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Monografia - Práticas pedagógicas para uma educação antirracista

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA BETIM
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA
Georgia Cristina Bonfim Matar
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA 
Betim 
2019/2
Georgia Cristina Bonfim Matar
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS PARA UMA EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA 
Monografia apresentada à disciplina TCC Orientação I como requisito parcial para obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia pelo Centro Universitário UNA Betim.
Professora Orientadora: Adriana Piva
Betim
2019/2
Dedico esse trabalho a toda minha família, amigos e professoras, sem a presença de cada um deles, eu não teria chegado até aqui.
Uma pessoa não nasce branca ou negra, mas torna-se a partir do momento em que seu corpo e sua mente são conectados a toda uma rede de sentidos compartilhados coletivamente, cuja existência antecede à formação de sua consciência e de seus efeitos (ALMEIDA, 2018, p. 53).
RESUMO
O presente artigo tem como cunho analisar a presença do racismo no contexto escolar e pontuar as práticas antirracistas inseridas na educação na atualidade a partir instrumentos bibliográficos e documentais. A partir de um estudo teórico, evidenciou-se o contexto educacional e sistêmico que delimita as pessoas negras de ter as mesmas oportunidades que uma pessoa branca. Buscou-se compreender também o sistema educacional, desde a história até os dias atuais e as mudanças que está acontecendo no cenário atual e as práticas adotadas para minimizar a atuação do racismo como meio de separação na educação. Com base em autores como Walter Fraga Filho, Nilma Lino, Silvio de Almeida, Kabengele Munanga e entre outros autores apresentados na matéria didático do Educafro, já discorreram sobre o tema, compreendemos que o preconceito racial está presente nos espaços escolares, permeando discursos e práticas de alunos e professores, no sentido da naturalização das injustiças sociais. Considerou-se como resultado que os profissionais da educação têm importância nesse contexto da superação do racismo e, para isso, devem se propor a uma análise crítica de materiais didáticos, à apropriação da cultura negra, ao desenvolvimento de projetos pedagógicos internos e externos às escolas que levem a reflexões interdisciplinares sobre a diversidade cultural.
Palavras-chave: Racismo Estrutural, Educação, Práticas Antirracistas. 
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................06
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...............................................................................08
2.1 História dos negros no Brasil ........................................................................08
2.2 Constituição do racismo estrutural ...............................................................12
2.3 Os impactos do racismo estrutural na Educação.........................................14
2.4 As práticas pedagógicas para uma educação antirracista .........................17
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DE DADOS .................. 21
3.1 Análises do material bibliográfico..................................................................21
3.2 As práticas pedagógicas antirracistas...........................................................22
3.2.1Projeto Educafro.............................................................................................23
3.2.2 Material didático do projeto Educafro.........................................................24
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................31 
REFERÊNCIAS........................................................................................................32
ANEXO.....................................................................................................................33
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo analisar a presença de práticas pedagógicas antirracistas no ambiente escolar. A partir de um estudo teórico sobre o que é racismo estrutural, buscou-se compreender como o racismo se apresenta na educação, e quais os gargalos e as marcas que ele causa nas crianças e jovens negros. Esse texto discute a importância de práticas afirmativas que buscam reduzir os danos causados pela estrutura social do país, como as derivadas da Lei 10.639/05 como base na mudança do cenário atual e as novas práticas da educação emancipatória. 
Há 131 anos, houve a abolição da escravatura, mas a liberdade dos negros não veio com a lei, pois ainda podemos enxergar e sentir os impactos do racismo estrutural no cotidiano.
De acordo com Almeida (2018), no período da ascensão do iluminismo, o conceito de raça tomou uma proporção muito relevante, devido ao entendimento de que o iluminismo estava rompendo com paradigmas dogmáticos e separatistas, porém com a revolução do Haiti (1791-1804), perceberam que essa visão libertária, valia apenas para as pessoas brancas, as pessoas negras, pardas, indígenas ou latinas, não estavam incluídas, pois não eram enxergados como merecedoras. Então, houve a separação por raças dessa liberdade. Nessa mesma época a ciência estava em seu auge, uma das grandes marcas que envolvem os negros, quando começaram a tratar de ciência racial para definir as diferenças entre negros e brancos, relacionando os aspectos físicos, moral e civilizatório, gerando o início do racismo, que no Brasil tornou-se estrutural. 
Quando se trata de racismo estrutural no Brasil, tem que se ter em mente que ele está na estrutura da construção do país, o que se torna algo quase imutável e muito complexo de ser enxergado apenas com a visão institucional no qual o racismo é mais visível. 
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (2017), os negros representam 71% das vítimas de homicídios no país. Neste levantamento sobre a mortalidade de jovens negros, é apresentado que durante os anos 2005 a 2015 houve uma redução nestes índices, porém, de 2016 a 2017 ocorreu um aumento de 18%, o que foi preocupante. 
De acordo com censo (IBGE, 2018), o número da evasão escolar é maior por crianças e jovens negros, isso afeta diretamente na inserção dessa população à universidade.
Ao tratar sobre educação antirracista, é preciso falar sobre todo o contexto que levou a essa temática tão necessária na sociedade atual. Afinal, não pode esquecer a história e de todos os seus reflexos e apenas falar do contexto educacional como algo isolado do todos. O pensamento que traz até essa discussão é o peso dos anos que a sociedade se fechando quanto à importância da reparação das marcas no decorrer da vivência do negro como pessoa e como residente desse país.
Através desta análise do contexto que os negros têm sobre a exclusão e as diferenças enfrentadas no meio educacional, busco apresentar por meio de pesquisa bibliográfica e documental, fatos históricos, estruturais do por que dessa exclusão na educação, sendo que ela deveria ser para todos. Após estas análises, esse trabalho tem como propósito apresentar as práticas pedagógicas antirracistas que tem crescido no Brasil, compreender que essa evolução acontece atualmente e surte efeitos na vivência dos alunos negros no ambiente escolar, a partir da experiência realizada no Projeto Educafro.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 História dos negros no Brasil 
De acordo com Albuquerque (2015), os negros foram submetidos a situações desumanas desde a vinda para o Brasil. Em dezembro de 1649, frei Sorrento, capuchinho italiano, a bordo de um navio negreiro contendo mais de novecentos africanos escravizados, relatou: “aquele barco [...] pelo intolerável fedor, pela escassez de espaço, pelos gritos contínuos e pelas infinitas misérias de tantos infelizes, parecia um inferno” (PACINI, 2015, p. 56). O próprio dia a dia que viviam nas fazendas de engenho era algo insuportável. O escritor paraibano José Lins do Rego, relata a carta de uma escrava sobre os abusos sofridos:
Ah! Como doía nas costas o chicote do homem que mandava nos negros. De manhã se subiapara ver o sol. Todos estavam nus e fedia o buraco onde tinham que dormir. Mas de noite ouvia um rumor de bater de asas. Asas brancas que voavam para cima dela. Era o voo das almas que não podiam voar para o céu. Todas as noites elas vinham bater pelas janelas do barco. Elas só podiam voar para o céu, saindo da terra. Os corpos dos que eram lançados na profundeza do mar não davam almas nem para o céu nem para o inferno [...]. De noite ainda vejo os pássaros grandes em cima do telhado do quarto. As almas ainda não me abandonaram. (Rego, século XX, apud Fraga Filho, 2005, p. 52)
Segundo Fraga Filho (2016), os africanos escravizados eram tratados piores que animais, pois, os animais tinham alimento e um local adequado para ficarem, as pessoas negras eram alocadas em lugares de situações precárias, alimentação regrada, dormiam em chão frio e sem a menor condição de conforto. Havia abusos sexuais com os homens, mulheres e crianças, seus corpos se tornavam parte das “mercadorias” adquiridas pelos donos de escravos. 
