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PUC Minas Virtual • 1 1. Conceito e Fases do Direito Comercial: Evolução Histórica. Do comerciante ao empresário. Pontos Importantes: a) Nomenclatura O Direito Empresarial tem suas origens na Idade Média. Na verdade, era então chamado de Direito Co- mercial. b) Definição e Relação com o Direito Civil Podemos definir o direito empresarial, na atualidade como sendo o ramo do direito privado que tutela as relações jurídicas daqueles que exercem atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, de forma profissional e com objetivo de lucro. O direito privado regula as relações entre particulares e seus bens na esfera privada. Disciplina, portanto, as pessoas, no que se refere a seu estado, suas relações familiares, sua sucessão, seu bens, as obriga- ções e os contratos que assume Na esfera da atividade econômica podemos dizer que ATIVIDADE ECONÔMICA (Profissionalismo e intuito de lucro) DIREITO PRIVADO Atividades regidas pelo direito civil:- atividade de prestação de serviços intelectuais, sem orga- nização na forma da empresa DIREITO PRIVADO Atividades regidas pelo direito empresarial: atividades econô- micas organizadas para a produ- ção ou circulação de bens ou serviço DIREITO PÚBLICO Normas de direito público apli- cáveis à atividade econômica (Ex: regime de concorrência, direito do consumidor, direito tributário) Síntese da Unidade 1 Daniella Bernucci Paulino As expressões são hoje sinônimas já que o direito comercial é hoje o direito das em- presas, ou seja, o direito empresarial. Na verdade, as denominações – direito comer- cial e direito empresarial – indicam o mesmo ramo da ciência jurídica. PUC Minas Virtual • 2 Vale lembrar que a empresa (atividade econômica organizada) é regida por vários ramos do direito. Gravi- tam, em torno da empresa, várias regras e normas jurídicas. PUC Minas Virtual • 3 c) Surgimento e Evolução Histórica Embora sempre tenha se regulado o comércio é, na Idade Média, com o surgimento e fortalecimento dos mercadores (burguesia mercantil) que surge a necessidade de se criar regras sistematizadas para tratar da atividade comercial. A partir daí, teremos o surgimento de um conjunto de regras organizado e destina- do tão somente aos comerciantes. A discussão das fases do direito comercial nos leva sempre a buscar resposta para a seguintes indaga- ções: Isso porque, desde o reflorescimento comercial na idade média, há a divisão do direito privado (dicotomia do direito privado) aplicando-se regras gerais para reger a atividade econômica geral (direito civil) e regras especiais para reger a atividade econômica empresarial. A quem se aplicam as normas especiais do Direito Empresarial? Qual é o objeto do Direito Empresarial? ? REQUIÃO “Com a invasão bárbara e o retalhamento do território romano, inicia-se a fase feudal. Nos sécu- los VIII e IX surgem em Bizâncio, oriundas das Insti- tutas de Justiniano, as leis pseudórias e o jus greco- romano incorporando os costumes Mediterrâneos, bem como a origem do direito comercial medieval. [...] no século XI se inicia o desenvolvimento econô- mico da Europa, ainda mal visto pelos preceitos do direito canônico, o qual tem aversão às atividades lucrativas, citando o versículo bíblico de Deuteronô- mio, Paulatinamente o homem promoveu uma série de evo- luções que facilitaram o fluxo de mercadorias e as ati- vidades comerciais, então foram criadas moedas, ban- cos, bolsas de valores e diversos outros institutos. No entanto, nessas civilizações clássicas não havia uma legislação comercial especial, o que se inicia a partir da Idade Média. Ricardo Negrão (1999, p. 28-29), as- sim assevera em relação ao comércio medieval:Nesse período, o comércio, estava ligado ao comércio itine- rante: o comerciante levava mercadorias de uma cida- de para outra através de estradas, em caravanas, sempre em direção a feiras que ocorriam e tornavam famosas as cidades européias [...] Em sua evolução, PUC Minas Virtual • 4 as feiras se especializam, surgem os mercados (feiras cobertas) [...] As lojas, cuja função é a venda constante, num mesmo local, surgem quase que simul- taneamente às feiras [...] Os mascates completam o quadro de distribuição de mercadorias.