o aplicam ou transmitem no contexto social? Figuras do Clipart A produção científica não é fruto apenas do empenho particular de cada pesquisador. É um processo dinâmico no qual interagem diversos fatores. O interesse do pesquisador não “brota” aleatoriamente. Esse 7 interesse surge em decorrência de sua formação, experiência profissional e história de vida. A conjunção destes fatores torna o seu olhar mais sensível a determinadas demandas da sociedade. O pesquisador começa então a questionar-se a respeito do fenômeno observado e dessa “inquietação” surge um problema de pesquisa, que irá motivá-lo a buscar interlocutores envolvidos com a mesma temática, levantar e analisar dados, formular hipóteses, discutir resultados e, por fim, sistematizar e socializar suas conclusões. Parada para pensar sobre o fazer do cientista O interesse do pesquisador não “brota” aleatoriamente. Esse interesse surge em decorrência de sua formação, experiência profissional e história de vida. Você vê aí alguma conexão com a passagem dos alunos pela escola? Que responsabilidade podemos , nós da escola, ter com o fato? É preciso destacar o mérito dos que se dedicam à produção científica e acadêmica, que é resultante de um árduo trabalho feito a muitas mãos e que exige muita dedicação ao estudo, aprimoramento técnico e rigor teórico-metodológico. Porém é necessário, que na escola, mudemos a postura e comecemos considerar a pergunta: quem faz a ciência que ensinamos na escola? Quando o professor não se reconhece sujeito ativo desse processo, mas apenas transmissor de conhecimentos, tem muita dificuldade para 8 estimular em seus alunos a autonomia e a capacidade de observar, questionar, inferir e criar possíveis soluções para os problemas com os quais se defronta dentro e fora do ambiente escolar. O ensino de Ciências pode ajudar consideravelmente no processo de articulação dos saberes provenientes das mais diversas fontes. Os alunos deverão, portanto, ser estimulados a explorar as informações presentes no seu cotidiano ou divulgadas pelos meios de comunicação, analisando-as de forma crítica e reflexiva. A escola está inserida num mundo em constante transformação, onde alunos e professores não estão alheios às tensões ocasionadas pelas mudanças ocorridas e será na escola que juntos, professores e alunos, poderão oportunizar a reflexão crítica e consciente diante das diferentes e inúmeras situações que o cotidiano poderá oferecer ao ensino de Ciências no ambiente escolar. Se essa é a visão que queremos para o fazer Ciência na escola cabe questionar sobre as mudanças já ocorridas e também sobre as que ainda se fazem necessárias . Esse é o foco do próximo capítulo. 9 2 .AS MUDANÇAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS NO BRASIL Para compreendermos o quanto o nosso modo de ensinar Ciências está atrelado ao contexto social e político de um dado momento histórico, vale a pena direcionar o olhar para a história recente. Nas primeiras décadas do século XX o ensino de Ciências era organizado nos moldes de um currículo tradicional e clássico, como um rol de conceitos e definições a serem transmitidas aos alunos pelo professor, com eficiência e planejamento rígido. A partir dos anos 50, passou a predominar a ideia de transmissão de conteúdos sob a forma de atividades, onde os alunos deveriam apreender o conhecimento científico para tornarem-se indivíduos com uma certa autonomia intelectual. Na década seguinte, adota-se o método científico como metodologia do ensino de Ciências, suscitando a organização dos conteúdos de forma muito compartimentada. Durante o regime militar e autoritário dos anos 60 implanta-se uma rede de Centros de Treinamento de Ensino de Ciências no Brasil, visando implementar diversos projetos educacionais que tinham como meta o desenvolvimento do país por meio da Educação científica. (CHASSOT, 2000). Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Refletir sobre aspectos da trajetória do Ensino de Ciências no Brasil. Dimensionar a importância de professores e alunos se sentirem produtores de conhecimentos de Ciências. Identificar a avaliação da proficiência dos alunos em Ciências. Conceituar e identificar a CTS como o vínculo entre a ciência, a tecnologia e sociedade. 10 A tendência tecnicista ganhou força na década de 70 e o ensino de Ciências Naturais passa a ter uma dimensão conteudista, que distanciava o currículo escolar do meio social, histórico, cultural e ambiental dos alunos. (BIZZO, 2002). A crise ambiental e energética dos anos 70 influenciou a incorporação da temática ambiental aos currículos escolares, como consequência das pressões exercidas por diversos segmentos da sociedade civil. Entretanto, a complexidade das questões ambientais aparece diluída diante de uma evidente supervalorização dos conceitos científicos, ainda que descontextualizados das vivências sociais. A partir dos anos 80, o discurso neoliberal estimulava a ênfase na industrialização, no desenvolvimento tecnológico e na formação para os novos mercados num mundo globalizado. Essa ênfase torna-se perceptível no ensino de Ciências e também na formação de professores. A tônica dos discursos oficiais passou a ser a formação de professores capazes de preparar profissionais autônomos e proativos, dotados das competências e habilidades requeridas por um mercado de trabalho cada vez mais exigente e competitivo. Atualmente, as discussões acerca do ensino de Ciências e da formação de professores nos impulsionam a buscar abordagens didáticas que integrem o ensino de Ciências à realidade de um mundo conectado em grandes redes de comunicação, que dispõe de um volume de informações sem precedentes e que, no entanto, ainda não conseguiu encontrar soluções para a exclusão social, digital e tecnológica de milhões de homens, mulheres e crianças, sem falar nos milhões que ainda estão abaixo da linha de pobreza, privados dos direitos mais essenciais à dignidade humana. 11 O desenvolvimento da ciência e da tecnologia, antes considerado um bem inegável a todos os cidadãos, revelou sua face destrutiva na medida em que o uso abusivo dos aparatos tecnológicos, quando colocados a serviço de interesses escusos, passaram a causar trágicas consequências ambientais e sociais, especialmente para uma significativa parcela da população que sequer tem assegurado o direito de desfrutar dos benefícios proporcionados pelo desenvolvimento científicoe tecnológico, seja na área da saúde, educação, moradia ou lazer. 2-1 Como está a Educação Científica no Brasil? Apesar da reconhecida importância da Educação científica, são raras as pesquisas que apontam dados abrangentes sobre os níveis de proficiência em Ciências entre estudantes da Educação Básica no Brasil. A maioria dos indicadores educacionais se baseia no desempenho dos estudantes em leitura e matemática. Dentre as avaliações que focalizaram a área de Ciências, destaca-se o PISA - Programa Internacional de Avaliação de Alunos, que constitui um importante parâmetro de avaliação. O PISA é uma pesquisa trienal, por meio da qual se busca avaliar os conhecimentos dos estudantes na faixa dos 15 anos de idade. É realizada nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e em países convidados. As questões do PISA se o estudante é capaz de: a) aplicar o conhecimento científico para identificar questões, adquirir novo conhecimento, explicar fenômenos e tirar conclusões baseadas em evidências sobre questões relacionadas a Ciências; b) compreender a ciência como uma forma de conhecimento humano e meio de investigação da realidade; c) demonstrar consciência de como a Ciência e a Tecnologia moldam nosso ambiente material, intelectual e cultural; d) 12 demonstrar engajamento em questões relacionadas à Ciência como um cidadão crítico e responsável. Para tanto, o teste avaliou a capacidade de realizar tarefas relacionadas a Ciências em uma série de situações que afetam a vida dos estudantes, seja em termos pessoais, seja na sua convivência social. A EVOLUÇÃO DO BRASIL NO PISA (pontuação e posição no ranking mundial) Brasil Pisa 2000 Pisa 2003 Pisa 2006 Pisa 2009 Pisa 2012 Matemática 334 356 370 386 (57ª) 391 (58ª) Leitura 396 403 393 412 (53ª) 410 (55ª) Ciências 375 390 390 405 (53ª) 405 (59ª) Média geral 368 383 384 401 402 Fonte: OCDE e Inep/MEC Os Indicadores educacionais nos dão a clara dimensão do quanto precisamos caminhar para alcançar patamares satisfatórios de Educação científica no Brasil. O histórico a respeito do ensino de Ciências no Brasil não estaria completo sem abordarmos o movimento CTS. Desde os anos 80, vem ganhando vulto o chamado “movimento CTS”, considerado uma tendência pedagógica progressista, que enfatiza a relação crítica entre Ciência, Tecnologia e Sociedade, que deve pautar a Educação científica. Intensifica-se a busca por metodologias alternativas que possibilitem contribuir para o enfrentamento das dificuldades percebidas, quer na avaliação externa, quanto na avaliação interna.relativa às Ciências. 