Segundo Pacini (2015), as mulheres passavam por uma inspeção de fertilidade feita pelos senhores de escravos, para se certificarem de que elas eram capazes de procriar e tiver um número elevado de crianças, isso gerava uma economia e rentabilidade nas produções, o que para os donos era algo excelente. Porque o índice de mortalidade era muito maior que o de natalidade, com isso eles buscavam poupar gastos com a compra de novos escravos. 
(...) o trabalho na lavoura era extremamente penoso para as mulheres, especialmente se estivessem em período de gestação ou amamentando. “As altas taxas de aborto e mortalidade infantil nos engenhos estavam relacionadas à sobrecarga de trabalho, principalmente nas épocas de colheita, quando se intensificaram as atividades.” (FRAGA FILHO, 2016, p. 73).
Secretamente, donos de escravos estupravam as mulheres escravizadas e quando as crianças cresciam e alcançava uma determinada idade, em que já pudessem trabalhar nos campos, os senhores tomavam seus filhos e os colocavam para servir nas fazendas ou onde fossem designados a irem, não havia uma idade estipulada, eles analisavam se a criança já estava apta para auxiliar nas fazendas e isso bastava. 
Os senhores de escravos começaram a perceber que tratando escravos de forma subumana, com castigos físicos e punições, fazia com que se rebelassem e encontrassem formas de fugir, vingassem-se dos seus donos ou até cometessem suicídio. De acordo com Albuquerque (2006, p. 63), “(...) nos engenhos do Nordeste, nas minas e nas fazendas de café do Sudeste brasileiro, os senhores adotaram uma ideologia paternalista que consistia em colocar o escravo sob ‘proteção’ familiar.” Uma forma de manter os escravos sob o comando e conservá-los sob seu domínio.
Por isso, pode-se caracterizar o Brasil colonial e imperial como uma sociedade escravista, e não apenas uma que possuía escravos. Podemos dizer também sociedade racista, na medida em que negros e mestiços, escravos, libertos e livres, eram tratados como “inferiores” aos brancos europeus ou nascidos no Brasil. Assim, ao se criar o escravismo estava-se também criando simultaneamente o racismo. Dito de outra forma, a escravidão foi montada para a exploração econômica, ou de classe, mas ao mesmo tempo ela criou a opressão racial. A escravidão foi muito mais do que um sistema econômico. Ela moldou condutas, definiu desigualdades sociais e raciais, forjou sentimentos, valores e etiquetas de mando e obediência. A partir dela instituíram-se os lugares que os indivíduos deveriam ocupar na sociedade, quem mandava e quem devia obedecer. Os cativos representavam o grupo mais oprimido da sociedade, pois eram impossibilitados legalmente de firmar contratos, dispor de suas vidas e possuir bens, testemunhar em processos judiciais contra pessoas livres, escolher trabalho e empregador. (ALBURQUERQUE, 2016, p. 67 – 69)
Fraga Filho (2016) retrata sobre a forma que os escravos viviam o quanto a labuta diária era desgastante, pesada e o quanto impactava em doenças físicas e psíquicas aos escravos. A forma de viver, dormir, comer e sobrevivência, auxiliaram na excitação dos movimentos de liberdade que já estava acontecendo no século XVIII, um dos impactos notáveis foi o fim do tráfico dos negros trazidos da África. Toda essa movimentação impactou no Brasil, surgiram vários movimentos abolicionistas reivindicando o fim do tráfico e a extinção do trabalho escravo. Iniciativas que aceleraram o fim da escravidão, como as fugas, a formação de quilombos e a rebeldia cotidiana causavam prejuízos para os senhores de escravos. Porém, foi no século XIX, que houve um movimento mais sistemático para começar a erradicar a escravidão, não pelo governo brasileiro, mas por uma pressão externa, com a Abolição da Escravatura dos EUA em 1865, apenas o Brasil e Cuba mantinham a exploração do trabalho escravo nas Américas. Desta forma, os governantes brasileiros começaram a sentir constrangimento por ainda manter a escravidão, a partir desse pensamento, elaborada leis que concediam tímida e gradativamente a extinção da escravidão. Conforme Fraga Filho (2016), primeiro foi a Lei do ventre livre em 1871, onde os filhos das escravas nasceriam livres e poderiam viver com suas mães até aos 8 anos e após essa idade receberam indenização de 600 mil para que eles pudessem começar uma vida fora do cativeiro. Em 1885, a Lei dos sexagenários, dava liberdade aos escravos após os 60 anos de idade, eles poderiam manter no cativeiro, porém não teriam as mesmas obrigações que os demais.
De acordo com Fraga Filho (2016), os 349 anos de escravidão foram anos de abusos, humilhações, torturas e tratamentos desumanos. No ano de 1888, com a Lei Áurea, os negros foram “libertados” da escravidão, mas não tinham para onde ir e nem como sobreviver, pois, foram anos submetidos àquela condição de vida. O governo não estruturou uma política de assistência e inclusão social para essas pessoas, como moradia, trabalho e saúde, que são direitos primários de sobrevivência, por isso, muitos negros ainda ficaram nos cativeiros pela moradia e alimentação. Segundo Fraga Filho (2016. Pg. 185), os abolicionistas criaram propostas nas quais os negros pudessem ter uma condição sustentável de vida após a escravidão, já que entendiam que o país também era dos negros, devido ao fato que eles construíram grande parte da cultura e estrutura do Brasil. Nomes reconhecidos como Luiz Gama associou o fim da escravidão com a luta pela igualdade racial, educação formal e cidadania negra.
Além da ampliação de oportunidades econômicas para negros e mulatos, alguns abolicionistas defendiam reforma agrária e educação pública para todas as classes sociais. André Rebouças pregava mudanças na legislação que permitissem aos ex-escravos acesso a terra. Era o que ele chamava de “democracia rural”, uma espécie de reforma agrária que deveria promover a inclusão social dos ex-escravos. Para Rebouças a luta contra a escravidão não podia ser desligada da luta pela cidadania dos ex-escravos e dos seus descendentes. (FRAGA FILHO, 2016. Pg. 185) 
No entanto, na mesma época da abolição da escravatura, houve por parte do Estado um incentivo à imigração europeia e asiática para o Brasil. De acordo com o Fraga Filho (2016), a partir do final do século XIX esses imigrantes começaram a chegar, porém, o tratamento que eles recebiam era totalmente diferente do que os negros recebiam, porque eles eram convidados a morar no país com o atrativo de ganhar terras, bons status sociais e em troca ajudar no branqueamento da população, pois era estipulado que não só a escravidão, mas também os escravos eram empecilhos ao desenvolvimento do país.
