Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estadual do Oeste do Paraná Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas Curso de Engenharia Civil PROJETO TEMÁTICO: MOBILIDADE URBANA EM CASCAVEL/PR EDUARDO PFLUCK, EMILY ALMEIDA, GUSTAVO HENRIQUE PEDROSO, JULIA RONCAGLIO E LEOPOLDO SARTORI FILLUS Cascavel 2018 1 1 INTRODUÇÃO O projeto temático deste trabalho é a mobilidade urbana na cidade de Cascavel, situada no estado do Paraná. Tal tema é visto na área temática da engenharia e da área específica da engenharia civil, cuja subárea é a do transporte e das estradas. Baseando-se na bibliografia de Edward S. Neumann, Introdução à Engenharia Civil, o trabalho é apresentado em cinco etapas. Primeiramente avalia-se as necessidades e define-se o problema da mobilidade urbana, depois, são determinadas as metas que o projeto irá abordar. Na terceira etapa é feita a preposição de alternativas de solução para tal defasagem abordada na primeira etapa, sequentemente, define- se a solução final do projeto. Assim, na última etapa, apresenta-se o projeto propriamente dito. Vale ressaltar que Cascavel, atualmente, está em constantes mudanças relacionadas à mobilidade urbana por meio de investimentos do Programa de Desenvolvimento Integrado (PDI) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) com alterações no sistema viário, em que a principal ocorre na Avenida Brasil. A avenida teve sua caixa viária alterada, dedicando uma faixa exclusiva para o transporte coletivo, já seu canteiro central ganhou tal infraestrutura de novos pontos de ônibus e ainda ciclovias, mobiliário urbanos, quadras esportivas etc. No quesito de transporte público, o sistema foi remodelado com novos terminais urbanos para melhor redistribuir as concentrações das frotas de ônibus, reduzindo o tempo de espera e os trajetos fixos feitos pelos mesmos. 2 2 AVALIAÇÃO DAS NECESSIDADES E DEFINIÇÃO DO PROBLEMA Este capítulo apresenta uma síntese da ficha do projeto temático, com seis subtópicos, a definição do problema, razões pela elaboração do projeto, expectativas da implementação do projeto, entidades e legislação que influenciam no projeto, exigências técnicas e soluções tecnológicas e métodos para definir problemas. É realizado um estudo prévio sobre o tema a fim de entender quais são suas condições atuais para melhor abordá-lo. 2.1 Definição do Problema Mobilidade urbana constitui-se em um tema fundamental quando se discute desenvolvimento urbano e qualidade de vida da população. Refere-se à capacidade de deslocamento das pessoas dentro de uma cidade (área urbana), dessa forma, busca-se maneiras rápidas e eficientes por meio de infraestrutura adequada para atender a tal demanda. Além de ser influenciado diretamente pelo sistema viário, outros fatores interdisciplinares são avaliados perante a mobilidade urbana. Um dos grandes fatores pelo qual verificam-se ocorrências de mobilidade urbana precária é a verticalização de unidades de habitação, aumentando a densidade, o que, consequentemente, aumenta o fluxo de pessoas naquele local. Com um grande número de veículos se deslocando em determinado ponto da cidade, aquele espaço torna-se um ponto crítico de fluxo, de difícil acesso e caracterizado como propenso a congestionamento. Este fator agrava-se quando pessoas residem longe dos locais de trabalho, estudo e lazer, fazendo com que grandes distâncias tenham que ser percorridas pela população praticamente no mesmo horário (horários de pico/pique). Enquanto a verticalização oferece fatores influenciadores para a mobilidade urbana, a alta horizontalidade apresenta o mesmo risco. Cidades com vários terrenos subutilizados, glebas não loteadas ou com existência de barreiras geográficas dentro do perímetro urbano, como áreas de proteção ambiental, obrigam os cidadãos a realizarem o contorno nestes, oferecendo outros pontos propensos a congestionamento. Em vista da má qualidade dos transportes coletivos (ônibus, metrôs etc.), os cidadãos buscam adquirir um automóvel particular, dado que a compra de carros no país nos últimos anos foi bastante facilitada, principalmente devido ao fenômeno da mobilidade social. Assim, o problema agrava-se quando a grande parte desses veículos que sobrecarrega as vias é caracterizada por veículos em que uma única pessoa está o utilizando, ou seja, apenas o lugar 3 do motorista é ocupado. Segundo o Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores), o Brasil atualmente conta com uma média de 4,8 habitantes por carro. Este número vem se mantendo estável durante os últimos anos, mas ainda assim, observa-se a individualidade no trânsito perante ao deslocamento. Em frente a todos estes fatores, juntamente com a falta de planejamento urbano na maioria das cidades brasileiras, o deslocamento dos habitantes em uma cidade de grande/médio porte é complicado, pois dura muito tempo e provoca estresses diários. 2.2 Razões pela elaboração do projeto Dentre as razões pelas quais o projeto foi elaborado, pode-se dividir em quatro principais: razão social, ambiental, técnica e tecnológica. Dentro da razão social, de forma mais direta, há congestionamentos nas vias, agravantes de acidentes, falta de estacionamentos em determinados pontos da cidade, limitações de fluxo e grande demora para percorrer percursos. Porém, de maneira indireta, sistemas de mobilidade ineficientes agravam as desigualdades socioespaciais, prejudicando os menos favorecidos, em termos de impactos sobre a renda, oportunidades de emprego, estudo, lazer e condições de tratamento de saúde, além de pressionar as frágeis condições de equilíbrio ambiental no espaço urbano. Da divisão da razão ambiental, claramente, nota-se a poluição excessiva do ar, com grande emissão de gás carbônico devido à queima de combustíveis fósseis. Em virtude do mercado deste ramo, a grande produção de veículos contribui para a perda de recursos naturais para transformação no setor secundário, até a produção final dos veículos. Referente à técnica, os problemas encontrados foram a falta de infraestrutura ou da manutenção da mesma, devido à grande ocorrência de buracos nas vias e má sinalização e a incapacidade das redes de transporte coletivo de atenderem com qualidade os moradores de Cascavel, tal problema intensifica-se no começo e no fim dos horários comerciais. A última categoria, a da tecnologia, abrange a falta do emprego da tecnologia neste setor, que tem grande potencial para compartilhamento de dados e informações de maneira direta e rápida, que poderia interferir nas opções de deslocamento ou da necessidade de mais itinerários do transporte público naquele local em determinada data. Outro ponto é a otimização de serviços manuais e a integração de transporte em pontos modais. 4 2.3 Expectativas da implementação do projeto Em face das necessidades, foram estabelecidas expectativas da implementação do projeto nas divisões apresentadas. Na esfera social deseja-se maior igualdade socioespacial entre as classes dos habitantes, oferecendo a mesma condição de acesso a todos os pontos da cidade. Por parte ambiental, busca-se a redução da poluição da atmosfera. Na área técnica, deseja-se investimentos e melhoria nos transportes alternativos, nos sistemas e materiais para maior eficiência, consequentemente, menor manutenção de vias. Já na esfera tecnológica, busca-se a automatização de sistemas de forma a habituar a população com novos sistemas de processo mais rápidos. Diante de alguns problemas apresentados, foi analisado se o projeto apresenta viabilidade econômica, financeira, técnica e política. Como o problema da mobilidade urbana recai ao Poder Público, mais especificamente, a gestão municipal, é de suma importância ao governo fornecer tal qualidade de vida aos seus moradores, ou seja, há viabilidade política. Tratando-se do Poder Municipal comointermediador do projeto, há viabilidade econômica e financeira para a realização do mesmo, uma vez que a prefeitura arrecada um grande montante com impostos da população e repasse de verbas externas do estado. Já em aspecto técnico não há uma grande viabilidade como apresentado nos demais casos, pois busca- se soluções inovadores para a Cascavel, com referências em cidades com características parecidas que solucionaram tal problema. 