13 Nesta visão, o conhecimento científico tem um papel social explícito e precisa estar intimamente relacionado com uma concepção de Educação libertadora e emancipatória. Os modelos de ensino baseados no movimento CTS evocam possíveis abordagens metodológicas, que se fundamentam na ideia de que a Educação científica e tecnológica é desenvolvida em resposta a uma demanda social, não devendo, portanto, estar desvinculada do contexto que motivou a produção do conhecimento (TEIXEIRA, 2003). Teixeira (2003) assinala que a ênfase na prática social é um ponto de convergência entre o movimento CTS e a Pedagogia Histórico Crítica, sobre a qual já estudamos ao trabalharmos as tendências pedagógicas em Didática. Segundo o autor, é na prática social que o professor encontrará os grandes temas para o exercício do magistério, identificando, analisando e sugerindo soluções para os principais problemas postos pela sociedade. É a inserção da prática social que possibilitaria a conversão dos conteúdos formais, fixos e abstratos em conteúdos reais, dinâmicos e concretos, permitindo que a escola transforme-se cada vez mais num espaço democrático de discussão e análise de temáticas associadas a questões e problemas da realidade social (p. 180). Dessa maneira fica ressaltada a importância renovação da formação de professores. A nova perspectiva de formação aponta a necessidade de superação de um modelo arcaico de transmissão-recepção de informações desconexas que limitam a atuação do profissional numa perspectiva da Educação científica. O foco deve ser a busca um trabalho científico voltado ao atendimento dos anseios da sociedade. 14 Concluímos o capítulo destacando a necessária mudança na formação de professores e na forma como se encara e pratica a ciência na escola. Isso significa dizer que os professores e alunos precisam se considerar como produtores de conhecimento, e não mais receptores passivos dos conhecimentos já produzidos. Terão, desse modo, a oportunidade de superar uma postura de meros e ingênuos receptores de informações, tornando-se cidadãos capazes de apropriar-se do conhecimento científico e aplicá-lo na transformação de sua realidade social. São palavras ou expressões abordadas neste capítulo: O próximo capítulo abarca conhecimentos sobre as formas de melhor ensinar Ciências aos alunos. 15 3 .O QUE ENSINAR E COMO ENSINAR CIÊNCIAS NA ESCOLA? Agora que entendemos que o conhecimento científico é uma construção humana, histórica e socialmente contextualizada e que pode ter um papel transformador e emancipador na vida social dos sujeitos que o produzem, apresenta-se uma responsabilidade maior para nós na escola. Assim. cabe-nos discutir como se dá a seleção dos conteúdos curriculares, que tem como referência os conhecimentos científicos, validados e legitimados pela comunidade acadêmica e que na escola são ressignificados e revestidos de uma nova roupagem. A escola é apenas um dos espaços em que linguagens e explicações são construídas. O aluno, sujeito de sua aprendizagem, traz consigo um referencial próprio de seu grupo social, com linguagem, conceitos e explicações próprias. A escola precisa propiciar aos professores meios e recursos para refletir, contextualizar, dinamizar e possibilitar a aprendizagem, promovendo uma articulação entre os saberes de casa, da rua e do grupo social com os do ambiente escolar. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, o ensino deve pressupor a participação ativa das crianças, que são, por natureza, curiosas e criativas. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Conceituar os métodos transmissivo receptivo,de mudança conceitual e de CTS na transmissão dos conteúdos da disciplina de Ciências. Reconhecer a importância dos conhecimentos prévios dos alunos Avaliar a importância da realização da transposição didática e o valor da mediação pedagógica 16 Os conhecimentos já experimentados pela criança As crianças gostam de brincar com a terra, tomar banho de mar, de rio, de chuva. Plantam sementes, brincam com animais, sentem-se atraídas por fenômenos químicos que parecem magia. Experimentam “na pele” os efeitos dos fenômenos físicos, observam o céu, o sol, a lua, as estrelas, o movimento das nuvens, das sombras. Notam as características físicas dos materiais, sentem o calor, observam o brilho dos metais, percebem os sons, os sabores, os odores das diversas substâncias. Sentem o movimento dos corpos, especialmente quando são os seus próprios corpos que se movimentam em constante e alegre correria. Como ignorar tantos conhecimentos produzidos empiricamente, na observação cotidiana dos fenômenos naturais? É natural que mesmo os professores tenham curiosidades acerca desses temas. Não é por acaso que as grandes redes de televisão investem na produção de programas de conteúdo científico, atraindo uma audiência cada vez maior de adultos e crianças. Em sua prática pedagógica, é comum que os professores se defrontem com perguntas do tipo: “como surgiramos seres vivos? O que caracteriza um ser vivo? Como se classificam? Que tipos de relações os seres vivos estabelecem entre si e com o ambiente? O que é um ecossistema?” 17 Essas são algumas das questões que serão trabalhadas durante do estudo deste material. Outra inquietação que nos acompanha se refere a : Como vamos ensinar Ciências? Qual o melhor método para se ensinar Ciências no Ensino Fundamental? Sem dúvida, podemos afirmar que o melhor caminho é aquele que surge das necessidades de nossos alunos e das nossas próprias inquietações, como professores comprometidos com a busca por melhorias na qualidade do ensino e da aprendizagem que mediamos. Portanto, há muitas respostas para esta pergunta. Há, no entanto, alguns princípios básicos que merecem nossa atenção. As pesquisas na área de ensino de Ciências têm revelado algumas tendências predominantes em relação ao que temos chamado “modelos de ensino”. Apresentaremos a você alguns modos de ensinar Ciências que podem se observados na escola Modelo Transmissivo receptivo Modelo de Mudança conceitual Modelo baseado em CTS Certamente você já teve contato com eles, quer como aluno, quer em estágios de observação que você fez. O mais comum, e que por isso mesmo dispensa maiores explicações e comentários, seria o modelo transmissivo-receptivo, no qual o professor é o agente do processo de transmissão das informações contidas nos livros, exigindo dos alunos a “devolução” das mesmas informações transcritas nas avaliações. Um outro modelo de ensino de Ciências, que ganhou repercussão a partir dos anos 70 ficou conhecido entre nós como “mudança conceitual". 18 Muitos pesquisadores se dedicaram a buscar meios para apreender as explicações intuitivas que as crianças apresentavam para os fenômenos observados. Procuraram entender, por exemplo, como explicavam a passagem da noite para o dia, o movimento aparente do sol e da lua, a digestão dos alimentos. Apesar de terem sido realizadas em diferentes partes do mundo, as pesquisas mostraram o mesmo padrão de ideias em relação a cada conceito investigado. Ou seja, parece que as crianças constroem em suas experiências cotidianas determinadas concepções que perduram durante o processo de escolarização, tornando-se, muitas vezes, verdadeiros obstáculos à aquisição de novos conhecimentos. Para exemplificar, pense num conceito científico básico, como é o caso do conceito de nutrição. É possível que tenha vindo à sua mente pensamentos relacionados à alimentação, comida, dieta..Enfim, o conceito de nutrição estaria relacionado à ingestão de alimentos para a satisfação das necessidades metabólicas do organismo. De acordo com o modelo de mudança conceitual, o primeiro passo é proporcionar meios para que o aluno expresse essa concepção. A partir deste momento, o professor, passaria a propor situações-problema para as quais a concepção prévia defendida pelo aluno se mostrasse insuficiente. Seria