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PROVA DE CRIMINOLOGIA

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1- Diversas teorias foram desenvolvidas na tentativa de compreender 
e explicar a criminalidade. Uma delas enxerga-a como algo útil à 
sociedade, trazendo o crime inclusive como um fator de saúde 
pública à uma sociedade sã. Quem desenvolveu esta teoria e o 
que ela explica sobre o crime e o delinquente? 
 
R= E a teoria da anomia, foi desenvolvida por Émile Durkheim, e aprimorada por 
Robert Merton. Delito não é consequência de anomalias do indivíduo, mas sim da falta 
de coesão e ordem no que se refere a normas e valores de uma sociedade; segundo 
Durkheim, há algo na sociedade que não vai bem, não funciona corretamente; Um 
indivíduo não reconhece o valor social da regra definida pelo grupo; Aprimorada pela 
década de 30/40 por Robert Merton; O comportamento do agente (delinquente) não é 
um ato individual, isolado, mas sim consequência da cultura derivada do modelo de 
estrutura social norte-americano; O comportamento do delinquente passa a ser uma 
resposta do agente à pressão exercida pela estrutura social sobre ele; “ O dinheiro é 
adquirido por meio do trabalho (desejado), ou pelo crime (não aceito, nem tolerado/ 
nem desejado). E sustenta os seguintes pontos: Comportamento criminosos é algo 
normal em toda sociedade; São dadas respostas conforme fatores bioantropológicos; 
O crime é algo útil para o equilíbrio e o desenvolvimento sociocultural. 
 
2- Leia com atenção: 
Sistema punitivo encarcera mais de 812 mil pessoas no país, 337 
mil sem condenação; Pacote de segurança pública de Sérgio 
Moro deve agravar esse cenário segundo especialista no tema 
 
Texto / Nataly Simões | Edição / Pedro Borges | Imagem / Reprodução 
 
A população carcerária no Brasil chegou a 812.564 em julho deste ano, segundo dados 
do Banco de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desse 
total, 337 mil, o equivalente a 41,5%, são presos provisórios e que aguardam julgamento. 
A historiadora e pesquisadora do sistema punitivo Suzane Jardim considera que não é 
possível um país manter direitos de defesa garantidos pela constituição ao mesmo tempo 
em que adota políticas de encarceramento em massa. 
“Um julgamento justo de acordo com o devido processo penal leva tempo, exige equipe 
e uma estrutura que não suporta o número de prisões realizadas nos últimos 20 anos”, 
explica. 
O último levantamento realizado pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen), 
em 2016, aponta que a população presa é predominantemente composta por pretos e 
pardos (65%), identificações de cor que compõem o grupo racial negro. 
Embora os dados divulgados pelo CNJ neste mês não tenham um recorte racial, Suzane 
Jardim destaca que as pessoas negras são as mais afetadas por qualquer aumento 
relacionado ao número de encarcerados no país. 
“Os negros e periféricos são afetados de todas as formas possíveis, pois já é fato conhecido 
que são os maiores ‘clientes’ do sistema punitivo”, afirma. 
Para a historiadora e pesquisadora, a tendência de precarização do trabalho e os cortes 
no setor social devem agravar o cenário e fazer com que mais negros cheguem a prisão. 
“Acompanhar os números dos próximos anos e como todos esses movimentos de 
retrocesso impactarão no encarceramento é fundamental nesse sentido”, complementa. 
 
Plea bargain e pacote de segurança pública 
O Brasil ocupa a terceira posição no ranking de países com maiores populações 
carcerárias, atrás apenas dos Estados Unidos, com mais de 2 milhões de presos, e da 
China, que acumula 1,6 milhão. 
No país norte-americano, para o sistema judiciário dar conta da alta demanda de presos 
provisórios é usado o plea bargain, que substitui o julgamento formal por um acordo 
entre a acusação e o réu, possibilitando que condenações ocorram mais rapidamente. 
A mesma medida é proposta pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, em seu pacote de 
segurança pública. A justificativa é que o sistema judiciário brasileiro precisa ser 
agilizado para que os processos sejam finalizados com maior rapidez. 
A historiadora e pesquisadora Suzane Jardim avalia que, caso esse ponto do projeto seja 
aprovado, a população carcerária do país deve aumentar. 
“Isso fará com que o número de presos possa aumentar consideravelmente já que os 
processos serão deixados de lado e as prisões provisórias serão rapidamente convertidas 
em condenação”, reforça. 
O pacote de segurança de Sérgio Moro deve virar o foco do governo federal nas 
próximas semanas, depois do período de recesso em Brasília, principalmente após a 
aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. 
Desde o anúncio da proposta do atual Ministro da Justiça, organizações do movimento 
negro têm se articulado contra a medida. Entre as mobilizações, representantes 
participaram em maio de audiência junto à Comissão Interamericana de Direitos 
Humanos (CIDH), na Jamaica, para discutir sobre os impactos do pacote sobre a 
população negra. 
No início de julho, o movimento também entregou ao presidente do Senado, Davi 
Alcolumbre (DEM-AP), uma carta contra a proposta do ministro Sérgio Moro. As 
organizações da luta antirracista exigem participação em audiências públicas sobre o 
tema no Senado. 
O documento possui assinaturas de intelectuais dos Estados Unidos e da Nigéria e de 
entidades da Argentina, Canadá, Colômbia, República Dominicana, Peru, Uruguai e 
Venezuela. 
 
https://www.almapreta.com/editorias/realidade/negros-e-perifericos-sao-os-mais-afetados-pelo-
aumento-da-populacao-carceraria-no-brasil <acesso em 02-06-2020> 
 
A matéria acima reflete a realidade carcerária que assola o País. Diante do exposto acima, 
explique, à luz da Criminologia, qual o processo de criminalização tratado na reportagem no que 
se refere à entrada em vigor do Pacote Anticrime (Lei 13.964/19) - 2,5 pontos 
 
R= Criminalização secundária com ação punitiva, que ocorre fora do plano legislativo. 
Quando o crime é praticado e contido pelas Instituições oficiais do Estado, ou seja, 
quando há uma perseguição criminal para punir o criminoso com o intuito de gerar no 
responsável e na sociedade uma desestimulaçao a cometimento de condutas ilícitas. 
 