2.4 Entidades e Legislações que influenciam o projeto Após a apresentação das necessidades e expectativas do projeto temático, foi realizado uma busca sobre as entidades e legislações que influenciam na mobilidade urbana. De forma mais ampla, apresenta-se a Lei da Acessibilidade (nº 10.098/2000) que estabelece normas gerais para a promoção da acessibilidade de qualquer pessoa, seja portadora de alguma deficiência ou com a mobilidade reduzida. Tal Lei preza exatamente o conceito da mobilidade urbana, mas não tão diretamente pautada no sistema viário, também discute o acesso a edifícios, ao mobiliário urbano, ao transporte público etc. O Estatuto da Cidade (n° 10.257/2001) estabelece alguns princípios gerais da política urbana que também atingiam as políticas de mobilidade, como o direito a cidades sustentáveis, com destaque para o transporte, infraestruturas urbanas e o planejamento do desenvolvimento das cidades em forma do Plano Diretor. Todas as cidades acima de 500.000 habitantes ou 5 pertencentes a regiões metropolitanas deveriam desenvolver seus planos diretores e contemplar o crescimento e desenvolvimento do município, favorecendo um planejamento integrado entre mobilidade e ordenamento urbano. Porém o Estatuto da Cidade bordava a mobilidade urbana de forma genérica e obrigava poucos municípios a trabalharem com este assunto. Assim, surgiu a própria Lei de Mobilidade (n° 12.587/2012) que deve ser aplicada em municípios com mais de 20.000 habitantes. Tal lei prevê aos municípios elaborar um plano de mobilidade urbana que tenha como objeto melhorar o deslocamento das pessoas pela cidade, integrar os diferentes meios de transporte e estabelecer um preço acessível como tarifa dos serviços. Este plano em questão deve ser revisto a cada 10 anos, dessa forma, obriga os municípios a trabalhar com planejamento e questões a longo prazo. Existem alguns conselhos que permeiam assuntos abordados pela mobilidade urbana, como o Conselho Nacional do Meio Ambiente que controla a emissão de poluentes causada por veículos, o Conselho Nacional de Trânsito, que, além de elaborar o Código Nacional Brasileiro, controla a qualidade do ar nas cidades. Especialmente em Cascavel, área de estudo do trabalho, existe a CETTRANS – Companhia de Engenharia de Transporte e Trânsito, uma empresa pública municipal criada por legislação específica nº 2.360/93 com papel de gerenciar e fiscalizar o transporte coletivo urbano, terminal rodoviário, aeroporto, taxi e transportes escolares. A empresa também atua no gerenciamento das vagas de estacionamento em vias públicas (EstaR), faz estudos e projetos referentes a educação de trânsito e fiscaliza o trânsito em âmbito municipal. 2.5 Exigências técnicas e soluções tecnológicas A maioria das exigência técnicas sobre mobilidade urbana encontram-se em Normas Brasileiras (NBR) redigida e padronizada pela Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), entre estas, pode-se citar a NBR 15570 sobre especificações técnicas para fabricação de veículos de características urbanas para transporte coletivo de passageiros, a NBR 9050 que expõe acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, a NBR 5101 sobre iluminação pública, a NBR 16537 que complementa a acessibilidade, regularizando sinalização tátil no piso com diretrizes para elaboração, a NBR 14813 sobre sistemas inteligentes de transporte etc. Existem ainda cartilhas e manuais de orientação para melhor aproveitamento de calçadas, desenhos urbanos, sistema viário e de parcelamento de glebas. Com base teórica e didática, eles exemplificam situações e especializam soluções possíveis para determinados 6 problemas com intuito de melhorar o funcionamento deste aspecto. Referente a caminhabilidade dos pedestres, há o “Street Design Manual” de 2015 elaborado pela cidade de Nova Iorque. Já o “Better Street” de São Francisco faz suas considerações, de forma mais complexa, observando a interação de pedestres, ciclistas, transito, vias, árvores e circulação de veículos e estacionamentos. Sobre as soluções tecnológicas, pode-se categorizá-las em três principais divisões, a tecnologia nacional, a internacional e a necessidade de estudo e investimento em pesquisa. Na primeira classificação, por meio da automação de serviços, pode-se auxiliar no mapeamento de itinerários de transporte público e seus respectivos horários, aplicativos para táxis, caronas compartilhadas e de GPS (Global Positioning System) para condutores. Já na tecnologia internacional existe a referência das “Cidades Inteligentes”, onde, por meio de rede de comunicação, há a analise simultânea que informa se o sistema de transporte público naquele momento está sobrecarregado, necessitando de outro ônibus em determinado local, ou seja, há uma “resposta” imediata referente a algum problema que ocorre no funcionamento do sistema, como um todo. A última categoria diz respeito à necessidade de estudo e investimento em pesquisa para novas soluções passíveis de aplicabilidade em Cascavel, como formas alternativas de locomoção, desde o incentivo a caminhadas, uso de bicicletas, mas também de automóveis que usam outra forma de combustível, menos poluente, como biodiesel ou até mesmo fontes limpas como a energia elétrica. 2.6 Métodos para definir problemas A maneira pela qual o problema é definido, influencia diretamente nos tipos de possíveis soluções, assim, se o problema é definido muito especificamente, há um pequeno leque de opções que possam saná-lo. Em contraponto, um problema muito amplo torna-se de difícil análise, o que prejudica o levantamento de informações da situação atual e, consequentemente, complica na geração de soluções potenciais. Segundo Edward S. Neumann, há três métodos que podem ser muito úteis na definição do problema de engenharia civil, sendo eles o Método de Revisão, o Diagrama Por que-Por que e o Diagrama de Duncker. O livro ainda exemplifica um exercício de desenvolvimento de habilidades de projeto, através de uma matriz- problema, onde cada característica do projeto é relacionada com sua necessidade (as 7 necessidades serão abordadas mais detalhadamente no capítulo 3). Assim, englobou-se esta exemplificação para o tema da mobilidade urbana, também apresentado neste subtópico. 2.6.1 Método de Revisão O método de revisão consiste em pautar as possíveis soluções para um determinado problema e, gradativamente, analisar os aspectos fracos destas propostas, melhorando-as. Normalmente, escolhe-se apenas uma solução e trabalha-se em cima desta, lapidando-a da melhor maneira possível a fim de reduzir ao máximo suas falhas. Para sua aplicação na mobilidade urbana, considerou-se uma via de dois sentidos, com estacionamentos paralelos dos dois lados com calçadas quaisquer. Nesta situação (1), nota-se a falta de conforto por parte dos pedestres de caminharem, já que as calçadas não apresentam mobiliário urbano e acessibilidade. Para melhorar tal ponto, a situação (2) apresenta calçadas com passeios largos e contínuos, árvores que promovem sombras para o conforto dos pedestres e a acessibilidade universal, com piso tátil e o acesso em rampa para cadeirantes, pessoas com mobilidade reduzida e até mesmo mães com o carrinho do bebê. Outra alteração foi no sentido da via, que agora é único. Este fator promove um fluxo constante, já que é inevitável a diferença de velocidade entre os veículos, dessa forma, veículos quepossuem mais velocidade ficam na faixa da esquerda e os mais lentos na faixa da direita. Dependendo da localidade desta rua, veículos pesados como caminhões e ônibus devem ficar na faixa da direita. Porém, os estacionamentos paralelos à via são de difícil manobragem, uma vez que, normalmente, a prefeitura aplica medidas mínimas para as vagas. Quando uma pessoa tem dificuldade para realizar a baliza, o trânsito desta via é prejudicado, pois as pessoas atrás devem esperar a mesma terminar sua manobra para então prosseguir. A última situação (3) mostra os estacionamentos inclinados a 30º para facilitar a entrada e saída dos veículos das vagas. Como tal composição de vaga foi aplicada apenas em um lado da caixa viária, houve espaço para implementação de uma ciclofaixa de sentido contrário a via para que ambos consigam se olhar, o que promove mais segurança ao ciclista. Esta solução apresenta a mesma medida de corte viário (caixa da via e calçadas), terminou com um número de vagas de estacionamento um pouco menor do que a inicial, porém, aumentou a facilidade no fluxo de veículos com a melhoria da entrada e saída dos veículos do estacionamento e com uma pequena diferença na largura das faixas de rolamento. 