Conforme Albuquerque (2016), na mesma época, as questões raciais não poderiam ficar de fora do grande crescimento da ciência, quando foi elaborada a “ciência racial” e quatro argumentos para sustentar a segregação racial. O primeiro, que havia raças diferentes entre os homens; segundo, que a “raça branca” era superior à “raça negra”, ou seja, os brancos eram biologicamentemais inclinados à civilização do que os negros; terceiro, que havia relação entre raça, características físicas, valores morais e comportamentos; e, ainda que as raças estivessem em constante evolução, portanto era possível que uma sociedade pudesse ir de um estágio menos desenvolvido para outro mais adiantado, sob certas condições. Após a construção dessas teorias, os governantes brasileiros viram como forma de melhorar a raça brasileira a vinda dos imigrantes europeus, para que a médio ou longo prazo, a maioria da população brasileira fosse branca ou o mais próximo da pele clara. 
Desta forma, o racismo foi instaurado de forma sólida na sociedade brasileira, de forma a desqualificar a cultura negra na nossa sociedade, invalidar os próprios negros e desta forma camuflar a história deles.
Após analisar o contexto histórico dos negros no Brasil, não se pode deixar de perceber que o racismo vivenciado hoje está ligado diretamente a falta de estrutura para a inserção dos negros no país após a abolição e a discriminação que foi gerado em vários âmbitos, como na fala, comportamentos, locais de moradias e entre outros aspectos. Conforme tratado por Almeida (2018), o racismo foi inserido na base da sociedade brasileira e hoje se observa seus reflexos de forma mais lúcida e uma parcela da sociedade busca amenizar o impacto causado na vida dos negros.
2.2 Constituição do racismo estrutural 
De acordo com Almeida (2018), no início do século XIX e as evoluções da ciência, começaram a investigar as diferenças das raças e começaram a se fortalecer as ideias racistas utilizando como apoio os conceitos científicos. Desta forma não se pode deixar de falar sobre raça, antes de falar sobre o racismo que é o fortalecimento da divisão racial, sustentando a supremacia branca. Segundo Almeida (2016), até o século 18, não havia um significado preciso do termo raça, só após a ascensão do Iluminismo e dos conceitos científicos, que a palavra raça teve a definição que está no dicionário. Houve uma separação de povos a partir da seleção por raças, onde uma tem privilégios e outras são tratadas com pré-julgamento.
As teorias raciais foram inventadas no século XIX na Europa e nos Estados Unidos para explicar as origens e características de grupos humanos. Essas teorias tiveram grande aceitação no Brasil entre 1870 e 1930. Elas tinham por base argumentos biológicos, convincentes na época, que relacionam as características físicas dos indivíduos à capacidade intelectual. Logo essas explicações foram ampliadas para povos inteiros. Desse modo, a humanidade passou a ser classificada a partir de estágios civilizatórios: as nações europeias eram o modelo de sociedades mais adiantadas, e os povos africanos e indígenas eram tidos como os mais atrasados e “bárbaros”. (FILHO, 2006. p, 204-205)
O autor explica que o conceito de raça não é estático, mas dependente das vigentes relações dos grupos sociais.
De acordo com Lino (2013), com a interpretação do Movimento Negro e de vários estudiosos do campo das relações raciais no Brasil, raça passou a ser entendida como uma construção social e histórica. Atualmente ela é compreendida também no seu sentido político como uma ressignificação do termo construída na luta política pela superação do racismo na sociedade brasileira. Nesse sentido, refere-se ao reconhecimento de uma diferença que nos remete a uma ancestralidade negra e africana e que evidencia o caráter de classificação social construída nas relações sociais, culturais e políticas brasileiras.
Em relação ao racismo, Almeida (2018) o retrata como algo estrutural da nossa sociedade, pois ele vem da construção do país de forma visceral. Racismo está ligado diretamente a poder, o que gera os conflitos, que tem como forçar o sistema de desigualdade social, e que se sustenta nas bases do país, e que se reproduz pelos aparelhos ideológicos do Estado como a economia, política, religião e educação. Exemplo é a sobreposição dos brancos nos meios midiáticos, pois isso gera um conforto para a supremacia branca, que demonstra seu poder sobre os meios negros. Para o autor, não existe outro tipo de racismo além do estrutural, que é um processo histórico e político. O racismo institucional, que se dá na dinâmica das instituições, é uma manifestação parcial do racismo estrutural. O conceito institucional retrata sobre a forma que as organizações disseminam e fortalecem o racismo. Quando uma empresa, órgão público ou educacional sustenta um padrão como ideal e nele é o ponto focal o padrão branco, é a forma mais visível na sociedade, ele sustenta uma depreciar os que não se encaixam nesse padrão. 
No caso do racismo institucional, o domínio se dá com o estabelecimento de parâmetro discriminatório baseados na raça, que servem para manter a hegemonia do grupo racial no poder. Isso faz com que a cultura, as aparências e as práticas de poder de um determinado grupo tornem-se horizonte civilizatório do conjunto da sociedade. Assim, o domínio de homens brancos em instituições públicas - por exemplo, o legislativo, o judiciário, o ministério público, reitorias das universidades públicas e etc. - e instituições privadas - por exemplo, diretorias de empresas - depende, em primeiro lugar, da existência de regras e padrões que direta ou indiretamente dificultem a ascensão de negros e ou/mulheres, e, em segundos lugares, da inexistência de espaços em que se discuta a desigualdade racial e de gênero, naturalizando, assim, o domínio do grupo formado por homens brancos. (ALMEIDA. 2018, p. 31)
Da mesma forma, o racismo individual é uma expressão do racismo estrutural, no sentido de que, em uma sociedade racista, cada pessoa nutre o racismo de forma discreta e subjetiva, através de gestos, pensamentos, atitudes e falas. As pessoas tentam mascarar o racismo, usando várias justificativas para atos que são discriminatórios e fortalecendo uma sobreposição da cultura branca na sociedade. 
De acordo com Almeida (2018). O conceito estrutural é o alicerce dos outros dois pontos citados anteriormente, pois, nesta perspectiva o racismo é tratado como estando ligado à construção do país e em cima do que ele foi construído. Para tratar desse ponto, devemos retornar ao princípio histórico, porque o racismo estrutural não está apenas nas ações individuais ou institucionais, mas na estrutura social na qual o país foi constituído. Conforme Lino (2013) trata no seu artigo, o Movimento Negro, que alcança grande força no final do século XX e início do XXI, traz estudos sobre as formas de reprodução do racismo na sociedade e uma dessas formas é nas palavras que usamos no dia a dia, exemplo é a palavra mulata, que é comumente usada para se referir a uma mulher parda, porém, a etimologia do termo está ligada ao tratamento que se dá as mulas, que no caso é um cruzamento do asno macho com uma égua. Essa referência se deu às filhas das mulheres negras que se deitavam com homens brancos e geraram filhas pardas, as chamadas mulatas. Essas nuancem devem ser analisadas criticamente com um olhar mais criterioso e com clareza dos seus significados, pois reforçar as práticas do racismo é reforçar a dor no negro.