É nessa época que se pode falar do surgimento de um direito or- ganizado para o comércio vigente, afinal já existia um considerável sistema comercial em funcionamento, distante do sistema de trocas dos povos antigos. Então, diante da fragmentação social provocada pelo sistema feudal, tornou-se necessária a formação de associações, as chamadas corporações de ofício, nascedouro do Direito Comercial, que era baseado nos costumes e tradições dos comerciantes de então” http://jus.com.br/artigos/18219/evolucao- historica-do- TOMAZETTE “Essa mudança foi provocada pela cri- se do sistema feudal, resultado da subutilização dos recursos do solo, da baixa produtividade do traba- lho servil, aliadas ao aumento da pressão exercida pelos senhores feudais sobre a população. Em fun- ção da citada crise, houve uma grande migração que envolveu, dentre outros, os mercadores ambu- lantes, que viajavam em grupos e conseguiram um capital inicial, que permitiu a estabilização de uma segunda geração de mercadores nas cidades, de- senvolvendo um novo modo de produção.”“Assim, nascem as corporações de mercadores, onde se re- únem os comerciantes, que detém riquezas, porém não possuem títulos de nobreza. Essas corporações visavam à proteção dos comerciantes frente ao decadente sistema feudal. Assim, vão paulatinamente ganhando poder político e militar, chegando a conseguir a autonomia de centros comerciais, como as cidades itali- anas de Veneza, Florença e Gênova”. PUC Minas Virtual • 5 FASES DA EVOLUÇÃO HISTÓRICA – Qual o objeto do direito empresarial? PUC Minas Virtual • 6 LEI Nº 556, DE 25 DE JUNHO DE 1850. Código Comercial (revogado) DECRETO No 737, DE 25 DE NOVEMBRO DE 1850. Determina a ordem do Juizo no Processo Commercial (revogado) LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil Art. 4 - Ninguém é reputado comerciante para efeito de gozar da proteção que este Código libe- raliza em favor do comércio, sem que se tenha matriculado em algum dos Tribunais do Comér- cio do Império, e faça da mercancia profissão habitual. Traduzindo o “Juridiques”: O comerciante é aquele que pratica como profissão atos de comércio (listados no reg. 737) e esse deve ter registro no órgão competente. • Art. 19. Considera-se mercancia: • § 1º A compra e venda ou troca de effeitos moveis ou semoventes para os vender por grosso ou a retalho, na mesma especie ou manufac- turados, ou para alugar o seu uso. • § 2º As operações de cambio, banco e corretagem. • § 3° As emprezas de fabricas; de com missões ; de depositos ; de expedição, consignação e transporte de mercadorias; de espectaculos publicos. (Vide Decreto nº 1.102, de 1903) • § 4. Os seguros, fretamentos, risco, e quaesquer contratos relativos ao commercio maritimo • § 5. º A armação e expediç1to de navios • Traduzindo o “Juridiques”: • Considera-se um ato de comercio: • § 1º comprar e vender bens moveis ou que se movem (ex: um boi) no varejo ou atacado. Os bens pode ser vendidos como estão ou passar por um processo qualquer de industrialização. Também é ato de comercio trocar esses bens ou aluga-los. (atividade de comércio); • § 2º realizar operações bancárias. (Instituições Financeiras). • § 3° atividade de indústria, de deposito, de transporte e expedição de mercadorias e a organização de shows e outros espetáculos. • § 4.° atividades de gestão náutica para fins comerciais (seguro, fretamento, armação,expedição)• Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. • Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou ar- tística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. • Traduzindo o “Juridiques”: • É empresário a pessoa jurídica ou física que exerce profissionalmente uma atividade organizada na forma de empresa (produz bens – indústria, por ex., circula bens, comércio, por ex. produz e circula serviços – prestadores de serviços, por ex. • O prestador de serviços intelectual, autônomo ou sociedade de prestadores de serviços intelectuais, mesmo que tenha colaboradores e empregados não é considerado empresário. Essa situação muda quando a atividade intelectual é exer- cida como parte de uma organização empresarial. Nesse caso a atividade intelectual ela se despersonaliza, o prestador vira um organizador de serviços e outras, a atividade intelectual é inserida dentro de uma atividade empresarial LEIS PERTINENTES PUC Minas Virtual • 7 2. O conceito de empresário A) Atualmente, é considerado empresário toda pessoa que exerce uma atividade econômica organizada para produzir ou circular bens ou serviços. As sociedades anônimas serão sempre empresárias e as cooperativas simples, por força de lei. B) O prestador de serviços intelectuais no novo código civil