8 Figura 1 : Método de revisão para mobilidade urbana 2.6.2 Diagrama Por que – Por que O diagrama Por que – Por que consiste em uma representação gráfica das respostas para uma sequência de questões “Por quê”. Para maior ilustração da sequência de respostas, há uma variação de cor nos quadros que contêm respostas para diferentes porquês, onde as ramificações mostram de onde cada pergunta foi feita. Para a construção do diagrama, partiu-se do problema da falta de mobilidade urbana, perguntando o primeiro “por quê” e observou-se que o mal planejamento viário, o grande fluxo de carros e a má sinalização são fatores que impedem o avanço da mobilidade urbana. Seguindo a ideia do diagrama, tem-se o segundo “por quê”, o qual exibe as razões para cada uma das observações feitas anteriormente, onde o mal planejamento viário pode advir de um plano diretor ineficaz, o grande fluxo de carros pode estar ligado ao transporte público ruim, ao pouco incentivo a locomoções alternativas e a necessidade de grandes deslocamentos e, por fim, a má 9 sinalização pode estar atrelada a falta de manutenção e a tecnologias obsoletas. Então, questionou-se mais um “por que”, a fim de encontrar razões mais específicas para cada motivo anterior e chegou-se então ao fato de que o plano diretor é ineficaz pois não prevê o crescimento da cidade; o transporte público é de má qualidade pois há superlotação em vista da pouca quantidade de ônibus e do preço elevado; as locomoções alternativas são pouco incentivadas visto que há uma carência de ciclovias; são necessários grandes deslocamentos pois muitas vezes o local de trabalho/escola e moradia são longe um do outro; por fim, a falta de manutenção das sinalizações e as tecnologias obsoletas advêm da falta de investimentos. Dessa forma, se for possível solucionar as respostas para este último “por quê” consegue-se, de forma indireta, solucionar todas os problemas anteriores ou pensar em outras ocorrências que ainda causam os problemas já levantados. Figura 2 : Diagrama Por que – Por que para Mobilidade Urbana 10 2.6.3 Diagrama de Duncker Para efetuar a montagem do diagrama é necessário definir a situação atual e a situação desejada que, no caso a seguir, são, respectivamente, muitos veículos com apenas uma pessoa circulando e reduzir o número de tais veículos. Diante disso, são elaboradas duas soluções gerais, divergentes, designadas por: reduzir a quantidade de veículos e não reduzir a quantidade de veículos. Posteriormente são elaboradas as soluções funcionais, que são mais concretas que as anteriores, mas ainda assim são abrangentes o suficiente para formar soluções posteriores mais específicas. A solução funcional que visa aumentar os impostos tem como solução específica o aumento do EstaR, (sistema gerenciador de vagas de estacionamento em vias públicas) e o aumento de impostos sobre veículos. Já o incentivo ao transporte público tem como especificidade o aumento do uso dos meios sustentáveis de locomoção, sendo eles o transporte coletivo, motos, bicicletas e sistema de caronas. A parte de “não reduzir a quantidade de veículos” também possui a ramificação do incentivo ao transporte coletivo. Sua outra funcionalidade é a proposição de mudanças no sistema viário, que se ramifica em melhoria na sinalização vertical horizontal e alargamento de vias ou mudança de sentido das mesmas. Figura 3 : Diagrama de Duncker para Mobilidade Urbana 11 2.6.4 Matriz Problema A matriz problema parte da correlação das metas específicas idealizadas com as seis categorias gerais, sendo elas desempenho, segurança, saúde, sustentabilidade e meio ambiente, eficiência econômica e aceitação pública. Uma meta específica pode ser relacionada em mais de uma categoria geral, porém, deve-se sempre notar em qual destas categorias ela se enquadra mais. Portanto, é identificável as interações entre as metas específicas sobre mobilidade urbana com suas necessidades representadas pelas metas gerais definidas por Neumman. METAS Desempenho Segurança Saúde Sustentabilidade e meio ambiente Eficiência Econômica Aceitação 1 Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos X X X 2 Melhorar o Transporte Público X X X X 3 Mudança no Sistema Viário X X X X 4 Melhoria na sinalização X X 5 Reavaliar curvas e cruzamentos X X 6 Diminuir o uso de celular e bebidas alcoólicas X X 7 Melhoria no escoamento de água X X X X 8 Promover locomoções alternativas X X X X X 9 Coleta de lixo X X X X X 10 Redução na emissão de CO2 X X 11 Regularização das calçadas X X X 12 Combustíveis Alternativos X X X X 13 Poluição Sonora X X Tabela 01: Matriz Problema para Mobilidade Urbana com as metas definidas 12 3 DEFINIÇÃO DAS METAS DO PROJETO Segundo Edward S. Neumann em sua obra “Introdução à Engenharia Civil”, existem seis categorias principais de metas que o engenheiro civil será solicitado a atingir independente do projeto que o mesmo realizará. Tais categorias são chamadas de metas gerais de projeto e são divididas em: desempenho, segurança, saúde, sustentabilidade/proteção ambiental, eficiência econômica e aceitação pública. 3.1 Metas gerais de projeto Relacionando a mobilidade urbana, foram elaboradas treze metas que não necessariamente encaixam-se em apenas uma categoria de meta geral. Dessa forma, é apresentada uma breve descrição de cada categoria de meta geral e, após, a definição de cada meta elaborada. Para relacionar as metas criadas com as seis categorias descritas por Neumann, como mostrado anteriormente na Matriz Problema, agora é realizada a hierarquia de pesos destas metas, ordenando qual possui mais importância para o projeto em questão e que, consequentemente, deve ser a prioridade de solução. 3.1.1 Meta de Desempenho As metas de desempenho são apresentadas como uma preocupação com o rendimento físico básico de um sistema, componente ou processo. Como se diz respeito a própria definição de desempenho, é o conjunto de características de comportamento e rendimento que, quando comparados a metas, requisitos ou expectativas previamente definidas, possuem êxito. Dentro da mobilidade urbana pode-se explorar a locomoção adequada de veículos e pedestres, analisando o desempenho do próprio sistema viário. Por exemplo, se o mesmo possui infraestrutura para o fluxo que é proporcionado em determinados pontos mais críticos, em questão de fluxo constante, boa evasão de veículos, vagas para estacionamentos etc. Outra analise que pode ser feita é o desempenho do transportecoletivo, se nos horários de pico fica sobrecarregado com muitas pessoas e poucos ônibus, gerando assim um incômodo para os usuários devido a superlotação. 3.1.2 Meta de Segurança Metas de segurança referem-se a eventos inesperados, que causam acidentes ou danos e tenham relações diretas com o processo de elaboração do projeto. Normalmente são 13 controladas pelas normas técnicas de projeto, que minimizam tais erros possíveis. Embora o senso comum, na engenharia civil, aborde a segurança como cálculo de resistência, tração e suporte máximo de elementos estruturais, esta meta abrange mais fatores do que estes, como defeitos na construção ou referente a utilização/uso durante a ocupação. Perante a mobilidade urbana, a movimentação de pessoas a pé ou em veículos sempre envolve riscos e acidentes. Órgãos de engenharia responsáveis pela segurança no transporte nas esferas federal, estadual e municipal realizam estudos de acidentes e revisam as práticas de projeto para identificar modos de melhorar a segurança no transporte, porém, não é possível prever todas as possíveis ocorrências. Outra maneira de diminuir os acidentes gerados é reduzir o fluxo intenso e priorizar a segurança dos pedestres, já que estes são os mais vulneráveis. 