O racismo estrutural é velado na sociedade, não é igual ao racismo institucional, aquele que você percebe em todas as ações racistas, mas nas que estão implícitas na sociedade, a grade exemplo dessa imposição, é a ocupação de negros e pardos em cargos de chefias, são de apenas 10% de acordo com IBGE (2017). Quando se fala sobre, não está falando dos atos equivocados, mas do funcionamento “normal” da economia, da política, da educação e da religião.
É preciso pensar em todo o processo histórico que aconteceu no Brasil. O racismo foi muito forte e mesmo após a abolição da escravatura, e principalmente no início do século passado, as teorias racistas foram muito fortes no Brasil e excluíram o negro de qualquer possibilidade de ascensão social. Houve, até agora, pouco tempo para a legislação de cotas poderem incluir essa população. Eu mesmo, quando fiz graduação em Filosofia, na década de1980, quase não tive colegas negros na Universidade. E assim também foi no mestrado e no doutorado. As cotas ajudaram há melhorar um pouco esse cenário. Isso era impossível alguns anos atrás, mas ainda é um índice baixíssimo (Lino, 2017, p.17). 
De acordo com IBGE em 2018, pública os dados e os gráficos da desigualdade salarial, econômica, educacional e de contribuição do INSS, considerando negros, pardos e brancos, as diferenças são discrepantes, onde as porcentagens são visíveis em diversos pontos da sociedade. No entanto, existe uma construção histórica que tornou possíveis esses dados, não se pode apenas analisar os dados com um olhar meritocrata, tem que se observar todo um contexto no qual se passaram 131 anos do fim da escravatura, mas a exclusão social dos negros se mantém viva na sociedade, como componente de super exploração econômica contido nas relações raciais, isto é a forma que o racismo apresenta na forma econômica no país.
Conforme Almeida (2018), o racismo estrutural é algo que tem raízes profundas no país, decorrência da estrutura da sociedade que normaliza e concebe como verdade padrões e regras baseadas em princípios discriminatórios de raça. E para ser analisando o fato de forma macro, analisando o contexto histórico, politico e social temos que partir do pressuposto que o racismo é algo vive e presente no dia a dia e está em todos os lugares, desde uma palavra até os altos índices de negros que são mortos anualmente. Deve-se ter essa consciência desde os mínimos detalhes até aos grandes fatos e não desconsiderar nenhum, a superação do racismo exige considerá-lo como elemento estrutural dos processos de dominação para a constituição de modos alternativos na organização de uma sociedade, só assim poderemos ter mudanças de impacto social de forma geral.
2.3 Os impactos do racismo estrutural na Educação
Quando trata sobre o racismo no contexto escolar, não podemos deixar de analisar sobre o fracasso escolar do aluno negro, preconceito, violência e da discriminação que os alunos negros estão expostos diariamente. De acordo com Munanga (2005), esses fatores influenciam diretamente no desinteresse pelo espaço escolar e todo o contexto que abrange esse local, o que ocasiona no fracasso ou até mesmo à evasão escolar. Compreendemos que o racismo refletido na escola entre os alunos, professores e todo o corpo da escola, é consequência de toda uma história pregressa já analisada e compreendida sobre a falta de estrutura na educação para tratar do mito da democracia racial em sala de aula de uma forma equânime e objetiva.
Ao analisar o contexto do que é o racismo estrutural e suas ramificações na sociedade, destacamos os lugares na sociedade onde ele se reproduz nos aparelhos ideológicos institucionais, como religião, economia, política e educação. De acordo com Almeida (2018), a educação é o local onde a reprodução do racismo é mais presente, ele ainda enfatiza que se não fosse pela a educação, essa reprodução não seria tão presente atualmente na nossa sociedade. 
A distribuição dos níveis de escolaridade, de acordo com a cor dos brasileiros, demonstra, inicialmente, que, no campo da educação não existem diferenças significativas entre “pardos” e “pretos” que justifiquem o tratamento analítico desagregado nessas duas classificações. (...) o universo do conjunto total da população negra representa, na dimensão educacional, de forma adequada, os respectivos universos particulares das populações parda e preta. (LINO, 2013.p.35) 
Segundo Lino (2013), a discussão sobre o racismo na educação teve no início dos anos 80 contou com o avanço dos movimentos negros da época. Após analisar os meios ideológicos que culminaram na propagação do racismo na sociedade, um dos meios mais observados foi à educação, porque é o segundo local onde se inicia a formação do ser humano e criar seus valores. Através dessa compreensão, os Movimentos Negros começaram a indagar os pontos onde a educação reforça o racismo: desde os livros didáticos, a falta de representatividade negra nos espaços docentes e a interação dos alunos negros e brancos.
O racismo nas instituições de ensino tem sido tratado com uma questão apenas moral, na qual quando alguém expressa sua opinião ou ato racista pode vir a receber alguma punição, porém sem uma análise de todo o contexto que aquele ato tem antes de ser expresso. Mas o racismo não é só uma questão moral, é uma questão política, histórica e ideológica. De acordo com o Almeida (2018), o problema de um país não está somente da educação, ele está na desigualdade, o que acontece na educação é o reflexo de uma opressão social e histórica. 
Conforme Almeida (2018), o racismo vai além dos atos de discriminação entre indivíduos, está mais ligado aos insights, um desses pontos é quando o professor é negro e a sua voz é silenciada nos meios educacionais, ou diante do espanto dos pais de alunos ao chegar à escola e conhecer o professor do seu filho e ver que é uma pessoa negra, porque não vem à cabeça dessas pessoas que o negro possa ocupar uma posição de formador. 
A partir da análise de Almeida (2018), a educação está muito distante de ser um modelo emancipador, sendo que ela um dos modelos ideológicos do estado com uma força de levante ou perpetuação do racismo. A colocação que o autor sobre ser necessária uma educação racista para reproduzir de forma subjetiva o racismo. Traz é de grande propriedade ao dizer que a educação é uma fonte muito eficaz na reprodução dos preconceitos gerados pelo racismo, quando se analisa a fundo os comportamentos educacionais, pedagógicos e os materiais ofertados nas escolas, pode ter essa compreensão através do olhar critico.
Munanga (2005), fala sobre as características da educação racista e de seus impactos na vida social dos alunos negros. Essa percepção é algo que gera uma comoção e um despertar para vários detalhes cruciais sobre os mecanismos educacionais, como materiais didáticos, o número de professores negros nas escolas, a forma que é tratada a história dos negros e a ênfase no período da escravidão e entre outros pontos oriundos do racismo estrutural que se apresenta na educação.