o caso, por exemplo, de se propor uma situação que envolvesse a nutrição vegetal. No exemplo sobre a nutrição vegetal, a concepção prévia do aluno não é suficiente para explicar a nutrição autotrófica, onde não ocorre a ingestão, mas sim a síntese de alimento pela transformação de energia luminosa em energia química, num processo denominado fotossíntese. Quando a concepção prévia do aluno não é suficiente para solucionar o problema proposto, gera-se um conflito conceitual. Novos questionamentos e experimentos são propostos até que o aluno tome 19 consciência da insuficiência do seu modelo explicativo, assimilando a ideia nova, que foi construída nesse processo mediado pelo professor. Nesse caso, diríamos que houve uma “mudança conceitual”. Nesse modelo de ensino o professor seguiria os passos visando a mudança: Descoberta do conceito já internalizado anteriormente - Lançamento de proposta desafiante- Criação do conflito conceitual - e por fim o aluno chegaria a Mudança conceitual. Embora seja um modelo muito interessante, a aplicação dessas estratégias metodológicas em sala de aula tem resultado em algumas críticas. Se gasta muito tempo com poucos conceitos, e muitas vezes esse processo não resulta na construção de conceitos científicos, mas na reafirmação do pensamento de senso-comum. A prática de sala de aula contribui para o aumento da consciência do estudante sobre suas concepções mas não consegue dar o salto esperado em direção aos conceitos científicos. Além disso, nem sempre é possível a proposição de experimentos que gerem o desejado conflito conceitual, a partir do qual se daria a esperada mudança. E ainda que isso ocorresse com frequência, ainda seria esperado que muitos estudantes assimilassem a ideia nova para aplicá-la apenas no contexto escolar, conservando arraigada em seu íntimo a concepção prévia que esse modelo pedagógico se propunha a superar. Além da mudança conceitual, convém examinar um outro enfoque educacional aplicável ao ensino de Ciências, que é inspirado no chamado “movimento CTS”, cujo objetivo é colocar o ensino de Ciências numa perspectiva diferenciada, contemplando os fenômenos da vida cotidiana e 20 trazendo para a sala de aula os aspectos sociais e históricos dos problemas vivenciados pela humanidade. Teixeira (2003) propõe uma sequencia didática inspirada na concepção CTS, que compreende as seguintes etapas: a) introdução de uma questão de interesse social para reflexão e debate; b) exposição e discussão de recursos tecnológicos disponíveis na sociedade, que estejam relacionados com o problema apresentado inicialmente; c) a “tecnologia” é discutida, enfatizando-se os conhecimentos científicos a ela referentes; d) a discussão é então sistematizada, estabelecendo-se uma relação direta com os conteúdos curriculares; e) por fim, a questão inicial é retomada, considerando-se as implicações sociais, econômicas, políticas e culturais nela envolvidas. Vamos exemplificar com uma aula de Ciências, cujo tema seja a questão do lixo, seguindo-se o modelo proposto por TEIXEIRA (2003). A aula poderia ser iniciada com a leitura e discussão de uma matéria que tratasse, por exemplo, do trabalho dos catadores de lixo nas grandes cidades. A partir daí seriam identificados alguns dos recursos tecnológicos disponíveis atualmente, que possibilitam a reciclagem dos resíduos sólidos, com grandes vantagens para o meio ambiente. Em seguida, discutem-se conceitos científicos relacionados ao tema, que poderiam ser, por exemplo, noções de Ecologia. A discussão é sistematizada de modo a estabelecer uma relação clara entre o problema discutido e os conteúdos curriculares a ele relacionados. Por fim, a reportagem seria retomada, desta vez com uma visão muito mais abrangente e crítica da realidade social, proporcionada pelos estudos dos conceitos científicos. 21 Você já ouviu falar em CTSA? No processo de transposição do campo de pesquisa CTS para o ensino de ciências, a sigla ganhou mais uma letra, o “A” de CTSA, em alusão ao ambiente. De acordo com Tomazello (2009) embora a dimensão ambiental fosse um dos tópicos essenciais no campo CTS a explicitação do “A” na sigla identifica, a importância crescente que a dimensão socioambiental vem conquistando no sistema de ensino por meio da Educação Ambiental.Ao mesmo tempo mostra um desafio que é integrar o ambiente com o enfoque CTS. 1 Fizemos uma breve apresentação desses modelos de ensino de Ciências, o primeiro mais tradicional (transmissivo receptivo) e os outros, mudança conceitual e CTS(A), já sintonizados com as tendências mais modernas de ensinar. Essa breve exposição já dá uma pequena dimensão da pluralidade de vertentes teóricas que embasam as práticas pedagógicasno ensino de Ciências. Por outro lado, ela também nos permite reconhecer que aprender Ciências envolve uma nova maneira de pensar e explicar o mundo natural Aprender Ciências envolve um processo de socialização das práticas da comunidade científica e de suas formas particulares de pensar e de ver o mundo, em última análise, um processo de "enculturação". Como fazer essa enculturação? A escola precisa incorporar as representações simbólicas próprias da cultura científica. 1 http://cac-php.unioeste.br/eventos/ctsa/gts/04.pdf 22 Estamos falando, portanto, não de um “método de ensino”, mas de uma postura pedagógica, que norteará as práticas docentes no sentido de oportunizar um ensino investigativo. Isso exige um processo adequado de transposição didática. A transposição didática envolve a reelaboração e ressignificação do conhecimento científico no contexto escolar de ensino, embora o conhecimento escolar tome como referência o conhecimento científico. A preocupação principal é, portanto, a de encontrar um método de trabalho através do qual as crianças possam apropriar-se dos conceitos, procedimentos e atitudes de uma forma instigante e prazerosa, que assegure uma aprendizagem efetivamente significativa. E então caro aluno, cara aluna do IECS, está se sentindo desafiado a saber mais ? Com relação à aprendizagem de conceitos científicos, quatro pressupostos relevantes devem ser considerados na formulação de estratégias de ensino: 1-A importância dos conhecimentos prévios dos alunos Os conhecimentos que os alunos trazem para a escola são frutos de suas experiências cotidianas e de informações obtidas das mais variadas fontes, não devendo jamais ser desconsiderados no processo de ensino. 2-O lugar atribuído ao conflito na construção de novos conceitos A exploração dos conhecimentos prévios das crianças não é útil apenas para que os professores saibam o que as crianças pensam para poderem imediatamente corrigi-las. Quando o professor permite que a criança exponha as suas ideias, pode identificar possíveis contradições e explorá-las, levando o aluno a confrontar sua ideia com o conceito científico, até que se aproprie do modelo explicativo cientificamente aceito. 23 3-O papel fundamental da ação no processo de aprendizagem A criança aprende enquanto brinca, manuseia, observa, experimenta. Portanto, a ação é fundamental no processo de aprendizagem dos conceitos científicos e deve sempre ser estimulada nas aulas de Ciências. A abordagem desses conceitos terá sempre como meta o envolvimento do aluno. As atividades devem lhes dar oportunidades para exporem suas ideias e criarem soluções criativas para problemas concretos. 