Enquanto se aplicava a teoria dos atos de comércio (aplicação do Direito Empresarial era restrita às pessoas listadas no rol de atos de comércio) estavam excluídas do regime jurídico do direito empresa- rial três atividades: Mas, a situação do prestador de serviços intelectuais sempre foi vista de forma diversa. Esse prestador por critérios éticos e históricos sempre teve sua regulamentação apartada. O que é um prestador de serviços intelectuais? Como pode se essa atividade prestada? Porque ela é diferentemente regida sendo sempre separada das demais prestações de serviços? “A jurisprudência é firme em excluir o prestador de serviços intelectuais típico das profissões protegidas e regulamentadas. Estas atividades não podem constituir objeto da atividade em- presarial, dado o caráter personalíssimo da prestação e da relação de confiança entre presta- dor e cliente que caracteriza este tipo de atividade laboral [...] o prestador nestes casos não exercita uma atividade econômica organizada para produzir e circular bens ou serviços”. MA- LATESTA PUC Minas Virtual • 8 “Profissionais intelectuais são aqueles que produzem bens ou serviços sem que haja organi- zação dos fatores de produção. Há, porém, pessoas que exercem profissionalmente uma ati- vidade criadora de bens ou serviços, mas não devem e não podem ser considerados empre- sários – referimo-nos às pessoas que exercem profissão intelectual – pela simples razão de que o profissional intelectual pode produzir bens, como fazem os artistas; podem produzir serviços, como fazem os chamados profissionais liberais; mas nessa atividade profissional, exercida por essas pessoas, falta aquele elemento de organização dos fatores da produção; porque na prestação desse serviço ou na criação desse bem, os fatores de produção, ou a coordenação de fatores, é meramente acidental; o esforço criador se implanta na própria mente do autor, que cria o bem ou o serviço”. MARCONDES Mas, prevê o Código, uma exceção. Se a prestação de serviços intelectuais se tornar um elemento de empresa, ele será considerado empresário E, o que é o elemento de empresa? Trata-se de uma situação na qual um prestador de serviços intelectu- ais se torna empresário porque se torna um elemento (compondo uma empresa e a formando) de uma atividade empresarial. Tanto porque se torna o organizador dessa atividade (complexidade), como porque pode o serviço intelectual ser apenas uma das parcelas dos serviços prestados. Enfim, no caso concreto, se verifica a mudança na natureza da atividade (mas não no objeto que continua sendo um serviço artísti- co, literário ou cientifico). Ela se despersonaliza. PUC Minas Virtual • 9 PUC Minas Virtual • 10 No que se refere ao elemento de empresa, tendemos a concluir que é o caráter personalista (ou sua au- sência) que excluirá ou incluirá o prestador de serviços intelectuais na definição de empresário. Ainda que existam colaboradores estes não serão mais do que meros cooperadores, exercentes de atividades fins que auxiliarão o prestador de serviços intelectuais. É exclusivamente da mente deste – cerne da sua ativi- dade – que surgirá o bem ou o serviço intelectual de natureza científica, literária ou artística”. STAJZN O trabalho intelectual seria um elemento de empresa quando representasse um mero componente, às vezes até o mais importante, do produto ou serviço fornecido pela empresa, mas não esse produto ou serviço em si mesmo. BORBA Exemplos: (Tavares Borba) A casa de saúde ou o hospital seriam uma sociedade empresária porque, não obstante o labor científico dos médicos seja extremamente relevante, é esse labor apenas um componente do objeto social, tanto que um hospital compreende hotelaria, farmácia, equipamentos de alta tecnologia, além de salas de cirur- gia e de exames com todo um aparato de meios materiais. Já uma clínica médica, ou um laboratório de análises clínicas (uniprofissional ou não), compostos por vários profissionais sócios e contratados, ainda que dotados de uma estrutura organizacional, mas cujo produto fosse o próprio serviço médico, que se exerceria através de consultas, diagnósticos e exames, e que portanto teriam no exercício de profissão de natureza intelectual a base de sua atividade, seriam evidentemente uma sociedade simples. No primeiro caso (o hospital), o trabalho intelectual é uma elemento da empresa (um componente); no segundo caso (a clínica médica), o trabalho intelectual é o próprio serviço oferecido