Partindo da tomada de consciência dessa realidade, sabemos que nossos instrumentos de trabalho na escola e na sala de aula, isto é, os livros e outros materiais didáticos visuais e audiovisuais carregam os mesmos conteúdos viciados, depreciativos e preconceituosos em relação aos povos e culturas não oriundos do mundo ocidental. Os mesmos preconceitos permeiam também o cotidiano das relações sociais de alunos entre si e de alunos com professores no espaço escolar. No entanto, alguns professores, por falta de preparo ou por preconceitos neles introjetados, não sabem lançar mão das situações flagrantes de discriminação no espaço escolar e na sala como momento pedagógico privilegiado para discutir a diversidade e conscientizar seus alunos sobre a importância e a riqueza que ela traz à nossa cultura e à nossa identidade nacional. Na maioria dos casos, praticam a política de avestruz ou sentem pena dos “coitadinhos”, em vez de uma atitude responsável que consistiria, por um lado, em mostrar que a diversidade não constitui um fator de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos, mas sim, ao contrário, um fator de complementaridade e de enriquecimento da humanidade em geral; e por outro lado, em ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferença, sobretudo quando esta foi negativamente introjetada em detrimento de sua própria natureza humana. (MUNANGA, 2005, p.17)
Ao analisar os dados apresentados por Munanga (2005), ele aponta a grande desvantagem apresentada por alunos negros, devido a grande perseguição sofrida no contexto educacional. Sempre que ocorre uma confusão dentro da escola, a maior parte das vezes o aluno negro é apontado como autor, levando em consideração a visão que a sociedade tem sobre o negro. 
Sendo assim, é papel dos profissionais da educação e da sociedade como todo trabalhar a consciência,ética e cultural, possibilitando ao aluno o desenvolvimento da capacidade de estabelecer valores, empatia quando se trata de assunto com esse contexto, pois existem marcas palpáveis das consequências do racismo no meio educacional. 
2.4 As práticas pedagógicas para uma educação antirracista 
A educação é um grande percurso no processo de mudança do mundo, a partir dessa premissa, Silvio de Almeida (2018), trata sobre o papel da educação como um veículo de impulsão do racismo na sociedade, acentuando ainda que a educação é o meio mais forte de reprodução do racismo.
Nessa concepção, analisar as práticas antirracistas nesse cenário é algo muito relevante, por isso, após examinar todo o contexto histórico dos negros no Brasil e a estruturação do racismo estrutural, avaliar a participação do Movimento Negro na atuação do cenário no século XX e XXI.
Nilma Lino (2013), fala sobre o Movimento Negro em vários âmbitos da sociedade, para que fosse levada em pauta a discrepância da desigualdade que acontece com os negros e o impacto do racismo estrutural na vivência, como as defasagens na economia, política, educação e representação de espaços sociais.
O Movimento Negro reivindica que a questão racial deveria ser compreendida como uma forma de opressão e exploração estruturante das relações sociais e econômicas brasileiras, acirrada pelo capitalismo e pela desigualdade social. Essa postura traz tensões no interior dos grupos reivindicativos dos anos 80 e 90. (LINO, 2013. P.3)
Nada simboliza melhor a ascensão do Movimento Negro do que Lei 10.639/03, que determina a obrigatoriedades do ensino da História e da Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas do país. Essa lei foi uma das precursoras de transformação na visão educacional, visando enxergar os negros como parte da história do país para além do período escravocrata. Quando se trata da lei, ela não é apenas um mecanismo de reforçar mais uma vez os estereótipos raciais, mas de trazer para as crianças, adolescentes e jovens um olhar mais crítico quanto à história do negro no país e em seu país de origem, além de eliminar o estranhamento e a separação racial no meio escolar.
A Lei 10.639/03 e suas diretrizes precisam ser compreendidas dentro do complexo campo das relações raciais brasileiras sobre o qual incidem. Isso significa ir além da adoção de programas e projetos específicos voltados para a diversidade étnico-racial realizados de forma aleatória e descontínua. Implica a inserção da questão racial nas metas educacionais do país, no Plano Nacional da Educação, nos planos estaduais e municipais, na gestão da escola e nas práticas pedagógicas e curriculares de forma mais contundente. (LINO, 2013, p.12)
Conforme Lino (2013), com a Lei 10.639/03, houve abertura para novas discussões sobre a desigualdade no meio educacional, racismo estrutural na escola e políticas de reparação. Novas práticas antirracistas foram tomando forma, como discussões sobre a Lei e como implementar de forma correta nas aulas e na dinâmica das escolas, a formação continuada dos professores sobre desigualdade racial, produção de materiais sobre história do negro e outros temas que tem a mesma abordagem, representatividade em sala de aula com professores negros ganhando espaço e lugar de fala e entre outros pontos. 
Lino (2013), traz em seu artigo práticas que abrangeram após a ascensão da Lei, como Alfabetização e Diversidade (Secad) no desenvolvimento de vários programas e ações voltados para a implementação da Lei 10.639/03, os quais se configuram como processos de gestão, cursos de formação continuada, distribuição de material paradidático e pesquisas tais como: o Programa Diversidade na Universidade (2002 a 2007), a criação da Coordenação Geral de Diversidade e Inclusão Educacional (2004), os Fóruns Estaduais e Fóruns Permanentes de Educação e Diversidade Étnico- Racial, a Comissão Técnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados à Educação dos Afro-brasileiros – Cadara (a partir de 2005), a distribuição do Kit didático-pedagógico “A Cor da Cultura” para secretarias de educação e Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (2005), o Programa de Ações Afirmativas para População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior- Uniafro (2005 a 2008), o Curso Educação e Africanidades (2006), a Oficina Cartográfica sobre Geografia Afrobrasileira e Africana (2005), o Projeto Educadores pela Diversidade (2004/2005), o Curso Educação e Relações Étnico-Raciais (2005), a Pesquisa Nacional Diversidade nas Escolas (2006 a 2009), a Pesquisa Nacional Práticas Pedagógicas de Trabalho com Relações Étnico-Raciais na Escola na Perspectiva da Lei 10.639/03 (2009), a participação na elaboração do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileiras e Africana – Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2009), dentre outros. No caso das secretarias estaduais e municipais de educação sabe-se que várias delas têm implementado ações de formação voltadas para a temática racial, tais como: cursos, seminários, organização de coordenações ou equipes pedagógicas específicas para cuidar do processo de implementação da Lei, elaboração junto aos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação de diretrizes curriculares estaduais e municipais para implementação da Lei 10.639/03, entre outros projetos que estão de forma disseminadas pelo país. 
É importante reconhecer que a Lei 10.639/03 e suas diretrizes representam a implementação de ações afirmativas voltadas para a população negra brasileira, as quais são (e devem!) ser desenvolvidas juntamente com as políticas públicas de caráter universal. Trata-se de uma demanda política do Movimento Negro atualmente e de outros movimentos sociais partícipes da luta antirracista na construção da democracia. Uma democracia que assuma o direito à diversidade como parte constitutiva dos direitos sociais e assim equacione de forma mais sistemática a diversidade étnico-racial, a igualdade e a equidade (LINO, 2013, p. 17).