4- A importância da mediação pedagógica para a construção de novos conhecimentos. A preparação de aulas atraentes que encorajem os alunos a explicitarem suas ideias e a agirem sobre os objetos é fundamental para a aprendizagem de conceitos científicos. Contudo, os alunos dificilmente conseguirão sozinhos sistematizar os conceitos construídos. Eles necessitarão da mediação do professor, que deverá transmitir-lhes as informações e conteúdos conceituais necessários à compreensão dos fenômenos e à construção de novos conhecimentos. Nesse capítulo envolvemos assuntos relativos ao que ensinar e como ensinar Ciências , levantamos aspectos relativos à formação de professores e o papel na mediação pedagógica e na transposição didática. Ocorre que para fazer bem essas tarefas o professor precisa ter alguns conhecimentos científicos e capacidade de aprender sempre mais para identificar aspectos essenciais a serem discutidos e construídos com os alunos. Dessa forma os capítulos que seguem buscam apresentar os saberes já consagrados no estudo de Ciências e despertar em você, aluno ou aluna do IECS, o desejo de conhecer mais. 24 4 CONTEÚDOS CURRICULARES NO ENSINO DE CIÊNCIAS Você já observou que aquilo que é ensinado no Ensino Fundamental em Ciências abrange um grupo de disciplinas, cada qual com seu corpo teórico de referência? Há na matriz curricular aspectos da Biologia ( a maior quantidade) e também aspectos das disciplinas de Física e Química. Neste capítulo e nos que se seguirão procuraremos, ao lado das noções científicas dessas disciplinas, exemplificar como poderemos atuar de forma a conseguir realizar a transposição didática desses conceitos mais complexos, até para os pequenos na Educação Infantil. REFLETIR SOBRE Optamos por apresentar uma abordagem simples dos principais conceitos, destacando a importância do estudo dos seres vivos, as teorias vigentes sobre a origem dos seres vivos, a classificação biológica e as principais categorias taxionômicas. Procuramos ainda fazer uma abordagem ampla de diversos conceitos ligados ao campo da Ecologia, que poderão embasar futuras reflexões sobre a temática ambiental. Por fim, introduzimos uma exposição bem simplificada de conceitos físicos e químicos, muito presentes nas situações cotidianas. Com isso esperamos ainda contribuir para a superação de uma resistência comumente observada entre os professores no que tange à Física e à Química, consideradas disciplinas difíceis e, por isso, desinteressantes. Trata-se, portanto, de uma atividade de leitura, através da qual esperamos motivá-lo Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Reconhecer a importância e a abrangência das Ciências que tem conteúdos de Biologia, Física e Química. Identificar as características gerais dos seres vivos. Refletir sobre as teorias a respeito do início da vida na Terra. 25 a “ler” os fenômenos físicos e químicos do dia-a-dia, reconhecendo a importância da decodificação da linguagem científica, muitas vezes vista como o principal obstáculo para a aprendizagem dos conceitos. Começaremos com aspectos da disciplina de Biologia, uma vez que, pelo que se observa nos currículos escolares há, de forma geral, a predominância dos temas de estudo ligados à Biologia. 4-1 Caracterização dos seres vivos Ao estudarmos sobre os seres vivos, talvez devêssemos começar pensando um pouco nas curiosidades que temos a respeito deles. Afinal, existem seres vivos por toda a parte. São tão diferentes e fascinantes. De onde vieram? Como chegaram a ser como são? Contando uma história. Ansiosa por tornar o ambiente da sua sala de aula mais agradável, a professora Marina resolveu pedir aos seus alunos que trouxessem plantas de casa. Todos atenderam prontamente e logo as crianças começaram a se revezar no cuidado das plantinhas. Alguns dias depois, verificaram que o belo cactus trazido por uma das crianças havia morrido, apesar de ter sido regado diariamente. O que teria acontecido? Isso desencadeou uma discussão interessante na sala de aula, a partir da qual puderam constatar que as necessidades das plantas são diferentes. O modo de vida de cada ser vivo está relacionado às condições do seu ambiente de origem. O cactus, por exemplo, é uma planta que se desenvolve em solo árido. Portanto, o excesso de água, nesse caso, é tão prejudicial como seria a falta dela para uma planta aquática. Existem seres vivos nos mais variados ambientes da Terra, desde os desertos, até nas montanhas geladas, passando pelas florestas tropicais, rios e mares. Os organismos se multiplicam. Na incansável luta pela vida, 26 estão permanentemente relacionando-se uns com os outros. Isso acontece quando procuram alimentos ou parceiros para reprodução ou mesmo quando tentam escapar de seus predadores. É claro que não seria possível descrever aqui todos os seres vivos e as diversas relações que estabelecem entre si. Vamos observar,portanto, apenas algumas características gerais dos seres vivos que asseguram a presença deles nos mais diferentes ecossistemas. O que torna um ser vivo diferente da matéria bruta? Você já parou para pensar nisso? Antes de prosseguir na leitura, pare e pense um pouco. Cite três características que distinguem um ser vivo. Não se preocupe em acertar. Apenas registre as opiniões que você tem a respeito. Depois, prossiga a leitura, comparando suas respostas com as informações do texto. Aposto que você acertou mais do que imagina. A resposta não é tão óbvia quanto parece. Num primeiro momento, você pode ser levado a pensar que um ser vivo respira, alimenta-se, cresce, reproduz, movimenta-se. Mas será que isso vale para todos os seres vivos existentes no planeta? Quando nos referimos aos seres vivos não estamos apenas falando dos animais e vegetais que vemos por toda a parte. Estamos englobando uma infinidade de seres que, talvez, jamais tenhamos visto por perto, até mesmo por serem microscópicos. As características gerais dos seres vivos são, portanto, aquelas comuns a todos eles. Características 1-composição química complexa.- 2 - elevado grau de organização estrutural- 3- consumo de energia com contínua renovação de matéria-.4-a realização das funções vitais- 5-homeostase.- 6- a capacidade de reprodução- 7- a adaptação ao ambiente- 8- capacidade de relacionar-se com o ambiente.-9- individualidade e 10- variabilidade - 27 A primeira constatação que podemos fazer em relação aos seres vivos é que, ao contrário da matéria bruta, eles têm uma composição química complexa. Esta seria a primeira característica geral dos seres vivos. Mesmo uma bactéria terá uma composição extraordinariamente mais complexa que a de um mineral, por exemplo. Na estrutura de um mineral encontramos poucas substâncias. Num organismo vivo encontramos uma infinidade de substâncias que compõem enormes moléculas (proteínas, lipídios ou gorduras, glicídios ou açúcares, etc.). Os seres vivos apresentam ainda uma segunda característica: o elevado grau de organização estrutural. Nenhum ser vivo possui uma estrutura rígida e simples como a de um cristal, por exemplo. Mesmo os seres formados por uma só célula são capazes de realizar todas as suas funções vitais. Os vírus são a única exceção a esta regra, por possuírem uma organização estrutural bem mais simples que a dos demais seres vivos. Você há de convir que manter tudo isso em atividade constante demanda uma grande quantidade de energia. Você poderia dizer que, neste aspecto, um ser vivo se assemelha a um aparelho doméstico que, mesmo sendo feito de matéria inanimada, também depende de energia para funcionar. Mas não é bem assim. O que caracteriza os seres vivos é o consumo de energia com contínua renovação de matéria. Esta é, portanto, a terceira característica. Em outras palavras, podemos dizer que a matéria obtida através da nutrição passa a fazer parte do organismo e é consumida através de processos químicos que ocorrem no interior das células. Como esse consumo é constante, há sempre a necessidade de reposição de matéria, isto é, de alimento. É esse equilíbrio dinâmico que vai possibilitar uma quarta característica dos seres vivos: a realização das 28 funções vitais. Por mais simples que seja um ser vivo, estará sempre desempenhando as funções de nutrição, respiração, excreção, transporte, etc. Não basta estar vivo: é preciso ainda manter-se vivo, isto é, ser provido de mecanismos que garantam a manutenção constante da composição química e do estado físico de matéria que o compõe, mesmo que as condições externas se modifiquem. O processo que envolve toda essa dinâmica responsável pelo equilíbrio estável de um ser vivo é chamado homeostase. Esta é a quinta das características dos seres vivos, sobre a qual voltaremos a falar mais adiante. Como se não bastasse tudo isso, os seres vivos ainda apresentam uma sexta característica muito especial: a capacidade de reprodução, que garante a continuidade da vida na Terra. Mesmo os seres mais simples podem se reproduzir. A proliferação está diretamente ligada à sétima característica dos seres vivos: a adaptação ao ambiente. Foi por este ponto que iniciamos nossa conversa, lembra-se? Os seres vivos, em geral, têm a capacidade de se adaptar a novas circunstâncias ambientais. Quando ocorrem alterações drásticas nas condições do ambiente, os organismos deixam de se reproduzir satisfatoriamente e algumas espécies podem acabar se extinguindo. Alguns seres vivos possuem características especiais que os tornam capazes de sobreviver nos ambientes mais inóspitos. Os animais vão precisar procurar alimento, garantir abrigo e segurança para a prole, fugir dos predadores etc. Os vegetais, por sua vez, produzem seu próprio alimento, crescem, reproduzem-se; em alguns casos chegam a competir por luz, água e espaço. Esses exemplos nos mostram que, além de adaptar-se, um ser vivo tem uma oitava característica: a sua capacidade de relacionar-se com o ambiente. 