pela sociedade. Uma sociedade de pesquisa científica pura seria uma sociedade simples. Se, no entanto, a pesquisa se destina ao aperfeiçoamento dos produtos desenvolvidos industrialmente pela sociedade, o trabalho inte- lectual não passaria de um componente elemento de empresa e a sociedade seria empresária. A sociedade que concebe roteiros para a televisão desenvolve um trabalho literário, próprio de sociedade simples, mas se esse trabalho é produzido pela própria sociedade que, concomitantemente, é uma emis- sora de televisão, a criação literária seria elemento da empresa, e a sociedade seria empresária, posto que o produto final não seria a criação intelectual propriamente dita. Uma sociedade que reúna artistas plásticos, inclusive contratados, e que pintem e exponham apoiados em uma organização, seria simples, mas a sociedade que, a partir desse trabalho intelectual, promovesse a sua reprodução em série para distribuição no mercado, seria empresária. PUC Minas Virtual • 11 E qual a consequência de ser considerado empresário? Leis Pertinentes Código Civl Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercan- tis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. 02. Espécies de empresários e sua caracterização Lei 8934/94 – Lei de Registro de Empresas Dec 1800/96 – Registro de Empresas Código Civl Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a docu- mentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. PUC Minas Virtual • 12 Lei 11.101/2005 Art.1o Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Art. 2o Esta Lei não se aplica a: I – empresa pública e sociedade de economia mista; II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente equiparadas às anteriores. Pontos Importantes Os empresários podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Empresários no Brasil Pessoa Jurídica Pessoa Física EIRELI Sociedades Empresárias Empresário Individual Responsabilidade da pessoa física é limitada a constituição do capital da Eireli. Não há responsabilidade pessoal. Responsabilidade da sociedade é ilimitada, mas a dos sócios pode ser limitada por lei, con- forme o tipo societário. Responsabilidade pessoal e ilimitada. A firma ou denominação são acrescidas do termo EIRELI. Pode usar firma ou denomina- ção ou optar entre as duas espécies, dependendo do tipo societário. Usa firma individual. Surgiu para oferecer uma alternativa de limitação da responsabilidade para quem quer exercer a atividade eco- nômica isoladamente. As sociedades podem ou não ter personalidade jurídica. A socie- dade que não se registra (soci- edade em comum) é desperso- nalizada. As sociedades limitadas e anô- nimas precisar ter um docu- mento escrito e registrado nas juntas para se constituir e ad- quirir personalidade jurídica. a) Para adquirir a condição de empresário tem que praticar efetiva e profissionalmente a atividade econômica organizada e ter capacidade civil. b) O registro tem efeitos declaratórios e o torna regular. c) Os impedidos por lei, se exercerem a atividade não se tornam empresários, mas ficam obriga- dos a responder pessoalmente pelas obrigações assumidas. PUC Minas Virtual • 13 Notas sobre a EIRELI Motivação do legislador: “Antes da promulgação da Lei que introduziu a EIRELI o empresário pessoa física ficava respon- sável pelas obrigações contraídas na atividade empresarial com todos os seus bens. Isso porque no Direito Brasileiro cada pessoa tem um único patrimônio. Logo, o patrimônio pessoal e o patri- mônio reservado à atividade econômica são considerados um só e respondem integralmente por todas as obrigações assumidas pela pessoa física (tanto as “particulares” como as “empresariais). A atividade empresarial tem em si o risco. Assim era desinteressante ter todo o patrimônio com- prometido com essa atividade. Sendo assim, era comum a criação de sociedades fictícias, com apoio de sócios de fachada, que não assumiam qualquer função ou poder na sociedade. Outra possibilidade era respassar os custos dessa responsabilidade para os bens ou serviços ofertados. Pontos Polêmicos da Lei 1. Pode a EIRELI ser constituída por pessoa jurídica? 2. É validade a limitação da lei de uma EIRELI por pessoa? 3. O capital mínimo (100 vezes o salário mínimo) atende às necessidades dos empreendedores? 