As práticas para uma educação antirracista têm expandido para vários espaços. Um dos projetos conhecidos é o EducaAfro, que tem como intuito auxiliar jovens negros a inserir no ensino médio técnico ou em cursos de graduação. Ele tem um viés que vai além do ensinar as matérias ao aluno, mas emancipar, ensinar o lugar de falar e apropriar da sua história. O material didático é preparado para dar suporte nas questões acadêmicas e discussões pautadas sobre empoderamento, conhecimento da sua raça, histórias sobre o povo negro e auxiliar no pensamento crítico. Uma forma de educar os alunos com embasamentos teóricos críticos e emancipador, gerando uma nova geração de acadêmicos e possivelmente de pessoas negras mais empoderadas dos seus traços históricos. Algo que influenciará na transformação da sociedade como um todo.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS E ANÁLISE DE DADOS
Como já apresentado, a pesquisa qualitativa realizada é de cunho descritivo com análise bibliográfica e documental. Por melhor se adaptar ao objeto de estudo em questão, cuja perspectiva é abordar as práticas pedagógicas que têm objetivos de amenizar a intensidade do racismo estrutural no meio educacional. Assim, a partir da leitura de artigos científicos, livros e material didático, busco compreender formas que estão sendo colocadas em práticas pedagógicas antirracistas que possam mudar o cenário atual da educação.
3.1 Análises do material bibliográfico 
Os textos utilizados na monografia têm como cunho a análise dos dados sobre a história dos negros no Brasil e o quanto a exploração e do racismo estrutural fez com que as marcas fossem evidentes na atualidade. 
O artigo de Walter Fraga Filho (2006) trata sobre a história a partir do momento que o negro foi capturado na África até o início do século XX, onde relata os abusos sofridos no período da escravidão e após a abolição, toda a dificuldade enfrentada para a sobrevivência no país e as limitações que era imposta. Relata sobre o“nascimento” do racismo no país, da discriminação racial que os negros sofreram com a chegada dos imigrantes Europeus, a luta constante de afirmação do negro no Brasil e as consequências que toda essa história pregressa traz para a atualidade.
No segundo tópico de seu livro, Silvio de Almeida (2018) aborda que é o racismo estrutural e as suas ramificações na sociedade, como a apresentação nas instituições, poder público, economia e na sociedade como um todo.
A forma que o racismo estrutural massacra a vida da pessoa negra, onde ela tem toda a carga histórica, onde o negro não tem escolha sobre a forma que irá conduzir a sua vivência na sociedade de forma equânime e justa. Os julgamentos que eles sofrem a partir da cor, traços, jeitos e local de moradia, mesmo que de forma oculta, ele está presente no dia a dia da sociedade. O racismo está consolidado na raiz e as mudanças são a passos letos, pois é necessário que para haver a transformação, é preciso enxergar o racismo de forma estrutural e não apenas de forma moral.
O racismo está presente em todos os aparelhos ideológicos do Estado, incluindo a educação, como alicerce de reprodução visceral. Munanga (2005) relata em seu livro “Superando O Racismo na Escola”, as formas que o racismo apresenta no meio educacional, através do material didático, da postura dos professores em sala de aula, relacionamento entre alunos brancos e negros, perseguições quando se trata de desordem no ambiente escolar, onde os negros são os primeiros a serem apontados como culpados em diversas situações, a falta de docentes negros e de sua representatividade no poder. Os assuntos são tratados em tópicos e bem analisados com fundamentos e dados qualitativos, tem como o objetivo fazer o leitor entender de forma geral como o racismo estrutural está presente em diversos momentos e não só no racismo violento, no qual é explicito e jugado moralmente pela sociedade.
Após a analisar o contexto histórico e a apresentação do racismo nos ambientes escolares, o artigo da Nilma Lino (2013) nos traz uma perspectiva das atuais mudanças nesse cenário educacional, através das políticas pedagógicas antirracistas e a força que a Lei 10.639/05 teve no âmbito geral. Essas práticas não englobam apenas os materiais didáticos, mas a visão do próprio aluno como uma pessoa de lugar na sociedade e reconhecimento, auxilia na representatividade e empoderamento dos negros na educação e reflete na sociedade. 
Ao tratar sobre as práticas pedagógicas, interessa-nos abordar o projeto EducaAfro, que tem o cunho de auxiliar jovens e adultos a se inserir no curso técnico ou na graduação. Porém, o projeto, além dessa premissa didática, busca empoderar os jovens que estão nos cursos a enxergar o seu lugar de fala na sociedade, a se apropriar da sua cultura de forma positiva e empática. O material didático oferecido pelo projeto é planejado em cima dos temas históricos e sociais que o aluno negro vivencia, pois assim ele terá o reconhecimento sobre sua história e seu lugar social.
3.2 As práticas pedagógicas antirracistas 
Tendo em vista a análise dos temas abordados, o artigo da Nilma Lino retrata a importância do Movimento Negro para a mudança do cenário social e educacional. Com a Lei 10.639/03, houve uma abertura para a discussão sobre a temática do negro no ambiente escolar, gerando pensamentos em vários locais na educação, desde o material didático ofertado até a formação continuada do professor, observar essas nuance na atualidade gera uma esperança de transformação. 
3.2.1 PROJETO EDUCAFRO
A Educafro é o projeto elaborado e pela FAecidh (Francisco de Assis: Educação, Cidadania, Inclusão e Direitos Humanos), é uma associação sem fins lucrativos, tem como a missão de promover a inclusão da população negra (em especial) e pobre (em geral), nas universidades públicas e particulares com bolsa de estudos, através do serviço de seus voluntários/as nos núcleos de pré-vestibular comunitários e setores da sua Sede Nacional que fica localizada em São Paul e em vários estados, em forma de mutirão.
No conjunto de suas atividades, a Educafro luta para que o Estado cumpra suas obrigações, através de políticas públicas e ações afirmativas na educação, voltadas para negros e pobres, promoção da diversidade étnica no mercado de trabalho, defesa dos direitos humanos, combate ao racismo e a todas as formas de discriminação.
Objetivo geral é reunir pessoas voluntárias, solidárias e beneficiárias desta causa, que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres em geral, nas universidades públicas, prioritariamente, ou em uma universidade particular com bolsa de estudos, com a finalidade de possibilitar empoderamento e mobilidade social para população pobre e afro-brasileira.
São objetivos específicos da Educafro que contribuem para o cumprimento de sua missão: organizar e provocar o surgimento de núcleos de pré-vestibular (novos núcleos) nas periferias de todo Brasil; proporcionar surgimento de novas lideranças e cidadãos conscientes nas comunidades e nas universidades; formação cidadã e acadêmica através das aulas de professores voluntários nos cursinhos comunitários, como também: Apresentar propostas de políticas públicas e ações afirmativas aos poderes executivos, legislativo e judiciário; Difundir princípios e valores que contribuam para a radical transformação social do Brasil e Américas, com fundamento no ideário cristão e franciscano; Despertar nas pessoas a responsabilidade e autonomia na superação de dificuldades as tornando protagonistas de suas histórias; Valorizar radicalmente, a organização de grupos sociais e populares como instrumento de transformação social e pressão junto ao Estado.