3.1.3 Meta de Saúde Também chamadas de metas sanitárias, são as metas que apresentam soluções para riscos da saúde dos seres humanos e dos ecossistemas. Embora existam leis de saúde públicas, estas, infelizmente, não contemplam todas as possíveis causas de um projeto na engenharia civil. Relacionando com o tema do trabalho, o principal problema nesta categoria de meta é a poluição do ar causada pela queima dos combustíveis fósseis dos veículos de transporte. Um problema secundário a ser listado é o sedentarismo, onde pessoas preferem o conforto de seu veículo para percorrer distâncias curtas que poderiam ser realizadas de bicicleta ou mesmo a pé. Outro problema secundário é a poluição sonora que ocorre em grandes cidades, gerado normalmente por buzinas, barulhos de obras, propagandas sonoras de lojas etc. Dessa forma, a meta principal de saúde é buscar a melhoria na qualidade do ar nas áreas urbanas. 3.1.4 Meta de Sustentabilidade e proteção ambiental Sustentabilidade, como conceito, é uma relação de desenvolvimento sustentável, ou seja, um conjunto de ideias, estratégias e demais atitudes ecologicamente corretas, economicamente viáveis, socialmente justas e culturalmente diversas. A sustentabilidade serve como alternativa para garantir a sobrevivência dos recursos naturais do planeta, ao mesmo tempo que permite aos seres humanos e sociedades soluções ecológicas de desenvolvimento. Em vista disso, pode-se citar como metas a redução dos níveis de Dióxido de Carbono (CO2), diminuição do uso de matérias-primas para a fabricação de veículos, vias, sinalização etc. Há também a relação com os serviços de limpeza municipal, como coleta de lixo (reciclagem) e manutenção no centro das cidades, relação com a energia elétrica, com a 14 arborização das calçadas, que também melhoram o conforto dos pedestres ao caminhar sob sombra. 3.1.5 Meta de Eficiência Econômica Metas de eficiência econômica estão ligadas à viabilidade econômica do projeto. É um conceito geral incorporado em várias medidas de viabilidade econômica. Existem vários métodos de análise para avaliar tal eficiência, como a custo-benefício, valor presente líquido, a taxa de retorno e a custo-efetividade. Entre estas, a mais relacionada com a mobilidade urbana é a custo-benefício, uma vez que um problema pode ser resolvido de várias maneiras interligadas que podem apresentar alto custo ou baixo custo e diferentes níveis de eficiência. Portanto, aplicando tal método de análise descobre-se qual solução é mais condizente com a realidade apresentada e que trará, juntamente, bons resultados. 3.1.6 Meta de Aceitação Pública A última classificação de meta geral é a aceitação pública, que inclui atendimento às exigências de qualquer norma técnica, lei ou diretriz aplicável. Esta categoria também leva em consideração a saúde pública no geral e as exceções às exigências decretadas nas normas vigentes. Uma relação importante nesta classificação de metas é a Entidade como papel chave na aceitação pública. Entidades governamentais possuem autoridade para criação e aprovação de leis, de liberação de verbas para custos de implementação de projetos, sendo assim, são de suma importância no papel projetual. Já entidades de representação caracterizam o usuário final do projeto (ou até mesmo o usuário não afetado) e verificam se há interesse da sua parte da elaboração e execução do projeto com as preposições definidas pelas equipes técnicas. 3.2 Definição das metas projetuais Visto os problemas que Cascavel sofre devido à má qualidade da mobilidade urbana, elaborou-se treze metas para aplicar no projeto em pauta. Já é de conhecimento a relação de cada meta com as categorias de gerais descritas por Neumann, através da matriz problema anteriormente apresentada. Com o intuito de trazer alternativas de solução para os problemas relacionado as mesmas, posteriormente, cada meta apresentará possíveis formas de resolução e, a partir de estudos, será escolhido a alternativa que melhor cumpre o papel descrito pela meta, entre outras considerações em segundo plano. 15 3.2.1 Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos Como apresenta a definição propriamente dita de mobilidade urbana, a meta de “Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos” engloba, em um âmbito amplo, a universalidade de transição de pessoas de inúmeras formas dentro do perímetro urbano da cidade, ou seja, qualquer pessoa, sobre qualquer condição, tem que ter oportunidade de se locomover, independente se a pessoa possui alguma deficiência, mobilidade reduzida permanente ou momentânea. Outro fator que deve ser levado em consideração é o tipo de locomoção que a pessoa utiliza, dessa forma, pessoas que usam bicicleta, carro, ônibus e até mesmo andam a pé, devem conseguir transitar pela cidade em boas condições. 3.2.2 Melhorar o transporte público Entre os meios de locomoção alternativos, o mais popular e utilizado na realidade cascavelense é o ônibus. O sistema de Transporte Coletivo Urbano do Município de Cascavel é gerenciado e fiscalizado pela CETTRANS (Companhia de Engenharia de Transporte e de Trânsito), porém tal infraestrutura não atende por completo a demanda da cidade. O sistema abrange satisfatoriamente a cidade toda, porém existem alguns aspectos que poderiam ser aprimorados. Entre tais itens, pode-se citar a superlotação nos horários de maior fluxo (começo da manhã e final da tarde), qualidade e manutenção da frota de ônibus, preço da tarifa cobrada e condições dos terminais urbanos, considerando aspectos de conforto e segurança. 3.2.3 Mudança no sistema viário Trata-se das mudanças físicas no sistema viário, aumento/alargamento de ruas, mudança no sentido de vias, tipos de pavimentação e também sua manutenção, consertando buracos, deformidades e rachaduras no asfalto. Entende-se que, com a melhoria no sistema viário e na qualidade da infraestrutura geral, os automóveis consigam usufruir da melhor maneira possível, elevando seu desempenho, de forma que ainda respeitem a legislação de trânsito vigente. 3.2.4 Melhoria na sinalização A sinalização viária é o método visual que indica quais legislações de trânsito se aplicam naquela localidade, portanto, possui suma importância para o bom funcionamento do sistema como um todo. A sinalização viária é divida em sinalização horizontal e vertical. A horizontal abrange pinturas nas ruas, como faixas de pedestres, delimitações de vagas de estacionamento, contenção de paradas obrigatórias, avisos de fiscalização, lombadas etc. Já a vertical é na 16 maioria composta por placas, podendo ser informativas (que indicamcomo chegar a certas localidades da cidade) ou próprias da legislação viária, com placas de limite de velocidade, de permissão ou não de ultrapassagem, paradas obrigatórias, sentidos preferenciais etc. 3.2.5 Reavaliar curvas e cruzamentos Algumas curvas acentuadas são propensas a acidentes, uma vez que são mais abertas, motoristas entendem que não é necessário diminuir tanto sua velocidade, consequentemente, perdem o controle. Outro problema é caracterizado em alguns cruzamentos que, por comporem mais de duas vias, deixam o motorista confuso sobre o seu funcionamento. Dessa maneira, esta meta projetual foi pensada para reavaliar esses pontos específicos da cidade e, se de fato apresentam problemas graves para o funcionamento do sistema viário, uma maneira de solução iguala-se a meta projetual já apresentada no item 3.2.3 – Mudança do Sistema Viário. 