4. Era necessário dar a EIRELI a condição de pessoa jurídica? Legislação pertinente: Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-mínimo vigente no País. § 1º O nome empresarial deverá ser formado pela inclusão da expressão "EIRELI" após a firma ou a denominação social da empresa individual de responsabilidade limitada. § 2º A pessoa natural que constituir empresa individual de responsabilidade limitada somente poderá figurar em uma única empresa dessa modalidade. § 3º A empresa individual de responsabilidade limitada também poderá resultar da concentração das quotas de outra modalidade societária num único sócio, independentemente das razões que motivaram tal concentração. § 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de responsabilidade limitada constituída para a prestação de serviços de qualquer natureza a remuneração decorrente da cessão de direitos pa- trimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica, vinculados à atividade profissional § 6º Aplicam-se à empresa individual de responsabilidade limitada, no que couber, as regras pre- vistas para as sociedades limitadas. PUC Minas Virtual • 14 3. Obrigações do empresário Pontos Importantes a) O empresário deve cumprir várias obrigações (trabalhista, previdenciárias, tributárias, etc.). No campo do direito empresarial deve o empresário. a.1) O Registro de Empresas Pontos Importantes Sistema de Registro (O antigo DNRC – Departamento Nacional de Registro de Comércio foi substituído pelo DREI – Departamento de Registro de empresas e Integração). PUC Minas Virtual • 15 PUC Minas Virtual • 16 Atos do registro de empresas Arquivamento: ato formal do registro relativo a constituição, alteração e extinção de empresários. Autenticação: ato formal do registro dos documentos de escrituração. Matrícula: ato de inscrição dos auxiliares do comércio. Assentamento: ato de registro dos usos e costumes comerciais de uma determinada localidade. PUC Minas Virtual • 17 PUC Minas Virtual • 18 Consequências da falta de registro “A obrigação de arquivamento dos atos constitutivos, como ressaltado, é imprescindível á legalidade da atividade empresarial, bem como á aquisição, por parte das sociedades empresárias, de personalidade jurídica. Aquele que não cumprir esse dever será considerado empresário irregular ou de fato e, como conseqüência, sofrerá severas sanções, dentre elas: 1) Não poderia, nos termos da antiga lei falimentar, requerer o benefício da concordata preventiva, salvo se seu passivo fosse inferior a 100 salários mínimos (Dec-Lei n. 7.661/45, art. 140 I) a concordata, me- dida judicial de recuperação da empresa, que podia ser preventiva ou suspensiva, foi extinta pela nova lei falimentar, sendo substituída pelo instituto da recuperação judicial. Igualmente para requerê-lo, o devedor deverá comprovar que exerce regularmente suas atividades há mais de 2 anos e que atende a outros requisitos (Lei n. 11.101/2005, art. 48). Assim, aquele que não registrou seus atos constitutivos não exerce atividade regular, de modo que não poderá ser beneficiado pelo instituto da recuperação judicial de empresas. Cumpre aqui um parêntese de esclarecimento de modo que não sejam feitas confusões acerca do te- ma falimentar. A nova Lei de Falência (lei n. 11.101/2005) disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresaria (art. 1°). A antiga lei falimentar (Dec.- Lei n. 7.661/45) foi expressamente revogada pela nova lei (art.200), que entrou em vigor em 8 de junho de 2005. Toda via, quanto aos procedimentos em curso, a nova lei assevera, em seu art. 192 que os pro- cessos de falência e concordância já ajuizados anteriormente ao inicio de sua vigência serão concluí- dos de acordo com a legislação anterior, co algumas ressalvas. Assim, antes da entrada em vigor da nova lei falimentar, aplicam-se ás falências e concordatas já ajuizadas os mandamentos do antigo De- creto Lei n.7661/45. A nova lei incidirá, portanto, sobre os pedidos de falência ou de recuperação judi- cial proposto a partir de 8 de junho de 2005. 2) A empresa irregular não pode requerer a falência de um devedor seu, embora possa no pólo passivo de um pedido de falência, bem como requerer sua autofalência (Lei n. 11.101/2005, art. 97). A vedação impõe-se, pois o credor empresário que deseja requerer a falênciade seu devedor deve comprovar a regularidade de sua atividade mediante apresentação de certidão da Junta Comercial, que o empresá- rio irregular não possui. Já para a decretação da falência de alguém, basta a efetiva pratica de ativida- de empresarial e não a regularidade registral. 