3.2.2 Material didático do projeto Educafro
O material didático tem como cunho empoderamento, ampliar o campo de visão e trazer senso critico aos alunos, abordando temas que sejam da vivencia deles de forma que se identifique com o conteúdo e busquem compreender. 
O material utilizado para a analise foi publicado em 2019, contém 127 páginas e os conteúdos abordados na apostila busca mostrar a realidade social através de textos, imagens e dados que fazem parte de todo o contexto que os alunos estão inseridos. Ele é elaborado em módulos e sub módulos, nessa edição os temas foram: 
Memorial para Marielle Franco – Manifesto antirracista e antifascista
Módulo I: EDUCAFRO MINAS – EDUCAR PARA TRANSGREDIR
a) Educafro Minas: moviment-ação por educação popular
b) Educação como pratica para a liberdade 
c) “Escola sem partido”: Do que eles têm medo?
Roda de conversa: Cotas Raciais/Sociais nas Universidades 
Módulo II: O QUE É O RACISMO ESTRUTURAL?
a) Raça e racismo: Termos e conceitos
b) “Entre os brancos não sou branco; entre os negros não sou negro, quem eu sou?”
c) Racismo, politica e economia.
Roda de conversa: Privilégios 
Módulo III: O QUE É LUGAR DE FALA
a) O que é lugar de fala?
b) O macho, o homem e as masculinidades.
c) A mulher negra, as mulheridades e os feminismos. 
Roda de conversa: Feminismo em comum para todas, todes e todos.
Módulo IV: Capítulo 4, versículo 3 
a) Genocídio da população negra 
b) Encarceramento em massa, a punição seletiva e os corpos negros
c) Periferia em Rede
Roda de conversa: A cultura do rap e do funk
Módulo V: O QUE É INTERSECCIONALIDADE?
a) O que é interseccionalidade? 
b) Quem pode falar: Descolonização o pensamento e o conhecimento
c) Transfeminismo
Roda de conversa: Cultura LGBTQI+
Módulo VI: WAKANDA
a) O que é empoderamento?
b) Estética e afetividade
c) Bichas pretas 
d) Afrofuturismo
Cine debate: Filme “Pantera Negra”
EPÍLOGO – História pra ninar gente grande
Na apostila, cada tema é trabalhado de forma individual e busca trazer o conteúdo embasado nos temas apresentados. 
No módulo I é tratado sobre a liberdade, emancipação do povo negro e os ideais para que isso possa ocorrer de forma gradativa. Os três temas aborda nele trazem o que é a liberdade almejada a partir da educação, pois não é apenas uma ideologia, mas sim meios de alcançar essa emancipação e evolução. Traz um tema superimportantepara conhecimento que é a Escola sem Partido, pois é uma projeto de leia que está sendo implementado nos estados e muitos não sabem direito do que se trata e o que isso implica na forma que a educação poderá dar continuidade aos projetos pedagógicos. No trecho da apostila “Com a aprovação desta Lei, ou com avanço de suas ideias, discutir o racismo ou gênero em sala de aula pode se tornar impraticável”, o que o autor quer colocar em pauta é o fato que haverá um congelamento de discussões em sala de aula devido a uma pressão do Estado dizendo que isso é algo errado e que tem cunho voltado para partidarismo, sem entender que são pautas que discorrem totalmente fora de qualquer viés ideológico, pois tem relação direta com a evolução do ser humano como pessoa.
Acreditamos em uma educação que é revolucionaria, libertaria e emancipadora, que não reproduz sistemas de opressão, como racismo, machismo, patriarcado, LGBTfobia, elitismo e classismo, que funcione como ferramenta de conscientização crítica, de modo que reflita nossa alegria diante da diversidade cultural, nossa paixão pela justiça social e nosso amor pela liberdade. (Educafro, 2019, p.12)
No módulo II, ela traz o tema muito importante sobre o que é o Racismo Estrutural, um tem que deve ser discutido em salas de aula, não apenas nos curso do Educafro, mas em todos os meios educacionais. Eles abordam textos de grandes escritores sobre o tema, como Silvio de Almeida, Nilma Lino Gomes Kabengele Munanga. Para que essa discussão possa ter um conhecimento mais fomentado, os autores primeiros explicam os termos nos quais são impostos a esse tema, como o que é raça, os conceitos, os preconceitos, racismo e discriminação e o que é o racismo estrutural e porque ele tem o impacto tão vivo na sociedade. 
O racismo é decorrência da própria estrutura social, ou seja, do modo “normal” com que se constituem as relações politicas, econômicas e jurídicas e até familiares, não sendo uma patologia social e nem desarranjo institucional. Comportamentos individuais e processos institucionais são derivados de uma sociedade cujo racismo é regra e não exceção. (ALMEIDA, 2018, p.38, apud EDUCAFRO, 2019, p.31)
Modulo III aborda o tema Lugar de Fala e isso implica diretamente ao tema anterior, pois só pode reconhecer seu lugar de fala a partir do reconhecimento do que é o racismo estrutural e o silenciamento do povo negro. Esse módulo aborda todos os locais de fala, desde o homem cisgenero heterossexual, mulheres cisgenero heterossexual, homens e mulheres transgênero. Pois, todos os grupos têm o seu direito a fala e expressão, meios de expor a sua luta e propriedade no que está tratando de forma apoderada. 
Módulo IV traz uma reflexão sobre o genocídio negro, encarceramento em massa a criminalização da musica negra, no caso o funk e o rap. Pois, existe uma correlação entre os fatos desse módulo, o preconceito que envolve todos os temas e o que isso pode refletir quanto ao individuo no meio social. 
A música dos Racionais capitulo 4 versículo 3 retrata o que esse tema quer dizer em rimas “ 60% dos jovens de periferia sem antecedentes criminais já sofreram violência policial. A cada 4 pessoas mortas pela policia, 3 são negras. Nas universidades brasileiras apenas 2% dos alunos são negro. A cada 4 horas, um jovem negro morre violentamente em São Paulo. Aqui quem fala é Primo Preto, mais um sobrevivente” 
Módulo V aborda o que é a interseccionalidade, que é uma forma de pensar fora do padrão binário de ser humano e trazer uma nova visão quanto às pessoas, principalmente as mulheres cis ou trans. Buscando entender qual o papel desse discurso dentro da academia e do Movimento Negro, porque a uma grande lacuna sobre a proteção dessas mulheres devido ao racismo estrutural que foi imposto a elas. 