29 A esta altura você já deve estar imaginando que os seres capazes de reunir todas essas características são realmente muito especiais. Mas há uma última característica que torna qualquer ser vivo mais especial ainda: a sua individualidade e variabilidade. Um fragmento de ouro ou ferro terá sempre a mesma composição de qualquer outro fragmento. Os seres vivos, ao contrário, são indivíduos únicos em sua espécie. Jamais serão 100% idênticos, já que a combinação de caracteres genéticos que ocorre na reprodução sexuada dá-se ao acaso, em meio a uma infinidade de possibilidades. Portanto, essa individualidade garante também uma grande variabilidade entre os seres vivos. É preciso lembrar que existem exceções neste caso. Os seres vivos mais simples (vírus, bactérias, protozoários, fungos e raros animais aquáticos) realizam reprodução assexuada, não havendo, portanto, recombinação gênica ou variabilidade genética entre eles. Neste caso, a recombinação gênica ocorreria apenas se houvesse mutação. Cada indivíduo divide-se, dando origem à células-filhas idênticas, a menos que sofram algum tipo de mutação. ATIVIDADE DE ESTUDO 1 As afirmações abaixo se referem às características gerais dos seres vivos. Assinale, à frente de cada uma, V, se for verdadeira, ou F, se for falsa. : a ( ) Todos os seres vivos se caracterizam por sua organização estrutural complexa. b ( ) A capacidade de reprodução é uma característica exclusiva dos seres vivos, que garante a distribuição das espécies nos mais diversos ambientes.. c ( ) Um ser vivo se caracteriza por sua capacidade de adaptação ao ambiente.Por esta razão, um ser vivo não consegue manter 30 suas funções vitais quando as condições ambientais se alteram, ainda que levemente. d ( ) A variabilidade genética atribui aos seres vivos,sem exceções, uma característica especial: a individualidade. Portanto, um ser vivo, por mais simples que seja, será sempre um indivíduo único. e ( ) Os seres vivos são capazes de se relacionar com o ambiente, buscando nele o suprimento nutritivo e as condições adequadas à reprodução. Agora que você já pôde identificar as características gerais dos seres vivos, vamos retomar à nossa conversa inicial e detalhar um pouco mais as adaptações dos seres vivos ao ambiente. Até aqui está tudo muito claro, não é mesmo? Caberia até uma pequena provocação. Suponhamos que, durante uma aula de Ciências, aquele seu aluno que está sempre aprontando alguma lhe perguntasse: Se você estava esperando uma resposta pronta, lamentamos decepcioná-lo. Nós não temos as respostas para tudo em Ciências. Aliás, a nossa capacidade de formular novas perguntas é que nos impulsiona a buscar cada vez maisnovos conhecimentos. Muitos cientistas, ao longo da história, têm buscado respostas para questões como a do exemplo acima. Nenhuma delas é definitiva, mas algumas conseguem reunir um grande número de evidências favoráveis, passando a constituir um modelo explicativo cientificamente aceito. “Como é que os seres vivos escolhem as características mais adequadas ao local em que vivem”? 31 A capacidade de adaptação dos seres vivos ao ambiente é algo que sempre intrigou os cientistas. Questões ainda maiores surgiram antes desta, sendo a principal delas a que se refere à origem da vida na Terra. 4-1-1-Como surgiu a vida na Terra? Você sabe que a Terra é um planeta muito especial que apresenta as condições indispensáveis à existência de vida, por exemplo: a distância do Sol que assegura temperatura média e luminosidade ideais para a existência de vida no planeta, a composição da atmosfera, a existência de água em seus três estados de agregação, etc. Além disso, você também já é capaz de identificar os fatores que caracterizam um ser vivo, de modo geral. É possível que agora você esteja interessado em saber de onde vieram esses seres vivos e como chegaram a ser como são, tão bem adaptados ao ambiente em que vivem. Para tanto, você vai precisar conhecer mais um pouquinho da História da Ciência. Dois cientistas, um inglês e um americano em 1953, realizaram um experimento e construíram um aparelho no qual tentaram reproduzir a mistura de gases e as descargas elétricas que supunham existir na atmosfera primitiva. Após deixar o sistema funcionando por uma semana, um deles examinou o líquido acumulado e percebeu que ele continha diversos compostos orgânicos simples. Muitos outros cientistas têm procurado aprimorar esses experimentos. Em alguns desses experimentos já conseguiram obter muitos tipos de moléculas orgânicas. Seguindo esse raciocínio, os cientistas imaginaram que moléculas orgânicas eram formadas a partir das substâncias existentes na atmosfera primitiva, acumulando-se nos lagos que se formavam sobre a crosta terrestre. Essas moléculas sofreram diversas transformações e talvez tenham formado moléculas mais complexas, que se juntaram, dando origem aos primeiros seres vivos, conhecidos como coacervatos. 32 Estava assim inaugurada a vida na Terra. A partir daí, inúmeras transformações ocorreriam, ao longo de mais de 3 bilhões de anos, até que o planeta ficasse, como o conhecemos, repleto de vida. Este é apenas um dos modelos teóricos que tentam explicar a origem da vida na Terra. Mas nem esse nem os outros modelos puderam ser comprovados experimentalmente. Segundo os modelos científicos aceitos atualmente, todos os seres vivos descendem de organismos muito simples que habitaram a Terra primitiva. Para chegarem a ser como são hoje, os seres vivos passaram por um longo processo de evolução biológica. Certamente você já ouviu falar da teoria evolucionista do estudioso inglês Charles Darwin. Vamos tentar resumir ao máximo as ideias principais apresentadas em sua obra "Origem das espécies" (1859). Os seres vivos têm um enorme potencial reprodutivo. Mesmo assim, o tamanho das populações não cresce desordenadamente. O número de indivíduos se mantém mais ou menos constante, porque é limitado pelas condições do ambiente (espaço, disponibilidade de alimentos, etc.). Assim, é natural que muitos indivíduos morram sem deixar descendentes. Geralmente, os indivíduos que sobrevivem e deixam descendentes são aqueles que apresentam características adequadas à sobrevivência e à reprodução naquele determinado ambiente. Com o tempo, só existirão na população indivíduos que apresentam essas características favoráveis. Os demais terão desaparecido, por não terem conseguido se reproduzir satisfatoriamente. Podemos dizer que o ambiente exerce uma seleção natural sobre os indivíduos, favorecendo aqueles que possuem melhores condições de sobrevivência e reprodução. Você pode observar o quanto as “estratégias reprodutivas” de cada espécie são adequadas ao modo de vida de cada uma delas. Você vai se 33 surpreender observando alguns exemplos dessas “estratégias reprodutivas”. Note que os animais que põem seus ovos na água, como peixes e anfíbios, fazem uma postura extremamente numerosa, já que a probabilidade de perda de filhotes na água é muito maior se comparada à de animais terrestres. Os vegetais também têm suas estratégias, isto é, seus mecanismos de dispersão. Existem, por exemplo, as sementes aladas e outras que se prendem aos pêlos dos animais ,como os incômodos “carrapichos”,fazendo com que surjam novas plantas em outros lugares. As plantas com flor dependem dos animais para a polinização de suas flores e da dispersão de seus frutos e sementes, sendo necessária uma adequação entre eles. A cor e o cheiro das flores atraem os insetos e outros animais que agem como polinizadores. Repare que as flores brancas, que não são tão atraentes durante o dia, geralmente têm um cheiro forte, que se intensifica à noite, atraindo insetos de hábitos noturnos que levam o pólen de umas às outras promovendo a fecundação. As flores que não são coloridas, como as pequeninas flores do capim, compensam isso produzindo uma grande quantidade de pólen, que é dispersa pelo vento. Depois da fecundação, desenvolve-se o fruto e aí chega a hora de disseminar as sementes. Quando maduros, a maioria dos frutos são coloridos e cheirosos. Qual será a