 
 
3- A prefeitura da cidade de Volta Logo preocupada com algumas 
ocorrências envolvendo ataques a patrimônio e imóveis 
pertencentes ao Município, criou plano para impedir tais delitos. 
Para tanto, instalou nos principais acessos da cidade câmeras de 
monitoramento e radares fotográficos, além de melhor aparelhar a 
Guarda Municipal, que teve instalados postos/bases móveis em 
oito pontos da cidade. Todo o sistema de iluminação da cidade foi 
modernizado, substituindo-se lâmpadas comuns por LED, o que 
melhorou consideravelmente toda a região. Por fim, mediante 
regular concurso público, contratou novos agentes de segurança 
municipal, equipando-os e treinando-os adequadamente. Na 
https://www.almapreta.com/editorias/realidade/negros-e-perifericos-sao-os-mais-afetados-pelo-aumento-da-populacao-carceraria-no-brasil
https://www.almapreta.com/editorias/realidade/negros-e-perifericos-sao-os-mais-afetados-pelo-aumento-da-populacao-carceraria-no-brasil
hipótese, o que buscava esta Prefeitura com estas medidas, à luz 
da Criminologia? Explique a adotada pela Prefeitura e as outras 
estudadas pela Criminologia. (2,5 pontos) 
 
R= A escola de Chicago passou a estudar os fenômenos sociais 
que envolvam a criminalidade e a explosão demográfica, crescente 
urbanização, conflitos étnicos e raciais, processo de 
industrialização, que criam o processo de crescimento, ou seja, a 
teoria das zonas concêntricas, o surgimento da criminalidade liga-
se diretamente a desorganização social e a falta de controle social 
(Prevenção primária, secundária e a terciária). Com o crescimento 
da população, é necessário relacionar o planejamento urbano e o 
crescimento da violência. Desda década de 30 a escola de 
Chicago buscou correlacionar a violência com a vida na 
comunidade. E com o desenvolvimento industrial, surgiu a 
migração trazendo pessoas paraa área de indústria. E gerou o 
agrupamento de religiões, culturas e etnias, surgindo então, os 
guetos e locais marcados pela desordem e conflitos. 
 
4- Paloma é engenheira e conheceu Petrônio por meio de amigos 
comuns, em determinada rede social. Passaram a conversar 
reservadamente por uns dias, quando então marcaram encontro no 
apartamento dela. No dia combinado, Petrônio presenteou a anfitriã 
com duas garrafas de vinho e uma de champanhe. Depois de 
alguma conversa, Petronio passou a investir contra Paloma, ao que 
ela não se opôs e inclusive, retribuiu. Em dado momento, Paloma 
repudiou o rapaz, ao que ele não concordou e usando de violência, 
estuprou-a. A vítima compareceu ao 1º D Policial a fim de noticiar o 
ocorrido, oportunidade em que precisou aguardar seu atendimento, 
que só aconteceu durante a madrugada. Ao ser indagada pela 
autoridade policial, esclareceu que conheceu o agressor em uma 
rede social e começaram a conversar, quando então a conversa foi 
evoluindo para certa intimidade. A moça convidou-o a visita-la em 
seu apartamento, no que houve a aceitação do algoz. Depois de 
alguma conversa regada a muita bebida alcoólica, Petrônio tentou 
manter relação sexual com Paloma, aceitou, mas depois se opôs. 
Inconformado com o repúdio da moça, Petrônio agrediu-a e deixou 
o local, levando consigo, o notebook de Paloma. Esta, por sua vez, 
dirigiu-se à delegacia de polícia para lavrar boletim de ocorrência. 
Ao ser indagada sobre o ocorrido, Paloma descreveu exatamente o 
que teria acontecido, apresentando as conversas com Petrônio. A 
autoridade policial ali presente orientou a moça no sentido de que 
nada poderia ser feito porquanto o ato sexual iniciou-se com a 
vontade dela, o que afastaria o crime de estupro. Além disso, todo 
o contexto indicava que a vítima concordou com aquela situação, 
seja por meio das conversas, do convite, da aceitação inicial do ato 
sexual, e que sendo moça adulta, instruída e independente, bem 
conhecia os riscos de colocar um estranho em sua residência. 
Diante dessa situação, responda: como explicar, à luz da Criminologia, o 
que acontece com a vítima? Explique (2,5 pontos) 
 
R= Paloma é atribuída a vítima menos culpada que o criminoso ou vitima por 
ignorância, ou seja, a vítima que de alguma maneira contribuiu para que o 
crime acontecesse. E é atribuída a vitimização secundária e terciária, a 
secundaria decorre das relações da vítima diretamente com o aparato do 
Estado, quando é discriminada na delegacia, ocorre desinteresse por parte do 
Estado. A terciária decorre do abandono da vítima pelo Estado, pela família, no 
trabalho que acaba estigmatizada pela sociedade/comunidade.

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