Módulo VI traz o termo Wakanda que tem um grande valor na cultura negra, sobre empoderamento, reconhecimento como pessoa negra e sua força na luta. No texto sobre empoderamento fala sobre o auto reconhecimento como pessoas negras:
Definimos empoderamento como processo dinâmico que envolve aspectos cognitivos, afetivos e de conduta. Significa aumento do poder, da autonomia pessoal e coletiva de indivíduos e grupos sociais nas relações interpessoais e institucionais principalmente daqueles submetidos às relações de opressão, discriminação e dominação social. (EDUCAFRO, 2019)
Esses foram os temas abordados na apostila do Educafro 2019, a cada ano os temas mudam conforme a necessidade de ser trabalhadas novas abordagens pertinentes ao estado atual da sociedade. O material é rico em bibliografia, conteúdo e meios de passar os conhecimentos necessários aos jovens estudantes. Este meio de praticas pedagógicas como meio libertário é um pequeno passo para um processo de mudanças que deveram ocorrer no decorrer dos anos, pois mudando o pensamento da geração hoje, isso ira refletir no amanha.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendendo que a educação tem um papel importante na mudança do cenário social na qual está como alicerce da sociedade, portanto cabe a todos os sujeitos participantes da sociedade lutar pela justiça social, uma educação emancipadora e pelos direitos igualitários. Para tanto, são necessárias políticas voltadas ao investimento em formação continuada com enfoque nas causas da negritude, materiais didáticos com consciência de igualdade racial e sem vitimização do povo negro na qual eles são colocados como inferiores.
De acordo com Lino (2013), há práticas já incluídas na educação que visam combater o racismo, como a Lei 10.639/03, Programa Diversidade na Universidade (2002 a 2007), a criação da Coordenação Geral de Diversidade e Inclusão Educacional (2004), os Fóruns Estaduais e Fóruns Permanentes de Educação e Diversidade Étnicos- Raciais, a Comissão Técnica Nacional de Diversidade para Assuntos Relacionados à Educação dos Afro-brasileiros – Cadara (a partir de 2005), a distribuição do Kit didático-pedagógico “A Cor da Cultura” para secretarias de educação e Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros (2005), o Programa de Ações Afirmativas para População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior- Uniafro (2005 a 2008), o Curso Educação e Africanidades (2006), a Oficina Cartográfica sobre Geografia Afrobrasileira e Africana (2005), o Projeto Educador pela Diversidade (2004/2005), o Curso Educação e Relações Étnico-Raciais (2005), a Pesquisa Nacional Diversidade nas Escolas (2006 a 2009), a Pesquisa Nacional Práticas Pedagógicas de Trabalho com Relações Étnico-Raciais na Escola na Perspectiva da Lei 10.639/03 (2009), a participação na elaboração do Plano Nacional de Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afrobrasileira e Africana – Lei 10.639/2003 (BRASIL, 2009), dentre outros. No caso das secretarias estaduais e municipais de educação sabe-se que várias delas têm implementado ações de formação voltadas para a temática racial, tais como: cursos, seminários, organização de coordenações ou equipes pedagógicas específicas para cuidar do processo de implementação da Lei, elaboração junto aos Conselhos Estaduais e Municipais de Educação de diretrizes curriculares estaduais e municipais para implementação da Lei 10.639/03, entre outros projetos que estão de forma disseminadas pelo país. 
Após analisar os artigos, livros e o material didático, pôde-se compreender que para conquistar uma educação igualitária, buscando diminuir os impactos do racismo nas escolas, é necessário mudar a mentalidade da sociedade, a partir de discussões sobre o que é o racismo, como ele se apresenta nos aparelhos ideológicos e a sua influência na educação.
De acordo com Nilma Lino (2013), para que a mudança aconteça de forma mais viva, o primeiro passo a ser dado é o engajamento dos profissionais da educação na causa, trazendo a formação continuada, novas formas de aplicar a Lei 10.639/05 em sala de aula e fora da sala, como ensinar o respeito, empatia e igualdade. Trazer para dentro das salas de aula a representatividadenegra, onde tenha mais professores negros e trabalhar como usar o lugar para trazer a o reconhecimento do aluno no ambiente escolar. 
Próximo passo é a alteração dos materiais didáticos, onde os negros não estejam apenas na história da escravidão, contada apenas por brancos, mas falar sobre o negro antes e as lutas que eles têm vencido na sociedade, isso auxilia na compressão que a imposição do “coitadíssimo” é uma manobra para que eles se sintam humilhados e busquem aceitar esse lugar que é imposto para eles. Para que isso aconteça, os negros têm que ser inseridos nos materiais didáticos de forma ampla, seja nos desenhos dos livros da educação infantil, inserir as lutas e conquistas do povo negro nos livros do ensino fundamental e médio, práticas pedagógicas nas escolas onde trabalhe a cultura, raça e história de forma justa e verdadeira. 
Abordar nas escolas a discussão sobre os temas da negritude e apropriação do lugar de fala na qual eles estão inseridos, as diferenças entre brancos e negros, falar sobre poder, política e os aparelhos ideológicos que reforçam o racismo na sociedade e a falsa democracia racial que é empregada pelo Estado.
Com isso, para acontecer as mudanças necessárias, tem que haver uma continuidade na transformação do sistema educacional a partir das que já estão vigor e tem surgido repercussão e melhorias. 
Compreendemos, através desse estudo, os caminhos que podem ser tomados, além da mudança das práticas docente, sejam por meio de formação ou reformulação das políticas curriculares, através de um trabalho voltado a conscientização na sociedade por instituições externas à escola, políticas educacionais que visem à equiparação das injustiças historicamente realizadas.
Considerando, apesar dos limites, os profissionais da educação podem inserir práticas pedagógicas voltadas à superação do racismo, como a análise crítica de materiais didáticos, de discursos e a reflexão interdisciplinar sobre a diversidade cultural.
Conclui que para que as práticas antirracistas sejam aplicadas de forma consistente na sociedade, deve haver mudanças no Estado e em todo o sistema educacional.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Silvio. O que é o racismo estrutural? Belo Horizonte – MG. Letramento (2018). 
FILHO, Walter Fraga; ALBURQUERQUE, Wlamira R. de. Uma história do Negro no Brasil. Centro de Estudos Afro-Orientais; Brasília: Fundação Cultural Palmares, 2006. 320p.
Rede Educafro Minas – Material Didático da Disciplina de Negritude, Cultura e Cidadania. Belo Horizonte – MG, 2019.
GOMES, Nilma Lino. Diversidade étnico-racial, inclusão e equidade na educação brasileira: desafios, políticas e práticas. UFMG – MG. 2013.
KABENGELE, Munanga. Superando o Racismo na escola. 2ª edição revisada, organizador. – [Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005.
IBGE. Desigualdades Sociais por cor ou Raça no Brasil. AGÊNCIA DO IBGE. Brasília, 21 de Dez. de 2017. Disponível em:<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101681_informativo.pdf> Acesso em 10 de Dezembro de 2019.
PNAD Contínua 2017: número de jovens que não estudam nem trabalham ou se qualificam cresce 5,9% em um ano. AGENCIA DE NOTICIAS IBGE. 18 de Maio de 2018. Disponível em:<https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/21253-pnad-continua-2017-numero-de-jovens-que-nao-estudam-nem-trabalham-ou-se-qualificam-cresce-5-9-em-um-ano> Acesso em 20 de Junho de 2019.
8 ÍNDICES / ANEXOS 
Material do Educafro Minas

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