3.2.6 Diminuir o uso de celular e bebidas alcoólicas A maioria dos acidentes de trânsito não ocorrem pela má sinalização das vias, mas sim devido a imprudência dos condutores. Entre pessoas alcoolizadas, imprudentes, que falam ou escrevem ao celular, dirigem com sono ou andam acima da velocidade, a taxa de acidentes causados diretamente pelo jeito como se dirige chega a quase 65%, segundo dados de 2018 do Programa Volvo de Segurança no Trânsito (PVST). Portanto, esta meta pretende, por meio de campanhas publicitárias, conscientizar sobre as possíveis consequências de fatores como “bebidas alcoólicas e direção”, “uso de aparelhos eletrônicos, como o celular”, “manutenção do veículo” entre outras de caráter moral como “respeito a vaga preferencial de idosos e pessoas com deficiência”, “uso do cinto de segurança” etc. 3.2.7 Melhoria no escoamento de água Devido a incapacidade do sistema de drenagem pluvial, em períodos chuvosos, há acúmulo de água nas vias, o que acaba gerando um perigo aos condutores e aos pedestres: a aquaplanagem. É um fenômeno que ocorre quando uma lâmina de água se coloca entre o asfalto e os pneus, provocando a perda de contato do carro com o solo. Vários fatores contribuem para que isto ocorra: velocidade do automóvel, qualidade do asfalto, quantidade de água sobre a pista e, principalmente, o estado de conservação dos pneus. 17 Focando nas soluções dentro do âmbito da engenharia civil, tem como intenção reduzir a quantidade de água na pista, melhorando a infraestrutura do sistema de drenagem e fazendo sua manutenção, que conta também com a sua limpeza, pois muitos lixos que são destinados incorretamente são levados pela chuva e acabam impedindo o escoamento máximo de água possível. O sistema de drenagem pluvial é composto pelos meio fios, sarjetas, bocas de lobo e as galerias em si. Outros pontos que colaborariam nesta meta, como a redução de buracos nas vias que, consequentemente, reduziria o acúmulo de água, são vistos na meta já apresentada no item 3.2.3 – Mudança do Sistema Viário. 3.2.8 Promover locomoções alternativas Para reduzir o número de veículos que transitam constantemente, pensando que as pessoas necessitam transitar pela cidade, esta meta prega a promoção de locomoções alternativas. Para isto, deve-se dar condições para que as pessoas possam testar novas experiências de locomoção, deixando os carros na garagem. É preciso investir em alguns meios de transporte e em condições para que a pessoa transite com segurança. Skates, patins, bicicletas e a própria caminhada são meios alternativos de locomoção que necessitam de atenção especial para a segurança. Mas a locomoção também pode ser feita por transporte automobilístico, como caronas compartilhadas ou algum sistema de transporte coletivo, como ônibus circulares. O espaço que é ocupado pelos diferentes meios de transporte deve ser analisado, como mostra da imagem a seguir. Figura 4 : Espaço que 60 pessoas ocupam no trânsito (Fonte: Departamento de Trânsito de Munique) 18 3.2.9 Coleta de lixo A coleta de lixo na área urbana é essencial para a boa qualidade de vida dos moradores, porém, tal prática as vezes afeta negativamente o trânsito. Um problema recorrente são os lixos espalhados nas ruas e nas calçadas, dificultando a locomoção. Outro ponto abordado nesta meta é a reavaliação do método de coleta e os horários que esta é feita. Caminhões de lixo são veículos pesados, lentos e que param frequentemente, tal caracterização acaba dificultando a passagem de pessoas pelas ruas. 3.2.10 Redução na emissão de CO2 As emissões de gases de efeito estufa de carros e motos aumentaram no Brasil nas últimas duas décadas – um crescimento de 192% entre 1994 e 2014. Os números são de um relatório elaborado pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), com base nos dados do Sistema de Emissão de Gases de Efeito Estufa (SEEG). Pensando no meio ambiente de forma mais direta, a redução na emissão de gás carbônico prevê uma melhora na qualidade do ar. Algumas metas estão relacionadas a esta de forma direta como a 3.2.8 – Promover Locomoções Alternativas, a 3.2.11 – Regularização das calçadas e a 3.2.12 – Combustíveis Alternativos. Portanto, a solução que esta meta busca é alguma que já tenha sido pensada pelas metas anteriores, mas que também a atenda. 3.2.11 Regularização das calçadas Contribuir para melhorar a paisagem urbana, a acessibilidade, o resgate do passeio público pela calçada e a socialização dos espaços públicos, são objetivos desta meta. Para que todos sintam-se confortáveis e seguros ao caminharem, aqui engloba-se o uso correto de materiais, mobiliário urbano adequado, tipo de vegetação a ser implementado para que a infraestrutura das calçadas seja um atrativo às pessoas a caminharem. Outro ponto importante, além da questão projetual, é a fiscalização se estes projetos serão construídos como implica o detalhamento e a regularização de calçadas que não atendem estes princípios estipulados por leis municipais. 3.2.12 Combustíveis alternativos Combustíveis alternativos, também conhecidos como combustíveis não convencionais, são materiais ou substâncias que podem ser utilizados como combustíveis, com excepção ou em substituição dos combustíveis convencionais, ou seja, são uma alternativa aos combustíveis 19 fósseis (petróleo, carvão, propano e gás natural) e de materiais nucleares, como urânio. Existem alternativas como veículos movidos a gás natural, hidrogênio, biodiesel, veículos elétricos etc. Todos estes são significativamente menos poluentes do que os combustíveis fósseis usados atualmente, porém muitas vezes seu preço de produção ou importação encarece muito o produto. Com esta meta haveria o incentivo de desenvolvimento e produção local. 3.2.13 Poluição Sonora Devido ao excesso de buzinas, alarmes, volume alto de músicas, arranques de motores, freadas bruscas e eventuais batidas, o trânsito contribui para a poluição sonora das cidades. Ambientes que excedem 60 decibéis (dB) já são considerados prejudicais à saúde da população, diminuindo a concentração e provocando estresse. Não são apenas os motoristas e passageiros que sofrem com este mal, as pessoas que transitam e moram nestas vias também são prejudicadas, pois o ruído reverbera nos edifícios, chegando até os andares mais altos. Sendo assim, essa meta busca reduzir estes ambientes prejudiciais e amenizar os fatores de trânsito que contribuem para este problema urbano. 3.3 Hierarquia e pesos das metas Edward S. Neumann pauta que, de acordo com o pensamento crítico da pessoa que está desenvolvendo o projeto, metas de projeto devem ser pesadas conforme seu uso durante a etapa de avaliação. Dessa forma, deve-se associar números a cada meta que identifique sua importância relativas às outras. Para realização de tal associação utilizou-se a matriz de metas com ranking. 3.3.1 Matriz de metas com ranking A Matriz de metas com ranking é uma maneira de estipular a hierarquia das metas, atravésde um pensamento crítico comparando cada meta. Para elaborar tal comparação, numera-se as metas e cria-se uma matriz n x n (n por n) de acordo com o total de metas (n). A comparação é feita pela meta da coluna e da linha. Caso a meta da linha ganhe, ela recebe a pontuação 1 (valor integral) em sua célula e a meta que perdeu recebe 0. Em caso de empate, ambas as metas recebem o valor meio (1/2). Como a comparação é feita de forma linhas x colunas, a diagonal principal da matriz é deixada em branco, pois não há necessidade de comparar a meta n com ela própria. 20 No final é somado por linhas a pontuação de cada meta e estabelecido a hierarquia entre si das metas. O próximo passo é associar um peso específico a cada de acordo com este ranking. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 TOTAL 1 1/2 1 1 1 1 1 1/2 1 0 1 1 1 10 2 1/2 1 1 1 1 1 1/2 1 0 1 1 1 10 3 0 0 1 1 1 1 0 1 0 1 1 1 8 4 0 0 0 1/2 1/2 1 0 1 0 1 1 1 6 5 0 0 0 1/2 0 1/2 0 1 0 0 1 1/2 3.5 6 0 0 0 1/2 1 1 0 1 0 1/2 1/2 1 5.5 7 0 0 0 0 1/2 0 0 1/2 0 0 1/2 1/2 2 8 1/2 1/2 1 1 1 1 1 0 1/2 1 1 1 9.5 9 0 0 0 0 0 0 1/2 1 0 0 1/2 1 3 10 1 1 1 1 1 1 1 1/2 0 1/2 1/2 1 9.5 11 0 0 0 0 1 1/2 1 0 1 1/2 1 1 6 12 0 0 0 0 0 1/2 1/2 0 1/2 1/2 0 1/2 2.5 13 0 0 0 0 1/2 0 1/2 0 0 0 0 1/2 1.5 Tabela 02: Matriz de Metas com ranking 3.3.2 Classificação dos pesos Analisando a amplitude da pontuação das metas pela matriz de metas com ranking, que partem de 2 e chegam a 10, classificou-as em três categorias: pouco importantes, importantes e criticamente importantes. Dessa forma, a variação de pesos de cada categoria ficou, respectivamente, de 0 a 5, de 5,1 a 8 e de 8,1 a 10. Foram caracterizadas como metas de pouca importância: reavaliação de curvas acentuadas, melhoria no escoamento de água, coleta de lixo, utilização de combustíveis alternativos e diminuição da poluição sonora. Já como metas importantes: mudança no sistema viário, melhoria na sinalização, diminuir o uso de celular e bebidas alcoólicas e arborização das calçadas. O restante das metas foi caracterizado como criticamente importante, sendo elas: possibilitar a locomoção de pedestres e veículos, melhoria no transporte público, promover locomoções alternativas e redução da emissão de 𝐶𝑂2. Dessa forma, sintetiza-se a tabela a seguir. Classificação Intervalo Metas Criticamente Importante 0 a 5 1, 2, 8 e 10 Importante 5,1 a 8 3, 4, 6 e 11 Pouco Importante 8,1 a 10 5, 7, 9, 12 e 13 Tabela 03: Classificação das metas 21 Fazendo essa primeira classificação, o peso de cada meta foi estabelecido por porcentagem, onde as metas criticamente importantes possuem 50% da importância total, as importantes 30% e as pouco importantes 20%. Posteriormente, dividiu-se tal porcentagem pela quantidade de metas de cada categoria, para descobrir o peso individual de cada meta. Classificação % Geral % Cada Meta Criticamente Importante 50% 12,5 Importante 30% 7,5 Pouco Importante 20% 5 Tabela 04: Peso em porcentagem de cada meta 22 4 PROPOSIÇÃO DE ALTERNATIVAS A proposição de alternativas é a etapa em que todo o levantamento de pesquisa e análises críticas anteriores unem-se para elaborar possíveis maneiras de atender as metas estabelecidas de forma pontual, ou seja, pensa-se em cada meta de forma isolada e busca alternativas de solucioná-la eficientemente, independente de fatores como viabilidade técnica, financeira, econômica etc. 4.1 Técnica para geração de alternativas Uma vez que se define um problema de engenharia, para solucioná-lo é necessário criatividade e métodos de planejamento, de forma a tornar mais funcional e rápida a execução de determinado projeto. Após serem definidas as metas que deverão ser atingidas ao findar do projeto, é importante que o engenheiro crie diversas ideias e meios para alcançar a mesma. Com isso, não apenas se encontram soluções, mas também o próprio problema passa a ser revisto e repensado, refinando e tornando os meios cada vez mais eficientes e viáveis. Dentre as técnicas que despertam a criatividade e norteiam o pensamento do engenheiro, existem três que se destacam: Brainstorming, diagrama de ideias e tabela morfológica. 4.1.1 Brainstorming O uso desta técnica é, em suma, básico e fácil e o engenheiro ao utilizar-se dela deve coletar o máximo de ideias possível, utilizando-se de um grupo onde um moderador faz perguntas breves para instigar o pensamento de cada membro de uma equipe. Mesmo aquelas consideradas supérfluas ou irrelevantes devem ser consideradas com a mesma importância das demais, gerando assim uma “tempestade de ideias”. Através desta tempestade, o problema tende a ficar mais claro e os caminhos para cada meta do projeto vão sendo pavimentados com a seleção das ideias mais arrojadas e eficientes. Para evitar que muitas ideias não sejam explicitadas é bom que críticas no momento da geração das ideias sejam evitadas ao máximo. O método foi realizado através da colocação de post-its que continham uma possível solução para cada das metas pré-estabelecidas. Cada integrante do grupo pressupôs duas soluções para cada meta. No fim, foram discutidas as alternativas encontradas, ponderando-as e escolhendo as que eram mais viáveis e que atendiam de melhor maneira a meta. As soluções encontradas estão apresentadas nas figuras a seguir. 23 Figura 5 : Brainstorming de soluções das metas 1 a 10 24 Figura 6 : Brainstorming de soluções das metas 11 a 13 4.1.2 Diagrama de Ideias Um diagrama de ideias é um esquema de sugestões para possíveis soluções de um determinado problema, com o intuito de ponderar e avaliar todas as soluções para definir qual ou quais devem ser usadas no projeto a fim de obter o melhor desempenho levando em conta o custo-benefício. Para construí-lo é necessário estipular um problema geral do projeto a ser resolvido e então ramificá-lo uma ou mais vezes, para que as soluções sejam encontradas mais facilmente. Para este projeto, partiu-se do problema inicial “locomoção de pessoas”, que é a principal meta que o trabalho visa atender. Em seguida, dividiu-se o problema da locomoção em “uso coletivo” e “uso individual” e posteriormente em “poluente” e “não poluente”. Com relação a de uso coletivo, foi encontrada apenas uma alternativa não poluente – o transporte público. Já levando em conta a locomoção individual, obteve-se uma opção não poluente, com o uso de bicicletas e para a poluente, surgiram duas alternativas: carro e moto. Desse modo, pôde-se inferir que as soluções mais adequadas ao projeto são as não poluentes, que atendem outra meta do trabalho, relacionada à redução da emissão de gás carbônico na atmosfera. Assim, optou-se pelas medidas de transporte público e bicicletas, que apresentam o melhor desempenho para o projeto e têm um custo de implantação consideravelmente baixo levando em consideração suas vantagens. 25 Figura 7 : Diagrama de Ideias para mobilidade urbana na locomoção das pessoas 4.1.3 Tabela morfológica Tabelas morfológicas são listas de todas as metas pré-definidas de um projeto e suas respectivas alternativas de alto e baixo custo, categorizadas por função e ordenadas conforme o peso atribuído a elas. Ao final, realiza-se um estudo para determinar quais alternativas serão aplicadas no trabalho. Analisando as metas em conjunto com as demais, é possível identificar se existem soluções em comum, que atendem mais de um objetivo e que, portanto, ganham prioridade no momento de escolhê-las. As metas são separadas em seis categorias: metas de desempenho; de segurança; de saúde/sanitárias; de sustentabilidade e proteção ambiental; de eficiência econômica; e de aceitação pública. Para cada categoria, é estabelecidapelo menos uma meta, que receberá duas alternativas para sua resolução, uma de baixo custo e outra de alto custo. Neste projeto, foram indicadas três metas de desempenho: possibilitar a locomoção de pedestres e veículos; melhorar o transporte público; e realizar mudanças no sistema viário. Também se estipulou três metas para a segurança: melhorar a sinalização de trânsito; reavaliar curvas e cruzamentos; e campanhas/conscientização dos condutores. Metas de saúde/sanitárias: 26 aprimorar o escoamento de água; promover locomoções alternativas; e incentivar a coleta de lixo de forma correta. Além disso, estipulou-se duas metas de sustentabilidade e proteção ambiental: reduzir a emissão de gás carbônico; e melhorar as calçadas para locomoção de pedestres. Como meta de eficiência econômica, houve apenas uma: promover o uso de combustíveis alternativos. Por fim, foi indicada também uma única meta de aceitação pública: diminuir os níveis de poluição sonora na cidade. Metas Primárias de Desempenho Evidência de baixo custo Evidência de alto custo 1. Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos Melhorar a sinalização vertical e horizontal com melhoria na segurança pública Melhorar a infraestrutura viária com alargamento de vias e calçadas 2. Melhoria no Transporte Público Aumentar a frota de ônibus Criar novos meios de locomoção 3. Mudança no Sistema Viário Mudar sentido das vias e reavaliar pontos críticos Criar novas vias e alargar as existentes Tabela 05: Tabela Morfológica de Desempenho Metas de Segurança Evidência de baixo custo Evidência de alto custo 1. Melhoria na sinalização Manutenção das sinalizações existentes Desenvolver novas tecnologias de fiscalização 2. Reavaliar curvas e cruzamentos Melhorar a sinalização vertical e horizontal Mapear cruzamentos e adequá-los quando necessário 3. Diminuir o uso de celular e bebidas alcoólicas Aumentar o valor da penalização Promover campanhas por veículos de rádio, TV e internet Tabela 06: Tabela Morfológica de Segurança Metas Sanitárias Evidência de baixo custo Evidência de alto custo 1. Melhoria no escoamento de água Manutenção e limpeza dos canais já existentes Implementação de sarjetas, meios-fios e galerias pluviais adequadas 2. Promover locomoções alternativas Implementação de ciclopontos Veículos elétricos/hidrogênio 3. Coleta de lixo Uso exclusivo do aterro sanitário Coleta seletiva e aterro sanitário Tabela 07: Tabela Morfológica Sanitárias 27 Metas Sustentabilidade e Proteção Ambiental Evidência de baixo custo Evidência de alto custo 1. Redução da emissão de CO2 Redução na quantidade de veículos onde apenas uma pessoa utiliza Investimento em pesquisa e produção de combustíveis alternativos locais 2. Calçadas Guia de arborização e planejamento para novas calçadas Regularização de todas as calçadas segundo o guia de arborização Tabela 08: Tabela Morfológica de Sustentabilidade Metas de Eficiência Econômica Evidência de baixo custo Evidência de alto custo 1. Combustíveis alternativos Redução de impostos tanto para empresários quanto para consumidores destes combustíveis importados Investimento em pesquisa e produção de combustíveis alternativos locais Tabela 09: Tabela Morfológica Econômica Metas de Aceitação Pública Evidência de baixo custo Evidência de alto custo 1. Poluição sonora Construir barreiras acústicas em edificações que excedem tais padrões Penalizar veículos, residências e comércios que excedem os padrões saudáveis Tabela 10: Tabela Morfológica de Aceitação Pública 28 5 DECISÃO DA ESCOLHA DA MELHOR ALTERNATIVA Anteriormente, as metas foram trabalhadas como elementos pontuais, em que se buscou alternativas de atendê-las de forma singular, porém, nesta etapa o objetivo é unir as soluções ou desenvolver novas alternativas que atendam mais de uma meta. Segundo Edward S. Neumann em sua obra “Introdução à Engenharia Civil” uma maneira eficaz de realizar este balanceamento de escolhas é através da Análise de Trade-Off. 5.1 Análise de Trade-Off Trade-Off é um termo em inglês que significa “melhor escolha”, porém, entende-se que devido ao fato de escolher, algum elemento positivo da outra alternativa não escolhida é descartado. Assim, é um conflito de escolhas e uma consequente relação de compromisso, pois a escolha de uma opção em relação à outra, implica não usufruir dos benefícios da alternativa que não é escolhida, sacrificando algo para obter um bem maior, o que muitas vezes causa um tipo de dilema. A decisão parte do custo benefício, de recursos (dinheiro), tempo, disposição e disponibilidade, além da avaliação do esforço alocado para atingir tal meta em pauta. Às vezes, recorre-se a projetos similares para entender se determinada solução é viável ou não. Para auxiliar a preposição de alternativas mais complexas e que abrangem mais de uma meta específica, as metas foram subdividas em 3 grandes grupos. O grupo caracterizado como diretrizes gerais conta com as metas de “Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos”, “Diminuir o uso de celular e bebidas alcoólicas”, “Redução da Emissão de CO2”, “Combustíveis Alternativos” e “Poluição Sonora”. O segundo grupo é das metas de infraestrutura viária, com as metas de “Mudança no Sistema Viário”, “Melhoria na sinalização”, “Reavaliar curvas e cruzamentos” e “Regularização das calçadas”. O último grupo é o de infraestrutura complementar, que abrange as metas restantes, “Melhorar o transporte público”, “Melhoria no escoamento de água”, “Promover locomoções alternativas” e “Coleta de lixo”. Para maior entendimento e compreensão visual apresenta-se a tabela com a nova distribuição das metas nos seus respectivos grupos. 29 GRUPOS METAS Diretrizes Gerais 1 Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos 6 Conscientização/Campanhas 10 Redução na emissão de CO2 12 Combustíveis Alternativos 13 Poluição Sonora Infraestrutura Viária 3 Mudança no Sistema Viário 4 Melhoria na sinalização 5 Reavaliar curvas acentuadas 11 Regularização das calçadas Infraestrutura Complementar 2 Melhorar o Transporte Público 7 Melhoria no escoamento de água 8 Promover locomoções alternativas 9 Coleta de lixo Tabela 11: Grupos das metas específicas 5.1.1 Pontuação de Cumprimento (PC) A pontuação de cumprimento apresenta em forma de tabelas uma análise de até que ponto cada alternativa realmente cumpre sua meta. Em uma escala de 0 a 10, indica quanto é seu desempenho em relação ao que foi pensado previamente. Mas, como foi alterada a forma de analisar as metas, que antes eram feitas de forma pontuais passando a grupos mais abrangentes de um mesmo conjunto de características, deve-se definir entre as metas da mesma classe, uma nova hierarquia de pesos. Diretrizes Gerais Meta Específica Peso Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos 100 Redução na emissão de CO2 80 Combustíveis Alternativos 70 Conscientização/Campanhas 60 Poluição Sonora 60 Tabela 12: Peso das metas de Diretrizes Gerais 30 Infraestrutura Viária Meta Específica Peso Arborização das calçadas 90 Melhoria na sinalização 80 Mudança no Sistema Viário 70 Reavaliar curvas acentuadas 60 Tabela 13: Peso das metas de Infraestrutura Viária Infraestrutura Complementar Meta Específica Peso Melhorar o Transporte Público 90 Promover locomoções alternativas 70 Coleta de lixo 70 Melhoria no escoamento de água 60 Tabela 14: Peso das metas de Infraestrutura Complementar A partir dessa nova hierarquia, deve-se calcular as pontuações de decisões para os âmbitos mais gerais originados pelas subdivisões das metas específicas. Para cada grupo foram elaboradas 2 alternativas, onde cada uma engloba um conjunto detomada de decisões que, de alguma forma, auxiliam no resultado esperado com este projeto, em relação às metas do grupo. No grupo de Diretrizes Gerais há duas alternativas para solução das metas, a Alternativa 1 prevê a melhoria da sinalização e da segurança pública, investimento nas pesquisas de novos combustíveis e promover campanhas de conscientização, já a alternativa 2, reduz os impostos para produtores e consumidores de combustíveis alternativos e o aumento na fiscalização das irregularidades de trânsito e padrões saudáveis de decibéis. Diretrizes Gerais – Pontuação de Cumprimento (PC) Meta Específica Alternativa 1 Alternativa 2 Possibilitar a locomoção de pedestres e veículos 9 8 Redução na emissão de CO2 7 8 Combustíveis Alternativos 8 7 Conscientização/Campanhas 8 7 Poluição Sonora 8 8 Tabela 15: Matriz de PC para Diretrizes Gerais Para a Infraestrutura Viária, as alternativas foram pensadas em implementação de novas infraestruturas ou readequação e melhoria da já existente, dessa forma, respectivamente, Alternativa 1 propõe a criação de novas vias ligando pontos isolados da cidade ou rotas alternativas, novas pesquisas para tecnologia de dispositivos que auxiliassem a fiscalizações de infrações viárias, mapeamento de pontos de cruzamentos confusos e sua readequação quando 31 necessários e elaboração de um novo guia de arborização e mobiliário urbano. Já a Alternativa 2, prega a mudança no sentido de vias, manutenção da sinalização e regularização de todas as calçadas que fogem do padrão de acessibilidade universal e dos parâmetros urbanísticos vigentes em Cascavel. Infraestrutura Viária – Pontuação de Cumprimento (PC) Meta Específica Alternativa 1 Alternativa 2 Arborização das calçadas 7 9 Melhoria na sinalização 7 8 Mudança no Sistema Viário 8 6 Reavaliar curvas acentuadas 9 9 Tabela 16: Matriz de PC para Infraestrutura Viária O último grupo, da Infraestrutura Complementar, possui como Alternativa 1 o aumento da frota e da flexibilidade dos ônibus do transporte coletivo, a manutenção dos canais e galerias de água pluvial, implementação de ciclopontos e ciclovias/ciclofaixas e utilização de um aterro sanitário para o descarte do lixo urbano com um pré-procedimento de coleta seletiva para reciclagem do lixo. Como contraponto, a alternativa 2 apresenta a implementação de novos meios de locomoção, mudança da infraestrutura geral do escoamento de água, desenvolvimento de tecnologia para carros elétricos e de hidrogênio e utilização do aterro sanitário, apenas. Infraestrutura Complementar – Pontuação de Cumprimento (PC) Meta Específica Alternativa 1 Alternativa 2 Melhorar o Transporte Público 9 8 Promover locomoções alternativas 8 7 Coleta de lixo 8 7 Melhoria no escoamento de água 8 9 Tabela 17: Matriz de PC para Infraestrutura Complementar 5.1.2 Pontuação de Decisão (PD) Segundo Neumman, para determinar a melhor alternativa para cada grupo de metas, usa-se a matriz de decisão, que nos fornece o cálculo das pontuações de decisão. As pontuações de cumprimento (PC) são mostradas acima da linha diagonal e os produtos da pontuação de cumprimento e peso da meta (PC x PM) são mostrados abaixo da diagonal. As somas dos cumprimentos das metas com os pesos associados são calculadas por meio da adição dos números abaixo da diagonal e estão localizados na última coluna antes do ranking final. Montou-se uma matriz para cada grupo de metas específicas. 