vantagem disso? Proporcionar-nos uma deliciosa salada de frutas? É claro que não! O cheiro agradável atrai animais famintos que vão espalhar sementes por toda parte. A retirada do fruto precisa ser feita na hora certa, quando as sementes estiverem prontas. É por isso que os frutos ainda não maduros são verdes, passando despercebidos entre as folhas. Além disso, ficam bem agarrados aos 34 ramos das árvores e têm um sabor desagradável, que desestimula os “gulosos” a retirá-los antes da hora. Estes processos não são intencionais. Um ser vivo não escolhe viver num ambiente que combine com as suas características morfológicas ou fisiológicas, nem desenvolve uma característica de acordo com suas necessidades. As espécies estão perfeitamente adaptadas ao ambiente em que vivem e permanecerão assim, a menos que passe a atuar sobre elas algum fator de desequilíbrio. Os conhecimentos que temos hoje são o resultado de séculos de esforço e de muitos questionamentos que nos motivam a prosseguir no instigante processo de construção do conhecimento científico, do qual você e seus alunos fazem parte quando levantam questões e buscam respostas sobre a realidade observada. ATIVIDADES DE ESTUDO 2 Pedrinho chega à escola entusiasmado com as ideias que lhe ocorreram. Ao observar que os patos têm características morfológicas adequadas ao seu modo de vida, decidiu que a partir daquele dia faria com o seu papagaio de estimação exercícios diários de adaptação, até que ele desenvolvesse pés parecidos com os dos patos. Já pensou como seria divertido tomar banho de piscina com o Louro? (Fonte: www..cassiopeia.com.br) Antes que Pedrinho afogue o Louro, desenvolva um argumento baseado na leitura que demonstre os equívocos na interpretação do menino. http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cassiopeia.com.br/pifft/images/papagaio.gif&imgrefurl=http://www.cassiopeia.com.br/pifft/&h=245&w=220&sz=13&tbnid=z4QiHEm2Jj6BEM:&tbnh=105&tbnw=94&hl=pt-BR&start=5&prev=/images?q=papagaio&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G 35 Ideias para reflexão A Teoria da Evolução provoca muitas críticas, especialmente entre aqueles que creem na que as espécies existentes foram criadas por Deus exatamente como são e que o número de espécies seria fixo, determinado no momento da criação. Esta ideia,que prevaleceu no ocidente até o século XIX, denomina-se criacionismo ou fixismo. Não são os religiosos os únicos a criticarem o paradigma evolucionista. Já há também, por parte de alguns cientistas, muitos questionamentos sobre as proposições de Darwin e seus sucessores. Este debate de ideias sempre existiu na história da Ciência e é sempre muito bem-vindo, pois abre caminho para a produção de novos conhecimentos. A aparente incompatibilidade entre fé e ciência não tem sustentação bíblica nem científica. É antes de tudo uma questão filosófica. A dissociação entre Ciência e Religião serviu bem aos interesses políticos e ideológicos do final do século XIX, mas não teria sentido nos dias de hoje. Usar a Bíblia para confrontar teorias científicas é tão inadequado quanto usar teorias científicas para legitimar os preceitos morais contidos na Bíblia. A finalidade da Bíblia é revelar Deus ao homem, mostrando como o ser humano procurou relacionar-se com a divindade ao longo da história da humanidade. Por outro lado, a formulação de teorias científicas e a elaboração de modelos explicativos sobre a natureza não implica, necessariamente, em ceticismo religioso. Diferentes explicações sobre a realidade sempre existiram. Se admitirmos que a explicação científica é a única possível, embora seja a consensual no meio científico, estaremos agindo com a mesma intransigência da qual foram vítimas os cientistas condenados pela Igreja no passado. Estejamos abertos ao diálogo, adotando sempre uma postura crítica, porém respeitosa e ética. Ainda hoje, não existe consenso absoluto em relação às explicações para a origem, diversidade e enorme capacidade de adaptação dos seres vivos existentes em nosso planeta. Algumas correntes se chocam, mas acaba prevalecendo aquela que reúne maior número de evidências, passando a ser o modelo reconhecido e legitimado pelos cientistas em todo o mundo. Vamos conhecer um pouco mais? 36 5- COMO ENTENDER A DIVERSIDADE DAS ADAPTAÇÕES DO SERES VIVOS? As adaptações são as características que os seres vivos apresentam que os tornam capazes de ajustarem-se às condições do ambiente. Nesse capítulo trataremos das adaptações morfológicas ou fisiológicas dos seres vivos. 5-1 As adaptações morfológicas As adaptações morfológicas (morfo = forma) referem-se às características anatômicas apropriadas ao ambiente em que vive a espécie. Vamos conhecer alguns exemplos? Pense no modo de vida do morcego. Ele é um animal de hábitos noturnos, com alimentação variada, dependendo da espécie. Alguns comem frutas, outros se alimentam de insetos. Poucas espécies são hematófagas, isto é, se alimentam do sangue de animais. O morcego é o único mamífero que voa. Isso só é possível graças à membrana que une seus longos dedos formando a sua asa. Esta não é a única adaptação que favorece o seu modo de vida. Como ele precisa voar no escuro para procurar seus alimentos., ele tem um sofisticado sistema de “radar”. Assim ele emite constantemente sons muito agudos. Ao encontrarem um obstáculo, esses sons produzem um eco que é percebido pelo morcego. Desse modo, o animal tem a noção exata da localização do obstáculo e pode desviar-se dele. Ao término do estudo desse capítulo você poderá ter construído e sistematizado aprendizagens como: Identificar adaptações fisiológicas e morfológicas dos seres vivos Entender como se deu a divisão dos animais em reinos Reconhecer a necessidade de estabelecimento de regras para nomear cientificamente os animais 37 Os mamíferos aquáticos, como os golfinhos e os botos da Amazônia, não têm patas como os terrestres. Seus membros são modificados em nadadeiras, que são, evidentemente, muito mais adequadas à vida na água. morcego peixe-boi Fonte: www.gnosisonline.org Fonte: www.ceaba.ubbi.com.br Alguns insetos, como o louva-a-deus e o bicho-pau, são parecidos com folhas e galhos e assim conseguem escapar de seus predadores. Essa adaptação é denominada camuflagem. Existe outro tipo de adaptação que também permite que os animais se “disfarcem”: o mimetismo. Ocorre mimetismo quando uma espécie leva alguma vantagem por ser muito semelhante a indivíduos de outra espécie. Como exemplo podemos citar o caso da falsa coral, que não é cobra peçonhenta, mas sua grande semelhança com a coral verdadeira afasta possíveis agressores. falsa coral coral verdadeira Fonte: www.animalls.net Fonte: curlygirl.naturlink.pt O tamanduá, típico representante da fauna do planalto central brasileiro, possui um focinho afilado e uma longa língua que lhe permite http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.gnosisonline.org/Magia_Elemental/images/morcego.jpg&imgrefurl=http://www.gnosisonline.org/Magia_Elemental/magia_morcego.php&h=295&w=266&sz=13&tbnid=ShznlTKrZdX59M:&tbnh=111&tbnw=100&hl=pt-BR&start=4&prev=/images?q=morcego&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.ceaba.ubbi.com.br/peixe_boi_g.jpg&imgrefurl=http://www.ceaba.ubbi.com.br/&h=294&w=220&sz=13&tbnid=K9edBvxSlEHdwM:&tbnh=111&tbnw=83&hl=pt-BR&start=4&prev=/images?q=peixe-boi&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://www.gnosisonline.org/ http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.animalls.net/FOTOS/Sinaloa1.jpg&imgrefurl=http://www.animalls.net/ARTIC39.HTML&h=179&w=250&sz=26&tbnid=lQhGD-EdyKf5vM:&tbnh=75&tbnw=106&hl=pt-BR&start=3&prev=/images?q=falsa+coral&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://curlygirl.naturlink.pt/cobracoral2.jpg&imgrefurl=http://curlygirl.naturlink.pt/sabiasque.htm&h=204&w=290&sz=20&tbnid=cl3k7qzZQ1Z6PM:&tbnh=77&tbnw=110&hl=pt-BR&start=4&prev=/images?q=cobra+coral+&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G 38 caçar formigas com facilidade..O bicho-preguiça vive agarrado às arvores saboreando brotos dos ramos mais altos. Isso não seria nada fácil sem aquelas unhas enormes . tamanduá bicho-preguiça Fonte: www.worldwideecolodges.com Fonte: www.the-wallpaper.net Nos manguezais existem plantas com adaptações muito específicas adequadas àquele tipo de ambiente. Os mangues se situam na zona de transição entre o mar e a terra firme, onde deságuam rios. A vegetação do mangue está adaptada