3) Os livros comerciais de empresa irregular sem registro não poderão ser autenticados e, conseqüente- mente, não gozarão de eficácia probatória em seu favor. 4) As sociedades irregulares sem registro não poderão participar de licitações públicas nem contratar com o Poder Público. 5) Os sócios de sociedade irregulares responderão solidaria e ilimitadamente pelas obrigações da empre- sa (art.990) PUC Minas Virtual • 19 6) As sociedades não poderão ter Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), respondendo pelo des- cumprimento das obrigações tributarias disso decorrentes. Não terão, por exemplo, como emitir nota fiscal. 7) As sociedades e os empresários não serão cadastrados junto ao INSS e arcarão com as sanções de- correntes dessa irregularidade, inclusive penais, dependendo do caso. 8) Os bens e dividas sociais serão patrimônio comum dos sócios, ou seja, não haverá autonomia entre o patrimônio da sociedade e o dos sócios. Os bens de ambos responderão ilimitadamente pelas obriga- ções sociais (art. 988). 9) Os sócios só provarão as relações entre si e com terceiros por escrito (art. 987) 10) Não poderá ser adotada a forma de microempresa, não se beneficiando das vantagens disso decor- rentes. Cumpre ressaltar ainda que a proteção ao nome empresarial (firma ou denominação) decorre automati- camente do arquivamento dos atos constitutivos na Junta Comercial”. Leis Pertinentes Código Civl Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro Público de Empresas Mercan- tis a cargo das Juntas Comerciais, e a sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária. 02. Espécies de empresários e sua caracterização Lei 8934/94 – Lei de Registro de Empresas Dec 1800/96 – Registro de Empresas a) Os livros Pontos Importantes Definição : livro é um documento contábil no qual o empresário realiza sua escrituração. Espécies: obrigatório (comum e especial) e facultativo Valor probante: O livro é um documento particular, sigiloso e unilateral. Faz sempre prova contra o em- presário e a seu favor se estiver em perfeitas condições e houver outra prova corroborando as alega- ções. Requisitos de validade: intrínsecos e extrínsecos. PUC Minas Virtual • 20 Exibição- pode ser judicial ou administrativa. No caso da judicial pode ser integral ou parcial. A lei prevê uma lista taxativa de hipóteses nas quais o livro tem que ser exibido por inteiro, resultando no seu de- posito no juízo competente. A exibição parcial ocorre sempre que o Juiz, em um caso concreto, enten- der que partes do livro são necessárias para esclarecer pontos na lide. No caso da administrativa ape- nas para as autoridades com poderes de fiscalização. Leis Pertinentes Código Civl OBRIGACAO DE ESCRITURAR Art. 1.179. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a docu- mentação respectiva, ... ESPECIES DE LIVROS § 1o Salvo o disposto no art. 1.180, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados. TRATAMENTO DIFERENCIADO § 2o É dispensado das exigências deste artigo o pequeno empresário a que se refere o art. 970. LIVRO OBRIGATORIO COMUM Art. 1.180. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. Parágrafo único. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. REQUISITO EXTRINSECO OU EXTERNO DE VALIDADE Art. 1.181. Salvo disposição especial de lei, os livros obrigatórios e, se for o caso, as fichas, antes de pos- tos em uso, devem ser autenticados no Registro Público de Empresas Mercantis. Parágrafo único. A autenticação não se fará sem que esteja inscrito o empresário, ou a sociedade empre- sária, que poderá fazer autenticar livros não obrigatórios. REQUISITOS INTRINSECOS OU INTERNOS Art. 1.182. Sem prejuízo do disposto no art. 1.174, a escrituração ficará sob a responsabilidade de contabi- lista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. PUC Minas Virtual • 21 Art. 1.183. A escrituração será feita em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens. EXIBIÇÃO DOS LIVROS: HIPOTESES Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observam, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei. EXIBIÇÃO INTEGRAL Art. 1.191. O juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando neces- sária para resolver questões relativas a sucessão, comunhão ou sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência. EXIBIÇÃO PARCIAL § 1o O juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requeri- mento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nome- adas, para deles se extrair o que interessar