32 Metas e peso das metas (PMj) – Diretrizes Gerais Soma (PDi) Ranking Alternativa i 100 80 70 60 60 Pcij * PMj Alternativa 1 9/900 7/560 8/560 8/480 8/480 2980 Primeiro Alternativa 2 8/800 8/640 7/490 7/420 8/480 2830 Segundo Tabela 18: Matriz Decisão para Diretrizes Gerais Metas e peso das metas (PMj) – Infraestrutura Viária Soma (PDi) Ranking Alternativa i 90 80 70 60 Pcij * PMj Alternativa 1 7/630 7/560 8/560 9/540 2290 Segundo Alternativa 2 9/810 8/640 6/420 9/540 2410 Primeiro Tabela 19: Matriz Decisão para Infraestrutura Viária Metas e peso das metas (PMj) – Infraestrutura Complementar Soma (PDi) Ranking Alternativa i 90 70 70 60 Pcij * PMj Alternativa 1 9/810 8/560 8/560 8/480 2410 Primeiro Alternativa 2 8/720 7/490 7/490 9/540 2240 Segundo Tabela 20: Matriz Decisão para Infraestrutura Complementar Cada matriz de decisão, respectivamente, mostra qual a alternativa mais impactante em relação aos pesos de importância da meta relacionando o poder de eficiência da alternativa. No grupo das Diretrizes Gerais, a Alternativa 1 foi a melhor pontuada, aquela que prevê a melhoria da sinalização e da segurança pública, investimento nas pesquisas de novos combustíveis e promover campanhas de conscientização. Já no grupo de Infraestrutura Viária destacou-se a Alternativa 2, que prega a mudança no sentido de vias, manutenção da sinalização e regularização das calçadas. Por fim, no grupo de Infraestrutura Complementar, a Alternativa 1 obteve mais pontos, visando o aumento da frota e da flexibilidade dos ônibus do transporte coletivo, a manutenção dos canais e galerias de água pluvial, implementação de ciclopontos e ciclovias/ciclofaixas e utilização de um aterro sanitário para o descarte do lixo urbano com um pré-procedimento de coleta seletiva para reciclagem do lixo. Com as alternativas mais bem pontudas, é feito uma Análise de Trade-Off para avaliar se as opções realmente são viáveis e se há algum conflito de metas perante a estas escolhas de alternativas para tal solução. Por se tratar de um projeto para a Prefeitura de Cascavel, há uma grande quantidade de caixa e de disponibilidade para a realização das alternativas, uma vez que as vencedoras são aquelas que defendem a melhoria da infraestrutura já existente, sem precisar construir nada do zero. Também é importante relembrar que a questão da mobilidade urbana é competência do poder municipal devido a Lei de Mobilidade (n° 12.587/2012). 33 6 APRESENTAÇÃO DO PROJETO Pela complexidade das alternativas e suas áreas interdisciplinares, há uma dificuldade em deixar explicitamente como devem ser trabalhadas as alternativas de solução das metas, já que foge do conhecimento prévio. Porém, podem ser pautados alguns aspectos que auxiliariam uma possível realização do aprofundamento destas alternativas. Para as Diretrizes Gerais, a melhoria da sinalização poderia ser realizada pela pintura das sinalizações horizontais (como faixas de pedestres, avisos de pare, contenção de carros, etc.) e verificação da visibilidade das placas verticais, se há alguma árvore ou mobiliário urbano que obstrua a visão destes elementos reguladores. A ideia do incentivo a novas pesquisas para combustíveis alternativos pode ser realizada, através da expansão do projeto que abrange a BR- 277, que conta com pontos gratuitos de recarga para carros elétricos, dessa forma, poderiam ser implementados tais pontos dentro da cidade de Cascavel. Esta alternativa é um Projeto Público Privado concessionado pela Copel, distribuidora de energia elétrica no estado do Paraná. Sobre as campanhas de conscientização no trânsito, através da televisão, rádio e internet deve-se alertar os motoristas sobre os possíveis riscos que o trânsito oferece. Relacionado à Infraestrutura Viária, além de novamente ser pautada da manutenção da sinalização, há a regularização das calçadas. Cascavel conta com um plano de calçadas impessoal, onde a própria Prefeitura oferece tipos de calçadas e de acordo com seus parâmetros da construção, deve-se realizar uma calçada específica. Como ninguém tem o trabalho de projetar tal parte da edificação, muitas vezes ninguém realmente entende o que o projeto representa e o mesmo nem chega a ser realizado. Uma alternativa seria a realização de um guia de calçadas, com diretrizes e parâmetros, onde o projetista que deve realmente escolher as opções de construção, desdematerial, mobiliário urbano, tipo de arborização, porém respeitando a locação destes itens que é padronizado. Uma fiscalização depois da construção de imóveis seria uma forma de assegurar que as novas calçadas que estão sendo construídas atendam a necessidade de qualquer pessoa que por ela deseja trafegar. Outro ponto são as calçadas já existentes, que devem receber uma readequação. Esta iniciativa pode partir com o apoio da prefeitura de promover recompensas a quem adotar tal medida, como por exemplo, desconto ou isenção do Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU). A Infraestrutura Complementar abrange a flexibilização da frota dos ônibus, principalmente nos horários de grande fluxo e a manutenção das galerias pluviais para reduzir o acúmulo de água nas vias. Um ponto a ser mais explorado é o incentivo a novas formas de 34 transitar, podendo melhorar a infraestrutura de ciclovias e ciclofaixas pela cidade toda, com bicicletários no centro da cidade, como existem em cidades como São Paulo, que por iniciativa do Público-Privado houve a implementação de projetos do Tembici, bicicletas compartilhadas, que facilita o meio de transporte com valores acessíveis. A reciclagem na coleta de lixo é um ponto sustentável de suma importância, ainda mais considerando a quantidade de lixo urbano produzido em uma cidade com o porte de Cascavel. A destinação correta e o reaproveitamento deste lixo devem ser priorizados em projetos desse cunho. 35 7 CONCLUSÃO De forma geral, as ideias apresentadas como soluções finais baseiam-se em casos parecidos em outras cidades ou oportunidades abertas dentro do contexto cascavelense que podem ser aprofundadas e melhoradas. Não há nenhuma nova implementação ou descoberta sobre a mobilidade urbana, só busca-se realizar planos de mobilidade que aumentem a qualidade para a população. Analisando as alternativas escolhidas, é possível inferir que o problema da mobilidade urbana na cidade de Cascavel pode ser resolvido se houver o apoio da Prefeitura e dos órgãos municipais legislativos e, considerando o custo benefício do projeto, em relação ao poder monetário dos órgãos relacionados, pode-se dizer que o projeto é viável economicamente. Sendo assim, propõe-se sua implementação, com o objetivo de promover um melhor desenvolvimento da cidade, ajudando no seu crescimento como uma metrópole e proporcionando um aumento na qualidade de vida da população. Dessa forma, o projeto ganha mais uma finalidade, no âmbito social, podendo receber visibilidade para, talvez, então se estudar sua execução em outras cidades com o mesmo porte de Cascavel – PR.
Compartilhar