ao solo encharcado e a salinidade da água. Não há, portanto, vegetação rasteira. Os arbustos típicos dos mangues têm raízes-escoras que auxiliam a sustentação na lama raízes-escoras Fonte: http://www.itson.mx/ ATIVIDADE DE ESTUDO 1 A) Explique o que são adaptações morfológicas e quais as vantagens que elas oferecem aos seres vivos. B) Diferencie mimetismo e camuflagem. http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.worldwideecolodges.com/WhatsNew/Slides/Tamandua.jpg&imgrefurl=http://www.worldwideecolodges.com/eco-pkgs.htm&h=652&w=688&sz=55&tbnid=am66Rqwc1C-rGM:&tbnh=129&tbnw=137&hl=pt-BR&start=5&prev=/images?q=tamandu%C3%A1&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://baixaki.ig.com.br/imagens/wpapers/DSC02748800.jpg&imgrefurl=http://www.the-wallpaper.net/wallpaper/12674-bicho-preguica-e-filhote.html&h=768&w=1024&sz=143&tbnid=1svErE8irV3zGM:&tbnh=112&tbnw=150&hl=pt-BR&start=8&prev=/images?q=bicho-pregui%C3%A7a&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://www.worldwideecolodges.com/ http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.itson.mx/drn/dcama/Humedales%20costeros/Atanasia-Mangle-pneumatoforo.jpg&imgrefurl=http://www.itson.mx/drn/dcama/Humedales%20costeros/humedalesindex.htm&h=768&w=1024&sz=316&tbnid=zSXp7R6576_W3M:&tbnh=112&tbnw=150&hl=pt-BR&start=2&prev=/images?q=pneumat%C3%B3foro&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G 39 5-2 As adaptações fisiológicas As adaptações fisiológicas não são perceptíveis externamente. São adequaçõesdo funcionamento orgânico de um ser vivo que favorecem o seu modo de vida. Algumas plantas aquáticas como a vitória-régia, típica da Amazônia, não podem sobreviver na terra. Seu funcionamento interno está adequado à vida na água. Outras, como as araucárias e pinheiros do sul do Brasil estão adaptadas às baixas temperaturas. Algumas vivem em ambientes com pouquíssima luminosidade, outras necessitam de luz intensa. vitória-régia araucária Fonte: www.cnpq.br Fonte: www.pro-araucaria.com.br Entre os peixes de água doce e de água salgada não há grandes variações morfológicas, mas eles estão fisiologicamente adaptados ao meio em que vivem. Se você soltar um peixe de água doce no mar ele morrerá. O mesmo acontecerá se um peixe de água salgada for colocado num rio. Gostaria de saber por quê? É simples, mas para que você compreenda melhor, vamos usar um exemplo bem comum. Quando você coloca um pedaço de batata na água, ele “incha”, isto é, absorve água. Se você colocar o mesmo pedaço de batata na água salgada, ele “murcha”, ou seja, a batata perde água. Já deu para perceber que a concentração de sais no interior e no exterior das células precisa estar em equilíbrio. Nos organismos vivos, isso se dá por meio de um processo chamado equilíbrio osmótico, fundamental para a manutenção da vida. Os peixes de água salgada, colocados num rio, absorveriam tanta http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.cnpq.br/mamiraua/fotos/flora/vitoria.JPG&imgrefurl=http://www.cnpq.br/mamiraua/fotos/flora/varzea5.htm&h=301&w=450&sz=33&tbnid=46yMJ_Pk2vVFmM:&tbnh=82&tbnw=124&hl=pt-BR&start=3&prev=/images?q=vit%C3%B3ria-r%C3%A9gia&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.pro-araucaria.com.br/araucaria.jpg&imgrefurl=http://www.pro-araucaria.com.br/&h=324&w=330&sz=29&tbnid=v-tjBiwB0Qci6M:&tbnh=111&tbnw=114&hl=pt-BR&start=14&prev=/images?q=arauc%C3%A1ria&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://www.cnpq.br/ 40 água que suas células acabariam se rompendo. Já os peixes de água doce, se colocados no mar, morreriam desidratados (mesmo dentro d’água!). Para manter o equilíbrio osmótico, os sistemas excretores desses animais apresentam adaptações fisiológicas interessantes. Os peixes de água doce eliminam amônia diluída em grande quantidade de água. Assim, evitam a absorção exagerada de água por suas células. Os peixes de água salgada, ao contrário, ingerem água do mar e eliminam pouquíssima urina e maior quantidade de sais através de suas brânquias, evitando que suas células percam água. Os mamíferos marinhos, como as baleias e golfinhos, também possuem adaptações fisiológicas equivalentes. Caso contrário, não poderiam sobreviver sem água potável para beber. ATIVIDADE DE ESTUDO 2 Quais as adaptações fisiológicas que os peixes apresentam que lhes assegura a manutenção do equilíbrio osmótico? Um tópico interessante que precisamos pensar também ao conversarmos sobre os seres vivos diz respeito a forma de agrupá-los para poder estudá-los. Diante da extraordinária diversidade de seres vivos existentes em nosso planeta, a classificação é o meio que possibilita o estudo sistemático dos mesmos 5-3 Classificação dos seres vivos A classificação é uma prática comum em nosso cotidiano. Aplicamos critérios de classificação para organizar quase tudo em nossa vida: os documentos numa pasta, as roupas no armário, as louças na cozinha. Tudo é arrumado levando-se em conta alguns critérios que orientam a maneira como serão separados e que podem ser bastante variados. 41 Dessa maneira também se tornou necessário agrupar os seres vivos segundo um critério e isso foi feito pensando em unificar mundialmente o processo de classificação. Em 1735, o naturalista sueco Lineu, publicou o livro Systema Naturae que se tornou célebre. Nessa obra, ele propunha um sistema de classificação bastante coerente, que serviu de base para os sistemas usados atualmente. Fonte: www.naturlink.pt Lineu fez surgir um novo campo de estudo nas Ciências naturais, a Taxonomia (do grego taxis = classificação; nomos = regra). A taxionomia é, portanto, o ramo da Biologia que se encarrega de identificar e catalogar as espécies de seres vivos existentes. Hoje, já são mais de 2 milhões de espécies catalogadas e muitas outras ainda permanecem desconhecidas pelos taxionomistas. Lineu usava como critério taxonômico a estrutura anatômica dos seres vivos. Atualmente, a classificação leva em conta, além das semelhanças anatômicas, as similaridades na composição química e na estrutura genética. Nos sistemas atuais, a unidade básica de classificação é a espécie ( do latim species = tipo). A espécie é definida como “um conjunto de seres semelhantes, capazes de cruzar em condições naturais, produzindo descendência fértil”. Seres de espécies diferentes podem até produzir descendentes híbridos, mas estes serão estéreis. http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.naturlink.pt/uploads/%7b1E96F73E-370B-4FB8-8361-C1B801F0B841%7d.jpg&imgrefurl=http://www.naturlink.pt/canais/subCanal.asp?iLingua=1&iCanal=31&iSubCanal=49&h=275&w=180&sz=8&tbnid=1ahncyT2XA3JIM:&tbnh=109&tbnw=71&hl=pt-BR&start=6&prev=/images?q=Lineu&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G 42 A partir da espécie, derivam as outras categorias taxonômicas que agrupam seres também semelhantes, mas com algumas características que os distinguem entre si. As onças e os tigres, por exemplo, são animais bastante semelhantes, mas não o suficiente para pertencerem à mesma espécie. Juntos, eles integram a categoria taxionômica imediatamente superior, o gênero. Onças e tigres pertencem ao gênero Felis, que agrupa diversas espécies de felinos, como os gatos e leões, por exemplo. onça tigre lince Fonte: www.come-to-brazil.com Fonte: www.ime.eb.br Fonte: www.fotonostra.com Gêneros que apresentam semelhanças significativas são reunidos em uma categoria hierarquicamente superior, a família. Os linces não pertencem ao mesmo gênero das onças, mas têm semelhanças suficientes para serem classificados na mesma família. Famílias semelhantes são agrupadas em ordens que, por sua vez, são reunidas em classes, estas em filos, que, por fim, compõem os reinos. http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.come-to-brazil.com/brasil/ecologia/imagens/onca.jpg&imgrefurl=http://www.come-to-brazil.com/brasil/ecologia/&h=206&w=200&sz=9&tbnid=WTzluIkY2cDvXM:&tbnh=100&tbnw=97&hl=pt-BR&start=1&prev=/images%3Fq%3Don%25C3%25A7a%26svnum%3D10%26hl%3Dpt-BR%26lr%3D%26sa%3DG http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.ime.eb.br/~pinho/pessoal/linux/backgrounds/tigre.jpg&imgrefurl=http://www.ime.eb.br/~pinho/pessoal/linux/backgrounds/&h=600&w=800&sz=434&tbnid=e2HQJccIBZlq1M:&tbnh=106&tbnw=142&hl=pt-BR&start=10&prev=/images?q=tigre&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.fotonostra.com/albums/animales/fotos/lince.jpg&imgrefurl=http://www.fotonostra.com/albums/animales/lince.htm&h=448&w=598&sz=63&tbnid=JzyN9aM6hCiO2M:&tbnh=99&tbnw=133&hl=pt-BR&start=8&prev=/images?q=lince&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://www.come-to-brazil.com/ http://www.ime.eb.br/ 43 No Reino Vegetal, a categoria taxionômica filo é substituída por divisão. Outra informação interessante : Seres vivos muito semelhantes podem pertencer a espécies diferentes. É o caso dos ursos, por exemplo. Embora o urso pardo europeu, o urso preto americano e o urso polar sejam todos popularmente chamados de “ursos”, na realidade são animais distintos, pois pertencem a espécies diferentes e até a gêneros diferentes e não se reproduzem entre si. urso polar urso preto urso pardo Fonte: animais.com.sapo.pt Fonte: www.americanphoto.co.jp Fonte: www.webciencia.comATIVIDADE DE ESTUDO 3 Diante da diversidade dos seres vivos, a classificação foi fundamental para o seu estudo. Dentre as afirmações abaixo, sobre a classificação, assinale as que são CORRETAS. a) A taxionomia é o ramo da Biologia que se encarrega de identificar as características dos seres vivos existentes, sem, no entanto, ocupar-se de sua classificação e catalogação.