à questão. § 2o Achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. SANÇAO PELA RECUSA EM EXIBIR Art. 1.192. Recusada a apresentação dos livros, nos casos do artigo antecedente, serão apreendidos judi- cialmente e, no do seu § 1o, ter-se-á como verdadeiro o alegado pela parte contrária para se provar pelos livros. Parágrafo único. A confissão resultante da recusa pode ser elidida por prova documental em contrário. EXIBIÇÃO ADMINISTRATIVA Art. 1.193. As restrições estabelecidas neste Capítulo ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais. Art. 1.194. O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a es- crituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados. As demonstrações contábeis e financeiras: b) Pontos Importantes: O empresário e a sociedade empresária são obrigados a levantar anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico. PUC Minas Virtual • 22 c) Leis Pertinentes Código Civil Art. 1.188. O balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Parágrafo único. Lei especial disporá sobre as informações que acompanharão o balanço patrimonial, em caso de sociedades coligadas. Art. 1.189. O balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanha- rá o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. Casos Julgados sobre exibição de livros 4. Nome empresarial PUC Minas Virtual • 23 Leis Pertinentes Art. 1.155. Considera-se nome empresarial a firma ou a denominação adotada, de conformidade com este Capítulo, para o exercício de empresa. Art. 1.156. O empresário opera sob firma constituídapor seu nome, completo ou abreviado, aditando-lhe, se quiser, designação mais precisa da sua pessoa ou do gênero de atividade. Art. 1.157. A sociedade em que houver sócios de responsabilidade ilimitada operará sob firma, na qual somente os nomes daqueles poderão figurar, bastando para formá-la aditar ao nome de um deles a ex- pressão "e companhia" ou sua abreviatura. Art. 1.158. Pode a sociedade limitada adotar firma ou denominação, integradas pela palavra final "limitada" ou a sua abreviatura. § 1o A firma será composta com o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas, de modo indi- cativo da relação social. § 2o A denominação deve designar o objeto da sociedade, sendo permitido nela figurar o nome de um ou mais sócios. § 3o A omissão da palavra "limitada" determina a responsabilidade solidária e ilimitada dos administrado- res que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade. Art. 1.159. A sociedade cooperativa funciona sob denominação integrada pelo vocábulo "cooperativa". Art. 1.160. A sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou "companhia", por extenso ou abreviadamente. Parágrafo único. Pode constar da denominação o nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja con- corrido para o bom êxito da formação da empresa. Art. 1.161. A sociedade em comandita por ações pode, em lugar de firma, adotar denominação designativa do objeto social, aditada da expressão "comandita por ações". Art. 1.162. A sociedade em conta de participação não pode ter firma ou denominação. Art. 1.163. O nome de empresário deve distinguir-se de qualquer outro já inscrito no mesmo registro. Parágrafo único. Se o empresário tiver nome idêntico ao de outros já inscritos, deverá acrescentar desig- nação que o distinga. Art. 1.165. O nome de sócio que vier a falecer, for excluído ou se retirar, não pode ser conservado na firma social. Art. 1.166. A inscrição do empresário, ou dos atos constitutivos das pessoas jurídicas, ou as respectivas averbações, no registro próprio, asseguram o uso exclusivo do nome nos limites do respectivo Estado. PUC Minas Virtual • 24 Parágrafo único. O uso previsto neste artigo estender-se-á a todo o território nacional, se registrado na forma da lei especial. 5. Estabelecimento Empresarial Leis Pertinentes Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à transfe- rência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do vencimento. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrên- cia ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. PUC Minas Virtual • 25 Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato. Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contra- tos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, res- salvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. 6. Propriedade Industrial
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