( ) b ) De acordo com a classificação vigente, um vegetal pertencerá obrigatoriamente a um reino, uma divisão, uma classe, uma ordem, uma família, um gênero e uma espécie.( ) c ) Uma ordem engloba diferentes classes, assim como um gênero reúne diferentes espécies.( ) d ) Os seres pertencentes a um determinado gênero guardam semelhanças entre si que lhes possibilitam a produção de descendentes férteis.( ) e) A espécie é a unidade básica de classificação definida como um conjunto de seres semelhantes, capazes de cruzar em condições naturais, produzindo descendência fértil.( ) http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://animais.com.sapo.pt/Polar4.jpg&imgrefurl=http://animais.com.sapo.pt/Animais.html&h=998&w=1280&sz=167&tbnid=hQONKW82EvR26M:&tbnh=116&tbnw=150&hl=pt-BR&start=4&prev=/images?q=urso+polar&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.americanphoto.co.jp/pages/onlinecatalog/Adventure/Wildlife/Previews/Plans-19764.jpg&imgrefurl=http://www.americanphoto.co.jp/pages/onlinecatalog/Adventure/Wildlife/Plans-5.html&h=394&w=325&sz=23&tbnid=18Mqsm0AGaWK9M:&tbnh=120&tbnw=98&hl=pt-BR&start=7&prev=/images?q=urso+preto&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.webciencia.com/14_urso1.jpg&imgrefurl=http://www.webciencia.com/14_urso.htm&h=215&w=276&sz=21&tbnid=0W4yR3k76h1zDM:&tbnh=84&tbnw=109&hl=pt-BR&start=2&prev=/images?q=urso+pardo&svnum=10&hl=pt-BR&lr=&sa=G 44 5-4 Nomeando os seres vivos Classificar é preciso, mas é também necessário dar um nome específico para que o ser vivo seja catalogado, ficando todas as informações obtidas sobre ele disponíveis para a comunidade científica internacional. As regras atuais de denominação científica dos seres vivos tiveram como base a obra de Lineu, apresentada no I Congresso Internacional de Nomenclatura Científica, em 1898. Essas regras foram adotadas a partir de 1901 e revistas em 1927 e 1961. O sistema de nomenclatura é uninominal para gênero e binomial para espécie, isto é, o nome de cada espécie deve ser constituído por duas palavras, sendo a primeira o nome genérico e a segunda palavra o nome específico. Todo nome científico deve ser latino. E isso não é para complicar. Muito pelo contrário! Se fosse escolhido qualquer idioma moderno, vários países poderiam reclamar por terem sido desprestigiados. Como, atualmente, não há quem fale latim no mundo, a denominação científica foi padronizada, sem que os taxonomistas precisem se preocupar com reclamações. Você deve ter notado que a denominação dos gêneros e espécies aparece sempre destacada, grafada em itálico. Em texto manuscrito, devemos sublinhá-la. A classificação não é definitiva. Avanços científicos têm favorecido o desenvolvimento de técnicas mais apuradas, que permitem a ampliação da visão geral anatômica, além da definição muito mais precisa de aspectos fisiológicos, embriológicos, citológicos, bioquímicos e genéticos. Com isso, às vezes são detectados equívocos nas classificações. A classificação dos seres vivos foi muito aprimorada a partir do século XIX, com o desenvolvimento da microscopia. Até então, os seres 45 vivos eram classificados em dois Reinos: Animal e Vegetal. Até hoje, muitas escolas ainda mantêm esta classificação, acrescentando um terceiro reino, o mineral, que agrupa os seres brutos ou não vivos - embora a denominação reino seja uma categoria taxionômica, que se refere, portanto, apenas aos seres vivos. A utilização do microscópio permitiu que os naturalistas descobrissem seres com características comuns tanto aos animais, como aos vegetais. Esses seres ficavam numa posição intermediária, levando os naturalistas a proporem a definição de um novo Reino: o dos Protistas, que só foi aceito oficialmente no Século XX. Mais tarde, um novo problema precisou ser resolvido. Existiam seres com estruturas tão mais simples que a dos Protistas, que precisariam ser classificados num Reino à parte. Surge então o Reino Monera. Faltava ainda resolver a situação dos fungos. Alguns deles, conhecidos como cogumelos, até pareciam vegetais, mas não realizavam a fotossíntese. Era necessário criar mais um Reino. Em 1969, um cientista norte-americano propôs a organização dos seres vivos em cinco reinos, incluindo o Reino Fungi, que é a classificação oficialmente aceita atualmente. Se você pensa que essa proposta de organização resolveu todos os problemas de classificação dos seres vivos, não se engane. Até hoje não foi definido um lugar para os vírus entre os seres vivos, por serem os únicos seres sem organização estrutural celular. Nos últimos anos, esta organização em cinco reinos tem sido questionada. Novos critérios de classificação têm sido propostos e discutidos pelos especialistas. Em 1998, foi divulgada a classificação em seis reinos. Esses reinos são: Archaea, Bactéria, Protista, Fungi, Animalia, 46 e Plantae. Os reinos Archaea e Bactéria derivam de uma subdivisão do reino Monera. Agora você vai estudar os reinos com mais detalhes, detendo-se mais no estudo dos animais e dos vegetais mais observados ou percebidos em nosso cotidiano. Vamos começar pelo caso mais complicado, aquele que não se enquadra em lugar nenhum. Isso mesmo: os vírus. Os vírus são agentes infectantes de células vivas. Eles não possuem organização celular. Apresentam apenas estrutura molecular. Os vírus não passam de moléculas com capacidade autoreprodutiva. Também podem sofrer modificações em sua estrutura. Essas são as duas únicas características típicas dos seres vivos que os vírus apresentam. Sua organização estrutural é tão simples, que eles sequer podem armazenar energia. É por isso que eles só se reproduzem no interior de células vivas, animais ou vegetais, onde podem provocar verdadeiros “estragos”. Os vírus se ligam à células específicas e causam doenças como a gripe, a caxumba, rubéola, sarampo, catapora, herpes e outras bastante graves como a AIDS, além de diversas doenças nos vegetais. ATIVIDADES DE ESTUDO 4 Explique A) Por que os vírus não se enquadram nas categorias de classificação dos seres vivos? B) Por que os vírus são, obrigatoriamente, parasitas intracelulares ? Com exceção dos vírus, todos os demais seres vivos possuem estrutura celular. O que significa exatamente uma estrutura celular? 47 5- 4-1 Os seres unicelulares e as características das células A célula é a unidade básica fundamental dos seres vivos. Isso significa que a célula é a menor parte de um ser vivo que preserva suas propriedades e funções vitais. Existem diferenças entre as células, dependendo dos tecidos que elas compõem e das funções que realizam. Porém, a organização básica das células é semelhante. Em linhas gerais, poderíamos dizer que uma célula apresenta, basicamente: o núcleo, onde fica o material genético; o citoplasma, onde ficam as estruturas que realizam as funções de nutrição, respiração, fabricação e transporte de substâncias e outras; a membrana plasmática, que delimita o conteúdo celular.. As células vegetais distinguem-se das células animais por apresentarem, dentre outras características uma segunda membrana chamada parede celular. Como você pode perceber uma célula, apesar de sua dimensão microscópica, é muito bem organizada. Reforçando : a menor estrutura que um ser vivo pode ter é a estrutura celular. Alguns grupos de seres vivos conseguem
Compartilhar